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1 - Projetos, Licenças, alvará e registros

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Projetos, Licenças, alvará
e registros
Introdução
Sejam bem-vindos ao nosso estudo sobre a disciplina de
“Engenharia de Obras”. Nesta primeira aula será discutida
a seguinte questão problema: “O que é necessário para
começar uma construção?”
Sabemos que os engenheiros civis ou os arquitetos e até
certos técnicos e tecnólogos industriais são essenciais em
uma construção, sendo pro�ssionais responsáveis pela
elaboração de projetos, acompanhamento técnico das
obras, entre outras funções, podendo trabalhar em equipe
com a presença de outros pro�ssionais, dependendo do tipo
de serviço a ser executado. Portanto, a presença de um
pro�ssional legalmente habilitado na elaboração e
construção de um projeto é fundamental e obrigatório para
dar garantia de qualidade e segurança na obra.
Um empreendimento imobiliário para ser construído, por
exemplo, além da execução, dos projetos e do
acompanhamento técnico, há todo um procedimento legal
para a permissão desta obra e posterior uso/moradia. Em
qualquer obra, seja ela civil ou de infraestrutura, é
obrigatório seguir diversos trâmites para que se consiga as
aprovações por meio de licenças, alvarás e registros. Caso o
gestor do empreendimento não tenha em mãos a
documentação, a �scalização dos órgãos competentes pode
interditar algum serviço, embargar a obra, penalizar o
construtor e o dono do empreendimento com a aplicação de
multas, e, em alguns casos, a construção pode até ser
demolida.
Na construção civil não existe uma regra única para todas
as obras, até mesmo na execução de uma edi�cação, por
exemplo, diversos documentos serão exigidos em função das
características do empreendimento e da sua localização.
Cada Município e Estado da Confederação possuem
exigências particulares na aprovação do empreendimento,
além da autorização e �scalização de órgãos competentes
como CREA, CAU, IBAMA, Corpo de Bombeiros,
MINISTÉRIO do TRABALHO e demais concessionárias.
Porém, mesmo diante destas diferenças, existem processos
comuns em todos os empreendimentos, como a retirada de
alvará de construção, licença de instalação de energia e
água, certidão de habite-se, etc. Diante de tanta
burocracia, vamos abordar aqui os principais trâmites
legais para a execução de uma obra civil.
Projetos
Existem diversos tipos de projetos, vamos iniciar pelo mais
comum, o projeto arquitetônico. Este é um termo usado
pelos arquitetos e alguns engenheiros, sendo que estes
preferem usar dependendo da sua região outras
nomenclaturas (projeto de construção
civil/edi�cações/engenharia civil). Tem como propósito
de�nir os espaços, aberturas e a disposição dos ambientes
físicos
O projeto arquitetônico, ou de engenharia civil, deve conter
planta baixa, cortes, situação e locação, planta de
cobertura, fachada, quadro de áreas e esquadrias, detalhes
construtivos, elevações e outros detalhamentos dispostos
adequadamente nas pranchas de impressão, seguindo as
recomendações das normas da ABNT, especialmente a
NBR6492 (1994) -, Representação de projetos de arquitetura,
e, obedecendo as leis de Zoneamento da cidade, código de
postura e obras e o plano diretor Municipal.
Se tratando de edi�cações, de acordo com cada região,
suas dimensões e o tipo de construção, são necessários
projetos complementares ao arquitetônico, sendo estes:
 Projeto estrutural e de fundações: de�ne os elementos
que sustentarão a edi�cação, são eles: fundações
diretas e indiretas, blocos, pilares, lajes, vigas,
escadas, rampas e reservatórios. O sistema estrutural
mais usado no Brasil é o concreto armado, os outros
são alvenaria estrutural, estrutura metálica, concreto
protendido, concreto pré-moldado, estrutura em
madeira, etc, todos com normas especí�cas
estabelecidas pela ABNT ou outra agência de fomento.
 Projeto hidro sanitário e pluvial: apresenta as
tubulações de água fria, quente, águas pluviais, esgoto
sanitário e demais �uidos residuais. Este projeto
apresenta o detalhamento geométrico e o
dimensionamento da tubulação, seus acessórios e
pontos como caixa de gordura, caixa de passagem,
fossa séptica, calhas, reservatório, drenos, etc.
