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Sociedade anônima

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Sociedade anônima
Prof. Alexandre Ferreira de Assumpção Alves
Descrição As sociedades por ações existentes no direito brasileiro: a sociedade
anônima e a sociedade em comandita por ações.
Propósito A compreensão das disposições legais sobre a constituição, acionistas
e o funcionamento da sociedade anônima e comandita por ações é
essencial para os profissionais da área de direito societário na
orientação dos sócios e das sociedades.
Preparação Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Lei nº 6404, de 1976 (Lei
das Sociedades por Ações), a Lei nº 6385/76 e o Código Civil.
Objetivos
Módulo 1
Sociedade anônima –
aspectos gerais
Identificar as características da sociedade
anônima, constituição e os direitos e
obrigações dos acionistas.
Módulo 2
Sociedade anônima –
valores mobiliários e
órgãos sociais
Identificar as características dos valores
mobiliários e dos órgãos da sociedade
anônima.
Módulo 3
Sociedade em
comandita por ações
Reconhecer a legislação aplicável à
sociedade em comandita por ações e suas
peculiaridades.
Introdução
Há duas formas de sociedades por ações: sociedade anônima e sociedade
em comandita por ações, e o conhecimento das normas pertinentes a elas
é de suma importância tanto teórica como prática para o direito
empresarial e para a área do direito societário.
Neste conteúdo estudaremos as características da sociedade anônima, a
formação do seu nome empresarial, as normas de sua constituição.
Veremos os direitos e deveres dos acionistas e os principais valores
mobiliários emitidos pelas companhias, como as ações, as debêntures, as
partes beneficiárias e os bônus de subscrição. Trataremos dos órgãos
sociais como a assembleia geral, o conselho de administração e a diretoria
e o conselho fiscais.
Por fim, estudaremos a sociedade em comandita por ações, identificando a
origem e a legislação aplicável à sociedade em comandita por ações e

suas peculiaridades em relação às sociedades anônimas.
1 - Sociedade anônima – aspectos gerais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características da
sociedade anônima, constituição e os direitos e obrigações dos acionistas.
Origens da sociedade
anônima
A sociedade anônima ou companhia (termos sinônimos de acordo com o art. 1º
da Lei nº 6.404/76) é uma sociedade de capitais, ou seja, a pessoa do sócio não
tem importância maior do que o capital nela investido.
Comentário
A companhia tem uma estrutura mais complexa do que a sociedade limitada ou
a sociedade simples, pois existem regras mais detalhadas de convocação e
instalação das assembleias, deveres legais para os administradores além do
dever de diligência, a possibilidade de emissão de ações sem direito de voto ou
com voto restrito, estrutura administrativa fundada em dois órgãos ― conselho
de administração e diretoria, demonstrações financeiras, incluindo documentos
próprios, entre outras características.
A sociedade anônima surgiu no século XVII com as “companhias de comércio”
criadas por autorização real para o tráfico de produtos entre a metrópole e as
colônias. Tais companhias eram constituídas por alvará ou carta régia que lhes
conferiam privilégios no comércio, pois era uma forma de atrair investimentos de
particulares para a exploração do objeto social e manter o controle dos negócios
pelo Estado. A participação de cada sócio na sociedade era comprovada por
títulos de participação que conferiam direitos de “ação” em face da sociedade.
A partir do século XIX, com a promulgação do Código Comercial francês em
1807, inicia-se a segunda fase de sua evolução, a da autorização governamental.
A sociedade anônima não estava mais sujeita a privilégios comerciais e todo o
seu capital poderia ser constituído por subscrição de particulares. É nesta fase
que a sociedade anônima passa a ser disciplinada pela legislação brasileira
(Código Comercial de 1850, artigo 295), adotando o mesmo regime de
autorização por influência do direito francês. Tal regime manteve a sociedade
anônima sob o jugo do Estado e, por ser burocrático com exigências adicionais
em relação a outros tipos, dificultava que as sociedades se difundissem para
realização de atividades econômicas.
Atualmente, a sociedade anônima é regulada pela Lei nº 6404, de 1976 (Lei das
Sociedades por Ações), com várias alterações posteriores. O Código Civil
contempla apenas dois artigos sobre ela:
Art. 1088
Que repete a redação do
artigo 1º da Lei nº 6404, sobre
a responsabilidade dos sócios
e a divisão do capital em
ações.
Art. 1089
Que determina a regência
supletiva pelas disposições
do Código nas omissões da
lei especial.
Características da
sociedade anônima
A Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, ou
simplesmente “Lei das S/A”, traz suas características e natureza nos arts. 1º a
4º. Apesar disso, algumas destas características não são privativas desses tipos
de sociedades e outras não são relacionadas nesta parte da lei.
A principal característica está contida no art. 1º e se refere à responsabilidade
dos sócios, que é limitada para todos eles, sem qualquer solidariedade pela
integralização do capital, ao contrário do que ocorre na sociedade limitada.
Assim, todos os acionistas somente se obrigam a integralizar o preço de
emissão (quantia correspondente ao valor necessário para integralização do
capital, acrescido facultativamente de um ágio, a critério da companhia) das
ações que subscreveram ou adquiriram. Caso ingressem após a integralização
do preço de emissão, não haverá obrigação perante a companhia, exceto se
subscreverem novas ações ou valores mobiliários conversíveis em ações.
O capital social é dividido em ações, tal qual a sociedade em comandita por
ações. E em razão da natureza da companhia, é de sociedade empresária
qualquer que seja o seu objeto, como preceitua o art. 982, parágrafo único, do
Código Civil e, no mesmo sentido, o art. 2º, § 1º, da Lei das S/A.
Atenção!
O estatuto (documento de constituição da companhia) deverá descrever o objeto
de modo preciso e completo (art. 2º, § 2º) e que pode ser objeto da companhia
qualquer atividade econômica de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem
pública e aos bons costumes.
Ao contrário da sociedade limitada, que só pode aumentar seu capital se o
anterior estiver integralizado (cf. o art. 1.081 do Código Civil), na sociedade
anônima, a partir de realização de 3/4 (três quartos), no mínimo, do capital
social, a companhia pode aumentá-lo mediante subscrição pública ou particular
de ações (cf. o art. 170). Esta disposição visa facilitar novos investimentos, sem
que seja necessário esperar que todos os sócios integralizem o preço de
emissão de suas ações. Outro aspecto análogo a esse é a autorização para
aumentos futuros de capital que pode ser inserida no estatuto sem necessidade
de reformá-lo (cf. o art. 168 da Lei nº 6404, de 1976), previsão inexistente na
sociedade limitada. São duas características peculiares das companhias que
não se encontram previstas entre os arts. 1º a 4º.
Em razão de ser uma sociedade de capitais, o legislador estimula tanto os
investimentos de terceiros na companhia, com destaque para a limitação da
responsabilidade, bem como os investimentos dela em outras sociedades.
Nesse sentido, o art. 2º, § 3º, dispõe que a companhia pode ter por objeto
participar de outras sociedades. Ainda que não prevista no estatuto, a
participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para
beneficiar-se de incentivos fiscais. A sociedade poderá ter uma simples
participação no capital de outras sociedades, ser coligada a ela (cf. art. 243, §
1º) ou ser sua controladora, ainda que a investidora não tenha estabelecimento
próprio. Tal situação configura a denominada holding pura, ou seja, a sociedade
que tem por objeto controlar outras sociedades sem desenvolver ela própria
atividade econômica.
A sociedade anônima, ao contrário da limitada, não
pode escolher a espécie de nomeempresarial a ser
adotada.
O art. 3º da Lei das S/A (e o art. 1.160 do Código Civil) impõe que a sociedade
seja designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou
"sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a
utilização da primeira ao final. Tal vedação não se encontra prevista no art. 1.160
do Código Civil, mas se aplica diante do critério da especialidade determinado
pelo art. 1.089. Com isso, as disposições da Lei das S/A prevalecem em caso de
omissão ou divergência com outra disposição do Código Civil. A indicação do
objeto na denominação é facultativa, seja por silêncio eloquente do art. 3º da Lei
das S/A ou por disposição expressa do art. 1.160 do mesmo Código.
