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1 EDUCAÇÃO, CORPO E ARTE 2 Sumário EDUCAÇÃO, CORPO E ARTE ......................................................................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................................................. 3 1. VÁRIOS JEITOS DE DANÇAR ................................................................................................. 4 1.1-Conteúdos de dança .............................................................................................................. 4 2. ARTE A LINGUAGEM UNIVERSAL ...................................................................................... 8 3. PRINCÍPIOS GERAIS DA ARTE-EDUCAÇÃO: PARÂMETROS INTERNACIONAIS ..... 10 4. O CORPO EM MOVIMENTO.................................................................................................. 17 4.1-Tipos de movimento ............................................................................................................. 17 4.2-Movimento involuntário ........................................................................................................ 18 4.3-Movimento automático ........................................................................................................ 18 4.4-Movimento voluntário ........................................................................................................... 19 4.5-O movimento expressivo na dança ................................................................................... 20 4.6-A música e a dança .............................................................................................................. 21 4.7-Corpo ...................................................................................................................................... 22 5. O MOVIMENTO E O ESPAÇO ............................................................................................... 23 5.1-O espaço na dança .............................................................................................................. 23 5.2-Formação e posição inicial ................................................................................................. 24 5.3-Dança solo ............................................................................................................................. 25 5.4-Salto e queda ........................................................................................................................ 26 5.5-Rotação .................................................................................................................................. 28 5.6-Valsa ....................................................................................................................................... 28 6. O TEATRO ................................................................................................................................ 29 6.1-Caracterização do personagem ......................................................................................... 30 6.2-Maquiagem ............................................................................................................................ 31 6.3-Figurino e adereços ............................................................................................................. 31 6.4-Expressão verbal .................................................................................................................. 32 7. REFERÊNCIAS: ........................................................................................................................ 33 file:///C:/Users/User/Documents/APOSTILA-%20EDUCAÇÃO,%20CORPO%20E%20ARTE.docx%23_Toc63404026 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conheci- mento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvi- mento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 1. VÁRIOS JEITOS DE DANÇAR Figura: 1 1.1-Conteúdos de dança Dança- movimento expressivo Grupo de conteúdos: • Gêneros. Religioso – dança ligada a qualquer religião. Profano- danças sem ligação com religião. •História da dança. •Elementos formadores. •Técnicas. •Composição em dança. Dança pura – apenas a composição do movimento é importante. Dança descritiva – dança que descreve uma imagem ou poesia, conta uma história etc. Vamos analisar esses grupos de conteúdos: 5 Gêneros. ►Dança étnica – dança de raiz, feita há séculos da mesma forma, normalmente com um sentido ritual. Ligada aos deuses e á religiosidade de povos primitivos. Algumas vezes também são executadas por divertimento. Frequentemente são dirigidas por um mentor espiritual do grupo, como um pajé ou xamã. Exemplo: dança dos índios, de povos africanos e povos primitivos. ► Dança folclórica- executada pelas comunidades rurais, litorâneas ou interioranas. São criadas e dançadas pelo povo, normalmente em festas importantes para essas comu- nidades. Originalmente não têm um criador e todos podem aprender e dançar juntos. Exemplo: cirandas, fandango, tarantela, chula, quadrilha etc. ► Dança de salão – também conhecida como dança social. É uma dança para ser executada, normalmente, por casais, em lugares fechados (salões). Possui passos especí- ficos. Exemplos: valsa, rumba, salsa, merengue, tango etc. ► Danças criadas pela indústria cultural – são danças que têm