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UNIDADE I
Teoria Política
Prof. Dr. Vanderlei da Silva
Apresentação da disciplina
· Vamos analisar as formas de governo mais conhecidas entre os grupamentos sociais ao longo da História: a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia.
· Estudaremos o sentido de República em suas diversas formas históricas.
· Também trataremos dos principais aspectos da história do poder na Idade Média, período marcado pela subordinação da política à religião, pela ausência de um Estado soberano e pela preponderância de poderes locais.
· Estudaremos o Pensamento Político Moderno e o Estado Moderno, a partir das ideias de Maquiavel sobre a autonomia política e sobre a moral própria daqueles que ocupam o poder. 
· E refletiremos sobre a contribuição do pensamento de Thomas Hobbes e o papel do Estado, que ele chamou de Leviatã.
Introdução dos estudos
· O profissional de Serviço Social, ao longo de sua carreira, estabelece diálogo permanente com a sociedade e com os gestores públicos.
· Assim, o conhecimento sobre política ajuda o profissional de Serviço Social a compreender, analisar e tomar decisões corretas. 
· Dessa forma, é fundamental estar preparado para o exercício da cidadania ativa, aquela que não se esgota no voto obrigatório para escolha de cargos eletivos.
· Nesse sentido, é necessário a obtenção de visão crítica.
· Visão crítica é aquela que se pode obter a partir da análise de conceitos, de fatos históricos, de impactos sociais de decisões adotadas por lideranças políticas em diversos momentos da história, de ideias e teorias que formam a herança política da Humanidade.
A sociedade humana e o exercício do poder
· O Homem sempre viveu em grupos mais ou menos organizados e isso se deu por uma razão de grande importância: a sobrevivência. 
· Só em grupo o Homem conseguia dar conta de todos os muitos tipos de ameaças naturais.
· Ocorre que a organização de poder nesses grupos é um problema nas diversas sociedades organizadas que temos em todo o planeta, pois não existe uma forma de sistematização de poder que agrade a todos e que não suscite críticas.
· Vários estudiosos de política se dedicaram a tentar sistematizar as diversas formas de governo que o mundo já vivenciou e aprofundar o conhecimento sobre como 
elas se desenvolveram. 
· Por esse motivo, vamos estudar a classificação de governo construída por três célebres estudiosos: Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu.
A sociedade segundo o pensamento de Aristóteles
· Aristóteles nasceu na Grécia.
· Foi discípulo de Platão, tutor de Alexandre, o Grande, e é considerado o pai da Ciência Política Ocidental.
· Também foi o fundador, em Atenas, de uma escola que desenvolveu pesquisas em várias áreas do conhecimento. 
· Contudo, o grande destaque de Aristóteles foram os estudos de política e de filosofia.
· Para Aristóteles, a sociedade é o eixo do indivíduo e o Homem só desenvolverá plenamente seu potencial se inserido em uma sociedade.
· Como Platão, Aristóteles acreditava que todas as coisas tinham uma finalidade, e que a do ser humano era ser bom. 
· Assim, pretendia organizar a sociedade de maneira que as pessoas fossem capazes de realizar com sucesso seu pleno potencial.
As formas de governo segundo Aristóteles
· Em sua obra “Política”, Aristóteles distingue regimes políticos e formas ou modos de governo. 
· O primeiro termo refere-se ao critério que separa quem governa e o número de governantes, no qual teremos três regimes políticos: a monarquia (poder de um só), a oligarquia (poder de alguns poucos) e a democracia (poder de todos). 
· O segundo termo trata das formas de governo, ou seja, refere-se a em vista de quê eles governam, ou seja, com qual finalidade. 
· Para ele, a tirania era a monarquia voltada para a utilidade do monarca, a oligarquia para a utilidade dos ricos e a democracia para a utilidade dos pobres.
· E nenhuma delas agradava o filósofo, porque a finalidade essencial deveria ser o interesse público.
