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Paleontologia : Cenário s de Vida Editores : Ismar de Souza, Narendra Kumar Srivastava Oscar Strohschoen Jr. Cecília Cunha Lana Volum e 4 PETROBRAS EDITORA INTERCIÊNCIA Copyright © 2011, by Ismar de Souza Carvalho...[eí alii] Direitos Reservados em 2011 por Editor a Interciênci a Ltda . Diagramação : Fabrício R. Martins Ilustraçã o da Capa: Felipe Alves Elias Impressão : Imos Gráfica CIP-Brasil . Catalogação-na-Font e Sindicat o Naciona l dos Editore s de Livros , RJ P184 v. 4 Paleontologia: cenários de vida, volume 4 / editores: Ismar de Souza Carvalho...[et alii]. - l.ed. - Rio de Janeiro: Interciência, 2011. 880p.: il.; 28cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-7193-274-6 1. Paleontologia. I. Carvalho, Ismar de Souza. 11-2536. CDD: 560 CDU: 56 É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização por escrito da editora. www.editorainterciencia.com.b r C Editor a Interciênci a Ltda . Rua Verna Magalhães, 66 - Engenho Novo Rio de Janeiro - RJ - 20710-290 Tels.: (21) 2581-9378 / 2241-6916 - Fax: (21) 2501-4760 e-mail: vendas@editorainterciencia.com.br Impresso no Brasil - Printed in Brazil ISBN £.7S-b5-7193-274-6 Paleontologia: Ce SnosdeVid a PATRIMÓNIO GEOLÓGICO-PALEONTOLÓGIC O INSITU E EXSITU. DEFINIÇÕES, VANTAGENS, DESVANTAGENS E ESTRATÉGIA S DE CONSERVAÇÃ O IN SITUAND EXSITU GEOLOGICAL-PALEONTOLOGICAL HERITAGE: DEFINITIONS, ADVANTAGES, DISADVANTAGENS AND CONSERVATION STRATEGIES Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano12 ?, Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro1'2, Deusana Maria da Costa Machado3, Vera Maria Medina da Fonseca3 & Josiane Kunzler1'3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de Geologia, Av. Athos da Silveira Ramos, 274, CCMN, 21941-916, Rio de Janeiro/RJ; 2Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de Ciências Naturais, Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozóicas, Av. Pasteur, 458, 22240-290, Rio de Janeiro/RJ; 3Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de Geologia e Paleontologia, Museu Nacional/UFRJ, Quinta da Boa Vista s/n, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ. E-mails: luizaponcianotaigmail.com, aline@geologia.ufrj.br, dsusana@gmoii.com, vmmedinafonsecadpgmail.com, josikunzler@gmail.com RESUMO A noção de natureza enquanto património é relativamente recente, quando comparada às políticas de proteção ao património histórico-cultural strictu sensu. Após o aumento da conscientização sobre a importância da biodiversidade, a geodiversidade também passou a ser encarada como património nos últimos anos. No presente trabalho a definição de património geológico foi separada em in situ e ex situ, a fim de aprofundar a discussão sobre os elementos considerados como património geológico e as vantagens e desvantagens da conservação do património em seu lugar de origem ou fora dele. Também foram analisadas as ameaças em potencial ao património geológico e as estratégias mais adequadas para a conservação do património geológico-paleontológico brasileiro. Palavras-chave: património geológico-paleontológico in situ e ex situ, geodiversidade, estratégias de conservação ABSTRAC T The perception of nature as a heritage is relatively new as compareci to the policies for protection of historical and cultural heritage strictu sensu. As a consequence of increasing awareness of the importance of biodiversity, geodiversity hás been also considered as a heritage in recent years. In this paper, the concept of geoheritage is split into two separate categories (in situ and ex situ) in order to deepen the debate on which elements of geodiversity are to be considered as geoheritage and the advantages and disadvantages of geoheritage conservation in its original place or away from it. Potential threats to the geoheritage and the most suitable strategies for conservation of geological-paleontological heritage in Brazil are also discussed. Keywords: in situ and ex situ geological-paleontological heritage, geodiversity, conservation strategies Paleontologia: Cenários de Vida 1. INTRODUÇÃO Património é um conceito polissêmico que remete a significados tais como herança, bens (móveis e imóveis) e monumentos, podendo se apresentar de modo tangível ou intangível. Na atual constituição (Brasil, 1988) património é definido como "bens de natureza material e imaterial portadores de referência à identidade, à ação c à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade (...)". Essa variedade de significados ocorre pek propriedade do património de reíletir o real, expressando as relações que cada grupo social estabelece com a natureza ou com sua produção cultural (Scheiner, 2006). Algo considerado como património sofreu uma atribuição de valor que o destacou e diferenciou perante os demais de sua tipologia (Lima, 1997). A noção de natureza enquanto património é relativamente recente, quando comparada às políticas de proteção ao património histórico-cultural strictn sensu. Foi mencionada formalmente em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, em Estocolmo, e na Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural, em Paris, no mesmo ano. Após o aumento da conscientização sobre a importância da biodiversidade, a geodiversidade também passou a ser encarada como património nos últimos anos. Ainda não existe consenso sobre sua definição, mas, de um modo geral, a geodiversidade consiste na variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos que originam rochas, minerais, fósseis, paisagens, solos e outros depósitos que são o suporte da vida na Terra (modificado de Brilha, 2005). A atribuição de valor patrimonial à geodiversidade se desenvolveu a partir de 1991, durante o Primeiro Simpósio Internacional sobre a Proteção do Património Geológico, devido à necessidade de se enfatizar a importância da parte abiótica da natureza. Neste evento foi elaborada a Declaração Internacional dos Direitos à Memória da Terra, que resume esta transformação de valores: "O passado da Terra não é menos importante que o passado dos seres humanos. Chegou o tempo de aprendermos a protegê-lo e protegendo-o aprenderemos a conhecer o passado da Terra, esse livro escrito antes do nosso advento e que é o património geológico" (Nascimento e/a/., 2008). Segundo Gray (2003), a geodiversidade possui diversos valores: intrínsecos; culturais (folclóricos, arqueológicos, históricos e espirituais); estéticos (paisagens locais, inspirações artísticas, atividades de lazer e geoturismo); económicos (combustíveis e minerais metálicos,preciosos e utilizados em construções); funcionais (funções de utilidade, no ecossistema e no geossistema); científicos e educacionais (descobertas científicas, história da Terra, monitoramento ambiental e educação). Porém, geodiversidade não é sinónimo de património geológico, pois o ato de seleção é implícito aos processos de patrimonializacão. Além disso, há outros registros, como documentos e dados sobre as metodologias de coleta, guarda e estudo de elementos da geodiversidade retirados do seu local de origem que também devem ser considerados. Portanto, património geológico é o conjunto de diversos elementos da geodiversidade (in situ e ex situ} e os registros associados que apresentem valor excepcional, selecionados com base em critérios objetivos (raridade, fragilidade, potencial científico/ didático/turístico, entre outros) que devem respeitar as particularidades locais durante o processo de »-aloração. Uma das categorias do património geológico é o património paleontológico ou fossilífero, que será enfatizado nos tópicos seguintes. Contudo, as discussões sobre definição de conceitos Dermanecerão sendo realizadas na esfera mais ampla do património geológico. !7; ' : . 