A denominação da sociedade pode
ser formada por nome de fantasia ou
pelo nome do fundador, acionista, ou
pessoa que por qualquer outro modo
tenha concorrido para o êxito da
empresa.
Consta no art. 3º, § 2º, que se a denominação for idêntica ou semelhante a de
companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a
modificação, por via administrativa perante a Junta Comercial ou em juízo, e
demandar as perdas e danos resultantes. Trata-se de nítida aplicação do
princípio da novidade do nome empresarial (cf. o art. 34 da Lei nº 8.934/94 e o
art. 1.163 do Código Civil).
A última característica presente no Capítulo I da Lei das S/A é a existência de
duas espécies de companhia ― aberta e a fechada. O critério distintivo encontra-
se no caput do art. 4º, ou seja, conforme os valores mobiliários de sua emissão
estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.
Sobre valores mobiliários, trataremos no núcleo adiante no módulo.
Toda companhia está autorizada a emitir valor mobiliário, já
que a ação, único título de emissão obrigatória das
companhias, é um valor mobiliário. Contudo, somente os
valores mobiliários de emissão de companhia aberta podem
ser negociados no mercado de valores mobiliários.
A companhia aberta somente poderá ter os valores mobiliários emitidos por ela,
captando recursos e terceiros ou de seus próprios acionistas se estiver
registrada na Comissão de Valores Mobiliários, autarquia reguladora deste
mercado (cf. art. 8º, I, da Lei nº 6.385/76 e art. 4º, § 1º, da Lei das S/A).
Dessa forma, a companhia é fechada porque não está autorizada a negociar
suas ações neste mercado. Assim, aberta e fechada são termos associados à
autorização (aberta) e à carência dela (fechada).
Sociedade anônima e sua
constituição
Confira no vídeo o contexto histórico da criação do tipo societário e suas
principais características.
Constituição da sociedade
anônima
A constituição da companhia se dá pelas seguintes etapas:

 I - Elaboração do projeto de estatuto e sua aprovação, se for
o caso, pela CVM.
 II - Cumprimento das formalidades preliminares ao ato de
constituição.
 III - Aprovação da constituição em assembleia de
subscritores ou por escritura pública.
 IV - Cumprimento das formalidades complementares para o
funcionamento regular da companhia.
O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos para os
contratos de sociedade em geral (art. 997 do Código Civil) e aos peculiares às
companhias, e conterá as normas pelas quais ela se regerá (art. 83).
Após a elaboração do projeto, segundo o art. 80, a constituição da companhia
depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:
I
Subscrição, pública ou particular, pelo menos por 2 (duas) pessoas
naturais ou jurídicas, de todas as ações em que se divide o capital social
fixado no estatuto, ressalvada a possibilidade de constituição de
subsidiária integral por sociedade brasileira (cf. art. 251); se alguma ação
não for subscrita, a companhia não poderá ser constituída.
II
Realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das
ações subscritas em dinheiro, podendo tal percentual ser maior nas
companhias em que lei especial exigir realização inicial de parte maior do
capital social.
III
Depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário
autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital
realizado em dinheiro.
Cabe, de acordo com o art. 81, ao acionista fundador realizar o depósito no
prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome de
cada subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo
após haver adquirido personalidade jurídica. Enquanto isso não acontecer, a
denominação da futura sociedade deverá conter ao final o aditivo “em
organização” (art. 91). Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis)
meses da data do depósito, a instituição financeira é obrigada a restituir as
quantias depositadas diretamente aos subscritores.
Comentário
Os requisitos do art. 80 podem ser acrescidos de outros se a companhia se
constituir por subscrição pública do capital, ou seja, quando as ações serão
negociadas em mercados organizados, dentre eles a Bolsa de Valores, com a
obrigatoriedade de contratação de uma instituição financeira para intermediar a
oferta e a negociação das ações entre a companhia e os investidores. Em razão
do que já foi exposto em relação à CVM, caberá a ela analisar o projeto de
constituição da companhia antes mesmo do registro de emissão das ações e da
futura subscrição.
Nos termos do art. 82 da Lei das S/A, o pedido de registro de emissão será
instruído com:
A CVM poderá condicionar o registro de emissão a modificações no estatuto ou
no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento,
ou inidoneidade dos fundadores.
Prevê o art. 86 que, após o fim da subscrição e se todas as ações tiverem sido
subscritas, os fundadores convocarão assembleia para promover a avaliação
dos bens, se for o caso (cf. art. 8º) e deliberar sobre a constituição da
companhia. Entretanto, se a subscrição das ações foi particular, é possível que a
 O estudo de viabilidade econômica e financeira do
empreendimento.
 O projeto do estatuto social.
 O prospecto (documento de divulgação de oferta de ações
com conteúdo fixado pelo art. 84), organizado e assinado
pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária.
companhia seja constituída por escritura pública lavrada por tabelião de notas
contendo os requisitos do art. 88, § 2º, desde que tenha havido previamente a
conclusão da avaliação de bens e direito que integrarão o capital social.
O capital da companhia poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou
em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro, não sendo
possível a contribuição em prestação de serviços (art. 7º). É preciso também
que os bens sejam suscetíveis de alienação, ou seja, não pode haver restrição ou
impedimento à transferência de sua propriedade, pois na falta de declaração
expressa em contrário, os bens transferem-se à companhia a título de
propriedade.
Atenção!
A obrigatoriedade de avaliação dos bens aportados na formação do capital,
tanto corpóreos quanto incorpóreos, é mais uma característica peculiar da
sociedade anônima e deve ser feita antes da formalização da constituição da
companhia ou nos casos de aumento do capital mediante emissão de novas
ações. Mesmo que todos os subscritores sejam condôminos de um bem com
que concorreram para a formação do capital social, a avaliação deve ser feita.
Outra forma de constituição da companhia, obrigatória se a subscrição das
ações for pública, é mediante a realização de assembleia convocada pelos
acionistas fundadores (at. 87). Tal assembleia será instalada se estiverem
presentes subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social, e,
em segunda convocação, com qualquer número. Nela, bem como nas que forem
realizadas durante a liquidação, cada ação dá direito a um voto,
independentemente de sua espécie ou classe.
Os acionistas deverão se manifestar sobre a aprovação do projeto de estatuto,
que poderá ser alterado desde que a deliberaçãoseja unânime. Verificando-se
que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de
subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente da
assembleia declarará constituída a companhia, procedendo-se à eleição dos
administradores e, se for o caso, dos conselheiros fiscais, pois o conselho fiscal
pode ou não ser permanente dependo do que estiver disposto no estatuto (cf.
art. 161).
Após a aprovação da constituição da
companhia na assembleia ou por
escritura pública, devem ser
arquivados na Junta Comercial os
documentos referidos no art. 95. Além
disso, se a companhia tiver sido
constituída por escritura pública,
bastará o arquivamento de certidão do
instrumento. Após o arquivamento, os
mesmos documentos devem ser
publicados na forma do art. 289 da Lei
das S/A.
Os primeiros administradores eleitos na assembleia ou qualificados na escritura
pública devem providenciar cumprimento das formalidades complementares à
sua constituição e podem ser responsabilizados perante a companhia,
solidariamente, pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento (art. 99).
Sociedade anônima e sua
constituição
Confira no vídeo as principais regras sobre a constituição da sociedade anônima.
Os acionistas – deveres e
características
Denomina-se acionista o sócio das sociedades por ações. A prova de sua
qualidade depende do registro da propriedade das ações, não se admitindo ação
ao portador por ser um título nominativo (cf. o núcleo conceitual 3). O acionista
tem deveres que decorrem da lei ou do estatuto.