o apoio da mídia e são características dos centros urbanos. Muitas vezes, são passageiras e consideradas de massa, isto é, de consumo alienado da população. Outras vezes se consolidam e passam a fazer parte da cultura do povo. Exemplo: algumas coreografias de grupos de axé e pagode, street danc, rap etc. ► Dança de espetáculo – dança que apresenta uma clara e rígida distinção entre o público e os dançarinos. Normalmente, profissionais treinam para apresentar para um pú- blico. Exemplo: balé, ópera chinesa, jazz etc. História da dança São vários os períodos e movimentos da história da dança que podem ser trabalha- dos: dança primitiva, dança egípcia, dança medieval, balé clássico, balé moderno etc. 6 Exemplo: balé, saltarelo (dança medieval), minueto (dança barroca), istanpitta (dança re- nascentista) etc. Elementos formadores. ► Corpo - o corpo que se movimenta para realizar o movimento expressivo. Não existe dança sem um corpo em movimento. Exemplo: •Simetria/assimetria do corpo; •Pontos e superfícies do corpo; •Estabilidade/instabilidade; •Flexibilidade; •Ponto de apoio; •Descanso; •Oscilação/equilíbrio. ► Espaço – o corpo em movimento utiliza de forma expressiva e o espaço influencia no movimento. Exemplo: •Espaços alto, médio e baixo; •Utilização parcial e/ou total do espaço; •Direção/sentido; •Alinhamento; •Deslocamento; •Lateralidade;•Movimentos paralelo e oposto; •Linha reta e curva; •Salto e queda; •Rotação; •Formação. ► Tempo – todo movimento expressivo tem um ritmo e se dá de acordo com orga- nizações temporais. 7 Exemplo: •Movimento contínuo e/ou interrompido; •Andamentos- acelerando/retardando; •Simultaneidade; •Sequência; •Estímulo sonoro. Técnicas ► Improvisação – pode-se dançar de improviso, isto é, criando espontaneamente os movimentos no momento da execução. Exemplo: •Improviso livre; •Improvisação dirigida – com ou sem materiais. ► Coreografia – uma coreografia é uma sequência de movimentos de uma dança, organizada previamente á sua execução. Também se chama de coreografia a escrita dos movimentos de uma dança. Muitas danças possuem coreografias que devem ser seguidas: balé, tango, fandangos, danças indígenas etc. Exemplo: •Coreografia verbal; •Coreografia grafada ou escrita. Formas de composição em dança Dependendo da época, do gênero, da organização dos elementos formais etc. tere- mos diferentes formas de dança, que recebem nomes específicos. Exemplo: rock, salsa, balé, jazz, street dance, capoeira etc. 8 2. ARTE A LINGUAGEM UNIVERSAL Figura: 2 O homem através de seu trabalho constrói utensílios e ferramentas através de diver- sas técnicas para facilitar a sua sobrevivência e ao mesmo tempo ele expressa seu pensa- mento, com desenhos, esculturas, danças e ritmos musicais como forma de se comunicar. As linguagens artísticas estão enraizadas em todas as culturas em cada canto do mundo. As manifestações musicais, danças, representações e construções têm os mesmos con- ceitos de arte em qualquer povo que a manifeste. Ao pensarmos nas manifestações artísticas de povos diferentes, entendemos que cada um tem seu jeito, sua maneira de desenvolvê-las e pensá-las. A arte se apresenta com funções distintas e conceitos próprios na vida dos povos a qual pertence. É através das produções artísticas de uma época e de uma cultura que entendemos o pensamento científico, filosófico, religioso e estético, seus valores e crenças. E ao co- nhecê-las compreenderemos as transformações ocorridas ao longo da história, até os nos- sos dias, e que essas produções são resultado do tempo histórico do qual estão inseridas. 9 Portanto ao analisá-las teremos suporte para compreender e respeitar as produções con- temporâneas. A arte constitui na necessidade do homem em se comunicar, expressar através da música, danças, representações, rituais. Para Bello (2003, p.2) “a arte é uma forma de produção e reprodução cultural que só pode ser compreendida dentro do contexto e dos interesses de suas culturas de origem e apreciação”. De modo que as produções artísticas estão relacionadas a uma época, país ou região e onde cada uma tem sua estrutura social, econômica, religiosa e política. A arte é o reflexo de uma sociedade, por isso precisamos estar atentos às manifestações artísticas atuais para entender, refletir e analisar critica- mente o nosso cotidiano, sempre buscando no passado o sentido da evolução humana. Muitos artistas buscam inspirações em obras já existentes e a partir delas fazem novas interpretações. A unidade do eterno e do novo, aparentemente impossível, realizar-se pelos e para os humanos. Chama-se de Arte (Chauí, 2003 p. 21). Figura: 3 É através da arte como expressão que o artista exprime e revela a essência do mundo e nos leva a descobrir o sentido da cultura e da história. A Arte como trabalho de 10 expressão está relacionada com a ciência, técnica e tecnologia de cada época. De acordo com a Chauí (2003, p. 150) “o artista é um ser social que busca exprimir seu modo de estar no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade, volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”. O artista deixa o seu testemunho do mundo, produzindo a sua arte. Nas DCes (2007, p.29) consta que: “ toda linguagem artística possui uma organização de signos que propicia comunicação e a interação”. Por isso a arte sempre esteve baseada na representação do mundo que o cerca, seus deuses e a si pró- prio. É nas manifestações artísticas que o homem pensa, sente, cria e transforma a sua realidade. A função da arte hoje é de analisar, criticar e refletir a realidade humana social- mente. Analisando as mais variadas manifestações artísticas que o homem desenvolveu através da história, entendemos o mundo que fazemos parte. A arte não é um conceito fechado. A Arte tem um significado infinito. 