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FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA AMBIENTAL
NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL
Eliana Menezes dos Santos
1. Introdução ao direito ambiental
O direito ambiental é um conjunto de regras, princípios, leis e normas que aborda as
interferências humanas no meio ambiente, com o propósito de assegurar a preservação
ambiental. Isso porque os recursos ambientais são considerados pela legislação brasileira
um bem de uso comum do povo.
Neste sentido, atuar na área ambiental não requer apenas conhecimento técnico. É preciso
avaliar dados confrontando-os com normas legais vigentes e, assim, tomar a decisão mais
assertiva. O conhecimento do profissional da engenharia ambiental é parte fundamental na
tomada de decisão diante, por exemplo, de conflitos de interesse que possam surgir
mediante um problema ambiental.
As normas legais ou mesmo técnicas contribuem com o dia a dia do profissional, pois
atribuem à atividade um fator comparativo ou, até mesmo, um parâmetro de atuação. Por
isso, é importante compreender as noções gerais de Direito para dar seguimento a esse
propósito.
As leis, portanto, são criadas pelo Poder Executivo de cada esfera de governo por meio dos
representantes do povo: os vereadores, deputados e senadores. Assim, a lei consiste em
um conjunto de regras a serem seguidas para o bem da sociedade. Os decretos, por sua
vez, são criados apenas pelos chefes do executivo (presidente, governadores e prefeitos) e
buscam regulamentar o que diz a lei. São nos decretos que constam os detalhes para a
execução da lei, por exemplo.
Já as resoluções são criadas por diversas autoridades superiores, que não incluem os
chefes do executivo. Essas pessoas são responsáveis por regulamentar um assunto de
competências específica do departamento que a criou, como, por exemplo, as Resoluções
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). É importante, no entanto, que todas
essas resoluções estejam em consonância com os preceitos estabelecidos na Constituição
Federal, leis ou decretos.
As portarias são criadas pelos chefes e diretores de órgãos e tem como função instruir a
aplicação da lei. É o caso, por exemplo, das portarias emitidas pelo Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou pelo Ministério do Meio
Ambiente.
Por fim, as instruções normativas são como normas complementares a uma portaria já
criada.
1.1 Hierarquia das leis
O Direito pode ser definido como um conjunto de leis que regem a conduta de uma
sociedade, estando este conjunto pautado em uma estrutura hierárquica que define quem é
mais restritiva e qual é mais abrangente, definindo-se assim as leis superiores e as
inferiores. Riccitelli (2007) descreve que
o Direito é o elemento da ciência política e social que estuda, analisa, coordena e controla o
conjunto de leis, princípios, doutrina e jurisprudência de que se vale o poder competente (o
Estado) para atingir o bem-estar coletivo.
A lei mais importante do país é Constituição Federal de 1988, considerada a lei maior do
ordenamento jurídico nacional. Nenhuma lei que está abaixo dela pode contrariar os
pressupostos que ela estabelece: pode, apenas, complementá-la ou suplementá-la. De
maneira didática, as várias normas irão compor uma ordem similar a uma pirâmide, tendo a
Constituição Federal no topo e as demais na sequência, como podemos observar na figura
a seguir:
Figura 1 - Pirâmide com o ordenamento jurídico brasileiro
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
#PraCegoVer: A imagem apresenta as leis em estrutura similar a uma pirâmide, sendo a
Constituição Federal disposta no topo seguida das leis, decretos, resoluções e, na base, as
portarias e instruções normativas.
A importância do conhecimento dessa hierarquia está no fato que uma lei não pode ferir os
pressupostos estabelecidos na Constituição, com base no princípio da predominância do
interesse, podendo ser considerada inconstitucional. É previsto no ordenamento jurídico
brasileiro delimitações de competências entre os entes federados que a integra, essa
organização político-administrativo tem como objetivo a delimitação das ações de cada
esfera, para tanto definiu-se que alguns temas somente a União teria competência para
legislar ficando a cargo de criar as normas gerais e os Estado incumbidos de suplementá-la,
outros temas é previsto aos Estados legislar a competências residuais, ou seja não estejam
vedadas pela Constituição, já no caso dos Municípios ficaram responsáveis pelos assuntos
de interesse local. Conforme previsto na Constituição:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (EC no 19/98 e EC no 69/2012)
IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão [..]
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição. (EC no 5/95)
§ 1o São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
§ 2o Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de
gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.
