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Logística integrada e gerenciamento da cadeia de suprimentos Prof. Marcelo da Silveira Villela Descrição Apresentação do histórico e da evolução da logística, bem como dos conceitos gerais de Marketing, da supply chain management e da estratégia logística de uma empresa. Propósito Compreender a relação entre a logística e o marketing, tal como a visão colaborativa que as empresas devem adotar para atender o consumidor da forma como ele deseja. Objetivos Módulo 1 Logística integrada e marketing Descrever a história, a evolução do conceito de logística integrada e a sua relação com o marketing. Módulo 2 Supply chain management Descrever o conceito de supply chain management (SCM), seu histórico e suas diversas terminologias. Módulo 3 A importância estratégica da logística integrada e da supply chain management Identificar a importância da logística integrada e da supply chain management para a estratégia de uma empresa. Introdução O foco deste material é o conceito de logística. As empresas devem combinar logística e marketing para atender ao consumidor da melhor maneira possível. Serão abordados: a evolução da logística, o gerenciamento de uma cadeia de suprimentos (supply chain management) e as estratégias de logística das empresas. 1 - Logística integrada e marketing Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a história, a evolução do conceito de logística integrada e a sua relação com o marketing. História da logística Você sabe quando surgiu o conceito de logística? Já imaginou que a logística, nas épocas mais antigas da humanidade, era documentada e registrava transferências de materiais entre povos e sociedades? Alimentos e outras commodities eram transportados por várias regiões distantes do mundo. A população costumava armazenar produtos para consumo em períodos de escassez. Aqui já estão evidenciados alguns elementos que hoje compõem o conceito de logística integrada, a saber: transportes, estoques e armazenagem. Commodities Significa “mercadoria”, geralmente associada a produtos de baixo valor agregado. Também costumam ser mercadorias sem grandes modificações por processos fabris, tal como valores de compra e venda associados à Bolsa de Valores. Apesar de haver registros anteriores, o conceito de logística formou-se no período de guerras, conforme documentado por Jules Dupuit, engenheiro militar francês, em 1844. Neste ano, Jules escreve uma carta endereçada aos seus superiores, analisando os dilemas presentes nos custos de transportes e de estoques de materiais bélicos. Desde então, o conceito da Logística foi adentrando o cotidiano das empresas, tornando-se uma atividade essencial. De�nição de logística As primeiras definições de logística datam das épocas militares, conforme destacado por Dupuit. Formalmente, logística é o ramo da ciência que lida com a obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações, conforme consta em Ballou (2006). Do ponto de vista empresarial, as primeiras atribuições da logística se limitavam à análise das questões de administração de materiais e distribuição de mercadorias entre diferentes destinos, como especificado na definição da Council of Logistic Management (CLM), associação americana dos profissionais de logística, criada no ano de 1962. O CLM (2007, n. p.) aponta a logística como o processo de: “planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes”. Analisando a definição do CLM, pode-se verificar uma visão mais abrangente do conceito de logística até então apresentado, com destaque para o fluxo de mercadorias e de informações, desde o início do processo, na etapa de transformação da matéria-prima, até o uso final, no ponto de consumo. Agora, vejamos um pouco mais sobre o cenário logístico atual. O cenário atual da logística Entenda um pouco mais sobre o assunto tratado neste conteúdo. Logística integrada As mudanças econômicas que afetaram a logística, destacadas anteriormente, nos fazem refletir sobre qual mercado consumidor as empresas desejam atuar. A principal ligação entre o marketing e a logística é local de atuação de determinada empresa, o que pode ser chamado de praça. Neste sentido, Fleury (2007) defende que o