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pdf Leitura e Semiótica_ Diálogos Possíveis para a Sala de Aula

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LEITURA E SEMIÓTICA:
DIÁLOGOS POSSÍVEIS PARA
A SALA DE AULA 
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1.
1
© 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Danielle Leite de Lemos Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Ricken Barbosa
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Danielle Leite de Lemos Oliveira
Revisor
Claudia Dourado de Salces
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Hâmila Samai Franco dos Santos
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Barros, Aniúska Mansuêta Carvalho
B277I Leitura e semiótica: diálogos possíveis para a sala 
 aula/ Aniúska Mansuêta Carvalho Barros. – Londrina: Editora 
 e Distribuidora Educacional S.A. 2018.
 110 p.
 ISBN 978-85-522-1029-0
 1. Semiótica. 2. Ensino da língua portuguesa. I. Barros, 
 Aniúska Mansuêta Carvalho. II. Título. 
 CDD 370
Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 3
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04
Tema 01 – Linguagem: sensorialidade e transformação 05
Tema 02 – Semiótica Discursiva no ensino do Português 21
Tema 03 – Estudos da expressão verbal e não-verbal em sala 42
Tema 04 – Linguagem, epistemologia e didática 62
Tema 05 – Geração de sentidos nas aulas de leitura 78
Tema 06 – Interação Social, Leitura e Semiótica 96
Tema 07 – Semiótica e a construção do Leitor Crítico 112
Tema 08 – Intervenções pragmáticas 129
LEITURA E SEMIÓTICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS 
PARA A SALA DE AULA 
4 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
Apresentação da disciplina
O Curso de pós-graduação em Metodologias do Ensino da Língua 
Portuguesa e Literatura na Educação Básica tem como disciplina de sua 
grade Estudos da linguagem: Semiótica discursiva e o ensino de Língua 
Portuguesa na Educação Básica. O Objetivo da disciplina é analisar o pa-
pel do estudo dos signos, da interação social e da construção do sentido 
em processos de ensino-aprendizagem, assim como refletir sobre a for-
mação do leitor crítico por meio de práticas docentes. Serão abordados 
como conteúdos programáticos, em 8 aulas, nesta disciplina, os seguintes 
temas: Estudos da Linguagem, Semiótica discursiva e o ensino de Língua 
Portuguesa na Educação Básica; Estudos da expressão verbal e não-ver-
bal na sala de aula; Linguagem, epistemologia e didática; Percurso gera-
tivo de sentidos nas aulas de leitura; Interação Social, leitura e Semiótica; 
Semiótica e a construção do leitor crítico e as Intervenções pragmáticas. 
Utilize todo o material para ampliar e consolidar seu conhecimento. Em 
todas as aulas haverá textos interativos, exemplos, outras formas de as-
similar o conteúdo, que têm como intuito ampliar seus conhecimentos 
sobre determinados temas, conceitos, autores citados no texto. Pesquise, 
leia, busque novas formas de entender os temas propostos. Depende de 
você usar este material da melhor e mais ampla forma possível para o seu 
desenvolvimento profissional.
Aproveite! Estude e amplie seus conhecimentos.
5 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
TEMA 01
LINGUAGEM: SENSORIALIDADE E 
TRANSFORMAÇÃO
Objetivos
• Estudar como a apropriação da Norma Culta da Língua 
e a transformação do indivíduo se dão a partir do pro-
cesso de Alfabetização. 
• Apresentar as formas de abordagem do estudo da 
Linguagem sob a perspectiva da Semiótica.
• Avaliar o aprendizado na Língua materna, consideran-
do suas múltiplas facetas, a partir de uma abordagem 
Semiótica. 
• Estimular o estudo da abordagem da Linguagem ver-
bal e não-verbal.
• Contribuir para a construção de um Leitor Crítico por 
intermédio da apropriação da Língua (Norma Culta) e 
sua abordagem Semiótica.
6 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
Introdução
Os estudos desta unidade apresentam conceitos importantes para vários 
outros estudados no Curso Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa 
e Literatura na Educação Básica, e, mais especificamente, para a disciplina 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula.
Traz, ainda, temas relevantes, tais como: Pensamento, Linguagem, Gírias, 
Semiótica, Semiosfera, Sentido e Alteridade, para que você entenda melhor 
os Estudos da Linguagem e pense como o ensino da Língua Portuguesa e 
da Literatura na Educação Básica podem ser primordiais para a formação 
de um Leitor Crítico ainda no processo de Alfabetização, para que o aluno, 
a partir de então, seja capaz de refletir de forma sistêmica e abrangente 
os conteúdos a ele apresentados.
1. Estudos da linguagem
Fonte: mrPliskin/Istock.com
De acordo com o Dicionário Aurélio de Português Online, a Linguagem é 
qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos por meio 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 7
de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc. Qualquer siste-
ma de símbolos ou sinais ou objetos instituídos como signos; código. A 
Linguagem é a “expressão do pensamento pela palavra, pela escrita ou 
por meio de sinais. O que as coisas significam.” Verbete publicado em 
abril de 2018 e visualizado em em: 30 maio 2018.
Essa é uma das várias formas de se denominar a Linguagem. O Sistema 
Linguístico, por sua vez, pode variar de local para local, de cultura local 
ou global, ser redefinido em apropriações linguísticas ou mesmo passar 
por alterações significativas, dependendo da época e contexto nos quais 
está inserido. Existem, ainda, os Sistemas Linguísticos específicos por se-
tores (moda, fotografia, culinária, política), Sistemas Linguísticos por ida-
de. Jovens, por exemplo, costumam criar variações linguísticas que repre-
sentam o seu tempo, o seu modo de ver o mundo. E essa forma de se 
expressar altera de geração para geração. Uma expressão comum usada 
atualmente pode não significar absolutamente nada para a geração ante-
rior e vice-versa. 
As gerações passadas falavam que um homem bonito era um “pão” ou 
um “pedaço de mau caminho”. Atualmente, usa-se outros termos e as 
próximas gerações, provavelmente, não irão sequer entender gírias atu-
ais, muito menos às das gerações passadas. Você usa gírias? Quais são 
suas gírias preferidas? Já pensou que a gíria é uma forma de Linguagem, 
uma forma de se comunicar de um determinado tempo e local? Quais se-
rão as gírias usadas pelos jovens japoneses e pelos jovens russos? Quem 
gosta de viajar precisa se atualizar para não parecer que “está na Disney”. 
Você sabe o que essa gíria quer dizer?
A Linguagem pode ser definida, de acordo com a Teoria da Semiótica 
Pierciana, como um conjunto de signos ou código socializado. Qual Sistema 
Linguístico faz você vibrar? Qual é a sua forma de se expressar preferida? 
Já pensou a respeito?
8 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
PARA SABER MAIS
Atualmente, há uma verdadeira miscelânea de gírias. As gí-
rias, como você viu, podem ser de grupos, de lugar, de tem-
po. As gírias são expressões que enriquecem ou “traduzem” 
aspectos da norma culta da Língua. Algumas gírias, com o 
passar do tempo, caem em desuso.Outras, no entanto, tor-
nam-se parte do vernáculo e são inseridas no padrão formal 
da Língua.
Exemplos de gírias que os jovens usam hoje em dia:
Tá na Disney – está viajando. “Minha mãe tá na Disney que 
eu vou voltar às 22h”. 
Véy – vocativo. Vem da palavra “Velho”, que evoluiu para 
“Véio”, e agora véy, com acento mesmo. “Véy, fulana tá pis-
tola com você”. 
Parça – parceiro, amigo. “Ninguém mexe com meu parça”. 
“Parça em primeiro lugar”.
Mitou – expressão usada para qualquer acerto ou frase con-
siderada positiva pelo coletivo. “Tio, você mitou naquela res-
posta”. “Como foi na prova?” “Mitei. Pai é pai, tio”.
Fonte: Material retirado do site UOL.
Crush é uma gíria usada para se referir a alguém por quem 
somos apaixonados ou sentimos algum tipo de atração. 
Esta é uma palavra da língua inglesa e pode ser literalmente 
traduzida como «esmagar» ou «colidir». Assim, o crush re-
presentaria a força “esmagadora” do sentimento que temos 
por determinada pessoa. 
Fonte: Definição do Dicionário Popular. 
Também existem as escolas Semióticas que definem a Linguagem de 
acordo com suas teorias e seu modo de observar o mundo e as interações 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 9
sociais. Na Teoria de Charles Sanders PEIRCE (ou peircianaPierciana), a 
Linguagem é um conjunto de formas de representação estabelecida, basi-
camente, por signos. Os signos são algo ou alguma forma de representa-
ção de alguma coisa para alguém. Para Umberto ECO, o signo é algo que 
está no lugar de outra coisa.
Charles Sanders PEIRCE (1839 – 1914), 
pedagogo, cientista, linguista e matemático americano.
Fonte: Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/ 
Charles-Sanders-Peirce>. Acesso em: 04 out. 2018.
Para a Semiótica da Cultura, criada pela Escola Semiótica de Tártu-Moscou, 
a Cultura é formada por Textos, que são as unidades mínimas do teci-
do social, que formam processos linguísticos e literários. Um Texto da 
Cultura pode ser uma cor, uma poesia, uma peça de teatro ou um roteiro 
cinematográfico. A Semiótica da Cultura vai muito além da esfera cientí-
fica. É uma tentativa de questionar e admitir outras leituras da realidade. 
O criador e impulsionador da Escola de Tártu-Moscou, Iuri Lotman, define 
a cultura como um sistema perceptível de textos, enquanto linguagem. 
