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direito 4

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Unidade 4
 Sociedades 
Empresárias
Livia Regina de Figueiredo
Direito 
Empresarial
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
LIVIA REGINA DE FIGUEIREDO
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Livia Regina de Figueiredo
Olá. Meu nome é Livia Regina de Figueiredo. Sou bacharel em Direito, 
pós-graduada em Magistério Superior em Direito, cursei o mestrado em 
Direito e Desenvolvimento e atualmente curso o Doutorado em Direito 
Privado na Universidade de Salamanca, Espanha. Advogo desde 1989 
e há alguns anos presto serviços para grandes grupos econômicos na 
área de medicamentos e alimentos. Amo advogar e sou apaixonada pela 
docência. Também gosto muito de compartilhar minha experiência com 
aqueles que estão iniciando suas vidas profissionais. Em razão da minha 
experiência e qualificação fui convidada pela Editora Telesapiens para 
integrar o seu elenco de autores independentes e me sinto muito honrada 
com esse convite. Estou feliz por ajudá-lo nesta fase de estudo e trabalho. 
Tenho certeza que o seu esforço e empenho nos estudos lhe trará muito 
sucesso.
.
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova com-
petência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Sociedades empresárias ......................................................................... 12
Da sociedade comercial à sociedade empresária ...............................................12
Sociedades personificadas .................................................................... 17
Classificação das sociedades personificadas ..........................................................17
Sociedades simples .................................................................................................17
Sociedade limitada ...................................................................................................19
 Sociedade em nome coletivo .........................................................................23
Sociedade em comandita simples ...............................................................27
Sociedades personificadas por ações............................................... 32
Sociedades anônimas ................................................................................................................32
Das ações ........................................................................................................................38
Constituição das Sociedades Anônimas ...................................................45
Valores mobiliários ....................................................................................................49
Capital social ..................................................................................................................52
Administração social ................................................................................................53
Direitos e deveres dos acionistas ...................................................................60
Demonstrações contábeis e partilha do lucro e prejuízos ..........64
Dissolução da sociedade anônima ...............................................................67
Sociedade em comandita por ações..............................................................................70
Sociedades cooperativas ....................................................................... 72
O nascimento do cooperativismo ....................................................................................72
Direito Empresarial8
UNIDADE
04
 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Direito Empresarial 9
São várias as formas de dissolução das sociedades, mas todas 
elas têm impacto para sócios, credores e no nicho de mercado no qual 
estão inseridas. As sociedades podem ser transformadas, incorporadas, 
fundidas, ou cindidas, dissolvidas total ou parcialmente. A extinção total ou 
parcial das pessoas jurídicas, a morte de sócios ou a retirada de um sócio 
da sociedade, ou até mesmo pela falência são exemplos de situações 
com impacto patrimonial para os sócios, que regra geral são precedidas 
da fase de liquidação, que pode ser judicial ou extrajudicial. Da mesma 
forma a recuperação das empresas em dificuldade, que pode ser judicial 
ou extrajudicial, com impacto no patrimônio particular dos sócios quando 
decretada a falência. Todas essas possibilidades estão inseridas num 
universo de possibilidades legais interessantíssimas e muito importantes 
para os advogados que pretendem trabalhar para pessoas jurídicas ou 
que venham a ser sócios de uma empresa jurídica ou de um escritório 
de advocacia. Vamos estudar e refletir sobre os conceitos do Direito 
Empresarial e as previsões legais para diferentes situações que podem 
surgir durante a vida das sociedades? Esses são temas apaixonantes. 
Acho que você irá gostar muito deste estudo e terá muito sucesso nesse 
aprendizado. Bom estudo! 
INTRODUÇÃO
Direito Empresarial10
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Compreender a evolução dos tipos societários;
2. Identificar os diferentes tipos societários;
3. Identificar e compreender as responsabilidades e deveres dos 
sócios;
4. Compreender as características inerentes a cada sociedade 
empresária. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
OBJETIVOS
Direito Empresarial 11
Direito Empresarial12
 Sociedades empresárias
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você vai conhecer as sociedades 
empresárias regulamentadas nas leis brasileiras, em especial 
a evolução da sociedade comercial para a sociedade 
empresária. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Da sociedade comercial à sociedade 
empresária
A sociedade com fins lucrativos, latu sensu, é tão antiga quanto a 
história da humanidade.
Os primitivos se uniam para caçar, plantar e trocar, otimizando 
ganhos e aumentando as chances de sobrevivência dos grupos humanos, 
no exato brocardo “a união faz a força”, comunhão de esforços que foi 
sendo aprimorada, ampliada e sofisticada ao longo dos séculos.
Paulatinamente, às regras costumeiras se somaram regras escritas, 
a exemplo do Códigos de Hamurabi, do Antigo Testamento e do direito 
grego (emporikái díkai – regras para o comércio terrestre). Guerras foram 
motivadas pelo comércio, como as Púnicas, entre 264 a 146 a.C., fruto do 
desejo de dominância dos romanos no mar Mediterrâneo, em que pese o 
direito romano situasse os bens no âmbito dos direitos civis, não havendo 
evidências de um direito comercial autônomo.
Na idade média, em especial da metade do séc. XII até a segundametade do séc. XVI, anos 1150 ao 1700, havia intenso comércio na Europa 
e Ásia, com destaque para as cidades italianas, onde imperaram as 
corporações de ofício, associações que regulamentavam as atividades 
religiosas, econômicas ou político-sociais, e as corporações de 
comerciantes, associações que regulamentavam as atividades comerciais 
-, um avanço regulatório importante, considerando que as atividades 
eram desenvolvidas no modelo familiar, lastreadas na affectio societatis.
Direito Empresarial 13
Nesta mesma época, também com base no modelo familiar, 
Maias, Incas e Astecas, mantiveram intrincada e eficiente rede comercial, 
inclusive com transporte de mercadorias e pessoas entre o Atlântico e o 
Pacífico, especialmente nas áreas hoje ocupadas pela América Central e 
México.
Entre 1760 e 1840, entretanto, o boom tecnológico da Revolução 
Industrial começou a mudar o modelo familiar para o modelo comercial 
focado na produção em série.
Sob o império das ideias iluministas francesas do Estado Mínimo e 
do lassez fare (deixar fazer), movimento liberalista político-econômico, a 
iniciativa privada sobrepujou o regime estatal totalitarista e as sociedades 
comerciais adquiriram, definitivamente, vertente capitalista, com norte no 
lucro.
No Brasil, a primeira Carta Régia promulgada por Don João VI em 
28 de janeiro de 1808, quatro dias após aportar no Brasil, abriu os portos e 
inseriu a então Colônia no comércio exterior, dando início a um próspero 
período comercial.
Em 1850, durante o reinado de Dom Pedro II, foi promulgado 
o Código Comercial de 1850, Lei n° 556, e decretado o Processo 
Comercial, Regulamento n° 737, normas que mudaram paradigmas legais, 
econômicos e sociais, sendo os mais importantes:
a. Permissão para mulheres solteiras e viúvas exercerem 
o comércio em nome próprio, sem autorização de pais, 
filhos ou tutores, presumida tácita a autorização marital das 
casadas. Com os homens lutando em 41 guerras entre 1700 
e 1850, coube às mulheres assumir os estabelecimentos 
comerciais familiares, criar e manter filhos e agregados. A 
economia da Nação era dependente da força de trabalho 
feminina.
b. Normatização de obrigações e prerrogativas: registro de 
empresas e atos comerciais no Registro do Comércio; 
exigência de escrituração fiscal; mínimo de 25 anos para a 
corretagem, proibida a mulheres e estrangeiros; dilação da 
Direito Empresarial14
praça de comércio para além do estabelecimento físico; 
concorrência cambial para regulação de preços, etc.;
c. Formalização de direitos e obrigações financeiras e civis 
para fins ou decorrentes de atos comerciais, com aplicação 
subsidiária das leis civis: mandato, contratos de mútuo e 
empréstimos, responsabilidade civil, empreitada, obras, 
locação mercantil, compra e venda, comissão, troca ou 
escambo, fiança, cartas de crédito e abonos, hipoteca e 
penhor mercantis e depósito mercantil;
d. Regulamentação dos atos comerciais dos banqueiros 
e agentes de comércio: condutores de gêneros e 
transportes, trapicheiros e administradores de armazéns 
de depósito, feitores, guarda-livros e caixeiros, agentes de 
leilões e corretores;
e. Reconhecimento e efetivação de diretos e obrigações 
dos sócios, constituição, funcionamento, dissolução, 
liquidação, extinção e quebra de companhias e 
sociedades comerciais de capital ou trabalho por quotas 
de participação, anônimas, em comandita, em nome 
coletivo ou com firma, de capital e indústria;
f. Normatização dos títulos de crédito: letras de câmbio, 
notas promissórias e créditos mercantis; e
g. Regulamentação do comércio marítimo.
Um simples correr de olhos pelo Código Comercial, que reuniu 
regras e costumes já sedimentados, comprova práticas comerciais 
intensas e a existência de vários tipos de sociedades empresariais no 
Brasil, por 152 anos lastreadas na honra, na verdade, no cumprimento da 
palavra empenhada e em muitas leis espaças que foram surgindo para 
suprir exigências comerciais e empresariais, até a entrada em vigência do 
Código Civil, em 11 de janeiro de 2003.
Direito Empresarial 15
Na segunda metade do século XX, o conceito de empresa mudou 
profundamente. Extrapolou a intermediação de mercadorias, no atacado 
ou no varejo, e atingiu status de atividade especializada, assentada em 
princípios técnicos, leis econômicas e concorrenciais, que se entrelaçam 
a outras ciências como administração de empresas, direito, psicologia, 
finanças, contabilidade, etc.