Um dos principais deveres do acionista é o de integralizar o preço de emissão
das ações (art. 106). Caso ele não efetue o pagamento pontualmente, ficará de
pleno direito constituído em mora e será considerado remisso, podendo ser
cobrado pela companhia em ação de execução ou mesmo ter suas ações
vendidas em bolsa de valores (cf. art. 107). Outro dever importante diz respeito
ao exercício do direito de voto, que deve sempre ser exercido no interesse da
companhia (art. 115). Caso tal dever não seja observado, o acionista responderá
pelo voto abusivo, ou seja, o voto exercido com o fim de causar dano à
companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem
a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia
ou para outros acionistas. 
Atenção!
O descumprimento, tanto de deveres legais quanto estatutários, pode acarretar a
suspensão do exercício dos direitos do acionista pela assembleia, cessando a
suspensão logo que cumprida a obrigação (art. 120). 
A Lei das S/A impõe deveres especiais para o acionista controlador, definido no
art. 116, caput, como a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
1
É titular de direitos de sócio
que lhe assegurem, de modo
permanente, a maioria dos
votos nas deliberações da
assembleia geral e o poder de
2
eleger a maioria dos
administradores da
companhia.
Usa efetivamente seu poder
para dirigir as atividades
sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos da
companhia.
Percebe-se que o conceito agrega tanto a titularidade de direitos de sócio
(propriedade ou direitos reais sobre as ações) quanto o uso efetivo do poder de
controle. Logo, somente será considerado controlador e estará sujeito aos
deveres impostos pela Lei das S/A se os dois requisitos anteriormente expostos
forem verificados.
O acionista controlador deve usar o
poder com o fim de fazer a companhia
realizar o seu objeto e cumprir sua
função social, e tem deveres e
responsabilidades para com os
demais acionistas da empresa, os que
nela trabalham e para com a
comunidade em que atua, cujos
direitos e interesses deve lealmente
respeitar e atender (art. 116, parágrafo
único). Caso ele seja pessoa natural e
exerça a administração da companhia,
também terá os deveres impostos aos
administradores (cf. arts. 153 a 157).
Atenção!
Em caso de dano aos acionistas, à companhia ou a terceiros, o acionista
controlador responderá pelos atos praticados com abuso de poder enumerados,
exemplificativamente, no art. 117, § 1º, da Lei das S/A. Em relação à pessoa
jurídica de direito público controladora das empresas públicas e sociedades de
economia mista, aplicam-se os arts. 14 e 15 da Lei nº 13.303/2016.
Os direitos do acionista também podem decorrer da lei ou do estatuto. O art. 109
elenca os direitos essenciais, isto é, aqueles que nem o estatuto social nem a
assembleia geral poderão privar o acionista do seu exercício. São eles:
I. Participar dos lucros sociais, que recebem o nome de “dividendo”, sendo
aprovados pela assembleia geral ordinária (art. 132, II) e pagos à conta dos
elementos do patrimônio previstos no art. 201. A Lei das S/A instituiu o
dividendo obrigatório no art. 202, mas permite, em casos especiais, que a
companhia não os distribua ou faça abaixo o mínimo legal (cf. art. 202, §§
3º e 4º).
II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação. Este é um
direito eventual e que depende da dissolução da sociedade (condição
suspensiva) e do pagamento prévio dos credores da companhia. O art. 215
da Lei das S/A prevê que os rateios entre os acionistas sejam feitos depois
de pagos todos os credores.
III. Fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais. Os
acionistas poderão fiscalizar os administradores seja individualmente seja
coletivamente. É possível que o estatuto preveja o funcionamento
permanente do conselho fiscal (art. 161), órgão que tem competência
privativa para fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos
administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e
estatutários (cf. art. 163, I).
IV. Direito de preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias
conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de
subscrição. Além do direito de preferência nos aumentos de capital, os
acionistas também possuem tal direito quando a companhia negociar
títulos conversíveis em ações ou que assegurem o direito de subscrição de
ações, como os bônus (cf. núcleo temático 3).
V. Direito de retirar-se da sociedade nos casos previstos na Lei das S/A. A
companhia deverá proceder ao reembolso das ações ao acionista somente
nas hipóteses previstas (cf. arts 136-A, 137, 223, § 4º, 252, §§ 1º e 2º,
256, § 2º, 264, § 3º e 270, parágrafo único). O reembolso é uma operação
em que a companhia negocia com suas próprias ações, pagando aos
acionistas dissidentes de deliberação da assembleia geral o valor de suas
ações (art. 45).
Nas companhias, não há um direito de retirada imotivado como nas sociedades
simples. Isso não significa que o acionista será obrigado a permanecer na
companhia. Ao contrário, ele poderá a qualquer tempo se desligar dela, porém
ficará sujeito à disponibilidade do mercado acionário para negociar suas ações.
Com isso, o capital da sociedade não fica exposto a eventual redução ou
comprometimento quando o acionista quiser se retirar por vontade imotivada ou
fora dos casos previstos na lei.
Também para proteger os acionistas minoritários, o art. 109, § 2º, dispõe que
“Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os
seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembleia geral”.
Assim, por exemplo, o estatuto não poderá proibir que o acionista demande a
companhia para ver cumprido um direito essencial.
Sociedade anônima e seu
contexto histórico
Confira no vídeo detalhes sobre os direitos e deveres dos acionistas.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Acerca das características da Sociedade Anônima, marque a alternativa
correta:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Dentre os diversos traços distintivos entre a sociedade anônima e a
sociedade limitada, ao contrário da limitada, não pode escolher a espécie de
A
É obrigação solidária dos sócios integralizaremo capital
social.
B O capital social é dividido por cotas.
C
Só pode aumentar seu capital se o anterior estiver
integralizado.
D
As sociedades anônimas só admitem a espécie de
companhia aberta.
E
A sociedade anônima não pode escolher a espécie de nome
empresarial a ser adotada.
nome empresarial a ser adotada, conforme dispõe o art. 3º da Lei das S/A.
Questão 2
Acerca dos direitos essenciais do acionista, analise as afirmativas abaixo.
I- O acionista tem direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais apenas
por meio do conselho fiscal.
II- O acionista tem direito de participar do acervo da companhia, em caso de
eventual liquidação.
III- O acionista tem direito de retirar-se da sociedade por meio do reembolso
de suas ações com ou sem motivo justo.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
A I, II e III.
B I e III.
C II e III.
Parabéns! A alternativa D está correta.
De acordo com o art. 109, da Lei nº 6.404/76, "nem o estatuto social nem a
assembleia geral poderão privar o acionista dos direitos de: [...] II - participar
do acervo da companhia, em caso de liquidação”.
D II.
E I.
2 - Sociedade anônima – valores mobiliários e
órgãos sociais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características dos
valores mobiliários e dos órgãos da sociedade anônima.
Valores mobiliários –
Panorama
Confira no vídeo o que são valores mobiliários.
São considerados valores mobiliários os títulos, incluindo contratos de
investimento coletivo, ofertados publicamente por pessoas autorizadas a
realizar sua emissão e negociação, desde que tais documentos gerem direito de
participação no empreendimento (como as ações que atribuem direitos de
participação na companhia como sócio), de parceria ou de remuneração,
inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do
esforço do empreendedor ou de terceiros.
Comentário
Não há uma enumeração exaustiva dos títulos ou contratos que sejam valores
mobiliários, apenas uma exemplificação contida no artigo 2º da Lei nº 6385/76,
que inclui no inciso I as ações, debêntures e os bônus de subscrição. A mesma
lei disciplina o mercado de valores mobiliários, sua emissão e distribuição,
institui o órgão regulador e fiscalizador (a Comissão de Valores Mobiliários -
CVM), dispõe sobre os agentes que nele atuam e dá outras determinações.
A emissão de valores mobiliários não é uma atividade privativa das sociedades
anônimas, embora ela esteja autorizada a emitir títulos que se incluem na
enumeração legal. Compete à CVM expedir normas para a emissão e
distribuição de valores mobiliários no mercado por ela regulado. Nestes atos
administrativos, o órgão poderá autorizar outros tipos de sociedades a emitir os
valores mobiliários que mencionar, podendo exigir que os emissores se
constituam sob a forma de sociedade anônima (confira o artigo 3º da Lei nº
6.385/76).
