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LOGÍSTICA COLABORATIVA AULA 3 Prof.ª Rafaela Aparecida de Almeida 2 CONTEXTUALIZANDO Sabemos que a logística colaborativa visa reduzir os custos ao longo da cadeia produtiva, reduzindo assim o preço repassado ao cliente, com o intuito de aumentar a competitividade perante a concorrência. Quanto maior a colaboração entre os diferentes elos da cadeia logística, maiores as chances de se atingir os objetivos propostos. Com base nessa premissa, vamos retomar o fato de que a logística vem se adaptando ao longo do tempo em virtude das mudanças do mercado. Durante muito tempo, empresas optaram por produzir e elas mesmas distribuírem seus produtos, com o intuito de estarem mais próximas de seus clientes. Depois, compreenderam que a terceirização de alguns elementos logísticos poderia ser um bom negócio, ao se dedicar àquilo que era sua expertise. Mais tarde, as empresas passaram a terceirizar também o gerenciamento das atividades de logística e a execução em toda a cadeia de suprimentos. Nos dias atuais, vivemos o estágio mais avançado, em que empresas especializadas fornecem soluções logísticas inovadoras e desenvolvem uma rede de cadeia de suprimentos ideal para cada cliente em específico. A Figura 1 nos demonstra essa mudança de paradigmas por meio dos 5PLs. Nessa figura é possível identificar, em cinza, as partes da cadeia de suprimentos que é terceirizada em cada uma das etapas e que a terceirização das atividades aumenta na medida em que avançamos do 1PL na direção do 5PL. Figura 1 – Provedores logísticos Fonte: Adaptado de Ciemcioch, 2018. 3 Em paralelo a essas práticas, um conceito que vem sendo muito associado às práticas logísticas é a economia colaborativa, na qual empresas com necessidades e interesses em comum compartilham e trocam produtos e serviços a fim de eliminar a ociosidade de equipamentos e espaços e reduzir os desperdícios. Vale lembrar que não estamos aqui falando do futuro da logística, mas de práticas que já estão sendo adotadas por empresas ao redor do mundo. Então, caro aluno, ao compreender melhor as práticas da logística colaborativa, você dará um importante passo rumo ao conhecimento da forma correta, como as empresas devem atuar visando o diferencial competitivo frente ao mercado. CONVERSA INICIAL A logística colaborativa trata da sinergia entre diferentes empresas em busca de avanços em seus processos logísticos e com vistas à redução de custos. O que anteriormente parecia ser um paradigma vem sendo superado por meio de ações conjuntas, até mesmo entre concorrentes. Vamos compreender como a logística colaborativa está inserida nos serviços prestados por provedores de serviços logísticos, conhecidos como PLs. Em nosso primeiro e segundo tema, passaremos detalhadamente por cada uma das etapas dos provedores logísticos: 1PL, 2PL, 3PL, 4PL e o 5PL que integra os quatro anteriores. Esta aula nos traz novos conceitos, como o da economia compartilhada ou colaborativa, que vem para demonstrar que compartilhar recursos pode criar oportunidades de eliminar a ociosidade e reduzir os desperdícios, respeitando a sustentabilidade. Nesse sentido, compreenderemos a diferença entre centros de distribuição compartilhados, condomínios logísticos e plataformas logísticas, associando-os à nossa temática central da logística colaborativa. A seguir, os temas trabalhados nesta aula: • Provedores de Serviços Logísticos – PSL: 1PL, 2PL e 3PL; • Provedores de Serviços Logísticos – PSL: 4PL e 5PL; • CDs Compartilhados Ou Centro de Logística Compartilhado (CLC); • Condomínios Logísticos; • Plataformas logísticas. 