No Brasil, o legislador constitucional optou por manter a autonomia 
do Direito Comercial, separando-o do Direito Civil ao tratar da competência 
exclusiva da União para legislar sobre essas matérias. (art. 22, I, CF). Por 
outro lado, ao assentar a atividade econômica e financeira na “valorização 
do trabalho humano e na livre iniciativa” como meio de “assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social” o legislador 
abandonou a Teoria do Ato de Comércio, focada no ato mercantil como 
centro das atividades societárias, e adotou a Teoria da Empresa, que 
regula holisticamente o exercício da atividade econômica empresarial. 
(art.170, CF).
IMPORTANTE:
A doutrina majoritária adotou a denominação Direito 
Empresarial para destacar a Teoria da Empresa em substituição 
à antiga Teoria do Ato do Comércio. Porém, isso não significa 
a extinção do Direito Comercial e das leis esparsas que 
regulamentam a matéria.
Teoria do Ato do Comércio e Direito Comercial não são sinônimos.
A segunda parte do Código Comercial, Lei 556/1850, que 
regulamenta o comércio marítimo segue vigente. Somente a primeira 
parte do Código Comercial foi revogada pelo atual Código Civil de 2002, 
e é hoje regida pela Teoria da Empresa. O próprio Código Civil prevê, no 
art. 2.037, que: 
Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e 
sociedades empresárias as disposições de lei não revogadas 
por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades 
comerciais, bem como a atividades mercantis.
Direito Empresarial16
A adoção da Teoria da Empresa pelo Código Civil mudou 
profundamente os direitos e obrigações dos empresários e das 
sociedades empresárias, inclusive na sua relação com stakeholders, com 
outras ciências e com as externalidades - efeitos positivos e negativos das 
atividades comerciais sobre a sociedade em geral -, o bem estar social e, 
em última instância, a dignidade da pessoa humana.
A empresa passou a ser vista como um fenômeno econômico-
social, a partir de um perfil poliédrico composto pelo empresário, aquele 
que “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços” (art. 966, CC), pela força 
produtiva organizada da empresa, pelo patrimônio empresarial (ativo e 
passivo) e pelo capital humano e seu perfil corporativo social.
Em que pese transferida para o Código Civil, a atividade comercial-
empresarial está prevista em título próprio, Parte Especial, Livro II, e é um 
conjunto regras específicas, dirigidas pontualmente para a disciplina da 
atividade comercial econômica.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
apresentar o que vimos. Você deve ter aprendido como se 
deu a evolução da sociedade comercial para a empresária. 
Também foi apresentado aos aspectos históricos importantes 
dessa evolução. Por fim, soube quais as legislações nortearam 
as atividades comerciais em nosso país a partir do século 
XIX com Dom Pedro II até a adoção da Teoria da Empresa 
pelo Código Civil que mudou profundamente os direitos e 
obrigações dos empresários e das sociedades empresárias
Direito Empresarial 17
Sociedades personificadas
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender como 
funciona as sociedades personificadas e os tipos societários: 
sociedade limitada e sociedadeem comandita simples. E 
então? Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Classificação das sociedades personificadas
As Sociedades personificadas são aquelas que possuem 
personalidade jurídica própria, independente dos sócios, acionistas ou 
cooperativados.
Elas se subdividem em: Sociedade Simples Pura, Sociedade 
Limitada, Sociedade Anônima, Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade 
em Comandita Simples, Sociedade em Comandita por Ações e Sociedade 
Cooperativa.
Sociedades simples
Na vigência do Código Civil de 1916, as Sociedades Simples – SS 
eram chamadas Sociedades Civis – SC.
A expressão sociedade civil foi usada pela primeira vez por 
Adam Ferguson, na obra Ensaio sobre a História da Sociedade Civil, em 
1767, para descrever a sociedade capitalista à época. Para Ferguson, a 
sociedade civil de pessoas deu origem às sociedades civis comerciais 
naturalmente, numa conjunção de talentos, vigor e sabedoria, tanto na 
arte da persuasão, como no exercício do poder.
Hoje, a sociedade simples se diferencia das sociedades empresárias 
pela dependência intrínseca da atuação dos sócios para o exercício 
da atividade econômica. Em contraposição, na sociedade empresária 
prevalece a organização empresarial.
Direito Empresarial18
Outra diferença importante é o tipo de registro ao qual estão 
legalmente submetidas. A sociedade simples tem os seus atos 
constitutivos registrados no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, enquanto 
a sociedade empresária tem os seus atos constitutivos registrados nas 
Juntas Comerciais.
Os atos constitutivos de sucursais, filiais ou agências das sociedades 
simples estabelecidas na mesma circunscrição da sede, devem ser 
averbados junto ao seu registro. Se elas estiverem estabelecidas em 
circunscrição distinta da sede, os atos constitutivos devem ser registrados 
na circunscrição do Registro Civil das Pessoas Jurídicas onde estão 
fisicamente. Nos dois casos, o pedido deve estar acompanhado da prova 
de inscrição da sociedade originária.
São registradas no Registro Civil as Pessoas Jurídicas discriminadas 
no art. 44, do Código Civil (associações, sociedades simples puras, 
fundações, organizações religiosas, partidos políticos e empresas 
individuais de responsabilidade limitada – EIRELI) e no art. 8°, da Lei 
5.250/67 (jornais e periódicos, oficinas impressoras, empresas de 
radiodifusão e empresas agenciadoras de notícias).
As sociedades simples se subdividem em:
a. sociedade simples pura ou sociedade simples 
propriamente dita: são aquelas que não adotam nenhum 
tipo societário específico e seguem as regras dos arts. 997 
a 1.038 do Código Civil.
O tipo de responsabilidade subsidiária, nestas sociedades, é de 
livre escolha dos sócios, podendo ser limitada ou ilimitada, conforme 
declarado no ato constitutivo (inciso VIII, art. 997, CC). Se os sócios optam 
pela subsidiariedade, a responsabilidade é ilimitada. Ao revés, se optam 
pela inexistência de responsabilidade subsidiária, ela será limitada.
Como a solidariedade advém da lei ou do contrato, essa escolha é 
prerrogativa dos sócios na ausência de previsão legal.
b. sociedades de natureza simples: são aquelas que 
adotam algum tipo societário simples: sociedade 
Direito Empresarial 19
limitada, sociedade em nome coletivo ou a sociedade em 
comandita simples. (art. 1.039 a 1.092, CC)
Sociedade limitada
Não há consenso entre os doutrinadores sobre o país de origem 
e nem a data de criação da Sociedade por Quotas de Responsabilidade 
Limitada, como era denominada no século XIX. 
Em 1857, a Inglaterra regulou a “limited by guarantee”, que restringia 
a responsabilidade dos sócios à quantidade das ações que possuíam.
A França, em 28 de maio de 1863, legalizou a societé à responsabilité 
limitée, e a Alemanha fez o mesmo em 20 de abril de 1892, ao promulgar 
a Lei Gsellschaften mit beschraenkter Haftung (Lei da Sociedade de 
Responsabilidade Limitada), modelos normativos imediata e amplamente 
adotados no meio comercial europeu e nas Américas.
Esse tipo societário foi incorporado à legislação brasileira pelo 
Decreto 3.708/1919, e passou a ser o favorito dos empresários brasileiros 
pela contratualidade e pela limitação da responsabilidade dos sócios.
Atualmente, a Sociedade Limitada está regulamentada nos artigos 
1.052 a 1.087, do Código Civil, aplicando-se-lhe subsidiariamente as 
regras das sociedades simples (art. 997 a 1.038, CC), a Lei das Sociedades 
Anônimas – LSA (Lei 6.404/1976), a analogia e outras normas esparsas. 
Exemplo são as regras de desempate nas decisões sociais por maioria. 
(parágrafo 2°, art. 1.010, CC)
Inexiste óbice legal para o uso da Lei das Sociedades Anônimas 
como legislação subsidiária, desde que os sócios incluam a opção no 
contrato social. Exemplo é o desempate nas decisões societárias com 
três ou mais sócios. Ao invés da solução por maioria de votos, regra da 
sociedade simples (art. 1.010, CC), pode-se aplicar as regras do parágrafo 
2°, do art. 129, da LSA, c/c o inciso III, do art. 1.078, do Código Civil, 
que submete a divergência a uma nova assembleia, em até 60 dias e, 
persistindo discordância, ao Judiciário.
Direito Empresarial20
A opção pela aplicação subsidiária das normas das sociedades 
simples ou das sociedades anônimas determina a regência supletiva 
(art. 1.053, CC). O problema é que essa escolha cria duas subespécies de 
sociedade limitada, uma regida pelas regras da sociedade simples e outra 
pelas regras da sociedade anônima, ambas com lacunas legais somente 
supridas pela aplicação subsidiária de outras normas ou pela analogia.
Como a natureza da constituição determina a da dissolução, a 
sociedade limitada só pode ser dissolvida pelas regras do Código Civil, 
independente da escolha dos sócios quanto à legislação a ser aplicada 
subsidiariamente. (arts. 1.033 a 1.038 e 1.102 a 1.112, CC)
Esse tipo societário pode ser definido como uma sociedade 
empresarial de natureza contratual, constituída por um ou mais sócios, 
com capital social divido em quotas, responsabilidade de cada sócio 
perante terceiros restrita ao valor das quotas por ele subscritas e solidária 
integral entre os sócios com relação à integralização do capital social, 
respeitado o direito de regresso. (art. 1.052 c/c art. 312, CC) 
Responsabilidade limitada, por sua vez, é a obrigação individual dos 
sócios de pagar, com o seu patrimônio pessoal passível de penhora e 
até o valor total das quotas por eles subscritas, as dívidas contraídas pela 
sociedade que excedam o ativo.