As finalidades dos governos segundo Aristóteles
· Para o filósofo, os governos devem governar em vista do que é justo, de interesse geral, o bem comum.
· Sendo assim, são classificadas seis formas de governo: aquele que é um só para todos (realeza), de alguns para todos (aristocracia) e de todos para todos (regime constitucional). 
· Os outros três modos (tirania, oligarquia e democracia) são, para Aristóteles, deturpações, degenerações dos anteriores, ou seja, não governam em vista do bem comum.
· Para Aristóteles, o governo somente será considerado soberano quando tiver em vista exclusivamente o interesse comum. 
· O contrário disso é considerado governo impuro, no qual prevalece o interesse pessoal contra o interesse geral da coletividade.
As ideias de Aristóteles sobre a escravidão
· As ideias de Aristóteles devem ser compreendidas no contexto da realidade de sua época.
· Ele entendia que a relação entre senhor e escravo era uma relação privada, o que permitia ao senhor o exercício despótico do poder.
· Tinha a convicção de que a justiça devia ser realizada entre os cidadãos e, como os escravos não eram cidadãos e não participavam da política, então para eles não valeriam as mesmas regras. 
· Ele considerava natural que o escravo que nascera nessa condição assim se mantivesse, o que impediria qualquer reflexão sobre a transformação dessa condição.
· Além de não inserir escravos e mulheres entre aqueles que podiam participar da política, também não deveriam ser incluídos os artesãos, ou seja, aqueles que vivessem do seu trabalho.
A noção de interesse político para Aristóteles
· A noção de interesse público no pensamento aristotélico é infinitamente menor do que aquela que temos na atualidade. 
· Contudo, é possível reconhecer que muitas das preocupações do filósofo sobre as práticas políticas nas formas de governo são preocupações que temos até os dias de hoje, como governos demagógicos que parecem querer agradar a todos quando, na verdade, visam exclusivamente ao interesse pessoal do próprio governante.
· Ou, ainda, governos tirânicos que fazem aprovar apenas leis que interessam aos objetivos dos próprios governantes. 
· Dessa forma, conhecer o pensamento de Aristóteles nos auxilia na formação do conhecimento crítico, capaz de pensar em ideias para mudanças na sociedade em que vivemos.
A definição de aristocracia
· É importante destacar que temos três ideias fundamentais quando se trata de entender formas de governo: monarquia, aristocracia e democracia. 
· Aristocracia significa nobreza. É a classe social superior. 
· O termo aristocracia tem origem no grego “aristokrateia”, que significa “governo dos melhores”.
· Aristocracia é uma forma de organização social e política em que o governo é monopolizado por uma classe privilegiada.
· Para Aristóteles, a aristocracia era o governo de poucos, dos melhores cidadãos no sentido de possuírem melhor formação moral e intelectual para atender aos interesses do povo.
A definição de monarquia
· Entende-se comumente por monarquia aquele sistema de dirigir a res publica, que se centraliza estavelmente numa só pessoa investida de poderes especialíssimos, exatamente monárquicos, que a colocam claramente em todo o conjunto dos governados.
· É um sistema político que tem um monarca como líder do Estado.
· A monarquia hereditária é o sistema mais comum de escolha de um monarca.
· Segundo a tradição aristotélica, monarquia é a forma política em que o poder supremo do estado se concentra na vontade de uma só pessoa.
· Quando a legitimidade era considerada como provinda de um direito divino sobrenatural, a soberania era exercida como um direito próprio.
Características da Monarquia
· A monarquia quase sempre possui três características fundamentais:
· Vitaliciedade: o monarca não governa por um tempo certo e limitado, podendo governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para continuar governando.
· Hereditariedade: a escolha do monarca se faz pela simples verificação da linha de sucessão. 
· Irresponsabilidade: o monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve explicações ao povo ou a qualquerórgão sobre os motivos pelos quais adotou certa posição política.