'D ral Martins de Oliveira Ponciano, Aline Roch de S F _-;;;iira deCastro, u:,â!ia Viária da Costa Machado, Vera Maria Medir a de F, '.-rã &Josiane Kunzler 855 Segundo Uceda (1996), o património geológico inclui todas as formações rochosas, estruturas, acumulações sedimentares,formas, paisagens, depósitos minerais ou paleontológicos ou coleções de objetos geológicos de valor científico, cultural ou educativo e/ou de interesse paisagístico ou recreativo. Brilha (2005) define património geológico como o conjunto de geosítios de uma dada região, bem delimitados geograficamente, onde ocorrem um ou mais elementos da geodiversidade com singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico ou outro. Destaca-se a maior abrangência da definição de Uceda (1996), por incluir as "coleções de objetos geológicos", relacionadas à parte dos elementos do património geológico ex situ. De outro modo, a definição de Brilha (2005) é focada no património geológico in situ, enfatizando a seleção de geosítios relevantes e bem delimitados. 2. PATRIMÓNIO GEOLÓGICO-PALEONTOLÓGIC O IN SITU E EX SITU Definiçã o de conceito s No presente trabalho optou-se por separar a definição de património geológico em in situ e ex situ, a fim de aprofundar a discussão sobre os elementos considerados como património geológico. O componente in situ desta tipologia de património é claramente identificado pela maioria dos geocientistas, estando ainda em processo de reconhecimento pela sociedade em geral. De outro modo, a caracterização do componente ex situ é complexa até mesmo entre a comunidade científica, ainda estando em debate quais elementos podem ser incluídos. Por esta proposta, património geológico in situ corresponde ao conjunto de depósitos minerais ou fossilíferos (aílorantes ou não), paisagens e solos de uma determinada região, bem delimitados geograficamente, onde ocorrem elementos da geodiversidade com singular valor do ponto de vista científico, didático, cultural, estético, entre outros. Considera-se património geológico ex situ os exemplares da geodiversidade retirados do seu sítio de origem para integrarem coleções científicas de instituições de pesquisa e os registros relacionados à coleta, guarda e estudo deste material e de outros elementos da geodiversidade que apresentem conspícuo valor científico, didático, cultural, estético, entre outros. Citam-se como exemplos: (1) as coleções científicas de rochas, minerais, fósseis e solos de museus, universidades e outros institutos de pesquisa; (2) as publicações científicas (livros e artigos em periódicos, tanto em meio físico quanto digital); (3) os dados científicos não publicados (monografias, dissertações, teses, cadernetas de campo, fotografias, filmes, ilustrações, mapas, perfis estratigráficos,...); (4) as reproduções (réplicas, esculturas, desenhos e pinturas) de fósseis, rochas e minerais e as reconstituições anatómicas, biomecânicas, paleoambientais, paleoecológicas e paleogeográficas vigentes em época pretérita e significativas da metodologia então utilizada; e (5) os instrumentos científicos e laboratórios antigos utilizados no desenvolvimento de estudos geológicos, paleontológicos e em áreas relacionadas. 856 ___ __ _ ___ Paleontologia: Cenários de Vida Vantagen s e desvantagen s do patrimóni o geológico-paleontológic o in situ Do ponto de vista científico, a principal vantagem da conservação do património geológico- paleontológico em seu lugar de origem é a manutenção do contexto original (sedimentológico estratigráfico e tafonômico) e da integridade dos fósseis, minimizando o risco de perdas que ocorrem principalmente durante os procedimentos de coleta e transporte. Apesar de não existirem diretrizes gerais ou um código de conduta específico para trabalhos de campo de Geologia e Paleontologia no Brasil, a importância da conservação de ao menos uma parte do património geológico-paleontolórico in situ tem de ser difundida entre os geocientistas. Isto poderia ser viabilizado adaptando-se a metodologia da Arqueologia de manutenção de blocos testemunhos (Delphim, 2004), assegurando assim que ao menos uma parte dos sítios ou depósitos geopaleontológicos seja preservada para pesquisas futuras. Além da questão científica, a conservação in situ dos elementos da geodiversidade também é relevante pela manutenção da potencialidade de desenvolvimento sustentável no local. Portanto, a associação do valor científico com os outros valores do património geológico (didático, cultural, estético, recreação, económico e funcional) é uma ótima ferramenta para estimular o desenvolvimento sócio-econômico da região, especialmente sob a fornia de Geoparques. O impacto local dos Geoparques é imediato, reforçando a identificação da população com sua região e promovendo seu renascimento económico e cultural. A implantação de Geoparques pode valorizar os produtos da região e gerar renda pela construção e gerenciamento da infraestrutura necessária para atender aos visitantes (museus, lojas, hotéis, restaurantes,...). Dentre os "geoprodutos" que podem ser comercializados estão réplicas de fósseis, livros e outras publicações sobre Geologia e Paleontologia, obras de arte e artesanatos temáticos inspirados nas principais características geológicas e paleontológicas do local e tipos diversos de alimentos com formatos ou denominações que remetem a elementos da geodiversidade. A manutenção do património geológico-paleontológico próximo à população local também facilita a difusão de uma abordagem mais holística sob o enfoque do património integral, promovendo uma melhor assimilação da importância de todos os valores citados acima e a apreensão do local como património pela comunidade e pelos visitantes. Dentre as desvantagens, a continuidade das pesquisas científicas pode ser afetada dependendo do tipo de estratégia de conservação aplicada ao património in situ. Se o tombamento for escolhido