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Redação Juridica 8

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PRÁTICA 
PROCESSUAL CIVIL 
Gabriel Bonesi Ferreira
Recursos especial 
e extraordinário
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os requisitos para interposição dos recursos especial e 
extraordinário.
  Elaborar um recurso extraordinário.
  Analisar decisões do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tri-
bunal Federal relativas aos requisitos de admissibilidade dos recursos 
especial e extraordinário.
Introdução
Os principais recursos cabíveis ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm as suas previsões na Constituição 
Federal. Alguns recursos são considerados excepcionais, ou seja, não são 
cabíveis em toda e qualquer hipótese, mas apenas naquelas especificadas 
em lei. Esses recursos objetivam principalmente a uniformização da 
jurisprudência e o controle da legalidade/constitucionalidade das normas 
e das interpretações de normas federais e constitucionais. Os recursos 
especial e extraordinário são dois desses recursos excepcionais.
Como você deve imaginar, é essencial conhecer os requisitos legais dos 
recursos especial e extraordinário para utilizá-los e manejá-los de modo 
correto. Além disso, é necessário atentar à jurisprudência das cortes superio-
res relativa às hipóteses de cabimento desses recursos excepcionais. Neste 
capítulo, você vai estudar tais requisitos e, a partir deles, vai verificar como 
elaborar um recurso extraordinário, com base em uma situação hipotética.
1 Requisitos para interposição
Os recursos extraordinário e especial têm a sua previsão na Constituição Fe-
deral, nos arts. 102, III, e 105, III. Eles podem ser interpostos ao STF e ao STJ, 
respectivamente. Ao contrário do que ocorre em relação ao recurso ordinário, 
a previsão dos recursos extraordinário e especial sequer se repete no Código 
de Processo Civil (CPC), que trata especifi camente de seus procedimentos, 
mas não de suas hipóteses de cabimento.
Ao STF e ao STJ, cabe primordialmente a análise das teses jurídicas fe-
derais em matéria constitucional e infraconstitucional, respectivamente, e 
não o exame de fatos e provas de processo, ou mesmo a avaliação da justiça 
ou injustiça do julgado recorrido (THEODORO JUNIOR, 2016). Tal função 
se materializa, em grande medida, na análise dos recursos extraordinário e 
especial, considerados excepcionais, visto que as suas hipóteses de cabimento e 
conhecimento são específicas e que eles, apesar de decidirem casos particulares, 
têm repercussões muito mais amplas. Afinal, neles se avaliam teses jurídicas, 
ou seja, matérias essencialmente de direito relacionadas à interpretação legal, 
seja de ordem constitucional ou de leis federais.
As hipóteses de cabimento do recurso extraordinário estão sempre relacio-
nadas à ofensa à Constituição. O inciso III do art. 102 da Constituição Federal 
determina que cabe ao STF:
III — julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única 
ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Cons-
tituição;
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal (BRASIL, 1988, 
documento on-line).
Os recursos excepcionais exigem o cumprimento de diversas exigências 
para serem admitidos. O recurso extraordinário exige a observância dos 
requisitos listados a seguir.
a) Julgamento da causa em última ou única instância: sobre a decisão 
recorrida, não pode ser cabível mais nenhum outro recurso. Podem ser 
objeto de recurso extraordinário até mesmo decisões do juizado especial, 
Recursos especial e extraordinário2
desde que esgotados todos os recursos cabíveis. Tal exigência marca 
o caráter excepcional do recurso extraordinário. A mesma exigência 
existe também em relação ao recurso especial.
b) Existência de controvérsia relacionada à Constituição Federal: deve 
haver sempre uma controvérsia relacionada a uma questão de direito, 
e não a questões de fato (THEODORO JUNIOR, 2016).
c) Necessidade de demonstrar a repercussão geral da matéria cons-
titucional discutida: a definição de repercussão geral é dada pelo 
§ 1º do art. 1.035 do CPC: “Para efeito de repercussão geral, será 
considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto 
de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os 
interesses subjetivos do processo [...]” (BRASIL, 2015, documento 
on-line). A existência de repercussão geral deve ser demonstrada 
pelo recorrente para a sua apreciação pelo STF (BRASIL, 2015, art. 
1.035, § 2º). Além disso, sempre haverá repercussão geral quando o 
recurso impugnar acórdão que contraria súmula ou jurisprudência do 
STF ou acórdão que reconhece a inconstitucionalidade de tratado ou 
lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal (BRASIL, 
2015, art. 1.035, § 3º, I e II).
d) Tempestividade: como ocorre com todo recurso, a admissibilidade do 
recurso extraordinário e do recurso especial depende de sua interposição 
no prazo legal de 15 dias a contar da intimação da decisão impugnada 
(BRASIL, 2015, art. 1.003, caput e § 5º).
e) Existência de prequestionamento: é necessário que a questão cons-
titucional suscitada tenha sido debatida na decisão recorrida, na 
instância originária. Desse modo, a questão constitucional não pode, 
sob pena de não conhecimento, ser suscitada apenas em sede de re-
curso extraordinário; ela deve ter sido debatida na decisão originária. 
