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01 - Controle de constitucionalidade - Doutrina-43

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DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Controle de 
Constitucionalidade 
Atualizado 2020 
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Sumário 
 
Conceito.......................................................................................................................................................05 
 
Bloco de constitucionalidade........................................................................................................................07 
 
Controle de recepção....................................................................................................................................08 
 
Controle De Convencionalidade...................................................................................................................10 
 
Controle de legalidade..................................................................................................................................11 
 
Histórico de CONCON no mundo e no Brasil..............................................................................................13 
 
Efeitos da decisão de concon em relação ao tempo.......................................................................................15 
 
Efeitos da decisão de concon em relação às pessoas.....................................................................................17 
 
Cláusula de reserva de plenário (full bench).................................................................................................18 
 
Inconstitucionalidade parcial e total no controle concentrado......................................................................20 
 
Classifcações................................................................................................................................................21 
 
Sistemas e vias de controle judicial.............................................................................................................. 26 
 
Controle difuso.............................................................................................................................................29 
 
Controle concentrado...................................................................................................................................30 
 
Técnicas especiais de controle de constitucionalidade.................................................................................36 
 
Interpretação conforme à constituição – ICC 
Declaração parcial de nulidade sem redução de texto 
Declaração parcial de nulidade com redução de texto 
Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade 
Inconstitucionalidade por arrastamento 
Inconstitucionalidade progressiva 
 
Controle de constitucionalidade realizado por órgãos administrativos.........................................................43 
 
 
 
 
 
 
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Abreviaturas e siglas usadas 
 
ADC - Ação Declaratória de Constitucionalidade 
ADI - Ação Direta de Inconstitucionalidade 
ADIO - Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
CC - Código Civil 
CD - Câmara dos Deputados 
CF/88 - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
CN - Congresso Nacional 
CONCON – Controle de constitucionalidade 
CP - Código Penal 
CPC - Código de Processo Civil 
DF - Distrito Federal 
DL - Decreto-Lei 
EC - Emenda à Constituição 
MP – Ministério Público ou Medida Provisória 
PEC - Projeto de Emenda Constitucional 
PGJ - Procurador-Geral de Justiça 
PGR - Procurador-Geral da República 
PR - Presidente da República 
Rcl. - Reclamação 
RE - Recurso Extraordinário 
REsp - Recurso Especial 
RISTF - Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal 
SF - Senado Federal 
STF - Supremo Tribunal Federal 
STJ - Superior Tribunal de Justiça 
TC - Tribunal de Contas 
TCU - Tribunal de Contas da União 
TIDH - Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos 
TJ - Tribunal de Justiça 
 
Atenção: Sempre que houver remissão de algum dispositivo e não citarmos a lei, considere que estamos 
nos referindo a Constituição Federal de 1988. 
 
 
 
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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
CONCEITO 
 
Controle de constitucionalidade consiste na verificação da compatibilidade das leis e dos atos 
normativos com a Constituição. 
 
Referido controle decorre da supremacia da Constituição sobre as demais leis do ordenamento 
jurídico. Isso significa que a Constituição ocupa o topo da produção normativa de um país, todas as leis, 
portanto, devem tirar o fundamento de sua validade na Constituição. Se o país não reconhece a supremacia 
da CF, fica inviável o exercício do controle de constitucionalidade. Segundo Hans Kelsen, “a Constituição 
representa o escalão do Direito Positivo mais elevado.” 
 
O controle de constitucionalidade só é compatível em países que adotam a constituição rígida 
(procedimento de alteração mais rigoroso que o destinado às outras leis). Por consequência lógica, se o país 
adota a constituição flexível reconhece-se que não existe supremacia da Constituição. 
 
Requisitos para o controle de constitucionalidade 
Supremacia da 
Constituição 
 
Supremacia material deriva do 
fato de a CF organizar e distribuir 
as formas de competências, 
hierarquizando-as. 
 
Supremacia formal apoia-se na 
ideia da rigidez constitucional. 
Constituição 
Rígida 
 
A alteração da Constituição exige um 
processo legislativo mais complexo e 
solene do que aquele previsco para a 
elaboração das demais espécies normativas. 
 
 
Atribuição de competência a um 
órgão 
 
Supremo Tribunal Federal - STF em 
relação à 
Constituição Federal - CF. 
 
TJ em relação à 
Constituição Estadual – CE. 
 
Na inconstitucionalidade a ofensa deve ser direta à CF. Caso seja reflexa será controle de legalidade, 
mas atenção a um caso especial: um decreto do executivo, em regra, tira seu fundamento de validade de 
uma lei (é pra isso que ele existe). No entanto, já aconteceu um caso de um decreto distrital retirar seu 
fundamento de validade diretamente da CF, sem existir lei entre esse decreto e a CF, nesse caso, como 
veremos mais tarde, o controle é de constitucionalidade, excepcionalmente. 
 
A compatibilidade da lei em relação à CF deve ser material e formal. 
 
Compatibilidade 
material 
Compatibilidade 
formal 
Conteúdo dos atos deve estar de acordo com o 
conteúdo constitucional. 
Os atos devem ser elaborados seguindo o 
processo / rito estabelecido pela Consticuição. 
Pode existir norma com compatibilidade material, 
mas sem compatibilidade formal 
(emenda constitucional aprovada sem o rito 
estabelecido). 
Pode existir norma com compatibilidade formal, 
mas sem compatibilidade material. 
(emenda constitucional aprovada com o rito 
estabelecido na CF, mas com ofensa à cláusula 
pétrea, por exemplo). 
 
Se a norma é incompatível com a Constituição ela deve ser declarada inconstitucional. A doutrina 
majoritária entende que é caso de nulidade, não de anulabilidade. Esses são dois sitemas que podem ser 
adotados por um país na declaração de controle de constitucionalidade, o Brasil, como já dito, adota, como 
regra, a teoria da nulidade. 
 
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Teoria da 
nulidade 
Teoria da 
anulabilidade 
Origem nosistema-americano 
(Marshall). 
Origem no sistema austríaco 
(Kelsen). 
A nulidade existe desde o nascimento da norma 
(ab initio). 
Reconhecimento posterior da invalidade da norma. 
A decisão que reconhece a nulidade é 
declaratória e descontitui os efeitos pretéritos, como regra. 
A decisão que reconhece a ineficácia da lei é 
constitutitiva e não desconstitui os efeitos pretéritos. 
Decisão declaratória. 
Decisão constitutiva 
(constitutivo-negativo) 
O vício de inconstitucionalidade é 
aferido no plano da validade. 
O vício de inconstitucionalidade é 
aferido no plano da eficácia. 
A lei inconstitucional é ato nulo, ineficaz, írrito e, portanto, 
desprovido de força vinculativa. 
Lei inconstitucional é um ato anulável. 
 
Se declarada nula, a eficácia dessa declaração é 
ex tunc. 
 
Nula desde a origem da norma (ab initio) 
 
 
Se declarada nula, a eficácia dessa declaração é 
ex nunc 
Efeitos prospectivos. 
 
Ineficaz a partir da decisão do órgão, 
ou em outro momento. 
Adotada como regra no Brasil. Adotada como exceção quando há modulação de efeitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nulidade 
 Para a teoria da nulidade, a norma inconstitucional será: existente, inválida e ineficaz. 
 Se houver utilização de modulação, preservando alguns efeitos da norma, essa norma será: existente, inválida, mas a 
eficácia da norma poderá ser aplicada e mantida durante um tempo. 
 
Anulabilidade 
Existência 
 
Validade 
 
Eficácia 
DICA: 
Ex nunc – nunca retroage, não retroage. 
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Bloco de constitucionalidade 
 
Para realizar a análise de constitucionalidade de uma norma precisamos saber qual o parâmetro ou 
paradigma que será realizado para confrontar a validade dessa norma. Em regra, obviamente, é a própria 
Constituição vigente à época do ato. No entanto, por conta do art. 5º, § 2º, da Constituição adota-se hoje o 
chamado bloco de constitucionalidade: 
 
Art. 5º, § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. 
 
Bloco de constitucionalidade 
 Constituição 
 Princípios constitucionais (explícitos ou implícitos) 
 Tratados internacionais de direitos humanos com mesmo rito das emendas constitucionais 
 
O bloco de constitucionalidade é o conjunto de normas e princípios constitucionais que servem de 
parâmetro para o controle de constitucionalidade. 
 
Cabe ressatar que o preâmbulo da Constituição não faz parte do bloco, portanto, não pode ser 
parâmetro. No entanto, não podemos afirmar que é juridicamente irrelevante, uma vez que deve ser 
observado como elemento de interpretação e integração dos diversos artigos que lhe seguem. 
 
Dessa forma, tudo que estiver dentro desse bloco de constitucionalidade poderá ser paradigma para 
realizar o controle de constitucionalidade. Entenda paradigma como a norma constitucional que iremos 
utilizar para verificar se determinada norma é ou não constitucional. Antecipando o conteúdo, vamos a dois 
exemplos simples: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lei “B” de 2019 dispõe que 
brasileiros naturalizados não 
podem ser Ministros de 
Estado. 
CF de 1988, art. 12: 
§ 2º A lei não poderá estabelecer 
distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados, salvo nos casos 
previstos nesta Constituição. 
§ 3º São privativos de brasileiro 
nato os cargos: 
VII - de Ministro de Estado da 
Defesa. 
 
Paradigma do CONCON 
 
Objeto do CONCON 
A lei “B” é inconstitucional em 
relação à CF/88. 
Só a CF pode estabelecer 
restrição a brasileiro naturalizado. 
 