entendimento de “logística integrada deve ser visto como um instrumento de marketing, capaz de agregar valor por meio dos serviços prestados”. O autor apresenta a seguir uma representação gráfica do modelo conceitual de logística integrada. Essa representação descreve um modelo conceitual da ligação entre marketing e logística integrada, pois, na prática, cada empresa pode apresentar a sua própria configuração. Confira! Modelo conceitual de logística integrada. Pode-se verificar que há setas interligando cada um dos elementos. Esta é a visão de sistema, em que nenhum componente funciona de forma independente. Adotar determinada estratégia isolada, com base em um único elemento, poderá trazer impactos em outros. Esse é justamente o conceito de trade-off. A parte superior da imagem representa o conceito de marketing mix, no qual a estratégia de marketing é definida com base nos chamados quatro P´s do marketing. Trade-o� Ato de escolher uma coisa em detrimento de outra, sendo muitas vezes traduzido como "perde e ganha". O trade-off implica um conflito de escolha e uma consequente relação de compromisso. Produto Preço Praça Promoção Focalizando no “P” de praça, as principais decisões das empresas estão relacionadas com a estratégia do canal de distribuição em que desejam atuar, implicando diversos tipos de serviços atrelados a essa escolha. Comentário Vale lembrar que os consumidores têm desejos distintos, portanto, padrões de entrega de produtos, consistência de prazos, flexibilidade de serviços, procedimentos de pós-venda, prazos de entrega, dentre outros, devem ser avaliados de acordo com o perfil de cada cliente. Esse conjunto de fatores listados é justamente o pacote de “serviço ao cliente”, elemento que une o contexto de marketing mix e compõe o sistema logístico. Cada componente do sistema logístico é resumido a seguir: Serviços ao cliente Avaliação de necessidades e desejos dos clientes; determinação da reação dos clientes a um serviço especifico; estabelecimento de niveis de serviço. Transportes Seleção de modal e serviço de transporte; consolidação de fretes; determinação de roteiro de entrega; programação e seleção de veículos; frete. Estoques Definição da política de estocagem de matéria-prima e produtos acabados; previsão de vendas de curto prazo; variedade de produtos a serem estocados; número e tamanho e localização dos pontos de estocagem; estratégias de just-in-time, estratégia de empurrar ou puxar estoques. Compras ou vendas Seleção da fonte de suprimento (um ou mais fornecedores); momento de compra; quantidade de compra; regras sobre pedidos. Armazenagem Determinação do espaço; layout do estoque; configuração do armazém; localização do estoque dentro do armazém. Processamento do pedido Definição de procedimento e interface entre pedidos de compra e estoque; método de transmissão de informação para cada pedido; regras para priorização de pedidos. Há uma famosa frase no mercado que diz que “o ótimo global não representa o ótimo local”. Ou seja, deve- se evitar analisar um componente independente dos outros, pois, no final, a empresa poderá ser prejudicada, ao invés de estar seguindo no melhor caminho. A decisão sobre cada componente do sistema logístico impacta diretamente a área de gestão de estoques, que podem ficar abarrotados de produtos, além de influenciarem a área de armazenagem, que geralmente apresentam dificuldades para armazenar tudo o que foi comprado. Outro exemplo clássico é quando o serviço ao cliente se compromete, por meio de uma campanha de marketing, ao atendimento de umproduto a determinado público sem avaliar a área de transportes, o que poderá trazer impactos para a imagem da empresa, pois a venda pode ser feita, mas a entrega talvez não. Nesse caso, o consumidor compra o produto, gera uma expectativa de recebê-lo e é frustrado pela falta de entrega. O resultado é um prejuízo na imagem da empresa. Você repensaria uma nova compra nessa empresa, certo? A logística deve ser tratada de forma integrada, como um sistema, no qual há um conjunto de componentes interligados, atuando de forma organizada, com foco em um mesmo objetivo. Não é comum que, nessa visão, uma das áreas se prejudique em detrimento de outra, mas