Caso a alegada ofensa à constituição surja na prolação da decisão 
originária, será necessária a interposição de embargos de declaração, 
suscitando o prequestionamento do dispositivo constitucional invo-
cado. Os recursos especiais também exigem o prequestionamento 
da matéria de lei federal suscitada em sede de recurso especial; o 
dispositivo afrontado deve ter sido necessariamente objeto de análise 
na instância ordinária, podendo a parte se valer dos embargos de 
declaração para esse fim.
3Recursos especial e extraordinário
A exigência de repercussão geral para o conhecimento e o processamento do recurso 
extraordinário foi introduzida pela Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 
2004. O conhecimento do recurso especial não exige que se demonstre ou mesmo que 
haja repercussão geral sobre a matéria recorrida, bastando que o recorrente cumpra 
os demais requisitos de admissão.
Sobre as hipóteses de cabimento do recurso especial, a Constituição Federal 
estabelece: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...]
III — julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última 
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, 
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro 
tribunal (BRASIL, 1988, documento on-line).
A primeira diferença em relação ao recurso extraordinário é que não 
cabe recurso especial de decisões turmárias de juizado especial. Como no 
caso do recurso extraordinário, para o recurso especial, há o requisito de 
que a decisão recorrida tenha sido tomada em última ou única instância. 
Disso se conclui também que não cabe recurso especial ou extraordinário 
de decisão de relator, seja proferida no curso do processo ou na modali-
dade de decisão monocrática. Cabem apenas os recursos excepcionais de 
decisões colegiadas.
Para o conhecimento do recurso especial, a jurisprudência do STJ tem 
exigido o prequestionamento da matéria suscitada em sede recursal. Conforme 
as hipóteses previstas na Constituição Federal, o recurso especial é cabível em 
casos de ofensa à lei federal, portanto em questões de direito infraconstitucional 
(BUENO, 2016). O dispositivo constitucional dá ao STJ a competência e a 
prerrogativapara proferir e unificar a interpretação de lei federal em todo o 
território nacional.
Os recursos especial e extraordinário são considerados excepcionais em 
contraposição aos outros recursos considerados “ordinários”. Essa classifica-
ção enfatiza a sua função primária de definir a interpretação e uniformizar o 
Recursos especial e extraordinário4
direito constitucional e o direito infraconstitucional, de modo que a satisfação 
do interesse da parte é um efeito muito mais secundário (BUENO, 2016).
O recurso especial e o recurso extraordinário devem ser interpostos em 
petições distintas, uma para cada recurso. O art. 1.029 exige ainda que a petição 
de interposição contenha as exposições de fato e de direito, a demonstração do 
cabimento do recurso e as razões do pedido de reforma ou de invalidação da 
decisão recorrida. Se o recurso fundamentar-se em dissídio jurisprudencial, 
cabe ainda ao recorrente fazer prova da divergência mediante “[...] a certidão, 
cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, 
inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão di-
vergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial 
de computadores, com indicação da respectiva fonte [...]” (BRASIL, 2015, 
art. 1.029, § 1º, documento on-line). O recorrente também deve demonstrar 
ou mencionar quais são as circunstâncias que identifiquem ou se assemelhem 
aos casos demonstrados. Isto é, não basta a mera transcrição de decisão de 
caso análogo; também deve-se demostrar pelo recorrente os motivos que 
identificam a decisão paradigma à situação do caso recorrido.
Os recursos excepcionais não possuem, em regra, efeito suspensivo, con-
cedido mediante requerimento fundamentado do recorrente. O requerimento 
deve ser endereçado: ao tribunal respectivo, no período entre a publicação da 
decisão de admissão do recurso e a sua distribuição, hipótese em que o relator 
designado ficará prevento para julgar o recurso; ao relator, se o processo já hou-
ver sido distribuído; ou ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, 
entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissibilidade 
do recurso, bem como quando o recurso houver sido sobrestado (BRASIL, 
2015, art. 1.029, § 5º, I, II e II).
O recorrente pode impugnar fundamentos de ordem constitucional e de 
lei federal. Nesses casos, o recurso especial e o recurso extraordinário devem 
ser interpostos de modo simultâneo, cada qual com as suas petições próprias. 
Em regra, os autos devem ser enviados primeiro ao STJ, que julga o recurso 
especial (BRASIL, 2015, art. 1.031). Julgado o recurso, os autos devem ser 
enviados ao STF para apreciação e julgamento do recurso extraordinário. 
