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APLICAÇÃO E ANÁLISE DE UMA ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
BUCAL PARA IDOSOS 
 
APPLICATION AND ANALYSIS OF AN ORAL HEALTH EDUCATION ACTIVITY FOR 
ELDERLY 
 
Vera Lúcia Ribeiro de Carvalho1, Arthur Eumann Mesas2, Selma Maffei de Andrade3 
 
 
1 
Especialista e mestranda em Saúde Coletiva, bolsista da CAPES, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de 
Londrina. 
2 
Mestre em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. 
3 
Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina. 
 
* Artigo baseado em monografia do curso de Especialização em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina. 
Correspondência: Vera Lúcia Ribeiro de Carvalho (veracarvalho11@hotmail.com). 
 
Resumo 
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de aplicar e analisar uma atividade de educação em 
saúde bucal para idosos. A população de estudo foi composta por pessoas com idade entre 60 a 74 
anos, inscritos no Programa Saúde da Família de um bairro do município de Londrina (PR). Os idosos 
participaram de palestra e atividade prática, que tiveram como tema a prevenção de doenças bucais, 
com a realização de escovação orientada e auto-exame bucal. Após 20 dias, os idosos responderam, 
em visitas domiciliares, a um formulário contendo questões sobre avaliação da atividade educativa, 
autopercepção da saúde bucal, além de variáveis sócio-econômicas e de identificação. Participaram 
do estudo 73 idosos, sendo 57,5% mulheres e 68,5% com menos de quatro anos de escolaridade. 
Foram identificados 83,6% de idosos que nunca haviam participado de atividades educativas. Todos 
os participantes desta atividade acharam importante ensinar o que aprenderam para outras pessoas, 
91,8% declararam que conseguiriam ensinar o que aprenderam e 94,5% referiram ter melhorado 
seus cuidados com a boca. Quanto à autopercepção, cerca de 75% consideraram sua saúde bucal 
positiva ou regular. Pode-se dizer que a educação em saúde bucal voltada para idosos deve respeitar 
particularidades do envelhecimento, como por exemplo, tempo maior para aplicações práticas e fala 
mais lenta e pausada em palestras. Considerando a baixa escolaridade e a acuidade visual reduzida, 
deve-se priorizar o uso de imagens em relação a textos. Para maior adesão às atividades práticas em 
atividades educativas, deve-se garantir maior privacidade ao idoso. A educação em saúde bucal 
voltada para idosos deve ser desenvolvida e ampliada, considerando as necessidades desse grupo 
populacional, além da possibilidade de se tornarem importantes disseminadores das informações. 
Descritores: Educação em saúde; Saúde bucal; Idoso; Auto-imagem. 
 
Abstract 
This investigation was developed aiming to apply and to analyze an oral health education activity to 
elderly people. The study population was composed of people between 60 and 74 years of age, 
enrolled in the Family Health Program, Londrina, PR, Brazil. These older adults participated in an 
activity about prevention of oral illnesses, including guided teeth brush and oral auto-examination. 
After 20 days, the elderly answered, during domiciliary visits, questions to evaluate the educative 
activity, as well as questions about their self-perception of oral health, socioeconomic variables and 
identification. A total of 73 elderly participated in the study, being 57.5% women and 68.5% with less 
than 4 years of scholar instruction. It was identified that 83.6% of the elderly had never participated on 
oral health instructions activities. All the participants of this educational activity considered important to 
teach other people what they had learned, 91.8% declared that they would be able to teach what they 
had learned and 94.5% reported that they had become more careful with their mouth. About self-
perception issue, 75% considered their oral health good or regular. It can be said that education on 
oral health directed to elderly must respect particularities of the aging, providing more time for practical 
applications and speaking slowly and gradually in lectures. Considering the low education and the 
reduced visual acuity of the elderly, the use of images must be prioritized instead of texts. In order to 
increase adhesion to the practices developed during educative activities, privacy must be guaranteed 
to the elderly. This type of educational activity must be developed and extended, considering the 
elderly needs and their potentiality to become important disseminators of the information. 
Keywords: Health education; Oral Health; Aged; Self concept. 
 Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.2, p.1-7, jun.2006 
www.ccs.uel.br/espacoparasaude 
1
mailto:leilaf@click21.com.br
Educação em saúde bucal para idosos 
INTRODUÇÃO 
 