Os textos são organizados por associações e representados por signos 
10 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
linguísticos: índices, símbolos e ícones, que constituem a nossa Linguagem 
ou o tecido social no qual estamos inseridos. O homem, como ser cultural, 
comunica-se por meio desses signos, que funcionam como controladores 
sociais ou códigos da cultura. Segundo Lotman, todo código é um sistema 
modelizante, uma forma de organização da informação e seu desenvol-
vimento. O conceito de semiosfera, criado por Lotman, tem como base a 
realidade sígnica humana. É uma possibilidade da criação simbólica, que 
supera a realidade biológica. 
Neste sentido, a Cultura é formada por uma realidade simbólica própria, 
na qual o próprio texto é um signo representativo da Linguagem e fonte 
da simbolização e formação social da Cultura. Assim, a semiosfera é um 
universo próprio de uma determinada cultura, e, por possuir um tipo de 
código próprio, cria uma Linguagem específica. Desta forma, o teatro, o ci-
nema, a ortografia, a dança, a música têm seus próprios códigos culturais, 
a sua forma própria de Linguagem que gera um sentido na sua semiosfe-
ra, seu universo linguístico particular. Você poderá entender, desta forma, 
que o conceito de semiosfera se relaciona à ideia de fronteira. É uma deli-
mitação entre o que está dentro e o que está fora do espaço semiótico. A 
semiosfera, por este ponto de vista, é um espaço entre as linguagens, que 
permite reagrupar e ressignificar os sistemas de signos.
No Brasil, Paulo Freire, que é um dos maiores e mais reconhecidos edu-
cadores e grande balizador dos processos de percepção e apreensão da 
Linguagem, em suas diversas pesquisas a respeito do tema poderá lhes 
apresentar uma perspectiva de recursos Linguísticos, que vão muito além 
da Língua propriamente dita. A Linguagem, segundo o educador, pode ser 
tratada como estruturação discursiva do pensamento. A Linguagem tam-
bém pode ser tratada, segundo Freire, como fenômeno ou categoria de 
pensamento (funcionamento próprio a partir do qual outros fenômenos 
sociais e pedagógicos podem ser explicados ou pelos quais transitam). 
De acordo com o pensamento de Freire em suas diversas obras, não é 
possível pensar a Linguagem sem compreender o mundo social no qual 
estamos inseridos, sem pensar o poder e a ideologia. O que Freire nos 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 11
alerta é que, para ensinar a “norma culta” da Língua Portuguesa, é preciso 
mostrar à criança que ao dominar a “Língua padrão da norma Culta” ela 
terá instrumentos necessários para a transformação do mundo. O estu-
dioso afirma, ainda, que é a partir do indivíduo e de sua história e visão do 
mundo que se dá a transformação. 
Neste sentido, Freire demonstra a importância de se ensinar que a Língua 
é transformadora e pode ser instrumento de ação e reação, é um artifício 
contra a hierarquia social. Embora não seja instrumento para desfazer a 
história e a cultura subjacente ao próprio indivíduo. A Linguagem, neste 
sentido, é agregadora. Por este viés, o pensamento de Freire fica muito 
similar à proposta da Escola de Tártu-Moscou. 
Deste modo, pode-se perceber a importância de mostrar à criança na fase 
de Alfabetização que a Linguagem irá, certamente, transformar seu modo 
de ver, viver e sentir o mundo. A Linguagem nos abre para todos os sen-
tidos. É tal qual a imagem: gustativa, olfativa, proprioceptiva, auditiva. A 
Linguagem é sensorial. E, portanto, transformadora.
EXEMPLIFICANDO
A leitura deve fazer parte do cotidiano, do contrário ela 
será sempre percebida como um momento especial, es-
porádico. Por exemplo, a contação de história é uma das 
formas de aproximar a criança do livro. Segundo Pennac 
(2008), a relação de amor com o livro acontece aos pou-
cos e tem a participação de todos os fatores externos, 
como a família e a escola. O homem é um ser cultural, ele 
aprende com os outros homens.
PENNAC, D. Como um romance. Tradução de Leny 
Werneck. Porto Alegre, RS: L&PM; Rio de Janeiro: Rocco, 
2008.
12 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
PARA SABER MAIS
No artigo intitulado O ENCONTRO DAS ÁGUAS: DIÁLOGOS 
ENTRE PAULO FREIRE E DARCY RIBEIRO, escrito pela pedago-
ga da UERJ, Rosemaria J. Vieira Silva, é possível entender um 
pouco mais sobre o encontro histórico ocorrido, em 1991, 
entre os estudiosos da Educação Paulo Freire e Darcy Ribeiro. 
Neste artigo, a autora busca recuperar um momento histó-
rico na educação brasileira: O Encontro das Águas. Evento 
que ocorreu logo após a volta do exílio dos dois pesquisa-
dores e no qual ambos puderam refletir sobre seus traba-
lhos e a forma de perceber a educação, por uma perspectiva 
político-educacional.
1.1. Linguagem e Alteridade
O final do século XIX e todo o século XX foram cruciais para as mudanças 
do modo de se relacionar, de se usar a Linguagem, entre os seres huma-
nos. Da comunicação face a face, na qual destacávamos um interlocutor, 
um emissor, uma mensagem e um canal, passamos à comunicação por 
“instrumentos” ou artefatos extracorpóreos (celulares, por exemplo) que 
alteraram sobremaneira tanto a comunicação (e as formas de se comuni-
car ou fazer entender) quanto a Linguagem em si. 
Assim, você é capaz de se observar enquanto fala e expressa e perceber 
no outro a Linguagem como Alteridade. Cabe ressaltar que Alteridade é a 
condição ou natureza do que é outro, do que faz parte de outra pessoa. 
É a qualidade ou estado de outro ser humano. É um termo bastante utili-
zado também em Filosofia e Antropologia. Assim, a sua Linguagem cria o 
seu universo, a sua forma de pensar e interagir,os seus gostos pessoais 
ou em grupo. A Linguagem é, desta maneira, o seu tecido social. Como 
você aprendeu no contexto da Semiótica da Cultura.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 13
Por outro lado, ao observar outras pessoas utilizarem a Língua (culta 
ou informal) ou Sistema Linguístico, você consegue distinguir os vários 
pontos de interesse e articulação do seu interlocutor. Essa observação 
não se fixa apenas no que a pessoa fala ou no idioma que utiliza. A 
Linguagem, como você já leu, é gestual, olfativa, sinestésica. As formas 
de comunicação não são apenas a fala ou a escrita. 
Por isso, ao preparar seu material para o processo de alfabetização, 
você deve levar em conta estes parâmetros. Com tais instrumentos, 
será mais fácil e apropriado você capturar o interesse do seu aluno e 
fazer com que ele veja a Língua não somente como um instrumento 
transformador, bem como uma forma de expressão social e cultural.
A popularização da imprensa, a implementação e difusão do rádio e 
da televisão e, mais tarde, a construção e venda a preços acessíveis 
de computadores domésticos e a criação da rede mundial de comuni-
cação (a Internet) fizeram com que houvesse uma mudança radical na 
forma de se comunicar, bem como na forma de se expressar, fazer-se 
entender. 
A Língua Portuguesa usada no Brasil passou por várias transformações 
no último século. Atualmente, há uma Linguagem totalmente diferente 
daquela do início do século passado. Não apenas na forma que esta 
Linguagem adquiriu (a Língua Portuguesa, por exemplo, adotou nova 
grafia, novas palavras, inseriu letras até então consideradas ‘estrangei-
ras’ – Y, W e K – com a última Reforma Ortográfica, ocorrida em 2009). 
Houve alterações em fonemas, novos parâmetros de designação pes-
soal/social, como também se apropriou de termos usados de forma 
diminuta ou coloquial. 
Além disso, houve a criação de novas palavras advindas do universo 
da Internet, bem como adequação de termos estrangeiros ao nosso 
idioma). Junte-se a tudo isso novas formas de se expressar por meio 
de imagens, figuras, símbolos de reconhecimento mundiais, tais como: 
14 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
emojis (a Linguagem japonesa com figuras animadas, carinhas, gestos 
capazes de expressar as mais diversas emoções e sentimentos huma-
nos), as abreviações em inglês para beijo – XX – e beijos e abraços 
– XOXO.
Fonte: (calvindexter)/istock.com 
A Língua Inglesa é considerada universal, apesar de não ser a que pos-
sui o maior número de falantes em todo o globo. Há um maior número 
de falantes de Mandarim, que ocupa o primeiro lugar das línguas com 
maior número de falantes em todo o mundo, em seguida os falantes de 
espanhol ocupam o segundo lugar e aqueles que falam Inglês ocupam a 
terceira posição deste ranking.
A Língua Portuguesa estaria na sexta posição, segundo dados da BBC News. 
Esse ranking tem outra configuração, segundo o site Quora (visitado em 
29/05/2018). Ainda segundo o Quora, a Língua Inglesa estaria em quarto 
lugar, uma vez que o Híndi/Urdu ocuparia o segundo lugar mundial de 
acordo com números de falantes. Veja os dados no gráfico.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 15
Fonte: Disponível em: https://verbalisti.com/2014/08/22/strani-jezici/. Acesso em: 29 maio 2018.
PARA SABER MAIS
O Hindi ou Híndi é uma Língua indo-ariana, derivada do 
sânscrito e falada por 70% dos indianos, principalmente no 
norte, centro e oeste da Índia. Já o Urdu é uma Língua indo-
-europeia, da família indo-ariana, que se formou sob influ-
ência persa, turca e árabe, no sul da Ásia durante a época 
do sultanato de Deli e do Império Mongol (1200-1800).
Isoladamente, o Urdu é o 5º idioma mais falado do mundo 
como idioma nativo, sendo o idioma nacional do Paquistão, 
e um dos 24 idiomas nacionais da Índia. Por sua similarida-
de com o Hindi, muitas vezes o Urdu é considerado - junta-
mente ao indi - como sendo parte do continuum linguístico 
denominado hindustâni, nesse caso sendo o segundo idio-
ma mais falado do mundo. O Urdu é escrito em um alfabeto 
árabe modificado.