Porém, se o recurso especial for considerado prejudicado, o que ocorre se ele 
for conhecido e provido, acolhe-se a pretensão recursal do recorrente. Caso o 
recurso especial não seja conhecido ou seja conhecido e improvido, os autos 
seguem ao STF para julgamento.
Pode ocorrer ainda outra hipótese no caso de interposição conjunta de 
recursos: o relator do STJ pode entender que o recurso extraordinário deve 
acontecer primeiro, pois há verdadeira questão prejudicial abordada nesse 
5Recursos especial e extraordinário
recurso. Nesses casos, o relator deve remeter os autos ao STF e sobrestar o 
recurso especial até o julgamento do recurso extraordinário (BRASIL, 2015, 
art. 1.031, § 2º). Após os autos serem encaminhados ao STF, o relator dessa 
corte no processo pode rejeitar o entendimento do relator do STJ, hipótese em 
que devolverá os autos ao STJ para o julgamento do recurso especial (BRASIL, 
2015, art. 1.031, § 3º). A decisão do relator do STJ de remessar os autos ao STF 
e a decisão do relator do STF de rejeitar a prejudicialidade são irrecorríveis.
O CPC consagra a fungibilidade entre o recurso especial e o extraordinário 
em seus arts. 1.032 e 1.033. Muitas vezes, a matéria discutida pode ser analisada 
sob as ópticas constitucional e infraconstitucional. Nesses casos, se o relator 
do STJ entender que o recurso especial versa sobre matéria constitucional, ele 
deve conceder o prazo de 15 dias ao recorrente para que demonstre a reper-
cussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional (BRASIL, 2015). 
Cumprida tal exigência, deve remeter os autos ao STF, podendo este devolvê-lo 
ao STJ em juízo de admissibilidade ou julgar o recurso (BRASIL, 2015, art. 
1.032, caput, parágrafo único). De modo semelhante, se o STF considerar que 
a ofensa à Constituição apontada no recurso for reflexa e pressupor a revisão 
de lei federal ou tratado, deve remeter o recurso interposto ao STJ para que 
seja julgado como recurso especial (BRASIL, 2015, art. 1.033).
Depois de interposto o recurso especial e/ou o recurso extraordinário, o recorrido 
deve ser intimado para apresentar as suas contrarrazões no prazo de 15 dias (BRASIL, 
2015, art. 1.030, caput). A admissibilidade dos recursos será analisada pelo presidente 
ou pelo vice-presidente do tribunal de origem, independentemente da apresentação 
das contrarrazões. Se admitidos, os recursos serão remetidos ao órgão julgador. Caso 
eles não sejam admitidos, caberá agravo contra essa decisão — salvo se a decisão se 
fundamentar em entendimento firmado de repercussão geral ou em julgamento de 
recursos repetitivos (BRASIL, 2015, art. 1.042).
2 Como elaborar um recurso extraordinário
A elaboração de um recurso extraordinário passa por algumas etapas. Primei-
ramente, é necessário identifi car se existe outro recurso possível, pois o recurso 
extraordinário só é cabível em casos de causa julgada, isto é, em casos em que 
todas as vias ordinárias já se esgotaram. O recurso encontra-se estruturado em 
Recursos especial e extraordinário6
duas peças processuais: a petição de interposição, que é endereçada ao juízo 
a quo, e as razões recursais anexas a essa petição (nelas, também é necessário 
comprovar o cumprimento dos requisitos de admissibilidade).
No XII Exame de Ordem Unificado, os candidatos tiveram de elaborar 
um recurso extraordinário na prova prático-profissional da área de Direito 
Constitucional. Confira a seguir o enunciado do exercício e a sua resolução:
Após mais de 40 (quarenta) dias de intensa movimentação popular, em 
protestos que chegaram a reunir mais de um milhão de pessoas nas ruas 
de diversas cidades do Estado, e que culminaram em atos de violência, 
vandalismo e depredação de patrimônio público e particular, o Governador 
do Estado X edita o Decreto nº 1.968. 
A pretexto de disciplinar a participação da população em protestos de caráter 
público, e de garantir a finalidade pacífica dos movimentos, o Decreto dispõe 
que, além da prévia comunicação às autoridades, o aviso deve conter a identifi-
cação completa de todos os participantes do evento, sob pena de desfazimento 
da manifestação. Além disso, prevê a revista pessoal de todos, como forma de 
preservar a segurança dos participantes e do restante da população.
Na qualidade de advogado do Partido Político “Frente Brasileira Unida”, 
de oposição ao Governador, você ajuizou uma Ação Direta de Incons-
titucionalidade, perante o Tribunal de Justiça do Estado X, alegando 
a violação a normas da Constituição do Estado referentes a direitos e 
garantias individuais e coletivos (que reproduzem disposições constantes 
da Constituição da República).