3. PRINCÍPIOS GERAIS DA ARTE-EDUCAÇÃO: PARÂMETROS IN- TERNACIONAIS Figura: 4 A busca dos princípios norteadores da Arte-educação vem sendo uma das principais preocupações dos pesquisadores dessa área, com o também daqueles que se envolvem 11 nas questões relacionadas ao ensino-aprendizagem, no interior do sistema escolar formal. Existem diferentes perspectivas e fundamentos de ordem epistemológica sobre Arte-edu- cação, principalmente em relação à criação artística, à teoria da arte e ensino artístico, que compõem a espinha dorsal desse movimento. Os aspectos que norteiam a Arte-educação têm sido objetos de estudo por parte de vários teóricos, que apresentam tipologias diferen- ciadas, autores como: Barrett (1979), Gombrich (1998), Gloton (1973), Fontanel-Brassarte e Rouquet (1975), Eisner (1972), Duarte Jr (1983), Hernández (1997), Read (1954), Dewey (1958). Figura: 5 Esses autores, apesar de adotarem diferentes enquadramentos, concordam num ponto: a Arte educação é uma questão complexa e, como tal, não se fundamenta exclusi- vamente numa ou noutra ordem de pressupostos. Por essa razão, os quadros referenciais não se delineiam como possuidores de um caráter exclusivo. Os pontos de vista, desses autores, às vezes são contraditórios, apresentam rupturas ou inversões. Mas possuem re- lações de complementaridade e, por vezes, assumem um caráter de reinterpretação ou 12 renovação. No geral, os princípios que permeiam o movimento de Arte-educação corres- pondem à sequência abaixo relacionada. O primeiro princípio do movimento de Arte-educação refere-se aos trabalhos de ex- pressão artística da criança. Os quais, segundo os arte-educadores, seriam construídos a partir da leitura que a criança faria de si mesma e do mundo, por meio de linguagem sim- bólica para expressar a própria realidade. Essa por sua vez, seria construída a partir da seleção de suas experiências em relação ao meio circundante e a si mesma. Para que esse processo ocorra, os arte-educadores afirmam que se deveria oportunizar o contato e a percepção da criança de arte, para que ela construísse uma leitura de mundo consistente, além de auxiliar na constituição dos símbolos e da representação estética. Um dos autores que defendem a auto expressão é Gombrich. Segundo ele: estes autores aparecerão no decorrer do capítulo, conforme a especificidade de arte-educação a que pertencem. Há uma confusão quanto ao que é chamado de auto expressão na criança, que é algo muito bom, muito proveitoso e admirável, mas que é muito dificilmente aplicável à arte! Quero dizer: a partir do momento em que as pessoas pensam que tudo o que fizeram será arte, porque quando estavam na escola tudo o que faziam era considerável adorável por seus professores, aí então não se tem mais uma teoria da arte. Não há ten- dência, não há objetivos, e não havendo objetivo não há como saber contra o que se opor. (GOMBRICH, 1988, p. 146). 13 Figura: 6 A ação de ensinar e aprender arte compõe o segundo princípio que define o movi- mento de Arte-educação. Está fundamentada em três eixos norteadores: 1) O fazer artístico; 2) O conhecimento histórico e 3) A apreciaçãoestética. Nessa perspectiva, o produzir, o apreciar e o refletir sobre arte, é indissociável. Desta forma, o ato de relacionar arte com as raízes culturais faria com que os alunos per- cebam a expressão artística como expressão de sua realidade. Acerca desses eixos orientadores, Gloton (1973), salienta as possibilidades do fazer artístico, do conhecimento histórico e da apreciação estética do seguinte modo: possibilitar a expressão livre sob as suas formas, uma vez que constitui um meio de permitir um pro- gresso contínuo no desabrochar das possibilidades criativas e receptivas da criança. [...]. Fornece múltiplos meios de expressão para enriquecer um vocabulário que irá transformar- se, de acordo com a tomada de consciência do espaço em relação a si mesmo e em relação aos outros. [...] Permitir ao jovem, através das suas próprias experiências, adquiridas num 14 movimento de relações permanentes, desenvolverem o seu poder de apreciação, a sua reflexão, melhorar a memória do seu vivido para além da visão, incorporando-lhe os senti- mentos, o prazer ou o desgosto (GLOTON, 1973, p. 143). Figura: 7 O terceiro princípio que norteia o movimento de Arte-educação refere-se à cognição da criança, a qual, ao trabalhar com arte, aperfeiçoaria e desenvolveria a sua expressão artística, a sua forma de olhar e entender o mundo. Para que isso ocorra, ela criaria, pro- duziria, construiria, reconstruiria e faria sua própria história. Ao apreciar e tomar conheci- mento das diferentes expressões de artistas em seus diversos contextos históricos, a cri- ança adquiriria parâmetros suficientes para estabelecer relações construtivas que lhe auxi- liariam em seu desenvolvimento cognitivo. Os objetivos a serem atingidos através