Se a sociedade tiver passivo que ultrapasse o limite patrimonial 
penhorável dos sócios sobre as quotas subscritas, os credores amargam 
o prejuízo. Ou seja, se a limitação da responsabilidade salvaguarda o 
patrimônio pessoal dos sócios e estimula o empreendedorismo, também 
aumenta a exigência de garantias para segurança do investimento dos 
credores (aval, fiança, seguros, etc.), o que, a final, onera os produtos pela 
inserção da taxa de risco no preço.
IMPORTANTE:
Os sócios só têm responsabilidade sobre o capital subscrito 
e não integralizado. Se o valor subscrito for totalmente 
integralizado em bens, os sócios não têm nenhuma 
responsabilidade sobre as dívidas da sociedade empresária 
e não respondem com o seu patrimônio pessoal. O prejuízo é 
totalmente suportado pelos credores. 
Direito Empresarial 21
Excepcionam a limitação e impõem responsabilidade subsidiária 
integral dos sócios pelas obrigações societárias, independente da 
integralização: a fraude legal e contratual (art. 1.080, CC); a sociedade 
marital, inclusive se registrada em afronta ao art. 977, do Código Civil; 
o abuso da personalidade jurídica (art.50, CC); e, pelo sócio retirante, 
obrigações trabalhistas contraídas durante a sociedade até dois anos após 
a averbação da modificação contratual (art. 10-A, CLT), exceto se houver 
fraude na alteração, quando a responsabilidade é solidária (parágrafo 
único, art. 10-A, CLT).Na Sociedade Limitada, a administração pelos sócios independe 
de previsão contratual e é, costumeiramente e quase sempre, conjunta e 
consensual, caracterizada pela affectio societatis e pelo esforço mútuo, em 
que pese não haja impedimento legal para o exercício da administração 
por não sócios, se nomeados e destituídos por decisão majoritária, com 
expressa autorização no contrato ou em aditamentos contratuais.
Os administradores gerem a sociedade por prazo determinado ou 
indeterminado e devem ser nomeados no contrato ou aditamento social 
registrado na Junta Comercial, com estipulação expressa do início, fim ou 
interregno para o exercício dos atos de administração. Atos de condução, 
recondução e cessação do exercício do cargo de administrador também 
devem ser registrados na Junta Comercial.
Os atos de renúncia devem ser feitos por escrito e têm efeito 
imediato entre os sócios. Porém, perante terceiros só têm efeito após 
arquivados na Junta Comercial e publicados no Diário Oficial.
Os atos de gestão e decisões administrativas são livres, exceto se 
houver formalidades previstas em lei, tais como: constituição, dissolução 
e liquidação das sociedades; operações societárias (transformação, 
incorporação, fusão, cisão e incorporação de ações); nomeação, 
remuneração e destituição de administradores; votação anual das contas; 
alteração do contrato social; expulsão de sócio (art. 1.085, CC), etc.
Como o sócio com maior número de quotas subscritas, o denominado 
“sócio majoritário”, tem maior poder de decisão, a lei estabeleceu regras e 
quorum deliberativo para resguardar os interesses dos sócios com menor 
número de quotas, os “sócios minoritários”. São elas:
Direito Empresarial22
a. unanimidade para designar administrador não sócio antes 
da integralização do capital e mínimo de dois terços após 
a integralização (art. 1.061, CC); 
b. dois terços para destituir administrador sócio nomeado no 
contrato social, no silêncio do contrato social (art. 1.063, § 
1º, CC);
c. três quartos para mudar o capital social e para decidir 
sobre incorporação, fusão e dissolução da sociedade ou 
cessação do estado de liquidação (art. 1.076, I, c/c art. 
1.071, V e VI, CC); 
d. mais da metade do capital social, para designar e substituir 
administrador sócio ou não sócio em ato separado do 
contrato social, destituir administradores, estabelecer 
a forma da sua remuneração na ausência de previsão 
contratual, e decidir sobre o pedido de recuperação 
judicial (art. 1.076, II, III, c/c art. 1.071, II a IV e VIII, CC);
e. maioria dos sócios com mais de metade do capital, para 
expulsar sócio minoritário, se permitido no contrato social, 
exceto nas sociedades com até dois sócios (art. 1.085, CC);
f. mais da metade dos presentes em assembleia ou reunião 
para aprovação das contas dos administradores, e para 
nomeação e destituição de liquidantes e/ou julgamento 
das suas contas (1.076, III, c/c art. 1.071, I e VII, CC).
Nas sociedades com dois sócios é desnecessária a reunião para a 
exclusão de um deles. (parágrafo único, art. 1.085, CC)
Tampouco é preciso assembleia ou reunião nas sociedades 
limitadas microempresárias ou de pequeno porte para deliberações 
administrativas, exceto no caso de expulsão de sócio minoritário quando 
é legalmente exigida e com quorum majoritário dos sócios detentores de 
mais da metade do capital social. (art. 70, LC 123/2006)
A prestação de contas anual, com balanço contábil e resultados, é 
obrigatória para os administradores e deve ser apresentada aos sócios na 
Direito Empresarial 23
forma prevista no contrato social ou em assembleia, no prazo máximo de 
quatro meses após o fim do exercício social.
Exercício social é o período de 12 meses que serve de base para a 
elaboração dos demonstrativos contábeis, com a finalidade de apurar o 
resultado operacional e atualizar o patrimônio (ativo e passivo).
Nas sociedades limitadas de grande porte é comum a inserção 
no contrato social de regras para a instalação e o funcionamento de 
um conselho fiscal, composto por no mínimo três membros efetivos e 
três suplentes, sócios ou não, escolhidos por maioria, conforme regras 
contratuais ou em assembleia, para dar confiabilidade à administração e 
facilitar a fiscalização das contas pelos sócios minoritários.
São impedidos de participar no conselho fiscal cônjuges e parentes 
até terceiro grau, administradores e empregados da sociedade empresária, 
de filial ou estabelecimento por ela controlado, para a garantia de isenção 
na fiscalização das contas.
Os sócios minoritários que discordarem da escolha dos membros 
fiscais escolhidos pela maioria, podem eleger separadamente um 
membro e um suplente, desde que juntos tenham, no mínimo, um quinto 
do capital social. Já os sócios com vinte por cento ou mais do capital social 
podem escolher individualmente um representante para o conselho fiscal.
Os membros escolhidos pelos sócios minoritários somam-se aos 
escolhidos pelos sócios majoritários.
O Conselho Fiscal, por sua vez, pode contratar contadores para 
auxiliar no exame dos livros contábeis, mas a remuneração do profissional 
deve ser aprovada em assembleia.
As sociedades limitadas de grande porte devem manter a mesma 
escrituração contábil das sociedades anônimas. (parágrafo único, art. 3°, 
Lei n. 11.638/2007 c/c arts. 176 a 186, LSA).
 Sociedade em nome coletivo
Também denominada sociedade ilimitada, sociedade de 
responsabilidade ilimitada ou sociedade geral, a sociedade em nome 
Direito Empresarial24
coletivo, como é expressamente nominada na lei brasileira, está 
regulamentada nos arts. 1.039 ao 1.044, do Código Civil. E, na falta de 
regras específicas, aplica-se a ela as regras gerais contidas nos arts. 997 
ao 1.038, do Código Civil.
Sua origem remonta à Idade Média, à região hoje ocupada pela 
Itália, e ao modelo essencialmente familiar, lastreado na affectio societatis.
Herdeiros de grandes fortunas, para evitar a perda de valor dos bens 
do espólio pela divisão, os deixavam em uma espécie de condomínio 
comercial gerido por um dos sócios, responsável direto pela administração 
do negócio e/ou dos bens móveis, imóveis e semoventes, bem como 
pela divisão de lucros e perdas.
Como sinal de identidade e sinônimo de honradez, confiabilidade 
e poder, bem como para publicitar a condição de empresa familiar, esse 
tipo de condomínio societário era designado pelo nome dos sócios ou da 
família (Antonio Pietro & José Pietro, Pietro & Filhos, etc.).
Ao longo do tempo a característica familiar da Sociedade em Nome 
Coletivo mudou, passando a agregar pessoas estranhas ao núcleo íntimo 
dos sócios, unidas não pela affectio societatis, mas por um contrato social 
em prol unicamente de um objetivo econômico comum: o lucro.
Hoje é um tipo empresarial raro, que deve desaparecer pelo desuso, 
sobretudo pela responsabilidade ilimitada. (art. 1.023 e 1.024, CC)
Pela natureza personalíssima, somente pessoas físicas podem 
ser sócios neste tipo de sociedade empresária e os sócios respondem 
solidária e ilimitadamente pelas dívidas da sociedade perante terceiros 
(art. 1.039, CC), em que pese inexista impedimento legal para que, por 
acordo unânime, os sócios delimitem a responsabilidade subsidiária de 
cada um com relação aos demais.
Também é opção dos sócios o tipo de sociedade, simples, registrada 
no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ou empresária, registrada na Junta 
Comercial. 