O Plenário do Tribunal de Justiça local, entretanto, por maioria, julgou impro-
cedente o pedido formulado, de declaração de inconstitucionalidade dos 
dispositivos do Decreto estadual, por entender compatíveis as previsões 
constantes daquele ato com a Constituição do Estado, na interpretação que 
restou prevalecente na corte. Alguns dos Desembargadores registraram em 
seus votos, ainda, a impossibilidade de propositura de ação direta tendo por 
objeto um decreto estadual.
Entendendo que a decisão da corte estadual, apesar de não conter obs-
curidade, omissão ou contradição, foi equivocada, e que não apenas as 
disposições do Decretosão inconstitucionais como também a própria 
interpretação dada pelo Tribunal de Justiça é incompatível com o orde-
namento jurídico nacional, os dirigentes do Partido pedem que você 
proponha a medida judicial cabível a impugnar aquela decisão. Elabore 
a peça judicial adequada. (Valor: 5,0) (OAB, 2019a, documento on-line).
7Recursos especial e extraordinário
A seguir, leia uma possível resolução.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X
(A petição de interposição dos recursos especiais e extraordinários é sempre endereçada 
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal que prolatou a decisão recorrida.)
(Deixe um espaço de 5 a 10 linhas entre o endereçamento e o número do processo 
para fins de autenticação da data de apresentação. Além disso, indique o número do 
processo e o nome das partes na petição de interposição. Como as partes já foram 
qualificadas na petição inicial, no recurso você pode utilizar a expressão “já qualificado 
nos autos em epígrafe”.)
Processo nº _____
O PARTIDO POLÍTICO FRENTE BRASILEIRA UNIDA, já qualificado nos autos de ação 
direta de inconstitucionalidade de número constante dos autos em epígrafe, vem, por 
meio de seu advogado já constituído nos autos, que ao final assina, interpor RECURSO 
EXTRORDINÁRIO com fundamento no art. 102, III, “c”, da Constituição Federal de 
1988 (CF) em face do GOVERNADOR DO ESTADO X, também já qualificado, pelas 
razões que seguem.
Requer a intimação do recorrido para apresentar suas contrarrazões no prazo de 15 
dias (art. 1.030 do CPC). Requer, ainda, que o recurso seja admitido e remetido ao 
Supremo Tribunal Federal, com ou sem as contrarrazões a serem apresentadas no 
prazo legal (art. 1.034 do CPC).
O recorrente apresenta também a juntada do comprovante de recolhimento das custas 
processuais, nos moldes do art. 1.007 do CPC.
(Você deve indicar o nome da peça processual e os fundamentos legais. Deve requerer 
o recebimento do recurso e a remessa dos autos ao juízo competente.)
Nesses termos, pede deferimento.
Local e data
Nome e assinatura do advogado
Número de inscrição na OAB
(Início das razões recusais com esta indicação acompanhada da identificação das partes.)
RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PROCESSO Nº _____
RECORRENTE: PARTIDO POLÍTICO FRENTE BRASILEIRA UNIDA
RECORRIDO: GOVERNADOR DO ESTADO X
PROCESSO DE ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X
Recursos especial e extraordinário8
Supremo Tribunal Federal,
ínclitos ministro presidente do Supremo Tribunal Federal e demais ministros julgadores
I. RESUMO DO PROCESSO
O partido político Frente Brasileira Unida, ora recorrente, ajuizou ação direta de incons-
titucionalidade contra o Decreto nº. 1.968 editado pelo governador __________, 
sob o fundamento de que o referido decreto viola normas da Constituição do estado 
referentes a direitos e garantias individuais e coletivos, normas que, em resumo, re-
produzem disposições constantes da CF.
O plenário do tribunal local, entretanto, julgou improcedente o pedido, sob o fun-
damento de que as disposições do decreto citado são compatíveis com as previsões 
da Constituição do estado. Alguns registraram a impossibilidade de propositura da 
presente ação contra um decreto estadual. Em razão de tal fato, o recorrente interpõe 
o presente recurso extraordinário com o fim de reforma daquela decisão.
II. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS: DO CABIMENTO, DA TEMPESTIVIDADE, DO 
PREPARO E DO PREQUESTIONAMENTO
As previsões de cabimento do recurso extraordinário constam na CF, em especial nas 
alíneas do inciso III do art. 102.
No presente caso, a ação direta de inconstitucionalidade foi proposta contra decreto 
editado por governo estadual. Tal norma se enquadra no art. 102, III, “c”, da CF, que 
estabelece a possibilidade e o cabimento da interposição de recurso extraordinário 
nos casos em que a decisão proferida em única ou última instância julgar válida lei 
ou ato de governo local contestado em face da CF.
O ato contestado em face da CF é um decreto do governador do estado. A decisão 
que o julgou válido foi proferida em única e última instância pelo Tribunal de Justiça 
do Estado X, por isso é cabível o presente recurso extraordinário.