para um determinado sítio, as pesquisas que dependem de coleta de material teriam de ser interrompidas, por exemplo. Caso o sítio possua elementos muito frágeis e mesmo assim seja divulgado para receber geoturistas antes da instalação de estruturas de proteção o património pode acabar sendo rapidamente depredado. Por isso, antes da seleção de qualquer estratégia, um inventário completo sobre o sítio ou depósito em análise deve ser efetuado para avaliar sua relevância e grau de vulnerabilidade, visando à escolha das medidas mais adequadas para viabilizar seu uso sustentável, se for o caso, ou proteção integral. Para que a conservação do património in situ seja efetiva é necessária uma estrutura de fiscalização eficiente e a integração com outras políticas de conservação da região, a fim de evitar vandalismos ou roubos nos sítios protegidos. Devido à maior exposição ao intemperismo, os sítios têm de ser constantemente monitorados, pois mesmo em locais sem o impacto antrópico os processos Luiza Corra; Mártir li, de Oliveira Ponci^no, Aline Rocha àt í cuza Ferreira de Castro, Deusana Maria da Costa Machado, Vera Maria Medina c? zonseca & Josiane Kunzler 857 naturais também causam a destruição de exemplares da geodiversidade expostos ou inviabilizam o acesso aos afloramentos. Com o objetivo de reduzir os efeitos da exposição às alterações naturais diversos tipos de estruturas de proteção são projetadas e construídas (como "telhados", andaimes e barreiras para escoramento ou desvio de águas superficiais), buscando sempre a manutenção da integridade do sítio. Contudo, estas interferências ou musealizações podem ser exageradas ou equivocadas, ocasionando até mesmo o desinteresse dos visitantes e infligindo danos aos sítios ao invés de conservá-los. A instalação de estruturas deve ser bem planejada, de preferência por uma equipe multidisciplinar, com base em um amplo estudo das características dos sítios e do clima local para orientar a escolha dos melhores materiais e tipos de estruturas adequadas para cada sítio. A implantação de barreiras físicas (muros, grades, cercas,...) também pode ser empregada para impedir a aproximação dos visitantes em áreas mais vulneráveis. As atividades didáticas e recreativas e o monitoramento das instalações e da infraestrutura devem ser frequentes para evitar o abandono dos sítios pela comunidade e pelos visitantes,pois se o local não estiver em boas condições de visitação (sem vegetação em cima dos pontos de interesse, com os acessos e infraestrutura limpos e bem conservados,...) as pessoas irão se deslocar para outras regiões. Os sítios também podem ser naturalmente de difícil acesso, como em regiões rurais sem estradas, ou não estarem acessíveis provisoriamente, como é o caso da Bacia de Itaboraí, que está inundada, e de afloramentos em propriedades particulares e em regiões com conflitos agrários ou armados. Deste modo, a efetividade da conservação do património in situ depende da implantação eficaz de uma grande estrutura de fiscalização, manutenção e de atividades didáticas e recreativas contínuas, que devem ser reavaliadas e adaptadas segundo os tipos e graus de problemas da área e de participação da população do entorno e visitantes. Vantagen s e desvantagen s do patrimóni o geológico-paleontológic o exsitu O património geológico-paleontológico ex situ, sob a forma de coleções científicas, auxilia na rapidez da pesquisa e, ao mesmo tempo, retira os fósseis dos locais com risco de degradação. O acervo, quando preservado desta forma, localiza-se próximo aos centros de pesquisas e aos equipamentos que permitem uma melhor análise dos exemplares. Quando necessário, as amostras também podem ser preparadas mais detalhadamente, tanto de forma mecânica quanto química. Desse modo, os elementos da geodiversidade são incorporados a um ambiente controlado ao serem inseridos em coleções científicas. Idealmente, diversos fatores como a umidade, temperatura, sujidades e acesso de pessoal teriam de ser constantemente monitorados. Este ambiente representa uma área de segurança, onde o acervo é registrado, documentado, sofre intervenções (quando necessário) e é acondicionado em mobiliário adequado. Além da guarda das cadernetas de campo, as informações mais relevantes sobre a coleta do material também devem ser registradas em fichas catalográficas, no período mais breve possível após o recebimento das amostras e de preferência com a participação dos próprios coletores. O controle terminológico de tais fichas deve ser padronizado, pois auxiliará na posterior recuperação da informação. Ao serem inseridos no acervo, os fósseis devem ser acondicionados e documentados corretamente por profissionais experientes, os curadores. Estes são Paleontologia: Cenários de Vida responsáveis pela conservação, guarda, manutenção, seleçao de acervo e dos sistemas de documentação da coleçâo. Os sistemas de documentação são tão importantes quanto os próprios acervos, pois neles está registrada a memória de cada exemplar. Por isso, o correio acondicionamento da documentação, bem como sua automação e disponibilização do banco de dados via Internet são medidas de segurança consideradas essenciais (Souza et ai., 2007). Por exemplo, o Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozóicas (LECP/UNIRIO), disponibiliza as fichas catalográficas de seu acervo na página http:// www.unirio.br/lecp. A coleçâo de Paleoinvertebrados do Museu Nacional começou a ser informatizada já década de 90 do século XX, através da base de dados paleontológicos (Base PALEO), do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), disponível em http://www.qinn.gov.br/bases/novapale/paleind.php. A base PALEO reúne dados referentes à ocorrência de fósseis (macrofósseis, microfósseis e palinomorfos), sua taxonomia, paleoecologia e bioestratigrafia. Informações adicionais, referentes às litologias e geocronologia dos sedimentitos que os contêm, locais de coleta e fontes de referências, também são fornecidas. Os fósseis cadastrados provêem de projetos executados pela CPRM, das coleções do Museu de Ciências daTerra/DNPM e do Museu Nacional e Institut o de Geociências/UFRJ. No Museu Nacional/UFRJ também está em desenvolvimento um catálogo eletrônico alternativo para a coleçâo de Paleontologia, constituindo um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD). Para a composição do SGBD da coleçâo de paleoinvertebrados incialmente estão sendo utilizados os itens básicos contidos no catálogo, tais como a identificação taxonômica, idade, procedência, litoestratigrafia (bacia e formação), entre outros. A partir desses tópicos, foram construídas tabelas e formulários. O sistema está começando a operar com a coleçâo de insetos da Formação Santana da Bacia do Araripe. Este aplicativo é um recurso interativo e fácil de operar, constituindo-se em