Essa escolha, porém, é muito importante, pois determina a forma 
pela qual a Sociedade em Nome Coletivo poderá ser dissolvida. Se 
simples, ela se dissolve por qualquer dos motivos contidos nos incisos do 
art. 1.033 do Código Civil. Se empresária ela pode ser extinta também pela 
Direito Empresarial 25
falência, nos termos da Lei 11.101/2015. (art. 1.044, CC)
O contrato social segue as regras gerais previstas no Código Civil: 
qualificação dos sócios e da própria sociedade, delimitação do capital, 
número,valor e forma de integralização das quotas sociais, direitos e 
obrigações dos sócios e do administrador, divisão de perdas e lucro (art. 
997, CC), o nome social (art. 1.041, in fine, CC) e os limites para o uso da 
firma (art. 1.042, CC).
Na condição de sociedade intuitu personae, a administração 
e a tomada de decisões administrativas são vedadas a terceiros e 
somente podem ser exercidas por um ou mais sócios, em conjunto ou 
separadamente, independente do percentual na participação societária, 
aplicando-se-lhes as regras gerais da responsabilidade civil, o dever de 
prestar contas, a fiscalização dos atos pelos demais sócios, etc.
Quanto à forma de exercício da administração, ela pode ser coletiva, 
conjunta, simultânea ou sucessiva, conforme queiram os sócios, mas, 
regra geral, na Sociedade em Nome Coletivo as decisões são tomadas 
coletivamente, prevalecendo a decisão da maioria. (art. 1.010, CC)
A contratação de gerentes, para cuidar das atividades empresariais 
diárias rotineiras, na sede ou em outros estabelecimentos da sociedade é 
legalmente permitida.
Quanto à cessão de quotas, a regra geral prevê a possibilidade 
por decisão unânime dos sócios. Mas não há óbice legal para inserção 
no contrato social de regras e condições para cessão e circulação das 
quotas, prevalecendo o avençado sobre a regra geral.
IMPORTANTE:
Em que pese a Sociedade em Nome Coletivo seja uma 
sociedade simples, fundada na affectio societatis e com 
natureza personalíssima, na atualidade esses conceitos são 
vistos de forma ampla, como um dever comportamental 
lastreado nos princípios da boa-fé, da proporcionalidade e 
da razoabilidade, bem como na função social do contrato, 
assentado sob quatro pilares: a lei, o contrato social, os usos e 
costumes societários e a equidade.
Direito Empresarial26
Sendo assim, a regra geral que regulamenta a atuação dos sócios 
(art. 1.002, CC) é mitigada pelos usos e costumes sociais que a sociedade 
em nome coletivo formalmente adotar.
Quanto aos bens, ainda que a sociedade tenha patrimônio próprio 
totalmente integralizado, os sócios têm responsabilidade solidária 
ilimitada para com a sociedade e responsabilidade subsidiária entre eles 
(art. 1.039, CC).
A desconsideração da pessoa jurídica é desnecessária na cobrança 
de dívidas desse tipo de sociedade em razão da responsabilidade ilimitada 
dos sócios, imediatamente substitutiva, e cujos bens penhoráveis podem 
ser alcançados assim que comprovada a insuficiência de créditos da 
sociedade em ação de execução. (art. 1.023 e 1.024, CC)
Qualquer sócio que honrar a dívida da sociedade terá direito de 
regresso contra a própria sociedade, pela totalidade do que pagou, e 
contra os demais sócios na proporção contratualmente avençada para a 
responsabilidade e a participação de cada um nas perdas.
Perante terceiros a responsabilidade é sempre solidária e todos os 
sócios, inclusive os admitidos na sociedade após a constituição da dívida, 
são igualmente responsáveis pela obrigação. (art. 1.025, CC) 
IMPORTANTE:
A premissa da solidariedade perante terceiros, não se aplica na 
subsidiariedade. O sócio recém-admitido não é responsável, 
em eventual ação de regresso movida pelos sócios antigos 
para ressarcimento por quitação de dívida existente antes 
da sua integração na sociedade. Porém, se foi ele a quitá-la, 
poderá exigir a totalidade do que pagou dos demais sócios 
antigos. (art. 1.007, CC)
O sócio que se retira da sociedade em dissolução parcial tem 
responsabilidade residual, exceto se morto, quando ela alcança o valor 
do espólio, já que a responsabilidade não se estende aos herdeiros. (art. 
1.032, CC)
Direito Empresarial 27
Na insuficiência de bens da sociedade e dos sócios para a quitação 
das obrigações, o credor pode pedir a falência da sociedade em nome 
coletivo, se empresária, ou a declaração da insolvência, se simples.
As quotas sociais podem ser objeto de penhora, desde que não 
haja prejuízo para a affectio societatis (art. 1.026 e parágrafo único, e art. 
1.030, CC), mas é vedado ao credor particular de um dos sócios pedir a 
liquidação da quota do devedor antes da dissolução da sociedade, exceto 
em caso de prorrogação tácita ou contratual que tenha sido objeto de 
oposição pelo credor, aceita judicialmente no prazo dilatório de 90 dias. 
(art. 1.043 c/c art. 1.033, I, CC)
Em decorrência da solidariedade, a falência ou a insolvência da 
sociedade empresária implica na falência ou insolvência também dos 
sócios. (art. 81, Lei 11.101/05)
Falecido algum sócio, silente o contrato social aplica-se a regra 
geral do art. 1.028, do Código Civil.
IMPORTANTE:
 São impenhoráveis o único imóvel usado para residência do 
sócio e família (art. 1°, Lei 8.009/90) e os bens elencados no art. 
833, do Código de Processo Civil, a saber. 
Sociedade em comandita simples
Em latim, o presente ativo do verbo commendāre, infinitivo de 
commendō (ou comandare no latim vulgar) se traduz como empréstimo.
As fontes e relatos históricos divergem, mas em linhas gerais 
a Sociedades em Comandita, Contrat de Command, ou contrato de 
encomendas, remonta às cidades italianas e ao comércio marítimo da 
Idade Média, nos séculos X e XI d.C.
O Contrat de Command era uma espécie de contrato de parceria 
“criativa” para “driblar” uma proibição de cobrança de juros sobre 
empréstimos marítimos. O financiador-parceiro contribuía em dinheiro 
Direito Empresarial28
para cobrir custos da viagem e o capitão fornecia o navio para o transporte 
de bens de terceiros, com divisão do lucro do transporte no final das 
viagens. Em caso de perdas, o financiador respondia somente até o 
limite da sua contribuição para a parceria ou, em parâmetros atuais, tinha 
responsabilidade limitada até o valor investido.
Nos dias atuais, comanditar significa investir dinheiro, ou fundos, 
numa sociedade, simples ou empresária, sob a administração de terceiros.
A sociedade em comandita simples está regulamentada nos arts. 
1.045 a 1.051, do Código Civil. Havendo lacuna, aplicam-se as regras 
para as Sociedades em Nome Coletivo e para a Sociedade Simples, 
respectivamente. (art. 1.046 e 1.040, CC)
Esta sociedade caracteriza-se pela dualidade de sócios: de um 
lado, um ou mais investidores “comanditários” que aplicam “comandita” 
(recursos), em fundos de uma sociedade em comandita; e, de outro lado, 
um ou mais administradores “comanditados”, que recebem a “comandita” 
com o dever de bem administrá-la. (1.045, CC) 
O sócio investidor-comanditário não pode ser administrador, mas 
pode ser constituído procurador pela sociedade, com poderes especiais 
e para fins específicos, ou seja, para resolver pendência determinada. 
(parágrafo único, art. 1.047, CC)
O contrato social além de atender às exigências do art. 997, do 
Código Civil, deve conter expressamente a qualificação completa do 
comanditário, pessoa física ou jurídica, a sua condição de investidor 
responsável pela integralização da totalidade do capital, a qualificação 
do comanditado, obrigatoriamente pessoa física, e sua designação como 
administrador do capital e responsável pela gestão da sociedade. (art. 
1.039, CC)
O incapaz pode ser comanditário, pois os seus bens estão 
protegidos (art. 974, CC), mas não podem ser comanditados, já que lhes 
falta capacidade civil para exercer os atos de administração obrigatórios.
Qualquer alteração contratual deve aprovada pelos sócios 
unanimemente, exceto se houver previsão diversa no contrato social. (art. 
999, CC)
Direito Empresarial 29
A administração simultânea de dois ou mais comanditados é 
permitida (art. 1.013, CC) e os seus direitos e obrigações são equivalentes 
aos dos sócios nas sociedades em nome coletivo. (parágrafo único, art. 
1.046, CC)
Os sócios comanditados que forem demandados por credores 
podem lançar mão do “benefício de ordem”, ou seja, podem pedir ao 
juiz que a constrição recaia primeiro sobre os bens da sociedade, e que, 
somente após comprovadanos autos da execução a insuficiência de bens 
societários suficientes para a quitação das obrigações, ela atinja os seus 
bens pessoais.
Havendo mais de um sócio comanditado (administrador), o credor 
pode exigir o cumprimento das obrigações de qualquer deles, total ou 
parcialmente, respeitado o direito de regresso do sócio pagador contra os 
demais, na proporção das suas quotas ou conforme acordado no contrato 
social. (art. 1.045 c/c art. 1.023, e art. 1.039, CC)
Sócios recém-admitidos também respondem solidariamente 
perante terceiros pelos débitos constituídos antes da sua entrada, mas 
pode reaver integralmente, dos demais sócios, em ação regressiva, o que 
pagou em nome da sociedade insolvente. (art. 1.025, CC)
IMPORTANTE:
Na falta de quitação integral da obrigação é faculdade do 
credor pedir judicialmente a insolvência da sociedade 
simples, registrada no Cartório de Registro de Títulos e 
Documentos, ou a falência da sociedade empresária, com 
registro na Junta Comercial.