O recurso é tempestivo, uma vez que está sendo interposto no prazo de 15 dias 
contados da ciência da decisão (art. 1.003, § 5º, do CPC), contados em dias úteis (art. 
219 do CPC).
O recurso encontra-se devidamente preparado, uma vez que as guias e demais 
custas processuais foram recolhidas, com os comprovantes em anexo, preenchendo 
o requisito disposto no art. 1.007 do CPC.
O prequestionamento está demonstrado, tendo em vista que a decisão impugnada 
foi proferida pela decisão do plenário de tribunal de Justiça Estadual, não havendo 
outros recursos oponíveis pela via ordinária; na decisão, não há também obscuridades, 
omissões ou contradições. O recorrente entende, ainda, que a decisão impugnada fere 
a CF, devendo por isso ser reformada, conforme as razões abaixo.
Tendo em vista todos os pressupostos recursais de admissibilidade, o recurso deve 
ser processado e recebido.
III. DA REPERCUSSÃO GERAL
(Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a repercussão geral deve ser 
demonstrada pelo recorrente em tópico próprio nas razões do recurso; não se admite 
o reconhecimento da repercussão geral implícita ou presumida nas razões recursais.)
9Recursos especial e extraordinário
O conhecimento do recurso extraordinário exige, entre outros pressupostos, que 
seja demonstrada a comprovação da repercussão geral, como dispõe o art. 1.035, 
caput, § 2º, do CPC.
A repercussão geral (art. 102, § 3º, e art. 1.035, § 1º, do CPC) fica demonstrada pois a 
questão debatida é extremamente relevante do ponto de vista econômico, político, 
social e jurídico, ultrapassando os interesses subjetivos da causa, na medida em que 
trata dos direitos de manifestação garantidos pela CF. Com o presente recurso, busca-se 
a garantia constitucional da garantia do direito de reunião, da ilegalidade de ato do 
Executivo que cria norma de conduta, primeiro contrária à CF, além de não se tratar 
de ato regulatório de lei.
A repercussão geral resta demonstrada, portanto, em razão da ofensa expressiva de 
diversos direitos fundamentais de titularidade de toda a sociedade. Com o decreto, 
o recorrido criou norma que causa grande limitação ao exercício de direito previsto 
na CF, inclusive sem que haja qualquer tipo de previsão em lei, que, dada a limitação, 
também poderia ser considerada inconstitucional.
IV. DA POSSIBILIDADE DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE DECRETO 
ESTADUAL
O controle de constitucionalidade, em regra, não pode ser exercido em relação a 
decretos. Porém, no presente caso, o decreto editado pelo governo estadual não 
regulamenta lei, mas é um ato normativo primário, visto que ele próprio cria regras e 
normas de conduta que objetivam a limitação de direitos constitucionais. Desse modo, 
trata-se de um ato que inova a ordem jurídica; é um ato primário e não secundário, 
cria novas regras de conduta de modo originário.
Em razão de tal fato, a ação direta de inconstitucionalidade se mostra como a via 
adequada para a impugnação do decreto estadual, na medida em que, apesar de se 
tratar de um decreto, acabou inovando a ordem jurídica.
V. DAS RAZÕES DO RECURSO
(O título das razões recursais pode variar. Ele pode conter apenas os termos “razões 
do recurso”, ou ainda outros títulos que resumam os argumentos apresentados nas 
razões. É muito comum a existência de vários títulos quando se trata de uma ação e de 
um recurso com mais de uma causa de pedir e mais de um pedido, ou ainda quando 
se queira destacar em mais de um tópico os motivos de reforma.)
(Nas razões do recurso, é necessário atacar frontalmente a decisão recorrida, apre-
sentando os fatos e fundamentos legais necessários para o seu pedido de reforma. A 
fundamentação deve ser clara e precisa, além de estar associada à decisão impugnada, 
sob pena de não conhecimento, como estabelecea Súmula nº. 284 do Supremo 
Tribunal Federal: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua 
fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”.)
(Não se exige a transcrição dos artigos da CF, mas deve constar a sua indicação 
acompanhada dos argumentos. A mera transcrição sem a fundamentação do motivo 
pelo qual o dispositivo foi violado é um modo equivocado de construir as razões 
recursais e pode levar ao não conhecimento do recurso.)
Recursos especial e extraordinário10
O decreto em relação ao qual se busca o reconhecimento da inconstitucionalidade, 
ratificado pelo tribunal a quo, afronta diversos direitos fundamentais previstos nos 
incisos do art. 5º da CF. O decreto viola o princípio da legalidade, previsto no art. 5º, II, 
da CF, pois cria restrições a direitos por meio de ato do Poder Executivo. Os decretos 
têm a função basilar de regulamentar a lei; eles não podem criar obrigações de fazer 
ou deixar de fazer, o que somente é possível por meio de lei, como determina o 
dispositivo citado da CF. A violação do princípio da legalidade fica evidente, pois o 
decreto impõe o dever de informar os dados pessoais de identificação de todos os 
participantes do evento, além de determinar a revista de todos os participantes e de 
exigir a comunicação prévia às autoridades. Tais exigências criam obrigações, por isso 
são, desde o início, impossíveis de serem cridas por meio de decretos.