Resultado do CONCON 
Lei “A” de 1980 dispõe que 
brasileiros naturalizados não 
podem ser Ministros de 
Estado. 
CF de 1967, art. 140: 
§ 1º - São privativos de brasileiro nato os 
cargos de Presidente e Vice-Presidente 
da República, Ministro de Estado, 
Ministro do Supremo Tribunal Federal e 
do Tribunal Federal de Recursos, 
Senador, Deputado Federal, Governador 
e Vice-Governador de Estado e de 
Território de seus substitutos. 
 
§ 2º - Além das previstas nesta 
Constituição, nenhuma outra restrição se 
fará a brasileiro em virtude da condição 
de nascimento. 
Paradigma do CONCON 
 
Objeto do CONCON 
A lei “A” é constitucional em 
relação à CF de 1967. 
Resultado do CONCON 
Como veremos depois, a lei 
“A” não foi recepcionada 
pela CF/88. 
Não podemos falar que a lei 
“A” é inconstitucional em 
relação à CF/88. 
 
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CONTROLE DE RECEPÇÃO 
 
No controle de recepção verifica-se se uma norma editada sob a vigência de uma Constituição anterior 
é ou não compatível com a nova Constituição. 
 
Apesar de uma nova Constituição romper com a ordem jurídica anterior, não é viável que ocorra uma 
revogação automática de todo e qualquer ato normativo anterior a nova ordem. Nesse caso, realiza-se um 
controle de recepção das normas anteriores. 
 
Iremos esquematizar alguns exemplos nas próximas páginas para que você possa compreender 
melhor o tema. Adianto que, para você não se confundir qual a espécie de controle está sendo realizado, 
você precisa ter em mente dois conceitos que vamos utilizar daqui até o final do material. 
 
 PARADIGMA OU PARÂMETRO: é a norma constitucional que você irá utilizar para verificar a 
compatibilidade de uma norma. 
 
 OBJETO: é a própria norma que será utilizada no controle. 
 
Primeiro você precisa identificar o paradigma. Depois identifique o objeto. Se a data em que o objeto 
foi editado for anterior ao paradigma, o controle será de recepção. Se a data em que o objeto foi editado for 
posterior ao parâmetro, o controle será de constitucionalidade. 
 
Controle de recepção 
de norma anterior à CF 
 
 
 
 
 
Controle de recepção 
envolvendo emenda constitucional 
Aqui vamos verificar se uma norma editada em 1980, 
portanto, sob a vigência da CF/1967, 
é compatível ou incompatível com a CF/88. 
 
Se for compatível = recepcionada 
Se incompatível = não recepcionada (revogada) 
Aqui vamos verificar se uma norma editada em 1990, 
portanto, sob a vigência da CF/1988, é compatível ou 
incompatível com o texto da EC 45/04. 
 
Se for compatível = recepcionada 
Se incompatível = não recepcionada (revogada) 
Perceba que se o parâmetro é posterior ao objeto, o controle é de recepção. 
 
 
Controle de constitucionalidade 
envolvendo norma constitucional originária 
 
 
 
 
 
Controle de constitucionalidade 
envolvendo norma constitucional derivada 
(emenda constitucional) 
Aqui vamos verificar se uma norma editada em 2000, 
portanto, sob a vigência da CF/1988, 
é compatível ou incompatível com a CF/88. 
 
Se for compatível = constitucional 
Se incompatível = inconstitucional 
Aqui vamos verificar se uma norma editada em 2010, 
portanto, sob a vigência da CF/1988, 
é compatível ou incompatível com o texto da EC 45/04. 
 
Se for compatível = constitucional 
Se incompatível = inconstitucional 
Perceba que se o parâmetro é anterior ao objeto, o controle é de constitucionalidade. 
 
 
 
Parâmetro 
CF/88 
Objeto 
Lei de 1980 
Parâmetro 
EC 45/04 
CF/88 
Objeto 
Lei de 1990 
Lei 
2010 
CF/88 
Parâmetro 
EC 45/04 
Objeto 
Lei 2000 
Parâmetro 
CF/88 
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Controle de recepção 
Norma compatível com a CF Norma incompatível com a CF 
Considera-se a norma como 
recepcionada. 
Considera-se não recepcionada, portanto, 
revogada. A revogação pode ser: 
 
Revogação total Revogação parcial 
Ab-rogação Derrogação 
 
 
O STF não admite a teoria da inconstitucionalidade supervenientede ato normativo produzido 
antes da nova Constituição e perante o novo paradigma em atendimento ao princípio da 
contemporaneidade. Segundo esse princípio, uma lei só é constitucional ou inconstitucional perante o 
paradigma de confronto em relação ao qual ela foi produzida. 
 
Simplificando: uma norma não pode se tornar inconstitucional, ela é ou não é. Perceba que a 
inconstitucionalidade superveniente poderia surgia pela vigência de Emendas Constitucionais, no entanto, 
como vimos, a EC passa a ser o parâmetro, portanto, se incompatível, o controle passa a ser de recepção. 
 
São requisitos para uma nova ser considerada recepcionada: 
 
 Não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento anterior; 
 
 Ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela foi editada (no 
ordenamento anterior); 
 
 Ter compatibilidade material com a nova constituição. 
 
Compatibilidade 
material 
Compatibilidade 
formal 
CF antiga CF nova CF antiga CF nova 
SIM SIM SIM NÃO 
 
Para uma lei ser considerada repecionada, não precisa ter compatibilidade formal com a nova CF. 
Vejamos alguns exemplos: 
 
 Decreto-Lei 2848/1940 (Código Penal) foi recepcionado pela CF/88 como lei ordinária. 
 
 Lei Ordinária 5.172/1966 ( Código Tributário) foi recepcionado como Lei Complementar. 
 
O controle de recepção de normas de direito pré-constitucional pode ser realizado no controle difuso 
e no controle concentrado (temas que veremos a frente). 
 
No difuso o controle de recepção pode ser declarado por qualquer juiz ou Tribunal. 
 
No concentrado o controle é exercido somente por um órgão (STF em relação à CF e TJ em relação 
à CE). 
 
Como veremos mais tarde, no controle de recepção não precisa obedecer a cláusula de reserva de 
plenário (art. 97 da CF/88). 
 
 
 
 
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CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE 
 
É a verificação da compatibilidade das leis e demais atos normativos com os tratados internacionais 
de direitos humanos que possuem caráter supralegal. 
 
Lembrando que, conforme visto nos conceitos iniciais de constitucional, os tratatos internacionais 
podem ingressar no ordenamento jurídico de 3 formas: 
 
Status constitucional Status supralegal Status legal 
Os tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos 
- TIDH que forem aprovados, em cada 
Casa do Congresso Nacional, em 2 
turnos, por 3/5 dos votos dos 
respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas 
constitucionais. 
Os tratados internacionais 
de direitos humanos – TIDH possuem 
natureza 
infraconstitucional 
 (abaixo da CF e EC) 
e 
supralegal (acima das leis). 
Os demais tratados internacionais são 
equivalentes às leis ordinárias ou 
complementares, a depender da 
matéria. 
O controle de compatibilidade das 
normas brasileiras em relação a esses 
tratados é o 
controle de constitucionalidade. 
 
O TI, no caso, pode ser objeto ou 
parâmetro de controle. 
O controle de compatibilidade das 
normas brasileiras em relação a esses 
tratados é o 
controle de convencionalidade. 
O controle de compatibilidade das 
normas brasileiras em relação a esses 
tratados é o 
controle de constitucionalidade e de 
legalidade. 
 
No controle de constitucionalidade, o 
TI só pode ser objeto de controle, não 
pode ser parâmetro. 
 
Quanto ao exposto na coluna do meio, controle de convencionalidade, podemos dizer que nesse caso 
a norma terá que ter uma dupla compatibilidade vertical material. 
 
 Compatibilidade vertical 1: a norma tem que ser compatível com a CF, incluindo TIDH 
equivalentes à EC. 
 
 Compatibilidade vertical 2: a norma tem que ser compatível com a CF e com TIDH com caráter 
supralegal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONTROLE DE LEGALIDADE 
 
É a verificação de compatibilidade, em regra, de normas emitidas pela Administração Pública, 
incluindo decretos, com a lei. 
 
O parâmetro de controle é a lei. O objeto de controle são os decretos, portarias e demais intrumentos 
normativos que retirem seu fundamento de validade na lei. 
 
Esses atos retiram sua validade diretamente da lei, portanto, devem com ela ser compatível. 
 
Na inconstitucionalidade a ofensa da norma deve ser direta à CF, caso seja reflexa, não será controle 
de constitucionalidade, mas sim, controle de legalidade. Nessa situação teremos o seguinte: 
 
 Se o controle for exercido na lei e essa for declarada inconstitucional: o decreto sofre o 
fenômeno da inconstitucionalidade por arrastamento vertical. 
 
 Se o controle for exercido na lei e esta for declarada constitucional: o decreto será considerado 
legal. 
 
 Se o controle for exercido na lei e esta for declarada constitucional, mas o decreto está 
incompatível com a lei: o decreto será considerado ilegal. 
 
Nos termos do STF, a inconstitucionalidade por arrastamento ocorre quando a declaração de 
inconstitucionalidade de uma norma impugnada se estende aos dispositivos normativos que apresentam 
com ela uma relação de conexão ou de interdependência. 
 