4 A partir desta aula, você será capaz de avaliar os benefícios envolvidos na estratégia da terceirização e compartilhamento de recursos ou serviços. Então, seja muito bem-vindo (a) à nossa aula! TEMA 1 – PROVEDORES DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS – PSL: 1PL, 2PL E 3PL Figura 2 – Outsourcing Crédito: Alexander Supertramp/Shutterstock. Você provavelmente já deve ter ouvido o termo outsourcing, que representa a delegação de serviços a terceiros. No que diz respeito à terceirização da logística, encontramos empresas que optam desde a não terceirização, também chamada de primarização, até os modelos mais recentes conhecidos como 5 PLs. Neste nosso primeiro tema estudaremos os três primeiros PLs. 1.1 - 1PL – First-Party Logistics O primeiro modelo que estudaremos é o 1PL, também conhecido como logística primária. Nele o fabricante é responsável por toda operação logística de movimentação, armazenagem, transportes e entrega aos clientes finais, ou seja, aquele no qual a empresa tem responsabilidade em todas as etapas do processo, sem terceirizar nenhum serviço a um provedor. Neste momento, você deve estar se perguntando: se temos ouvido falar tanto de terceirização, por que estas empresas escolhem a direção contrária? Dentre os motivos, podemos citar a capacidade para responder de forma adequada a picos inesperados, melhorando a resposta de atendimento, maior https://www.shutterstock.com/pt/g/Alexander+Supertramp 5 controle de seus processos, garantia de qualidade e maior proximidade com seus clientes. 1.2 - 2PL – Second-Party Logistics Na logística secundária, a empresa terceiriza a entrega de seus produtos, ou seja, toda a movimentação, armazenagem e controle continua sendo do fabricante, mas algumas movimentações e distribuição dos produtos são feitas por um parceiro. A busca neste modelo é por provedores logísticos que tenham uma estruturação capaz de atender às demandas de entregas e que, com sua própria frota, transportem um produto de um ponto A (estoque) até um ponto B (consumidor). Atualmente, essa é uma prática que tem sido muito utilizada entre os e- commerces. 1.3 - 3PL – Third-Party Logistics A partir deste ponto veremos que a visão sobre terceirização logística e o papel do PSL passam a se complementar, demandando relações mais próximas, marcadas pela execução de diferentes tarefas pelo provedor logístico. Aqui, é reforçada a importância da colaboração entre os parceiros da cadeia logística. Em um modelo 3PL, uma empresa mantém o controle de sua gestão, terceirizando operações de transporte, armazenagem e distribuição a um provedor que pode subcontratar parte ou toda a execução. O 3PL, também conhecido como operador logístico, oferece serviços logísticos nas várias fases da cadeia de abastecimento dos seus clientes, prestando simultaneamente serviços nas três atividades básicas de controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes, agregando valor ao produto. Dessa forma, um 3PL pode ter ou não seus próprios ativos, como caminhões e armazéns, e usualmente oferece pacotes de serviços integrados, como transporte, armazenagem, cross-docking, embalagem, gestão de inventário e expedição. Lima (2004) destaca a existência de três tipos de operadores logísticos, de acordo com seus ativos: https://www.intelipost.com.br/blog/tecnologia-no-armazem-resolvendo-problemas-de-estoque/ 6 • Operadores baseados em ativos: são aqueles que se caracterizam por possuírem ou operarem ativos próprios, como veículos de transporte e armazéns. • Operadores baseados em informação e gestão: são aqueles que não possuem ativos operacionais próprios e terceirizam seu know-how no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Alinham seu conhecimento em sistemas de informação à sua capacidade analítica, propondo soluções de inteligência logística aos seus clientes. • Operadores híbridos: são aqueles que possuem ativos próprios, mas também subcontratam ativos de terceiros. São conhecidos como híbridos por oferecem aos seus clientes tanto serviços físicos quanto de gerenciamento. Ao contratar um 3PL, o cliente contará com toda a experiência adquirida do provedor, por trabalhar para váriosclientes em diversas frentes, além do uso de tecnologias específicas, como sistemas de transporte e gerenciamento de armazém. Vejamos alguns serviços que podem ser executados por um operador logístico: • Gerenciamento de armazém; • Consolidação de carga; • Sistemas de informação; • Emissão/processamento de pedidos; • Serviços de importação/exportação; • Retorno de fretes; • Montagem ou instalação de produtos ou kits; • Operação ou gerenciamento de frota, negociação de frete e seleção de transportadores. 