16 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
ASSIMILE
O Quora é um website de perguntas e respostas, no qual as 
perguntas são feitas, respondidas, editadas e organizadas 
por uma comunidade de usuários cadastrados. A sede loca-
liza-se na Califórnia. A empresa foi fundada por dois ex-fun-
cionários do Facebook, Adam D’Angelo e Charlie Cheever em 
junho de 2009, e o site foi disponibilizado ao público em 21 
de junho de 2010. O Quora se autodenomina como uma rede 
social do conhecimento.
A Linguagem da Internet, no entanto, tem sua principal articulação escrita 
na Língua Inglesa. Considerado idioma universal, o inglês é a principal for-
ma de comunicação da rede mundial e, mais especificamente, das redes 
sociais (Facebook, Twitter, Instagram).
É preciso que você pense o estudo da linguagem não apenas como uma for-
ma teórica, mas também como um processo comunicativo e crítico do mun-
do a partir do indivíduo. Por intermédio do estudo da Linguagem, a criança 
poderá desenvolver vários de seus talentos, descobrir as diferenças entre as 
várias Línguas faladas no mundo, observar o quão rico e passível de explora-
ção é o mundo ao seu redor. 
A Linguagem é o principal instrumento de apreensão social e desenvolvi-
mento com o qual você poderá instrumentalizar uma criança no processo 
de Alfabetização. Adquirida a consciência transformadora e capacitadora da 
Linguagem, a criança desenvolve outros talentos, reformula seu vocabulário, 
compreende e assimila melhor conteúdos de outras disciplinas. 
Desta forma, é tão importante que no processo de Alfabetização o docen-
te tenha a percepção da Linguagem e da apropriação da Língua Culta pela 
criança como esse processo de transformação, tanto pessoal quanto social. 
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 17
2. Considerações Finais
• Existem vários estudos sobre a Linguagem, suas principais funções, 
especificações e potencialidades.
• O Estudo da Linguagem dará a você ferramentas para construir 
Leitores Críticos.
• Entender que existem vários pensadores que refletiram a Linguagem 
e sua importância sob vários aspectos é fundamental para criar um 
ambiente transformador no processo de alfabetização. A Linguagem 
é um instrumento de capacitação e melhoria cognitiva do indivíduo, 
especialmente no processo de alfabetização. 
• A Linguagem não se refere apenas à oralidade. Com os tópicos 
aqui apresentados, você pode compreender que o Estudo da 
Linguagem ultrapassa a barreira da língua. É um instrumento 
social, formador de linguagens próprias de grupos, categorias 
profissionais, esferas sociais.
Glossário
• Linguagem – Pode se referir tanto à capacidade humana para a 
aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, 
quanto para um sistema de comunicação complexo. Também pode 
ser descrita como a capacidade humana de se comunicar por meio 
de palavras ou gestos.
• Língua – Instrumento de comunicação, composto por regras 
gramaticais que possibilitam que determinado grupo consiga re-
produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e se fazer 
compreender. Possui caráter social e regras gerais, que a tornam 
18 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
compreensível. 
• Alteridade - Substantivo feminino que expressa a qualidade ou es-
tado do que é do outro ou do que é diferente. Um dos seus prin-
cípios básicos é que o homem, em sua interação social, tem uma 
relação de interação com o outro. Assim, o “eu” em sua forma indi-
vidual só pode existir em sua interação com o outro.
• Sistema Linguístico – Delimita a língua e atribui a ela a caracterís-
tica de ser um produto social.
• Alfabetização - Substantivo feminino. Iniciação no uso do sistema 
ortográfico. Ato de propagar o ensino ou difusão das primeiras 
letras.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA01
1. Qual a Língua mais utilizada/falada em todo o mundo?
a) Inglês.
b) Português.
c) Espanhol.
d) Mandarim.
e) Híndi/Urdu.
2. Na Escola de Tártu-Moscou foi criada a Teoria Semiótica 
conhecida como:
a) Semiótica da Cultura.
b) Semiótica Pierciana.
c) Semiótica Freiriana.
d) Semiótica Russa.
e) Semiótica do Texto Cultural.
3. Paulo Freire mostra que o Estudo da Linguagem no pro-
cesso de alfabetização é:
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 19
a) Uma forma complexa e inapropriada de alfabetizar.
b) Uma forma mais rápida de alfabetizar as crianças.
c) Um instrumento único para a alfabetização.
d) A única forma de ser compreender a Língua Portuguesa.
e) Um instrumento transformador e empoderador do in-
divíduo, capaz de transformar e dar sentido a uma nova 
abordagem da alfabetização.
Referências Bibliográficas
BAITELLO, Norval. O pensamento sentado sobre glúteos, cadeiras e imagens. São 
Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2012.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio de Português Online. Disponível em: <https://
dicionariodoaurelio.com/linguagem>. Acesso em: 30 maio 2018.
FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. 6 ed. São Paulo: Cortes, 2005.
LOTMAN, Iuri. Estética e Semiótica do Cinema, Imprensa, Imprensa Universitária. 
Lisboa: Editorial Estampa, 1978.
MACHADO, Irene. Concepção Sistêmica do mundo: vieses do círculo intelectu-
al Bakhtiniano e da Escola Semiótica da Cultura, 2013. Dsponível em: <http://www. 
scielo.br/pdf/bak/v8n2/09.pdf>. Acesso em: 30 maio 2018.
PENNAC, D. Como um romance. Tradução de Leny Werneck. Porto Alegre, RS: L&PM; 
Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
SCOCUGLIA, Afonso Celso. A teoria só tem uma utilidade se melhorar a prática 
educativa: as propostas de Paulo Freire, 2013. Disponível em: <http://www.acervo. 
paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/4209/1/FPF_PTPF_12_100.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2018.
WATZALAWICK, Paul, BEAVIN, Janet, Helmick, JACKSON, Don D. Pragmática da 
Comunicação Humana – um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da intera-
ção. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Editora Cultrix, 2011.
Gabarito – Tema 01
Questão 1 – Resposta: D
O Mandarim é a língua que possui o maior número de falantes em 
20 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
todo o mundo.
Questão 2 – Resposta: A
A Escola Russa de Tártu-Moscou revolucionou, na década de 1960, a 
forma de se pensar a Semiótica e dar novos significados a tudo o que 
os seres humanos denominam ou criaram, é uma nova forma de se 
observar as inter-relações humanas, nova forma de ver a cultura e a 
sociedade.
Questão 3 – Resposta: E
Na leitura sobre as pesquisas de Paulo Freire você pode observar que 
a alfabetização e o conhecimento da Linguagem podem ser tanto ins-
trumento de mudança social quanto de empoderamento do indivíduo. 
21 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
TEMA 02
SEMIÓTICA DISCURSIVA NO ENSINO 
DO PORTUGUÊS 
Objetivos
• Mostrar como a interação humana com o mundo se 
constrói o tempo todo, de acordo com a Semiótica, 
por intermédio de formas de representação de tudo 
o que nos cerca.
• Apresentar as variadas formas de discurso e como os 
homens as utilizam para sua interação social.
• Mostrar as formas/processos de Comunicação 
Humana e como elas se aproximam da Linguagem.
• Avaliar as diferenças entre Linguística e a semióti-
ca, que não se reduz ao campo meramente verbal. 
A Semiótica se expande para qualquer sistema de 
signos e dá sentido às várias formas de diálogos ou 
linguagens.
• Entender que a língua pode ser definida por um código 
formado por palavras e leis combinatórias, por meio 
do qual as pessoas se comunicam e interagem.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 22
• Compreender a dimensão Semiótica, que se insere no 
processo de ensino-aprendizagem do ler e do escre-
ver da norma culta da Língua Portuguesa, que propõe 
um número maior possível de interações (sinais que 
sejam signos e que possam ser traduzidos e interpre-
tados), enriquecendo assim a interação social.
• Salientar que tais abordagens (pelas vias da Semiótica, 
da Estilística e da Análise do Discurso) compõem uma 
moldura metodológica – proposta pelo documento 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – que pode 
intervir na produção de conhecimento em geral e 
no ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Vale 
ressaltar, entretanto, que o parâmetro atual para o 
Ensino na Educação Básica é a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC 2018).
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 23
Introdução
Os estudos desta unidade apresentam conceitos importantes para vários 
outros estudados no Curso Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa 
e Literatura na Educação Básica, e mais especificamente para a disciplina 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula.
Traz, ainda, temas relevantes para que você entenda melhor os Estudos da 
Linguagem e pense como o ensino da Língua Portuguesa e da Literatura 
na Educação Básica podem ser primordiais para a formação de um Leitor 
Crítico, que assimile de forma mais sistêmica e abrangente os conteúdos a 
ele apresentados, tais como: Linguagem – Discurso e a Interação Humana 
(Formas de Discurso; as funções da Linguagem; Língua como Código) e a 
Língua Portuguesa na Educação Básica.
1. Linguagem - discurso e a interação humana
Em qualquer situação vivida por um ser humano, pode-se observar que 
há uma intermediação entre este e o mundo, bem como uma visão co-
mum que todos os seres humanos possuem acerca do mundo em que 
habitamos. A interação humana com o mundo constrói-se, o tempo todo, 
de acordo com a Semiótica, por intermédio de formas de representação 
de tudo o que nos cerca. Esse processo acontece por meio da combinação 
de elementos denominados pela Semiótica de signos.