Se a relação de dependência for entre atos de 
mesma hierarquia 
 (lei x lei) 
Se a relação de dependência for entre atos de 
diferente hierarquia 
(lei x decreto) 
Arrastamento horizontal Arrastamento vertical 
 
 
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Esquema exemplificativo de controle de constitucionalidade e recepção: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CF/1967: Art. 140, § 1º - São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República, Ministro de Estado, Ministro do Supremo Tribunal Federal e do 
Tribunal Federal de Recursos, Senador, Deputado Federal, Governador e Vice-Governador de 
Estado e de Território de seus substitutos. 
 Lei “A” dispõe que são privativos de brasileiro nato os cargos de Ministro de Estado. 
 CF/1988: Em sua redação original a CF não proibia que Ministro de Estado fosse brasileiro 
naturalizado. 
 Lei “B” dispõe que brasileiro nato ou naturalizado pode ser qualquer Ministro de Estado e 
regulamenta tal disposição. 
 EC 23/99: Acrescentou que: art. 12, § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: VII - de 
Ministro de Estado da Defesa. 
 Lei “C” permite que Ministro de Estado da Defesa seja preenchido por brasileiro naturalizado. 
 
Resultados: 
 A lei “A”, em face da CF/67, é constitucional. 
 A lei “A”, em face da CF/88, não foi repecionada, ou seja, foi revogada pela CF/88. 
 A lei “B, em face da CF/88, é considerada constitucional, pois o parâmetro era o art. 12 em 
sua redação original. 
 A lei “B” passa a ser revogada pela EC 23/99 (não se tornou inconstitucional) no que tange 
ao cargo de Ministro de Estado da Defesa. 
 A lei “C” é inconstitucional. 
 
Na questões as bancas trocam os termos “constitucional”, “inconstitucional”, “revogada”, 
“recepcionada” ou “não recepcionada”. Vamos estabelecer um roteiro: 
 
 1º - Pegue o parâmetro do controle. Faça uma linha reta. E coloque a data do parâmetro. Lembre-
se que o parâmetro deve pertencer ao bloco de constitucionalidade (Constituição, Emenda 
Constitucional, Tratados Internacionais de Direitos Humanos incorporados sobre o rito de 
Emenda Constitucional). 
 2º - Pegue o objeto do controle, ou seja, a norma sob a qual vai ser analisada o controle. Escreva 
a norma na linha. 
 Agora só analisar: 
 Se o objeto foi editado em data posterior ao parâmetro, a norma será 
constitucional ou inconstitucional. 
 Se o objeto foi editado em data anterior ao parâmetro, a norma ser á 
considerada revogada (não recepcionada) ou recepcionada. 
 Cuidado com as Emendas Constitucionais. A data da EC será o parâmetro, não 
a norma origináriade 88. 
 
 
CF/88 CF/67 EC 23/99 Lei “A” Lei “B” Lei “C” 
Constitucional Revogada Constitucional Revogada Inconstitucional 
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HISTÓRICO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO MUNDO 
 
1803 – 
Surge o 
controle difuso. 
Originado nos Estados 
Unidos, no 
julgamento do caso 
Marbury vs Madison. 
 
1820 – 
Surge o controle de 
constitucionalidade 
concentrado, 
concebido por Hans 
Kelsen e incorporado 
à Constituição 
austríaca de 1920. 
 
1929 – 
Possibilidade de 
atribuição de efeitos 
retroativos à decisão 
anulatória de 
inconstitucionalidade 
na Áustria. 
 
1965 – 
Declaração de 
inconstitucionalidade 
sem efeitos retroativos 
nos EUA. 
 
1989 – 
Declaração de 
inconstitucionalidade 
sem pronúncia de 
nulidade e pro futuro 
na Espanha. 
 
 
HISTÓRICO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL 
 
1824 
Império 
1891 1934 
1937 
Constituição 
(Polaca ou 
Estado Novo) 
1946 
1967 
Regime 
Militar 
1988 
Constituição 
cidadã 
Não havia 
previsão 
de sistema 
de 
CONCON. 
Previu o 
CONCON 
difuso 
(modelo 
norte-
americano) 
mantido 
até a 
CF/88. 
Manteve o 
CONCON 
difuso. 
 
Criou a 
cláusula de 
reserva de 
Plenário. 
 
Participação do 
Senado no 
CONCON 
(suspender, no 
todo ou em 
parte, a lei ou 
aro normativo 
considerado 
inconstitucional 
pelo 
Judiciário). 
 
Trouxe a ADI 
interventiva 
com 
legitimidade ao 
PGR. 
Manteve o 
CONCON difuso. 
 
Manteve a cláusula 
de reserva de 
Plenário. 
 
Retrocesso: 
 
PR poderia 
considerar uma lei 
inconstitucional pelo 
bem estar do povo e 
enviá-la a o 
Parlamento. 
 
Não manteve a ADI 
interventiva (Brasil 
passou a admitir 
novamente somente 
o controle difuso de 
constitucionalidade). 
Manteve o 
CONCON difuso. 
 
Manteve cláusula de 
reserva de Plenário. 
 
Participação do 
Senado no controle 
difuso. 
 
Criou a 
representação de 
insconsticionalidade 
- RI de competência 
originária do STF e 
único legitimado 
para propor o PGR. 
No entanto, a ADI 
não estava no texto 
original, foi pela EC 
16/65. 
(inaugurou o 
controle 
concentrado 
abstrato.) 
 
A EC 16/65 trouxe a 
possibilidade de 
controle concentrado 
em âmbito estadual, 
mas deveria ser 
normatizado por lei. 
A lei não foi editada. 
(EC 16/65). 
 
Restabeleceu a ADI 
interventiva. 
 
Foram 
mantidas os 
insitututos 
da CF de 46. 
 
Retirou, no 
entanto, a 
possibilidade 
de controle 
concentrado 
estadual. 
 
Manteve o 
CONCON 
de lei 
municipal 
em face da 
CE, para fins 
de 
intervenção. 
Foram 
mantidas os 
insitututos da 
CF de 1946. 
 
Controle 
concentrado 
foi robustecido 
e aperfeiçoado. 
 
Novidades: 
 
A RI foi 
denominada de 
ADI (genérica). 
 
Ampliou a 
legitimidade da 
ação de 
controle 
concentrado 
(antes era só o 
PGR). 
 
2- Criação da 
ADIO e MI. 
 
3 – Controle 
concentrado 
em âmbito 
estadual de 
fato. 
 
4 – Criação da 
ADPF. 
 
A ADC 
foi acrescida 
pela EC 
3/1993, 
portanto, não 
estava no texto 
original. 
Brasil evoluiu do modelo norte-americano de controle para um sistema misto (difuso + concentrado). 
 
 
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RESUMO 
1824 
Império 
1891 1934 1937 1946 1967 
1988 
Constituição cidadã 
Não havia 
previsão 
de sistema 
de 
controle. 
Controle 
difuso. 
Cláusula de 
reserva de 
Plenário. 
 
Participação do 
Senado no 
CONCON. 
 
ADI 
interventiva. 
- 
Representação de 
incostitucionalidade 
(ADI genérica), mas só 
PGR era legitimado. 
 
Inauguração do 
controle concetrado e 
abstrato. 
 
Controle concentrado 
em âmbito estadual, mas 
tinha que ter lei pra 
regulamentar. A lei não 
foi editada. 
- 
Ampliou a legitimidade da 
ADI. 
 
ADIO e MI 
 
Controle concentrado em 
âmbito estadual. 
 
ADPF. 
 
ADC (EC 3/93). 
 
Segue uma breve explanação dos institutos citados: 
 
Controle 
difuso de 
constitucionalidade 
Controle 
concentrado de 
constitucionalidade 
Cláusula de reserva 
de Plenário 
Participação do Senado 
no controle difuso 
ADI interventiva 
Cabe ao Poder 
Judiciário declarar 
uma lei 
inconstitucional, 
através de qualquer 
juiz ou tribunal. 
Cabe ao Poder 
Judiciário declarar 
uma lei 
Inconstitucional, 
através de um único 
órgão. 
Só por maioria 
absoluta de votos da 
totalidade dos seus 
Juízes, poderão os 
Tribunais declarar 
a 
inconstitucionalidade 
de lei ou ato do 
Poder Público. 
Caso o Judiciário declare 
uma 
lei inconstitucional, o 
Senado pode suspender a 
execução, no todo ou em 
parte, estendendo os 
efeitos inter partes para 
erga omnes. 
Para assegurar a 
observância de alguns 
princípios constitucionais 
(os sensíveis), o 
Procurador-Geral da 
República 
poderia ajuizar tal ação 
perante a Corte Suprema. 
 
 
 
 
 
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EFEITOS DA DECISÃO DE CONCON EM RELAÇÃO AO TEMPO 
 
Vimos que, em regra, se uma norma é declarada inconstitucional, reconhece-se que a norma é nula 
desde a sua origem, ou seja, todos os efeitos que decorrem da data de sua origem até o reconhecimento da 
inconstitucionalidade devem ser desconstituídos. O art. 27 da Lei n. 9.868/99 veio para relativizar essa 
regra: 
 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, 
 e tendo em vista razões de segurança jurídica 
 ou de excepcional interesse social, 
 poderá o Supremo Tribunal Federal, 
 por maioria de dois terços de seus membros, 
 restringir os efeitos daquela declaração 
 ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado 
 ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 
O instituto previsto no art. 27 chama-se modulação dos efeitos da decisão ou modulação temporal 
de efeitos. Lembre-se que a regra é ex tunc (até a origem da lei), caso não seja essa data, o STF utilizou a 
modulação de efeitos e deverá ser obedecido o rito do art. 27. 
 
