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PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL Gabriel Bonesi Ferreira Recursos especial e extraordinário Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os requisitos para interposição dos recursos especial e extraordinário. Elaborar um recurso extraordinário. Analisar decisões do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tri- bunal Federal relativas aos requisitos de admissibilidade dos recursos especial e extraordinário. Introdução Os principais recursos cabíveis ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm as suas previsões na Constituição Federal. Alguns recursos são considerados excepcionais, ou seja, não são cabíveis em toda e qualquer hipótese, mas apenas naquelas especificadas em lei. Esses recursos objetivam principalmente a uniformização da jurisprudência e o controle da legalidade/constitucionalidade das normas e das interpretações de normas federais e constitucionais. Os recursos especial e extraordinário são dois desses recursos excepcionais. Como você deve imaginar, é essencial conhecer os requisitos legais dos recursos especial e extraordinário para utilizá-los e manejá-los de modo correto. Além disso, é necessário atentar à jurisprudência das cortes superio- res relativa às hipóteses de cabimento desses recursos excepcionais. Neste capítulo, você vai estudar tais requisitos e, a partir deles, vai verificar como elaborar um recurso extraordinário, com base em uma situação hipotética. 1 Requisitos para interposição Os recursos extraordinário e especial têm a sua previsão na Constituição Fe- deral, nos arts. 102, III, e 105, III. Eles podem ser interpostos ao STF e ao STJ, respectivamente. Ao contrário do que ocorre em relação ao recurso ordinário, a previsão dos recursos extraordinário e especial sequer se repete no Código de Processo Civil (CPC), que trata especifi camente de seus procedimentos, mas não de suas hipóteses de cabimento. Ao STF e ao STJ, cabe primordialmente a análise das teses jurídicas fe- derais em matéria constitucional e infraconstitucional, respectivamente, e não o exame de fatos e provas de processo, ou mesmo a avaliação da justiça ou injustiça do julgado recorrido (THEODORO JUNIOR, 2016). Tal função se materializa, em grande medida, na análise dos recursos extraordinário e especial, considerados excepcionais, visto que as suas hipóteses de cabimento e conhecimento são específicas e que eles, apesar de decidirem casos particulares, têm repercussões muito mais amplas. Afinal, neles se avaliam teses jurídicas, ou seja, matérias essencialmente de direito relacionadas à interpretação legal, seja de ordem constitucional ou de leis federais. As hipóteses de cabimento do recurso extraordinário estão sempre relacio- nadas à ofensa à Constituição. O inciso III do art. 102 da Constituição Federal determina que cabe ao STF: III — julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Cons- tituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal (BRASIL, 1988, documento on-line). Os recursos excepcionais exigem o cumprimento de diversas exigências para serem admitidos. O recurso extraordinário exige a observância dos requisitos listados a seguir. a) Julgamento da causa em última ou única instância: sobre a decisão recorrida, não pode ser cabível mais nenhum outro recurso. Podem ser objeto de recurso extraordinário até mesmo decisões do juizado especial, Recursos especial e extraordinário2 desde que esgotados todos os recursos cabíveis. Tal exigência marca o caráter excepcional do recurso extraordinário. A mesma exigência existe também em relação ao recurso especial. b) Existência de controvérsia relacionada à Constituição Federal: deve haver sempre uma controvérsia relacionada a uma questão de direito, e não a questões de fato (THEODORO JUNIOR, 2016). c) Necessidade de demonstrar a repercussão geral da matéria cons- titucional discutida: a definição de repercussão geral é dada pelo § 1º do art. 1.035 do CPC: “Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo [...]” (BRASIL, 2015, documento on-line). A existência de repercussão geral deve ser demonstrada pelo recorrente para a sua apreciação pelo STF (BRASIL, 2015, art. 1.035, § 2º). Além disso, sempre haverá repercussão geral quando o recurso impugnar acórdão que contraria súmula ou jurisprudência do STF ou acórdão que reconhece a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal (BRASIL, 2015, art. 1.035, § 3º, I e II). d) Tempestividade: como ocorre com todo recurso, a admissibilidade do recurso extraordinário e do recurso especial depende de sua interposição no prazo legal de 15 dias a contar da intimação da decisão impugnada (BRASIL, 2015, art. 1.003, caput e § 5º). e) Existência de prequestionamento: é necessário que a questão cons- titucional suscitada tenha sido debatida na decisão recorrida, na instância originária. Desse modo, a questão constitucional não pode, sob pena de não conhecimento, ser suscitada apenas em sede de re- curso extraordinário; ela deve ter