A Semiótica provém da raiz grega ‘semeion’ ou signo. Também vem do gre-
go ‘semeiotiké’, que é ‘a arte dos sinais’. A origem da Semiótica remonta à 
Grécia Antiga, é contemporânea da Filosofia. As duas ciências sempre es-
tiveram próximas sob perspectivas de observação da interação humana. 
A Semiótica estuda as formas como o indivíduo dá significado a tudo que 
o cerca. Semiótica, neste sentido, é a ciência que estuda os signos e todas 
as linguagens e acontecimentos culturais como fenômenos produtores 
de significado para os seres humanos. Sob este aspecto, a Semiótica dá 
sentido ao tecido social e às interações humanas.
24 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
As linguagens são formas de expressão dos seres humanos. A Linguagem 
representa os valores de grupos de uma sociedade e podem variar no 
tempo e no espaço. As línguas (português, inglês, francês) são linguagens. 
As Línguas, entretanto, apresentam-se de forma exclusivamente verbal.
As linguagens são lugares de interação dos seres humanos. Há uma ex-
pectativa semelhante entre quem produz, quem lê e os interlocutores 
deste processo. Há, neste processo, uma forma de linguagem específica: 
da moda, do cinema, da arte, etc.
Grosso modo, pode-se dizer que diferentemente da Linguística, a semió-
tica não se reduz ao campo meramente verbal. A Semiótica se expande 
para qualquer sistema de signos e dá sentido às várias formas de diálogos 
ou linguagens: Artes visuais, Música, Fotografia, Cinema, Moda, Gestos, 
Religião, entre outros. A Semiótica analisa o tecido social e o denomina, 
complementa, expande ou ergue fronteiras. É uma ciência em constante 
movimento e aprimoramento.
Os signos são denominados pelos semioticistas de várias escolas e po-
dem ser diferentes ou ter atribuições diferentes, de acordo com as linhas 
de raciocínio ou entendimento de cada uma dessas escolas.
Considerada um saber abstrato e formal, generalizado, a Semiótica de 
Charles Sanders Pierce não é considerada um ramo do conhecimento 
aplicado. De acordo com o autor, os seres humanos exprimem o con-
texto à sua volta por meio de uma tríade: Primeiridade, Segundidade e 
Terceiridade. Estessão os alicerces de sua teoria.  Voltaremos a eles ao 
longo deste capítulo para melhor compreensão.
Para Pierce, um signo é algo que, sob certo aspecto ou de algum modo, 
representa alguma coisa para alguém. O signo representa alguma coisa, 
seu objeto. Coloca-se no lugar desse objeto, não sob todos os aspectos, 
mas com referência a um tipo de ideia.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 25
PARA SABER MAIS
O Centro de Estudos Peirceanos da Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC/SP), formado pela professora 
Lúcia Santaella, no início da década de 1970, é um local de 
referência sobre a obra do norte-americano Charles Sanders 
Peirce (1839-1914), cientista, lógico, filósofo e criador da mo-
derna ciência semiótica.
Livros:
BRENT, J. Charles Sanders Peirce: A Life. Bloomington and 
Indianapolis: Indiana University Press, 1993.
SANTAELLA, L.. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 
1983.
SANTAELLA, L.. A assinatura das coisas. Rio de Janeiro: Imago, 
1992.
SEBEOK, T. A. Encyclopedic Dictionary of Semiotics. 
Berlin&New York: Mouton de Gruyter, 1994.
A Semiótica Discursiva, ou Semiótica Francesa, baseada na obra de Algirdas 
Julien GREIMAS (linguista lituano, de origem russa, que contribuiu para a 
teoria da Semiótica e da Narratologia – 1917-1992) e seus seguidores, afir-
ma que o discurso é um dos patamares da constituição do significado, em 
que um enunciador reveste formas mais abstratas com conteúdos mais 
concretos. Cabe ressaltar que a Narratologia é o estudo das narrativas de 
ficção e não-ficção, por meio de estruturas e elementos. Campo de estudo 
muito importante principalmente para a dramaturgia e a área audiovisual 
(cinema, jogos digitais, etc.).
1.1. Formas de Discurso
Discurso é um dos patamares da constituição do significado, em que um 
26 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
enunciador reveste formas mais abstratas com conteúdos mais concre-
tos. Todas as vezes que alguém, a partir de uma situação dada, concretiza 
a Comunicação, houve a produção de um Discurso. Isso acontece todos 
os dias, com todas as pessoas. Assim, pode-se afirmar que todas as vezes 
que nos comunicamos estamos produzindo discursos. Você precisa ter 
em mente que, ao ensinar a Língua Portuguesa na Educação Básica, esta-
rá colocando em prática a formação de Discursos.
Toda enunciação que suponha um locutor e um ouvinte (na qual o pri-
meiro, tem a intenção de influenciar, de algum modo, o segundo) é um 
pressuposto discursivo. A diversidade dos discursos orais de qualquer 
natureza e de qualquer nível, da conversa trivial à oração mais orna-
mentada, é um Discurso.
O Discurso também é a massa dos escritos que reproduzem discursos 
orais ou que lhes tomam emprestados a construção e os fins: corres-
pondências, memórias, teatro, obras didáticas. Enfim, todos os gêne-
ros nos quais alguém se dirige a alguém, enuncia-se como locutor e 
organiza aquilo que diz na categoria da pessoa forma um Discurso.
Deste modo, todo discurso é orientado. É produzido para um dado fim. 
Em situações de interação oral, por exemplo, ocorre um constante pro-
cesso de retomadas, antecipações, sendo sempre necessário que os 
interlocutores estejam orientados e reorientados em seus discursos.
Pode-se afirmar também que todo discurso é interativo. Mesmo que não 
haja um interlocutor à nossa frente, sempre estamos interagindo com o 
outro ao produzir nossos discursos, de forma mais ou menos explícita.
Por outro lado, todo discurso é contextualizado. Não é possível imagi-
nar um discurso fora de uma dada situação comunicativa. Sempre que 
um discurso se produz, esse processo se dá em um dado contexto e é 
impossível separar uma coisa da outra.
1.2. As funções da Linguagem
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura 
desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem 
e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser al-
cançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto 
e contexto.” (FREIRE, 2003, p. 58)
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 27
Quando falo, escrevo ou leio, estou mobilizando uma série de estratégias. 
Tais estratégias aparecerão em uma situação de comunicação: ao produ-
zir ou ler um texto, uma fala. Nestes momentos, você está em interação 
com um outro, o seu interlocutor/ leitor.
É importante, portanto, articular a comunicação. Para que, assim, tanto 
quem está produzindo como os que estão tentando compreender uma 
dada mensagem, sejam contemplados pelo processo de comunicação/
interação. Ao compor ou ler um texto, ao ler uma notícia ou travar um 
diálogo, por exemplo, você estabelece hipóteses.
Este tipo de informação deve ser passada ao aluno quando se está mos-
trando a Língua como instrumento de acesso social e como processo de 
alfabetização. Fazendo desta forma, você estará mostrando ao aluno a 
importância de se pensar, de observar o processo de aprendizagem e lhe 
dar sentido, contextualização. 
Com tais pontuações, o professor consegue despertar no aluno a criti-
cidade. O aluno deverá ser sempre instigado a fim de torná-lo um leitor 
com senso crítico e aguçar sua vontade de aprender cada vez mais. 
Da mesma forma, o produtor, o interlocutor/leitor também mobilizam es-
tratégias de compreensão das mensagens. Ao estabelecer algum contato 
com um texto, oral ou escrito, o interlocutor/leitor também tem:
• um objetivo para sua audição ou leitura da mensagem;
• a necessidade de compreender uma certa quantidade de informa-
ções passadas pelo texto;
• suas próprias crenças, valores e atitudes.
28 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
Ao ler um texto ou ouvir a fala de alguém, é preciso ter clareza de que a po-
sição de leitor e ouvinte pode não ser a mesma do produtor da mensagem.
ASSIMILE
Elementos da Comunicação
Neste sentido, cada função da Linguagem está ligada a um dos 
elementos do processo da Teoria da Comunicação, confor-
me estipulado pelos estudos de Roman Osipovich Jakobson, 
1896 – 1982, pensador russo que se tornou um dos mais im-
portantes linguistas do século XX e pioneiro da análise estru-
tural da linguagem, poesia e arte. O processo comunicativo, 
segundo Jakobson, é composto por seis componentes estru-
turais que realizam seis respectivas funções, quais sejam:
• Emissor Função Emotiva ou Expressiva;
• Receptor Função Conativa ou Apelativa;
• Código Função Metalinguística;
• Mensagem Função Poética;
• Canal Função Fática;
• Referente Função Referencial ou Denotativa.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 29
Assim:
• o CONTEXTO seria a função referencial;
• o REMETENTE seria a função emotiva/ expressiva;
• a MENSAGEM é função poética;
• o DESTINATÁRIO é a função conativa; 
• o CANAL tem uma função fática; e 
• o CÓDIGO possui uma função metalinguística. 
A Língua é, por este ângulo, um meio de interação entre sujeitos. Uma in-
teração que se dá, nessa e em muitas outras situações, pela intermediação 
de signos verbais, combinados de acordo com as regras do idioma. Muitas 
pessoas acreditam que apenas dominar o código da Língua, conhecendo as 
regras de seus usos padrão, é suficiente para se comunicar bem.
Mas o conhecimento das funções da Linguagem e do processo de comu-
nicação entre os seres humanos é primordial para que esta promoção da 
interação humana aconteça de forma assertiva. Para tanto, para ensinar 
uma Língua, é preciso conhecer o processo ou forma de comunicação hu-
mana estabelecido pela semiótica ao longo dos anos.
Ao sintetizar as funções da Linguagem, você terá:
1. Função Emotiva ou Expressiva: todos os signos que, numa dada si-
tuação comunicativa, centram-se no emissor.