Interatividade 
Quando desvirtuada de seu significado essencial de governo que respeita as leis, a monarquia se converte numa forma de governo de um só, que vota o desprezo da ordem jurídica. Como é denominada essa forma de governo?
a) República.
b) Democracia.
c) Tirania.
d) Anarquia.
e) Teocracia.
Resposta
Quando desvirtuada de seu significado essencial de governo que respeita as leis, a monarquia se converte numa forma de governo de um só, que vota o desprezo da ordem jurídica. Como é denominada essa forma de governo?
a) República.
b) Democracia.
c) Tirania.
d) Anarquia.
e) Teocracia.
A definição de democracia 
· Democracia é a forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo. 
· Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. 
· É um regime de governo que pode existir no sistema presidencialista, no qual o presidente é o maior representante do povo, ou no sistema parlamentarista, no qual existe o presidente eleito pelo povo e o primeiro ministro que toma as principais decisões políticas.
· A democracia é invenção porque, longe de ser mera conservação de direitos, é a criação ininterrupta de novos direitos, a subversão contínua dos estabelecidos, a reinstituição permanente do social e do político.
· Assim, uma sociedade justa não é uma sociedade que adotou, de uma vez para sempre, as leis justas. 
· Uma sociedade justa é uma sociedade na qual a questão da justiça permanece constantemente aberta.
Democracia, um conceito em construção
· Existe a ideia de que democracia é um conceito em construção, que não está pronta e acabada e que deve ser sistematicamente repensada e pesquisada, de forma que possamos ter a melhor democracia possível em cada diferente época da história de uma nação.
· Assim, os autores nos convidam a pensar de que forma podemos contribuir para que a democracia não se torne ultrapassada para os valores e objetivos de uma determinada sociedade.
· Nas sociedades democráticas, indivíduos e grupos organizam-se criando um contrapoder social que, direta ou indiretamente, limita o poder do Estado.
· Dessa forma, a democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta ao tempo, ao possível, às transformações e ao novo.
Estado democrático de direito
· Democracia, portanto, não é uma forma de governo em que todos pensam da mesma maneira, mas em que os conflitos são tratados de maneira organizada, em locais próprios, como o Poder Judiciário e o Poder Legislativo, ou seja, e uma forma de governo na qual a sociedade tem amplo direito de se manifestar.
· Assim, na democracia, o conflito não apenas é bem-vindo, como também é parte integrante do sistema, porque, depois de certo tempo, pode transformar-se em direito; e a democracia agrega o novo e as transformações como essenciais, ou seja, não pode recusar as novas ideias e propostas sob alegação de que causariam instabilidade.
· Porém, na atualidade, o conceito de democracia está mais próximo da ideia de liberdade para escolher os representantes que vão decidir o que é bom para a sociedade.
A democracia direta
· Para os gregos, democracia era a participação direta dos cidadãos, que opinavam sobre os problemas e destinos da sociedade. 
· Na atualidade a democracia é classificada em democracia direta, semidireta e representativa.
· A democracia direta é aquela exercida pelos cidadãos por meio de manifestações diretas em uma assembleia. 
· Evidentemente, isso só seria possível em lugares com pequeno número de habitantes, o que na atualidade é inviável, em especial em países como o Brasil.
· No futuro, contudo, podemos pensar que a participação política dos cidadãos poderá ser ampliada em razão dos recursos tecnológicos existentes.
A democracia semidireta
· A democracia semidireta tem características semelhantes à democracia que vivemos no Brasil na atualidade.
· Nela, o povo se manifesta pelo voto direto para todos os cargos do Legislativo, do Executivo e também por instrumentos criados pela lei para opinar em situações específicas.
· Nesse tipo de democracia o povo participa diretamente, propondo, aprovando ou autorizando a elaboração de uma lei ou a tomada de uma decisão relevante pelo Estado. 