sido debatida na decisão originária. Caso a alegada ofensa à constituição surja na prolação da decisão originária, será necessária a interposição de embargos de declaração, suscitando o prequestionamento do dispositivo constitucional invo- cado. Os recursos especiais também exigem o prequestionamento da matéria de lei federal suscitada em sede de recurso especial; o dispositivo afrontado deve ter sido necessariamente objeto de análise na instância ordinária, podendo a parte se valer dos embargos de declaração para esse fim. 3Recursos especial e extraordinário A exigência de repercussão geral para o conhecimento e o processamento do recurso extraordinário foi introduzida pela Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. O conhecimento do recurso especial não exige que se demonstre ou mesmo que haja repercussão geral sobre a matéria recorrida, bastando que o recorrente cumpra os demais requisitos de admissão. Sobre as hipóteses de cabimento do recurso especial, a Constituição Federal estabelece: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] III — julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal (BRASIL, 1988, documento on-line). A primeira diferença em relação ao recurso extraordinário é que não cabe recurso especial de decisões turmárias de juizado especial. Como no caso do recurso extraordinário, para o recurso especial, há o requisito de que a decisão recorrida tenha sido tomada em última ou única instância. Disso se conclui também que não cabe recurso especial ou extraordinário de decisão de relator, seja proferida no curso do processo ou na modali- dade de decisão monocrática. Cabem apenas os recursos excepcionais de decisões colegiadas. Para o conhecimento do recurso especial, a jurisprudência do STJ tem exigido o prequestionamento da matéria suscitada em sede recursal. Conforme as hipóteses previstas na Constituição Federal, o recurso especial é cabível em casos de ofensa à lei federal, portanto em questões de direito infraconstitucional (BUENO, 2016). O dispositivo constitucional dá ao STJ a competência e a prerrogativapara proferir e unificar a interpretação de lei federal em todo o território nacional. Os recursos especial e extraordinário são considerados excepcionais em contraposição aos outros recursos considerados “ordinários”. Essa classifica- ção enfatiza a sua função primária de definir a interpretação e uniformizar o Recursos especial e extraordinário4 direito constitucional e o direito infraconstitucional, de modo que a satisfação do interesse da parte é um efeito muito mais secundário (BUENO, 2016). O recurso especial e o recurso extraordinário devem ser interpostos em petições distintas, uma para cada recurso. O art. 1.029 exige ainda que a petição de interposição contenha as exposições de fato e de direito, a demonstração do cabimento do recurso e as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. Se o recurso fundamentar-se em dissídio jurisprudencial, cabe ainda ao recorrente fazer prova da divergência mediante “[...] a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão di- vergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte [...]” (BRASIL, 2015, art. 1.029, § 1º, documento on-line). O recorrente também deve demonstrar ou mencionar quais são as circunstâncias que identifiquem ou se assemelhem aos casos demonstrados. Isto é, não basta a mera transcrição de decisão de caso análogo; também deve-se demostrar pelo recorrente os motivos que identificam a decisão paradigma à situação do caso recorrido. Os recursos excepcionais não possuem, em regra, efeito suspensivo, con- cedido mediante requerimento fundamentado do recorrente. O requerimento deve ser endereçado: ao tribunal respectivo, no período entre a publicação da decisão de admissão do recurso e a sua distribuição, hipótese em que o relator designado ficará prevento para julgar o recurso; ao relator, se o processo já hou- ver sido distribuído; ou ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissibilidade do recurso, bem como quando o recurso houver sido sobrestado (BRASIL, 2015, art. 1.029, § 5º, I, II e II). O recorrente pode impugnar fundamentos de ordem constitucional e de lei federal. Nesses casos, o recurso especial e o recurso extraordinário devem ser interpostos de modo simultâneo, cada qual com as suas petições próprias. Em regra, os autos devem ser enviados primeiro ao STJ, que julga o recurso especial (BRASIL, 2015, art. 1.031). Julgado o recurso, os autos devem ser enviados ao STF para apreciação e julgamento do recurso extraordinário. Porém, se o recurso especial for considerado prejudicado, o que ocorre se ele for conhecido e provido, acolhe-se a pretensão recursal do recorrente. Caso o recurso especial não seja conhecido ou seja conhecido e improvido, os autos seguem ao STF para julgamento. Pode ocorrer ainda outra hipótese no caso de interposição conjunta de recursos: o relator do STJ pode entender que o recurso extraordinário deve acontecer primeiro, pois há verdadeira questão prejudicial abordada nesse 