que no global a empresa siga no melhor caminho possível. Comentário Cabe destacar que as avaliações desses trade-offs só são possíveis porque, junto com o conceito de Logística Integrada, surgiu a revolução tecnológica, que permite, por meio de bases de dados interligadas, avaliar os cenários e a melhor decisão a ser tomada. Logística gerando valor para cliente: a grande responsabilidade do gerente de logística De forma geral, uma empresa objetiva criar valores nos seus produtos e serviços para seus clientes. Esses valores podem ser resumidos em quatro tipos: É natural pensar que quando um produto ou serviço não atende à necessidade de seus clientes, este perde o seu valor: esse é o valor forma. Forma Tempo Ocorre quando o produto não está no local adequado para seu consumo no momento adequado, o que acaba por representar o valor de tempo. Em contrapartida, quando uma empresa entrega para um cliente um produto, que antes não estava disponível, isso cria um valor para o cliente, que antes não existia. O valor de lugar é representado pela disponibilização do produto no local desejado pelo cliente. Não parece fazer muito sentido vender chinelo “Havaiano” em uma estação de esqui, por exemplo. A área de produção transforma insumos ou matérias-primas em produtos acabados. A logística controla os valores de tempo e lugar desses produtos, por meio de transportes, fluxos de informação e estoques. O valor de posse, geralmente associado ao marketing, é induzir os clientes a adquirirem determinado produto. Por meio do gerenciamento da logística e da sua cadeia de suprimentos, três desses quatro valores acabam sendo atribuídos a um profissional que atue na área de logística, demonstrando a importância desse gestor no contexto de uma empresa. Lugar Posse Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Em 1913, Henry Ford implementou a primeira linha de produção automobilística com seu famoso Ford modelo T preto. Já em 1918, o modelo T já representava mais da metade do mercado americano de automóveis. Hoje, acessando o website da Ford, um consumidor mais exigente, com necessidade de produtos mais personalizados, tem a possibilidade de escolher diversos modelos de automóveis, cor de banco, tipo de direção, vidros e até kit multimídia. O conceito abordado pela passagem acima foi estimulado, prioritariamente, por qual mudança econômica que influenciou a logística? Parabéns! A alternativa D está correta. “Mais exigências de serviços/produtos” foi exatamente o que foi pontuado no enunciado: os consumidores começaram a exigir produtos diferenciados e o website permite um alto grau de customização dos carros da Ford. Questão 2 A Aumento das incertezas econômicas. B Proliferação de produtos. C Menos ciclos de vida de produtos. D Mais exigências de serviços/produtos. E Mais ciclos de vida de produtos. Características de seleção de modal e serviço de transporte, consolidação de fretes, determinação de roteiro de entrega, programação e seleção de veículos e frete são típicos de qual elemento da logística integrada? Parabéns! A alternativa B está correta. A resposta correta está relacionada a transportes. São assuntos relativos à logística de transportes: seleção de modal e serviço de transporte; consolidação de fretes; determinação de roteiro de entrega; programação e seleção de veículos; e frete. A Estoques. B Transportes. C Armazenagem. D Compras ou vendas. E Contêineres. 2 - Supply chain management Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever o conceito de supply chain management (SCM), seu histórico e suas diversas terminologias Histórico do SCM Supply chain management Confira agora o conceito de supply chain management, iniciando pelo seu histórico e tratando, ao final, sobre as diversas terminologias abordadas por essa disciplina. Conceito de SCM Para compreender o conceito de SCM é preciso entender a concepção de canal de distribuição, amplamente consolidado nos livros de marketing. Ele é definido como os meios pelos quais os produtos de uma empresa são direcionados até seu consumidor final. A escolha do canal de distribuição é fundamental para a eficiência do processo de comercialização e distribuição de bens e serviços, pois é através dele que os