 PPCI - Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio:
Projeto que visa preservar a vida dos usuários, as
estruturas físicas do empreendimento construído e o
patrimônio. É um projeto obrigatório para instalações
comerciais e industriais, locais ambientes com
aglomerações públicas e até edi�cações dependendo
do porte e outros critérios. Para elaborar este projeto o
pro�ssional técnico deve ser cadastrado no Corpo de
Bombeiros, sendo sua legislação regulamentada pelo
Corpo de Bombeiros de cada Estado, desta forma, é
preciso veri�car os manuais de cada município e
estado, além das normas da ABNT.
 Projeto de instalações elétricas: De�ne, localiza e
apresenta o dimensionamento dos eletrodutos, �ação,
disjuntores, pontos de interruptores, tomadas e
lâmpadas, caixas de passagem, padrão, aterramento,
diagramas, etc. Embora exista uma polêmica neste
quesito, inclusive no aspecto judicial, hoje os
engenheiros civis e os arquitetos têm atribuição para
desenvolver os projetos elétricos de baixa tensão das
edi�cações residenciais e comerciais de pequeno porte
por eles projetadas. Por de�nição da ANEEL- Agência
Nacional de Energia Elétrica, o termo “baixa tensão”
caracteriza-se por uma potência instalada de até 75
KVa.
Todos os projetos especi�cados acima devem passar por
uma aprovação prévia em órgãos, autarquias e/ou
empresas de serviço público. Os principais órgãos
avaliadores destes projetos estão listados no quadro 1.
Conforme a complexidade e os tipos de serviços a serem
executados, outros projetos podem ser necessários. Segue
abaixo uma listagem com alguns:
● Projeto de terraplenagem;
● Projeto de contenção de encosta;
● Projeto de pavimentação;
● Projeto de impermeabilização;
● Projeto e implantação do canteiro de obras;
● Projeto de demolição, reforma e acréscimo;
● Projeto de drenagem;
● Projeto de loteamento;
● Projeto de instalações de gás;
● Projeto de ar condicionado;
● Projeto de automação predial;
● Projeto de segurança patrimonial e CFTV (Circuito
Fechado de Televisão);
● Projeto de conforto térmico e acústico;
● Projeto urbanístico e paisagístico.
Responsabilidade técnica perante aos Conselhos Regionais
e Federal
Em uma obra, todo engenheiro, arquiteto e/ou
técnico/tecnólogo deve registrar suas atividades junto ao
seu Conselho de Classe (Figura 1). Esses conselhos são
autarquias federais que visam a veri�cação, �scalização e
aperfeiçoamento do exercício, das atividades pro�ssionais
e a segurança e o bem-estar da sociedade
Conselhos pro�ssionais dos engenheiros, arquitetos e técnicos
O recolhimento da Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART) no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA), o registro de Responsabilidade Técnica (RRT) no
Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e o Termo de
Responsabilidade Técnica (TRT) no Conselho Federal dos
Técnicos (CFT) não é apenas uma obrigação legal, esses
registros valorizam o exercício pro�ssional, confere
legitimidade documental e assegura, com fé pública, a
autoria e os limites da responsabilidade e participação
técnica em cada obra ou serviço.
A ART, RRT e o TRT geram garantias jurídicas de um
contrato, portanto, se por exemplo um engenheiro civil foi
contratado para executar a pavimentação de uma avenida,
constando execução de base, sub-base, revestimento CBUQ,
drenagem em sarjetas e sinalizações horizontais e verticais,
�cará registrado no seu histórico este tipo de serviço,
construindo o famoso Acervo Técnico pro�ssional.
O Acervo pro�ssional é um documento que demonstra todas
as suas realizações, sua carreira enquanto pro�ssional
técnico. Tem efeito legal; é indispensável em licitações e
representa um grande diferencial de sucesso individual.
Empresas e pro�ssionais são distinguidos no mercado
quando comprovam atividades técnicas de que
participaram quandoapresentaram seu Atestado de Acervo
Técnico.
Importante! A ART, RRT e o TRT devem ser registrados antes
do início da atividade técnica de acordo com os dados do
contrato escrito ou verbal. Sua ausência está sujeita à
multa e às demais comunicações legais.