· A atuação do povo não é exclusiva, pois age em conjunto com os representantes eleitos, que vão discutir, elaborar ou aprovar a lei. 
· É utilizada atualmente em combinação com a democracia representativa, que ainda prevalece. 
Instrumentos da democracia semidireta 
· Plebiscito: é um instituto que tem suas raízes na Roma Antiga.
· É uma consulta ao povo pelo qual este aprova ou não a elaboração de uma lei, uma emenda constitucional ou uma decisão governamental. 
· Se houver aprovação, cabe ao poder competente a elaboração da medida. 
· Portanto, é anterior à decisão governamental.
· Referendo: é uma consulta feita ao povo sobre uma lei, emenda constitucional ou decisão governamental já elaborada pelo poder competente, mas ainda não vigente.
· Se houver aprovação, a medida entra em vigor. 
· Dessa forma, é posterior à elaboração da medida.
Instrumentos da democracia semidireta 
· Iniciativa popular, veto popular e recall são outros instrumentos que a Constituição dos países inclui para permitir a participação semidireta do povo. 
· Iniciativa popular: é a possibilidade dos cidadãos de apresentarem propostas legislativas para serem votadas no Congresso Nacional.
· Veto popular: é uma consulta à população sobre um texto de lei já aprovado no Legislativo para saber se os cidadãos aprovam a lei que não entrará em vigor antes da consulta.
· Recall: é uma criação norte-americana que permite revogar a eleição de um legislador ou funcionário eletivo ou reformar a decisão judicial sobre a constitucionalidade de uma lei.
· Em todos esses casos, a democracia será classificada como semidireta porque situações específicas são levadas ao cidadão para que ele manifeste sua aprovação ou discordância.
A democracia representativa
· Na democracia representativa, o povo vota para escolher representantes que governarão durante um determinado período de tempo obedecendo a regras prefixadas pela lei. 
· Assim, o povo concede um mandato a alguns cidadãos, para, na condição de representantes, externarem a vontade popular e tomarem decisões em seu nome, como se o próprio povo estivesse governando.
· Porém, o representante do povo não faz o que deseja, mas apenas aquilo que a lei permite que ele faça e também não fica no poder durante o tempo que desejar, mas somente durante um intervalo de tempo.
· No Brasil, a democracia tem sido muito mais representativa do que direta, até porque a ausência de maior interesse da população por política contribui para que não haja pressão popular no sentido de que sejam criadas situações de maior participação.
A Democracia participativa na Constituição Federal do Brasil
· Todo cidadão possui direitos políticos garantidos na CF/88.
· O principal direito político e o mais exercido por todos é o direito de votar e ser votado. 
· Mas a participação da população não se limita ao voto para a escolha de seus representantes no Poder Executivo e no Poder Legislativo.
· Estão previstos no artigo 14 da Constituição Federal o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, também como direitos políticos.
· Dessa forma, a maturidade política brasileira poderá, no futuro, contribuir para que sejam utilizados com maior frequência os espaços de participação que já existem na legislação e que precisam apenas ser colocados em prática.
A democracia na Constituição Federal de 1988
· A CF/88 institui o Estado Democrático de Direito assegurando o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social. 
· Estabelece a união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, declara seus princípios fundamentais, a soberania popular e a democracia participativa.· Assim, com a premissa de que todo o poder emana do povo prevista na Constituição Federal de 1988, a nação brasileira enquadra-se na categoria de Estado Democrático de Direito. 
· Suas principais características são soberania popular; da democracia representativa e participativa; um Estado Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos direitos humanos.
Interatividade 
Como é denominado o instrumento da democracia semidireta, representado por uma consulta feita ao povo sobre uma lei, emenda constitucional ou decisão governamental já elaborada pelo poder competente, mas ainda não vigente? Se houver aprovação, a medida entra em vigor. a) Plebiscito.
b) Referendo.
c) Iniciativa popular.
d) Veto popular.
e) Recall.