Arte-educação, são definidos por Barrett (1979, p. 25) a partir de alguns resultados decorrentes do princípio do aperfeiçoamento cognitivo: 15 ● Desenvolver a capacidade de perceber o mundo em termos visuais, tácteis e espaciais. ● Desenvolver a sensibilidade ás mudanças perceptivas. ●Reconhecer a arte como uma forma de pensamento capaz de manter ideias criativas e servir de enquadramento aos juízos. O quarto princípio que define o movimento de Arte-educação, diz respeito ao conhe- cimento de teorias, técnicas, materiais, recursos e instrumentos. Esse princípio permitiria à criança o exercício da criatividade, da leitura e da compreensão de significados. Desta forma, quando da realização de atividades em Arte-educação, dever-se-ia considerar, a necessidade da convivência com as obras de arte de forma ampla. Por meio desse contato, seria desenvolvida a sensibilidade, sem querer impor o gosto e padrões subjetivos marca- dos historicamente pela época e pelo lugar em que se vive, bem como, pela classe social a que pertence. Para Fontanel- Brassart; Rouquet (1975) o conhecimento na Arte-educação deveria ser global: A educação artística [...], parte integrante da globalidade, deixando de conter a sua finalidade unicamente em si mesma, ou ainda em subjetivos estritamente limitados à aquisição de uma cultura tradicional, deve alargar as suas ações, reforçar os seus papéis, confirmar suas utilidades para se tornar um instrumento pedagógico constante ao serviço de uma ação educativa alargada, concebida e conduzida no respeito pelo indivíduo e em relação com as suas necessidades e com as do grupo e, também, em relação com as exigências do meio, da sociedade e do futuro. (FONTANEL-BRASSARTE; ROUQUET, 1975, p. 5). O quinto princípio que norteia o movimento de Arte-educação refere-se a sua apro- ximação com a cultura popular. O arte educador serviria de mediador entre o objeto bruto e a representação, entre o que seria observado em relação à cultura com sentidos e o pensamento. Assim, a Arte-educação faria o educando pensar culturalmente e tornaria o mundo repleto de significados, alargando a sua abrangência. Apreciar e sentir, depois analisar e contextualizar forneceria o conhecimento tanto da linguagem de cada arte como da cultura que gerou a obra e seus estilos. 16 É fundamental para a Arte-educação, desenvolver a expressividade, valorizando os sentimentos e as emoções, que contribuirão para o aperfeiçoamento e desenvolvimento dos indivíduos. Dessa forma, partir das propostas apresentadas por Fontanel- Brassart; Rouquet (1975), com vistas à inserção da Arte-educação em um a ação educativa e global, se estabelecem as metas a serem perseguidas para que ela efetivamente se realize. Com a utilização desses meios de expressão espera-se: [...] pôr em evidência os meios próprios para despertar e desenvolver os instintos criativos; conectá-los com as necessidades fun- damentais de uma educação global e harmoniosa do indivíduo; transformá-lo em instru- mento de aproximação e investigação susceptíveis de favorecer a revelação das aptidões, a sua aquisição e o seu aperfeiçoamento [...] (Fontanel- Brassart; Rouquet, 1975, p. 7). Figura: 8 Desta forma, o conhecimento e contextualização da história da produção das artes, tornaria possível a arte-educador desenvolver sensibilidades para a leitura e decodificação dos signos artísticos, desmistificando a cristalização da arte como ‘dom’. Assim, a Arte-educação, permeada de conceitos básicos e fundamentos específicos, teria a finalidade de instigar no indivíduo à percepção do mundo cultural, artístico, das ima- gens, dos sons que permeiam o seu cotidiano. Esses são os princípios gerais elaborados pelo movimento de Arte-educação. Toda- via, para compreender-se a relação desse movimento com a educação escolar, torna-se necessário analisar as tendências pedagógicas que o influenciaram. 17 4. O CORPO EM MOVIMENTO 4.1-Tipos de movimento O movimento faz parte da vida. Onde há vida, há movimento: respiração, órgãos, batimento cardíaco etc. Nos movimentos constantemente, desde o útero materno. O Uni- verso está em eterno movimento, o movimento faz parte das nossas vidas. Mas, que tipo de movimentos foi realizado? Por quê? Quando? No dia a dia nos movimentamos por muitos motivos. Além disso, nosso corpo possui movimentos internos que, mesmo depois da morte, continuam acontecendo por um deter- minado tempo. A criança movimenta-se o tempo inteiro! Todas as suas emoções, aspira- ções e desejos são traduzidos por seus movimentos. Figura: 9 Provavelmente, é na arte e nos esportes que o movimento corporal encontra seus maiores expoentes. Mas será que o tipo de movimento nessas duas áreas é o mesmo? Obviamente, é o mesmo corpo que realiza os vários tipos de movimento, mas existem al- gumas diferenças entre a concepção do movimento nas duas áreas. Nos esportes, o corpo 18 é trabalhado para superar limites. Os esportistas treinam para usar 100% da sua capaci- dade, aperfeiçoá-la e vencer. Na arte também existe o treino e a superação de limites, mas o objetivo final é a expressão. Nem todos os movimentos que fazemos são iguais ou são executados da mesma forma pelo nosso corpo, mas esse assunto é bastante complexo, envolve termos da anato- mia e da Fisiologia, por esse motivo apresentaremos algumas questões sobre o movimento de forma simplificada, com o intuito de que você perceba qual é, realmente, o movimento expressivo a que tanto nos referimos. 