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Psicanálise - Sonhos

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Segundo Freud, os sonhos constituem "uma realização (disfarçada) de um desejo (reprimido)". Os sonhos possuem significação, porém só podem ser interpretados, desde que se saibam quais os elementos dos bastidores. Quando lembrado ao acordar, é um resultado de um processo de deformação, aparecendo de forma fragmentaria, sendo uma versão distorcida das vivencias que se teve durante o dia, o que foi visto e/ou teve vontade de fazer e não fez, sendo caracterizado por pensamentos latentes (receios, medos, fantasias etc.), que ficam passeando na mente no dia anterior, mas que foram suprimidos, pois estava seguindo demandas cotidianas ou regras sociais, e que durante o sonho abre-se um espaço psíquico em que não se pode realizar a vigília, fazendo com que estes pensamentos entre em campo de forma disfarçada. Se o pensamento foi suprimido e condenado durante o dia, é porque são desagradáveis e mancham a imagem que tem de si, sendo assim, se aparecesse de forma original, o indivíduo se incomodaria, acordaria e ficaria assustado com a revelação.
O sonho ao ser expressado de maneira deformado e modificado, não atrapalha ao sono, afinal, “o sonho é o guardião do sono, e não um perturbador”.
Durante todo o filme, Joseph Breuer apresenta alguns sonhos estranhos, com diversos elementos que o faz ficar reflexivo a cada acordar. Apesar de não identificar os significados, os sonhos o perturbam, segundo ele, sua mente esta invadida por pensamentos hostis. Logo no início do filme (16:45), Breuer está tratando sua paciente Anna O, mais conhecida como Bertha, e pergunta a ela se teve algum sonho e ela diz que sim e que eles estavam fazendo amor, após esta confissão, o médico parte para cima da paciente afim de fazer amor com ela, ela resiste e logo após as luzes se acendem, sua mulher, filhos, empregados e amigos aparecem rindo de Breuer, assim como Bertha. Ele tenta se justificar para a mulher e para a sua secretária, mas ambas o deixa falando sozinho, até que a srta. Lou Salomé o seduz e diz que agora ele é um homem livre. Essa frase incomoda Bertha, que briga com Lou “posse” de Breur. Dr. Josef se depara que está em um espetáculo, este acaba, o médico se mantém assustado, todos agradecem, no sonho, e ele acorda, eufórico.
Breur sonha com Bertha pegando seu livro e fugindo dele (24:12), o médico vai atrás da paciente, mas acaba caindo em um buraco, que o leva a um caixão, onde não consegue abrir e nem identificar o local.
Josef questiona a Sigmund Freud, se ao ajudar Nietzsche, ele não estaria o ajudando, e Sigmund, diz que se ele se abrisse, traria o paciente mais próximo (27:00). Então, Breuer propõe a Friedrich Nietzsche, como troca profissional e cura de seu desespero, onde o médico trataria o seu corpo e o filósofo trataria a sua mente, alegando que sua mente esta invadida de pensamentos confusos, que sente medo da morte, sem sentir que vive de verdade.
Logo após o início da troca profissional, Josef sonha estar no lago dos cisnes, andando de pedalinho, acompanhado de Nietzsche (38:32), até que Breuer escuta o tocar o sino do relógio, põe a mão no ouvido e diz: não tenho mais tempo, eu tenho que pedalar, enquanto o filósofo gargalha e Bertha aparece pedindo para ele a possuir, ele quer fugir e está preso no pedalinho, começa uma tempestade, a água fica revolta e ele acorda assustado.
Dr. Breuer está em um quartel com uma arma na boca (53:28) até que chega o general e questiona o que ele está fazendo e ele diz que está tentando se matar, porém não consegue puxar o gatilho e pede ajuda ao general, ele ajuda disparando dois tiros em Breuer. No dia seguinte, o médico conta este sonho a Nietzsche e diz que o que mais o surpreende é que o general é ele.
O médico sonha com a vida feliz ao lado de Bertha, relembrando a frase que ela disse: “você sempre será o único homem da minha vida.” (55:48).
Josef convida Friedrich para ir com ele ao tumulo da mãe, ao ver o nome da mãe de Josef, o professor questiona o porquê o médico nunca disse que a sua mãe também se chamava Bertha. Ele diz que ela morreu quando tinha três anos e que tem poucas lembranças dela. Nietzsche o lembra que nenhuma lembrança que tem é consciente, mas que o inconsciente está carregado delas. Breuer se irrita e retruca dizendo: “está sugerindo que amo Bertha por ter o mesmo nome da minha mãe?”. Para Breuer a mãe é irreal e a Bertha completamente real, porém o professor diz que a sua obsessão nunca foi em relação a Bertha, contando a Josef que após a morte de seu pai, ele sonhou que o tumulo se abria, o pai saia deste túmulo, corria para a igreja e pegava uma criança, voltando para o tumulo com a criança no colo. Nietzsche pensava que o sonho se referia a morte do irmão, mas na verdade se referia ao seu próprio medo, e que ele era esse menino, concluindo que o mesmo medo se encontra em Josef, mergulhando no caixão fechado. Nietzsche começa a questionar Breuer, para que ele consiga trazer à tona as respostas: Quem estava no caixão? Quem o impede de cair para sua morte... Sua incapacitada Bertha ou sua mãe? Quem é sua verdadeira Bertha? Quem está no caixão?
Josef diz ver o rosto dela, e que ela está sorrindo para ele, ele sorri e concorda quando o filósofo, pergunta se é a mãe dele. Logo após, cai em lágrimas e diz: Como ela pode me deixar? Eu nunca a esqueci!
E ali, se entende que só não se tem medo da morte quem já consumou a vida, quando viveu a vida de verdade. E que a vida não vivida estará eternamente ali, dentro dele. Que tudo que se viveu até aquele momento, foram deveres e não algo que se queira viver e aproveitar.
FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos.

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