consumidores terão acesso aos produtos e serviços de determinada empresa. É no canal de distribuição que, muitas vezes, as informações de mercado, os desejos dos clientes e suas necessidades são registrados. Com o avanço das redes de telecomunicação, as informações adquiridas pelos canais de distribuição chegam aos demais elos da cadeia logística, fazendo com que todos trabalhem de forma sincronizada. Foi por meio dessa integração entre os diversos elos da cadeia de suprimentos que se solidificou o conceito de supply chain management (SCM). A associação denominada Council of Supply Chain Management Professional - CSCMP (1995) define o SCM como o planejamento e a gestão de todas as atividades associadas à logística interna, bem como a coordenação e colaboração entre todos os parceiros da cadeia, sejam eles fornecedores, prestadores de serviço ou consumidores. A próxima imagem traz um esquema do conceito de SCM apresentado por Slack (2008): Esquema de SCM. Esta é a representação de uma empresa hipotética, composta pelas áreas de compras, produção e vendas, e distribuição. Extrapolando a fronteira da empresa, à esquerda da imagem, há duas camadas de fornecedores, que se relacionam com esta empresa e entre si. Essa parcela do SCM, englobando fornecedores e área de compras, é conhecida como logística de aquisição. Já no lado direito da imabgem, estão os clientes da empresa, em várias camadas, representando o atacadista, varejista e consumidor final. Essa parcela, em conjunto com as áreas de venda e distribuição da empresa, é denominada logística de distribuição. Saiba mais O conceito mais preciso do supply chain management ultrapassa a fronteira da empresa envolvendo todas as camadas de fornecedores e de clientes, todos agindo de forma sincronizada, colaborativa e em uma só direção. Vale ressaltar o fluxo de informação! Foi possível perceber que ele segue o fluxo inverso do fluxo do produto? Isso revela que todas as informações são repassadas para os elos anteriores de maneira que todos trabalhem em prol de um único objetivo e uma única informação. Na essência, não há espaço para manobras ou artifícios que gerem perturbações nesse fluxo. Isso evita um efeito clássico da logística que será visto a seguir, o efeito chicote. Conceitos relevantes agregados ao SCM Durante a evolução do conceito de SCM, diversas considerações e práticas de mercado surgiram e serviram de base para a implantação e o amadurecimento da cadeia de suprimentos. Vamos conferir? Efficient consumer response ‒ Resposta eficiente ao consumidor O ECR é uma estratégia que estimula os participantes da cadeia de suprimentos a estudarem e a implementarem métodos que possibilitem o trabalho conjunto entre os participantes, para que consigam atingir a missão da cadeia como um todo. Vendor managed inventory ‒ Estoque gerido pelo fornecedor É um sistema em que o fornecedor se responsabiliza pela gestão dos níveis de estoque nos clientes. O fornecedor tem acesso aos dados relativos ao estoque(vendas) do cliente e assume as decisões sobre os reabastecimentos com base em uma política de estoque pré-estabelecida com seu cliente. O VMI integra-se na cadeia de abastecimento como forma de estabelecer uma real colaboração e partilha de informação entre o fornecedor e o cliente e com isso, não só permite reduzir o nível de estoque ao longo da cadeia, bem como proporciona uma redução de custos. Continuous replenishment ‒ Reposição contínua Uma das práticas que têm complementado ou mesmo substituído o VMI em algumas situações é a reposição contínua, que busca principalmente o atendimento dos quatros processos: promoções, reposições de estoques, sortimento (mix) dos estoques e introdução de novos produtos. Collaborative planning, forecasting and replenishment – Planejamento, previsão e reposição colaborativos Baseia-se em um programa colaborativo entre os diferentes intervenientes da cadeia de abastecimento, que estabelece uma coordenação entre produção, planejamento, previsão de vendas ECR VMI CR CPFR e reposição. Just-in-time Significa “momento certo”. É um sistema que objetiva produzir a quantidade exata (não prevê estoques), de acordo com a demanda, de forma rápida, fazendo com que o produto seja