5Recursos especial e extraordinário recurso. Nesses casos, o relator deve remeter os autos ao STF e sobrestar o recurso especial até o julgamento do recurso extraordinário (BRASIL, 2015, art. 1.031, § 2º). Após os autos serem encaminhados ao STF, o relator dessa corte no processo pode rejeitar o entendimento do relator do STJ, hipótese em que devolverá os autos ao STJ para o julgamento do recurso especial (BRASIL, 2015, art. 1.031, § 3º). A decisão do relator do STJ de remessar os autos ao STF e a decisão do relator do STF de rejeitar a prejudicialidade são irrecorríveis. O CPC consagra a fungibilidade entre o recurso especial e o extraordinário em seus arts. 1.032 e 1.033. Muitas vezes, a matéria discutida pode ser analisada sob as ópticas constitucional e infraconstitucional. Nesses casos, se o relator do STJ entender que o recurso especial versa sobre matéria constitucional, ele deve conceder o prazo de 15 dias ao recorrente para que demonstre a reper- cussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional (BRASIL, 2015). Cumprida tal exigência, deve remeter os autos ao STF, podendo este devolvê-lo ao STJ em juízo de admissibilidade ou julgar o recurso (BRASIL, 2015, art. 1.032, caput, parágrafo único). De modo semelhante, se o STF considerar que a ofensa à Constituição apontada no recurso for reflexa e pressupor a revisão de lei federal ou tratado, deve remeter o recurso interposto ao STJ para que seja julgado como recurso especial (BRASIL, 2015, art. 1.033). Depois de interposto o recurso especial e/ou o recurso extraordinário, o recorrido deve ser intimado para apresentar as suas contrarrazões no prazo de 15 dias (BRASIL, 2015, art. 1.030, caput). A admissibilidade dos recursos será analisada pelo presidente ou pelo vice-presidente do tribunal de origem, independentemente da apresentação das contrarrazões. Se admitidos, os recursos serão remetidos ao órgão julgador. Caso eles não sejam admitidos, caberá agravo contra essa decisão — salvo se a decisão se fundamentar em entendimento firmado de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos (BRASIL, 2015, art. 1.042). 2 Como elaborar um recurso extraordinário A elaboração de um recurso extraordinário passa por algumas etapas. Primei- ramente, é necessário identifi car se existe outro recurso possível, pois o recurso extraordinário só é cabível em casos de causa julgada, isto é, em casos em que todas as vias ordinárias já se esgotaram. O recurso encontra-se estruturado em Recursos especial e extraordinário6 duas peças processuais: a petição de interposição, que é endereçada ao juízo a quo, e as razões recursais anexas a essa petição (nelas, também é necessário comprovar o cumprimento dos requisitos de admissibilidade). No XII Exame de Ordem Unificado, os candidatos tiveram de elaborar um recurso extraordinário na prova prático-profissional da área de Direito Constitucional. Confira a seguir o enunciado do exercício e a sua resolução: Após mais de 40 (quarenta) dias de intensa movimentação popular, em protestos que chegaram a reunir mais de um milhão de pessoas nas ruas de diversas cidades do Estado, e que culminaram em atos de violência, vandalismo e depredação de patrimônio público e particular, o Governador do Estado X edita o Decreto nº 1.968. A pretexto de disciplinar a participação da população em protestos de caráter público, e de garantir a finalidade pacífica dos movimentos, o Decreto dispõe que, além da prévia comunicação às autoridades, o aviso deve conter a identifi- cação completa de todos os participantes do evento, sob pena de desfazimento da manifestação. Além disso, prevê a revista pessoal de todos, como forma de preservar a segurança dos participantes e do restante da população. Na qualidade de advogado do Partido Político “Frente Brasileira Unida”, de oposição ao Governador, você ajuizou uma Ação Direta de Incons- titucionalidade, perante o Tribunal de Justiça do Estado X, alegando a violação a normas da Constituição do Estado referentes a direitos e garantias individuais e coletivos (que reproduzem disposições constantes da Constituição da República). O Plenário do Tribunal de Justiça local, entretanto, por maioria, julgou impro- cedente o pedido formulado, de declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos do Decreto estadual, por entender compatíveis as previsões constantes daquele ato com a Constituição do Estado, na interpretação que restou prevalecente na corte. Alguns dos Desembargadores registraram em seus votos, ainda, a impossibilidade de propositura de ação direta tendo por objeto um decreto estadual. Entendendo que a decisão da corte estadual, apesar de não conter obs- curidade, omissão ou contradição, foi equivocada, e que não apenas as disposições do Decretosão inconstitucionais como também a própria interpretação dada pelo Tribunal de Justiça é incompatível com o orde- namento jurídico nacional, os dirigentes do Partido pedem que você proponha a medida judicial cabível a impugnar aquela decisão. Elabore a peça judicial adequada. (Valor: 5,0) (OAB, 2019a, documento on-line). 