7 Figura 3 – Você consegue imaginar a logística colaborativa em um modelo 3PL? Crédito: Tynyuk/Shutterstock. Vamos tomar como exemplo um operador que oferece serviços de armazenagem e gestão de estoques. Então imagine o seguinte: o terceirizado tem a guarda do estoque; ele controla as entradas e saídas de matéria-prima e produto acabado de uma empresa, emite relatórios que permitem o monitoramento de demanda, ressuprimento, giro de estoque e ele mesmo informa os fornecedores sobre novos pedidos, controla os itens a serem expedidos para clientes, e sua contratante se preocupa apenas com as atividades condizentes com seu core business. Nesse exemplo percebemos que o provedor pode colaborar com sua expertise e sua inteligência logística, propondo alteração de quantidades de ressuprimento, redução do tempo para novos pedidos de acordo com demanda e lead time de fornecedores, colaborando assim com a redução dos níveis de estoque, maior acuracidade do inventário e redução de produtos obsoletos, dentre outras possibilidades. O resultado dessa parceria? Redução de custos e aumento do nível de serviço entregue aos clientes! https://www.shutterstock.com/pt/g/Alexey0210 8 Figura 4 – Parceria bem-sucedida Crédito: Tynyuk/Shutterstock. Vale lembrar que nesse caso não há supervisão e controle direto dos processos, afinal de contas, trata-se de um provedor de serviços terceirizado. Garantir o controle de qualidade e de atendimento ao cliente requer alto nível de confiança e parceria entre as partes envolvidas. TEMA 2 – PROVEDORES DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS – PSL: 4PL E 5PL Estamos chegando aos níveis mais avançados nas relações com provedores logísticos. Lembrando que, à medida que vamos avançado, maior é o nível de confiança que deve haver entre a empresa contratante e o terceirizado, pois mais próximos chegamos do conceito de logística colaborativa. 2.1 - 4PL – Fourth-Party Logistics Você consegue imaginar como seria contratar um provedor logístico que realizasse o gerenciamento de todas as atividades logísticas de sua empresa, desde a escolha dos fornecedores até os serviços de distribuição física? O termo 4PL, também conhecido como integradores logísticos, refere-se à evolução dos prestadores de serviços logísticos, que até então eram mais focados no armazenamento e transporte. Esse modelo é ainda recente, e na maioria das vezes é representado por operadores logísticos que foram adicionando capacidades aos serviços que ofereciam. Esse modelo representa um nível mais alto de gerenciamento da cadeia de suprimentos para o cliente. Nele, o objetivo é atuar como uma interface única https://www.shutterstock.com/pt/g/Alexey0210 9 entre todos os elos da cadeia de suprimentos e a organização do cliente. A principal diferença aqui está no fato de que o PL oferece uma visão e gerenciamento mais estratégicos da cadeia de suprimentos da empresa. A Figura 5 representa o modelo 4 PL. Nele é possível perceber a relação entre os diferentes elos da cadeia logística e também que a soma dos serviços prestados pelos demais provedores logísticos estão atuando na gestão de todo este agrupamento. Figura 5 – Demonstração do modelo 4PL É importante deixarmos bem claro que, enquanto um operador logístico (3PL) participa das operações logísticas, um integrador logístico (4PL) coordena tais ações. Ele é altamente baseado em informação e possui habilidades estratégicas para operar em toda a cadeia de abastecimento. Lima (2004) ressalta que um 4PL pode gerir todas as atividades estratégicas, táticas e operacionais da cadeia de abastecimento desenvolvendo três funções básicas: • Gerenciamento da cadeia de abastecimento, o que inclui fornecedores e operadores logísticos. • Gerenciamento, integração e coordenação dos vários prestadores de serviços logísticos que são contratados pelo 4PL. • Reengenharia dos processos da cadeia de suprimentos para assegurar que eles sejam constantemente eficazes e eficientes, otimizando recursos e reduzindo custos. É importante que o integrador logístico tenha compreensão dos processos relacionados com a gestão colaborativa, uma vez que a colaboração com clientes e parceiros será essencial para coordenar as operações. Outro ponto importante é que essa colaboração permita a transferência de informações sobre 10 a demanda do mercado para os fornecedores, com processos de oferta e demanda bem sincronizados. Nesse formato, confiança e compromisso se tornam os elementos centrais da gestão colaborativa da cadeia de suprimentos. 