acabado mais próximo da necessidade temporal do cliente. Total quality management – Gestão da qualidade total Representa a consciência de que todos têm a autonomia para gerar e agregar qualidade aos processos organizacionais. Também chamada de sistema Toyota de produção, ou manufatura enxuta, é a filosofia focada na redução de sete tipos de desperdícios (superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos). Nesse sentido, reduzindo esses desperdícios, a qualidade melhora e o tempo e custo de produção diminuem. Uma das ferramentas que auxiliam a realizar a manufatura enxuta é o kanban. Representa o conceito de que as tarefas não precisam ser executadas sequencialmente, mas sim de forma simultânea. Esse paralelismo faz com que os objetivos finais sejam alcançados muito mais rapidamente. Just-in-time TQM Lean manufacturing Engenharia simultânea Representa o conceito de que as tarefas não precisam ser executadas sequencialmente, mas sim de forma simultânea. Esse paralelismo faz com que os objetivos finais sejam alcançados muito mais rapidamente. Efeito chicote O efeito chicote, em inglês bullwhip effect, descreve um fenômeno observado em cadeias de distribuição de vários níveis, com padrões de demanda incertos, em que as informações são repassadas aos demais elos de forma limitada, trazendo perturbações aos diferentes elos da cadeia de suprimentos. Ele descreve um efeito clássico: aumento do inventário de estoques conforme se transita para os elos mais distantes do varejista, dentro de uma cadeia de suprimentos. Saiba mais O efeito chicote, às vezes, também é chamado de efeito Forrester, porque foi descrito pela primeira vez por Jay Wright Forrester, professor da MIT Sloan School of Management, em seu livro Industrial Dynamics, em 1961. Esses estudos inovadores foram fundamentais para o gerenciamento moderno da cadeia de suprimentos. O exemplo mais clássico desse efeito foi evidenciado em estudos realizados com uma cadeia de suprimentos simples, de apenas quatro elos, na qual pequenas variações na demanda inicial levaram a amplitudes de pedidos de ressuprimento em até 900%. Essa situação ocorreu considerando apenas quatro níveis de suprimento. Já imaginou o que ocorre nas cadeias de suprimento mais complexas e com mais entes envolvidos? Esses estudos demonstraram que a principal causa para flutuações erráticas de tamanhos de pedidos e níveis de estoque nas cadeias de suprimentos não era realmente motivada pela incerteza em dada função de demanda, mas sim pela característica da cadeia de suprimentos e o comportamento dos gerentes da cadeia de suprimentos, que sempre indicavam estoque a mais por dúvidas inerentes ao fornecimento de produtos. Os principais fatores que influenciam as amplitudes na cadeia de suprimentos são: Tamanho ou número de elos na cadeia de suprimentos. Velocidade ou tempo de reposição, que é o tempo entre o pedido e o atendimento do pedido. Reações exageradas, com pedidos “de pânico” à medida que os níveis de estoque vão chegando aos níveis mínimos. Baixa informação sobre os demais elos da cadeia de suprimentos. Efeito chicote. Analisando a imagem, podemos perceber que a demanda se mantém praticamente estável ao longo dos seis períodos, mas, conforme a demanda se distanciava do varejista, a percepção da volatilidade da demanda se acentuava. Vamos analisar o fornecedor no período 3, que produziu cerca de 180 unidades, mas que, na realidade, o consumo foi de pouco mais de 100 unidades. Aumento de 80% de demanda que, na prática, virou estoque. Ou seja, dinheiro empatado em estoques, sem, de fato, gerar receita para a empresa. Nesse sentido, compreende-se a real importância de sempre demonstrar clareza ao seu fornecedor, para que ele se dimensione da forma como a demanda final se comporta. Essa realidade se mostra muito evidente com a Indústria 4.0. Logística reversa Conforme ilustrado nos tópicos acima, geralmente associamos a logística ao gerenciamento do fluxo de produtos no sentido dos fornecedores até o consumidor final. No entanto, com aumento do valor dado à responsabilidade socioambiental pelos consumidores e pelas empresas, o conceito de logística reversa se apresentou como emergente e de considerável importância no