Resposta 
Como é denominado o instrumento da democracia semidireta, representado por uma consulta feita ao povo sobre uma lei, emenda constitucional ou decisão governamental já elaborada pelo poder competente, mas ainda não vigente? Se houver aprovação, a medida entra em vigor. a) Plebiscito.
b) Referendo.
c) Iniciativa popular.
d) Veto popular.
e) Recall.
República
· A palavra tem origem no latim e significa “aquilo que pertence ao povo”.
· Em sentido lato, significa exatamente “coisa (res) pública”.
· O sentido mais completo, portanto, é “tudo o que é próprio da sociedade, que interessa a ela”, ou ainda, “interesse público”.
· A república é a forma de governo típica da coletividade, em que o poder e o exercício da soberania são atribuídos não mais à uma pessoa física, mas ao povo.
· A palavra está presente no nome do Brasil, que é República Federativa do Brasil.
· Portanto, compreender o conceito e o sentido de República é fundamental.
República e monarquia
· A república, que é a forma de governo que se opõe à monarquia, tem um sentido muito próximo do significado de democracia, uma vez que indica a possibilidade de participação do povo no governo.
· O desenvolvimento da ideia republicana se deu através das lutas contra a monarquia absoluta e pela afirmação da soberania popular.
· A república surge, portanto, como proposta de governo em contraposição à monarquia.
· Dessa forma, a república, no entendimento significa uma comunidade política, isto é, uma unidade coletiva de indivíduos que se autodetermina politicamente através da criação e da manutenção de instituições políticas próprias, legitimadas na tomada de decisões e na participação dos cidadãos no governo.
A teoria republicana
· Segundo a teoria republicana, a política é uma dimensão constitutiva da formação da vontade democrática e por isso:
· assume a forma de um compromisso ético-político, referente a uma identidade coletiva no seio da comunidade;
· não existe espaço social fora do espaço político, ao traduzir-se a política numa forma de reflexão de interesse público;
· a democracia é, desta forma, a auto-organização política da comunidade no seu conjunto.
· Dessa forma, República é uma ideia que se sustenta na coletividade, na expressão da vontade do conjunto de pessoas que reside em um determinado território e possui objetivos comuns a serem alcançados.
Características do modelo republicano de governo
· Temporariedade: os governantes são eleitos por um determinado período de tempo, denominado mandato. 
· Eletividade: O chefe do governo é eleito pelo povo, sem qualquer chance de hereditariedade ou alguma outra forma que suplante a escolha pelo povo.
· Responsabilidade: o chefe de governo é responsável por seus atos, seja no âmbito político, seja no âmbito econômico. 
· Ele deverá prestar contas de suas decisões e poderá ser fiscalizado sistematicamente.
· Essas características são essenciais para garantir que o governo republicano seja confiável no sentido de colocar sempre em primeiro lugar o interesse público.
O poder na Idade Média
· A Idade Média teve início na Europa com o esfacelamento do Império Romano, após as invasões dos bárbaros, no século V. 
· Esse período é comumente caracterizado pela ausência de um poder central, pela economia ruralizada, pela supremacia do pensamento da Igreja Católica e pelo enfraquecimento da atividade comercial.
· A expressão Idade Média foi usada pelos humanistas no século XV e XVI para designar o período compreendido entre a Antiguidade Clássica e a época de profundas modificações que foi o Renascimento.
· Nesse período histórico o poder político tinha uma ligação estreita com a religião e as organizações religiosas.
· E o Estado estava atrelado ao poder da Igreja, deixando de ser soberano, sendo exercido em prol dos interesses próprios dos governantes.
O feudalismo na Idade Média
· O regime feudal era um sistema de suserania e vassalagem baseado na concessão e posse de feudos.