4.2-Movimento involuntário Os movimentos involuntários também chamados comumente de reflexos e são os que acontecem praticamente de forma inconsciente e que não podemos controlar. Quando levamos um susto por exemplo, não pensamos em dar um pulo ou gritar. Fazemos um movimento reflexo, sem pensar ou querer, para nos protegermos. É um instinto de sobre- vivência. O soluço, o tremor de frio, movimentos causados por doenças, o espirro etc., são involuntários, fazemos sem querer e muitasvezes reflexos. 4.3-Movimento automático Os movimentos automáticos também são feitos praticamente sem pensar. Andar, respirar, espirar e até dirigir podem ser executados de forma automática. Podemos consi- derar como automáticos os movimentos já assimilados pelo corpo. Basta o cérebro enviar a mensagem de andar, por exemplo, que andamos. Muitos dos movimentos que fazemos no dia a dia são feitos de forma automática. 19 Figura: 10 4.4-Movimento voluntário Um movimento intencional ou voluntário é aquele feito porque se deseja, se tem vontade. Normalmente quando andamos temos vontade de andar, por isso o andar é um movimento voluntário, mas executado de forma automática. Sentar, por exemplo, também é um movimento voluntário que normalmente fazemos de modo automático. Os movimen- tos reflexos não são involuntários, fazemos sem querer. É a dança? Não existe movimento expressivo involuntário: o ser humano dança porque quer, porque tem necessidade de se expressar com seu corpo. 20 4.5-O movimento expressivo na dança Figura: 11 A dança pressupõe movimento, movimento corporal. Mas qualquer movimento pode ser considerado dança? Existem movimentos que são expressivos e espontâneos, isto é, são feitos para ex- pressar algo, mas não são, necessariamente, dança ou o movimento expressivo que con- sideramos objeto de estudo na dança. Quando conversamos animadamente com alguém, por exemplo, nos movimentos expressivamente para ressaltar a nossa fala. Quando nos despedimos, abanamos as mãos com ênfase e expressividade. Esses movimentos, como vimos anteriormente, são utilitários, mas carregados de expressividade. Esse tipo de movi- mento é o que chamamos de movimento expressivo ou estético. Os movimentos da dança são feitos a partir de movimentos intencionais, voluntários e expressivos. Mesmo que alguns movimentos de algumas danças sejam atos corriqueiros e utilitários, são feitos de forma e com intenções diferentes do habitual. O correr, por exem- plo, se torna dança quando é feito com uma intenção que vai além da simples locomoção rápida, com uma intenção estética. Corremos de forma utilitária no nosso dia a dia: para perder peso, para pegar ônibus, para bater o cartão ponto etc. Na dança, a corrida pode ser para representar a pressa, o medo, o desespero, a ansiedade. Normalmente, na dança, os movimentos são acompa- nhados de estímulo sonoro, de música. 21 4.6-A música e a dança Figura: 12 Todo estímulo sonoro gera uma resposta emocional no ouvinte; mas, além desta resposta emocional, pode gerar também uma resposta corporal, o movimento. Para quase todas as pessoas, é praticamente impossível ouvir uma música e ficar absolutamente imóvel. Mesmo quando não dançamos, temos o ímpeto de bater os pés, movimentar as pernas, balançar a cabeça, estralar os dedos, enfim, realizar algum movi- mento que seja uma resposta ao som que estamos ouvindo. Obviamente cada tipo de mú- sica irá suscitar um tipo de movimento espontâneo em cada ouvinte, dependendo da sua história, do local onde vive, da relação que estabelece com seu corpo, da sua formação, sua época etc. Na dança, a música também funciona como elemento de união e integração entre os dançarinos que, ao trabalharem em grupo, precisam estar sincronizados. O estímulo sonoro normalmente determina o ritmo e a mudança nas sequências de movimentos de uma dança. Um exemplo bastante simples dessa relação entre o estímulo sonoro e o mo- vimento acontece em várias danças folclóricas. Na música “Ciranda, cirandinha” os mo- mentos da música determinam os movimentos dos dançarinos. Neste caso, a letra indica as ações, mas em muitas formas de dança é a melodia, o som de algum instrumento ou voz etc., que determina ou se encaixa na coreografia. 22 4.7-Corpo É um corpo em movimento que nos interessa na dança. O corpo sendo sado como meio de expressão, contato, visão de mundo. A criança, desde o útero materno, está em movimento, e depois de nascer vai de- senvolvendo e ampliando sua capacidade de movimentar-se de forma expressiva. Por vá- rias questões, a relação da criança com seu corpo e com o corpo do outro sofre muitas influencias e restrições do seu meio. A partir de determinada idade já não se pode mais abraçar ou beijar alguém do mesmo sexo e, muito mesmos, do sexo oposto. As meninas devem sentar-se de determi- nada forma e os meninos devem ser ótimos no futebol. Depois de tantas influencias e res- trições, é muito normal que alunos, a partir da segunda ou terceira série, não queiram fazer exercícios e muito menos executar danças na escola. É essa a realidade. Por um lado, sofremos restrições e por outro querem nos libertar. Portanto, nossa relação com nosso corpo e com o corpo do outro é extremamente complexa, e as atividades de