2.2 – 5PL – Fifth-Party Logistics Figura 6 – Alta tecnologia Crédito: Sergey Nivens/Shutterstock. Você provavelmente já deve ter ouvido falar em blockchain, Big Data e IOT. Esses três termos representam inovações tecnológicas que vêm sendo incorporadas aos processos de gestão logística. É nesse sentido que o 5PL atua, fornecendo soluções logísticas inovadoras para o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos ideal. Os provedores de 5PL buscam obter eficiência e maior valor desde o início da cadeia de suprimentos até o fim, por meio do uso de tecnologias, robótica e automação. Conforme falamos no início da aula, a logística vem se transformando de acordo com a demanda do mercado: o 5PL é mais um exemplo disso! Você já parou para pensar no quanto as operações de e-commerce mudaram a forma de se fazer logística? Entregas muito mais pulverizadas, foco no consumidor final, prazos de entrega reduzidos, logística de distribuição urbana com entregas de pequenos volumes e o desafio maior, o omnichannel, que permite que o cliente compre on- line, por exemplo e retire seu produto em uma loja física. Como gerir toda essa cadeia logística pautada no e-commerce? Esse último nível de provedores vem para auxiliar operações de e- commerce nessa gestão, com foco na tecnologia, buscando recursos que 11 otimizem a operação e tragam redução de custos. Os 5PLs são contratados por essas empresas para a análise e gestão dos trabalhos dos 3PL e 4PL, vislumbrando soluções mais eficientes e de menor custo para os e-commerces. TEMA 3 – CDs COMPARTILHADOS OU CENTRO DE LOGÍSTICA COMPARTILHADO (CLC) Figura 7 – Integração Crédito: Tynyuk/Shutterstock. Para que possamos compreender melhor nosso terceiro tema, vamos conhecer dois conceitos distintos que, somados, irão nortear nossa aprendizagem a respeito dos CDs compartilhados ou Centro de Logística Compartilhado. Vejamos: https://www.shutterstock.com/pt/g/Alexey0210 12 Quadro 1 – Economia colaborativa e Centros de distribuição A ideia da economia colaborativa é fazer com que empresas que possuem necessidades e interesses em comum possam dividir ou trocar produtos e serviços. No caso de um centro de distribuição, se uma empresa possui espaço disponível em seu armazém, e outra necessita de espaço para guardar seus produtos, poderá existir uma união de esforços e compartilhamento do local, tornando-se assim em um centro de distribuição compartilhado ou centro de logística compartilhado. Essa definição é dada para empreendimentos capazes de atender à demanda de diferentes empresas, e se tornou viável com a popularização da internet e das plataformas digitais, vindo ao encontro das premissas da logística colaborativa. 3.1Centro de Distribuição Compartilhado Trata-se de um centro de distribuição onde é realizada a armazenagem, gestão do estoque, entradas e saídas de produtos e, consequentemente, o manuseio para o envio do produto para diferentes clientes. Até aí, nada de diferente, não é mesmo? A grande diferença para um centro de distribuição comum está no fato de que o espaço físico é compartilhado por diferentes empresas, que podem até mesmo serem concorrentes, com vistas à redução de custo de transporte e armazenagem. Para empresas que não possuem a cultura do compartilhamento de recursos, a ideia pode trazer insegurança por sua maior complexidade, mas 13 o avanço da tecnologia e o uso de plataformas digitais vem para facilitar e otimizar estes processos. 