· Todo o poder político, jurídico, econômico e social se concentrava nos senhores feudais, que eram donos das propriedades de terra onde moravam os vassalos, terras onde eram produzidos os alimentos e produtos necessários à subsistência. 
· O direito de governar era um privilégio pertencente a todo proprietário de um feudo.
· O feudo era um benefício que se tornava hereditário e que normalmente era materializado em terras, mas poderia se consubstanciar em algum outro benefício, por exemplo, o direito de cobrar tributos em uma ponte, de cunhar moedas, de criar um mercado de troca de mercadorias ou de obter algum outro tipo de forma de subsistência.
As leis no período feudal
· As leis adotadas eram humanas e divinas e deveriam ser cumpridas com justiça e rigor.  A igreja tinha enorme poder porque a ela cabia dizer o que era a vontade de Deus.
· O governo feudal tinha traços de um governo de lei e não de homens, ou seja, era uma soberania limitada que se opunha à autoridade absoluta. 
· Nenhum governante podia impor sua vontade.
· A concessão de imunidades aos nobres também foi característica do feudalismo.
· O feudalismo não foi igual em todos os países da Europa ocidental. 
· As características universais foram próprias da França; em países como a Itália e a Alemanha, foram outras as formas de feudalismo.
O final do feudalismo 
· Vários fatores contribuíram para o fim desse sistema, entre eles: 
· A volta do comércio com o Oriente próximo, o desenvolvimento das cidades pela procura de produtos agrícolas, a expansão do comércio e da indústria.
· O surgimento de empregos, a abertura de novas terras para trabalho de cultivo (em troca do qual os camponeses teriam liberdade).
· O surgimento de exércitos profissionais e o fortalecimento das monarquias nacionais.
· Uma característica desse período histórico foi a ausência de um poder central, caracterizado como temos atualmente no Estado, a irradiar suas determinações para serem cumpridas por todos.
O pensamento político de São Tomas de Aquino
· Era um dominicano italiano, nascido em 1225 e falecido em 1274.
· Escreveu a importante obra denominada Do Governo dos Príncipes, na qual defendia que a monarquia era a melhor forma de governo, desde que não fosse absolutista como a dos césares romanos e sim limitada pelo poder da Igreja, da corte dos nobres, das universidades e também das corporações de ofícios dos artesãos.
· Defendia que as leis para limitar o poder do rei deveriam ser leis emanadas do poder legislativo do Estado, do poder natural, ou seja, da razão dos homens e também das leis divinas. 
· Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política.
O pensamento político de John de Salisbury
· Nasceu na Inglaterra entre 1115 e 1120 e faleceu na França, em 1180. 
· Este pensador ocupou importantes cargos na hierarquia da Igreja Católica ao longo de sua vida.
· Destacou-se pelo pensamento construído em sua obra Policraticus, na qual defendeu a limitação de poderes do rei, por meio de leis.
· Foram as ideias de John de Salisbury que serviram de inspiração para a elaboração do documento denominado Magna Carta, datado de 1215, que, até a atualidade,é considerado o precursor dos direitos humanos de primeira dimensão, aqueles direitos que restringem o poder do rei e o obrigam a respeitar a vida e a liberdade dos súditos.
Interatividade 
Como foi denominado o regime em que todo o poder político, jurídico, econômico e social se concentrava nos donos das propriedades de terra onde moravam os vassalos, terras onde eram produzidos os alimentos e produtos necessários à subsistência? 
a) Comunismo.
b) Socialismo.
c) Materialismo.
d) Marxismo.
e) Feudalismo.
Resposta 
Como foi denominado o regime em que todo o poder político, jurídico, econômico e social se concentrava nos donos das propriedades de terra onde moravam os vassalos, terras onde eram produzidos os alimentos e produtos necessários à subsistência?
a) Comunismo.
b) Socialismo.
c) Materialismo.
d) Marxismo.
e) Feudalismo.