Como os bens dos sócios comanditários respondem limitadamente, 
a insolvência ou a falência não os alcançam enquanto pessoas físicas. 
Porém, a responsabilidade é ilimitada e a insolvência ou falência pessoal 
os alcança na falta de integralização completa do capital social subscrito, 
ressalvada a impenhorabilidade do único imóvel residência da família e os 
bens discriminados no art. 833 do CPC.
Direito Empresarial30
Na dissolução parcial com retirada do sócio comanditário por morte, 
retirada motivada ou imotivada (art. 1.029, CC) ou exclusão do quadro 
societário (art. 1.030, CC), o sócio retirante ou seus herdeiros respondem 
pelas dívidas perante terceiros no limite do seu investimento.
O sócio comanditado e seus herdeiros, porém, não se eximem da 
responsabilidade por obrigações anteriores à morte, retirada ou expulsão, 
pelo prazo decadencial de dois anos contados da averbação da alteração 
contratual. (art 1.048, CC) Como a responsabilidade é ilimitada, atinge a 
totalidade do patrimônio pessoal, inclusive os bens adquiridos após a 
retirada, ressalvados os bens impenhoráveis. Os herdeiros, entretanto, 
respondem apenas até o limite da herança, não se estendendo a 
solidariedade aos seus bens pessoais. (art. 1.792, CC)
O comanditado também tem responsabilidade residual subsidiária, 
não extensiva aos herdeiros. (art. 1.032, CC)
O princípio da boa-fé alcança o sócio comanditário, que não é 
obrigado a repor lucros recebidos de acordo com o balanço. Entretanto, 
na hipótese de fraude, somente ocorrerá nova distribuição de lucro após 
a reintegração do capital social. (art. 1.049, CC)
Como a sociedade em comandita, simples ou empresária, é intuitu 
personae na falta de previsão contrária no contrato social, a transferência 
de quotas deve ter a concordância unânime dos sócios. (arts. 1.002 e 1.003 
c/c 1.027 e 1.028, CC)
Na sucessão hereditária, porém, a regra geral é a transferência das 
quotas dos sócios comanditários para os herdeiros. (art. 1.050, CC)
A dissolução societária se dá pelas causas comuns (art. 1.044, 
CC) e quando há unicidade de categoria, ou seja, quando a sociedade 
passa a ter somente um sócio comanditário ou comanditado e não há 
recomposição societária no prazo de 180 dias exigidos em lei. (art. 1.051, 
inciso II, CC) Se restar apenas um sócio comanditário, impedido por lei 
de exercer atos de administração, caso do incapaz, a solução legal é a 
contratação de um administrador temporário para gerir a sociedade até a 
reconstituição societária. (art. 1.047 c/c art. 1.051, CC)
Direito Empresarial 31
Em ambos casos, causa comum ou unicidade societária, a 
transformação da sociedade é legalmente permitida.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que Entendeu 
como funciona as sociedades personificadas e os tipos 
societários: sociedade limitada e sociedade em comandita 
simples. Viu a classificação das sociedades personificadas 
e as suas subdivisões. Aprendeu os conceitos de cada uma 
delas e as legislações que norteiam tais sociedades. 
Direito Empresarial32
Sociedades personificadas por ações
INTRODUÇÃO:
 Ao término deste capítulo você será capaz de entender como 
funciona as sociedades anônimas. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Sociedades anônimas
No universo das sociedades personificadas há um grupo que 
se destaca pela complexidade, tanto do ponto de vista legal, como 
administrativo. São as sociedades anônimas e as sociedades em 
comandita por ações
As Sociedades Anônimas foram criadas para dar suporte legal, 
financeiro e logístico aos grandes investimentos nas colônias americanas, 
indianas e africanas. Eram empresas semipúblicas, que reuniam interesses 
e financiamento de reis e de particulares, para o exercício de atividades 
mercantis, transporte de mercadorias e recolhimento de impostos.
A Companhia Unida das Índias Orientais, mais conhecida como 
Companhia Holandesa das Índias Orientais, criada em 1602, é a primeira 
sociedade anônima formalmente constituída de que se tem notícia. 
Essa Companhia, em 1.610, para arrecadar ativos, dividiu o seu capital 
em quotas, iguais e transferíveis, e vendeu parte delas a investidores. 
Pela primeira vez ao capital foi dada importância superior às pessoas 
detentoras das quotas representativas do capital social.
Em 1621, foi criada a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, 
também chamada Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, no 
mesmo modelo de capital em quotas, para fazer concorrência ao comércio 
espanhol e português, inclusive escravocrata, brasileiro e caribenho. O 
cristãos-novos de Amsterdã – judeus recém convertidos ao cristianismo 
- investiram mais de 3 milhões de florins em quotas dessa nova empresa, 
contra apenas 36 mil florins investidos por judeus sionistas.
Direito Empresarial 33
O Código Mercantil Francês, de 1807, regulamentou as sociedades 
anônimas, diferenciando-as das sociedades por ações e das sociedades 
em comanditas por ações.
Diz o Código Francês, in verbis:
“Art. 19. A lei reconhece tres especies de sociedades mercantis:
1.a A sociedade de nomes collectivos.
2.a A sociedade em commandita.
3.a A sociedade anônima.
Art. 29. A Sociedade Anonima não existe debaixo do nome dos 
socios, nem póde ser dirigida em nome de nenhum delles.
Art. 30. He designada pelo objecto do seu comercio.
Art. 31. He administrada por sócios, ou por pessoas que elles 
nomeião, para isso, assalariadas, ou gratuitamente.
Art. 32. Os administradores não são responsáveis, senão da 
execução das ordens que recebem. Não contrahem, em razão 
do seu emprego, obrigação alguma pessoal, ou pecuniaria 
relativamente aos contractos da sociedade.
Art. 33. Os socios não respondem por mais perda, além do 
emporte de seu interesse na sociedade.
Art. 34. O capital da sociedade anonima se divide em acções, 
e mesmo em porções.
Art 35. As acções pódem ser estabelecidas debaixo do título 
de pagar ao portador. Neste caso as operações se fazem pelo 
transferimento dos títulos.
(...)
Art. 40. As sociedades anonimas não podem ser feitas senão 
por contractos publicos.
(...)
Direito Empresarial34
Art. 45. O acto do governo que auctorisar as sociedades 
anonimas, devera ser afficxado com o contracto da sociedade 
durante o mesmo tempo.”
O Código Mercantil francês serviu de base para as normas de muitos 
países, inclusive o Brasil, na regulamentação das sociedades anônimas.
A primeira sociedade anônima brasileira foi a Companhia Geral 
de Comércio do Brasil, criada em 1.649, com investimento dos reis 
portugueses e de cristãos-novos, para assumir o monopólio do comércio 
entre a colônia e Portugal, controlar o comércio escravocrata entre a 
África e Brasil, e fomentar agromanufatura no Nordeste, prejudicadapela 
dominação holandesa.
Esta companhia foi sucedida pela Companhia Geral do Grão-
Pará e Maranhão em 1.755, responsável pelo monopólio do comércio 
escravocrata e que, por sua vez, foi sucedida em 1.779, pela Companhia 
Geral das Capitanias de Pernambuco e Paraíba, cujo objetivo social era o 
negócio escravocrata e de açucareiro.
Posteriormente, em 1.808, foi criada a sociedade anônima Banco do 
Brasil, nos dias atuais, o maior banco brasileiro.
O primeiro ato regulatório das sociedades anônimas no Brasil foi 
o Decreto n° 575, promulgado em 10 de janeiro de 1849, que, no esteio 
do Código Mercantil francês, estabeleceu a necessidade de autorização 
do Poder Público para a criação, incorporação e aprovação dos seus 
estatutos.
Logo depois, em 1850, também na mesma linha regulatória 
francesa, foi promulgado o Código Comercial Brasileiro, ainda vigente, 
mas modificado na sua primeira parte pelo atual Código Civil.
De lá para cá e durante muitos anos, as empresas mais comuns no 
Brasil foram as sociedades anônimas e as sociedades limitadas.
Esse tipo societário está regulamentado na Lei 6.404, de 15 de 
dezembro de 1976, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas – LSA, 
sendo o Código Civil usado subsidiariamente. (art. 1.089, CC).
Direito Empresarial 35
DEFINIÇÃO:
As sociedades anônimas podem ser definidas como 
sociedade empresária, independente do seu objeto ser uma 
atividade civil ou comercial, com capital divido em ações, 
negociadas ou não no mercado financeiro, segundo sejam 
de capital aberto ou fechado, e cujos sócios ou acionistas, 
determinados e identificados, têm responsabilidade limitada 
ao preço de emissão das ações não integralizadas que 
subscreveram ou adquiriram. (art. 982, parágrafo único, CC, 
c/c art. 1° e parágrafo primeiro, art. 2°, LSA). 
Sua denominação precisa indicar, obrigatoriamente, o objeto 
social, o nome do fundador acionista ou de pessoa que haja concorrido 
para o bom êxito da formação da empresa, acompanhada da expressão 
“sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou abreviadamente. 
(art. 160, CC) 
As sociedades anônimas se subdividem em:
a. Capital aberto: são sociedades empresariais com 
subscrição pública de valores mobiliários, ou seja, 
que negociam suas ações em bolsas de valores ou 
em mercados de balcão – fora das bolsas de valores -, 
arrecadando ativos através da venda de ações para o 
público investidor. A autorização da Comissão de Valores 
Mobiliários – CVM é exigência legal, prevista no art. 5°, da 
Lei 6.385/1976, para a negociação de ações em bolsa, 
mercado secundário para a venda e aquisição de valores 
mobiliários, ou mercado de balcão, também denominado 
Over-The-Counter, ou simplesmente OTC, mercado 
primário para compra, venda e distribuições de ações que 
não estão registradas em bolsa de valores.