Além disso, o decreto viola o art. 5º, XVI, da CF, que prevê e assegura o direito de reu-
nião e manifestação em locais públicos independentemente de autorização, havendo a 
exclusiva condição de não frustrar a reunião de outro grupo anteriormente convocada. 
O dispositivo constitucional citado exige apenas o prévio aviso à autoridade, mas não 
a sua autorização. Quaisquer outras exigências, como a obrigação de identificação 
dos participantes ou a prévia revista, são inconstitucionais, pois limitam o exercício 
de um direito de modo contrário ao estabelecido pela CF.
O caput do art. 5º da CF trata do princípio da liberdade de expressão, além de 
outros princípios. A liberdade de expressão é um direito consolidado e estabilizado 
pela redação de cláusula pétrea constitucional. Assim, ainda que se aceite uma 
eventual restrição do direito de reunião e manifestação por meio de decreto, como 
no caso analisado, o decreto falha na aplicabilidade de outros princípios, como o 
que determina que é necessário optar pela medida menos gravosa possível para o 
atingimento de um fim.
As obrigações de identificação de todos os participantes e as suas revistas não se 
mostram razoáveis para a garantia da segurança de todos e da sociedade, além de 
ser necessário pontuar a finalidade pacífica dos protestos. As medidas impostas pelo 
decreto não respeitam, ainda, o princípio da proporcionalidade em sentido estrito, 
o que exige uma análise do custo–benefício da nova norma, devendo ser sopesado 
o benefício esperado com as medidas impostas para a sua suposta garantia. O 
desrespeito ao princípio da proporcionalidade se evidencia pelo fato de as medidas 
extremamente restritivas acabarem limitando o direito constitucional de reunião, 
mostrando-se extremamente nocivas a ele, ainda que em nome de uma suposta 
garantia da segurança.
Desse modo, tendo em vista os dispositivos violados, o que se impõe é a revisão da 
decisão proferida pelo tribunal a quo.
VI. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
  a notificação do Ministério Público para se manifestar acerca dos presentes 
requerimentos;
  ao final, a reforma da decisão recorrida, com o fim de declarar a inconstitucionali-
dade do Decreto nº. 1.968.
11Recursos especial e extraordinário
3 Decisões do STJ e do STF
Os recursos especiais e extraordinários são admissíveis de modo excepcional. 
Por isso, há diversos requisitos de admissibilidade para o processamento e 
o julgamento desses recursos. O caráter excepcional de tais recursos revela 
a importância da discussão sobre o cumprimento dos requisitos de admissi-
bilidade. Assim, além de a Constituição Federal e a lei imporem condições 
para a admissibilidade, a jurisprudência das cortes superiores relativa a esse 
tema é bastante ampla.
O caráter excepcional do recurso extraordinário e do recurso especial 
evidencia-se pela necessidade de esgotamento das vias ordinárias. Tais re-
cursos somente são admitidos se houver prévio esgotamento de todas as vias 
ordinárias na Justiça de origem. Tal entendimento está consagrado na Súmula 
nº 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na 
Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada [...]” (BRASIL, 
2019b, documento on-line). Apesar de não haver súmula análoga do STJ, ambos 
os recursos têm o mesmo caráter, ainda que versem sobre questões distintas. 
Assim, a necessidade de esgotamento das vias ordinárias é um requisito 
essencial também para a admissibilidade do recurso especial.
A admissibilidade dos recursos especial e extraordinário está condicionada à 
análise das teses jurídicas dos julgados impugnados. Se tais recursos versarem 
exclusivamente sobre matérias fático-probatórias, eles não serão admitidos. 
Assim, tais recursos não podem servir para o reexame das provas. De fato, o 
julgamento se baseará nos limites fáticos assentados pelos tribunais de origem, 
sobre os quais se baseiam as teses jurídicas. Tal entendimento está consagrado 
na Súmula nº 279 do STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso 
extraordinário [...]” (BRASIL, 1963a, documento on-line). Além disso, ele 
fica claro na Súmula nº 7 do STJ: “[...] a pretensão de simples reexame de 
prova não enseja recurso especial [...]” (BRASIL, 1990a, documento on-line).
(Ao final, é necessário requerer o conhecimento e o provimento do recurso, com o 
respectivo pedido específico do que se pretende reformar.)