Alvará de construção
Antes da mobilização dos serviços de execução da obra, e
após a aprovação dos projetos de engenharia/arquitetura
junto à secretaria responsável, o pro�ssional contratado
deve preencher o requerimento para dar entrada no Alvará
de Construção. Junto ao requerimento é necessário:
 Projeto de engenharia civil/arquitetura;
 Guia de recolhimento de ART (muitas prefeituras ainda
cobram este comprovante de pagamento);
 Documento de propriedade do imóvel ou do terreno;
 Documentos pessoais do proprietário;
 ART de execução da obra.
No início das obras acima de 70m² deve ser emitida uma
matrícula junto ao INSS para recolhimento dos impostos
relativos à execução da construção. No término da obra,
uma agência da Receita Federal deve ser procurada para
que seja veri�cado o valor devido pela construtora ao INSS.
Segundo Ambrozewicz (2015), a este valor, deve ser
deduzido o valor recolhido durante a execução do
empreendimento, o qual deverá ser pago para a emissão da
Certidão Negativa de Débito (CND).
Comunicação Prévia à SRTE
A comunicação prévia do início de obra também deve ser
realizada junto à Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego (SRTE) – a antiga Delegacia Regional do Trabalho
(DRT), sendo feita exclusivamente pela internet através do
site do Sistema de Comunicação Prévia de Obras (SCPO) do
Ministério do Trabalho. É necessário cadastrar usando um
usuário e senha (gerada pelo sistema) informando o CPF,
e-mail e o cadastro Especí�co do INSS, a matrícula CEI.
Nesta comunicação prévia devem ser fornecidas as
seguintes informações:
 Endereço correto da obra;
 Quali�cação (CEI – Cadastro Especí�co INSS, CNPJ ou
CPF) do contratante, empregador ou condomínio;
 Número máximo de empregados previstos (inclusive
subempreiteiros);
 Datas previstas de início e término da obra;
 Tipo de obra.
A falta de comunicação prévia da construção,
principalmente em obras de médio a grande porte e obras
públicas, é um dos itens mais autuados em �scalizações
realizadas pelo Ministério do Trabalho.
HABITE-SE
Ao �nal da construção, deve ser solicitada a Vistoria de
Conclusão de Obra junto à secretaria Municipal
Responsável. Sendo atestada que a obra foi �nalizada
obedecendo todas as exigências legais obrigatórias, e
entrega o empreendimento apto para ser utilizado, é
emitido uma certidão do Habite-se, também conhecido por
diversos nomes, tais como Certidão de Edi�cação Existente,
Certi�cado de Vistoria de Conclusão de Obra (CVCO), Auto
de Vistoria, Alvará de Utilização e Carta de Habitação.
Imóveis que não possuem o Habite-se, ou outro documento
de mesmo �m, perdem valor no mercado, pois estão
irregulares perante ao Município. É um documento tão
importante que sem ele há impossibilidade do mutuário em
�nanciar o imóvel, pois os bancos exigem o documento no
momento de conceder o empréstimo. Se tratando de um
empreendimento �nanciado pelo programa Minha Casa,
Minha Vida, ou a Casa Verde-amarela, o atraso para liberar
o Habite-se pode onerar o bolso da pessoa que recebe o
empréstimo no contrato de mútuo. Ao utilizar recursos da
CEF – Caixa Econômica Federal, o proprietário paga a taxa
de obra durante a construção do imóvel. Se a construtora
não cumprir o prazo para encaminhar os documentos à
prefeitura, o consumidor é prejudicado porque continua
pagando a taxa após a data estipulada no contrato para
entrega da casa, o que é ilegal, além de ser um valor ‘jogado
fora’ já que não amortiza o saldo devedor;
Averbação
Para concluir a legalização de uma obra concluída, por
exemplo uma edi�cação, uma construção deve ser averbada
junto ao Registro de Imóveis, desta forma, sem registro
onde continha apenas o terreno, agora será incluída a
construção em questão. É importante destacar que a
construção só pode ser averbada após ser emitida no CND
do INSS.
A �m de resumir todos os trâmites informados até aqui, ao
�nal desta aula será apresentado um infográ�co com um
breve resumo desse processo de legalização que pode
auxiliar muitos recém-formados.
Licenças ambientais
Após todos os trâmites relatados acima, não poderíamos
deixar de citar um dos assuntos que ganhou notoriedade à
medida que o termo sustentabilidade ganhou importância
perante a sociedade, estamos falando das licenças
ambientais. Hoje, ações que visam combinar o crescimento
econômico aliado à preservação do meio ambiente,
utilizando melhor os recursos naturais existentes, são não
só bem vistas, como necessárias. Aliar o progresso
econômico com ações sociais e conservação ambiental tem
sido meta de muitas empresas de engenharia no ramo da
construção civil.