3.2 Benefícios de um Centro de Distribuição Compartilhado A principal vantagem do uso desse recurso está na redução ou compartilhamento do custo de aluguel, uma vez que os custos são rateados entre os usuários. Tal redução permite que a empresa invista em sua operação logística e possa, por exemplo, contratar outros centros de distribuição em outras localidades, potencializando ainda mais a distribuição de seus produtos, com uma capilaridade otimizada. Vamos entender melhor estes benefícios: • Redução de custos: além de compartilhar o espaço, as empresas dividem as contas dos custos fixos, como salários dos funcionários, aluguel, armazenamento, limpeza e conservação do ambiente, e das variáveis, como energia, água, pagamento de sistemas de informação e seguros. • Facilidade no escoamento de produtos: espaços com localização mais privilegiada, como aeroportos, por exemplo, costumam ser mais caros; nesse sentido, a divisão das contas entre as empresas diminui o valor agregado ao produto dos custos de transporte e armazenagem. • Agilidade nos processos: além de garantir mais flexibilidade e agilidade para os processos de armazenagem, empresas que compartilham CDs podem contar com o conhecimento e experiência de profissionais aptos a resolver os mais diferentes problemas e ainda a propor melhorias em processos já existentes. • Aumento da rentabilidade: a redução dos custos fixos e variáveis aumentam as chances de a organização ter uma maior rentabilidade. Acabamos de conhecer mais um exemplo de logística compartilhada, em que a colaboração entre empresas pode trazer redução de custos, melhorias nos processos e diferencial competitivo. No entanto, sabemos que compartilhar recursos pode ser algo bastante difícil, dependendo dos valores que norteiam cada empresa. Vamos analisar, então, algumas dicas para que essa colaboração seja bem-sucedida. 14 Figura 8 – Colaboração bem-sucedida Crédito: Tynyuk/Shutterstock. • Ao elaborar um projeto de um Centro de Distribuição Compartilhado, é essencial que a organização e seus profissionais estejam alinhados com a mudança. • Investir em treinamentos e palestras podem ser boas saídas para que sócios e colaboradores entendam o novo modelo. • Quebrar o paradigma de que a empresa próxima é uma concorrente e vê- la como uma grande aliada que pode, inclusive, cooperar com a sua operação. TEMA 4 – CONDOMÍNIOS LOGÍSTICOS Aos iniciarmos nosso quarto tema, precisamos ter em mente algumas questões. A primeira é que a logística dos dias atuais demanda dos produtores estarem cada vez mais próximos de seus fornecedores e dos consumidores finais, com o objetivo de garantir redução dos prazos de entregas e redução de custos. O segundo ponto é que a dinâmica, em especial a dos grandes centros urbanos, vem mudando. A partir dos anos 1990 percebemos um movimento de cidades que aderiram à instalação de polos industriais, usualmente localizados em áreas periféricas, com fácil acesso a rodovias, portos e aeroportos, mas também com o objetivo de retirar das áreas centrais veículos de maior porte. O terceiro e último ponto é a própria logística colaborativa: cada vez mais as empresas têm buscado colaborar entre si para redução de custos e diferencial https://www.shutterstock.com/pt/g/Alexey0210 15 competitivo, e uma das formas de colaboração é o compartilhamento de recursos. Tais mudanças geraram uma nova demanda: a dos condomínios de apoio logístico em áreas industriais. Então que tal conhecermos um pouco mais a respeito? 4.1 Conceituando os Condomínios Logísticos Figura 9 – Condomínio logístico Crédito: NetVideo/Shutterstock. A ideia central dos condomínios logísticos é concentrar em uma região próxima aos grandes centros urbanos uma estrutura que suporte o recebimento de alto volume de cargas a serem distribuídas pelo país. Muitas empresas especializadas em armazenamento, transportes, fretes e todas os processos envolvendo a área de logística instalam-se no condomínio logístico, com o propósito de oferecer aos seus clientes facilidades em suas operações. Condomínio logístico pode ser conceituado, ainda, como uma estrutura flexível, composta por diversos armazéns situados no mesmo espaço com o objetivo de oferecer uma infraestrutura de serviços compartilhados, integração