Declaração de efeitos 
Regra Exceção – modulação de efeitos 
Os efeitos de uma decisão de 
controle de constitucionalidade são 
ex tunc 
(retroagem até a data de nascimento 
da lei). 
 
A declaração é 
ipso iure 
 (pela própria lei), 
operando 
ab initio 
 (desde o início). 
 
Os efeitos de uma decisão de controle de constitucionalidade podem ser 
 Ex tunc: pode retroagir até uma determinada data, não necessariamente até a 
data de nascimento da lei. 
 Ex nunc: pode determinar que não retroagirá, produzindo efeitos a partir do 
trânsito em julgado. 
 A posteriori ou pro futuro: pode determinar que, apesar da lei ser 
considerada inconstitucional, essa declaração só começará a valer pro futuro, 
fixando, assim, uma data posterior ao trânsito em julgado. 
 
Fundamentos constitucionais: segurança jurídica ou excepcional interesse social. 
 
Outros fundamentos constitucionais: boa-fé e proteção da confiança legítima 
 
Quórum: maioria de 2/3 do STF. 
 
 
 Nos termos da jurisprudência do STF, apesar da lei citar apenas a Suprema Corte como órgão 
jurisdicional apto a realizar a modulação de efeitos, é possível que o insituto seja utilizado também no 
controle difuso. 
 
“Ora, esses fundamentos que autorizam a modulação dos efeitos nas decisões proferidas nos 
processos de índole objetiva, também se aplicam, mutatis mutandis, aos processos de natureza 
subjetiva. Nesse sentido, existem precedentes nesta Corte, dentre os quais sobressai o acórdão 
prolatado, em 06.06.2002, no paradigmático RE 197.917/SP, cujo relator foi o Ministro Maurício 
Corrêa. [...] Por essas razões, entendo que convém emprestar-se efeitos prospectivos às decisões em 
tela, sob penade impor-se pesados ônus aos contribuintes que se ficaram na tendência 
jurisprudencial indicada nas decisões anteriores desta Corte sobre o tema, com todas as 
consequências negativas que isso acarretará nos planos econômico e social. [...] Assim, ante as 
peculiaridades do caso, e em homenagem não apenas ao princípio da segurança jurídica, mas 
também aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre os quais se assenta o 
próprio Estado Democrático de Direito, proponho que se confira efeitos ex nunc as decisões 
proferidas nos REs 353.657 e 370.682”. 
 
 
 
 
 
 
Modulação temporal 
de efeitos no controle 
concentrado de 
constitucionalidade. 
STF admite, por 
analogia, 
 a modulação de 
efeitos 
no controle difuso. 
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Ainda, no que tange à relação tempo e constitucionalidade, no Brasil, não se admite a 
inconstitucionalidade superveniente, ou mesmo, a constitucionalidade superveniente. 
 
Inconstitucionalidade 
 superveniente 
Constitucionalidade 
superveniente 
 
Conceito: Lei que nasce constitucional, sem nenhum vício 
de inconstitucionalidade, torna-se inconstitucional. 
 
 
 
Conceito: Lei que nasce inconstitucional, torna-se 
constitucional. 
 
Regra: não é admitida no Brasil. Motivos: 
 
1 – Lei editada antes da CF/88 e compatível com a 
CF/88 é considerada recepcionada. 
 
2 - Lei editada antes da CF/88 e incompatível com a 
CF/88 é considerada revogada por não recepção. 
 
3 – Norma constitucional decorrente do poder 
constituinte originário são constitucionais (não podem 
ser objeto de controle). 
 
4 - Lei editada após a CF/88 e incompatível com EC ( 
é considerada revogada pela EC, não ocorre 
inconstitucionalidade superviente, ocorre a mudança 
do parâmetro de controle, que passa a ser a EC). 
 
Regra: não é admitida no Brasil. O princpipal motivo é que 
a nulidade da norma não se convalida com o decurso do 
tempo. A norma que nasce inconstitucional, 
é inconstitucional desde a sua origem. 
Exceções na jurisprudência do STF: 
 
1 - Mutação constitucional: o texto da Constituição não 
muda, mas ocorre alteração na forma de se interpretar. 
Exemplo: 
 
 Norma constitucional: Art. 226, § 3º Para efeito da 
proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
 Mutação constitucional: a norma continua a 
mesma, mas, hoje, deve-se considerar a união 
estável entre homem/homem, mulher/mulher e 
homem/ mulher. 
 Logo, imagine uma lei que proibia a união estável 
entre homem e homem, com fundamento no art. 
226, § 3º. A referida norma era considerada 
constitucional, no entanto, houve mudança de 
interpretação, e hoje, tal lei seria considerada 
inconstitucional. 
 
2 - Mudança no substrato fático da norma: Ocorre 
alteração na interpretação devido ao surgimento de novos 
fatos que não existiam ou não eram claros no momento da 
primeira interpretação. Nos termos do julgamento do STF 
ocorre um processo de inconstitucionalização, em razão da 
alteração nas relações fáticas subjacentes à norma 
jurídica. Exemplo: ADI 3937/2007 (amianto). 
 
Exceções na jurisprudência do STF: 
 
1 – Constitucionalidade superveniente por decisão judicial 
ADI 2.240/2007 (Município de Luís Eduardo Magalhães – 
BA). 
 
2 - Constitucionalidade superveniente por emenda 
constitucional – EC 57/2008 (convalidação de vícios de 
criação de municípios). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Constitucional Inconstitucional Inconstitucional Constitucional 
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EFEITOS DA DECISÃO DE CONCON EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
No controle difuso, a decisão de constitucionalidade ou inconstitucionalidade é limitada, em regra, 
as partes do processo, ou seja, a decisão é inter partes. 
 
No entanto, se o controle difuso for realizado pelo STF, poderá ocorrer a abstrativização do controle 
difuso, como veremos no tópico de Temas Relevantes. Nesse caso, a decisão do controle difuso poderá 
ser erga omnes. 
 
No controle concentrado a decisão é erga omnes, ou seja, alcança todas as pessoas na jurisdição do 
Tribunal. No caso do STF, alcança todo o Brasil. No caso do TJ, alcança as pessoas do referido Estado. 
 
Controle difuso Controle concentrado 
Regra Exceção Regra 
Efeitos inter partes 
Abstrativização do controle 
difuso 
(erga omnes). 
Erga omnes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (FULL BENCH) 
 
É o instituto previsto no art. 97 da CF/88: “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros 
ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei 
ou ato normativo do Poder Público.” 
 
Controle difuso – Juízes Controle difuso - Tribunais 
Como são órgãos singulares do judiciário, podem declarar 
de forma incidental a inconstitucionalidade. 
Como são órgãos colegiados do judiciário, devem declarar 
de forma incidental a inconstitucionalidade por 
 maioria absoluta de seus membros. 
 
Nos termos da jurisprudência do STF, destacamos ainda: 
 
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) 
 a decisão de órgão fracionário de tribunal que, 
 embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder 
público, 
 afasta sua incidência, 
 no todo ou em parte. 
 
Como forma de economia processual, dispensa-se o procedimento do art. 97 quando já houver decisão 
do órgão especial ou do pleno do tribunal, ou do STF. Nos termos do CPC: 
 
Art. 949. Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao 
órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do 
plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. 
 
São MITIGAÇÕES à cláusula de reserva de plenário, ou seja, não é necessário seguir o 
procedimento do art. 97 (não precisa de maioria absoluta): 
 
 Quando o STF tiver se pronunciado. No entanto, se a decisão for proferida por: 
 
Plenário Duas turmas do STF Uma turma do STF 
Não precisa aplicar a 
cláusula. 
Não precisa aplicar a 
cláusula. 
Precisa aplicar a 
cláusula. 
 
 Quando o próprio Tribunal já tiver se pronunciado; 
 Quando houver a manutenção da constitucionalidade do ato normativo (a cláusula 
de reserva é para declarar a inconstitucionalidade); 
 Nos casos de normas pré-constitucionais (no caso não seria inconstitucionalidade, 
mas sim, controle de recepção ou revogação); 
 Quando o Tribunal utilizar a técnica da interpretação conforme a Constituição; 
 Nas hipóteses de decisão em sede de medida cautelar; 
 Juízo monocrático de primeira instância; 
 Turmas Recursais dos Juizados Especiais; 
 Juizados de pequenas causas e juizados especiais, pois, segundo a configuração que 
lhes foi atribuída pelo legislador, esses juizados não funcionam, na esfera recursal, 
sob o regime de plenário ou de órgão especial. 
 As Turmas do STF no julgamento de Recurso Extraordinário (regimento do STF); 
 Nos casos de controle de convencionalidade nos quais se verifica se uma norma é 
compatível com um tratado internacional de direitos humanos - TIDH. Atenção: se 
o TIDH for incorporado seguindo o rito de emenda constitucional, nesse caso 
pertencerá ao bloco de constitucionalidade, portanto, deve observar a cláusula de 
reserva de plenário. 
 
Muitooooooo 
importante 
decorar essas 
exceções. 
 
Todas são 
importantes. 
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A cláusula de reserva de plentário aplica-se por analogiaao CNJ, CNMP e TCU quando esses 
órgãos afastam a aplicação de lei ou ato normativo que cotrariam a Constituição. Como veremos, os órgãos 
citados não realizam CONCON, mas podem afastar a aplicação de norma inconsticional, nesse caso, devem 
fazer por maioria absoluta de seus membros. 
 