mundo contemporâneo. Segundo a CLM (2007), a logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo de matérias-primas, produtos em processamento, produtos acabados e informações relacionadas desde o ponto de consumo ao ponto de origem, com o propósito de recapturar o fluxo, criar valor ou descartá-lo adequadamente. A preocupação com o fluxo reverso de produtos (1) fortalece a imagem das empresas e (2) gera concorrência por diferenciação de serviços e redução de custos. O primeiro porque determinados consumidores valorizam produtos ao saberem que são frutos de reutilização. Já o segundo, através, por exemplo, de embalagens retornáveis, que poupam custos das empresas ao arcarem com novos recipientes. De acordo com Fleury (2003), as atividades típicas de logística reversa são apresentadas na imagem a seguir: Atividades de logística reversa. Analisando a imagem anterior, após a coleta dos materiais aptos para iniciar o processo de logística reversa, eles são embalados e expedidos. Nessa representação, os materiais podem retornar para o fornecedor, serem revendidos, recondicionados, reciclados ou até mesmo totalmente descartados em local e procedimentos conforme a legislação. Nesse momento, cria-se o sentimento de não poluir o meio ambiente, situação que, infelizmente, é comum nos dias atuais. Exemplo Segundo Ballou (2006), na Alemanha, o governo obriga os varejistas a recolherem as caixas de cereais nos pontos de venda. Normalmente, os consumidores pagam pelo produto, abrem a caixa e despejam o conteúdo em sacolas que trazem para casa, devolvendo as embalagens em compartimentos de coleta. Assim, o vendedor fica responsável pela recuperação dos materiais utilizados, sua reembalagem e reutilização, ou pelo descarte dentro das normas estabelecidas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Atualmente, quando um cliente acessa uma loja de tintas, há um prospecto com variedades de cores e tonalidades de tintas. Após o cliente escolher a cor, o tom e o volume, o vendedor prontamente realiza um mix de cores em uma máquina própria e fornece a tinta de acordo com a necessidade do cliente. A situação destacada acima é um exemplo de: Parabéns! A alternativa D está correta. O conceito just-in-time preconiza evitar estoques e entregar o que o consumidor necessita mais próximo ao momento certo da demanda. AVMI. B CPRF. C TQM. D Just-in-time. E VUCA. Questão 2 A cadeia de suprimentos de uma empresa é constituída por: Parabéns! A alternativa D está correta. Fornecedores primários, secundários e seus subfornecedores, incluindo o fornecedor da matéria-prima básica, além de atacadistas, distribuidores, varejistas e clientes finais fazem parte da cadeia de suprimentos. A Fornecedores da matéria-prima básica, atacadistas, distribuidores e varejistas. B Todos os fornecedores e clientes, excluindo-se o cliente final. C Todos os fornecedores da empresa, os fornecedores de seus fornecedores, e assim por diante, até o fornecedor da matéria-prima básica. D Fornecedores primários, secundários e seus subfornecedores, incluindo o fornecedor da matéria-prima básica, além de atacadistas, distribuidores, varejistas e clientes finais. E Apenas uma parte dos fornecedores e clientes, excluindo-se o cliente final. 3 - A importância estratégica da logística integrada e da supply chain management Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a importância da logística integrada e da supply chain management para a estratégia de uma empresa. Expectativas de serviços para clientes Conforme destacado anteriormente, os consumidores, cada vez mais, exigem produtos customizados de acordo com seus desejos e necessidades. Há muitos anos, as empresas passaram a entender esse comportamento como uma grande oportunidade de mercado, pois nem sempre os melhores produtos, com mais qualidade e maior valor agregado, atenderiam a determinada fatia do mercado. Quem nunca reparou que determinado produto, mesmo de qualidade inferior, satisfez plenamente as suas próprias necessidades, não é? Por entender que os consumidores exigem produtos e serviços distintos, as empresas perceberam a necessidade de segmentar o mercado, de forma a atacar o mercado consumidor de maneira diferenciada, buscando