dança devem ser direcionadas para que essa relação seja saudável, livre de preconceitos e medos, mas acima de tudo, que respeite a história e o “ser corporal” de cada um. Não podemos forçar e exigir que as crianças façam nenhuma atividade, mas também não podemos deixar que alguns alunos passem o ano inteiro sem produzir nada nessa linguagem. O professor precisa ter domínio do conteúdo e sensibilidade para buscar estra- tégias e convencer os alunos mais tímidos a participar, sem força-los ou intimidá-los. É o corpo que se movimenta num determinado espaço e no tempo para dançar. Mas é importante ressaltar que nem sempre visualizamos todas as partes do corpo em movi- mento em algumas danças. Dependendo da dança um a parte ou outra do corpo poderá estar mostrando maior movimentação, enquanto outras aparentam repouso. Mesmo para ficar em pé, parado, o nosso corpo, internamente, está em movimento para manter-se em equilíbrio. 23 Figura: 13 Em relação ao corpo como executante do movimento expressivo, temos muitos pon- tos a levantar. Vimos que o corpo é um dos elementos formadores do movimento expres- sivo, portanto, não haverá dança sem um corpo em movimento. O corpo é usado de dife- rentes formas, em diferentes tipos de dança. No tango, por exemplo, destaca-se um corpo executando movimentos fortes e sensuais. Em uma ciranda é o movimento do corpo em integração com outros. Na valsa, dois corpos entrelaçados mostram elegância ao girar pelo salão. Em algumas danças rituais, o corpo se sacode freneticamente para tingir o transe. Dependendo da forma como se utiliza o corpo, a dança apresentará características diferen- tes. 5. O MOVIMENTO E O ESPAÇO 5.1-O espaço na dança O corpo se movimenta em determinado espaço. Esse espaço pode ser grande, pe- queno, circular, retangular, de madeira, cimento etc. Pode ser a rua, o palco de um teatro, 24 uma sala de aula. O que realmente nos interessa neste estudo do espaço na dança é jus- tamente perceber como se desenvolvem os movimentos em determinado espaço e como esse espaço influencia e é usado como elemento expressivo pelos dançarinos. A utilização do espaço na dança é muito relativa. Muitas vezes, em bares ou boates, mal se tem espaço para se movimentar; no entanto, todos dançam e se divertem, ade- quando seus movimentos ao espaço. Já na dança artística, nas danças de salão e mesmo em algumas danças folclóricas, o espaço deve ser adequado ao movimento dos dançarinos e é pensado e estudado anteriormente pelos coreógrafos e pelos próprios dançarinos. Alguns pontos importantes no trabalho com o espaço são: •Espaço alto, médio, e baixo; •direção/lateralidade; •deslocamento; •caminho reto, curvo e angular; salto e queda; rotação; formação. 5.2-Formação e posição inicial Figura: 14 25 Já vimos que existem muitas formas de dança. Algumas delas são improvisadas, ainda há aquelas que são coreografadase outras possuem essas duas técnicas juntas. Existem danças executadas por pares, algumas agitadas, outras sensuais, algumas exe- cutadas por uma pessoa sozinha, outras em roda, algumas em fila, outras por um grande grupo. Mas qualquer dança possui uma formação ou posição inicial, isto é, os executantes começam a dançar a partir de uma posição. Roda, rodas concêntricas, pares unidos, pares soltos, fila única, duas filas, dançarinos espalhados aleatoriamente no espaço, são exem- plos de formação de danças. Essa formação não é ocasionalmente, ela será coerente com a dança a ser execu- tada, sendo que os dançarinos podem, ou não, voltar a essa mesma posição no meio da execução ou no seu final. É importante ressaltar que a formação em muitas formas de dança não é a mesma durante toda sua execução. Estamos nos referindo á formação inicial, que muitas vezes também é a formação preponderante de dança, mas não necessariamente a única durante toda a execução. 5.3-Dança solo Em vários tipos de dança existem momentos na coreografia ou até em uma improvi- sação nos quais uma pessoa dança sozinha e outros em que todos, ou os pares, dançam juntos. Quando um dançarino executa sozinho diz-se que ele está fazendo um solo. Nas danças de salão, por exemplo, é raro que os executantes façam solos. Esses momentos são mais comuns nas danças teatrais ou de espetáculos. Nos balés, sempre existem momentos em que a bailarina ou bailarino principal fazem seus solos e dançam sozinhos para mostrar sua técnica, mas na maior parte do tempo, o balé é dançado por pequenos grupos de bailarinos, por duplas, trios ou por todos juntos. Como o balé é uma história representada por meio da dança, os momentos em que os bailarinos e bailarinas dançam sozinhos ou em grupos depende da história que estão representando. É importante que a criança vivencie a experiência de dançar sozinha para o grupo, mas a escolha do solista na turma não deve ser uma imposição da professora, sorteio ou 26 por ordem em uma fila. Deve dançar sozinha aquela criança que expressar o desejo de se expor para o grupo, pois essa não é uma atitude tão simples. Quando dançamos estamos nos mostrando para os outros, mesmo que não tenha- mos essa intenção. É inerente ao movimento mostrar um pouco das emoções dos seus executantes. É por essa razão que existem tantas formas de terapia que se utilizam do movimento e da dança. Mas, na escola, não podemos confundir o trabalho pedagógico com o