Destaco a assertiva dada como correta pela banca Vunesp (Procurador Jurídico – 2019): A cláusula 
de reserva de plenário é forma de controle difuso de constitucionalidade, a exceção do Supremo Tribunal 
Federal, e deve ser reconhecida somente pela maioria absoluta dos membros do pleno do respectivo 
Tribunal ou de membros do respectivo órgão especial deste para a declaração de inconstitucionalidade. 
 
Para não confundir 
 
Cláusula de reserva de 
plenário 
Modulação de 
 efeitos 
Súmula 
 vinculante 
CF/88 Lei 9.868/1999 CF/88 
Art. 97. Somente pelo voto da 
maioria absoluta 
de seus membros ou dos membros do 
respectivo órgão especial poderão os 
tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo do Poder Público. 
Art. 27. Ao declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional 
interesse social, poderá o Supremo 
Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços 
de seus membros, restringir os efeitos 
daquela declaração ou decidir que ela 
só tenha eficácia a partir de seu trânsito 
em julgado ou de outro momento que 
venha a ser fixado. 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal 
Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de 
dois terços dos seus membros, 
após reiteradas decisões sobre matéria 
constitucional, aprovar súmula que, a 
partir de sua publicação na imprensa 
oficial, terá efeito vinculante em 
relação aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, 
estadual e municipal, bem como 
proceder à sua revisão ou 
cancelamento, na forma estabelecida 
em lei. 
 
 
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INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL E TOTAL NO CONTROLE CONCENTRADO 
 
O princípio da parcelaridade aplica-se no controle concentrado de constitucionalidade. Desta forma, 
o STF pode julgar apenas uma palavra ou expressão do dispositivo normativo questionado. 
 
A inconstitucionalidade parcial difere do veto presidencial previsto na CF: 
 
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da 
República, que, aquiescendo, o sancionará. 
 
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou 
contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, 
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do 
Senado Federal os motivos do veto. 
 
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. 
 
Inconstitucionalidade Veto presidencial 
Total Parcial Total Parcial 
Todo o dispositivo 
questionado. 
Pode abranger texto integral 
de artigo, de parágrafo, de 
inciso ou de alínea. 
Pode abranger também 
apenas uma palavra ou 
expressão. 
Considera todo o projeto. 
Abrangerá texto integral de 
artigo, de parágrafo, de 
inciso ou de alínea. 
 
Se o STF adotar a inconstitucionalidade apenas de uma palavra está aplicando a técnica de 
interpretação conforme com redução de texto (vamos estudar no final deste material – técnicas especias de 
controle). 
 
 
 
 
 
 
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CLASSIFICAÇÃO 
 
O controle de constitucionalidade pode ser classificado de diversas formas, dentre as mais comuns citadas 
nas doutrinas destacamos as seguintes: 
 
Quanto ao momento 
 em que o controle é exercido 
Controle de constitucionalidade 
prévio ou preventivo 
Controle de constitucionalidade 
posterior ou repressivo 
Ocorre antes da promulgação de uma lei ou emenda 
e tem por finalidade precípua evitar uma lesão à 
Constituição. 
 
 
Pode ser realizado pelo: 
 
Legislativo: próprios parlamentares (deputados e senadores) 
e pelas Comissões das Casas Legislativas, em especial, a 
Comissão Constituição e Justiça. 
 
Executivo: Exemplo do veto presidencial. Aprovado o 
projeto de lei, o PR pode sancionar (concordar) ou vetar. O 
veto pode ocorrer por razão de inconstitucionalidade (veto 
jurídico) ou por interesse público (veto político). 
 
 
Judiciário: mandado de segurança impetrado por 
parlamentar em razão de desconformidade com o processo 
legislativo constitucional. Esse controle ocorre no caso 
concreto (via incidental), ou seja, controle difuso-concreto. 
Se o parlamentar perder o mandato, ocorre a extinção do 
processo de mandado de segurança devido a ausência da 
legitimidade ativa do impetrante para continuar com a ação. 
Nos termos da jurisprudência do STF, só é possível o 
controle judicial preventivo em duas hipóteses: 
 PEC manifestamente ofensiva a cláusula pétrea 
 Projeto de lei ou PEC com manifesta ofensa ao 
devido processo legislativo. 
 
Quanto a perda da legitimidade ativa do impetrante 
(parlamentar) em sede de controle preventivo pelo Judiciário, 
em MS, não confundir com: 
 A perda de representação do partido político no 
Congresso Nacional, após o ajuizamento da ADI 
(controle repressivo), não descaracteriza a 
legitimidade ativa, que é aferida no momento da 
propositura da ação. 
Controle realizado em lei vigente. 
 
Em regra, o controle de constitucionalidade posterior é 
exercido pelo Judiciário. 
 
Excepcionalmente pode ser exercido pelo Legislativo e pelo 
Executivo. 
 
CONCON 
posterior 
CONCON 
posterior 
Regra: 
CONCON 
posterior é 
exercido pelo 
Judiciário. 
Legislativo 
 
Exceção 1: Art. 49. É da competência 
exclusiva do Congresso Nacional: V - 
sustar os atos normativos do Poder 
Executivo que exorbitem 
 do poder regulamentar 
 ou 
 dos limites de delegação legislativa. 
 
Exceção 2:.Segundo o art. 62, em caso 
de relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas 
provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso 
Nacional. O CN, ao analisar a medida 
provisória, poderá não converter em lei 
por entender inconstitucional. 
Executivo 
Para Pedro Lenza, STF (ADI 221) e STJ 
(Resp 23121) o Poder Executivo deve 
negar execução a ato normativo que lhe 
pareça inconstitucional. 
 
 
 
 
 
Quanto à natureza do órgão 
que exerce o controle 
Controle Jurisdicional Controle Político Controle Misto 
Feitos por órgãos do Poder Judiciário. 
Adotado no Brasil. 
 
Quando ao controle difuso e 
concentrado, o Brasil adota os dois, 
portanto, misto nesse ponto. 
Exercido pelo Legislativo ou por um 
órgão criado especificamente para este 
fim, fora dos três poderes. 
Submete certa categorias de leis ao 
controle político e outras ao controle 
jurisdicional. 
Adotado também na Áustria. Adotado na França. - 
 
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Quanto ao número de órgãos competentes para a realização do controle adota-se a classificação 
abaixo. Apesar de ser uma classificação também são os sistemas de controle de constitucionalidade 
admitidos no ordenamento jurídico brasileiro, como veremos após o estudo dessas classificações. 
 
 
Quanto ao número de órgãos competentes 
para a realização do controle 
Controle difuso Controle concentrado 
Realizado por qualquer juiz ou Tribunal. 
Somente poder ser realizado por um 
único órgão. 
 
 
 
Quanto à finalidade ou objetivo 
 do controle 
Controle concreto Controle abstrato 
Realizado na via incidental, visa defender o 
direito ou interesse subjetivo da parte. 
 
Há umconflito propriamente ditos. Discute-se a 
aplicação da norma ao caso concreto. 
 
A discussão sobre a constitucionalidade 
da norma é questão prejudicial, incidetal à ação 
principal, ou seja, só há solução da causa principal 
com o exercício do controle de constitucinalidade. 
 
Realizado de forma principal. É o objetivo 
principal da ação. 
 
A constitucionalidade do ato é verificada em 
tese, desvinculada de qualquer ocorrência tática. 
Discute-se a norma em si, não sua aplicação a um 
caso concreto. 
 
A discussão sobre a constitucionalidade 
da norma é objetivo central da ação. É o pedido 
da ação. 
Como veremos mais tarde, em regra, o controle 
difuso é concreto, via incidental. 
Como veremos mais tarde, em regra, o controle 
concentrado é abstrato, via principal. 
O objetivo é resolver, portanto, um caso concreto. 
O objetivo é resolver, portanto, se a lei é ou não 
constitucional. 
 
 
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Quanto à 
atuação estatal ou tipo de conduta ofensiva. 
Inconstitucionalidade por ação 
(comissiva) 
Inconstitucionalidade por omissão 
 (omissiva) 
Decorre de uma 
comportamento ativo (de um facere) do Estado. 
Decorre de uma atuação negativa no Estado, um 
non facere. 
 
 Total: a inércia é integral. 
 Parcial: Há atuação estatal, mas essa é 
deficiente ou insuficiente 
 
 
 
 
 
 
Formas
Ação
Vício formal ou 
inconstitucionalidade 
nomodinâmica
Inconstitucionalidade 
orgânica
Inconstitucionalidade 
formal propriamente 
dita
Inconstitucionalidade 
formal por violação a 
pressupostos objetivos 
do ato
Vício material ou 
inconstitucionalidade 
nomoestática
Vício de decoro 
parlamentar
Omissão Inércia legislativa em normas de eficácia limitada.
Inconstitucionalidade 
comissiva
Vício formal
ou
inconstitucionalidade
nomodinâmica
ou extrínseca
Inconstitucionalidade
orgânica
Inconstitucionalidade 
formal propriamente 
dita
Inconstitucionalida
de subjetiva
Inconstitucionalida
de objetiva, ritual 
ou processual
Inconstitucionalidade 
formal por violação a 
pressupostos
objetivos do ato
Vício material
ou
inconstitucionalidade
nomoestática
ou intrínseca
Vício está no conteúdo 
da norma.
Dinâmico dá ideia 
de processo, 
movimento.
MATERIAL 
NOMOESTÁTICA
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Inconstitucionalidade 
comissiva 
Vício formal 
ou 
inconstitucionalidade 
nomodinâmica 
ou extrínseca 
Vício material 
ou 
inconstitucionalidade 
nomoestática 
ou intrínseca 
Vício de 
decoro parlamentar 
(terminologia utilizada por 
 Pedro Lenza) 
Vício relacionado ao 
devido 
processo legislativo. 
 