Art. 30. Compete aos Municípios: (EC no 53/2006)
I – Legislar sobre assuntos de interesse local;
II – Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (BRASIL,1988).
2. L egislação ambiental
O Direito se divide em áreas, tais como constitucional, administrativo, civil, penal, comercial,
entre outras e o Direito ambiental faz parte dessa divisão. O termo meio ambiente possui na
legislação ambiental brasileira duas definições e/ou divisões. O meio ambiental natural é
composto por solo, água, ar, conforme prevê o art. 3° da Lei 6.938/81). Já o meio ambiente
artificial é aquele construído pela humanidade, como as edificações, e está estabelecido
nos arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988.
2.1 Princípios do direito ambiental
Os princípios são a base do ordenamento jurídico. Em todos os ramos do Direito há
princípios que servem como alicerce das normas jurídicas. No direito ambiental não é
diferente: muitos deles, inclusive, tiveram origem no direito ambiental internacional e,
também, dos acordos e conferências internacionais.
Os princípios basilares mais importantes do direito ambiental são:
Princípio da precaução
Teve origem após a Conferência Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, e trata da
necessidade de atuar com cautela nos casos em que ainda existam dúvidas e incertezas a
respeito do dano que determinado impacto possa causar em função do exercício de uma
atividade.
Princípio da prevenção
Tem como objetivo impedir ou ao menos reduzir os danos causados por ocorrência de
poluição, pois existe comprovações cientificas acerca do risco certo, concreto e conhecido
de dano inerentes a certas atividades humanas.
Princípio do poluidor-pagador
Tem como objetivo internalizar as externalidades provocadas por alguma atividade
empresarial, a fim de minimizar ou mitigar os impactos negativos dela decorrente. Esse
princípio requer atenção, pois aqui não se tem a intenção de criar direito de poluir, apenas
tem intenções preventivas do dano. Portanto, o princípio do poluidor-pagador pode ser
compreendido como a obrigação de internalizar os custos ambientais na produção e que
eles não sejam repassados a sociedade. O princípio de poluidor-pagador e do
usuário-pagador são citados no art. 4, parágrafo 7 da Lei 6.9838/81, que impõe ao poluidor
e ao predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, a
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Princípio do usuário-pagador
Impõe valor ao recurso ambiental com o intuito de usá-lo de forma racional, evitando o
desperdício. Um bom exemplo é o pagamento pelo uso da água, por meio da emissão de
outorga, como previsto no art. 5, parágrafo 4 da Lei 9.433/97.
Princípio do protetor-recebedor
É o inverso do princípio do poluidor-pagador e consiste no recebimento de incentivos
públicos ou privados pelos serviços ambientais de preservação. Segundo Amado (2014), é
necessária a criação de benefícios em favordaqueles que protegem o meio ambiente com o
desiderato de fomentar e premiar essas iniciativas.
Princípio do desenvolvimento sustentável
Tem como objetivo integrar os aspectos econômicos, sociais e ambiental, utilizando os
recursos sem esgotá-los de forma a garanti-los às futuras gerações.
Princípio do limite
Entende-se como o estabelecimento de padrões de emissões que deve ser imposto pelo
Estado aos emissores, conforme previsto no art. 225, inciso I, parágrafo 5, da Constituição
Federal.
Princípio da responsabilidade
Busca responsabilizar os culpados pelo dano causado, de forma a arcar com os custos de
reparação ou compensação da degradação que provocaram no meio ambiente, conforme
previsto no parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal e no art. 14, parágrafo 1º da Lei
nº 6.938/1981, que estabelece o poluidor é obrigado, independentemente da existência de
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente.
Princípio participação comunitária ou cidadã
É entendido como o direito dos indivíduos na participação da tomadas de decisão em
matéria ambiental. Segundo Frederic (2013), as pessoas têm o direito de participar
ativamente das decisões políticas ambientais, em decorrência do sistema democrático
semidireto, uma vez que os danos ambientais são transindividuais.
Princípio da natureza pública
É o dever que o poder público tem de promover a proteção ambiental, segundo
estabelecido no art. 225 da Constituição Federal de 1988.
3. Legislação ambiental: poluição
Na Política Nacional de Meio Ambiente, o termo poluição está atrelado definido como
a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que diretamente ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
É importante conhecer o termo degradação da qualidade ambiental, de acordo com art. 3,
parágrafo III da Lei 6938/81, considera-se uma alteração adversa das características do
meio ambiente, no caso do termo poluição podemos entender como conceito mais
específico e pontual.