A população no Brasil, assim como em outros 
países do mundo, está envelhecendo. Como 
idosos, nesse país, consideram-se os 
indivíduos com mais de 60 anos1, que 
compõem hoje o segmento populacional que 
mais cresce em termos proporcionais. No 
município de Londrina – PR, a população de 
60 anos ou mais representa cerca de 9,7% de 
aproximadamente 450 mil habitantes.2
Por muitos anos, até a década de 60, o 
tratamento odontológico para todas as faixas 
etárias baseava-se na extração dos dentes. 
Em seguida, muito se investiu em tratamentos 
curativos e, no final do século XX, preocupava-
se com a prevenção. Para o século XXI, saúde 
bucal não é apenas a concepção de dentes 
preservados, mas sim o que faz aumentar a 
qualidade e a expectativa de vida das 
pessoas.3 
Ações de promoção de saúde como, por 
exemplo, a educação em saúde, visam 
proporcionar aos indivíduos conhecimentos 
que lhes permitam atingir saúde e, 
conseqüentemente, qualidade de vida. 
Segundo Rezende4, toda ação educativa que 
propicie a formulação de hábitos e aceitação 
de novos valores é um instrumento de 
transformação social que permite o 
desenvolvimento do comportamento em 
relação à saúde. 
O Ministério da Saúde apresentou em 2004 os 
resultados de um levantamento epidemiológico 
das condições de saúde bucal dos brasileiros, 
denominado SB Brasil 2003, sendo 
considerada a faixa etária de 65 a 74 anos 
para a apresentação das informações 
referentes à população idosa. Quanto à 
prevalência de cárie, observou-se que, devido 
ao caráter cumulativo do índice CPO-D 
(dentes cariados, perdidos e obturados), esta 
faixa etária apresenta seqüelas importantes, 
pois mais de 60% apresentam o índice igual a 
32, sendo que o componente perdido é 
responsável por quase 93% do índice neste 
grupo.5 
O elevado número de edêntulos mostra um 
reduzido efeito das formas de planejamento da 
atenção à saúde bucal que acontecem de 
maneira excludente, e que as medidas para se 
evitar esta condição inexistiram ou 
fracassaram integralmente.6
É evidente que as necessidades do tratamento 
curativo dos idosos, relacionadas ao 
edentulismo, à falta de elementos dentários, à 
cárie dental, às abrasões e à doença 
periodontal7, continuam a ser uma realidade e 
não devem ser postas em segundo plano. No 
entanto, a manutenção da saúde bucal e o 
não surgimento de novos casos de doenças, 
somente serão possíveis com a co-
participação do paciente, apoiado por uma 
equipe de saúde bucal preparada para além 
de educá-lo, conscientizá-lo sobre a 
importância de seu engajamento nos 
programas de saúde.8 
Esta pesquisa tem como objetivo aplicar e 
avaliar uma atividade de educação em saúde 
bucal para idosos. 
MÉTODO 
 
Trata-se de um estudo descritivo com coleta 
de dados realizada no período de outubro a 
dezembro de 2005 no município de Londrina, 
PR. A pesquisa foi feita em duas etapas. A 
primeira consistiu na realização de uma 
atividade educativa, e a segunda após 20 dias, 
na aplicação de formulário para avaliação 
dessa atividade e da autopercepção bucal. 
A população de estudo foi constituída por uma 
amostra de conveniência, considerada em 
recente levantamento das condições de saúde 
bucal dos idososdo conjunto habitacional Ruy 
Virmond Carnascialli.9 Foram considerados 
como critérios de inclusão a idade entre 60 e 
74 anos e estar inscrito no Programa Saúde 
da Família (PSF) na área de abrangência de 
uma das equipes de saúde da família, da 
Unidade Básica de Saúde (UBS) local. Foram 
excluídos indivíduos com alta dependência 
funcional. 
A listagem inicial continha dados de 
identificação de 267 idosos, os quais foram 
convidados, por intermédio dos agentes 
comunitários de saúde (ACS), a participarem 
de uma atividade de educação em saúde 
bucal. Para um melhor aproveitamento, foram 
organizados grupos de no máximo 30 idosos. 
Cada sessão foi ministrada pela autora deste 
estudo e tinha o seguinte conteúdo 
apresentado em slides: introdução e 
comentários iniciais, principais alterações 
bucais em idoso, técnica de auto-exame bucal, 
técnica de higienização, comentários finais e 
esclarecimento de dúvidas. 
Os idosos que participaram dessa atividade 
foram incentivados a tirar suas dúvidas, 
receberam escova dental e dentifrício, e foram 
convidados a realizar na prática o auto-exame 
Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.2, p.1-7, jun.2006 
www.ccs.uel.br/espacoparasaude 
 