uma ágil ferramenta de consulta, que progressivamente terá sua utilização expandida para toda a coleçâo de Paleontologia. A possibilidade de ser exposto em museus e, portanto, estar acessível a uma maior parte da sociedade, é outra vantagem dos exemplares da geodiversidade que compõem o acervo de uma coleçâo. Rochas, minerais e fósseis de outros países ou de regiões rurais são reunidos em museus das maiores cidades do Brasil e auxiliam na divulgação da importância da conservação do seu sítio ou depósito fossilífero de origem. O processo de musealizacão/patrimonialização adotado para os fósseis, rochas e minerais também pode ser utilizado, com algumas adaptações, para a guarda de suas reproduções e informações relacionadas. Aconselha-se inclusive a inserção de réplicas, esculturas, desenhos,pinturas e instrumentos antigos nas coleções dos museus, universidades e outros institutos de pesquisa brasileiros. Justifica-se tal procedimento devido à usual perda deste material durante a renovação de exposições ou término das pesquisas, quando as representações de teorias científicas de épocas pretéritas e os instrumentos e laboratórios antigos são descartados por tornarem-se obsoletos. Estes registros poderiam ser submetidos a um processo de ressignificação, deixando de ser apenas um recurso de pesquisa ou museográfico ao serem incluídos oficialmente no acervo. Consequentemente, a utilização deste tipo de material em futuras exposições e estudos possibilitará a formação de gerações com uma visão crítica sobre a evolução da ciência, mantendo o registro das principais transformações das teorias científicas e modos de representação dos fósseis ao longo dos anos. Luiza Corral Martins de Oliveira Ponciano, Aline- Rocha de Souza Ferreira de Castro, Deusana Maria da Costa Machado, Vera Maria Medina da : onseca & Josiane Kunzler 859 O estudo das publicações científicas (livros e artigos em periódicos, tanto em meio físico quanto digital) e dos dados científicos não publicados (monografias, dissertações, teses, cadernetas de campo, fotografias, filmes, ilustrações, mapas, perfis estratigráficos,...) possibilita a recuperação de valiosas informações históricas de afloramentos que já foram destruídos pelo crescimento das cidades ou exploração comercial. A utilização de dados das cadernetas de campo auxilia na reconstituição do contexto geológico de fósseis depositados em museus e universidades, estudados por pesquisadores que normalmente não acompanharam o processo de coleta e necessitam compreender o contexto no qual o material foi coletado. Além disso, indicações de afloramentos com níveis fossilíferos inexplorados permitem a realização de novas coletas em afloramentos que,quando foram descobertos, não puderam ser explorados detalhadamente por motivos diversos. As cadernetas de campo do geólogo José Henrique Gonçalves de Melo, doadas ao Laboratório de Paleoinvertebrados do Museu Nacional/UFRJ juntamente com as coleções antes depositadas no CENPES/Petrobras, apresentam muitos dados inéditos de expedições realizadas entre 1981 e 1996, incluindo a Orville A. Derby (1986), que revelou novos sítios fossilíferos nas três principais bacias sedimentares paleozóicas brasileiras (Paraná, Amazonas e Parnaíba). Mais de 20 anos após estes trabalhos de campo, levantamentos de campo baseados nestas cadernetas possibilitaram a descoberta de novos horizontes fossilíferos nas formações Pimenteira e Cabeças (Bacia do Parnaíba), por exemplo. O registro do modo de formação das grandes coleções científicas do Brasil e dos intercâmbios efetuados entre as instituições de pesquisa brasileirase internacionais também pode ser restaurado pela análise de dados não publicados. O SEMEAR (Setor de Memória e Arquivo) do Museu Nacional/ UFRJ contribui para pesquisas que abrangem não só o estudo do fóssil em si, mas também do contexto histórico em que as antigas coletas foram realizadas. Este setor é responsável pela guarda, conservação e disponibilização de documentos primários como cartas trocadas entre pesquisadores, livros de entrada e saída, ofícios e contratos. A partir da análise desses documentos, diversos tipos de informações sobre os coletores, expedições, relações entre o museu e os pesquisadores e com outras instituições podem ser recuperadas. O mesmo acontece com publicações científicas antigas que contêm informações relevantes tanto sobre a paleontologia e geologia das áreas de estudo quanto sobre o histórico dos pesquisadores que nelas atuaram. De outro modo, a maior desvantagem em se conservar ex situ qualquer elemento da geodiversidade está relacionada aos procedimentos de coleta e transporte, pois estas ações podem, além de destruir integral ou parcialmente as amostras, resultar na inutilização científica dos fósseis. O mesmo problema pode ocorrer se a organização das coleções científicas não seguir corretamente os critérios museográficos expostos acima. A atividade de coleta tem que ser criteriosa e todas as informações relevantes devem ser registradas, tais como a distribuição original dos fósseis em planta e em seção, seu posicionamento nos perfis estratigráficos, as coordenadas GPS e outros dados de localização e do contexto sedimentar e tafonômico dos afloramentos de origem. Estes procedimentos devem ser efetuados ou supervisionados por profissionais (geólogos/paleontólogos) experientes. A participação de alunos ou auxiliares leigos em atividades de coleta deve ser precedida por atividades didáticas teóricas sobre as metodologias mais adequadas para cada tipo de sítio e de material paleontológico da região em estudo. 860 Paleontologia: Cenários de Vida Outra desvantagem, que também envolve a perda de informações t até mesmo de exemplares, está na atividade de seleção de amostras no campo c nas instituições, quando se decide o que realmente irá ingressar no acervo ou será separado para doação a instituições de ensino ou para descarte. Em campo, por exemplo, dependendo da quantidade de um determinado tipo de fóssil já inserido na coleção, alguns exemplares podem ser privilegiados em relação a outros que, naquele momento, são considerados menos relevantes por serem abundantes na coleção da instituição que está realizando a coleta. Quando o estudo é focado em somente alguns grupos, o descarte selecionado de fósseis que não sejam de imediato interesse da equipe de coleta também pode ocorrer. Isto implica que diversos tipos de fósseis usualmente são descartados ainda em campo, apesar de serem significativos para outras instituições que não possuem estes exemplares em sua coleção. A ausência de uma padronização mínima sobre a metodologia de coleta de fósseis no Brasil e de uma diretriz nacional sobre doações e descarte de material paleontológico torna-se evidente nos diferentes comportamentos dos grupos de geocientistas em trabalhos de campo. Muitos