Causas da Revolução Comercial (1400)
· O final da Idade Média marcou o surgimento gradual dos estados dinásticos de governo absoluto. 
· Para alguns historiadores, no entanto, o fator mais relevante foi a chamada Revolução Comercial.
· A Revolução Comercial ocorreu por volta de 1400 e teve várias causas.
· O monopólio comercial do Mediterrâneo pelas cidades italianas;
· O desenvolvimento de um comércio lucrativo entre as cidades italianas e Liga Hanseática do norte da Europa;
· A introdução de moedas de circulação geral e a acumulação de capitais excedentes, fruto de especulação comercial, marítima e de mineração; 
· O estímulo dos novos monarcas ao comércio para criar mais riquezas tributáveis e as viagens ultramarinas.
A revolução comercial e a expansão dos negócios
· Com o fim do sistema de corporações de ofício, a prática de atividades pelos artesãos passava a ser livre.
· As grandes casas comerciais italianas deram impulso ao surgimento dos bancos, que eram utilizados para empréstimo de dinheiro a juros.
· Foram criados os títulos de crédito, que viabilizaram o comércio entre cidades distantes porque não se corria mais o risco de assalto, já que os valores eram representados por papéis emitidos pelos bancos, como as letras de câmbio.
· As viagens marítimas também deram ao comércio proporções de empreendimento globalizado, porque o centro comercial do mundo se deslocou de Gênova, Pisa e Veneza para Lisboa, Liverpool, Bristol e Amsterdã.
A Revolução Comercial e a necessidade de um Governo forte
· As consequências da Revolução Comercial foram: o afluxo de metais para a Europa; alta nos preços europeus; ascensão da burguesia; retomada da escravidão e a mudança do eixo comercial do Mediterrâneo para o Atlântico.
· A Revolução Comercial permitiu a expansão dos negócios de uma forma tão expressiva que, em consequência, passou a exigir um governo forte que apoiasse os mercadores, os banqueiros e os industriais em suas atividades. 
· Só um governo forte teria condições de garantir a segurança dos comerciantes contra ataques de piratas e bandidos, que se avolumaram com o aumento das riquezas em circulação. 
· Assim, seriam mais seguras as relações comerciais e, por isso, foi uma ideia apoiada pelo poder econômico da época.
O absolutismo como fundamento do Governo forte
· O absolutismo utiliza a ideia de que o poder humano é derivado do poder divino. 
· Essa teoria, que já tinha servido de fundamento para o poder feudal, é retomada para servir de base para o poder dos reis.
· Dessa forma, a autoridade do monarca vem de Deus e a obrigação suprema do povo é obedecer de forma passiva.
· O soberano tem autoridade perpétua e ilimitada para fazer leis e impô-las aos seus súditos.
· Nesse sentido, qualquer rebelião do povo deve ser evitada porque contraria a paz, que é fundamental para a estabilidade e o progresso social.
O pensamento político de Nicolau Maquiavel 
· Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em 1469 e faleceu em 1527.
· Na obra “O príncipe” (1513), o pensamento político de Maquiavel teve como marco fundamental a separação entre a virtude política e a virtude moral. 
· Ela é lida e estudada até os dias atuais e é obrigatória em cursos de Ciências Sociais e Direito.
· Ele é o principal responsável pela ruptura com as ideias da ação política orientada pelo sentido divino e, consequentemente, por trazer a política para o campo exclusivo da ação humana.
· Essa ruptura com o poder oriundo da Igreja custou caro para Maquiavel, porque foi da Igreja o uso do termo maquiavélico associado a tudo que é ruim ou perverso.
Ideias centrais no pensamento de Maquiavel
· Uma das ideias centrais no pensamento de Maquiavel é a virtú.
· A “virtú”, termo empregado para indicar um conjunto de qualidades e a coragem de desprender-se da moralidade vigente, se for necessário, e aptidão para se adaptar às diferentes situações. 