7Recursos especial e extraordinário A seguir, leia uma possível resolução. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X (A petição de interposição dos recursos especiais e extraordinários é sempre endereçada ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal que prolatou a decisão recorrida.) (Deixe um espaço de 5 a 10 linhas entre o endereçamento e o número do processo para fins de autenticação da data de apresentação. Além disso, indique o número do processo e o nome das partes na petição de interposição. Como as partes já foram qualificadas na petição inicial, no recurso você pode utilizar a expressão “já qualificado nos autos em epígrafe”.) Processo nº _____ O PARTIDO POLÍTICO FRENTE BRASILEIRA UNIDA, já qualificado nos autos de ação direta de inconstitucionalidade de número constante dos autos em epígrafe, vem, por meio de seu advogado já constituído nos autos, que ao final assina, interpor RECURSO EXTRORDINÁRIO com fundamento no art. 102, III, “c”, da Constituição Federal de 1988 (CF) em face do GOVERNADOR DO ESTADO X, também já qualificado, pelas razões que seguem. Requer a intimação do recorrido para apresentar suas contrarrazões no prazo de 15 dias (art. 1.030 do CPC). Requer, ainda, que o recurso seja admitido e remetido ao Supremo Tribunal Federal, com ou sem as contrarrazões a serem apresentadas no prazo legal (art. 1.034 do CPC). O recorrente apresenta também a juntada do comprovante de recolhimento das custas processuais, nos moldes do art. 1.007 do CPC. (Você deve indicar o nome da peça processual e os fundamentos legais. Deve requerer o recebimento do recurso e a remessa dos autos ao juízo competente.) Nesses termos, pede deferimento. Local e data Nome e assinatura do advogado Número de inscrição na OAB (Início das razões recusais com esta indicação acompanhada da identificação das partes.) RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROCESSO Nº _____ RECORRENTE: PARTIDO POLÍTICO FRENTE BRASILEIRA UNIDA RECORRIDO: GOVERNADOR DO ESTADO X PROCESSO DE ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X Recursos especial e extraordinário8 Supremo Tribunal Federal, ínclitos ministro presidente do Supremo Tribunal Federal e demais ministros julgadores I. RESUMO DO PROCESSO O partido político Frente Brasileira Unida, ora recorrente, ajuizou ação direta de incons- titucionalidade contra o Decreto nº. 1.968 editado pelo governador __________, sob o fundamento de que o referido decreto viola normas da Constituição do estado referentes a direitos e garantias individuais e coletivos, normas que, em resumo, re- produzem disposições constantes da CF. O plenário do tribunal local, entretanto, julgou improcedente o pedido, sob o fun- damento de que as disposições do decreto citado são compatíveis com as previsões da Constituição do estado. Alguns registraram a impossibilidade de propositura da presente ação contra um decreto estadual. Em razão de tal fato, o recorrente interpõe o presente recurso extraordinário com o fim de reforma daquela decisão. II. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS: DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE, DO PREPARO E DO PREQUESTIONAMENTO As previsões de cabimento do recurso extraordinário constam na CF, em especial nas alíneas do inciso III do art. 102. No presente caso, a ação direta de inconstitucionalidade foi proposta contra decreto editado por governo estadual. Tal norma se enquadra no art. 102, III, “c”, da CF, que estabelece a possibilidade e o cabimento da interposição de recurso extraordinário nos casos em que a decisão proferida em única ou última instância julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da CF. O ato contestado em face da CF é um decreto do governador do estado. A decisão que o julgou válido foi proferida em única e última instância pelo Tribunal de Justiça do Estado X, por isso é cabível o presente recurso extraordinário. O recurso é tempestivo, uma vez que está sendo interposto no prazo de 15 dias contados da ciência da decisão (art. 1.003, § 5º, do CPC), contados em dias úteis (art. 219 do CPC). O recurso encontra-se devidamente preparado, uma vez que as guias e demais custas processuais foram recolhidas, com os comprovantes em anexo, preenchendo o requisito disposto no art. 1.007 do CPC. O prequestionamento está demonstrado, tendo em vista que a decisão impugnada foi proferida pela decisão do plenário de tribunal de Justiça Estadual, não havendo outros recursos oponíveis pela via ordinária; na decisão, não há também obscuridades, omissões ou contradições. O recorrente entende, ainda, que a decisão impugnada fere a CF, devendo por isso ser reformada, conforme as razões abaixo. Tendo em vista todos os pressupostos recursais de admissibilidade, o recurso deve ser processado e recebido. III. DA REPERCUSSÃO GERAL (Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a repercussão geral deve ser demonstrada pelo recorrente em tópico próprio nas razões do recurso; não se admite o reconhecimento da repercussão geral implícita ou presumida nas razões recursais.) 