Na ocorrência de um impacto negativo e geração de poluição o autor do feito poderá ser
responsabilizado nas três esferas (administrativa, civil e penal) que são independentes entre
si. Conforme estabelecido no art. 225, inciso 3, da Constituição Federal:
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados (BRASIL,1988).
Portanto, na sanção administrativa poderá incorrer multa, advertência, embargo de obras
entre outros. No caso da responsabilização civil ambiental o poluidor será obrigado a
reparar o dano independente do fato de ainda não ter sido comprovado a culpabilidade do
ato danoso, nesse contexto pode-se exigir a reparação do dano por qualquer dos
responsáveis do empreendimento, caso haja mais de um, que inclui a chamada
responsabilidade solidaria ou tríplice responsabilidade, podendo ser composta pelo
empreendedor, Estado e/ou profissional de meio ambiente.
A responsabilidade penal, por sua vez, consiste em penalidades privativas de liberdade,
restritiva de direitos e multa para pessoa física e para os casos de pessoa jurídica são
previstos multa, suspensão de atividades, interdição, proibição de contratar ou obter
contribuições do Poder Público, entre outros. Amado (2014, p.632) explica que
considerando que a atuação da pessoa jurídica ocorre por intermédio das pessoas físicas
que a presentam, o STJ não vem acatando denúncia por crime ambiental apenas contra o
ente moral, pois “excluindo-se da denúncia a pessoa física, torna-se inviável o
prosseguimento da ação penal, tão somente, contra a pessoa jurídica. Não é possível que
haja a responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física, que age com
elemento subjetivo próprio”.
Imagine, por exemplo, uma pessoa que adquire um terreno com árvores e resolve
removê-las para a construção de uma casa. Ela tem autorização regulamentada pelo
licenciamento, mas incorre em uma degradação amparada pela legislação, pois a
documentação adquirida nos órgãos competentes permitiu a remoção da vegetação dentro
de padrões legalmente estabelecidos, ausentando assim, o portador da licença a
responsabilidade administrativa ou criminal de agente causador do impacto. Segundo
Amado (2014), mesmo a poluição licenciada não exclui a responsabilidade civil do poluidor,
na hipótese de geração de danos ambientais, pois esta não é sancionatória, e sim
reparatória.
Nota-se que as ações humanas geram impactos em suas mais diversas atividades e que
para tanto se faz necessário observar as legislações vigente, para reduzir os danos
provocados no meio ambiente e atender aos padrões estabelecidos pelo poder público com
vistas a capacidade de suporte do meio ao qual o impacto ocorrerá. Nesse sentido, o
licenciamento ambiental é considerado um instrumento relevante para a gestão pública e o
cumprimento do controle, fiscalização e proteção do meio ambiente.
Vamos, então, estudar algumas das leis mais importantes do direito ambiental.
3.1 Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981
A referida legislação criou, em 1981, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA),
composta por princípios, objetivos gerais e específicos, definições e instrumentos. Seu
objetivo geral é a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia
à vida. Neste sentido, estabeleceu, em seu conteúdo, diversos instrumentos como o
estabelecimento de padrões de qualidade, zoneamento ambiental, Avaliação de Impactos
Ambientais (AIA), licenciamento, penalidades administrativas, cadastro técnico federal e
instrumentos econômicos.
O estabelecimento de padrões de qualidade são fundamentais para garantir o cumprimento
da lei vigente, também é indispensável para a prevenção de poluição por meio de
mecanismos de comando e controle. De acordo com Frederic (2013, p.127) é possível a
edição de padrões de qualidade de acordo com cada recurso natural isoladamente, a
exemplo do ar.
O instrumento de padrões de qualidade, anteriormente mencionado, não contempla a
aplicação pratica, ficando este a cargo das Resoluções Conama e Decretos suplementar de
cada ente federativo, nos casos de situações que se exigia aspectos mais restritivos.
Lembrando sempre da necessidade de harmonia entre as normas.
É importante destacar que a PNMA criou e regulamentou o Sistema Nacional de Meio
Ambiente (Sisnama), composto pelo órgão superior o Conselho de governo, o órgão
consultivo e deliberativo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), o órgão central
denominado Ministério de Meio Ambiente, órgão executores o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além dos órgão seccionais de cada Estado e os
órgãos locais municipais.