Local e data
Nome e assinatura do advogado
Número de inscrição na OAB
(Local, data, nome, assinatura e número de inscrição na OAB do advogado são elemen-
tos obrigatórios ao final de cada peça processual, o que inclui a petição de interposição 
e as razões recursais.)
Recursos especial e extraordinário12
A interposição dos recursos excepcionais está diretamente ligada a matérias 
de direito. Por isso, os recursos que objetivam a reanálise de interpretação 
de cláusulas contratuais não ensejam o manejo de tais recursos. Apesar de 
esse ser um fato bastante semelhante ao que se estabelece sobre o reexame 
do conjunto fático probatório, o STF editou a Súmula nº 454, que trata desse 
tema: “[...] simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a re-
curso extraordinário [...]” (BRASIL, 1964a, documento on-line). De modo 
semelhante, o STJ editou a sua Súmula nº 5: “[...] a simples interpretação 
de cláusula contratual não enseja recurso especial [...]” (BRASIL, 1990b, 
documento on-line).
Como você sabe, o STJ foi criado pela Constituição de 1988. Antes da 
Constituição, cabia ao STF a competência de decidir sobre questões constitu-
cionais e de lei federal. Desse modo, a Constituição dividiu essa competência 
e passou a atribuir ao STJ a análise das questões relacionadas à lei federal. 
Por isso, parte significativa da jurisprudência construída pelo STF sobre o 
recurso extraordinário deve ainda continuar a ser adotada pelo STJ, até que 
este eventualmente a altere (THEODORO JUNIOR, 2016).
O prequestionamento é requisito essencial para o conhecimento dos recursos 
excepcionais. Assim, a matéria de lei federal ou constitucional deve ter sido 
apreciada pelo tribunal de origem. Trata-se do que a Constituição Federal 
chama de “causa decidida”, ou seja, de matéria que já foi efetivamente debatida 
na origem. Caso a questão não tenha sido abordada no acórdão recorrido, a 
parte deve manejar embargos de declaração para que o tribunal de origem se 
manifeste sobre a controvérsia.
Em resumo, o prequestionamento é essencial, como definido pela Súmula 
nº 356 do STF: “[...] o ponto omisso da decisão, sobre o qual nãoforam opostos 
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por 
faltar o requisito do prequestionamento [...]”. Isso também fica claro na Súmula 
nº 211 do STJ, que vai além ao estabelecer que é essencial o pronunciamento 
sobre o ponto suscitado pelo tribunal de origem. Inclusive, caso a parte tenha 
interposto embargos de declaração e o tribunal não tenha se pronunciado, ela 
deve manejar outros embargos para que a questão suscitada seja efetivamente 
apreciada. Veja o que afirma a Súmula nº 211: “Inadmissível recurso especial 
quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não 
foi apreciada pelo Tribunal a quo [...]”. Nos embargos de declaração, cabe à 
parte indicar os dispositivos que deseja que sejam prequestionados, devendo 
haver requerimento nesse sentido (BRASIL, 2019c, documento on-line).
Cabe à parte atentar à hipótese de cabimento dos recursos, pois nem sempre 
o recurso admite a aplicação do princípio da fungibilidade como regra geral. 
13Recursos especial e extraordinário
Quando determinado recurso for manifestamente incabível, for apresentado 
fora do prazo legal ou for de evidente incompetência do STF, o recurso não será 
admitido. É o que determina a Súmula nº 322 do STF: “Não terá seguimento 
pedido ou recurso dirigido ao Supremo Tribunal Federal, quando manifes-
tamente incabível, ou apresentado fora do prazo, ou quando for evidente a 
incompetência do Tribunal [...]” (BRASIL, 1963b, documento on-line).
O recurso especial e o extraordinário muitas vezes são admitidos pelo prin-
cípio da fungibilidade, mas é necessário destacar que ambos possuem objetos 
próprios e, caso haja alegação de violação à lei federal e à Constituição, ambos 
devem ser interpostos simultaneamente. Segundo a jurisprudência do STJ, 
caso uma decisão se assente em normas constitucional e infraconstitucional, 
qualquer delas suficiente para manter o julgado, a parte deve interpor recurso 
especial e recurso extraordinário, sob pena de não conhecimento do recurso 
especial. É o que estabelece a Súmula nº 126 do STJ: “[...] é inadmissível recurso 
especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional 
e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e 
a parte vencida não manifesta recurso extraordinário [...]” (BRASIL, 1995, 
documento on-line).
Ao STF também não caberá recurso extraordinário pela mera alegação de 
contrariedade ao princípio constitucional da legalidade da decisão impugnada 
se a verificação desse princípio pressupor interpretação de normas infracons-
titucionais, que devem ser impugnadas por meio de recurso especial. Veja a 
Súmula nº 636 do STF: “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao 
princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha 
rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida 
[...]” (BRASIL, 2020, documento on-line).