9Recursos especial e extraordinário O conhecimento do recurso extraordinário exige, entre outros pressupostos, que seja demonstrada a comprovação da repercussão geral, como dispõe o art. 1.035, caput, § 2º, do CPC. A repercussão geral (art. 102, § 3º, e art. 1.035, § 1º, do CPC) fica demonstrada pois a questão debatida é extremamente relevante do ponto de vista econômico, político, social e jurídico, ultrapassando os interesses subjetivos da causa, na medida em que trata dos direitos de manifestação garantidos pela CF. Com o presente recurso, busca-se a garantia constitucional da garantia do direito de reunião, da ilegalidade de ato do Executivo que cria norma de conduta, primeiro contrária à CF, além de não se tratar de ato regulatório de lei. A repercussão geral resta demonstrada, portanto, em razão da ofensa expressiva de diversos direitos fundamentais de titularidade de toda a sociedade. Com o decreto, o recorrido criou norma que causa grande limitação ao exercício de direito previsto na CF, inclusive sem que haja qualquer tipo de previsão em lei, que, dada a limitação, também poderia ser considerada inconstitucional. IV. DA POSSIBILIDADE DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE DECRETO ESTADUAL O controle de constitucionalidade, em regra, não pode ser exercido em relação a decretos. Porém, no presente caso, o decreto editado pelo governo estadual não regulamenta lei, mas é um ato normativo primário, visto que ele próprio cria regras e normas de conduta que objetivam a limitação de direitos constitucionais. Desse modo, trata-se de um ato que inova a ordem jurídica; é um ato primário e não secundário, cria novas regras de conduta de modo originário. Em razão de tal fato, a ação direta de inconstitucionalidade se mostra como a via adequada para a impugnação do decreto estadual, na medida em que, apesar de se tratar de um decreto, acabou inovando a ordem jurídica. V. DAS RAZÕES DO RECURSO (O título das razões recursais pode variar. Ele pode conter apenas os termos “razões do recurso”, ou ainda outros títulos que resumam os argumentos apresentados nas razões. É muito comum a existência de vários títulos quando se trata de uma ação e de um recurso com mais de uma causa de pedir e mais de um pedido, ou ainda quando se queira destacar em mais de um tópico os motivos de reforma.) (Nas razões do recurso, é necessário atacar frontalmente a decisão recorrida, apre- sentando os fatos e fundamentos legais necessários para o seu pedido de reforma. A fundamentação deve ser clara e precisa, além de estar associada à decisão impugnada, sob pena de não conhecimento, como estabelecea Súmula nº. 284 do Supremo Tribunal Federal: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”.) (Não se exige a transcrição dos artigos da CF, mas deve constar a sua indicação acompanhada dos argumentos. A mera transcrição sem a fundamentação do motivo pelo qual o dispositivo foi violado é um modo equivocado de construir as razões recursais e pode levar ao não conhecimento do recurso.) Recursos especial e extraordinário10 O decreto em relação ao qual se busca o reconhecimento da inconstitucionalidade, ratificado pelo tribunal a quo, afronta diversos direitos fundamentais previstos nos incisos do art. 5º da CF. O decreto viola o princípio da legalidade, previsto no art. 5º, II, da CF, pois cria restrições a direitos por meio de ato do Poder Executivo. Os decretos têm a função basilar de regulamentar a lei; eles não podem criar obrigações de fazer ou deixar de fazer, o que somente é possível por meio de lei, como determina o dispositivo citado da CF. A violação do princípio da legalidade fica evidente, pois o decreto impõe o dever de informar os dados pessoais de identificação de todos os participantes do evento, além de determinar a revista de todos os participantes e de exigir a comunicação prévia às autoridades. Tais exigências criam obrigações, por isso são, desde o início, impossíveis de serem cridas por meio de decretos. Além disso, o decreto viola o art. 5º, XVI, da CF, que prevê e assegura o direito de reu- nião e manifestação em locais públicos independentemente de autorização, havendo a exclusiva condição de não frustrar a reunião de outro grupo anteriormente convocada. O dispositivo constitucional citado exige apenas o prévio aviso à autoridade, mas não a sua autorização. Quaisquer outras exigências, como a obrigação de identificação dos participantes ou a prévia revista, são inconstitucionais, pois limitam o exercício de um direito de modo contrário ao estabelecido pela CF. O caput do art. 5º da CF trata do princípio da liberdade de expressão, além de outros princípios. A liberdade de expressão é um direito consolidado e estabilizado pela redação de cláusula pétrea constitucional. Assim, ainda que se aceite uma eventual restrição do direito de reunião e manifestação por meio de decreto, como no caso analisado, o decreto falha na aplicabilidade de outros princípios, como o