A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, integrante da
administração pública indireta da União, vinculada ao Ministério da Fazenda,
com personalidade jurídica de direito público e patrimônio próprios, dotada de
autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica,
mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e
orçamentária (art. 5º da Lei nº 6385/76).
Ações – características
Confira no vídeo que são ações e suas espécies.
A ação tem natureza jurídica de valor mobiliário, mas é também uma fração do
capital social das sociedades por ações e um título de participação que atribui a
seu proprietário a condição de acionista, termo específico para designar o sócio
titular de ação.
O estatuto deve fixar o número das ações em que se divide o capital social e as
ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus
titulares, que são:
Ações ordinárias
Vamos ver as características de cada tipo de ação?
Ações ordinárias
São aquelas que não oferecem qualquer tipo de vantagem de cunho patrimonial
ou político aos acionistas, apenas os direitos básicos previstos em lei e outros
porventura outorgados pelo estatuto. Em contrapartida, as ações ordinárias têm
assegurado o direito de voto nas deliberações sociais (cf. o art. 110 da Lei nº
6404, de 1976).
É possível que o estatuto de companhia fechada preveja a criação de mais de
uma classe de ações ordinárias, em função de:
Ações preferenciais
Ações de fruição
 Conversibilidade em ações preferenciais.
A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes, se não
for expressamente prevista e regulada, requererá a concordância de todos os
titulares das ações atingidas. As ações de cada classe conferirão iguais direitos
aos seus titulares (cf. art. 109, § 1º).
 Exigência de nacionalidade brasileira do acionista.
 Direito de voto separado para o preenchimento de
determinados cargos de órgãos administrativos.
 Atribuição de voto plural (mais de 1 voto por ação até o
limite de 10, de acordo com o art. 110-A).
Ações preferenciais
Essas ações têm asseguradas por lei alguma vantagem em relação às ações
ordinárias, que deve ser regulada pelo estatuto. O estatuto pode pulverizar estas
vantagens entre os acionistas titulares desta espécie de ação por meio da
divisão em classes, conferindo, por exemplo, a uma delas vantagem patrimonial
e a outra vantagem política, por isso tanto as ações preferenciais de companhia
aberta quanto fechada podem ser divididas em classes. Sobre a relação das
vantagens patrimoniais e políticas que podem ser conferidas às ações
preferenciais, leia os arts. 17 e 18 da Lei das S/A.
Em compensação às vantagens conferidas às ações preferenciais, o estatuto
pode deixar de conferir certos direitos não essenciais a seus acionistas, como o
direito de voto, ou conferi-lo com restrições, regulando minuciosamente tal ponto
(cf. art. 111). Se a companhia optar por não atribuir o pleno direito de voto a suas
ações preferenciais, o total de ações preferenciais nessa condição (sem direito a
voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito) não pode ultrapassar 50%
(cinquenta por cento) do total das ações emitidas.
Ações de fruição
São muito raras, pois sua emissão se dá em substituição às ações que foram
integralmente amortizadas e, ainda assim, se forem autorizadas pela assembleia
geral ou pelo estatuto. Amortização é o pagamento antecipado (antes da
liquidação da companhia) das importâncias devidas aos acionistas, que deixam
de ter tal status se a amortização abranger todo o valor da ação. Como forma de
manter o vínculo societário com estes acionistas, podem ser emitidas ações de
fruição no lugar daquelas que foram canceladas por efeito da amortização (cf. o
artigo 44, § 5º, da Lei das S/A).Como forma de manter o vínculo societário com
estes acionistas, podem ser emitidas ações de fruição no lugar daquelas que
foram canceladas por efeito da amortização (cf. o artigo 44, § 5º, da Lei das
S/A).
As ações devem ter uma única forma, isto é, nominativa. Por ação nominativa
entende-se aquela emitida em favor de pessoa cujo nome conste no registro do
emitente. Até 1990 as ações poderiam ser emitidas ao portador ou ser
endossáveis (transferidas por endosso em preto com registro na companhia),
sendo que as primeiras sequer tinham registro para efeito de propriedade ou de
transferência, mas foram abolidas naquele ano pela Lei nº 8.021, que alterou a
redação do art. 20 da Lei das S/A.
Para efeito de registro da ação, existem duas possibilidades ― ser emitido, ou
não, um certificado representativo para a ação ou grupo de ações. No primeiro
caso, a ação é denominada “documental” (com certificado) e a propriedade dela
presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de "Registro de Ações
Nominativas". Para que não seja emitido certificado é preciso autorização
estatutária, que pode se aplicar a todas as ações ou apenas a uma ou mais
classes delas; tais ações são denominadas “escriturais” (cf. os arts 20, 31 e 34).
Atenção!As ações escriturais não são registradas nos livros da companhia, mas sim
mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição
escolhida. Somente as instituições financeiras autorizadas pela Comissão de
Valores Mobiliários podem manter serviços de escrituração de ações. A
propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito
das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária.
Nos mesmos livros em que é registrada a propriedade das ações, documentais
ou escriturais, são averbados os ônus que recaem sobre as ações, tais como o
penhor, usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer
cláusulas ou ônus que agravarem a ação (cf. arts. 39 e 40).
A transferência das ações nominativas documentais por ato intervivos (exemplo:
compra e venda, doação) também está sujeita a registro para ser eficaz em
relação à companhia e a terceiros e se realiza mediante termo lavrado no livro de
"Transferência de Ações Nominativas", datado e assinado pelo cedente e pelo
cessionário, ou seus legítimos representantes. Na situação de a transferência ter
se operado por transmissão causa mortis ou ato judicial, também deverá ser
feita a averbação no livro de "Registro de Ações Nominativas", à vista de
documento hábil, que ficará em poder da companhia.
Em se tratando de ação escritural, a transferência também necessita de registro,
que se opera pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus
livros, a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do
adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem
judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição.
Ao contrário da quota, que pode ter sua cessão restrita ou vedada pelo contrato
ou por lei, ação é um título de livre negociação. No entanto, existem algumas
regras importantes que restringem sua transmissão, das quais se destacam as
seguintes:
Para as
companhias
abertas
As ações somente poderão
ser negociadas depois de
realizados (pagos) 30% (trinta
por cento) do preço de
emissão, sob pena de
nulidade (art. 29).
Para as
companhias
fechadas
O estatuto pode impor
limitações à circulação das
ações, contanto que regule
minuciosamente tais
limitações e não impeça a
negociação, nem sujeite o
acionista ao arbítrio dos
órgãos de administração da
companhia ou da maioria dos
acionistas (art. 36).
Debêntures
Neste vídeo, confira a diferença entre as debêntures dos bônus de subscrição.
Qualidade de sócio?
A debênture é um valor mobiliário que não atribui a qualidade de sócio ao seu
titular, chamado debenturista, nem lhe confere um direito de subscrever ações
futuramente, característica dos bônus de subscrição.
A emissão, e negociação, de uma
debênture tem como objetivo a
obtenção de recursos pela companhia
dos seus acionistas ou de terceiros
investidores por meio da realização de
empréstimos (mútuo feneratício). A
Lei das S/A trata do instituto nos arts.
52 a 71.
A quantia total mutuada (a ser emprestada à companhia) é dividida em títulos e
cada um corresponde a uma debênture, que assegura aos debenturistas direito
de crédito contra a emissora e outros direitos estabelecidos na escritura de
emissão, documento no qual constam as condições de emissão, lançamento,
amortização, resgate e vencimento (cf. art 52).
A competência para autorizar a emissão de debêntures, em regra, é da
assembleia geral (art. 122, IV). Entretanto, nas companhias abertas, o conselho
de administração (órgão obrigatório da administração) pode deliberar sobre a
emissão de debêntures não conversíveis em ações, salvo disposição estatutária
em contrário (art. 59, § 1º). Além disso, em qualquer companhia, a assembleia
geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre a época e
as condições de vencimento, amortização ou resgate; a época e as condições do
pagamento dos juros, da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se
houver; o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das debêntures, e sobre a
oportunidade da emissão (art. 59, § 4º).