As atividades da indústria da construção civil, se
enquadram dentro das atividades que transformam o meio
ambiente, estão submetidas ao licenciamento ambiental na
área de in�uência do projeto. Este licenciamento é um
processo administrativo que busca analisar os impactos no
ecossistema, de�nir as medidas corretivas e elaborar um
acompanhamento e monitoramento desses impactos, além,
é claro, de conceder de forma legal a autorização para
instalação, execução e operação do empreendimento.
Dependendo da atividade a ser executada, da sua
localização, do seu grau de risco, impactos e outros
critérios apresentados adiante, as licenças podem ser
concedidas por diversos órgãos competentes, desde a
União, os estados (INEA, no Rio de Janeiro), Distrito
Federal ou órgãos municipais. É importante frisar que o
Município somente poderá licenciar empreendimentos se
possuir um Conselho Municipal de Meio Ambiente e
pro�ssionais habilitados para esta função, caso contrário,
o licenciamento se dará na esfera Estadual ou na Federal.
Segundo o Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA), os
tipos de licenças ambientais que podem ser concedidas
estão listados no quadro 2.
Quadro 2: Prazo de validade das licenças
As medidas necessárias para se obter o licenciamento
ambiental são:
 Acessar o portal do licenciamento ambiental (Exemplo:
INEA) – inserir as informações: localização, tipo de
obra e principais aspectos relevantes das futuras
atividades locais;
 Identi�car o tipo de licença ambiental;
 Anexar os documentos digitalizados e protocolar o
processo no órgão competente;
 Fazer contato com a Prefeitura ou Secretaria
Municipal informando o número e a data do pedido de
licenciamento (deve realizado por um ofício)
 Preparar Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
visando atender as demandas ambientais e solicitar
parecer técnico de possíveis exigências.
Na �gura 2 é apresentado o procedimento para a obtenção
das licenças ambientais.
Figura 2: Fluxograma para obter licenças ambientais (QUALHARINI, 2018)
A Fim de complementar o �uxograma apresentado, segue
no quadro 3 os documentos requisitados no processo.
Quadro 3: Documentos necessários para obtenção de
licença ambiental
Atenção: A solicitação de licença ambiental deve ser
providenciada seis meses antes do início das obras de
canteiro, sendo importante manter contato com o órgão
ambiental para conhecimento de possíveis demandas de
curto espaço de tempo, que, se não atendidas, poderão
gerar multas e embargos dos trabalhos de canteiro.
Atividade Extra
As atividades da construção civil, por serem atividades que
transformam o meio ambiente, estão submetidas ao
licenciamento ambiental. Elabore um infográ�co criativo,
coerente e claro sobre os tipos de licenças ambientais que
devem ser emitidas para a execução de uma obra. Este
infográ�co deve responder às seguintes perguntas:
 Quais são os tipos de licenças?
 Quando solicitadas, as licenças são concedidas por
quais órgãos?
 Todas as obras precisam de licenças?
Use os links da página 8 para saber maisinformações sobre
infográ�cos.
Veja os exemplos de infográ�cos disponibilizados no link
abaixo:
https://drive.google.com/drive/folders/1wKn7EJpt_Ay6hoc
yNFjJWn7wBk8Nqe�?usp=sharing
Referência Bibliográ�ca
https://drive.google.com/drive/folders/1wKn7EJpt_Ay6hocyNFjJWn7wBk8Nqefi?usp=sharing
https://drive.google.com/drive/folders/1wKn7EJpt_Ay6hocyNFjJWn7wBk8Nqefi?usp=sharing
AMBROZEWICZ, PHL Construção de edifícios - do início ao
�m da obra. 1. ed. São Paulo: Ed. PINI, 2015.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA
nº 237 , de 19 de dezembro de 1997. características sobre a
revisão e complementação dos procedimentos e critérios
utilizados para o licenciamento ambiental.
GONÇALVES, GP Edi�cações . Itaperuna / RJ: Instituto
Begni Ltda, 2018.
QUALHARINI, EL Canteiro de Obras. Coleção Construção
Civil na Prática, vol.1, 1. ed . Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.

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