3.2 Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998
Conhecida também como Lei de Crimes Ambientais, a normativa dispõe sobre sanções
penais e infrações administrativas, tendo como principal objetivo a reparação do dano
ambiental. A lei é considera um importante marco na legislação brasileira, com ela as
infrações foram claramente definida, permitiu que a responsabilização da pessoa jurídica e
quando esta representar um impedimento para o ressarcimento dos prejuízos causados ao
meio ambiente, a lei traz a possibilidade da desconsideração da personalidade jurídica
permitindo que o crime possa ser imputado as pessoas físicas responsáveis pela empresa
que provou o dano. Conforme apresentado no art. 3 da Lei 9.605/98:
As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme
disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual,ou seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, coautoras ou participes do mesmo fato (Brasil,1998).
A norma traz as infrações elencadas em cinco diferentes categorias, crimes contra a Fauna
do arts. 29 a 37, crimes contra a Flora do arts. 38 a 53, na seção III - Da Poluição outros
Crimes Ambientais composto pelos arts. 54 a 61, Crimes contra o Ordenamento Urbano e o
Patrimônio Cultural do arts. 62 a 65, Crimes contra a Administração Ambiental arts. 66 a 69.
É importante ressaltar que todos os artigos que compõem essa Lei são relevantes,
entretanto o profissional de meio ambiente deve atentar-se para os artigos que constituem a
seção III – Da Poluição e outros Crimes Ambientais, pois nesse trecho da lei estão descritos
as infrações cometidas por ausência ou ineficiência de controles ambientais em sistemas de
produção, tais como lançamento de residuos sólidos ou líquidos em desacordo com a
legislação vigente, lembrando que é nesse ambiente em que se encontrará alocado no dia a
dia.
3.3 Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009
Criou a Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), composta por princípios,
objetivos, diretrizes e instrumentos. A lei elenca os princípios da precaução, da prevenção,
da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e das responsabilidades comuns.
A PNMC é diferente das demais normas do ordenamento jurídico brasileiro, pois ela
representa uma ação voluntária do Brasil, pois este não compõem a lista de países que
deverão realizar a redução de suas emissões de gases do efeito estufa, conforme consta no
Anexo I do Acordo das Nações Unidas, assinado em integrantes do anexo I do Protocolo
Kyoto.
3.4 Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010
Instituiu a Política Nacional de Residuos Sólidos (PNRS), composta por princípios,
objetivos, instrumentos, diretrizes metas e ações que visam a gestão integrada e o
gerenciamento do resíduo sólido, não se aplicando aos rejeitos radioativos por possuírem
norma própria.
A lei trouxe inovação ao ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o conteúdo do
art. 6, parágrafo 7, que regulamenta a responsabilidade compartilhada entre poder público,
setor empresarial e sociedade pela destinação do resíduo.
Figura 2 - Pilha de resíduos em solo
Fonte: Nokuro, Shutterstock (2020).
#PraCegoVer: A imagem mostra uma pilha de resíduos em processo de decomposição
descartado em um terreno, sem o devido tratamento.
Outra novidade está no art. 7, parágrafo 2, que prioriza a não geração de resíduos e, caso
não seja possível, a redução dessa quantidade, de forma a garantir a reutilização, a
reciclagem, o tratamento e a disposição em solo. As etapas recomendadas pela PNRS são
subsidiadas por leis e resoluções distintas, tais como:
 Resolução Conama 401/2008
descarte de pilhas e baterias;
 Resolução Conama 452/2012
controle de importação de resíduos perigosos;
 Decreto 96.044/1988
transporte de produtos perigosos;
 Decreto 5.940/2006
Separação e destinação de recicláveis em instituição pública;
 Resolução Conama 358/2005
Tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde;
 Resolução 420 da Agência Nacional de Transporte Terrestre
Regulamenta transporte terrestre de produtos perigosos
4. Legislação ambiental: recursos naturais
Entende-se por recurso natural todo os elementos encontrados na natureza e são
essenciais para sustentar a vida. As principais legislações que os envolvem são:
4.1 Lei 12.651, de 25 de maio de 2012
O antigo Código Florestal era regido pela Lei 4.771/65 que, em 2012 foi substituído pela Lei
12.651, considerado o atual e atual Código Florestal. É essa legislação que dispõe sobre a
proteção da vegetação nativa, classificando os espaços territoriais especialmente
protegidos como:
Amazônia Legal;
Área de Preservação Permanente (APP);
Reserva Legal (RL);
Áreas de Uso Restrito.