A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures e cada
emissão pode ser dividida em séries. As debêntures da mesma série conferirão a
seus titulares os mesmos direitos, tal como as ações da mesma classe (cf. arts.
53 e 109, § 1º).
Tal qual as ações, as debêntures são títulos nominativos,
podendo ser documental (com emissão de certificado) ou
escritural. A elas se aplicam as regras quanto ao registro para
efeito de aquisição de propriedade, transferência e averbação
de ônus e outros.
A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura de emissão —
documento obrigatório contendo os direitos conferidos pelas debêntures, suas
garantias e demais cláusulas ou condições (art. 61). A companhia pode estipular
amortizações parciais de cada série, criar fundos de amortização e reservar-se
ao direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série.
Também é possível que a escritura de emissão estipule que o vencimento
somente ocorra nos casos de inadimplência da obrigação de pagar juros e
dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título. Dessa
forma, enquanto não se verificar alguma das condições estabelecidas, a
debênture não será resgatada.
Comentário
A debênture poderá assegurar ao seu titular o pagamento de juros, fixos ou
variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso. Também é
possível conter cláusula de conversibilidade em ações da companhia emissora,
nas condições constantes da escritura de emissão. Os acionistas terão direito de
preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de
conversibilidade em ações.
O art. 58 da Lei das S/A prevê que a companhia poderá emitir até 4 espécies de
debêntures, observado o que dispuser a escritura de emissão e a igualdade de
direitos entre debenturistas da mesma série. São elas: a) com garantia real, b)
com garantia flutuante, c) debênture simples ou quirografária ou d) subordinada
aos demais credores da companhia.
Em 2020, a Lei nº 14.112 alterou a Lei nº 11.101/2005 e extinguiu as classes de
créditos com privilégio especial e privilégio geral, dispondo em seu art. 83, § 6º,
que os créditos com privilégio especial ou geral em outras normas integrarão a
classe dos créditos quirografários. Com isso, foi atingida a debênture com
garantia flutuante, pois ela, nos termos do art. 58, § 1º, assegurava privilégio
geral sobre o ativo da companhia. Com a modificação legislativa, o crédito
deixou de ser privilegiado e passou a ser quirografário. Portanto, atualmente, são
3 as espécies de debêntures.
Debênture
com
garantia
real
Possui bens
móveis e/ou
imóveis vinculados
a seu pagamento,
que devem ser
descritos na
escritura de
emissão.
Debênture
simples
Constitui crédito
quirografário.
Debênture
subordinada
Prefere na ordem
de pagamento aos
acionistas no ativo
remanescente, se
houver; em caso
de liquidação da
companhia.
A companhia poderá negociar ou não as debêntures no mercado de valores
mobiliários. No primeiro caso, a escritura de emissão de debêntures deverá
indicar o agente fiduciário, que é o representante legal dos debenturistas perante
a companhia emissora (cf. arts. 66 a 70).
Atenção!
As debêntures simples e subordinadas são as que oferecem mais riscos em
caso de impontualidade da companhia, sobretudo em caso de falência, e por
isso devem oferecer vantagens como melhor remuneração ou prazos de resgate
ou vencimento menores.
Dentre os vários deveres que a lei impõe a essa figura, destacam-se os
seguintes:
Proteger os direitos e interesses dos debenturistas, empregando no
exercício da função o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo
costuma empregar na administração de seus próprios bens.
Elaborar relatório e colocá-lo anualmente à disposição dos debenturistas,
dentro de 4 (quatro) meses do encerramento do exercíciosocial da
companhia, informando os fatos relevantes ocorridos durante o exercício,
relativos à execução das obrigações assumidas pela companhia, aos bens
garantidores das debêntures e à constituição e aplicação do fundo de
amortização, se houver; do relatório constará, ainda, declaração do agente
sobre sua aptidão para continuar no exercício da função.
Notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, de
qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações assumidas na
escritura da emissão.
Os titulares de debêntures da mesma emissão ou série podem se reunir em
assembleia especial, a fim de deliberar sobre matéria de interesse da comunhão
dos debenturistas. Nas deliberações da assembleia, a cada debênture caberá um
voto.
Comentário
A assembleia dos debenturistas pode ser convocada pelo agente fiduciário, pela
companhia emissora, por debenturistas que representem 10% (dez por cento), no
mínimo, dos títulos em circulação, e pela Comissão de Valores Mobiliários, caso
as debêntures tenham sido negociadas no mercado. O agente fiduciário deverá
comparecer à assembleia e prestar aos debenturistas as informações que lhe
forem solicitadas (cf. art. 71).
Para aprovação das deliberações, a escritura de emissão estabelecerá a maioria
necessária, que não será inferior à metade das debêntures em circulação, para
aprovar modificação em suas condições.
Bônus de subscrição
São valores mobiliários de emissão exclusiva de sociedades anônimas de
capital autorizado. Trata-se de uma companhia que tem em seu estatuto uma
cláusula que autoriza, até certo limite em valor do capital ou em número de
ações, o aumento do capital sem necessidade de reforma do estatuto (cf. art
168 da Lei das S/A).
Atenção!
As companhias sem capital autorizado precisam aprovar alteração estatutária
para aumentar o patrimônio, em razão de ser o capital fixo a regra geral no direito
societário. O mesmo procedimento deve adotar a companhia de capital
autorizado quando a autorização estiver esgotada.
A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no
estatuto, os bônus de subscrição. É uma forma de a companhia captar
investimentos com a negociação destes títulos no mercado de valores
mobiliários ou em oferta privada sem admitir, imediatamente, novos acionistas.
Alternativamente à alienação dos bônus, é possível que a companhia os atribua,
como vantagem adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou
debêntures. Os atuais acionistas têm direito de preferência para subscrever os
bônus (cf. os arts. 75 e 77 da Lei nº 6404, de 1976).
Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes
do certificado, se emitido, direito de subscrever ações do capital social, que será
exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de
emissão das ações. Portanto, há uma promessa da companhia de emitir as
novas ações no futuro, devendo ser indicado previamente ao comprador o
número, a espécie e a classe das ações que poderão ser subscritas, o preço de
emissão ou os critérios para sua determinação, bem como a época em que o
direito de subscrição poderá ser exercido e a data do término do prazo para esse
exercício.
Órgãos da sociedade
anônima
Confira no vídeo o que é uma assembleia geral e quais são as suas principais
características.
O órgão deliberativo das companhias é a assembleia geral, formada pelos
acionistas ou por seus procuradores constituídos a menos de 1 (um) ano,
conforme o art. 126.
A assembleia geral tem poderes para decidir todos os
negócios relativos ao objeto da companhia, inclusive aprovar
a reforma do estatuto, a extinção da companhia por fusão
com outra ou incorporação de outra, e tomar as resoluções
que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento (art.
121).
O art. 122 elenca as matérias de competência privativa da assembleia, que
podem ser ampliadas pelo estatuto, desde que não invada a competência de
outros órgãos. Por exemplo, não pode o estatuto determinar que a
representação judicial ou extrajudicial da companhia seja feita por ela, pois tal
prerrogativa é privativa do(s) diretor(es), de acordo com o art. 138, § 1º.
Conforme o art. 139, as atribuições e poderes conferidos por lei aos órgãos de
administração não podem ser outorgados a outro órgão, criado por lei ou pelo
estatuto.
A assembleia pode ser de dois tipos:
Ordinária
Realizada uma vez por ano,
nos primeiros quatro meses
seguintes ao encerramento do
exercício social.
Extraordinária
Sem época prevista para
ocorrer, desde que haja
necessidade de sua
convocação (arts. 131 e 132).
Para a validade das deliberações assembleares, é preciso haver tanto a
convocação quanto a instalação regular, como determina o art. 121. Em caso de
desrespeito, é possível anular a deliberação no prazo de 2 anos (cf. art. 286).