2
Carvalho VLR, Mesas AE, Andrade SM 
e a higienização, orientados por dentista ou 
técnico de higiene dental (THD) devidamente 
treinado. Como recursos materiais foram 
usados retro-projetor, macros modelos da 
cavidade bucal, três escovódromos (cada um 
contendo duas pias e dois espelhos) os quais 
foram cedidos pelo Serviço Social do 
Comércio SESC - Londrina. 
Após o período de um mês, os idosos que 
compareceram à atividade foram visitados em 
suas casas por alunos do curso Técnico em 
Higiene Dental – THD – os quais não haviam 
participado da orientação na atividade 
educativa, para que respondessem a um 
formulário contendo informações sobre as 
seguintes variáveis: sexo, idade, escolaridade 
(anos de estudo), autopercepção de saúde 
bucal (GOHAI), e avaliação da prática 
educativa. 
Para avaliação da autopercepção foi utilizado 
o “Geriatric Oral Health Assessment Index” 
(GOHAI) de Atchison e Dolan10 obtido a partir 
de 12 questões que, de acordo com as 
respostas “sempre”, “às vezes” ou “nunca”, 
permite identificar a freqüência com que 
idosos verificaram ocorrência de problemas 
bucais nos últimos três meses. A 
categorização ocorre de acordo com a soma 
dos pontos obtidos em cada questão, sendo 
que quanto maior o valor, melhor a condição 
de saúde bucal referida pelo idoso. Foram 
consideradas as categorias: positiva (36-34), 
regular (33-30) e negativa (menor ou igual a 
29). 
As informações foram coletadas após leitura, 
entendimento e assinatura do termo de 
consentimento livre esclarecido aprovado pelo 
Comitê de Ética em Pesquisa da UEL segundo 
o parecer CEP198/05. 
Aqueles que não puderam comparecer às 
atividades educativas receberam um folheto 
educativo em sua residência distribuído pelos 
agentes comunitários de saúde. 
Após procedimento de dupla digitação e 
validação, os dados foram processados e 
tabulados com o auxílio do programa Epi Info 
3.3.2., na versão para Windows, foi realizada a 
análise descritiva das variáveis, usando as 
estatísticas média, desvio padrão e a 
distribuição de freqüências. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Foram convidados a participar da atividade 
educativa 267 idosos, sendo que dentre esses 
compareceram 93 (34,8%), os quais foram 
visitados por alunos do curso de THD para 
aplicação do formulário. Durante as visitas 18 
idosos não foram localizados em suas 
residências e 2 não se lembraram de que 
haviam participado da palestra, mesmo após o 
THD tentar relembrá-los, de modo que os 
resultados referem-se a 73 idosos (78,5%). 
Com relação ao sexo, 42 (57,5%) eram 
mulheres e 31 (42,5%) homens. Cerca de 75% 
da população tinha idade maior ou igual a 65 
anos e 68,5% referiram escolaridade inferior a 
quatro anos (Tabela 1). 
Um importante aspecto na promoção de saúde 
para todas as faixas etárias é a educação. 
Mesmo com os avanços científicos e 
tecnológicos na Odontologia, o sucesso de um 
tratamento e a manutenção da saúde bucal, 
somente serão conquistados, com a 
participação ativa de um paciente consciente 
de suas necessidades e responsabilidades.11 
Neste estudo, 61 idosos (83,6%) dos 
pesquisados disseram que nunca haviam 
participado de atividades educativas na área 
de saúde bucal em toda a sua vida (Tabela 2), 
percentual bastante representativo em um país 
em que, há quase 20 anos, existe uma 
constituição que determina o dever de se 
garantir ações integrais de saúde.12 
 