Operações em Bolsa ou em OTC são supervisionadas pelo Banco 
Central do Brasil e atuam sob as diretrizes do Conselho Monetário Nacional 
– CMN (Lei 4.595/1964).
Direito Empresarial36
Considerando que a estabilidade do mercado é imprescindível para 
a economia nacional, a lei confere legitimidade ao Ministério Público para, 
diante de irregularidades, de ofício ou a pedido da CVM, interpor Ação Civil 
Pública, preventiva ou satisfativa, com a finalidade de evitar prejuízos ou 
obter ressarcimento de danos sofridos por titulares de valores mobiliários 
e investidores. (Lei n. 7.913/1989)
Porém, é vedado, por força de lei, obstar a livre circulação das 
ações de companhias abertas, sob qualquer justificativa ou circunstância, 
inclusive através da inserção de regras impeditivas nos estatutos.
b. Capital fechado: são sociedades empresariais com 
subscrição privada de valores mobiliários, ou seja, cujas 
ações não são disponibilizadas para o mercado investidor, 
e cujos sócios são os únicos proprietários das ações e da 
empresa.
Ao contrário das companhias de capital aberto, as de capital 
fechado podem estabelecer limites à livre circulação das suas ações, 
representativas do seu capital social, com a concordância expressa 
dos acionistas, desde que isso esteja previsto no estatuto, não impeça 
eventuais negociações, nem sujeite os acionistas minoritários ao arbítrio 
dos administradores ou à maioria dos acionistas. (art. 36, LSA)
Por configurar uma sociedade de capital, nas sociedades anônimas 
a participação societária é livre para qualquer pessoa, física ou jurídica, 
brasileira ou estrangeira, com exceção das restrições previstas no art. 222 
e parágrafo primeiro da Constituição Federal.
Sob o critério da nacionalidade as S.A são: (art. 300, LSA)
a. Nacionais: pessoas jurídicas constituídas de acordo com 
as leis brasileiras, com sede e administração no Brasil, 
independente da nacionalidade e local de residência dos 
acionistas e da origem territorial do capital; e
b. Estrangeiras: pessoas jurídicas constituídas de acordo 
com leis estrangeiras, com sede e administração no 
exterior, sob a fiscalização de governo alienígena.
Direito Empresarial 37
Em que pese o art. 1.134, do Código Civil, cite expressamente 
sociedades anônimas, as empresas estrangeiras podem ser acionistas 
ou sócias em quaisquer empresas brasileiras, exceto as jornalísticas e de 
radiodifusão, privativas para brasileiros natos ou naturalizados, ou pessoas 
jurídicas brasileiras com sede no País. (art. 222 e parágrafo 1°, CF)
A lei permite também que empresas estrangeiras se instalem 
no Brasil, inclusive as subsidiárias, desde que obtenham autorização 
prévia do Poder Executivo, que ou não estabelecer condições, mediante 
comprovação da realização do capital declarado no contrato social ou no 
estatuto e apresentação dos seguintes documentos: (incisos I a VI, art. 
1.134, CC)
I - prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei 
de seu país;
II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;
III - relação dos membros de todos os órgãos da administração 
da sociedade, com nome, nacionalidade, profissão, domicílio 
e, salvo quanto a ações ao portador, o valor da participação de 
cada um no capital da sociedade;
IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e 
fixou o capital destinado às operações no território nacional;
V - prova de nomeação do representante no Brasil, com 
poderes expressos para aceitar as condições exigidas para a 
autorização;
VI - último balanço.
IMPORTANTE:
O parágrafo 2, do art. 1.134, do Código Civil exige que os 
documentos sejam autenticados, em conformidade “com a lei 
nacional da sociedade requerente, legalizados no consulado 
brasileiro da respectiva sede e acompanhados de tradução 
em vernáculo”.
Direito Empresarial38
Mas, atenção: O Brasil é signatário da Convenção sobre a Eliminação 
da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, mais 
conhecida como Convenção de Apostila de Haia, firmada na cidade de 
Haia, Holanda, em 5 de outubro de 1961, e promulgada pelo Decreto 
8.660/2016, vigente no Brasil desde 14 de agosto de 2016. Nos termos 
dessa Convenção, não se faz mais legalização consular nos 110 países 
signatários. Os documentos são apostilados, ou seja, registrados em 
Cartórios Públicos e arquivados num banco de dados comum, acessível 
aos notários de todos os países signatários. 
No portal do Itamaraty há informações relevantes sobre o 
apostilamento que estão nos seguintes endereços eletrônicos: <http://bit.
ly/37oPXeI>, assim como na página web do Conselho Nacional de Justiça 
<http://bit.ly/38sUqOM>.
A legalização consular ainda é exigida para países não signatários 
da Convenção de Apostila de Haia e, no Brasil, é feita pelo Ministério 
das Relações Exteriores, em qualquer das suas representações. Para 
saber mais detalhes acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://bit.
ly/2Hk3r0J>.
Sobre a tradução para o vernáculo, é preciso verificar se há 
reciprocidade entre o país emissor do documento e o Brasil. Se não 
houver reciprocidade, após apostilado ouconsularizado - legalizado na 
Embaixada ou Consulado Brasileiro -, o documento deve ser traduzido no 
Brasil, por tradutor juramentado registrado na Junta Comercial do estado 
onde a empresa pretende se estabelecer. 
Das ações
Ações são partes do capital social de uma empresa que, após 
integralizadas e disponibilizadas no mercado, deixam de expressar o 
capital empresarial inicial em razão da volatilidade do preço, sujeito às 
regras da oferta e da procura, à valorização ou desvalorização do produto 
ou serviço no mercado nacional e/ou internacional, às variações políticas, 
às intercorrências ambientais, dentre outros fatores.
Direito Empresarial 39
São bens patrimoniais móveis, passíveis de penhora e transferíveis 
a herdeiros, integram o quadro associativo de forma impositiva e não 
podem ser objeto de apuração de haveres de forma isolada, exceto se os 
interessados detiverem a maioria absoluta das ações com direito a voto. 
(art. 1.107 c/c 1.044., CC) 
Do ponto de vista estritamente legal, as ações são nominativas 
ou escriturais, conforme a transferência de titularidade e previsão nos 
estatutos (art. 20, LSA):
a. Nominativas: são ações documentadas em um certificado 
físico que atenda às seguintes exigências: (art. 24, LSA)
“Art. 24. Os certificados das ações serão escritos em vernáculo 
e conterão as seguintes declarações:
I. denominação da companhia, sua sede e prazo de duração;
II. o valor do capital social, a data do ato que o tiver fixado, 
o número de ações em que se divide e o valor nominal das 
ações, ou a declaração de que não têm valor nominal;
III. nas companhias com capital autorizado, o limite da 
autorização, em número de ações ou valor do capital social;
IV. o número de ações ordinárias e preferenciais das diversas 
classes, se houver, as vantagens ou preferências conferidas 
a cada classe e as limitações ou restrições a que as ações 
estiverem sujeitas;
V. o número de ordem do certificado e da ação, e a espécie e 
classe a que pertence;
VI. os direitos conferidos às partes beneficiárias, se houver;
VII. a época e o lugar da reunião da assembleia-geral ordinária;
VIII. a data da constituição da companhia e do arquivamento e 
publicação de seus atos constitutivos;
IX. o nome do acionista;
X. o débito do acionista e a época e o lugar de seu pagamento, 
Direito Empresarial40
se a ação não estiver integralizada;
XI. a data da emissão do certificado e as assinaturas de dois 
diretores, ou do agente emissor de certificados (art. 27).”
b. Escriturais: são ações sem certificado individual, mantidas 
em contas de depósito no nome do titular da ação, e cuja 
circulação é feita através do lançamento da operação no 
Livro de Registro de Acionista, mantido pela instituição 
financeira depositária e não pela sociedade anônima. Ou 
seja, a transferência não se dá através de certificados em 
papel, mas por meio de transferência bancária, crédito ou 
débito de valores na conta do alienante e do adquirente, 
sob controle e responsabilidade das instituições financeiras 
administradoras das ações.
IMPORTANTE:
Atenção: Após a Lei 8.021/1990, que dispõe sobre a 
identificação dos contribuintes para fins fiscais, não existem 
mais ações ao portador e ações endossáveis no Brasil. Os 
artigos da Lei 6.404/1976, que tratam das ações ao portador e 
endossáveis foram revogados total ou parcialmente.
Como a lei brasileira não mais admite ações ao portador, a 
qualificação de todos os acionistas, sem exceção, deve constar no Livro 
de Registro de Ações Nominativas ou Livro de Registro de Acionista, 
conforme a mudança de titularidade se dê através da sociedade anônima 
ou da instituição financeira administradora.
A lei permite e é muito comum as sociedades empresárias 
contratarem os serviços de uma instituição financeira autorizada pela 
Comissão de Valores Mobiliários - CVM, denominada agente emissora 
de certificados, para escriturar e guardar o livro de Registro de Ações 
Nominativas.