Assim, é muito importante saber:
Quem pode convocar a
assembleia.
Quais as formalidades de
convocação.
O art. 123 elenca as pessoas que podem convocar a assembleia. São elas:
Originariamente, ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores,
observado o disposto no estatuto.
Subsidiariamente, o conselho fiscal (art. 163, V).
Qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de 60
(sessenta) dias, a convocação nos casos previstos em lei ou no estatuto.
Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social, quando os
administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de
convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com
indicação das matérias a serem tratadas.
Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 5%, no
mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os administradores não
atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de assembleia
para instalação do conselho fiscal. 
Qual o quórum de instalação.
Qual o quórum de deliberação.
As formalidades de convocação constam no art. 124. Consistem na publicação
de anúncios de convocação (mínimo de 3) contendo, além do local, data e hora
da assembleia, a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da
matéria com antecedência mínima.
De acordo com o art. 289, os anúncios deverão ser publicados em jornal de
grande circulação e editado na localidade sede da companhia de forma
resumida e com divulgação simultânea da íntegra dos documentos na página do
mesmo jornal na internet. O jornal deverá providenciar certificação digital da
autenticidade dos documentos mantidos na página própria emitida por
autoridade certificadora credenciada no âmbito da infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileiras (ICP-Brasil). Ressalta-se que a companhia fechada que tiver
receita bruta anual de até R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais)
poderá realizar as publicações de forma eletrônica (art. 294).
Deve ser observada a antecedência
mínima para primeira convocação, na
companhia fechada, de 8 dias, no
mínimo, contado o prazo da
publicação do primeiro anúncio. Não
se realizando a assembleia, será
publicado novo anúncio, de segunda
convocação, com antecedência
mínima de 5 dias. Já para a
companhia aberta a antecedência é
maior 21 dias, para a primeira
convocação, e 8 dias para a segunda.
O art. 124, § 2º admite a realização de assembleias digitais (híbrida ou
totalmente digital), tanto para companhias abertas e fechadas. Também é
possível o voto a distância em assembleias presenciais, como prevê o art. 121,
parágrafo único.
Há casos em que as regras acima são flexibilizadas, como nas companhias
fechadas. O acionista que representar 5%, ou mais, do capital social, será
convocado por telegrama ou carta registrada, expedidos com a antecedência
prevista para os anúncios, desde que o tenha solicitado, por escrito, à
companhia, com a indicação do endereço completo e do prazo de vigência do
pedido, não superior a 2 exercícios sociais, e renovável. Todavia, essa
convocação particular não dispensa a publicação dosanúncios (art. 124, § 3º).
Prevê o art. 124, § 4º, que, independentemente das formalidades legais, será
considerada regular a assembleia geral a que comparecerem todos os
acionistas.
Atenção!
A assembleia somente poderá deliberar sobre a ordem do dia se for atingido o
quórum de instalação. Regra geral, este quórum está relacionado à presença de
acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do total de votos
conferidos pelas ações com direito a voto e, em segunda convocação, a
instalação se dá com qualquer número de presentes. A assembleia geral
extraordinária que tiver por objeto a reforma do estatuto tem quórum especial de
instalação apenas na primeira convocação — é necessária a presença de
acionistas que representem, no mínimo, 2/3 (dois terços) do total de votos
conferidos pelas ações com direito a voto (art. 135).
Cabe observar o direito dos acionistas preferenciais cujas ações não tenham
direito a voto de comparecer à assembleia geral e discutir a matéria submetida à
deliberação. Por isso, não lhes pode ser negado o acesso à assembleia nem a
vedação de manifestação.
Na sociedade anônima, em regra, adota-se o quórum de maioria simples, ou seja,
maioria dos votos dos acionistas presentes na assembleia (art. 129). Dispõe o
art. 129, § 2º, que, no caso de empate, se o estatuto não estabelecer
procedimento de arbitragem e não contiver norma diversa, nova assembleia será
convocada, com intervalo mínimo de 2 (dois) meses, para votar a deliberação; se
permanecer o empate e os acionistas não concordarem em cometer a decisão a
um terceiro, caberá ao Poder Judiciário decidir, no interesse da companhia.
Para a aprovação das matérias previstas nos arts. 136, 136-A e 221, é preciso
ser atingido o quórum qualificado — metade, no mínimo, do total de votos
conferidos pelas ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo
estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em
bolsa ou no mercado de balcão para deliberação.
Outros órgãos da sociedade
anônima
Conselho de administração e diretoria
Dispõe o art. 138 da Lei das S/A que a administração da companhia competirá,
conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou
somente à diretoria, sendo os administradores sempre pessoas naturais (art.
146). A disposição estatutária deverá se coadunar com os arts. 138, § 2º, da Lei
das S/A e com os arts. 7º e 13 da Lei nº 13.303/2016, que tratam das empresas
públicas e sociedade de economia mista. Nestas entidades, bem como nas
companhias abertas e de capital autorizado, é obrigatório o funcionamento do
conselho de administração. Portanto, nestas companhias haverá dois órgãos —
a diretoria e o conselho de administração; nas demais, é facultativo o
funcionamento do conselho de administração.
O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo composto
por, no mínimo, 3 membros, eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a
qualquer tempo (art. 140). Cabe ao estatuto fixar o número de conselheiros de
modo fixo ou variável, observado apenas o mínimo legal. Nas empresas públicas
e sociedade de economia mista deve ser observado o número mínimo de 7 e o
número máximo de 11 membros (art. 13, I, da Lei nº 13.303/2016).
Atenção!
O prazo de gestão de cada conselheiro não poderá ser superior a 3 anos,
permitida a reeleição. Nas empresas públicas e sociedade de economia mista o
prazo é menor (não superior a 2 anos) e deve ser unificado com o dos diretores,
sendo permitidas, no máximo, 3 reconduções consecutivas (art. 13, VI).
O art. 140, § 1º, prevê que o estatuto poderá permitir a participação no conselho
de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição
direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os
representam (art. 140, § 1º).
Na eleição para o conselho de administração pode ser adotado o sistema do
voto múltiplo, que consiste em atribuir a cada ação o número de votos
correspondente ao número de cargos a serem preenchidos, reconhecido ao
acionista o direito de cumular os votos em um só candidato ou distribuí-los entre
vários. (cf. art. 141 da Lei das S/A).
O art. 142 elenca as matérias de competência privativa do conselho de
administração:
 I - Fixar a orientação geral dos negócios da companhia.
 II - Eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes
as atribuições, observado o que a respeito dispuser o
estatuto.
 III - Fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer
tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar
informações sobre contratos celebrados ou em via de
celebração, e quaisquer outros atos.
 IV - Convocar a assembleia geral quando julgar conveniente
e, obrigatoriamente, a assembleia geral ordinária.
 V - Manifestar-se sobre o relatório da administração e as
contas da diretoria.
 VI - Manifestar-se previamente sobre atos ou contratos,
quando o estatuto assim o exigir.
A diretoria é órgão obrigatório em toda companhia, competindo a qualquer
diretor a sua representação da companhia e a prática dos atos necessários ao
seu funcionamento regular, mas o estatuto pode estabelecer a atuação
conjuntiva ou colegiada. Além disso, é lícito aos diretores constituir mandatários
da companhia, nos limites de suas atribuições e poderes, devendo ser
especificados no instrumento os atos ou operações que poderão praticar e a
 VII - Deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a
emissão de ações ou de bônus de subscrição.
 VIII - Autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a
alienação de bens do ativo não circulante, a constituição de
ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de
terceiros.
 IX - Escolher e destituir os auditores independentes, se
houver.
duração do mandato, que, no caso de mandado judicial, poderá ser por prazo
indeterminado (art. 144).
A diretoria é composta por 1 ou mais
membros, eleitos e destituíveis a
qualquer tempo pelo conselho de
administração ou, se inexistente, pela
assembleia geral. Nas empresas
públicas e sociedades de economia
mista o número mínimo é de 3
diretores, conforme o art. 13, II, da Lei
nº 13.303/2016.