Perceba que processo dá a ideia 
de dinamismo, movimento, 
processo. 
 
verifica-se quando a lei ou ato 
normativo infraconstitucional 
contiver algum vício em sua 
“forma”, ou seja, em seu 
processo de formação, vale 
dizer, no processo legislativo de 
sua elaboração, ou, ainda, em 
razão de sua elaboração por 
autoridade incompetente. 
 
 
Vício de matéria, de conteúdo, da substância do 
ato. 
 
Incompatibilidade de conteúdo, substantiva entre a 
lei ou ato normativo e a Constituição. 
 
Exemplo: lei de discriminação negativa em relação 
a negros (lembrando que discriminação positiva, 
por exemplo, cotas, é constitucional, pois visa dar 
concretude a igualdade). 
Art. 55. § 1º - É incompatível com 
o decoro parlamentar, além dos 
casos definidos no regimento 
interno, 
o abuso das prerrogativas 
asseguradas a membro do 
Congresso Nacional ou a 
percepção de vantagens 
indevidas. 
 
A PGR utilizou a expressão como 
sendo caso de 
inconstitucionalidade por “vício 
na formação da vontade no 
procedimento legislativo”. 
 
Exemplo: Caso Mensalão 
(esquema para pagar deputados 
federais em troca 
de seus votos). 
Importante destacar o vício material normativo ou 
qualitativo ou vertical: é o que ocorre na 
declaração parcial de inconstitucionalidade sem 
redução do texto – DPISRT. O que é 
inconstitucional não é o texto do ato impugnado, 
mas sim uma determinada aplicação, interpretação 
do ato normativo, o texto se mantém integro. 
Lembrando que na interpretação conforme - ICC 
não ocorre declaração de inconstitucionalidade, 
mas sim, de constitucionalidade, por esse motivo: 
 
DPISRT – precisa de reserva de plenário. 
ICC – não precisa de reserva de plenário. 
 
 
Vício formal 
ou 
inconstitucionalidade 
nomodinâmica 
Vício material 
ou 
inconstitucionalidade 
nomoestática 
 
 
Quanto ao tipos de vícios formais 
(inconstitucionalidade nomodinâmica) 
Inconstitucionalidade 
 orgânica 
Inconstitucionalidade formal propriamente dita 
Inconstitucionalidade formal por 
violação a pressupostos 
objetivos do ato 
Inobservância da 
competência legislativa 
para a elaboração do ato. 
 
Exemplos: vício 
relacionados às 
competências do art. 21 e 
22 da CF (competências 
exclusivas e privativas da 
União). 
Inobservância do devido processo legislativo. 
Elementos externos ao procedimento 
de formação das leis. 
 
Exemplos: medida provisória sem a 
observância dos requisitos da 
relevância e urgência (art. 62, caput) ou 
a criação de Municípios por lei estadual 
sem a observância 
dos requisitos do art. 18, § 4.º. 
Inconstitucionalidade 
subjetiva: 
vício relacionado à 
legitimidade do início 
processo legislativo. 
Exemplo: art. 61, § 1º, 
São de iniciativa 
privativa do Presidente 
da República as leis que: 
I - fixem ou modifiquem 
os efetivos das Forças 
Armadas. 
Inconstitucionalidade 
objetiva, ritual ou 
processual: 
vícios observados nas 
demais fases do processo 
legislativo, posteriores à 
fase de iniciativa: 
Exemplos: 
Vícios de quórum 
(aprovar lei 
complementar por 
maioria relativa, sendo 
que a CF exige maioria 
absoluta (art. 69). 
 
 
Dinâmico dá ideia de 
processo, movimento. 
Material  nomoestática 
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Formas de inconstitucionalidade 
quanto à extensão 
Total Parcial 
A norma é declarada inconstitucional por inteiro. Parte da norma é considerada inconstitucional. 
 
Quanto à extensão, há ainda a classificação de Boulos: 
 
Formas de inconstitucionalidade 
 quanto à extensão 
Total-total Total-parcial Parcial-parcial 
Toda a norma será inconstitucional. 
Não há parte válida. 
Há uma parte válida e uma parte 
inconstitucional, mas a parte 
inconstitucional torna toda a lei 
inconstitucional. 
Haverá uma parte válida e 
uma parte inconstitucional. 
 
 
 
Quanto a relação temporal existente entre a norma constitucional eleita como parâmetro e o 
objeto da impugnação. 
Inconstitucionalidade 
originária 
Inconstitucionalidade 
superveniente 
A norma é inconstitucional desde o seu 
nascimento. 
O parâmetro de controle deve sempre estar antes 
do objeto. 
Caso o parâmetro esteja posterior ao objeto, será 
controle de recepção. 
 
Adotada no Brasil. 
A norma torna-se inconstitucional com o decurso 
do tempo, pois o ordenamento jurídico permite 
que o parâmetro de controle seja posterior ao 
objeto. 
 
 
Portugal admite. 
Brasil não admite, como regra. 
Parâmetro tem que vir necessariamente 
 antes do objeto. 
Parâmetro pode vir antes do objeto. 
 
 
 
 
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SISTEMAS E VIAS DE CONTROLE JUDICIAL 
 
 
Sistemas e vias de 
controle judicial da 
constitucionalidade
Critério subjetivo 
ou orgânico 
(sujeitos)
Sistema 
difuso
Realizado por qualquer juiz ou tribunal.
Sistema 
concentrado
Se concentra em 
um só órgão judiciário.
Critério formal 
(processo)
Sistema pela via 
incidental ou de 
exceção(caso concreto)
A questão da constitucionalidade é 
uma questão prejudicial de mérito, ou 
seja, não é o próprio pedido em si.
Sistema pela via 
principal ou direto 
(em abstrato)
A constitucionalidade é o objeto 
principal, autônomo e exclusivo da 
causa.
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Controle difuso Controle concentrado 
Origem no leading case julgado pela Suprema Corte do 
EUA, em 1803, Marbury v. Madison. 
Surgiu na Constituição da Áustria de 1920, tendo como 
principal idealizador Hans Kelsen. 
Competência jurisdicional: 
qualquer juiz ou Tribunal 
 
Legitimidade ativa: 
qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada. 
 
Legitimidade passiva: 
qualquer pessoa, física ou jurídica, pública ou privada. 
 
 
Competência jurisdicional: 
STF ou TJ 
 
Ao STF cabe o controle concentrado de constitucionalidade 
em relação à CF. 
 
Ao Tribunais deJustiça dos Estados – TJ’s cabe o controle 
concentrado de constitucionalidade em relação à CE. 
 
Legitimidade ativa: 
Rol estabelecido pela CF ou CE (rol taxativo). 
 
Legitimidade passiva: 
autoridade ou órgão responsável pela elaboração da lei ou 
do ato normativo. 
Pessoa privada não pode figurar no polo passivo de ação 
direta de inconstitucionalidade. 
 
O parâmetro do controle pode ser qualquer norma 
constitucional, mesmo que revogada, o importante é a 
vigência da norma na época do fato. 
 
Situações possíveis no controle difuso-concreto: 
 
 Ato editado após 1988 em face da atual 
Constituição, quanto à sua constitucionalidade; 
 
 Ato editado anteriormente a 1988 em face da atual 
Constituição, quanto à sua recepção (ou não 
recepção); 
 
 Ato editado anteriormente a 1988 em face da 
Constituição que estava em vigor à época de sua 
edição, quanto à sua constitucionalidade. 
O parâmetro do controle deve ser uma norma vigente. Em 
regra, se a norma cosntitucional parâmetro é revogada, a ação 
perde o seu objeto. 
 
Situações possíveis no controle concentrado-abstrato: 
 
 Ato editado após 1988 em face da atual 
Constituição, quanto à sua constitucionalidade; 
 
 Ato editado anteriormente a 1988 em face da atual 
Constituição, quanto à sua recepção (nesse caso 
cabe somente ADPF); 
 
- 
 
O controle de constitucionalidade é realizado em um 
 caso concreto. 
No controle concentrado não se discute o direito subjetivo 
das pessoas envolvidas no processo, mas sim 
a própria lei em tese. 
Regra do efeito da decisão judicial: 
Efeito interpartes (somente aquelas partes do processo). 
Efeito ex tunc. 
Regra do efeito da decisão judicial: 
Efeito erga omnes (atinge todos). 
Efeito ex tunc. 
O controle de constitucionalidade é realizado de forma 
incidental ao objeto principal da ação. É uma questão 
prejudicial para a solução do conflito. 
É a causa de pedir. 
O pedido de consitucionalidade ou inconstitucionalidade é o 
próprio pedidos da ação. 
Busca-se que a lei seja declarada inconstitucional para não 
ser aplicada aquele caso concreto, mas a norma continua 
válida para outros casos. 
Busca-se a invalidade da norma e a sua retirada do 
ordenamento jurídico. 
Características (regra) 
 
Especificidade, pessoalidade e concreto. 
 
Instaura um processo subjetivo, com partes, no qual existe 
litígio referente a situações concretas ou individuais. 
Características (regra) 
 
Generalidade, impessoalidade e abstração. 
 
Instaura um processo objetivo, no qual inexiste litígio 
referente a situações concretas ou individuais. 
 