terapêutico. Nós, professores, não temos formação em Psicologia ou Psiquiatria, por isso, não podemos usar a dança como forma de catarse, expressão exagerada de raiva ou dor, quebra de tabus etc. Nosso papel é trabalhar para que a criança conheça e desenvolva atividades por meio do movimento expressivo e perceba como o homem se expressa e se organiza por meio da dança, em diversas épocas e lugares. As crianças que, durante esse processo, se apresentarem por determinado tempo muito agressivas ou tímidas, por exemplo, devem ser encaminhadas para um profissional competente na escola ou no município. Voltando á execução do solo, podemos apreciar diversas imagens de pessoas dan- çando sozinhas e a partir delas propor que algumas crianças, que queiram, façam o movi- mento ou movimentos mostrados nas imagens, que podem ser recortadas de revistas ve- lhas. Muitas danças folclóricas infantis em roda possuem momentos em suas músicas e coreografias em que uma criança vai sozinha para o meio da roda. Essas danças podem e devem ser bastante exploradas nas aulas. Com qualquer música, pode-se trabalhar com as crianças em roda, girando e dançando. Cada vez que o estribilho, algum instrumento ou alguma frase da música for tocada, uma criança deve dan- çar sozinha no meio da roda, sendo que quando o tema acabar esta pessoa volta para a roda e dançam todos juntos. 5.4-Salto e queda Na dança, o salto é qualquer movimento que separe o corpo do dançarino do solo ou de qualquer superfície em que esteja apoiado. A queda, obviamente, é à volta á super- fície em que o dançarino estava apoiado. 27 No nosso cotidiano, a queda nem sempre é consequência de um salto. O ser hu- mano cai por perda de equilíbrio; tropeça, fica tonto ou embriagado ou erra a medida de um passo. Talvez seja exatamente por essa razão que a queda na dança, principalmente as que são feitas de forma elegante e harmoniosa, nos chame tanta atenção. Em algumas formas de dança representativa a queda pode funcionar como elemento expressivo muito mais cênico do que em relação ao movimento em si, porém, normalmente nas danças as quedas são a consequência dos saltos. Saltar exige grande preparo físico e é um movimento que possui uma relação muito forte de dependência com o movimento que o prepara – posição de partida – e com o movimento que o sucede – passo de queda. Durante o salto, no seu clímax, movimentos também podem ser realizados. Para saltar na dança é necessário que o dançarino se prepare, deixando todo o seu corpo pronto para se elevar do chão e vencer a força da gravidade. Esse é o momento do impulso, no qual o dançarino vai direcionar sua energia e seu corpo para se elevar do chão. Além disso, obviamente, depois de todo salto existe uma queda que é prevista anterior- mente. Um salto pode, em determinada dança, expressar leveza, tristeza, domínio corporal, insatisfação, fuga etc. Para isso, a música que acompanha um salto e uma queda na dança também deve ser sugestiva e coerente com esses movimentos. Dependendo da intenção do salto na dança ele poderá ser dado em diferentes direções, ocupar diferentes espaços e ter diferentes alturas. Com as crianças, além de apreciar diferentes tipos de imagens que mostrem saltos, converse sobre as formas de dança que utilizem os saltos e quedas como elementos ex- pressivos. É importante desenvolver diferentes atividades com saltos. • Saltar como diferentes animais. • Saltar objetos colocados no solo. • Saltar de cima de cadeirinhas ou tijolos. • Saltar com um pé só. • Saltar e cair deitado. • Saltar e cair sentado. 28 • Saltar rápido. • Saltar jogando objetos ou bexigas. • Saltar em duplas, de mãos dadas. • Saltar devagar etc... Esses exemplos de brincadeiras com saltos, aliados a músicas sugestivas podem levar até a uma criação de uma coreografia buscada principalmente em saltos de diferentes tipos. 5.5-Rotação Girar é um passo que aparece na maioria das danças, ele pode ser executado pelo corpo inteiro do dançarino ou por uma parte do corpo. Pode ser executado individualmente, por um par ou um grupo de pessoas, como nas rodas. Pode ser de 360 graus (volta inteira), 180 graus (meia volta) e assim por diante. Portanto, a rotação como elemento da dança pode ser analisada de acordo com muitos pontos de vista. 5.6-Valsa A valsa é uma dança que, por volta de 1780, tornou-se extremamente popular na Europa e até nosso dia faz parte de bailes e comemorações espalhadas pelo mundo. Todas as descrições dessa dança ressaltam os giros constantes e rodopios vertiginosos. A valsa foi uma das primeiras danças de salão e da corte mais livres, em tantos passos rígidos e posturas preestabelecidas. Os rodopios e giros eram tão intensos que a valsa, no seu início, chegou a ser proibida por questões médicas: os casais giravam tão alucinados pelos salões que chegavam a desmaiar de tontura. Outro fato que causou polêmica na época diz res- peito, justamente, á formação da valsa: casais enlaçados. Até então não era permitido que o homem enlaçasse seu par em um abraço tão apertado. 