horizontes fossilíferos podem até chegar a desaparecer, devido a coletas exageradas ou displicentes. Já nas instituições de pesquisa, caso após a preparação mecânica ou química os exemplares não estejam tão bem preservados quanto se esperava, ou se existirem outros semelhantes na coleção, pode ocorrer o descarte por diversos motivos, como a falta de espaço. Estes fósseis que não são selecionados para uma determinada coleção poderiam ser destinados para doações e/ou trocas de acervos geológicos e paleontológicos entre universidades e museus brasileiros. O material poderia ser exposto virtualmente num banco de dados online para que os pesquisadores interessados tomassem ciência de sua disponibilidade e se pronunciassem sobre uma possível doação/troca entre as instituições de pesquisa e ensino. Apesar do material ex situ utilizado nas exposições de Paleontologia ser considerado uma vantagem para a divulgação do património paleontológico nas grandes metrópoles, a população do local de origem dos fósseis normalmente desconhece o seu significado, ou o deturpa. Tomando como exemplo os macroinvertebrados devonianos, enquanto no Piauí a população que vive literalmente em cima dos sítios fossilíferos não tem ideia do que são as "marcas" incrustadas nas lajes do quintal de suas casas, no Paraná as crianças que vivem nas proximidades dos afloramentos se oferecem para mostrar os horizontes fossilíferos e vender os fósseis coletados previamente. Em ambos os casos, a retirada dos fósseis sem a preocupação com a educação e conscientização da comunidade gera ameaças ao património paleontológico, pois quando os pesquisadores saem dos sítios os moradores podem acabar depredando o local na busca por materiais de valor económico. Cita-se também o exemplo dos clastos facetados incrustados em pavimentos estriados no sul do Piauí, que foram arrancados pela população local após verem pesquisadores tirando fotos e tomando medidas na localidade que era utilizada pela comunidade como campo de futebol. A falta de comunicação com os moradores pode chegar a originar conflitos em que a comunidade decide impedir o acesso dos pesquisadores aos afloramentos. 3. AMEAÇA S AO PATRIMÓNIO GEOLÓGICO-PALEONTOLÓGIC O Os depósitos fossilíferos, sítios paleontológicos e seus fósseis são um recurso natural, não renovável e de ocorrência restrita a localidades cujo acesso só se torna viável quando voltam a aflorar na superfície dos atuais continentes após permanecerem soterrados por milhares/milhões/bilhões Lu::za Cor:?/ ./Urlirii de Oliveira Ponciano, Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, Deusana M :ria da Costa Machado, Vera Maria Mediria da Fonseca & Josiane Kunzier 861 de anos (também sendo encontrados mais raramente em sondagens). Porém, apesar de constituírem Património Cultural da União (Brasil, 1942; Brasil, 1988) e serem tão raros, os depósitos fossilíferos, os sítios paleontológicos e os exemplares fósseis isolados estão sujeitos a diversos tipos de ameaças. Citam-se: (1) as coletas ilegais para fins não científicos; (2) o vandalismo nos afloramentos; (3) a falta de conhecimentos geológicos e paleontológicos da maioria da população brasileira; (4) o crescimento demográfico e urbano; (5) o aumento da demanda por recursos geológicos; (6) as atividades turísticas e militares; (7) a implantação de grandes obras e estruturas; (8) a gestão de bacias hidrográficas; (9) o desmatamento, a agricultura e a pecuária intensivas e (10) o precário estado de conservação das coleções científicas dos museus, universidades e outros institutos de pesquisa brasileiros. As coletas ilegais para fins não científicos, como o comércio de fósseis e a constituição de coleções particulares, ocasionam a perda de várias espécies desconhecidas da Paleontologia. Este tipo de depredação resulta em prejuízo irreversível ao contexto estratigráfico, sedimentológico e tafonômico dos fósseis. No caso dos fósseis da Bacia do Araripe, são conhecidos exemplares raros descritos por pesquisadores estrangeiros (sem a contribuição de paleontólogos brasileiros) que indicam corno procedência o Brasil, porém, sem a descrição específica do sítio ou da coleta do material, estrategicamente omitida. O vandalismo nos afloramentos pode ser causado por "paleo-piratas", designação de grupos que além de furtarem os fósseis ainda fazem pichações e destroem o afloramento e seu entorno (Fedonkin et d., 2009). Porém, alguns geocientistas (formados ou em formação) também podem ser os responsáveis por diversos tipos de depredação, seja por ignorância ou omissão. Afloramentos históricos e muito utilizados para fins didáticos e turísticos deveriam ter ao menos suas partes principais conservadas do melhor modo possível. Um exemplo recorrente de vandalismo científico são as marcações de afloramentos com tinta permanente(ou seja, um tipo de pichação) e os furos de mini-perfuratrizes manuais, que alteram locais de grande valor estético e didático. Segundo o código de conduta em trabalhos de campo de 1989 do Reino Unido, as diretrizes são que os furos, quando necessários, devem ser efetuados nas partes menos visíveis das rochas, em menor número possível e preenchidos com restos da mesma rocha (MacFadyen, 2007). A falta de conhecimentos geológicos e paleontológicos pela maioria da população brasileira deriva da precária educação formal e informal, principalmente na área das geociências. Grande parte dos professores dos níveis fundamental e médio, e de nível superior de outras áreas, não foi apresentada nem aos conteúdos básicos de Geoloeia e Paleontologia durante mais de uma década e meia de ensino O O formal. A Declaração de Aracaju, aprovada em 2006, no XLII I Congresso Brasileiro de Geologia, destaca a necessidade de incluir a disciplina de Geologia (e aqui adicionamos a Paleontologia) nos currículos escolares em todos os níveis, e de disciplinas que visem a conservação e proteção dos recursos naturais (Património Natural, por exemplo) nos cursos de graduação em Geociências e Turismo. Sugerimos a mesma inclusão nos cursos de Ciências Biológicas, Ciências Ambientais, Engenharia Ambiental, Gestão Ambiental e Museologia. Enquanto estas recomendações não são efetivadas, projetos de educação patrimonial nas comunidades próximas aos sítios geopaleontológicos, exposições em museus e palestras e cursos para atualização de professores são exemplos de educação informal que auxiliam no esclarecimento da importância das geociências para a sociedade. A depredação oriunda do crescimento demográfico e urbano está cada vez mais intensa, como no município de Ponta Grossa (Estado do Paraná) e nos municípios de Picos e Pimenteiras (Estado 862 Paleontologia: Cenários de Vida do Piauí) (Souza et ai., 2004a,b; Ponciano et ai, 2010). Nestas cidades diversos afloramentos com macrofósseis devonianos já foram destruídos