O prazo de gestão segue a mesma regra para os membros do conselho de
administração, ou seja, não será superior a 3 anos, permitida a reeleição.
Relembrando
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista, o prazo de gestão é
unificado e menor.
Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço),
poderão ser eleitos para cargos de diretores (art. 143, § 1º). Contudo, é vedada,
nas companhias abertas, a acumulação do cargo de presidente do conselho de
administração com o cargo de diretor-presidente (art. 138, § 3º).
Conselho �scal
Na sociedade anônima, este órgão tem uma peculiaridade em relação a outros
órgãos sociais — deve estar previsto no estatuto, mas seu funcionamento pode
não ser permanente (art. 161). Nas empresas públicas e sociedades de
economia mista o órgão é permanente (art. 13, IV, da Lei nº 13.303/16).
A função do conselho fiscal está associada ao controle da atuação dos
administradores, pois ao órgão cumpre fiscalizar permanentemente a gestão da
sociedade e o exame de livros e documentos contábeis com parecer. Com isso,
o conselho fiscal alerta e ajuda os sócios na detecção de eventuais
irregularidades e no acompanhamento da situação financeira e patrimonial da
sociedade, mas não pode aplicar punição aos administradores, pois entraria na
competência da assembleia geral ou do conselho de administração, em relação
aos diretores.
Quando o funcionamento não for permanente, a instalação do conselho fiscal
ocorre a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das
ações com direito a voto, ou 5% das ações sem direito a voto. Cada período de
seu funcionamento terminará na primeira assembleia geral ordinária após a sua
instalação. Nesta assembleia o conselho pode ter seu funcionamento mantido
ou não. Se for mantido, o mandatoé sempre até a próxima AGO (art. 161, §§ 2º e
6º). Nas empresas públicas e sociedade de economia mista, o prazo de gestão
não pode ser superior a 2 anos, permitidas 2 reconduções consecutivas (art. 13,
VIII, da Lei nº 13.303/16).
Comentário
O conselho fiscal é composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco)
membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela
assembleia geral. No caso de empresas públicas e sociedades de economia
mista, em razão do controle estatal, o Conselho fiscal contará com pelo menos 1
(um) membro indicado pelo ente controlador, que deverá ser servidor público
com vínculo permanente com a administração pública (art. 26, § 2º, da Lei nº
13.303/2016).
O art. 161, § 4º, estabelece a composição do conselho fiscal, que deverá
assegurar a representação dos acionistas minoritários, com ou sem direito a
voto. Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito,
terão direito de eleger, em votação separada, 1 membro e respectivo suplente;
igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em
conjunto, 10% ou mais das ações com direito a voto. Os demais acionistas com
direito a voto poderão eleger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer
caso, serão em número igual ao dos eleitos pelos dois grupos anteriores mais 1
(elegerão 3 membros).
Atenção!
A função de membro do conselho fiscal é indelegável e somente podem ser
eleitas pessoas naturais, residentes no país, diplomadas em curso de nível
universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 anos cargo de
administrador de empresa ou de conselheiro fiscal (art. 162). No caso de
empresa pública e sociedade de economia mista, os requisitos estão previstos
no art. 26, § 1º, da Lei nº 13.303/201.
O art. 163 descreve as atribuições privativas do conselho fiscal, sendo que
algumas delas podem ser desempenhadas individualmente, como:
Fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus
deveres legais e estatutários.
Denunciar aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as
providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à
assembleia geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir
providências úteis à companhia.
Há atribuições que dependem de atuação colegiada, como:
Opinar sobre o relatório anual da administração.
Opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem
submetidas à assembleia geral, relativas à modificação do capital social,
emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou
orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação,
incorporação, fusão ou cisão.
Analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações
financeiras elaboradas periodicamente pela companhia.
Examinar e opinar sobre as demonstrações financeiras do exercício social.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O presidente do conselho de administração de uma companhia aberta
convocou os acionistas para a assembleia geral ordinária. Foram publicados
três anúncios para a primeira convocação, sendo o primeiro com quinze dias
de antecedência da data marcada.
Considerando estes dados, assinale a única alternativa correta.
A
A convocação para a assembleia geral ordinária não foi
regular porque não respeitou o mínimo de trinta dias de
antecedência da publicação do primeiro anúncio.
B
A convocação para a assembleia geral ordinária foi regular
porque respeitou o mínimo de quinze dias de antecedência da
publicação do primeiro anúncio.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Com base no art. 124, § 1º, II, da Lei nº 6.404/76, a publicação do primeiro
anúncio ocorreu com menos de 21 dias de antecedência, logo são falsas as
alternativas B e D. As alternativas A e E são falsas por apresentarem
justificativas equivocadas para a irregularidade da convocação.
Questão 2
Você compreendeu que nas sociedades de economia mista e nas empresas
públicas que adotarem o tipo de sociedade anônima a composição do
C
A convocação para a assembleia geral ordinária não foi
regular porque não respeitou o mínimo de vinte e um dias de
antecedência da publicação do primeiro anúncio.
D
A convocação para a assembleia geral ordinária foi regular,
tendo sido realizada pelo presidente do conselho de
administração e com publicação prévia de três anúncios.
E
A convocação para a assembleia geral ordinária não foi
regular porque não respeitou o mínimo de cinco publicações
do anúncio de convocação.
conselho de administração é diferente das demais companhias quanto à
quantidade mínima de membros. Sobre este tema, assinale a única
alternativa correta.
A
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de três, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas o
mínimo é de sete.
B
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de quatro, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas o mínimo
é de cinco.
C
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de dois, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas o
mínimo é de três.
D
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do
conselho de administração é de sete, enquanto nas
sociedades de economia mista e empresas públicas o
mínimo é de onze.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Com base no art. 13, I, da Lei nº 13.303/2016 (mínimo de 7 membros), e no
art. 140, caput, da Lei nº 6.404/76 (mínimo de 3 membros). As demais
alternativas são falsas.
E
Nas companhias em geral, o mínimo de membros do conselho
de administração é de cinco, enquanto nas sociedades de
economia mista e empresas públicas o mínimo é de quinze.
3 - Sociedade em comandita por ações
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a legislação aplicável à
sociedade em comandita por ações e suas peculiaridades.
Origem e legislação da
sociedade em comandita
por ações
Contexto histórico-legal
Confira no vídeo o contexto histórico e a disciplina legal da sociedade em
comandita por ações.
Em todas as legislações anteriores, e na atual, a sociedade em comandita por
ações sempre esteve atrelada à sociedade anônima, determinando a legislação
à aplicação subsidiária e, no que couber, das disposições deste tipo. Nesse
sentido dispunha o art. 280 da Lei nº 6.404/76: “A sociedade em comandita por
ações [...] reger-se-á pelas normas relativas às companhias ou sociedades
anônimas, sem prejuízo das modificações constantes deste capítulo”.
Em razão dessa disposição, não haveria necessidade de regramento no Código
Civil para a sociedade em comandita por ações, mas o legislador, ainda assim,
dedicou a ele um capítulo próprio (Capítulo VI, arts. 1.090 a 1.092). No art. 1.090
é repetida a redação do art. 280, porém com referência ao capítulo do Código: “A
sociedade em comandita [...] regendo-se pelas normas relativas à sociedade
anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste capítulo [...].”
As disposições do Código Civil são bastante semelhantes com as da Lei das S/A
(arts. 280 a 283), com alterações pontuais, com exceção do art. 284, sem
correspondência no Código. Em razão da disposição contida no art. 2º, § 1º, da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4.657/42), a lei
posterior revoga tacitamente a anterior quando com ela for incompatível. Essa é
a hipótese que ocorre, pois o Código Civil, Lei nº 10.406/2002, é posterior à Lei
nº 6.404/76 e trata da sociedade em comandita por ações, reproduzindo as
características que estavam na Lei das S/A.
Atenção!