A propriedade das ações é presumida com a inscrição do nome 
do acionista no Livro de Registro de Ações Nominativas ou pelo extrato 
Direito Empresarial 41
fornecido pela empresa custodiante, proprietária fiduciária das ações, 
registrados na Junta Comercial. (art. 20, Lei 8.021/1990 c/c art. 31, LSA)
Quanto ao valor, as ações classificam-se em:
a. Nominal: resultado da divisão do valor do capital pelo 
número de ações. A critério dos acionistas, o valor nominal 
pode ou não ser incluído no Estatuto. Se não for incluído, 
o valor nominal é inexistente. Ao revés, se incluído, o 
valor nominal e o número das ações só podem ser 
alterados se houver modificação no valor do capital social, 
valorização monetária, desdobramento, agrupamento ou 
cancelamento de ações. (art. 24, II c/c art. 12, LSA)
b. Patrimonial: é obtido através da divisão do patrimônio 
líquido da empresa pelo número de ações que compõem 
o capital social e conhecido através do balanço contábil, 
ao fim de cada exercício social. É o valor a ser pago ao 
acionista em caso de liquidação da sociedade anônima ou 
amortização das ações quando retiradas total ou parcial 
do mercado, através de ”distribuição aos acionistas, a 
título de antecipação e sem redução do capital social, de 
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação 
da companhia”. (art. 44, LSA)
c. De negociação: é o preço de venda que as ações alcançam 
no mercado a partir de fatores variáveis como perspectiva 
de lucro, desempenho empresarial, patrimônio líquido, 
macroeconomia, meio ambiente, consumo, etc.
d. Valor econômico: é calculado por especialistas em 
avaliação de ativos e representa o capital racional, ou seja, 
o valor real de cada ação com base na probabilidade de 
renda real da sociedade anônima emissora.
e. De emissão: é o preço, à vista ou parcelado, pago por 
quem subscreve uma ação, ou seja, compra uma parcela 
do ativo da sociedade anônima. O preço é estabelecido 
inicialmente no Estatuto e no decorrer da vida da empresa 
Direito Empresarial42
é atualizado pela assembleia geral, ou pelo conselho 
de administração se o reajuste decorrer de aumento do 
capital com emissão de novas ações. O preço de emissão 
jamais pode ser inferior ao valor nominal.
Se a contribuição do subscritor for superior ao valor nominal, o ágio 
deve ser destinado à reserva de capital. (art. 13 c/c arts. 189 e 200, IV, 
LSA) E, se o preço de emissão resultar de aumento do capital social, após 
realizados no mínimo 3/4 (três quartos), a subscrição pode ser pública 
ou particular, proibida a diluição injustificada da participação dos antigos 
acionistas. (art. 170, parágrafo 1°, LSA).
A diluição justificada, diminuição do patrimônio do sócio/acionista 
pela redução do percentual de cotas sociais ou ações de propriedade 
dos sócios, é permitida sempre que a empresa necessitar de reforço de 
capital, cabendo aos acionistas suportá-la, ainda que represente perda 
patrimonial.
Quanto ao tipo de valor mobiliário representativo de unidade social 
as ações dividem-se em:
a. Ordinárias: são ações de emissão obrigatória que 
conferem direitos previstos em lei para todos os sócios. 
Como são regulamentadas em lei, o estatuto não precisa 
discipliná-las.
b. Preferenciais: são ações que, por previsão estatutária, 
conferem direitos e privilégios diferenciados aos acionistas, 
nos termos do art. 17, da Lei das Sociedades Anônimas:
“Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais 
podem consistir:
I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;
II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou 
sem ele; ou
III - na acumulação das preferências e vantagens de que 
Direito Empresarial 43
tratam os incisos I e II 
§ 1 Independentemente do direito de receber ou não o valor 
de reembolso do capital com prêmio ou sem ele, as ações 
preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao exercício 
deste direito, somente serão admitidasà negociação no 
mercado de valores mobiliários se a elas for atribuída pelo 
menos uma das seguintes preferências ou vantagens:
I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, 
correspondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) 
do lucro líquido do exercício, calculado na forma do art. 202, 
de acordo com o seguinte critério: 
a) prioridade no recebimento dos dividendos mencionados 
neste inciso correspondente a, no mínimo, 3% (três por cento) 
do valor do patrimônio líquido da ação; e
b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de 
condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado 
dividendo igual ao mínimo prioritário estabelecido em 
conformidade com a alínea a; ou
II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, 
pelo menos 10% (dez por cento) maior do que o atribuído a 
cada ação ordinária; ou
III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação 
de controle, nas condições previstas no art. 254-A, assegurado 
o dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias.
§ 2 Deverão constar do estatuto, com precisão e minúcia, 
outras preferências ou vantagens que sejam atribuídas aos 
acionistas sem direito a voto, ou com voto restrito, além das 
previstas neste artigo.
§ 3 Os dividendos, ainda que fixos ou cumulativos, não 
poderão ser distribuídos em prejuízo do capital social, salvo 
quando, em caso de liquidação da companhia, essa vantagem 
tiver sido expressamente assegurada.
Direito Empresarial44
§ 4 Salvo disposição em contrário no estatuto, o dividendo 
prioritário não é cumulativo, a ação com dividendo fixo não 
participa dos lucros remanescentes e a ação com dividendo 
mínimo participa dos lucros distribuídos em igualdade de 
condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado 
dividendo igual ao mínimo.
§ 5 Salvo no caso de ações com dividendo fixo, o estatuto 
não pode excluir ou restringir o direito das ações preferenciais 
de participar dos aumentos de capital decorrentes da 
capitalização de reservas ou lucros (art. 169).
§ 6 O estatuto pode conferir às ações preferenciais com 
prioridade na distribuição de dividendo cumulativo, o direito 
de recebê-lo, no exercício em que o lucro for insuficiente, à 
conta das reservas de capital de que trata o § 1 do art. 182.
§ 7 Nas companhias objeto de desestatização poderá ser 
criada ação preferencial de classe especial, de propriedade 
exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social 
poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder 
de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que 
especificar.”
Além das vantagens elencadas no art. 17, os acionistas também 
podem votar separadamente para escolher um ou mais membros dos 
departamentos administrativos e para mudar o estatuto. (art. 18, LSA)
As ações preferenciais sem direto a voto, ou com restrições a ele, 
não podem ultrapassar 50% das ações emitidas (parágrafo 2°, art. 15, LSA).
c. De fruição: são ações substitutivas de ações integralmente 
amortizadas, ou seja, cujos acionistas receberam, a título 
de antecipação e sem redução do capital social, o que 
lhes caberia na liquidação da sociedade empresária. Esse 
pagamento é feito com eventuais reservas de caixa. Porém, 
eventualmente, as ações de fruição também podem sofrer 
Direito Empresarial 45
restrições ou vantagens estatutárias, como perda do 
direito de voto, do dividendo preferencial – em eventual 
liquidação recebem depois das ações não amortizadas –, 
e da compensação corrigida monetariamente, na hipótese 
de reembolso. (art. 44, parágrafo 5º, LSA).
IMPORTANTE:
As ações preferenciais e as ações ordinárias das companhias 
fechadas podem ser dividas em classes, de acordo com os 
direitos e restrições estatutárias. (art. 16, LSA). Porém, o mesmo 
não se aplica às ações ordinárias das companhias abertas, 
que não podem ser divididas em classes. (art. 15, § 1°, LSA)
Constituição das Sociedades Anônimas
São duas as modalidades de constituição de uma sociedade 
anônima: por subscrição pública, com emissão de ações e participação 
de investidores, e por subscrição particular, ficando as ações com os 
sócios fundadores.
a. A Constituição de uma sociedade anônima por subscrição 
pública é feita em três etapas:
1. Requistos preliminares: subscrição de todas as ações 
por no mínimo duas pessoas, fixação do capital social 
no estatuto, realização imediata de no mínimo 10% (dez 
por cento) do preço das ações subscritas, com depósito 
também imediato, em dinheiro, no Banco do Brasil, outro 
banco ou seguradora autorizada pela Comissão de Valores 
Mobiliários. (art. 80 e 81, LSA)
. Bancos e seguradoras devem fazer um depósito prévio 
mínimo de 50% (cinquenta por cento) do capital social. (art. 
27, Lei 4.595/1964)
. Esse depósito prévio configura, na realidade, a contratação 
pelos sócios fundadores de uma instituição financeira 
Direito Empresarial46
intermediária, denominada Underwriting, para subscrever 
as ações, ou seja, assumir a titularidade das ações emitidas 
pela sociedade anônima e oferecê-las aos investidores.
. Concretizado o depósito e a contratação do Underwriting, 
os sócios têm seis meses para registrar a sociedade 
anônima.
2. Requisitos de Constituição: é a fase de subscrição 
pública, com registro da emissão das ações, elaboração 
do estatuto, prospecto. (arts. 82 a 93, LSA)
. Antes da constituição da sociedade anônima os sócios 
precisam providenciar o registro prévio da emissão de 
ações na Comissão de Valores Mobiliários, subscrição que 
só pode ser feita com a intermediação de uma instituição 
financeira, e dos atos constitutivos, juntando: o projeto do 
estatuto social; a prova da contratação do banco que fará 
a captação dos investidores e do depósito prévio; o estudo 
de viabilidade econômica e financeira do empreendimento 
– leia-se da empresa; e o prospecto, documento assinado 
pelos sócios fundadores, pelos primeiros acionistas, e pela 
Underwriting, com todos os detalhes sobre a sociedade 
anônima a ser constituída, inclusive expectativas, 
vantagens para acionistas investidores, objetivos, metas, 
valor do capital social inicial, etc.
Nos termos da Lei 6.385/76:
Art. 19. Nenhuma emissão pública de valores mobiliários será 
distribuída no mercado sem prévio registro na Comissão.
§ 1º - São atos de distribuição, sujeitos à norma deste artigo, 
a venda, promessa de venda, oferta à venda ou subscrição, 
assim como a aceitação de pedido de venda ou subscrição 
de valores mobiliários, quando os pratiquem a companhia 
emissora, seus fundadores ou as pessoas a ela equiparadas.