que determina que é necessário optar pela medida menos gravosa possível para o atingimento de um fim. As obrigações de identificação de todos os participantes e as suas revistas não se mostram razoáveis para a garantia da segurança de todos e da sociedade, além de ser necessário pontuar a finalidade pacífica dos protestos. As medidas impostas pelo decreto não respeitam, ainda, o princípio da proporcionalidade em sentido estrito, o que exige uma análise do custo–benefício da nova norma, devendo ser sopesado o benefício esperado com as medidas impostas para a sua suposta garantia. O desrespeito ao princípio da proporcionalidade se evidencia pelo fato de as medidas extremamente restritivas acabarem limitando o direito constitucional de reunião, mostrando-se extremamente nocivas a ele, ainda que em nome de uma suposta garantia da segurança. Desse modo, tendo em vista os dispositivos violados, o que se impõe é a revisão da decisão proferida pelo tribunal a quo. VI. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a notificação do Ministério Público para se manifestar acerca dos presentes requerimentos; ao final, a reforma da decisão recorrida, com o fim de declarar a inconstitucionali- dade do Decreto nº. 1.968. 11Recursos especial e extraordinário 3 Decisões do STJ e do STF Os recursos especiais e extraordinários são admissíveis de modo excepcional. Por isso, há diversos requisitos de admissibilidade para o processamento e o julgamento desses recursos. O caráter excepcional de tais recursos revela a importância da discussão sobre o cumprimento dos requisitos de admissi- bilidade. Assim, além de a Constituição Federal e a lei imporem condições para a admissibilidade, a jurisprudência das cortes superiores relativa a esse tema é bastante ampla. O caráter excepcional do recurso extraordinário e do recurso especial evidencia-se pela necessidade de esgotamento das vias ordinárias. Tais re- cursos somente são admitidos se houver prévio esgotamento de todas as vias ordinárias na Justiça de origem. Tal entendimento está consagrado na Súmula nº 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada [...]” (BRASIL, 2019b, documento on-line). Apesar de não haver súmula análoga do STJ, ambos os recursos têm o mesmo caráter, ainda que versem sobre questões distintas. Assim, a necessidade de esgotamento das vias ordinárias é um requisito essencial também para a admissibilidade do recurso especial. A admissibilidade dos recursos especial e extraordinário está condicionada à análise das teses jurídicas dos julgados impugnados. Se tais recursos versarem exclusivamente sobre matérias fático-probatórias, eles não serão admitidos. Assim, tais recursos não podem servir para o reexame das provas. De fato, o julgamento se baseará nos limites fáticos assentados pelos tribunais de origem, sobre os quais se baseiam as teses jurídicas. Tal entendimento está consagrado na Súmula nº 279 do STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário [...]” (BRASIL, 1963a, documento on-line). Além disso, ele fica claro na Súmula nº 7 do STJ: “[...] a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial [...]” (BRASIL, 1990a, documento on-line). (Ao final, é necessário requerer o conhecimento e o provimento do recurso, com o respectivo pedido específico do que se pretende reformar.) Local e data Nome e assinatura do advogado Número de inscrição na OAB (Local, data, nome, assinatura e número de inscrição na OAB do advogado são elemen- tos obrigatórios ao final de cada peça processual, o que inclui a petição de interposição e as razões recursais.) Recursos especial e extraordinário12 A interposição dos recursos excepcionais está diretamente ligada a matérias de direito. Por isso, os recursos que objetivam a reanálise de interpretação de cláusulas contratuais não ensejam o manejo de tais recursos. Apesar de esse ser um fato bastante semelhante ao que se estabelece sobre o reexame do conjunto fático probatório, o STF editou a Súmula nº 454, que trata desse tema: “[...] simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a re- curso extraordinário [...]” (BRASIL, 1964a, documento on-line). De modo semelhante, o STJ editou a sua Súmula nº 5: “[...] a simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial [...]” (BRASIL, 1990b, documento on-line). Como você sabe, o STJ foi criado pela Constituição de 1988. Antes da Constituição, cabia ao STF a competência de decidir sobre questões constitu- cionais e de lei federal. Desse modo, a Constituição dividiu essa competência e passou a atribuir ao STJ a análise das questões relacionadas à lei federal. Por isso, parte significativa da jurisprudência construída pelo STF sobre o recurso extraordinário deve ainda continuar a ser adotada pelo STJ, até que este eventualmente a altere (THEODORO JUNIOR, 2016). O prequestionamento é requisito essencial para o conhecimento dos recursos excepcionais. Assim, a matéria de lei federal ou constitucional deve ter sido apreciada pelo tribunal de origem. Trata-se do que a Constituição Federal chama de “causa decidida”, ou seja, de matéria que já foi efetivamente debatida na origem. Caso a questão não tenha sido abordada no acórdão recorrido, a parte deve manejar embargos de declaração para que o tribunal de origem se manifeste sobre a controvérsia. Em resumo, o prequestionamento é essencial, como definido pela Súmula nº 356 do STF: “[...] o ponto omisso da decisão, sobre o qual nãoforam opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento [...]”