· Esse conjunto de virtudes é que fariam de um homem um grande governante, com capacidade de se impor e realizar seus objetivos. 
· A virtú está associada com a capacidade, qualidade e empreendimentos que determinam o encaminhamento da sociedade, ou seja, a ação política.
Formas de conquistar o poder segundo Maquiavel
· Pela virtú e com as próprias armas, quando o príncipe afirma suas qualidades pessoais e seu valor;
· Pela fortuna (sorte) e com as armas alheias, quando o príncipe chega ao poder por acaso; 
· Pelo crime, quando o príncipe alcança o poder com o uso de grande violência, desrespeitando as leis humanas e divinas; e
· Pelo consentimento, quando um cidadão torna-se príncipe com o consentimento de seus conterrâneos.
· Para Maquiavel, quem possuir sorte ou proteção divina nem sempre estará habilitado para o exercício do poder, mas aquele que possuir virtú conseguirá dominar o indeterminado e construir um governo ancorado em suas qualidades.
Maquiavel e as virtudes do príncipe
· Para Maquiavel, o conjunto de virtudes do príncipe que haviam sido respeitadas até aquele momento histórico, tais como honestidade, bondade e piedade, entre outras, não eram adequadas para o campo da ação política.
· Para ele a capacidade fundamental do príncipe é manter o poder.
· Assim, o príncipe deve ser um bom simulador, aparentando possuir as qualidades que seus súditos consideram adequadas e, ao mesmo tempo, disfarçar as práticas não adequadas.
· Dessa forma, as principais bases que os Estados têm são as boas leis e as boas armas. 
· E para Maquiavel, a segurança do Estado depende da formação de um exército próprio, constituído de cidadãos que lutem por amor à pátria.
O pensamento político de Thomas Hobbes
· Thomas Hobbes era inglês, nasceu em 1588 e faleceu em 1679.
· Sua principal obra é “Leviatã”, escrita em 1651. 
· Hobbes contesta o pensamento de Aristóteles porque entende que é necessário rever o princípio político vigente até aquele momento histórico.
· Para ele, o Homem não nasce apto a viver em sociedade, mas pode tornar-se pela disciplina, ou seja, a vida social é uma forma de viver adquirida e não natural.
· A sociedade, então, é produto artificial da vontade humana, é fruto de uma escolha e não obra da natureza. 
· Um conceito fundamental para compreender o pensamento de Hobbes é o de estado de natureza.
· Para Hobbes, no estado de natureza, todo homem tem direito a tudo.
Hobbes e a instituição de um poder comum
· Para Hobbes o Estado é constituído para exercer poder coercitivo, para punir os que infringirem as leis. 
· O Estado fará com que as leis da razão, aquelas que motivaram os homens a viver em sociedade para se protegerem, se tornem leis civis que deverão ser cumpridas por todos.
· Ele propõe um poder soberano como vontade única da sociedade. 
· Hobbes é adepto do absolutismo que existia na sociedade de sua época. 
· Mas inova quando afirma que a origem do poder absoluto não é divina, mas um contrato social. 
· Os homens se submetem voluntariamente ao poder do Estado porque, sem ele, a vida seria de medo e conflito.
Interatividade 
Qual o nome do pensador político, principal responsável pela ruptura com as ideias da ação política orientada pelo sentido divino e, consequentemente, por trazer a política para o campo exclusivo da ação humana?
a) São Tomas de Aquino.
b) Maquiavel.c) Thomas Hobbes.
d) John de Salisbury.
e) Aristóteles.
Resposta 
Qual o nome do pensador político, principal responsável pela ruptura com as ideias da ação política orientada pelo sentido divino e, consequentemente, por trazer a política para o campo exclusivo da ação humana?
a) São Tomas de Aquino.
b) Maquiavel.
c) Thomas Hobbes.
d) John de Salisbury.
e) Aristóteles.
ATÉ A PRÓXIMA!

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