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Regra Exceção 
Controle de constitucionalidade difuso 
é realizado na 
via incidental, via de exceção ou caso concreto. 
 
 
Controe de constitucionalidade concentrado 
é realizado na 
via principal, via direta ou caso em abstrato. 
 
REGRA: 
 
Concentrado + abstrato + via principal 
 
Difuso + concreto + via incidental 
O controle concentrado pode ser realizado na via incidental, 
via de exceção ou caso concreto. 
 
Exemplo 
Controle concentrado e incidental 
 
Discussão de constitucionalidade nas ações de competência 
originária citadas abaixo. 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, 
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
d) o HC, sendo paciente qualquer das pessoas 
referidas nas alíneas anteriores; o MS e o HD contra 
atos do PR, das Mesas da CD e do SF, do TCU, do 
PGR e do próprio STF; 
 
 
ADPF 
 
Na ADPF, veremos na Lei 9.882/1999 que o controle 
concentrado pode ser arguido 
em via autônoma ou via incidental. 
 
 
 O controle é concentrado por ser competência 
originária e exclusiva do STF. 
 Eventual questão de inconstitucionalidade nas 
referidas ações será realizada de forma incidental, 
pois o que se pleitea não é a inconstitucionalide, mas 
sim, o direito à liberdade, o direito líquido e certo e o 
direito ao acesso e retificação de dados, 
respectivamente. 
 Se houver discussão sobre inconstitucionalidade, essa 
questão será prejudicial em relação à ação principal, 
ou seja, eu só posso resolver a questão principal, se eu 
resolver a inconstitucionaldade primeiro. 
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CONTROLE DIFUSO 
 
Origem: EUA, 1803, julgamento do caso Marbury versus Madison. 
 
Conceito: é o controle jurisdicional de constitucionalidade realizado por qualquer juízo ou tribunal 
do Poder Judiciário, observadas as regras de competência. 
 
Esse tipo de controle é exercido em um caso concreto, ou seja, precisa de uma lide, de um conflito. 
 
A declaração de inconsitucionalidade é realizada de forma incidental. 
 
Controle difuso Controle concentrado 
Pedido principal: 
 
Vai depender da ação, no habeas corpus, por 
exemplo, é a liberdade do paciente. 
 
Pedido principal: 
 
Pede-se a inconstitucionalidade da norma. 
 
Causa de pedir: 
 
Demonstra-se a inconstitucionalidade de uma 
norma para viabilizar o pedido principal. 
 
Causa de pedir: 
 
Pressupostos de fato e de direito que conflitam 
com a Constituição. 
 
Vamos relembrar o que é causa de pedir e o pedido: 
 
Causa de pedir Pedido 
Fatos e fundamentos jurídicos que embasam o pedido 
formulado pelo autor na petição inicial. É também 
denominada causa petendi. 
 
Conjunto de circunstâncias que respaldam o direito 
subjetivo do autor demandado em juízo, é a razão de ser 
do pedido. 
 
Fatos e fundamentos jurídicos do pedido. 
 
É o objeto da ação, consiste na pretensão do autor, que é 
levada ao órgão judiciário e esse presta uma tutela 
jurisdicional sobre essa pretensão. 
 
É o elemento da ação por meio do qual o autor manifesta 
a sua pretensão processual. 
 
É o objetivo final do autor. 
 
Cláusula de reserva de plenário: É o instituto previsto no art. 97 da CF/88: Somente pelo voto da 
maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os 
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
 
Efeitos da decisão: As decisões em sede de controle difuso, em regra, valem somente para as partes 
(inter partes). As decisões em sede de controle difuso, em regra, geram efeitos ex tunc (efeitos 
retroativos). Reconhecem a norma como nula de pleno direito desde a sua origem. 
 
Efeitos da decisão no controle difuso 
REGRA Exceção 
Inter partes. 
Pode ser aplicado em relação a terceiros. Esse fenômeno de aplicação de uma decisão de 
controle difuso para além das partes é chamado de abstrativização do controle difuso ou 
objetivação do controle difuso. 
Ex tunc. 
Pode ocorrer a modulação de efeitos (art.27 da Lei n. 9.868/99): 
 Ex tunc, mas sem retroagir à origem; 
 Ex nunc, a partir da decisão; 
 Pro futuro.Sistematização Concursos sistematizacaoconcursos@gmail.com @sistematizacaoconcursos 30 
CONTROLE CONCENTRADO 
 
O controle difuso é aquele que pode ser realizado por qualquer juiz ou tribunal. 
 
O controle concentrado é aquele que se concentra em um só órgão. Como vimos, em regra, o controle 
concentrado é realizado em abstrato, portanto, são características a generalidade, impessoalidade e 
abstração. 
 
CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO 
Controle em casos abstratos 
(controle concentrado) 
Controle em casos concretos 
(controle difuso) 
Generalidade 
Impessoalidade 
Abstração 
Específico 
Pessoalidade 
Concretude 
 
Lembre-se que, em um caso de controle concentrado e abstrato, ocorre a necessidade de declaração 
de inconstitucionalidade ou constitucionalidde de uma lei. Esse é o pedido da ação. 
 
Lembre-se também que a classificação de controle concentrado e difuso é uma. A classificação entre 
controle na via principal e controle na via incidental é outra (apesar de alguns autores usarem via incidental 
como sinônimo de controle difuso). 
 
Portanto, pode ocorrer um controle concentrado na via principal, que é a regra. E controle concentrado 
na via incidental, excepcionalmente. 
 
No entanto, não pode ocorrer controle difuso de constitucionalidade na via principal, pois, a via 
principal é o pedido da ação propriamente dita. Na ação principal o pedido está relacionada à própria ação 
(HC – liberdade; MS – direito líquido e certo; Ação de Cobrança – pagamento...). A inconstitucionalidade 
na via difusa sempre será incidental. 
 
Controle concentrado 
e 
abstrato 
Controle concentrado 
e 
incidental ou 
via de exceção ou 
via de defesa 
Controle difuso 
e abstrato 
Controle difuso 
e 
incidental ou 
via de exceção ou 
via de defesa 
Regra. Exceção. Não ocorre. Regra 
ADI 
HC de competência 
originária do STF. 
- 
Ação de cobrança com a 
causa de pedir 
demonstrando 
inconstitucionalidade de lei. 
 
No Brasil, apenas dois órgãos realizam o controle concentrado. 
 
Controle concentrado de constitucionalidade 
Em relação à Constituição Federal - CF Em relação à Constituição Estadual - CE 
Somente o 
Supremo Tribunal Federal – STF. 
Somente o 
Tribunal de Justiça do Estado – TJ. 
 
Como vimos, no controle concentrado, o pedido está relacionado diretamente com a 
constitucionalidade ou inconstitucionaldidade da norma. Por isso, existem ações próprias no controle 
concentrado (lembre-se que no difuso, em tese, qualquer ação pode sofrer controle difuso). Vamos analisar 
agora um resumo das 5 ações constitucionais de controle concentrado. Vamos nos aprofundar 
posteriormente nas leis que regulam as referidas espécies de controle concentrado. 
 
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ADI ADC ADPF ADIO 
ADI 
interventiva 
Ação 
 direta de 
inconstitucionalidade 
genérica. 
Ação 
declaratória 
de 
constitucionalidade. 
Arguição de 
descumprimento de 
preceito fundamental. 
Ação 
direta de 
inconstitucionalidade 
por omissão 
Ação 
 direta de 
inconstitucionalidade 
interventiva ou 
representação 
interventiva 
102, I,a 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
a) a ação direta de inconstitucionalidade 
de lei ou ato normativo federal ou 
estadual e a ação declaratória de 
constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal; 
 
ADI ADC 
Lei ou ato 
normativo 
federal ou estadual 
lei ou ato 
normativo 
 federal 
 
 
 
 
102, § 1º 
 
A argüição de 
descumprimento de 
preceito fundamental, 
decorrente desta 
Constituição, será 
apreciada pelo 
Supremo Tribunal 
Federal, 
na forma da lei. 
103, § 2º 
 
Declarada a 
inconstitucionalidade 
por omissão de 
medida para tornar 
efetiva norma 
constitucional, será 
dada ciência ao 
Poder competente 
para a adoção das 
providências 
necessárias e, 
 em se tratando de 
órgão 
administrativo, 
para fazê-lo em 30 
dias. 
Art. 36. A decretação 
da intervenção 
dependerá: 
 
III - de provimento, 
pelo STF, de 
representação do 
PGR, na hipótese do 
art. 34, VII, e no 
caso de recusa à 
execução de lei 
federal. 
 
Art. 34. A União não 
intervirá nos Estados 
nem no Distrito 
Federal, exceto para: 
 
VII - assegurar a 
observância dos 
seguintes princípios 
constitucionais: 
(princípios 
constitucionais 
sensíveis) 
Lei 9868 
 de 
1999. 
Lei 9.882 
de 
1999. 
Lei 9868/ 99 
(A ADO foi incluída 
pela lei 
12.063/2009). 
Lei 12.562 
de 
2011. 
 
Não é possível a realização de controle concentrado tendo como objeto projeto de lei. Em regra, 
portanto, não é possível o exercício de controle de constitucionalidade concentrado ou em tese de forma 
preventivo realizado pelo Judiciário (quem deve realizar referido controle é o Legislativo e o Executivo). 
Para o controle concentrado exige-se que o ato normativo seja definitivo, perfeito e acabado. 
 