Foco no transmissor da mensagem.
Expressa opiniões e sentimentos.
Exemplos: biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor.
2. Função Conotativa ou Apelativa: todos os signos que, numa dada 
situação comunicativa,centram-se no receptor/destinatário.
Foco no receptor da mensagem.
30 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
Utiliza-se da persuasão e do imperativo.
Exemplos: anúncios publicitários e propagandas.
3. Função Poética: não deve ser associada apenas à poesia. Todo uso 
de signos que procura ir além apenas do sentido imediato da mensa-
gem. É quando o signo é empregado de forma sugestiva, despertando 
o imaginário do receptor.
Foco na estética da mensagem.
Utiliza-se do ritmo e da sonoridade, do jogo de imagens e de ideias.
Exemplos: poemas e poesias.
4. Função Referencial ou Denotativa: ligada ao contexto da situação 
de comunicação. Não diz respeito ao “eu” emissor nem ao “você” re-
ceptor; associa-se ao “ele” ou “isso”, qualquer outra pessoa, assunto, 
acontecimento.
Foco no conteúdo.
Expressa uma informação objetiva.
Exemplos: textos científicos, jornalísticos e didáticos.
5. Função Fática: Centrada no contato. Composta por signos usados 
para iniciar, manter ou encerrar uma dada comunicação. A função fá-
tica manifesta essencialmente a necessidade ou desejo de comunicar. 
Foco na comunicação.
Fatos cotidianos (bom dia, boa noite, tudo bem, como vai você...).
Exemplos: diálogos.
6. Função Metalinguística: Centrada no código. Tudo o que, numa men-
sagem, serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo 
destinador (ou emissor) diz respeito a esta função.
Foco no código linguístico.
Explicar a linguagem utilizando a linguagem.
Exemplo: dicionário.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 31
1.3. Língua como Código
Uma língua pode ser definida por um código formado por palavras e leis 
combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem. 
Na concepção de língua como código (entendida como ‘instrumento” de 
Comunicação), o texto é visto como um simples produto da codificação de 
um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte. 
Para que o processo aconteça, bastaria que o leitor/ouvinte tivesse o co-
nhecimento do código (uma vez que o texto, uma vez codificado, é total-
mente explícito). Também nessa concepção, o papel do “decodificador” é 
essencialmente passivo. 
Dominar o código é importante, mas não se pode esquecer que o sentido 
do que se diz ou escreve será realmente definido pelo outro, o interlo-
cutor/leitor. O interlocutor/leitor não é uma figura passiva, que está ali 
apenas esperando o que se tem a dizer. Interlocutores/leitores têm seus 
próprios valores, interesses, etc. Desta forma, compreenderá o que lhe é 
dito de acordo com seus próprios critérios.
2. A Língua Portuguesa na Educação Básica
De acordo com Edgar Morin (2000), deve-se reconhecer o duplo enraiza-
mento no cosmos físico e na esfera viva e, ao mesmo tempo, o desenrai-
zamento propriamente humano. Você está, simultaneamente, dentro e 
fora da natureza.
Tal pensamento leva a questões mais singulares no que diz respeito ao 
ensino da forma culta da Língua Portuguesa e ao uso dos signos,propos-
tos pela Semiótica. Morin defende, com a Teoria da Complexidade, a inte-
ração entre as várias disciplinas.
No lugar da especialização, da simplificação e da fragmentação de saberes, 
32 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
Morin propõe o conceito de complexidade. Essa é a ideia-chave de O 
Método, a obra principal do sociólogo, que se compõe de seis volumes pu-
blicados a partir de 1977. A palavra é tomada em seu sentido etimológico 
latino, “aquilo que é tecido em conjunto”. O pensamento complexo, se-
gundo Morin, tem como fundamento formulações surgidas no campo das 
ciências exatas e naturais, como as teorias da informação e dos sistemas 
e a cibernética, que evidenciaram a necessidade de superar as fronteiras 
entre as disciplinas.
Para recuperar a complexidade da vida nas ciências e nas atividades hu-
manas, Morin recomenda um pensamento crítico sobre o próprio pensar 
e seus métodos, o que implica sempre voltar ao começo. Não se trata de 
círculo vicioso, mas de um procedimento em espiral, que amplia o conhe-
cimento a cada retorno e, assim, se coaduna com o fato de o homem ser 
sempre incompleto - o aprendizado é para toda a vida.
Neste sentido, a Semiótica é capaz de proporcionar ao aluno uma visão 
mais abrangente de códigos, signos e significados. Isso faz com que o en-
sino seja formulado de uma forma que leve ao raciocínio, com base em 
expressão e comunicação mais eficazes.
A Semiótica, neste contexto e de acordo com o postulado de Peirce, dá 
subsídios para que o homem se veja como um signo no/do mundo e dis-
ponha-se a interagir com os demais signos. Haveria, desta forma, um 
compartilhamento num espaço solidário (entendendo-se que nem só o 
homem é signo). Por meio de uma atitude Semiótica, desta forma postu-
lada, torna-se possível o resgate da sensibilidade humana.
É a Semiótica, como ciência, que ensina aos seres humanos a “ver” (assi-
milar, compreender) o mundo e tudo o que o compõe, dando um maior 
sentido à própria esfera humana. O ato de “dar sentido” alicerça a consi-
deração do valor comunicativo da Língua Portuguesa como língua mater-
na e nacional.
Por outro lado, o domínio da língua culta se fortalece como instrumento 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 33
fundamental da aquisição de conhecimentos das demais disciplinas. Por 
este pressuposto, o ensino da Língua deixa de ser meramente gramatical 
(que não instrumentaliza o aluno/usuário para a comunicação eficiente), 
mas capacita o aluno para uma visão ao mesmo tempo mais holística e 
transformadora social.
Verifica-se, desta forma, que é preciso inserir a língua em um contexto 
maior e mais abrangente de códigos e signos, caminho pelo qual transi-
tam as demais disciplinas e suas respectivas linguagens (independente-
mente de área ou subárea).
Por essa nova perspectiva, percebe-se a disseminação do conhecimento 
enciclopédico associado ao conhecimento sígnico - associado ao Linguístico 
-, como sendo a base da capacitação do aluno para a leitura do mundo com 
olhos próprios. É por esse pressuposto que o aluno alcançaria a autonomia 
de interpretação dos signos do mundo e, assim, alcançaria uma formação 
cidadã independente. E mais sistêmica, mais visionária até do mundo.
Por este viés e com o intuito de revitalizar o processo de ensino-apren-
dizagem e de tornar mais eficaz a comunicação linguística como base do 
crescimento cultural do estudante, o Governo Federal, por intermédio do 
Ministério da Educação e Cultura (MEC) representado por comissões de 
especialistas, gerou o documento BNCC (2018). 
Ao agrupar as disciplinas por áreas de afinidade, a BNCC instituiu como 
base a Comunicação e Expressão e contemplou a área denomina-
da Linguagens, Códigos e suas Tecnologias com um suporte teórico de 
Semiótica. Esta junção de conhecimento tem como alicerce a Análise do 
Discurso e a Análise Estilística. 
Com tal enfoque, foi possível promover a interdisciplinaridade por meio 
da exploração e da conscientização das relações entre significado, signi-
ficação, sentido e posição discursiva. O que elevou o ensino da Língua 
Portuguesa na educação básica a um nível visionário mais amplo e eficaz.
34 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
PARA SABER MAIS
Para conhecer os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), 
acesse o Portal MEC, 
Sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC 2018), aces-
se o site Base Nacional Comum do Ministério da Educação.
 
A dimensão Semiótica, que se insere no processo de ensino-aprendiza-
gem do ler e do escrever da norma culta da Língua Portuguesa, propõe 
um número maior possível de interações (sinais que sejam signos e que 
possam ser traduzidos e interpretados), enriquecendo assim a interação 
social. O uso da Análise do Discurso e de suas teorias é importante por-
que explicitam os mecanismos de produção de textos, levando em conta 
as condições de produção. Por meio da Análise do Discurso, tornam-se 
visíveis as relações de poder noato de se comunicar.
É possível, no ensino da Língua Portuguesa, identificar o sujeito que fala 
(atribuindo a ele a autoridade que lhe é conferida pelo lugar social que re-
presenta em consonância com o tema sobre o qual fala), bem como ava-
liar sua intenção e sua posição ideológica em relação ao seu interlocutor. 
Mais uma vez, vê-se o ensino da norma culta da Língua Portuguesa como 
processo de instrumentalização do indivíduo. Por este parâmetro, torna-
-se possível observar marcas textuais, infratextuais e supratextuais que 
configuram as forças enunciativas, proposicionais, ilocucionais e perlo-
cucionais inscritas no ato de fala. Estas referências não se realizam nas ou 
por palavras, mas pelos próprios indivíduos/alunos falantes que as ele-
gem e as pronunciam.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 35
É importante salientar que tais abordagens (pelas vias da Semiótica, da 
Estilística e da Análise do Discurso) compõem uma moldura metodológi-
ca – proposta pelo PCN – que pode intervir na produção de conhecimen-
to em geral e no ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. É também 
observada aqui a interdisciplinaridade proposta por Edgar Morin, mais 
uma vez em ação no ensino da forma culta da Língua. Desta forma, com 
a escolarização, torna-se possível a preparação do aluno para o trabalho 
de construir efeitos de referência direta no próprio mundo, bem como de 
fazer inferências no mundo à sua volta.