. Isso também fica claro na Súmula nº 211 do STJ, que vai além ao estabelecer que é essencial o pronunciamento sobre o ponto suscitado pelo tribunal de origem. Inclusive, caso a parte tenha interposto embargos de declaração e o tribunal não tenha se pronunciado, ela deve manejar outros embargos para que a questão suscitada seja efetivamente apreciada. Veja o que afirma a Súmula nº 211: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo [...]”. Nos embargos de declaração, cabe à parte indicar os dispositivos que deseja que sejam prequestionados, devendo haver requerimento nesse sentido (BRASIL, 2019c, documento on-line). Cabe à parte atentar à hipótese de cabimento dos recursos, pois nem sempre o recurso admite a aplicação do princípio da fungibilidade como regra geral. 13Recursos especial e extraordinário Quando determinado recurso for manifestamente incabível, for apresentado fora do prazo legal ou for de evidente incompetência do STF, o recurso não será admitido. É o que determina a Súmula nº 322 do STF: “Não terá seguimento pedido ou recurso dirigido ao Supremo Tribunal Federal, quando manifes- tamente incabível, ou apresentado fora do prazo, ou quando for evidente a incompetência do Tribunal [...]” (BRASIL, 1963b, documento on-line). O recurso especial e o extraordinário muitas vezes são admitidos pelo prin- cípio da fungibilidade, mas é necessário destacar que ambos possuem objetos próprios e, caso haja alegação de violação à lei federal e à Constituição, ambos devem ser interpostos simultaneamente. Segundo a jurisprudência do STJ, caso uma decisão se assente em normas constitucional e infraconstitucional, qualquer delas suficiente para manter o julgado, a parte deve interpor recurso especial e recurso extraordinário, sob pena de não conhecimento do recurso especial. É o que estabelece a Súmula nº 126 do STJ: “[...] é inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário [...]” (BRASIL, 1995, documento on-line). Ao STF também não caberá recurso extraordinário pela mera alegação de contrariedade ao princípio constitucional da legalidade da decisão impugnada se a verificação desse princípio pressupor interpretação de normas infracons- titucionais, que devem ser impugnadas por meio de recurso especial. Veja a Súmula nº 636 do STF: “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida [...]” (BRASIL, 2020, documento on-line). Uma das hipóteses de cabimento do recurso especial é sua interposição para sanar divergências jurisprudenciais nacionais. A jurisprudência do STF já definia que a divergência jurisprudencial para análise do antigo recurso extraordinário deveria se dar entre tribunais nacionais, e não entre julgados do mesmo tribunal (BRASIL, 1964b). O STJ ratificou tal tese por meio da edição de sua Súmula nº. 7: “[...] a divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial [...]” (BRASIL, 1990a, documento on-line). Desse modo, para o conhecimento de recurso especial por divergência jurispruden- cial, deve-se confrontar diferentes teses jurídicas e interpretações de tribunais distintos, e não do mesmo tribunal. Recursos especial e extraordinário14 Ainda sobre a divergência jurisprudencial, é necessário destacar que a ju- risprudência do STJ é formada tanto por institutos de caráter vinculativo como por recursos repetitivos e súmulas vinculantes; mas não só. Muitas vezes, a jurisprudência prevalece, independentemente de ter origem em decisões de órgão especial da corte ou em decisões submetidas a divergência jurisprudencial. Por isso, quando a jurisprudência não é vinculativa, não é incomum que tribunais locais deixem de aplicar a jurisprudência dominante do STJ. Isso ocorre por terem o entendimento diverso e porque a jurisprudência não tem o caráter vinculativo, ou seja, não obriga os juízes locais a aplicarem a lei de acordo com ela. Entretanto, mesmo que haja divergências jurisprudenciais entre os tribunais locais, se houver uma jurisprudência dominante sobre determinado tema no STJ e a decisão do tribunal local estiver de acordo com ela, o recurso especial será inadmitido. Isso ocorrerá independentemente de a jurisprudência ser de caráter vinculativo (BRASIL, 2019d). Tal entendimento encontra-se materia- lizado na Súmula nº 83 do STJ: “[...] não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida [...]” (BRASIL, 1993a, documento on-line). Sobre o cabimento do recurso especial, a Constituição Federal estabelece que a sua interposição é cabível em caso de decisões proferidas em única ou última instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos estados, do Distrito Federal e dos territórios. Mas a Constituição não define quais são essas decisões e em sede de análise de qual tipo de recurso elas são proferidas. Por isso, nas hipóteses de cabimento, elas também já foram objeto de construção jurisprudencial; a Súmula nº 86 do STJ define que “Cabe recurso especial contra acórdão proferido no julgamento de agravo de instrumento [...]” (BRASIL, 1993b, documento on-line). A jurisprudência também já restringiu as hipóteses de cabimento ao interpretar que a norma constitucional não insere a possibilidade de interposição de recurso especial relativo a decisão proferida em segundo grau dos juizados especiais (BRASIL, 2002). Por fim, caso o recurso especial seja interposto por ofensa a tratado ou lei federal, ele será incabível se fundar-se em enunciado de súmula. Veja o que determina a Súmula nº 518 do STJ: “Para fins do art. 105, III, a, da Constitui- ção Federal, não é cabível recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula [...]” (BRASIL, 2015, documento on-line). Desse modo, é necessário demonstrar o tratado ou a lei federal que se alega ofendida, não bastando a mera citação de enunciado de súmula (BRASIL, 2019e). 15Recursos especial e extraordinário A Súmula nº 418 do STJ defendia a necessidade de ratificação de recurso especial interposto antes da publicação de acórdão de embargos de declaração pendente, sob pena de sua inadmissibilidade (BRASIL, 2010). Porém, em 2016, houve a modificação desse entendimento a partir da publicação da Súmula nº 579 pelo STJ. Tal súmula prevê: “Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior [...]” (BRASIL, 2016, documento on-line). Desse modo, houve alteração da jurisprudência do STJ para reconhecer que não é necessária a ratificação de recurso especial interposto na pendência de julgamento de embargos de declaração. Mas, como a súmula ressalva, caso os embargos de declaração alterem o resultado anterior, será necessária a ratificação e, eventualmente, a retificação dos termos do recurso especial interposto inicialmente. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial nº 1.411.512 MS. Relator: Min. Mauro Campbell Marques, 9 abr. 2019d. Disponível em: https:// stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/859549150/agravo-interno-no-agravo-em-recurso--especial-agint-no-aresp-1411512-ms-2018-0318445-0?ref=serp. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial nº 1.427.803 SP. Relator: Min. Mauro Campbell Marques, 23 abr. 2019e. Disponível em: https:// stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/713191923/agravo-interno-no-agravo-em-recurso- -especial-agint-no-aresp-1427803-sp-2019-0006758-8/relatorio-e-voto-713191953. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.797.624 SP. Relator: Min. Herman Ben- jamin, 14 maio 2019b. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/859604181/ recurso-especial-resp-1797624-sp-2019-0015411-6?ref=serp. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.812.100 PB. Relator: Min. Herman Benjamin, 11 jun. 2019c. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurispru- dencia/859631948/recurso-especial-resp-1812100-pb-2019-0094988-0/inteiro-teor- -859631958?ref=juris-tabs. Acesso em: 15 jul. 2020. Recursos especial e extraordinário16 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Extraordinário com Agravo nº 1.254.596 SP. Re- lator: Min. Dias Toffoli, 11 jun. 2020. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurispruden- cia/865369108/agreg-no-recurso-extraordinario-com-agravo-agr-are-1254596-sp-sao- -paulo-0000538-7720155020000/inteiro-teor-865369118?ref=juris-tabs. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 126. Brasília: STJ, 1995. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2010_9_cap- Sumula126.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 203. Brasília: STJ, 2002. 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Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2009_5_cap- Sumula83.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020. 17Recursos especial e extraordinário Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 86. Brasília: STJ, 1993b. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2009_6_cap- Sumula86.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020. BUENO, C. S. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. OAB. C003031: peça prático-profissional. 2019a. Disponível em: http://s.oab.org.br/arqui- vos/2019/10/eda7cd0d-4246-47ce-b349-135904003569.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020. THEODORO JUNIOR, H. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito proces- sual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. v. 3. Leituras Recomendadas DIDIER JR., F.; CUNHA, L. C. Curso de direito processual civil. 13. ed. Salvador: Ed. JusPo- divm, 2016. NEVES, D. A. A. Manual de direito processual civil. 8. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. Recursos especial e extraordinário18
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