logística, redução de custos nos estoques, instalações e processos. Tais espaços podem ser compartilhados por operadores logísticos, transportadoras, indústrias e varejistas, atendendo às necessidades de armazenagem e distribuição (Kimimoto; Relva; Reame Junior, 2015). https://www.shutterstock.com/pt/g/NetVideo 16 As grandes companhias são os principais clientes dos operadores logísticos usuários de condomínios, pois buscam posicionar seus estoques próximo ao mercado consumidor, na região de influência do condomínio. E dentre os principais setores atraídos por estas operações destacam-se: eletroeletrônico e computação, comércio varejista, higiene, limpeza e cosméticos, automotivo e alimentos e bebidas. Dentre as atividades mais realizadas em condomínios estão a armazenagem, controle de estoques, o cross-docking, consolidação de carga e gestão de transportes. Santos et al. (2018) destacam três tipos de condomínios logísticos: armazéns, cross-docking e industrial. • Armazéns: são galpões modulados projetados especialmente para armazenagens, e indicados para operadores logísticos e atacadistas. • Cross-docking: galpões projetados apenas para movimentação de cargas, pois as mercadorias chegam de acordo com a demanda dos clientes e são imediatamente processadas e encaminhadas, eliminando assim, a necessidade de armazenamento das mercadorias. Indicado para as transportadoras. • Industrial: projetados para a implantação industrial, podendo ser customizado para atender aos diversos tipos de indústria, inclusive o de manufatura. 4.2 Vantagens dos condomínios logísticos Dentre as vantagens de se trabalhar com condomínios logísticos, Santos et al. (2018), destacam: • Localização estratégica e vantajosa: usualmente encontram-se localizados próximo aos centros urbanos e grandes centros de consumo, produção e escoamento, ficando às margens de algumas das principais rodovias, ferrovias, terminais intermodais, portos ou aeroportos de grande circulação no país, o que lhes permite um posicionamento estratégico. • Flexibilidade: podem ser montados de forma que possam atender diferentes necessidades, demandas, anseios e expectativas das empresas que farão uso das suas instalações. No caso de galpões 17 modulares, podem ser adaptados às necessidades de tamanho do armazém de cada contratante. • Comodidade: serviços adicionais podem ser oferecidos dentro da estrutura, como borracharias, oficinas mecânicas, loja de conveniência, alojamentos e até restaurantes, contando com a segurança e controle de entrada restrito para a área interna. • Facilidade na captação de mão de obra: por se tratar de um local especializado em logística, os conhecimentos adquiridos pelos profissionais são mais facilmente compartilhadosentre as organizações que fazem parte do empreendimento. • Localização e visibilidade: o condomínio torna-se referência na sua área de atuação. TEMA 5 – PLATAFORMAS LOGÍSTICAS Com a globalização, as distâncias foram encurtadas, as cadeias passaram a ser globais e empresas negociam com fornecedores e comercializam com clientes do mundo todo. Essa extensão geográfica dos elementos da cadeia logística demanda uma crescente necessidade de organização de instalações que melhorem a competividade frente aos concorrentes. Diante desse cenário, as plataformas logísticas surgem, na França, na década de 1960, como uma solução para a distribuição de atividades econômicas dentro de determinadas regiões de forma equilibrada, aumentando a velocidade de reação no desempenho rumo à adaptação da grande diversidade de demanda. Lembrando que a lógica é sempre estar mais próximo de fornecedores (entradas) e de clientes (saídas), ao menor custo possível. 5.1 Conceituando as plataformas logísticas Razzolini Filho (2012) descreve a plataforma logística como uma infraestrutura logística multimodal que conta com a possibilidade da prática da intermodalidade de transportes, oferece suporte de recursos de telecomunicações, de tecnologia de informação e apoio comercial. Tais estruturas possibilitam aproveitar a localização estratégica de determinadas regiões próximas a grandes centros consumidores. 