É preciso atentar-se que as APP são faixas marginais de qualquer curso d’agua, mesmo
que a vegetação tenha sido removida por qualquer motivo ainda será considerada APP. O
Código Florestal delimitou em seu art. 4, parágrafo 1, a largura que mínima de vegetação
para cada tamanho dos corpos hídricos. Os tipos de APPs são faixas marginais, áreas de
entorno de nascente, encostas, restingas, manguezais, topos de morros entre outros.
4.2 Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), também conhecida como Lei das Águas,
tem por objetivo assegurar a disponibilidade de água às futuras gerações, a utilização
racional e integrada dos recursos hídricos e trabalhar na prevenção e defesa contra
estiagens ou uso indevido do recurso natural. A lei estabelece fundamentos essenciais que
contribuem para gerenciamento do recurso, conforme art.1 da Lei 9.433/97:
I – a água é um bem de domínio público;
II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano
e a dessedentação de animais;
V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades (BRASIL, 1997).
O gerenciamento descentralizado expresso na PNRH permite uma melhor participação de
todos os envolvidos no uso do corpo hídrico, essa premissa tornou a lei moderna dotada de
conceitos de sustentabilidade e participação equilibrada, no qual os integrantes dos comitês
e bacias hidrográficas podem atuar, mesmo com interesse distintos, escolhendo de forma
democrática o uso mais assertivo que será dado ao recurso.
É importante ressaltar que a gestão dos comitês é pautada nos instrumentos da própria
Política Nacional de Recursos Hídricos, expressos no art. 5, dentre eles podemos destacar
a outorga e a cobrança pelo uso da água. A outorga tem por objetivo assegurar o controle
quantitativo e qualitativo dos usos da água, evitar conflitos de interesse entre os usuários do
recurso e ao mesmo tempo garantir o direito de acesso à água.
A outorga é emitida pelo órgão gestor do recurso do estado ao qual o corpo hídrico se
encontra localizado, nos casos que o rio pertença a mais de um estado a autorização será
emitida pela Agencia Nacional das Águas – ANA, pois este recurso natural estará
enquadrado como bem de domínio da União. Os usos que dependem de outorga estão
elencados no art.12 da lei 9.433/97:
derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para consumo
final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo;
Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados
ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um
corpo de água.
O instrumento denominado cobrança pelo uso da água tem por objetivo reconhecer a água
como um bem dotado de valor econômico e dessa forma incentivar o uso racional, além de
obter recurso financeiro a ser aplicado nos planos de recurso hídricos.
4.3 Lei 10.295, de 17 de outubro de 2001
Também conhecida como Lei de Eficiência Energética reflete uma preocupação brasileira
em alocar recurso de forma eficiente na produção de energia. Trata-se de um instrumento
normativo que traz a obrigatoriedade de o poder executivo estabelecer níveis máximos de
consumo de energia ou mínimos de eficiência energética. A lei foi regulamentada
primeiramente pelo Decreto 4.059, de 19 de dezembro de 2001, e revogado pelo novo
Decreto 9.864, de 27 de junho de 2019
Coube ao Decreto que regulamentou a Lei de Eficiência Energética a instituição de um
Comitê Gestor de Indicadores e Níveisde Eficiência Energética, com função deliberativa e
que é composto por representantes do Ministério de Minas e Energia, Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e
Competitividade do Ministério da Economia, Agência Nacional de Energia Elétrica, Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e sociedade civil.
É imprescindível a gestão dos recursos energéticos do país, sendo necessário a adoção de
medidas que possibilitem realizar o mesmo trabalho com uso menor de energia, é
importante conhecermos as variáveis mais significativas que impactam no consumo de
energia do país, para que ações como criação e implantação de políticas públicas e
investimento de recursos possam ser realizadas.
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
● conhecer as noções e conceitos preliminares utilizados em vários ramos do Direito,
tais leis, decretos, portarias e instrução normativa;
● aprender sobre a hierarquia das leis e como elas podem influenciar no cotidiano e no
controle de padrões de qualidade, quando aplicadas de forma incorreta;
● compreender alguns dos princípios basilares do direito ambiental que são
fundamentais para o ordenamento jurídico e orientam o dia a dia e a tomada de
decisão do profissional de meio ambiente;
● estudar sobre a responsabilidade solidaria ou tríplice responsabilidade e sua
repercussão em todos os envolvidos em dano ambiental;
● compreender algumas das leis da esfera federal que norteiam a criação de leis
estaduais ou municipais e todas devem estar em harmonia.

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