Todo esse processo enfatiza a importância da leitura e da produção de 
textos como determinantes da atuação sociopolítica do indivíduo e de 
sua capacidade de compreensão das mensagens verbais e não-verbais 
(interdisciplinaridade do currículo escolar). Por viver-se numa época de 
multimeios de comunicação (veloz, multicultural e por vários dispositi-
vos), exige-se dos indivíduos uma visão sistêmica e uma competência e 
desempenho sígnicos maior. Tais competências são capazes de afastar 
os alunos/indivíduos de quaisquer mecanismos de marginalização so-
cioeconômica e cultural.
Discutir a capacitação para a leitura do mundo aliada a um potencial de 
fluência discursiva e enunciativa (oral e escrita) pelo aluno, neste momen-
to, é crucial para a melhoria da sua própria qualidade de vida e para a sua 
colaboração para o aperfeiçoamento da sociedade. Todo esse processo 
de ensino-aprendizagem da Língua se alicerça em um processo instru-
mental teórico, consistente e indispensável ao novo ‘modelo de professor 
de Linguagens’.
36 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
PARA SABER MAIS
Segundo Merith-Claras (2012, p. 58) “Uma das responsabili-
dades atribuídas aos professores de língua portuguesa é a 
formação de alunos capazes de ler, criticamente, diferentes 
gêneros discursivos (...) Considerando esse quadro, é possí-
vel inferir que a escola ainda carece de novos instrumentos 
teórico-metodológicos (...)”.
Trecho extraído do artigo: O ensino da língua materna e a se-
miótica: possibilidades de leitura e análise linguística de uma 
fábula, Sonia Merith-Claras.
3. Considerações Finais
• Você pôde observar nesta aula as variadas formas de Discurso e 
como os homens as utilizam para sua interação social.
• Você adquiriu com este módulo a possibilidade de avaliar as diferen-
ças linguísticas e semióticas. E entendeu que a Semiótica se expande 
para qualquer sistema de signos e dá sentido às várias formas de 
A Semiótica é capaz de alterar nossa percepção do mundo. Tal como 
você viu na primeira aula desta disciplina, a Semiótica, além de nomi-
nar tudo o que nos cerca, pode fazer repensar o tecido cultural no qual 
se está inserido. Para o aprendizado de uma língua, a Semiótica é fun-
damental. Com os parâmetros de Análise de Discurso, por exemplo, 
o aluno se capacita e instrumentaliza para aprender a forma culta da 
Língua Portuguesa e, também, para observar o mundo e suas perspec-
tivas por um novo viés e de forma mais abrangente e sistêmica.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 37
Diálogos ou Linguagens.
• Com este programa de estudos é possível entender que a Língua 
pode ser definida por um código formado por palavras e leis com-
binatórias, por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem.
• Este módulo também o levou a compreender a dimensão semióti-
ca, que se insere no processo de ensino-aprendizagem do ler e do 
escrever da norma culta da Língua Portuguesa.
• Neste capítulo foi possível observar abordagens (pelas vias da 
Semiótica, da Estilística e da Análise do Discurso) que compõem 
uma moldura metodológica – proposta pelo documento Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN) – que intervieram na produção de conhe-
cimento em geral e no ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa.
Glossário
• Linguagem – Pode se referir tanto à capacidade humana para 
a aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação 
quanto para um sistema de comunicação complexo. Também pode 
ser descrita como a capacidade humana de se comunicar por meio 
de palavras ou gestos.
• Língua – Instrumento de comunicação, composto por regras 
gramaticais que possibilitam que determinado grupo consiga re-
produzir enunciados que lhes permitam comunicar-se e se fazer 
compreender. Possui caráter social e regras gerais que a tornam 
compreensível. 
• Discurso – Substantivo masculino. Este termo pode conter vários 
significados. Discurso é toda situação que envolve a comunicação 
dentro de um determinado contexto e diz respeito a quem fala, 
para quem se fala e sobre o que se fala. Outra definição bastante 
conhecida é de que o discurso seja uma exposição metódica so-
bre certo assunto. Um conjunto de ideias organizadas por meio da 
linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos 
38 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
sentimentos do ouvinte ou leitor. Também pode ser conjunto de 
pensamentos e visões de mundo derivados da posição social desse 
grupo ou instituição que permitem que esse grupo ou instituição 
se sustente como tal em relação à sociedade, defendendo e legiti-
mando sua ideologia, que é sempre coerente com seus interesses.
• Comunicação - Substantivo feminino. É a ação de transmitir uma 
mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como res-
posta. Por Comunicação, entende-se o processo que envolve a tro-
ca de informações entre dois ou mais interlocutores por meio de 
signos e regras Semióticas mutuamente entendíveis. Trata-se de 
um processo social primário, que permite criar e interpretar men-
sagens que provocam uma resposta.
• Semiótica - substantivo feminino. Basicamente é a teoria geral das 
representações, que leva em conta os signos sob todas as formas 
e manifestações que assumem (linguísticas ou não), enfatizando, 
especialmente, a propriedade de convertibilidade recíproca entre 
os sistemas significantes que integram. Existe, no entanto, várias 
vertentes da Semiótica.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 02
1. Em qualquer situação vivida por um ser humano, pode-se 
observar que há uma intermediação entre este e o mun-
do. A interação humana com o mundo se constrói, o tem-
po todo, de acordo com a Semiótica, por intermédio de 
formas de representação de tudo o que nos cerca. Esse 
processo acontece por meio da combinação de elementos 
denominados pela Semiótica de: 
a) Signos. 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 39
b) Significados. 
c) Verbos. 
d) Letras. 
e) Formas. 
2. É importante salientar que as abordagens pelas vias da 
Semiótica, da Estilística e da Análise do Discurso com-
põem uma moldura metodológica – proposta pelo PCN – 
que pode intervir na produção de conhecimento em geral 
e no ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. É tam-
bém observada aqui a interdisciplinaridade proposta por 
Edgar MORIN, mais uma vez em ação no ensino da forma 
culta da Língua.
O que significa PCN?
a) Pacto pela Comunicação Nacional. 
b) Processo Cognitivo Normal. 
c) ParâmetrosCurriculares Nacionais. 
d) Parâmetros Curriculares Normativos. 
e) Parâmetros Cognitivos Nacionais. 
3. A dimensão Semiótica, que se insere no processo de en-
sino-aprendizagem do ler e do escrever da norma culta 
da Língua Portuguesa, propõe um número maior possível 
de interações (sinais que sejam signos e que possam ser 
traduzidos e interpretados), enriquecendo assim a inte-
ração social.
O uso da Análise do Discurso e suas teorias é importante 
porque: 
a) explicitam as condições de produção do texto sem os 
signos. 
b) explicitam os mecanismos de produção de textos, 
40 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
levando em conta as condições de produção.
c) explicitam os mecanismos de produção de textos, me-
ramente sob o ponto de vista gramatical.
d) explicitam os mecanismos de produção de textos, le-
vando em conta o discurso propositivo linguístico e não 
a lógica do discurso apenas. 
e) explicitam os mecanismos de produção de textos, ape-
nas de forma padrão linguística e gramatical.
Referências Bibliográficas
CHARAUDEAU, P., MAINGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: 
Contexto, 2004. 
ECO, Umberto. Tratado geral de semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000. EPSTEIN, 
Isaac. O signo. São Paulo: Ática, 1997. 
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2003.
FIORI N, José L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2000.
GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Editora FGV, 
2003.
JOUVE, Vincent. A leitura. São Paulo: Editora da UNESP, 2002.
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2004. 
MORIN, Edgar.  Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: 
Cortez/ UNESCO, 2000.
MORIN,  Edgar.  Introdução ao pensamento complexo. Trad. do francês Eliane 
Lisboa. Porto Alegre: Sulina, 2006. 
PEIRCE, Charles. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1999. 
ORLANDI, Eni P. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 2006.
SANTAELLA, LÚCIA. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 41
SANTAELLA, LÚCIA. A assinatura das coisas. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem - problemas e técnicas na produção oral e 
escrita. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Gabarito – Tema 02
Questão 1 – Resposta: A 
De acordo com a Semiótica, tudo o que nos cerca é denominado sig-
no. São os signos as denominações primárias de todas as coisas.
Questão 2 – Resposta: C 
O Governo Federal, por intermédio do Ministério da Educação e 
Cultura (MEC), representado por comissões de especialistas, gerou 
o documento Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) com o intui-
to de agrupar as disciplinas por áreas de afinidade, o PCN instituiu 
como base a Comunicação e Expressão e contemplou a área deno-
minada Linguagens, Códigos e suas Tecnologias com um suporte te-
órico de Semiótica. Esta junção de conhecimento tem como alicerce 
a Análise do Discurso e a Análise Estilística.
Questão 3 – Resposta: B 
É a Semiótica, como ciência, que ensina aos seres humanos a “ver” 
(assimilar, compreender) o mundo e tudo o que o compõe, dando 
um maior sentido à própria esfera humana. O ato de “dar sentido” 
alicerça a consideração do valor comunicativo da Língua Portuguesa 
como língua materna e nacional.
42 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
TEMA 03
ESTUDOS DA EXPRESSÃO VERBAL E 
NÃO-VERBAL EM SALA 
Objetivos
• Comunicar melhor.
• Fazer apresentações melhores.
• Fazer-se entender principalmente no campo profis- 
sional.
• Escrever de forma mais clara e objetiva.
• Mobilizar e influenciar pessoas por meio da escrita.
• Utilizar a linguagem escrita de forma eficaz como um 
importante canal de comunicação.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 43
Introdução
Os estudos desta unidade apresentam conceitos importantes para vários 
outros estudados no Curso Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa 
e Literatura na Educação Básica, e mais especificamente para a disciplina 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula.
Traz, ainda, temas relevantes para que você entenda melhor os Estudos da 
Linguagem e pense como o ensino da Língua Portuguesa e da Literatura 
na Educação Básica podem ser primordiais para a formação de um leitor 
crítico, que assimile de forma mais sistêmica e abrangente os conteúdos 
a ele apresentados.