Tabela 1 – Distribuição dos idosos segundo a faixa etária e escolaridade de acordo com sexo, Londrina (PR), 2006. 
Feminino (n=42) Masculino (n=31) Total (n=73) 
Característica 
n % n % n % 
Faixa Etária 
 60 a 64 anos 10 23,8 8 25,8 18 24,7 
 65 a 69 anos 21 50,0 11 35,5 32 43,8 
 70 a 74 anos 11 26,2 12 38,7 23 31,5 
Escolaridade 
 0 a 3 anos 30 71,4 20 64,5 50 68,5 
 4 a 8 anos 9 21,4 11 35,5 20 27,4 
 9 anos ou mais 3 7,2 - - 3 4,1 
 Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.2, p.1-7, jun.2006 
www.ccs.uel.br/espacoparasaude 
3
Educação em saúde bucal para idosos 
Tabela 2 – Perfil dos idosos quanto à participação na atividade educativa de acordo com o sexo, Londrina (PR), 2006. 
Feminino (n=42) Masculino (n=31) Total (n=73) 
Aspecto relacionado à participação na atividade educativa 
n % n % n % 
Recordou que participou da atividade 35 83,3 30 96,8 65 89,0 
Teve que ser relembrado da atividade 7 16,7 1 3,2 8 11,0 
Já participou de palestras para idosos 9 21,4 3 9,7 12 16,4 
Sentiu-se à vontade para perguntar 33 78,6 28 90,3 61 83,6 
Acha importante falar o que aprendeu 42 100,0 31 100,0 73 100,0 
 
 
Moreira et al.13 explicam que durante muitas 
décadas a atenção à saúde bucal se 
caracterizou por assistência a escolares em 
programas incrementais, sendo que os demais 
grupos eram atendidos somente em situações 
de emergência. Segundo os autores, os idosos 
fazem parte de um grupo que carrega a 
herança de um modelo assistencial de prática 
curativista e mutiladora, o que deve ser 
modificado, e embora seja uma tarefa 
complexa, deve se buscar um modelo com co-
responsabilidade, no qual a população 
assumiria um papel transformador. 
O fato de 100% dos idosos deste estudo 
acharem importante falar o que aprenderam 
para outras pessoas, parece demonstrar o 
interesse dessas pessoas para serem 
multiplicadores de informações em saúde 
(Tabela 2). Somando a isso, verificou-se que o 
auto-cuidado pode ser aperfeiçoado e 
incentivado, visto que 94,5% acreditam terem 
melhorado seus cuidados com a saúde bucal 
após a palestra (Tabela 3). 
Por outro lado, quando indagados se 
realizaram o auto-exame, um dos tópicos 
ensinados na palestra e na prática, e que 
deveria ser repetido a cada 15 dias, o 
percentual foi de apenas 68,5% (Tabela 3). 
Vale ressaltar que nem todos os idosos 
recordaram que haviam participado das 
atividades, 11% desses idosos tiveram que ser 
relembrados pelo THD (Tabela 2). Portanto, no 
processo de ensino voltado para pessoas 
idosas, deve-se levar em consideração certas 
particularidades como, por exemplo, o ritmo 
mais lento e processos mentais tendendo a se 
tornarem mais rígidos, com necessidade de 
mais informações, de reforço ou de repetição 
antes de executar um trabalho.14 
A Organização Pan-Americana de Saúde e a 
Organização Mundial de Saúde reconhecem 
que a educação em saúde deve se tornar 
permanente, ou seja, a participação 
comunitária precisa se transformar em fato 
regular do sistema de atendimento da saúde. 
Para técnicos que realmente se preocupam 
com mudanças de saúde em longo prazo, 
torna-se necessário que os enfoques sejam 
associados com métodos de comunicação, e 
os processos de planejamento sejam de 
acordo com as peculiaridades do ambiente e 
da população-alvo.15
SegundoShons e Palma14, um dos aspectos a 
serem considerados para o desenvolvimento 
de uma didática apropriada seria a percepção 
da realidade, considerando que, em idades 
avançadas, pode ocorrer redução da 
capacidade sensorial (reconhecer os objetos), 
além do fator tempo, pois, os idosos podem 
precisar de períodos mais longos para pensar, 
refletir, elaborar. 
Nesta atividade, em que foi usado slide como 
recurso visual, deve-se considerar o fato de 
que 32,9% dos idosos em estudo não 
conseguiram ler o que estava escrito embora 
mais de 90% deles disseram ter conseguido 
enxergá-los (Tabela 4). Um dos fatores que 
podem ter comprometido este tipo de atividade 
pode ser a baixa escolaridade, pois, de acordo 
com os resultados, 68,5% dos idosos tinham 
apenas de zero a três anos de estudo, o que 
aponta para a importância de se evitar textos e 
dar preferência a imagens durante exposição 
de material educativo (Tabela 1). Ainda assim, 
mesmo não conseguindo o total 
aproveitamento da palestra, a quase totalidade 
(94,5%) se preocupou em tirar suas dúvidas e 
(91,8%) dos idosos declararam que 
conseguiriam ensinar o que aprenderam para 
outras pessoas confirmando, que, mesmo com 
baixa instrução estas pessoas poderiam 
influenciar positivamente família e amigos 
(Tabelas 3 e 4). 
Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.2, p.1-7, jun.2006 
www.ccs.uel.br/espacoparasaude 
 