No entanto, é possível o controle judicial preventivo de constitucionalidade durante a tramitação de 
projeto de lei por mandado de segurança impetrado por Parlamentar, de forma excepcional. Nesse caso, no 
entanto, o controle é feito na via incidental (o pedido da ação é resguardar o direito líquido e certo do 
parlamentar). 
 
É possível que lei em vacatio legis seja objeto de controle concentrado de constitucionalidade? 
Segundo Pedro Lenza é possível, tendo em vista que o ato existe e e encontra-se formalmente incorporado 
ao ordenamento jurídico. Como foi dito, a lei exige que o ato seja definitivo, perfeito e acabado, mas não 
exige a eficácia. 
 
Efeitos da decisão no controle concentrado 
 
Os efeitos da decisão, em regra, são erga omnes e vinculante. Nos termos da CF/88: 
 
Art. 102. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas 
ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão 
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
 
 
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Esse efeito vinculante, no entanto, não vincula o próprio STF, que pode modificar seu entendimento. 
Também não vincula o Legislativo em sua função típica de legislar. 
 
Vincula Não vincula 
 Órgãos do Poder Judiciário, exceto STF 
 Legislativo em sua função atípica administrativa 
 Administração pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal. 
 STF 
 Legislativo em sua função típica de legislar (Congresso 
Nacional (SF e CD), Assembléis Legislativas dos 
Estados, Câmara Legislativa do DF e Câmaras 
Municipais). 
 
Caso o efeito vinculativo fosse estendido ao STF e ao Legislativo em sua função típica legislativa 
ocorreria o que a doutrina chama de “fossilização da Constituição”. A proibição da chamada “fossilização 
da Constituição” limita o âmbito de incidência dos efeitos das decisões em sede de Ação Direta de 
Constitucionalidade em relação ao Poder Legislativo. 
 
Portanto, caso o STF declare uma norma inconstitucional, o Congresso Nacional pode editar uma 
emenda constitucional e torná-la constitucional. Lembre-se que, nesse caso, não ocorrerá 
constitucionalização superveniente, mas sim, controle de recepção. A norma criada, no entanto, nasce com 
presunção relativa de inconstitucionalidade, podendo ser objeto de controle posteriormente. 
 
De igual modo, será constitucional o processo legislativo em que assembleia legislativa aprove lei 
com idêntico conteúdo de norma declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle abstrato. Nos 
termos da jurisprudência do STF (RTJ 193/858):“Ação direta. Lei estadual. (...). Edição de lei posterior, de outro Estado, com idêntico conteúdo normativo. Ofensa à 
autoridade da decisão do STF. Não-caracterização. Função legislativa que não é alcançada pela eficácia ''erga omnes'', 
nem pelo efeito vinculante da decisão cautelar na ação direta. Reclamação indeferida liminarmente. Agravo regimental 
improvido. (...). A eficácia geral e o efeito vinculante de decisão, proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta 
de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, só atingem os demais órgãos do Poder 
Judiciário e todos os do Poder Executivo, não alcançando o legislador, que pode editar nova lei com idêntico conteúdo 
normativo, sem ofender a autoridade daquela decisão." 
 
Veja também o que aconteceu no caso das vaquejadas: 
 
 O STF julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4983, ajuizada pelo procurador-geral da 
República contra a Lei 15.299/2013, do Estado do Ceará, que regulamenta a vaquejada como prática desportiva e cultural 
no estado. 
 Foi reconhecida a “crueldade intrínseca” aplicada aos animais na vaquejada. 
 O parâmetro do controle era o art. 225, § 1º, VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
 O Congresso editou a EC 96/2017 e acrescentou o § 7º ao artigo 225: Para fins do disposto na parte final do inciso VII 
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam 
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza 
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-
estar dos animais envolvidos. 
 Foi editada a Lei Federal 13.364/2016 que reconhece o rodeio, a vaquejada e o laço, bem como as respectivas expressões 
artísticas e esportivas, como manifestações culturais nacionais; eleva essas atividades à condição de bens de natureza 
imaterial integrantes do patrimônio cultural brasileiro; e dispõe sobre as modalidades esportivas equestres tradicionais e 
sobre a proteção ao bem-estar animal. 
 O Ceará editou a Lei 16.321/2017 regulamentando, nos termos na nova emenda, a vaquejada. 
 
Importante ressaltar que a Lei 13.364/2016 não permite a cruelade contra os animais. Nos termos do 
referido diploma: 
 
Art. 3º - B: § 1º Os regulamentos referidos no caput deste artigo devem estabelecer regras que assegurem a proteção ao 
bem-estar animal e prever sanções para os casos de descumprimento. 
 
§ 2º Sem prejuízo das demais disposições que garantam o bem-estar animal, deve-se, em relação à vaquejada: I - assegurar 
aos animais água, alimentação e local apropriado para descanso; II - prevenir ferimentos e doenças por meio de 
instalações, ferramentas e utensílios adequados e da prestação de assistência médico-veterinária; III - utilizar protetor de 
cauda nos bovinos; IV - garantir quantidade suficiente de areia lavada na faixa onde ocorre a pontuação, respeitada a 
profundidade mínima de 40 cm (quarenta centímetros). 
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O início da eficácia da decisão que reconhece a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei 
no controle concentrado e abstrato é, em regra, a data de publicação da ata do julgamento no Diário da 
Justiça Eletrônico. Não precisa do trânsito em julgado. 
 
Vamos analisar agora as hipóteses em que o STF profere a decisão definitiva em sede controle 
concentrado de constitucionalidade ou edita súmula vinculante quando há processos subjetivos em curso 
ou há decisão de juízes de primeiro grau ou Tribunal (é o caso do STF declarar definitivamente, por 
exemplo, a inconstitucionalidade de uma lei e essa mesma lei está sendo objeto de controle de 
constitucionalidade em outros órgãos judiciários): 
 
 Processos em curso no juiz de primeiro grau ou singular (controle difuso): o juiz da causa aplica 
o novo entendimento de constitucionalidade ou inconstitucionalidade no processamento e 
julgamento do caso (efeito vinculante da decisão do STF). 
 
 Processos em curso nos Tribunais (competência originária ou controle difuso): mesmo 
entendimento do primeiro caso. 
 
 Processos em curso nos Tribunais (competência recursal): Tribunal decide o recurso de acordo 
com o novo entendimento. 
 
 Processos em curso com sentença judicial transitada em julgado: veremos no próximo tópico. 
 
Cabe mencionar que o STF aceita a decisão monocrática de relator que aplica a inconstitucionalidade 
de uma norma que já foi objeto de controle concentrado pelo Pleno. Segundo o Tribunal tal decisão não 
derroga o princípio da colegialidade, que resulta preservado, no âmbito da Corte, pelo cabimento do recurso 
de agravo das decisões singulares proferidas por seus ministros. 
 
Controle concentrado e sentença judicial transitada em julgado 
 
Aqui trataremos dos casos em que o STF declara definitivamente, por exemplo, a 
inconstitucionalidade de uma lei e essa mesma lei foi objeto de controle de constitucionalidade em outros 
órgãos judiciários, mas já ocorreu o trânsito em julgado, ou seja, não cabe mais recurso: 
 
 Se for em matéria penal e houver o trânsito em julgado, a declaração de inconstitucionalidade de 
uma lei que fundamentou a decisão condenatória, poderá ser revista a qualquer tempo pela ação de 
Revisão Criminal. 
 
 Nas demais matérias, se houver uma sentença transitada em julgado que foi fundamentada numa 
norma declarada posteriormente inconstitucional ou constitucional pelo STF, a parte poderá propor 
uma ação rescisória no prazo decadencial de 2 anos, contados a partir do trânsito em julgado da 
decisão individual, após esse prazo ocorre a coisa soberanamente julgada, não podendo mais ser 
revista. Perceba que a pessoa terá que ter “sorte” para que o STF declare tal norma nesse período 
de 2 anos. Para Pedro Lenza, se os 2 anos começasse a correr da data do trânsito em julgado da ADI 
ou ADC “caracterizaria uma indesejável perpetuação da espada de Dâmocles”. 
 
 Para Pedro Lenza, a sentença judicial transitada em julgado e após o prazo da ação rescisória, ainda 
assim pode ser rescindida pela “desconsideração à luz do princípio da proporcionalidade”. 
 
Quanto ao instituto da coisa julgada e ação rescisória cabe estudar o entendimento da Súmula 343 do 
STF: 
 
Súmula 343 – STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, 
quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação 
controvertida nos tribunais. 
 
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A situação é a seguinte. O Tribunal firma entedimento sobre determinado assunto. Ocorre trânsito em 
julgado de uma sentença com base nesse entendimento. Posteriormente, o Tribunal muda o entendimento 
e a parte deseja promover uma ação rescisória para descontirtuir a sentença anterior, tendo em vista 
alteração na interpretação da norma pelo Tribunal. Essa ação rescisória é cabível? Segundo a súmula 343: 
NÃO. 
 
No entanto, como vista acima, se o novo entendimento for firmado em sede de controle concentrado 
de constitucionalidade com efeito erga omnes e vinculante pelo STF, caberá referida ação rescisória no 
prazo de 2 anos. O mesmo entendimento aplica-se nas súmulas vinculantes. Atente-se que tal posição não 
se aplica no controle difuso, mesmo se o Senado Federal editar a resolução suspendendo a lei. 
 
Nos termos da jurisprudência do STF (RE 594929): 
 
A sentença de mérito transitada em julgado só pode ser desconstituída mediante ajuizamento de 
específica ação autônoma de impugnação (ação rescisória) que haja

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