A interação humana acontece, o tempo todo com formas de representa-
ção. Este processo de interação ocorre pela combinação de elementos ou 
signos. O signo deve ser entendido como qualquer coisa que esteja no lu-
gar de outra, representando-a. Nesta aula, você poderá entender melhor 
como este processo ocorre.
Você irá estudar nesta aula: O Homem e sua interação com o Mundo 
(Diferentes Faces do Signo), Linguagem (Funções da Linguagem, Língua) 
e Produzindo Textos Coerentes (Fatores de Intertextualidade e Leitura e 
Interpretação de Texto).
1. O homem e sua interação com o mundo
Pode-se utilizar vários recursos para se comunicar ou se fazer entender. 
Gestos, imagens, músicas são alguns destes artifícios de Comunicação que 
os seres humanos adaptaram para se expressar. O Discurso, no entanto, é 
umas das formas mais abrangentes e efetivas para se estabelecer um pro-
cesso de comunicação com outro ser humano. Pode-se dizer, desta forma, 
que a Linguagem assume várias funções e características discursivas.
Diferentes formas de se transmitir uma mensagem, utilizando-se de inú-
meras associações, foram pensadas, construídas e executadas pelos ho-
mens. Para estabelecer um processo comunicativo, você já viu que há 
44 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
alguns elementos imprescindíveis para que realmente aconteça a comu-
nicação: emissor, receptor, mensagem, canal, contexto e código.
Em qualquer situação vivida por um ser humano, no entanto, você pode 
observar que ocorre uma intermediação entre o mundo e a visão que se 
tem dele. Uma foto, por exemplo, não mostra a pessoa. A foto mostra a 
sua representação. 
Nos dois exemplos de fotos abaixo, o fotografado é um presidente dos 
Estados Unidos. O primeiro, Barack Obama e, o segundo, Donald Trump. 
Independentemente da posição política ou trajetória de cada um deles, a 
própria foto esboça uma representação destes dois homens.
Imagem do Obama. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/barack- 
obama-2012-retrato-oficial-1129156/>. Acesso em: 06 out. 2018.
Imagem do Donald Trump. Disponível em: <https://www.cnbc.com/ 
donald-trump/>. Acesso em: 04 out. 2018.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 45
O que você vê nas fotos é uma representação deles e não, exatamente, 
quem eles são. Ao mesmo tempo que você se apropria destes dois “per-
sonagens”, uma vez que eles são representantes da maior potência mun-
dial e são o tempo todo retratados pela mídia. 
Com a foto, vê-se um signo e tudo o que ele representa. O homem mais 
poderoso do mundo, retratado por esses dois indivíduos, cada qual em 
seu tempo à frente do governo dos EUA, é um signo (cheio de significados, 
simbolismos, fortes apropriações por parte de quem os vê e acompanha 
suas trajetórias). 
Grosso modo, pode-se auferir ao processo de fotografar uma dimensão 
de representação visual de ideias, contextos, rótulos, de dimensões so-
ciais e culturais. A foto ou imagem é um signo máximo de nossa cultura. 
De acordo com o professor Norval Baitello Junior, a imagem nos devora. 
Baitello cunhou o termo Iconofagia para designar o processo de os seres 
humanos serem devorados pelas imagens. Mesmo antes de as vermos, 
as imagens já nos devoraram, afirma o estudioso em seu livro A Era da 
Iconofagia. Disseminador e um dos maiores representantes da Semiótica 
da Cultura no Brasil, Baitello é enfático ao falar sobre a imagem e a sua for-
ça. A Era da Iconofagia – Reflexões sobre Imagem, Comunicação, Mídia e 
Cultura é um livro do professor de Semiótica da Culturada PUC/SP, Norval 
Baitello Junior. De acordo com Baitello, o termo Iconofagia possui uma po-
livalência intencional, uma vez que ora as imagens são devoradas, ora são 
elas quem devoram. A ideia de devoração nasceu do pensamento antro-
pofágico, do Modernismo Brasileiro, em 1920, que propunha uma devora-
ção de ícones, ídolos e símbolos da cultura europeia, em vez de imitá-la, 
portanto, um ato iconofágico, mas com um sentido construtivo e criativo.
Como você viu nas aulas anteriores, de acordo com Charles Sanders Peirce 
(1839 – 1914), filósofo, pedagogo, cientista, linguista e matemático ame-
ricano, “um signo é algo que representa alguma coisa para alguém”. Mas 
isso, segundo o estudioso, dá-se por representação ou referência. 
46 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
Já para Louis Hjelmslev (1899 – 1965), linguista dinamarquês cujas ideias 
formaram a base do Círculo Linguístico de Copenhague, o signo é a parti-
cularidade que nos interessa de alguma coisa. O signo, neste caso, funcio-
na, designa, significa.
PARA SABER MAIS
Nas palavras de Beividas (2015, p. 01) “Hjelmslev nos legou 
elementos sólidos para estabelecer uma teoria com meto-
dologia descritiva da Língua natural, de cunho integralmen-
te imanente, teoria e metodologia aprumadas para serem 
constantemente produzidas e conduzidas a partir do interior 
da própria Língua – tal como pleiteava ele, ao modo de uma 
linguística – que não deixasse invadir suas descrições com 
argumentos, critérios, conceitos e pontos de vista oriundos 
de regiões transcendentes à Língua, seja no seu plano da ex-
pressão, por critérios físico-acústicos, fisiológicos e congêne-
res, seja no seu plano do conteúdo, por conceitos psicológi-
cos, sociológicos ou filosóficos, dentre outros.”
Artigo completo: BEIVIDAS, Waldir. A teoria da linguagem de 
HJELMSLEV: uma epistemologia imanente do conhecimento. 
Revista de Estudos Semióticos, v. 11, n. 1 (2015). 
Umberto Eco (1932 – 2016), escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibli-
ófilo italiano (titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior 
de ciências humanas na Universidade de Bolonha), encerra a questão ao 
afirmar que “Signo é algo que está no lugar de outra coisa”. 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 47
PARA SABER MAIS
No site ebiografia podemos encontrar um pouco sobre avia 
de Umberto Eco, que nas palavras de Diva Frasão “Umberto 
ECO (1932-2016) foi um escritor, professor e filósofo italia-
no, autor do romance ‘O Nome da Rosa’, um dos maiores 
sucessos literários do século XX. Eco (1932-2016) nasceu em 
Alexandria, Piemonte, Itália, no dia 5 de janeiro de 1932. Filho 
de Giulio Eco e Giovanna Eco, estudou Filosofia e Literatura 
na Universidade de Turim, onde mais tarde tornou-se profes-
sor. Foi considerado um dos expoentes da nova narrativa ita-
liana, iniciada por Ítalo Calvino (1923-1985). Exerceu grande 
influência sobre os meios intelectuais ao estudar os fenôme-
nos de comunicação ligados à cultura de massas, como his-
tórias em quadrinhos, telenovelas e cartazes publicitários”.
1.1. Diferentes Faces do Signo
O mundo, tal qual você o vê e vivencia, é constituído por plantas, animais, 
aparelhos de televisão, celulares, computadores, carros, casas, plantas, 
vulcões, oceanos. Enfim, uma infinidade de coisas. Muitas delas de ordem 
natural do planeta e outras criadas pelos homens. 
Com o intuito de facilitar o entendimento de tudo o que há no mundo, 
linguistas, em especial, os estudiosos ligados à Semiótica, denominaram 
de signos tudo o que se conhece. 
Existem diferentes áreas/linhas de estudos da Semiótica, como você já 
pode ver nas aulas anteriores. Na Semiótica mais comumente ligada aos 
estudos do americano Charles Peirce, tudo o que observamos ou nos cer-
ca são signos, distintos entre verbais e não-verbais. 
Signos Verbais são formados por sinais visuais e sonoros: a letra e o 
48 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
fonema. O Signo Verbal divide-se em dois:
• Signo verbal Significado – conceito/sentido ou valor diferenciado. 
• Signo verbal Significante – que se manifesta foneticamente. 
Por exemplo, o termo CASA, em relação ao objeto, tem dupla representação: 
• Significado ou imagem mental – casa. 
• Significado que também é “Plano de Conteúdo”, o que casa significa.
• Significante – que é o conjunto de fonemas KAZA.
• Significante, como conjunto sonoro, também é chamado de “Plano 
de Expressão”.
Os Signos podem ser Não-verbais. Sinais sonoros ou visuais compõem 
a chamada Linguagem Não-verbal. Exemplos de  signos sonoros Não-
verbais: música instrumental, sirene, apito ou uma buzina. Exemplos 
de  signos  visuais Não-verbais: cores (semáforo), formas (placas), movi-
mentos (vídeos, imagens).
Uma concha, por exemplo, pode ser um Signo Não-verbal de concepção 
e fecundidade (quando usada na pintura “O nascimento de Vênus”, obra 
do pintor italiano Sandro  Botticelli, feita entre os anos de 1482 a 1485, 
para decorar a residência “Villa Medicea di Castello”) ou como um logotipo 
(identidade visual da Shell, empresa multinacional petrolífera anglo-ho-
landesa, que tem como principais atividades a refinação de petróleo e a 
extração de gás natural). As duas formas, no entanto, não representam a 
concha objeto, que é um invólucro marinho.
Fonte: jskiba/Istock.com
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 49
“O nascimento de Vênus”, pintura de Botticelli.
Disponível em: <https://pixabay.com/pt/pintura-la-nascita-di-venere-63186/>. Acesso em: 14 set. 2018.