tanto pela construção de casas diretamente sobre os sítios paleontológicos como pela modificação das antigas estradas de terra, cujas margens e leito também eram fossilíferos. A apropriação indevida de terras públicas ao longo da margem das estradas também constitui ameaça em potencial aos afloramentos, pois os pesquisadores perdem o acesso a sítios que podem ser fossilíferos. O aumento da demanda por recursos geológicos para a construção civil e outras indústrias também impacta os depósitos fossilíferos, pois nos locais de extração dificilmente os empreendedores modificam a frente de lavra ou interrompem os trabalhos para permitir a retirada dos fósseis antes de sua destruição. Pode-se citar como excecão o resgate dos fósseis da Bacia de São José de Itaboraí, no município de Itaboraí/RJ. A maior parte dos fósseis conhecidos desta bacia foi recuperada durante o período ativo de extração de calcário pela Companhia de Cimento Portland Mauá, devido ao trabalho de dhnalgação e conscientização dos paleontólogos com os funcionários da citada empresa (Bergqvist <?/«/., 2006). A implantação de grandes obras e estruturas (como usinas hidrelétricas, linhas de transmissão, gasodutos, novas estradas,...), dependendo da gestão dos empreendedores, pode representar a destruição do património paleontológico local ou proporcionar a oportunidade de descoberta de novos horizontes fossilíferos. Por exemplo, escavações que atingem depósitos fossilíferos profundos podem revelar fósseis que normalmente não seriam encontrados, caso estes empreendimentos contemplem programas de salvamento do património paleontológico. Infelizmente estes projetos raramente são elaborados e efetivados, devido às deficiências na legislação brasileira relacionada ao património paleontológico. Além disso, há que se esclarecer aos órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental a diferença entre arqueólogos e paleontólogos, para que sítios ou depósitos avaliados unicamente por arqueólogos como afossilíferos não sejam considerados como tal sem a avaliação conjunta de um paleontólogo. Habitualmente apenas o património arqueológico é recuperado pelos empreendedores, sob a fiscalização do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Esta situação está sendo modificada pela mobilização do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM (através da Divisão de Proteção aos Depósitos Fossilíferos) e da Sociedade Brasileira de Paleontologia - SBP, tendo como resultado os primeiros exemplos de grandes obras em construção no país que contam com a consultoria de paleontólogos para a realização do salvamento de fósseis (usinas hidrelétricas de Jirau e Santo António, em Rondônia). Nas coleções dos institutos de pesquisa brasileiros os fósseis e registros relacionados estão expostos ao risco constante de perda de dados, furtos, incêndios, inundações, entre outros problemas curatoriais e/ou desastres naturais. Além da falta de infraestrutura e de conservação, a ausência do cargo oficial de curador também constitui uma ameaça, pois não há a formação e contratação de profissionais com experiência e tempo suficientes para a conservação adequada dos acervos. Luiza Cotraí Martins de Oliveira Ponciano, Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, Deusana Maria da Costa Machado, Vera Mário Medina da Fonseca & Josiane Kunzler . 863 4. ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO GEOLÓGICO-PALEONTOLÓGIC O A proteção ao património geológico-paleontológico pode ocorrer na esfera nacional (municipal, estadual e federal) ou internacional, podendo ser efetivada através de diversos mecanismos, como a elaboração e aplicação de legislações (leis, decretos-lei, portarias e convenções específicas) e pelas instituições de fiscalização e/ou gestão pública: DNPM; IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis); ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade); IPHAN; secretarias/institutos estaduais ou municipais e UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura). Portanto, há essencialmente cinco maneiras de promover a proteção aos depósitos e sítios geológicos-paleontológicos. A primeira é a designação como área de proteção em esfera municipal, estadual ou federal; a segunda é a realização de tombamento em esfera nacional; a terceira é o reconhecimento internacional como património mundial; a quarta são os Geoparques, que podem integrar a Rede Mundial de Geoparques ou constituir Geoparques a nível nacional; e a quinta são os projetos de educação patrimonial e geoturismo. Área s de Proteçã o No Brasil, a criação de áreas protegidas representa uma das estratégias encontradas para a preservação e conservação da geodiversidade (e biodiversidade) em seu lugar de origem. Desde a constituição de 1934 vários instrumentos legais foram criados para proteger "as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico" do Brasil, dentre eles a Lei Federal n° 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), importante instrumento para a proteção ao Meio Ambiente. Dentre os objetivos do SNUC estão a proteção de paisagens naturais de notável beleza cénica e das características de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural relevantes, além da promoção do desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais (Brasil, 2000). Entretanto, as características geológicas e paleontológicas ainda são poucos valorizadas nas unidades de conservação (UCs) brasileiras, onde o foco é a proteção à diversidade biológica. Geralmente os elementos da geodiversidade só adquirem importância quando associados à beleza cénica e destaque de relevo (Figueiredo ôcGorayeb, 2009). Além disso, a importância dos depósitos e sítios fossilíferos, em relação às outras tipologias de sítios geológicos, é mínima. Entretanto, existem algumas raras exceções de UCs na esfera municipal ou estadual cuja temática é exclusivamente paleontológica,tais como o parque paleontologia) de São José de Itaboraí (Itaboraí, Rio de Janeiro) e o parque ambiental da Floresta Fóssil (Teresina, Piauí). Apesar de a categoria Parque Nacional ser uma das UCs mais adequadas como estratégia de conservação para o património geológico, o descaso com os elementos geológicos e paleontológicos pode ser percebido na sua própria definição: "tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cénica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico" (Brasil, 2000). 