29 6. O TEATRO Figura: 15 A palavra teatro significa tanto a ação teatral como o espaço onde ela se realiza. Esse termo também pode ser aplicado a produções dramáticas e musicais: ópera,dança, circo, carnaval, mímica, teatro de bonecos ou t´teres e muitas outras formas de represen- tação apresentadas ao vivo. Todos nós, em algum momento da vida, já vimos uma encenação teatral: uma peça infantil durante a infância, uma representação na rua, apresentações escolares de fim de ano, cenas teatrais em circo etc. Todas essas formas de encenação são regidas, em geral, por um conjunto de regras que variam de acordo com a época, o local e o estilo de obra a ser apresentada. Uma das questões fundamentais relacionadas ao teatro é a relação entre ator e pla- teia. A maior característica do teatro é a comunicação direta entre o ator e o público. É uma comunicação que interfere e direciona o trabalho do ator, que interpreta, muitas vezes, de acordo com a resposta da plateia. Alguns autores analisam as funções do ator e do espectador no desenrolar da cena: no palco, o ator, preparado para desencadear um processo sobre o qual possui um certo domínio, mas cujo resultado só será conhecido diante do público, a cada dia; na plateia, o 30 espectador, cuja presença, renovada a cada apresentação, constitui fonte de energia para o trabalho do ator, pois nada sabendo sobre o que está para acontecer, interage de maneira a suscitar novas possibilidades de jogo. “O envolvimento com o espetáculo solicita a resposta da plateia, que funciona como força motriz do desempenho dos atores, influenciando de maneira decisiva o produto cê- nico, numa relação interdependente que engendra o seu sentido” (SANTOS, 2002, p. 38). 6.1-Caracterização do personagem Figura: 16 Caracterizar um personagem significa dar vida a ele, cria-lo, estrutura-lo. Essa ca- racterização começa a acontecer quando o dramaturgo (quem escreve o texto) cria os per- sonagens. O dramaturgo concebe suas personagens, imagina-as com todas as suas ca- racterísticas. Depois, o diretor e o ator dão vida ás ideias do dramaturgo. Toda a expressão verbal e gestual faz parte da caracterização da personagem, mas além desses elementos intrínsecos ao ator existem outros elementos externos que podem fazer parte da caracteri- zação da personagem: maquiagem, figurino e adereços. 31 6.2-Maquiagem A maquiagem existe praticamente desde o surgimento da linguagem teatral. Pode ter diversas funções: embelezar os atores, disfarçar pequenas imperfeições na pele, enfim, transformar o ator para que ele fique o mais parecido possível com sua personagem. A maquiagem no teatro pode ser feita em todo o corpo do ator, tanto para caracteri- zar mais fielmente a personagem como para criar um clima visual. No teatro grego da anti- guidade, por exemplo, alguns atores pintavam ritualmente seu rosto com o sangue e as cinzas de animais sacrificados e muitas outras civilizações utilizavam e utilizam a maquia- gem no teatro. 6.3-Figurino e adereços Figura: 17 O figurino é a roupa que o ator veste para entrar em cena. É considerada a sua segunda pele. Normalmente, o figurino é coerente com as características da personagem e da peça, ambientando ainda mais a cena. Também existem figurinos considerados neu- tros. Nesse caso, a intenção da roupa não é de reforçar a imagem da personagem, mas apenas vestir o ator. Já os adereços são enfeites, objetos ou adornos usados pelo ator: óculos, lenços, joias, chapéus etc. 32 6.4-Expressão verbal A expressão verbal ou vocal de um personagem é tudo o que ele emite de sons com sua boca. Mesmo que o personagem não seja um ser humano que fale palavras em qual- quer língua, ele pode emitir sons durante sua ação, e todos esses sons vocais fazem parte de sua expressão verbal ou vocal. Portanto, a expressão vocal é muito importante na maioria das formas teatrais, só não é importante nas formas que utilizam apenas o corpo, como a mímica, por exemplo. Existem muitas técnicas para se trabalhar com os atores para que sua voz seja ou- vida e entendida pela plateia e caracterize sua personagem. Para isso, é necessário muito estudo e treino na área da fisiologia da voz. A respiração é fundamental na expressão vocal. Sem o ar obtido pela respiração não existe a produção de som vocal. De modo extremamente resumido, a voz é o resultado da passagem do ar pelas cordas vocais. Portanto, a respiração é fundamental para uma boa emissão vocal. A respiração diafragmática (o diafragma é um músculo situado na região abdominal, sob as costelas) é fundamental para os atores, professores, narradores, locuto- res, cantores e profissionais que trabalham com a voz, de modo geral. 33 7. REFERÊNCIAS: CAMINADA, Eliana. História da Dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999. P. 138-139. COLL, C. TEBEROSKY, A. Aprendendo arte. São Paulo: Ática, 200. CUNHA, Susana Rangel Vieira da (org.). Cor, som e Movimento. Porto Alegre: Me- diação, 1999. FELÍCITAS. Danças do Brasil: indígenas e folclóricas. 2 ed. Rio de Janeiro: Tecno- print, 1988. MACHADO, Maria Clara. A aventura do Teatro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985. MAGNANI, S. Expressão e Comunicação na Linguagem da Música: Belo horizonte: UFMG, 1996. MARINHO, Marcílio T.; ROSMAN, Martha; SANTOS, Amicy. Persona, o Teatro na Educação: o teatro na vida. Rio de Janeiro: Eldorado, 1975. OSSONA, P. A Educação pela Dança. São Paulo: Summus, 1988. PORCHER, L. (org.). Educação Artística: luxo ou necessidade? São Paulo: Summus, 1977. SANTOS, Vera Lúcia Bertoni dos. Brincadeira e conhecimento: do faz de conta á representação teatral. Porto Alegre: Mediação, 2002. P. 38.