atender às necessidades dos diversos grupos de clientes com padrões customizados aos seus desejos. Esse processo é feito, basicamente, dividindo os diversos consumidores em grupos, de forma que os clientes agregados ao mesmo grupo apresentem características e comportamentos similares. A empresa, nesse caso, buscará desenvolver campanhas para sensibilização desses grupos de clientes, de maneira customizada. Existem várias formas de segmentar os clientes, mas não é o foco desse módulo. A intenção aqui é que você perceba que a segmentação proporciona atuações distintas de marketing e, como foi visto no tópico de logística integrada, o marketing está intimamente correlacionado ao conceito de logística integrada e de supply chain management. Estratégia de logística Antes de comentar sobre a estratégia da logística, deve-se ter em mente que a empresa precisa definir sua estratégia corporativa. Esta, em geral, é uma visão mais macro das intenções da corporação e é traduzida em objetivos muito claros para as diversas áreas que compõem a empresa. Esses objetivos podem ter vários vieses: podem ser a realização de lucros, o retorno de investimentos, a participação no mercado ou até o crescimento em algum ramo específico. Nessa linha, os objetivos se desdobram para as áreas funcionais, que enxergam a sua contribuição nos objetivos maiores da corporação. É como se todos estivessem amarrados de alguma forma, como uma árvore. Assim, é natural observar que a área de logística não é uma exceção e irá compor a estratégia da empresa por meio das suas próprias estratégias e objetivos. Basicamente, a estratégia logística é decidida por meio de três pilares. Vejamos! Redução de custos Estratégia voltada para corte de custos variáveis, principalmente focado em transporte e armazenagem. Em geral, está relacionado às decisões de ter apenas um ou vários armazéns, utilizar um modal de transporte ou outro, definir lote de compra, utilizar transportes mais consolidados ou fracionados, dentre outros. Representando a estratégia de enxugamento dos investimentos nos sistemas logísticos como: decisões da empresa em armazenar produtos ou embarcar direto para os clientes, contratar armazém público ou investir em armazéns privados, abordar o fornecimento de produtos aos consumidores just-in-time ou manter estoques de produtos acabados e, por fim, procurar por serviços terceirizados ou prover com recursos próprios. Neste caso, os lucros são fortemente influenciados pelos níveis de serviços logísticos adotados. Naturalmente, os custos aumentam conforme há incrementos em melhorias de níveis de serviços fornecidos aos clientes, mas, em contrapartida, os lucros também. Mas nesse caso, se o aumento de lucro for superior ao aumento de custos, essa estratégia tende a ser adotada. É essencial avaliar a estratégia dos concorrentes para definir a da sua empresa, pois, no mercado, basta sua empresa fazer melhor que o concorrente para se destacar. Planejamento de logística A etapa de planejamento ocorre, de forma geral, em três grandes grupos: ( ) Redução de capital Melhoria de serviços Planejamento estratégico (PE) Representa horizonte de longo prazo, com demandas mais agregadas. Planejamento tático (PT) Representa horizonte de médio prazo, com demandas mais segregadas. Planejamento operacional (PO) Representa horizonte de curto prazo, com tomadas de decisões hora a hora ou dia a dia, em demandas totalmente segregadas. O planejamento de logística segue esse mesmo rito e, em geral, é calcado em quatro grandes grupos de áreas de análise: O nível de serviço é relacionado ao esforço que é necessário para atender as expectativas de determinado consumidor. Pode-se pensar que, quanto maior esse nível, maiores os custos envolvidos, visto que aumentam as campanhas de marketing, por exemplo. Por isso, antes de definir qualquer estratégia logística, é importante definir o nível de serviço apropriado a cada cliente e se a empresa está disposta a arcar com esse valor, apostando numa receita futura. Esse grupo representa o número de instalações logísticas e seu tamanho, e a determinação de qual segmento do mercado privilegiar por conta da proximidade com centro consumidor. A essência dessa estratégia é