854 Paleontologia: Cenários de Vida Desse modo,percebem-se alguns dos motivos pelos quais o património geológico, especialmente o paleontológico, é tratado de forma secundária nos parques nacionais. Um dos exemplos é o Parque Nacional da Serra da Capivara, onde a atração principal são as pinturas rupestres e os aspectos geomorfológicos da região, apesar da presença de afloramentos devonianos fossilííeros dentro da área do parque e de um grande acervo da megafauna pleistocênica local t de vestígios do mais antigo hominídeo das Américas no Museu do Homem Americano. Outra UC interessante para a conservação do património geológico-paleontológico é o Monumento Natural, pois tem como objetivo "preservar sítios naturais raros, singulares e/ou de grande beleza cénica" (Brasil, 2000). O Monumento Natural do Vale dos Dinossauros foi criado em 1992 na esfera estadual com a finalidade de preservar as mais extensas trilhas com pegadas de dinossauros no Brasil em Sousa, na Paraíba. O Monumento Natural das Árvores Petrificadas foi criado em 2000 no município de Filadélfia (Tocantins), sendo considerado o maior Monumento Natural fossilizado do mundo. A APA Carste de Lagoa Santa (MG) é um exemplo de UC de uso sustentável que também pode ser utilizada. Possui como finalidade conservar e proteger o relevo carste da região, juntamente com seu aspecto cultural. E um local de inúmeras carvernas e de grande importância histórica e científica para a Paleontologia e Arqueologia. São encontrados registros de megafauna pleistocênica e o fóssil de hominídeo mais antigo do Brasil. Sua criação visou um ordanemento para a utilização sustentável dos recursos naturais da região. Outra UC que pode fazer uso de recursos geológicos e paleontológicos são as Reservas Particulares do Património Natural, mas ainda não há exemplos deste tipo. Tombament o Existem algumas áreas que não se encaixam nas categorias de UCs, porém possuem grande valor paisagístico e importância para o ambiente urbano. Para esses casos uma das estratégias é o tombamento dos bens naturais, parques urbanos e outros. Castro ScMachado (2011) discutiram a utilização deste mecanismo naproteção do património geológico-paleontológico, tendo como objetos de estudo a Bacia de São José de Itaboraí e a Floresta Fóssil do Rio Poti. O tombamento é um instrumento jurídico de proteção ao Património Histórico e Artístico Nacional, criado concomitantemente ao IPHAN pelo Decreto n° 25 de 30 de novembro de 1937. Como os sítios paleontológicos são legalmente reconhecidos como património cultural brasileiro, justifica-se a atribuição de responsabilidade ao IPHAN. As autoras concluíram que o tombamento geralmente não é uma ferramenta adequada para a proteção ao património geológico-paleontológico, principalmente quando os sítios ainda são utilizados para a coleta de amostras, pois a continuidade dos estudos seria inviabilizada. Contudo, esta estratégia pode ser aplicada aos sítios integrados à cultura local, como é o caso do único sítio paleontológico tombado pelo IPHAN (Floresta Fóssil do Rio Poti), incluído no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. !.ui::ò . " o r t a ! ' • iartins de Oliveira Poncía,io, Aline Rocha de Souza Ferreira de Castro, Deus:-na M.., Ia da Costa Machado, Vera Maria Medina da Fonseca & Josiane Kunzler 865 Iniciativa s internacionais : List a do patrimóni o mundia l e Geoparque s Para ingressar na lista do património mundial, segundo a UNESCO, um bem natural deve atender a pelo menos um dos seguintes critérios: constituir exemplos excepcionais representativos dos diferentes períodos da história da Terra, incluindo o registro da evolução, dos processos geológicos significativos em curso (...); representar processos ecológicos e biológicos significativos para a evolução e o desenvolvimento de ecossistemas (...); conter fenómenos naturais extraordinários, áreas de beleza natural e importância estética excepcionais ou os habitats naturais mais importantes e mais representativos para a conservação in situ da diversidade biológica. Os sítios brasileiros incluídos na lista do património mundial da UNESCO (como o Parque Nacional da Serra da Capivara/PI e o Parque Nacional do Iguaçu/PR), apesar de possuírem aspectos geológicos singulares e muito relevantes, não ingressaram na lista devido à sua excepcionalidade geológica ou paleontológica. Até o momento, nenhuma UC brasileira integrante da lista do património mundial foi reconhecida por atender ao critério voltado aos aspectos geológicos. A SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) indica os sítios brasileiros para a GILGES (Global Indicative List of Geological Sites) da Comissão de Património Mundial da UNESCO, que tem a finalidade de identificar os sítios geológicos de excepcional valor universal. Até o momento foram publicados 3 volumes, com um total de 108 sítios geológicos descritos, dentre estes 37 sítios paleontológicos. Deste modo, reconhecendo a importância dos sítios geológicos, e pelo fato da geodiversidade a nível global não haver sido contemplada tanto quanto a biodiversidade, a Rede Mundial de Geoparques complementa a Lista do Património Mundial (Moreira, 2008). Para a Unesco um Geoparque tem que ser "um território com limites bem definidos com um ou mais sítios do Património geológico- p ale ontológico de importância científica, não somente para razões geológicas, mas também em virtude de seu valor arqueológico, ecológico, histórico ou cultural". Além disso, esse território deverá promover o desenvolvimento sócio económico e auto-sustentável (comumente associado ao geoturismo),ou seja, o envolvimento com a comunidade local deve ser uma das prioridades. Sem ela, assim como sem a geodiversidade, não há Geoparque. Desde 2006 o Projeto Geoparques do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apresenta um importante papel indutor na criação de geoparques, uma vez que esse projeto tem como premissa básica a identificação, levantamento, descrição, inventário, diagnóstico e divulgação de áreas com potencial para futuros geoparques no território nacional (Schobbenhaus & Silva, 2010). Este programa definiu 29 áreas em potencial onde estão sendo desenvolvidas atividades para o estabelecimento de Geoparques no Brasil, baseando-se na relevância de seu património geológico-paleontológico. Atualmente o Brasil tem apenas um geoparque integrado na Rede Mundial, o Geoparque Araripe (2006), o primeiro das Américas e por enquanto o único geoparque latino-americano. Educaçã o Patrimonia l e Geoturism o Educação Patrimonial (EP) é o processo permanente e sistemático de trabalho educacional enfocando o património como fonte primária de conhecimento e de enriquecimento individual e coletivo, utilizando objetos e/ou expressões como ponto de partida para desenvolver atividades pedagógicas (Horta, 2003; Grunberg, 2000). O intuito é despertar nos participantes o conhecimento 866 Paleontologia: Cenários de Vida crítico e a apropriação consciente da comunidade por aquele - agora - realmente seu património, devendo ser utilizada para incentivar o reconhecimento dos elementos da geodiversidade como algo de valor. A metodologia da EP é bastante versátil e pode ser aplicada a amostras isoladas de fósseis ou a sítios/depósitos