Uma das hipóteses de cabimento do recurso especial é sua interposição 
para sanar divergências jurisprudenciais nacionais. A jurisprudência do STF 
já definia que a divergência jurisprudencial para análise do antigo recurso 
extraordinário deveria se dar entre tribunais nacionais, e não entre julgados do 
mesmo tribunal (BRASIL, 1964b). O STJ ratificou tal tese por meio da edição 
de sua Súmula nº. 7: “[...] a divergência entre julgados do mesmo tribunal não 
enseja recurso especial [...]” (BRASIL, 1990a, documento on-line). Desse 
modo, para o conhecimento de recurso especial por divergência jurispruden-
cial, deve-se confrontar diferentes teses jurídicas e interpretações de tribunais 
distintos, e não do mesmo tribunal.
Recursos especial e extraordinário14
Ainda sobre a divergência jurisprudencial, é necessário destacar que a ju-
risprudência do STJ é formada tanto por institutos de caráter vinculativo como 
por recursos repetitivos e súmulas vinculantes; mas não só. Muitas vezes, a 
jurisprudência prevalece, independentemente de ter origem em decisões de órgão 
especial da corte ou em decisões submetidas a divergência jurisprudencial. Por 
isso, quando a jurisprudência não é vinculativa, não é incomum que tribunais 
locais deixem de aplicar a jurisprudência dominante do STJ. Isso ocorre por terem 
o entendimento diverso e porque a jurisprudência não tem o caráter vinculativo, 
ou seja, não obriga os juízes locais a aplicarem a lei de acordo com ela.
Entretanto, mesmo que haja divergências jurisprudenciais entre os tribunais 
locais, se houver uma jurisprudência dominante sobre determinado tema no 
STJ e a decisão do tribunal local estiver de acordo com ela, o recurso especial 
será inadmitido. Isso ocorrerá independentemente de a jurisprudência ser de 
caráter vinculativo (BRASIL, 2019d). Tal entendimento encontra-se materia-
lizado na Súmula nº 83 do STJ: “[...] não se conhece do recurso especial pela 
divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da 
decisão recorrida [...]” (BRASIL, 1993a, documento on-line).
Sobre o cabimento do recurso especial, a Constituição Federal estabelece 
que a sua interposição é cabível em caso de decisões proferidas em única 
ou última instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos 
estados, do Distrito Federal e dos territórios. Mas a Constituição não define 
quais são essas decisões e em sede de análise de qual tipo de recurso elas são 
proferidas. Por isso, nas hipóteses de cabimento, elas também já foram objeto 
de construção jurisprudencial; a Súmula nº 86 do STJ define que “Cabe recurso 
especial contra acórdão proferido no julgamento de agravo de instrumento [...]” 
(BRASIL, 1993b, documento on-line). A jurisprudência também já restringiu 
as hipóteses de cabimento ao interpretar que a norma constitucional não insere 
a possibilidade de interposição de recurso especial relativo a decisão proferida 
em segundo grau dos juizados especiais (BRASIL, 2002).
Por fim, caso o recurso especial seja interposto por ofensa a tratado ou lei 
federal, ele será incabível se fundar-se em enunciado de súmula. Veja o que 
determina a Súmula nº 518 do STJ: “Para fins do art. 105, III, a, da Constitui-
ção Federal, não é cabível recurso especial fundado em alegada violação de 
enunciado de súmula [...]” (BRASIL, 2015, documento on-line). Desse modo, 
é necessário demonstrar o tratado ou a lei federal que se alega ofendida, não 
bastando a mera citação de enunciado de súmula (BRASIL, 2019e).
15Recursos especial e extraordinário
A Súmula nº 418 do STJ defendia a necessidade de ratificação de recurso especial 
interposto antes da publicação de acórdão de embargos de declaração pendente, sob 
pena de sua inadmissibilidade (BRASIL, 2010). Porém, em 2016, houve a modificação 
desse entendimento a partir da publicação da Súmula nº 579 pelo STJ. Tal súmula prevê: 
“Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento 
dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior [...]” (BRASIL, 
2016, documento on-line).
Desse modo, houve alteração da jurisprudência do STJ para reconhecer que não é 
necessária a ratificação de recurso especial interposto na pendência de julgamento 
de embargos de declaração. Mas, como a súmula ressalva, caso os embargos de 
declaração alterem o resultado anterior, será necessária a ratificação e, eventualmente, 
a retificação dos termos do recurso especial interposto inicialmente.
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Recursos especial e extraordinário16
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17Recursos especial e extraordinário
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 86. Brasília: STJ, 1993b. Disponível em: 
https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2009_6_cap-
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BUENO, C. S. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
OAB. C003031: peça prático-profissional. 2019a. Disponível em: http://s.oab.org.br/arqui-
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THEODORO JUNIOR, H. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito proces-
sual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. 47. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016. v. 3.
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