18 Duarte e Kliemann Neto (2008) reforçam que uma plataforma logística é o local da máxima eficiência logística e da perfeita otimização dos serviços de transporte, armazenagem, distribuição e atividades correlatas, além da desburocratização e agilização das operações aduaneiras, considerando aqui os mercados globais. Deve possuir, ainda, um eficiente sistema de transporte multimodal e uma rede informatizada que conecte os diversos pontos da cadeia logística. Duarte e Kliemann Neto (2008) destacam que a plataforma logística é composta de três subzonas com funções especiais: • Subzona de serviços gerais: destinada ao uso comum, com áreas de recepção, informação, acomodação e alimentação, bancos, agência de viagens; áreas de estacionamento, abastecimento e reparos; e à empresa, com áreas de serviços de alfândega, administração e comunicação. • Subzona de transportes: agrupa infraestruturas de grandes eixos de transportes. Considerando a internacionalização de processos, é importante que a plataforma seja multimodal e possua terminais multimodais. • Subzona destinada aos operadores logísticos: permite a prestação de serviços de fretamento, corretagem, assessoria comercial e aduaneira, aluguel de equipamentos, armazenagem, transporte e distribuição. Quando nos referimos à plataforma logística, estamos pensando em uma gama de serviços oferecidos, um local com máxima eficiência logística e perfeita otimização dos serviços de transporte, armazenagem, distribuição e atividades correlatas, além da desburocratização e agilização das operações aduaneiras, nos casos de plataformas voltadas para a internacionalização. Duarte (2004) ressalta que esse modelo pode agrupar centros de distribuição, armazéns, estações aduaneiras, terminais retroportuários, portos, ferrovias e terminais rodoviários, os quais são conectados por fortes sistemas de informações, tendo como objetivo principal fazer com que produtos e serviços circulem rapidamente além das fronteiras, sejam elas nacionais ou internacionais. 19 5.2 Plataforma logística colaborativa Razzolini Filho (2012) destaca que, para o sucesso de uma plataforma logística, é preciso contar com a existência de um sistema de comunicação integrado e com um sistema de informações eficiente, a fim de minimizar erros e redundância de procedimentos, além de reduzir o tempo necessário às operações logísticas, aumentando a transparência e a segurança de processos operacionais. Essas exigências decorrem da necessidade do fluxo de informações acompanhar o fluxo físico de mercadorias. Lembrando que a integração do fluxo físico de mercadorias ocorre com base no fluxo de informações. Assim, uma plataforma logística bem planejada e adequadamente gerenciada permite a integração e a comunicação em tempo real de todos os agentes intervenientes no processo logístico, como indústrias, fornecedores, clientes, empresas importadoras e exportadoras, despachantes aduaneiros, transportadores, armazenadores, além da Receita Federal. Para melhor compreensão da colaboração entre os agentes de uma plataforma logística, vamos tomar como base um exemplo de Duarte (2004) e o modelo representado na Figura 10. Figura 10 – Sistema logístico que engloba a plataforma logística Fonte: Adaptado de Duarte, 2004. Uma empresa tem em sua entrada produtos provenientes do mercado nacional e em sua saída produtos destinados ao mercado internacional. Esses produtos deverão passar por processos como consolidação, expedição, 20 transporte, desembaraço aduaneiro e transporte até o porto embarcador para então seguir para o seu destino final. Neste caso teremos: • Segmento de entrada: mercadorias provenientes de um mercado local. • Sistema plataforma logística: processos como a armazenagem, desconsolidação, desembarque e estoque. • Sistema de saída: mercadorias com destino a outros países, com processos de consolidação, expedição, desembaraço aduaneiro e transporte. • Sistema de informação: responsável pelo gerenciamento das informações referentes ao cliente, à disponibilidade de mercadoria em estoque e ao trânsito. Esse sistema terá