fossilíferos de grandes dimensões, constituindo uma excelente estratégiade trabalho em cidades que possuem afloramentos geopaleontológicos. Com a educação patrimonial há o retorno das pesquisas para a comunidade, transmitindo o conhecimento que foi apreendido através dos sítios ou das amostras retiradas do local. O Geoturismo também é outra estratégia que pode ser empregada para estimular a proteção ao património geológico-paleontológico, pois existem diversas tipologias de turismo (ecoturismo, turismo de aventura, turismo técnico-científico, geoturismo) praticadas em áreas naturais e integradas a elementos da geodiversidade. Ruchkys (2007) definiu geoturismo como "um seguimento da atividade turística que tem o património geológico como seu principal atrativo e busca sua proteção por meio da conservação de seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando para isso, a interpretação deste património tornando-o acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra." Acredita-se que através do geoturismo a população local e os visitantes possam vir a reconhecer o monumento ou sítio como património e se transformem em agentes que promoverão sua salvaguarda, especialmente onde não existir outro tipo de proteção, como uma unidade de conservação. Desta forma, o geoturismo apresenta-se como uma tendência em expansão nas áreas naturais e até mesmo nas grandes cidades, porém, ressalta-se que antes do início de qualquer programa de divulgação para o geoturismo uma rigorosa avaliação sobre os riscos de deterioração do sítio deve ser realizada. A divulgação da informação não pode levar perigo à integridade do local, porém, a compreensão dos fenómenos que geram os monumentos geológicos pela população é essencial para a promoção da geoconservação (Brilha, 2005). 5. CONCLUSÃO A conservação/preservação do património geológico-paleontológico ex situ não costuma ser enfatizada em trabalhos efetuados na Europa e América do Norte, onde se percebe a tendência de valoração do património geológico-paleontológico in situ. Atribui-se esta preferência pelo fato do comércio de fósseis ser uma atividade legalizada e difundida em alguns desses países, pelos tamanhos menores dos territórios no caso dos países do continente europeu (facilitando a realização de inventários amplos e a fiscalização) e pelo maior número de profissionais envolvidos com as questões de conservação do património geológico a um período bem maior do que no Brasil. Em nosso país, a tendência geral até o início deste século foi tentar retirar a maior quantidade possível de elementos da geodiversidade de seu lugar de origem, com o objetivo de salvá-los da destruição em lugares ermos e com uma população que desconhece a sua importância científica e patrimonial, especialmente no Norte e Nordeste do Brasil. Deste modo, a conservação do património geológico-paleontológico ex situ na forma de coleções científicas era encarada como o único modo viável de recuperar principalmente os fósseis, depositando-os nos museus e universidades das grandes metrópoles como amostras isoladas para o desenvolvimento de pesquisas. Justifica-se este costume Luiza Corra! Martins de Oliveira Ponciano, Aline Pocha de Souza Ferreira de Castro, Deusana Maria da Costa Machado, Vera Maria Medina da Fonseca & Josiane Kunzler 867 pela imensidão de nosso território, pelas deficiências na legislação e fiscalização dos sítios e depósitos fossilíferos e pelos raros institutos de pesquisa no interior do país. Entretanto, a partir de 2004 começaram a ocorrer simpósios sobre o património geológico e paleontológico nos congressos brasileiros de Geologia e Paleontologia, despertando um interesse crescente de geocientistas e profissionais de outras áreas para a conservação in situ de nosso património geológico. Justamente por combinar a geoconservação com o desenvolvimento sócio-econômico sustentável local, o conceito de Geoparques tem tido uma implantação explosiva em diversos países, assim como no Brasil. Atualmente, a necessidade de um retorno do conhecimento científico para a população do local de onde são coletados os fósseis é cada vez mais difundida. Somente através da inclusão da comunidade local em projetos de educação e geoturismo (com a instalação de museus, parques, centros de pesquisa e formas de geração de renda), a conservação do património geológico- paleontológico in situ poderá ser concretizada em um país com as dimensões e problemas sociais do tamanho do Brasil. Para modificar tal situação é necessária a definição de uma estratégia nacional de geoconservação, integrando todas as vertentes (científica, didática, patrimonial e turística), buscando a participação dos setores públicos e privados (das áreas de educação, cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia e ordenamento do território) para a discussão de diretrizes e políticas públicas para o desenvolvimento e divulgação do património geológico-paleontológico brasileiro. A realização de inventários amplos, abrangendo todos os tipos de fósseis de determinadas regiões, assim como seu contexto geológico, também é uma forma de proteção ao património paleontológico brasileiro, pois facilita a análise da importância e das ameaças em potencial às quais os sítios ou depósitos fossilíferos estão expostos. Este levantamento também deve incluir a recuperação de informações não publicadas, como os dados das amostras oriundas destes sítios depositadas em diferentes coleções, dados de cadernetas de campo, fotos de afloramentos em diversas épocas, entre outros. Inventários gerais adaptados a uma linguagem mais simplificada seriam especialmente interessantes para guiar as análises dos órgãos públicos responsáveis pelos licenciamentos ambientais, num momento em que se incia o desenvolvimento dos programas de salvamento do património paleontológico no Brasil. 6. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro (Processos 401763/2010-2 e 401804/2010-0, do edital Fortalecimento da Paleontologia Nacional). A primeira autora também agradece ao CNPq pela Bolsa de Doutorado. 7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA S BERGQVIST, L.R; MOREIRA, A.L. & PINTO, D.R. 2006. Bacia de São José de Itaboraí: 75 anos de História e Ciência. Rio de Janeiro: Serviço Geológico do Brasil - CPRM. 84p. BRASIL. 1942. Decreto-lei n° 4146, de 4 de março de 1942. Disponível em: http://www.dnpm.gov.br/ conteudo.asp?IDSecao=67&IDPagina=84&IDLegislacao=2. Acesso em dezembro de 2010. 868 Paleontologia: Cenários de Vida BRASIL. 1988. Constituição da Repiíblica Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em dezembro de 2010. BRASIL. 2000. Lei n° 9.985, de julho de 2000. Disponível em: http^/www.pknalto.gov.br/ccivil_03/ Leis7L9985.htm. Acesso em dezembro de 2010. BRILHA, J.B.R. 2005. 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