PARA SABER MAIS
Feita entre os anos de 1482 a 1485, o “Nascimento de Vênus” 
é uma pintura de Sandro Botticelli, encomendada por Lorenzo 
di Pierfrancesco de Médici para a Villa Medicea di Castello. A 
obra está exposta na Galleria Degli Uffizi, em Florença, na 
Itália. Este famoso quadro de Botticelli foi revolucionário em 
sua época, por ser a primeira pintura renascentista com tema 
exclusivamente leigo e mitológico. 
50 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
São categorias dos Signos Não-verbais: 
• Ícone – Relação de semelhança, em algum aspecto, com o que repre-
senta - modelos, esquemas, etc. 
• Índice – Apresenta relação direta, causal com o que representa – 
indicação de um caminho, um sintoma, etc. 
• Símbolo – Apresenta relação convencional com o seu objeto – a cor 
vermelha da Coca-cola, símbolos de marcas conhecidas, etc.
2. Linguagem
Nas diversas áreas da atividade humana, é possível perceber que há al-
gumas regras ou padrões que são obedecidos por todos os membros de 
determinada sociedade. São estas regras que definem o padrão de signos 
socializados.
A Linguagem é qualquer sistema de signos socializado. Como você já viu 
na primeira aula, existe a linguagem da moda, do jornalismo, da televisão, 
do cinema, da culinária, da fotografia, etc.
De acordo com essas definições, é possível perceber que:
• as Linguagens são formas de expressão humana, representando 
valores de grupos de uma dada sociedade, que podem variar no 
tempo, no espaço, etc.
• as Línguas (o português, o inglês, o francês, etc.) são Linguagens, 
mas, diferentemente de outras, apresentam-se de forma exclusiva-
mente verbal.
• as Linguagens são lugares de interação humana, pois tanto produ-
tores como interlocutores/leitores têm expectativas semelhantes 
das manifestações de Linguagem nas quais interagem.
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 51
2.1. Funções da Linguagem
A Linguagem como um dos facilitadores de transmissão de ideias de for-
ma coerente, levando do emissor ao receptor um determinado assunto, 
de forma coerente e que possa ser entendido, despertou interesse entre 
estudiosos de várias áreas do conhecimento humano.
O linguista Roman Jakobson (1896-1982) formulou uma das teorias mais 
conhecidas em todo o mundo sobre a Comunicação. O pesquisador, es-
pecialista na teoria e método de crítica literária para narrativas e poesiaconhecido como formalismo, transferiu tal conhecimento teórico para o 
estudo da Linguagem. Desta forma, Jakobson propôs a análise estrutural 
da Linguagem.
O intuito desta teoria era compreender quais elementos estruturam a co-
municação e quais seriam as funções da Linguagem. Para tanto, Jakobson 
postulou que todo ato de Comunicação verbal é composto por seis fatores 
(uma combinação de signos utilizada o tempo todo em nossas interações):
52 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
ASSIMILE
Além de todos esses fatores, existe o ruído. O ruído no pro-
cesso de comunicação é qualquer coisa que interfira na 
transmissão da informação de forma clara do emissor para o 
receptor. Os ruídos podem ser: físicos, fisiológicos, psicológi-
cos ou semânticos. 
Em cada situação de Comunicação, a combinação sígnica organiza-se de 
acordo com certos objetivos. E, a partir desta combinação, é colocado em 
funcionamento uma ou mais funções da Linguagem. E, cada função da 
Linguagem está ligada a um dos elementos de comunicação: Remetente, 
Receptor, Mensagem etc. JAKOBSON em sua obra, em especial em seu li-
vro Linguistics and Poetics (1960), elabora o processo de Comunicação sob os 
seguintes aspectos:
Veja:
• Remetente ou Emissor – Função emotiva/expressiva. Composta 
por todos os signos, que em dado momento, centram-se no emissor 
(orador, narrador, autor). 
• Destinatário ou Receptor – Função conativa. Composta por todos 
os signos, que em dado momento, centram-se no receptor/desti-
natário. Aquele a quem o emissor dirige sua mensagem (ouvinte, 
leitor, telespectador, usuário, destinatário).
• Mensagem – Função poética. Quando o signo é empregado de for-
ma sugestiva, despertando o imaginário do receptor. É o conjunto 
das informações transmitidas (texto, discurso, o conteúdo, o que 
está sendo dito).
• Canal – Função fática. É centrada no contato. Composta por signos 
usados para iniciar, manter ou encerrar uma dada comunicação. 
É o meio pelo qual as mensagens circulam – voz, ondas sonoras 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 53
(contato ou conexão psicológica ou física). 
• Contexto – Função referencial. Também chamada de Denotativa, 
está ligada ao contexto da situação de comunicação. É constituído 
pela situação e pelos objetos reais aos quais a mensagem remete (o 
referente, a situação). 
• Código – Função metalinguística. É centrada no código. Tudo o que, 
numa mensagem, serve para dar explicações ou precisar o código 
utilizado pelo destinador (ou emissor). É constituído pelo conjunto 
de signos e regras de organização (o sistema linguístico ou comuni-
cativo, um conjunto de signos e regras linguísticos).
2.2. Língua
A Língua é, antes de mais nada, um lugar de interação entre sujeitos (pesso-
as). Uma interação que se dá pela intermediação dos Signos Verbais, com-
binados de acordo com as regras do idioma. É preciso dominar o Código 
da Língua (regras e usos padrão), mas também o sentido do que se diz ou 
escreve. Senão, não seremos compreendidos pelos interlocutores. Todos 
nós temos nossos próprios valores, interesses, etc., e avaliamos o que le-
mos, principalmente, com base nestas perspectivas pessoais. Uma Língua 
pode, ainda, ser definida como um código formado por palavras e leis 
combinatórias por meio dos quais as pessoas se comunicam e interagem. 
3. Produzindo textos coerentes
O que é um texto? Um tipo de combinação coerente de signos, com base 
Semiótica, na qual se amplia o conceito, desassociando-o exclusivamente 
da palavra para formar um todo. Assim, qualquer conjunto articulado de 
signos que faça sentido para um dado leitor, conjunto esse marcado por 
duas interrupções (um começo e um fim) pode ser considerado texto.  
54 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
A partir desse conceito, pode-se classificar os textos como predominante-
mente: Verbais: formados pela Língua escrita ou Língua falada (ex: textos 
em geral, conversas, páginas de livros, etc.). 
Visuais: feitos com combinações de Signos Não-verbais (ex: planta baixa, 
fotografia, tela de pintura, etc.).
Sincréticos: feitos com Signos Verbais e Não-verbais (ex: cena de teleno-
vela, reportagens de jornais e revistas, filmes, etc.). 
Os textos literários são os que, independentemente de serem ficcionais, 
ou exclusivamente verbais, apresentam forte teor conotativo, o que signi-
fica dizer que pedem uma interpretação por parte do interlocutor/leitor.
No caso dos textos não-literários, são aqueles em que o caráter denota-
tivo prevalece. Assim, suas afirmativas se baseiam em signos usados em 
seu significado mais comum para os membros da comunidade sociolin-
guística; dentre eles, claro, o interlocutor/leitor. 
Em relação à coerência textual, pode-se dizer que ela depende da re-
lação harmônica entre as partes do texto e, também, da relação que o 
texto consegue manter com o interlocutor/leitor em uma dada situação 
comunicativa.
3.1. Fatores de Textualidade
Como você viu, a coerência de um texto depende de mais de um fator. 
Agora, você verá mais alguns deles: 
• Intencionalidade: dentro do texto, o produtor usa uma série de 
recursos para atingir sua intenção comunicativa. A isso se denomi-
na “intencionalidade” de um texto. 
• Informatividade: é o caráter previsível ou imprevisível das infor-
mações que o texto apresenta. Um texto com alto grau informativo 
Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 55
trará mais informações imprevistas, isto é, novas, ainda não anun-
ciadas na sequência textual. Já um texto com baixa informatividade 
apresenta poucas informações, já anunciadas ou não na sequência 
do texto. 
• Aceitabilidade: para que um dado texto funcione, é preciso que o 
leitor/interlocutor esteja disposto a participar da situação comuni-
cativa, entendendo os propósitos de seu produtor. 
• Situcionalidade: é o que torna o texto relevante para uma dada 
situação de comunicação. Assim, um texto pode estar bem escrito, 
bem articulado internamente, mas não estar adequado ao contex-
to. Por outro lado, pode estar aparentemente desarticulado, mas 
dentro do contexto em que aparece, fazer sentido. 
A coerência de um texto dependerá, entre outros aspectos: da harmonia 
entre suas partes; do ponto de vista do leitor/interlocutor, em uma dada 
situação comunicativa; de sua inserção dentro de um contexto; da inten-
cionalidade do autor; de seu teor informativo e da participação colabora-
tiva do interlocutor/leitor.
3.2. Leitura e Interpretação de Texto
Para ler e entender um texto, é preciso atingir dois níveis de leitura: 
Informativa e de reconhecimento, e Interpretativa.
 A primeira leitura de um texto deve ser feita sempre cuidadosamente 
por ser o primeiro contato, extraindo-se informações e se preparando 
para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, 
passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia-central de cada 
parágrafo. A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e 
opções de respostas.
Marque palavras como NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, pois fazem 
diferença na denominação e interpretação do texto. Estas palavras, 
56 Leitura e Semiótica: Diálogos Possíveis para a Sala de Aula 
geralmente, mudam o texto ou o direcionam. Retorne ao texto, mesmo 
que pareça ser perda de tempo. Leia novamente para ter ideia do sentido 
global proposto pelo autor.
Desta forma, uma boa leitura deve seguir os seguintes passos:
• Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto. 
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá 
até o fim. 
• Ler, ler bem, ler profundamente. Ler o texto pelo menos umas três 
vezes.
• Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas.
• Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar.
• Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor.
• Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor 
compreensão.
• Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto

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