Não é possível a coexistência de normas sobre o mesmo tipo societário em leis
distintas, tratando do mesmo tema (ex.: responsabilidade dos sócios,
administração, nome empresarial), por isso houve revogação tácita.
Nota-se que o art. 1.190 determinou a aplicação da Lei das S/A à comanditapor
ações, “sem prejuízo das modificações deste capítulo”, ou seja, os arts. 280 a
283 estão tacitamente revogados pelo Código Civil, já que seu conteúdo passou
a ser regulado por este diploma.
Características da
sociedade em comandita
por ações
Seus elementos
Confira no vídeo as principais características da sociedade em comandita por
ações.
A principal característica da sociedade em comandita simples é a existência de
duas categorias de sócios, com responsabilidades distintas pelas obrigações
sociais, veja:
Acionista não
administrador
É aquele cuja
responsabilidade pelas
obrigações sociais é idêntica
à do acionista da sociedade
anônima, ou seja, limitada e
não solidária pelo preço de
emissão das ações subscritas
ou adquiridas.
Acionista
administrador
É aquele denominado diretor,
que responde subsidiária e
ilimitadamente pelas
obrigações da sociedade (art.
1.091, caput).
Ao contrário da sociedade em comandita simples, na sociedade em comandita
por ações a responsabilidade ilimitada não está atrelada a uma categoria de
sócio (comanditado) e sim ao exercício da administração da sociedade e apenas
durante o tempo de duração dela, que é por tempo indeterminado (art. 1.091, §
2º).
Além da responsabilidade dos sócios, o Código Civil apresenta outras
características da sociedade, a maior parte associada à administração. São elas:
O capital social é dividido em ações, tal qual a sociedade anônima. Por
esta razão, a sociedade é denominada “comandita por ações”, sendo
sempre uma sociedade empresária independentemente do objeto (art. 982,
parágrafo único, do Código Civil).
O nome empresarial pode ser da espécie firma ou denominação, de acordo
com o caput do art. 1.090. Em complemento, o art. 1.161 do Código Civil
determina a obrigatoriedade da expressão “comandita por ações” e a
dispensa da indicação do objeto no nome empresarial. Em observância ao
art. 1.157, a firma somente poderá ser integrada pelo nome patronímico do
sócio de responsabilidade ilimitada, ou seja, o acionista diretor. Caso haja
mais de um, qualquer deles pode integrar a firma. Em razão da existência
de acionistas com responsabilidade limitada – aqueles que não são
diretores, é obrigatório o aditivo & Companhia ou sua forma abreviada &
Cia. Exemplos: Torres & Cia, Comandita por Ações ou Torres, Cunha & Cia,
Comandita por Ações.
A administração da sociedade somente pode ser atribuída a acionista, pois
dela decorre a responsabilidade ilimitada e subsidiária; sendo mais de um
diretor, há solidariedade entre eles (art. 1.091, § 1º).
Os diretores não podem ser designados em ato separado, devendo a
nomeação ser feita no estatuto (ato constitutivo da sociedade).
Diferentemente da sociedade anônima, há um quórum qualificado de
deliberação para a destituição dos diretores, ou seja, no mínimo dois terços
do capital social (art. 1.091, § 2º).
O diretor destituído e aquele que se exonerou do cargo continua, durante
dois anos, responsável ilimitada e subsidiariamente pelas obrigações
contraídas sob sua administração (art. 1.091, § 3º).
Também em razão da responsabilidade ilimitada dos diretores, a
assembleia geral não pode, sem o consentimento deles, mudar o objeto
essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou
diminuir o capital social, criar debêntures ou partes beneficiárias (art.
1.092).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ao estudar a disciplina legal da sociedade em comandita por ações, você
verificou que nem todos os artigos da Lei das S/A do capítulo próprio da
sociedade em comandita por ações foram reproduzidos no Código Civil.
Acerca do art. 284, cujo conteúdo permanece apenas na Lei das S/A, assinale
a única alternativa que indica instituto das sociedades anônimas que não se
aplica à sociedade em comandita por ações.
A Ações preferenciais
B Conselho fiscal
C Acordo de acionistas
Parabéns! A alternativa D está correta.
Alternativa fundamentada no art. 284 da Lei nº 6.404/76, que ainda está em
vigor em razão de não ser reproduzido ou ter seu conteúdo previsto nas
disposições do Código Civil sobre a sociedade em comandita por ações. As
demais alternativas são falsas por estarem em desacordo com esse
dispositivo.
Questão 2
Ao estudar a introdução da sociedade em comandita por ações no direito
brasileiro, você aprendeu que, originariamente, o capital social era dividido em
ações apenas para representar a contribuição dos sócios comanditários. A
participação dos sócios comanditados era dividida em quotas, sem prejuízo
da possibilidade de eles adquirirem ou subscreverem ações. Tal dualidade,
quotas para os comanditados e ações para os comanditários, foi encerrada
com
D Voto plural
E Debênture
A o Decreto-lei nº 2.627/1940.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Somente com o Decreto-lei nº 2.627/40 que todo o capital passou a ser
dividido em ações. As demais alternativas são falsas por indicarem diplomas
legais que não alteraram a sistemática anterior quanto à divisão do capital da
sociedade em comandita por ações.
B a Lei nº 6.404/76.
C o Código Comercial de 1850.
D o Código Civil de 1916.
E o Código Civil de 2002.
Considerações �nais
Você aprendeu as características da sociedade anônima, com destaque para a
ausência de solidariedade dos acionistas pela integralização do capital e a
natureza de sociedade empresária qualquer que seja seu objeto.
Viu ainda as regras de formação da denominação (nome empresarial) e o critério
de distinção entre companhia aberta e fechada. Na sequência, analisou o
processo de constituição, com as formalidades preliminares, a subscrição
pública e a particular do capital, a constituição propriamente dita e as
formalidades complementares.
Você obteve noções básicas sobre os valores mobiliários, a competência da
Comissão de Valores Mobiliário para regular este mercado e as principais
disposições legais sobre as ações, as debêntures e os bônus de subscrição.
Além disso, compreendeu a estrutura organizacional das companhias, composta
pela assembleia geral, diretoria e conselho fiscal e, quando exigível, o conselho
de administração.
Você também pôde verificar que as sociedades em comandita por ações
seguem as disposições aplicáveis às companhias, com poucas peculiaridades,
sendo a maioria relacionada à administração da sociedade. Destaca-se a
responsabilidade ilimitada dos acionistas diretores enquanto estiverem no cargo,
sua nomeação sem limite de tempo e o poder de vetar a aprovação de certas
deliberações pela assembleia geral.
Podcast
Ouça um resumo sobre a sociedade anônima e suas características, sobre
valores mobiliários e sua constituição, direitos e obrigações dos acionistas, bem
como legislação aplicável à sociedade em comandita por ações.
Explore +
Confira as indicações que separamos especialmente para você!

Para saber mais sobre a composição da denominação da sociedade anônima e
sobre os critérios para verificação de identidade ou semelhança entre
denominações, leia as Seções III e IV do Capítulo I, Título II (Da Execução dos
Serviços de Registro Público de Empresas) da Instrução Normativa DREI nº 81,
em vigor desde 1° de julho de 2020.
Confira as regras fixadas pela CVM para as companhias abertas. A CVM
disciplina atualmente a matéria na Resolução nº 81, de 29 de março de 2022.
Referências
ALMEIDA, A. P. Manual das Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. 22. ed.
São Paulo: Saraiva, 2018.
BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso avançado de Direito Comercial. 11. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
BORBA. J. E. T. Direito Societário. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
CAMPINHO, S. Curso de Direito Comercial: Sociedade anônima. 6. ed. São Paulo:
Saraiva, 2022.
COELHO, F. U. Novo manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2020.
GONÇALVES NETO, A. A. Manual das companhias ou sociedades anônimas. 2.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa. v. 1 - Teoria Geral da
Empresa e Direito Societário. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial. v. 1 - Teoria Geral e Direito
Societário. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
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