4
Carvalho VLR, Mesas AE, Andrade SM 
Tabela 3. Avaliação dos idosos quanto ao efeito da atividade educativa de acordo com sexo, Londrina (PR), 2006. 
Feminino (n=42) Masculino (n=31) Total (n=73) 
Efeito da atividade educativa 
n % n % n % 
Melhorou cuidados com higiene bucal 39 92,9 30 96,8 69 94,5 
Conseguiria ensinar o que aprendeu 39 92,9 28 90,3 67 91,8 
Realizou o auto-exame após a palestra 29 69,0 21 67,7 50 68,5 
 
Tabela 4. Avaliação dos idosos quanto à metodologia utilizada na atividade educativa de acordo com o sexo, Londrina 
(PR), 2006. 
Feminino (n=42) Masculino (n=31) Total (n=73) 
Aspecto relacionado ao método utilizado 
n % n % n % 
Gostou da maneira como a aula foi dada 42 100,0 31 100,0 73 100,0 
Conseguiu enxergar os slides 38 90,5 29 93,5 67 91,8 
Conseguiu ler os slides 26 61,9 23 74,2 49 67,1 
Participou da prática 18 42,9 15 48,4 33 45,2 
Sentiu vergonha de participar da prática 11 26,2 8 25,8 19 26,0 
Conseguiu tirar as dúvidas 41 97,6 28 90,3 69 94,5 
Recomendaria a atividade para outros idosos 42 100,0 30 96,8 72 98,6 
 
Tabela 5. Autopercepção da condição de saúde bucal dos idosos de acordo com o sexo, Londrina (PR), 2006. 
Feminino (n=42) Masculino (n=31) Total (n=73) 
Autopercepção da condição de saúde bucal* 
n % n % n % 
Positiva 13 31,0 15 48,4 28 38,3 
Regular 17 40,5 10 32,3 27 37,0 
Negativa 12 28,5 6 19,3 18 24,7 
 * Adaptação do índice GOHAI (Geriatric Oral Health Assessment Index) 
 
Torna-se importante ressaltar que os idosos 
preferiram tirar suas dúvidas em aula teórica. 
Todos foram convidados a participar da 
prática, mas somente 45,2% concordaram, 
inclusive 26% declararam que sentem 
vergonha de se expor na frente de colegas 
para realizar escovação e auto-exame para 
prevenção de câncer bucal (Tabela 4). 
Observou-se que existiu um constrangimento 
na remoção das próteses, o que pode estar 
relacionado às más condições de conservação 
destas ou por preocupação com a aparência. 
Como sugestão, em atividade práticas com 
idosos, os escovódromos deveriam oferecer 
maior privacidade; além disso, uma maneira 
de incentivar a adesão à prática, seria 
ressaltar a importância da detecção precoce 
de lesões cancerizáveis durante a explanação 
teórica e trabalhar a necessidade de valorizar 
a saúde em detrimento da vergonha de se 
expor. 
Mesas9 verificou uma alta porcentagem de 
edentulismo (43,1%) na população inicial 
considerada para este estudo, sendo que 
apenas 16,5% das pessoas tinham 20 dentes 
naturais presentes ou mais. Apesar desta 
condição, foi verificado no presente trabalho 
que a maioria dos idosos (75,3%) 
consideraram sua condição de saúde bucal 
positiva ou regular (Tabela 5). Estes dados 
concordam com estudos que relatam uma 
contradição em relação à autopercepção bucal 
do idoso e a real observação do estado de 
saúde oral.16,17 
 Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.2, p.1-7, jun.2006 
www.ccs.uel.br/espacoparasaude 
5
Carvalho VLR, Mesas AE, Andrade SM 
 