início no segmento de entrada, passando por todos os componentes do sistema da plataforma logística até chegar ao segmento de saída. • Sistema de transporte: responsável pela movimentação da mercadoria, desde sua entrada até sua movimentação para o segmento de saída. O exemplo demostra a importância de relacionar o fluxo de informações ao fluxo de mercadorias e a necessidade da visão sistêmica e colaborativa no processo logístico, envolvendo muitas vezes agentes que vão além da iniciativa privada, como é o caso da Receita Federal. TROCANDO IDEIAS Economia colaborativa é o conceito que prega o compartilhamento de recursos, e temos vivenciado isso até mesmo nas novas formas de nos locomover na vida pessoal. A logística vem acompanhando essas tendências criando produtos ou serviços que podem ser compartilhados por diferentes usuários. Utilize nosso fórum para trocar ideias com seus colegas a respeito das outras formas de economia colaborativa que vivenciamos em nosso dia a dia. Quer uma dica? O Uber é uma delas! NA PRÁTICA Acompanhe as orientações a seguir para realizar a atividade. 21 1. Leia a aula. 2. Leia o texto a seguir. 3. Realize a atividade solicitada. 4. Bons estudos e bom trabalho! Acesse o link a seguir e leia o texto Logística compartilhada, por que não? Em seguida, realize a atividade proposta. <https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/logistica-compartilhada-por-que- nao/>. Após realizar a leitura do texto, responda: 1. Conceitue economia colaborativa, associando-a aos conceitos estudados até agora sobre logística colaborativa. 2. Formule argumentos a respeito das vantagens do uso de recursos compartilhados em processos de armazenagem. 3. Redija uma crítica a respeito da “falta de cultura” colaborativa na logística brasileira. FINALIZANDO Nesta aula foram apresentados novos conceitos que vêm ao encontro das práticas da logística colaborativa. O outsourcing, ou terceirização, associa-se às práticas dos provedores de serviços logísticos – PSL ou simplesmente PL – que podem ir desde a escolha por processos de primarização, quando a empresa opta por realizar de forma independente todos os processos da cadeia logística, até os níveis mais avançados, 4 PL e 5PL, em que uma única empresa terceirizada realiza todaa gestão de uma cadeia completa com o auxílio de novas tecnologias. Na sequência foi apresentado o conceito de economia colaborativa, associado às novas práticas de compartilhamento de recursos, tais como centros de distribuição compartilhados, o uso de condomínios e plataformas logísticas. Vivemos um momento de muito dinamismo nos mercados, e adaptar-se às mudanças se tornou uma questão de sobrevivência. Nesse sentido, vemos uma mudança de paradigmas, do agir sozinho para o agir coletivo. Compartilhar recursos e realizar parcerias tem sido a grande jogada para o diferencial competitivo. 22 REFERÊNCIAS CIEMCIOCH, S. 3PL vs. 4PL logistics: Best definition, explanation and comparison. Warehouse Anywhere, 2018. Disponível em: <https://www.warehouseanywhere.com/resources/3pl-vs-4pl-logistics-definition- and-comparison/>. Acesso em: 09 fev. 2020. DUARTE, P. C. Desenvolvimento de um mapa estratégico para apoiar a implementação de uma plataforma logística. Tese (doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre, 2004. DUARTE, P. C.; KLIEMANN NETO; F. J. Plataforma logística: análise estratégica dos benefícios no setor conserveiro gaúcho. Produto & Produção, v. 9, n. 3, p. 27-45, 2008 KIMIMOTO, C. F.; RELVA, L. C.; REAME JUNIOR, E. Condomínios logísticos: estudo de caso Bauru Business Park. In: XXXV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Fortaleza, 2015. LIMA, L. R. R. de. A evolução dos prestadores de serviços logísticos no Brasil: o surgimento dos 4PLs. Dissertação (mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, 2004. RAZZOLINI FILHO, E. Logística empresarial no Brasil: tópicos especiais. Curitiba: Intersaberes. 2012. SANTOS, P. S. dos et al. Condomínios logísticos: armazenagem e distribuição. In: 9ª FATECLOG, Santos, 2018.
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