encontrar a localização que trará menor custo, ou alternativa de maior lucratividade. Decisões sobre a localização perpassam por simplificar a comunicação com os Nível de serviço Localização das instalações demais elos da cadeia, reduzir rotas, possibilitar fracionamento de cargas conforme rota de entrega e servir de pulmão para balanceamento entre a oferta e demanda de produtos. Refere-se à maneira com que os estoques são gerenciados. Empurrar ou puxar os estoques de/para os centros de estocagem e a regra de reposição de estoques são estratégias que permeiam a decisão desse planejamento. Essa decisão influencia sensivelmente a de localização das instalações, pois uma acaba impactando a outra. Decisões de transportes envolvem seleção de modais, volume de embarque de mercadorias, rotas de entrega e programação de recursos. Decisões sobre estoque Estratégia de transportes Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Sobre planejamento estratégico, é correto afirmar: A É projetado para o curto prazo. Parabéns! A alternativa D está correta. O planejamento estratégico é o planejamento de longo prazo, e deve envolver toda a empresa, abrangendo tudo o que se relaciona à organização. Questão 2 O planejamento estratégico da logística é calcado em qual(is) pilar(es)? B É definido no nível operacional, para cada tarefa ou atividade. C É definido no nível intermediário, em cada departamento da empresa. D Envolve a empresa como um todo, abrangendo todos os recursos e as áreas de atividade. E É projetado para o médio prazo. A Nível de serviço e decisões de estoque apenas. B Localização das instalações e estratégia de transportes apenas. C Decisões sobre estoques e nível de serviço apenas. D Nível de serviço, localização das instalações,decisões sobre estoques e estratégia de transportes. E Localização das instalações e decisões sobre estoques apenas. Parabéns! A alternativa D está correta. No tópico planejamento de logística, foi apresentado que o planejamento estratégico avalia questões de nível de serviço, localização das instalações, decisões sobre estoques e estratégia de transportes e por isso a alternativa D está correta. A alternativa A está incompleta, faltando estratégia de transportes e localização das instalações. A mesma situação ocorre com a alternativa B, que também está incompleta, faltando nível de serviço e decisões de estoques. Assim como na alternativa C, em que falta a localização das instalações e a estratégia de transportes. Considerações �nais Neste conteúdo, descrevemos a evolução histórica da logística integrada e seus principais conceitos. Abordamos os conceitos de supply chain management, ressaltando a sua relevância no mundo empresarial, e listamos os conceitos e as definições da estratégia logística das empresas. Além disso, foram abordados conceitos acerca do efeito chicote, tão presentes nas organizações atuais, justamente pela falta de confiança nas informações de toda a cadeia de suprimentos. Também foi visto o conceito de logística reversa, ramo da logística que tem ganhado atenção nas empresas pela redução de custos e também pela melhoria da imagem corporativa. Por fim, foi avaliada a estratégia logística vinculada aos diversos tipos de planejamento que uma organização apresenta. Podcast Ouça agora um bate-papo sobre a importância do planejamento logísitico integrado, fazendo uma revisão do que foi visto até agora. Explore + Para se aprofundar mais nos assuntos referentes à logística integrada e gerenciamento da cadeia de suprimentos, recomendamos o excelente livro de Ronald Ballou, Business logistics management: planning, organizing, and controlling the supply chain., de 2006. Referências CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R.; SLACK, N. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. COUNCIL OF LOGISTIC MANAGEMENT. CLM. World class logistics: the challenge of managing continuous change. The Global Logistics Research Team of Michigan State University (Org.). Michigan (EUA), 2007. LAMBERT, D. M.; STOCK, J. R.; ELLRAM, L. M. Fundamentals of logistics management. Boston: Irwin; McGraw-Hill, 1998. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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