O desenvolvimento de ações educativas e 
preventivas junto a esta população, com 
ênfase na auto-proteção e na autopercepção, 
pode levar a uma maior conscientização da 
necessidade de cuidados com a saúde 
bucal.18 
Em seu compêndio sobre a velhice, Simone de 
Bouvoir19 cita Ciusa, do instituto de geriatria de 
Bucareste, que ao perceber que os idosos não 
faziam valer seu direito de proteção à saúde, 
apresenta duas razões para isso: em primeiro 
lugar, esses idosos não se dão conta do 
momento em que seu estado se torna 
patológico; perturbações, mesmo graves 
parecem-lhes inerentes à sua idade; e, em 
segundo, eles adotaram uma atitude passiva 
de renúncia, muito mais freqüente do que a 
atitude contrária da exacerbação das 
preocupações. Assim muitos se acomodaram 
autorizando-se a baixar a resistência, 
confirmando a idéia de que é mais fácil 
abandonar-se à velhice do que recusá-la.19 
Nesse enfoque, o fato de muitos aceitarem a 
velhice como algo que causará 
inevitavelmente perturbações, faz com que em 
nossa sociedade ainda exista a idéia de que a 
perda dos dentes é fenômeno natural do 
envelhecimento e que, portanto, não pode ser 
evitada. Tal comportamento diverge dos 
conceitos atuais de uma odontologia que cuida 
do sistema estomatognático não só de 
maneira curativa, mas também preventiva.20
Torna-se importante o estudo da percepção de 
saúde bucal e seu impacto sobre a vida dos 
idosos, pois conhecendo melhor os aspectos 
sociais e emocionais de saúde dos indivíduos, 
os profissionais da área de saúde bucal 
estarão mais conscientes das necessidades 
da população, podendo oferecer serviços 
adequados e direcionados. Estes estudos são 
especialmente importantes na área educativa, 
pois as questões ligadas ao auto-diagnóstico e 
auto cuidado, passam a ser essenciais quando 
se tem acesso apenas a serviços 
emergenciais na área de saúde bucal.21 
Assim, os profissionais devem desenvolver um 
trabalho com objetivos claros e assuntos de 
interesse dos idosos, assim como aplicar uma 
didática apropriada, sempre questionando qual 
o papel que estes devem assumir como 
cidadãos que cuidam da própria saúde e que 
têm potencial para influenciar outras pessoas. 
Dessa forma, ter em vista a melhoria de 
qualidade de vida e o resgate do sentido de 
velhice é o papel da odontologia no contexto 
de atenção multidisciplinar. Assim, sugere-se 
que a educação em saúde bucal possa ser 
gradualmente integrada aos programas que 
oferecem atenção a essa faixa etária, como 
grupo de hipertensos, diabéticos, e de terceira 
idade, entre outros. 
REFERÊNCIAS 
 
1. Brasil. Estatuto do Idoso. Lei n˚ 10.741 de 
1˚ de outubro de 2003. [citado 2006 Mar 8] 
Disponível em: URL: http://planalto.gov.br. 
2. Londrina. Autarquia Municipal de Saúde. 
Idosos vivem mais em Londrina. Boletim 
Informativo da Saúde 2002; 34:4-5. 
3. Caldas Junior AF, Caldas KU, Oliveira 
MRM, Amorim AA, Barros PMF. O impacto 
do edentulismo na qualidade de vida de 
idosos. Rev Cienc Med 2005; 14:229-238. 
4. Rezende ALM. Saúde dialética do pensar 
e do fazer. São Paulo: Cortez; 1985. 
5. Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação 
Nacional de Saúde Bucal. Projeto SB 
Brasil 2003. Condições de saúde bucal da 
população brasileira 2002-2003: 
Resultados principais. Brasília; 2004. 
6. Caldas Júnior AF, Marcenes W, Sheiham 
A. Reasons for tooth extraction in a 
Brazilian population. Int Dent J 2000; 50: 
267-273. 
7. Silva SRC. Autopercepção das condições 
bucais em pessoas com 60 anos e mais 
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Recebido em 20/04/2006 
Aprovado em 15/06/2006 
 
 
 
 Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v.7, n.2, p.1-7, jun.2006 
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	Resumo 
	 
	Abstract

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