Direito Empresarial 47
§ 2º - Equiparam-se à companhia emissora para os fins deste 
artigo:
I - o seu acionista controlador e as pessoas por ela controladas;
II - o coobrigado nos títulos;
III - as instituições financeiras e demais sociedades a que se 
refere o Art. 15, inciso I;
IV - quem quer que tenha subscrito valores da emissão, ou 
os tenha adquirido à companhia emissora, com o fim de os 
colocar no mercado.
§ 3º - Caracterizam a emissão pública:
I - a utilização de listas ou boletins de venda ou subscrição, 
folhetos, prospectos ou anúncios destinados ao público;
II - a procura de subscritores ou adquirentes para os títulos por 
meio de empregados, agentes ou corretores;
III - a negociação feita em loja, escritório ou estabelecimento 
aberto ao público, ou com a utilização dos serviços públicos 
de comunicação. (...)
No ato da subscrição, que é um ato irretratável, os sócios devem 
concretizar o pagamento da entrada e assinar a lista ou o boletim individual 
autenticado pela instituição financeira.
Ato seguinte, os sócios fundadores devem convocar a primeira 
assembleia, promover a avaliação dos bens e, se for o caso (art.8º, LSA), 
deliberar sobre a constituição da companhia e nomear os primeiros 
administradores.
3. Providências Complementares: os atos, instruídos com 
os documentosexigidos para o registro público, são 
registrados na Junta Comercial e publicados no Diário 
Oficial nos 30 dias posteriores. (arts. 94 a 99, LSA)
b. A constituição por subscrição particular é muito mais 
simples.
Direito Empresarial48
Os sócios fundadores deliberam a criação da sociedade anônima 
numa assembleia de fundação com a assinatura imediata do estatuto por 
todos os subscritores, ou o fazem por escritura pública na qual conste 
a qualificação dos subscritores, as cláusulas estatutárias, a relação das 
ações subscritas e o valor pago por elas, o recibo do depósito da entrada 
de 10% ou 50%, conforme o caso, a transcrição do laudo de avaliação dos 
peritos se o capital social for integralizado em bens, e a nomeação dos 
primeiros administradores e fiscais. (art. 88, parágrafo 2°, LSA)
Algumas regras são comuns às duas formas de constituição:
a. exigência da escritura pública quando houver incorporação 
em bens imóveis na formação do capital social; (art. 89, 
LSA)
b. possibilidade de representação do subscritor por 
procurador com poderes especiais, na assembleia de 
fundação ou no momento da assinatura da escritura 
pública; (art. 90, LSA)
c. denominação da companhia acompanhada da expressão 
“em organização”, durante o processo de constituição; (art. 
91, LSA) 
d. responsabilidade solidária dos fundadores e underwriting 
por prejuízos decorrentes de descumprimento da lei, por 
culpa ou dolo em atos anteriores à constituição (art. 92, 
parágrafo único, LSA);
e. entrega dos livros, papéis e documentos de constituição 
da sociedade anônima para os primeiros administradores; 
(art. 93, LSA)
f. registro e publicação dos atos constitutivos da empresa. 
(art. 94, LSA)
Concluídas todas estas etapas, a sociedade anônima poderá iniciar 
as suas atividades e o administrador deve providenciar a mudança de 
titularidade dos bens móveis e imóveis.
Direito Empresarial 49
No caso de bens imóveis, a certidão dos atos constitutivos expedida 
pela Junta Comercial equivale à escritura pública e é suficiente para a 
mudança de propriedade no Cartório de Registro de Imóveis.
Valores mobiliários
Além dos bens subscritos no estatuto, ao longo da sua vida, as 
sociedades anônimas podem emitir títulos de investimento ou valores 
mobiliários, com o objetivo de levantar recursos.
São valores mobiliários:
a. Partes Beneficiárias: são títulos negociáveis, com duração 
de no máximo dez anos, determinada nos estatutos, sem 
valor nominal e estranhos ao capital social, passíveis de 
alienação ou atribuição onerosa para pagamento de 
prestação de serviços. Os credores não são e não têm os 
mesmos direitos dos acionistas, exceto o de fiscalização.
. O limite para o pagamento não pode ultrapassar um 
décimo do lucro e qualquer modificação nos estatutos 
para alteração ou modificação dos benefícios das partes 
beneficiárias precisa ser aprovado em assembleia, por no 
mínimo metade dos titulares. (arts. 46 a 51, LSA)
. As partes beneficiárias podem conter cláusula de 
conversibilidade em ações se a emissora constituir uma 
reserva especial para capitalização.
. A emissão desses títulos é proibida para as companhias 
abertas.
b. Debêntures: são títulos de crédito representativos de 
empréstimo, mútuo com transferência de bens fungíveis, 
que a sociedade anônima realiza junto a terceiros, 
assegurando-lhes o direito de crédito contra ela, nas 
condições da escritura de emissão e do certificado, se 
expedido, nos quais conte: valor, índice de correção 
monetária, data do vencimento da obrigação, cláusula de 
Direito Empresarial50
conversibilidade em ações, etc. (arts. 52 a 74, LSA)
As debêntures são de quatro espécies: 
1. com garantia real: recaem sobre bens móveis e imóveis.
2. com garantia flutuante: o titular do crédito tem preferência 
sobre os credores quirografários se a companhia emissora 
falir; 
3. quirografária: o titular do crédito concorre com os demais 
credores sem garantia, na massa falida;
4. subordinada ou subquirografária: o titular do crédito tem 
preferência sobre os acionistas se a devedora falir.
Não podem ser agentes fiduciários: quem exerce função idêntica 
em outra emissão da mesma companhia; instituição financeira coligada 
à companhia emissora ou à entidade que subscreva a emissão; credores 
da sociedade emissora ou suas controladas; instituição financeira cujos 
administradores tenham interesse na sociedade emissora; e qualquer 
pessoa em situação de conflito de interesses pelo exercício da função.
c. Bônus de Subscrição: são títulos de investimento que 
conferem aos credores o direito de subscrever ações 
da sociedade anônima emissora em aumento futuro de 
capital. (arts. 75 a 79, LSA)
d. Nota Promissória: a oferta pública de distribuição de 
notas promissórias está regulamentada na Instrução CVM 
566/2015. É valor mobiliário de curto prazo para captação 
de recursos, com regra geral para liquidação e resgate em 
dinheiro no prazo de até 360 dias da emissão, com uma 
única data de vencimento por série, e endosso em preto, 
com a expressão “sem garantia” informada no titulo.
Como nas demais sociedades empresarias, o capital social da 
sociedade anônima pode ser integralizado em espécie ou em bens 
Direito Empresarial 51
corpóreos ou incorpóreos, móveis, imóveis ou semoventes. A diferença 
é que, na Sociedade Anônima os bens devem ser avaliados em laudo 
firmado por três peritos ou por empresa especializada, no qual conste 
ampla e detalhada descrição dos bem e os critérios e elementos de 
comparação utilizados na avaliação, acompanhado dos documentos 
comprobatórios da propriedade, a fim de evitar fraudes. O laudo é 
analisado pela Assembleia-geral e, somente após aprovado, o bem pode 
ser integralizado. (art. 7° c/c art. 8°, LSA)
Se pesar gravame sobre o bem e isso não ficar claro no laudo, 
presume-se transferida a propriedade para empresa. (art. 9°, LSA)
Avaliadores e subscritores respondem solidariamente pelos danos 
que causarem por dolo ou culpa na avaliação dos bens. Porém, se os bens 
estiverem em condomínio, a responsabilidade pelos danos causados à 
empresa, acionistas e terceiros, é subsidiária. (parágrafo 6°, art. 8°, LSA)
IMPORTANTE:
Como a Lei Especial prepondera sobre a Lei Geral, o 
parágrafo único, do art. 10, da Lei 6.404/1976, excepciona 
a regra geral do art. 296, do Código Civil, que isenta de 
responsabilidade civil o cedente na insolvência do devedor. 
Ou seja, nas sociedades anônimas, subscritores ou acionistas 
que contribuírem com bens para a formação do capital social 
respondem solidariamente com o vendedor.
O mesmo ocorre em caso de endosso sem garantia ou proibitivo. 
Embora a regra geral não vincule o endossante como coobrigado perante 
terceiros, nas sociedades anônimas a cláusula de endosso exoneratória, 
sem garantia, é sempre ineficaz e obriga o endossante perante terceiros, 
ainda que isso seja improvável, já que o certificado da integralização por 
transferência de crédito só é expedido após a realização. (art. 23, parágrafo 
2°, LSA). 
A responsabilidade civil não exclui a responsabilidade penal, 
administrativa e/ou tributária.
Direito Empresarial52
Capital social
No decorrer da vida da sociedade anônima, o capital social pode 
ser aumentado ou diminuído e nem sempre pelo ingresso ou perda de 
recursos.
Os aumentos pode se dar através de:
a. Emissão de ações: a autorização da emissão de novas 
ações deve ser decidida e votada em assembleia-
geral, assembleia-extraordinária ou pelo conselho de 
administração, desde que realizado, no mínimo, 3/4 
do capital social, ou no limite do capital autorizado no 
estatuto. (art. 166, incisos I e II e IV, c/c art. 170, LSA)
Se o estatuto fixar o capital autorizado, precisa indicar o órgão 
competente para autorizar a emissão das novas ações. (art. 168, LSA).
Inexistindo permissão para a emissão de novas ações ou havendo 
esgotamento das possibilidades previstas no estatuto,

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