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Fundamentos da autogestão: governança no setor público Apresentação Nos países democráticos, a gestão pública contemporânea é marcada por um compromisso cada vez maior com princípios administrativos que garantam uma participação política mais efetiva e profunda dos cidadãos nos rumos de suas sociedades. Nesse contexto, a adoção de princípios de governança por organizações do setor público tem como finalidade tanto o aprofundamento do exercício da cidadania como também o fortalecimento da democracia e a geração crescente de valor público. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os princípios e as diretrizes da governança pública no Brasil e como a sua aplicação no cotidiano da gestão pública pode contribuir para os cidadãos participarem cada vez mais das tomadas de decisão em assuntos de interesse público (isto é, de interesse de todos os cidadãos). Além disso, você vai ver também de que maneira a aplicação desses princípios e diretrizes pode contribuir tanto para o aprimoramento da gestão pública como para tornar uma sociedade cada vez mais autogerida. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a governança no setor público.• Relacionar governança e gestão no setor público.• Apontar as principais diretrizes da governança no setor público.• Desafio Os canais de ouvidoria constituem uma importante ferramenta de gestão pública para garantir a existência de uma conexão permanente entre governos e cidadãos. Além disso, são fundamentais para captação do interesse público, bem como um instrumento de grande valia para o monitoramento e a avaliação da qualidade de um serviço público. Tendo esse cenário como base, responda: a) Em nosso país, a governança pública tem como objetivo fundamental monitorar, avaliar e direcionar a gestão pública. Sabendo disso, em que medida canais de ouvidoria podem ser empregados para aprimorar a governança pública do município? b) Explique como você implementaria o projeto com base em informações colhidas por meio de canais de ouvidoria. Justifique sua resposta. Infográfico No Brasil, a chamada governança pública é oficialmente uma política pública federal, desde a publicação do Decreto n.º 9.203/2017. A instituição de um plano nacional para o desenvolvimento de sistemas de governança pública, propiciada pela edição desse ato normativo presidencial, permitirá doravante um alinhamento de esforços entre as diferentes esferas de governo do país, no que diz respeito ao estabelecimento de mecanismos de controle das políticas públicas e dos serviços públicos prestados. No Infográfico a seguir, você vai ver o que significa a expressão governança pública em nosso país, bem como algumas considerações sobre a importância da participação política da sociedade para o fortalecimento crescente dos sistemas de governança pública. Por fim, vai ver uma abordagem sobre a distinção conceitual existente entre as expressões governança pública e gestão pública. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/72d3ae96-a60f-48c7-854f-3bf797bc8e91/6e89f4b5-1431-4293-9e6a-3c9abceeaa43.png Conteúdo do livro Nas democracias contemporâneas, a instituição e o desenvolvimento de sistemas de governança no setor público constituem um fenômeno político típico de governos que procuram, ativamente, responder às crescentes complexidades de um mundo social internacional cada vez mais dinâmico do ponto de vista cultural, político e econômico. No capítulo Fundamentos da autogestão: governança no setor público, da obra Políticas públicas, você vai estudar o que é a governança pública e como ela se relaciona com a democracia e a cidadania e, também, quando atinge um estágio democrático mais avançado, com processos de autogestão pública. Boa leitura. POLÍTICAS PÚBLICAS Daniel Castro Giraldi Fundamentos da autogestão: governança no setor público Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as características da governança no setor público. Relacionar governança e gestão no setor público. Apontar as principais diretrizes da governança no setor público. Introdução No século XXI, a gestão pública nas democracias ocidentais tem sido cada vez mais orientada à instituição de políticas públicas e de processos e mecanismos gerenciais voltados para assegurar um alinhamento de expectativas e interesses entre governos e cidadãos. É nesse contexto que se insere a chamada “governança pública”, que diz respeito a um conjunto de medidas e ações político-administrativas dedicado aos constantes monitoramento, avaliação e direcionamento tanto de políticas públicas como dos serviços públicos a elas relacionados. A finalidade de tais me- didas e ações pode ser sintetizada no seguinte objetivo, próprio de todo e qualquer sistema de governança pública: a intenção de “controlar” a administração pública. Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de gestão pública e de governança pública, a distinção entre essas duas expressões e também as principais diretrizes da política federal de governança pública do Brasil. Além disso, você vai verificar em que medida a governança pública e a gestão pública constituem funções administrativas complementares que, atuando em conjunto e de forma harmoniosa, podem contribuir, simultaneamente, para o aprimoramento da atuação da administração pública, para o fortalecimento da democracia e para o desenvolvimento da cidadania. Conceito e características da governança no setor público O conceito de governança pública surgiu nos ambientes acadêmicos interna- cionais posteriormente ao advento da expressão “governança corporativa” (OLIVEIRA; PISA, 2015). Esta última foi criada para designar uma série de práticas gerenciais específi cas desenvolvidas inicialmente por empresas do setor privado. Segundo Bovaird e Löffl er (2004), a governança no setor público diz respeito, antes de tudo, a como um governo se relaciona com seus parceiros e partes interessadas (stakeholders) para infl uenciar os resultados das políticas públicas. Considere ainda a concepção mais aprofundada apresentada por Martins, Mota e Marini (2018, p. 55): “[...] a governança pública é um processo de geração de valor público a partir de determinadas capacidades e qualidades institucionais e da colaboração entre agentes públicos e privados na coprodução de serviços, políticas e bens públicos”. No Brasil, com a Constituição Federal atualmente vigente no País, pro- mulgada em 1988, foram estabelecidas as bases jurídicas de uma cultura institucional de governança pública. Anos depois, com a implementação da política pública federal Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado (BRESSER-PEREIRA, 2000), ocorrida durante o primeiro mandato do go- verno de Fernando Henrique Cardoso, essa cultura começa a ganhar contornos institucionais e, cada vez mais, a adquirir uma autoconsciência de si mesma. Desde essa época, iniciativas de governança no setor público e debates acerca da governança pública passaram a ganhar cada vez mais volume na produção acadêmica nacional (MATIAS-PEREIRA, 2010). Segundo Peters (1986 apud SOUZA, 2006), a expressão política pública diz respeito à soma das atividades implementadas por um governo que influenciam a vida dos cidadãos. Embora não seja uma expressão unívoca na literatura, esse significado essencial é sempre levado em consideração nas análises científicas das políticas públicas. Fundamentos da autogestão: governança no setor público2 Em 2017, o Brasil oficializou a sua política federal de governança pública por meio do Decreto nº 9.203, de 22 de novembro. Esse ato administrativo emanado da presidência da República contribui para conferir clareza conceitual à expressão “governança pública”, procedimento necessário para que tanto os gestores públicosbrasileiros como os cidadãos em geral possam “falar a mesma língua” ao tratar do assunto (GIRARDI; OLIVEIRA, 2019). Com a publicação desse decreto, os gestores públicos possuem um marco legal para lhes orientar no desenvolvimento de subsistemas de governança pública no País, sejam estes implementados em organizações públicas da União, dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios. Por meio do Decreto nº 9.203/2017, o Governo Federal estabeleceu que a política de governança pública da República Federativa do Brasil diz respeito ao “[...] conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade” (BRASIL, 2017). Uma série de outros conceitos relevantes são definidos no Decreto nº 9.203/2017, entre eles o de valor público. Nesse documento, são definidos ainda os chamados “princípios” da governança pública federal brasileira: capacidade de resposta, integridade, confiabilidade, melhoria regulatória, prestação de contas, responsabilidade e transparência (BRASIL, 2017). O valor público, segundo o Decreto nº 9.203/2017, diz respeito aos produtos e resul- tados gerados, preservados ou entregues pelas atividades de uma organização que representem respostas efetivas e úteis às necessidades ou às demandas de interesse público (BRASIL, 2017). Além disso, tais produtos e serviços modificam aspectos do conjunto da sociedade ou de alguns grupos específicos, reconhecidos como desti- natários legítimos de bens e serviços públicos. O tema da governança pública pressupõe a preocupação com o envolvimento permanente da sociedade nos processos decisórios da gestão pública. Por isso, no campo teórico (isto é, no campo das pesquisas acadêmicas sobre gestão 3Fundamentos da autogestão: governança no setor público pública), tal tema tem sido visto por muitos cientistas sociais como um novo paradigma de atuação da administração pública. Nesse sentido, ele se difere tanto do paradigma burocrático como do paradigma da “nova gestão pública” (CORREIO; CORREIO, 2019). Esse entendimento teórico sobre a governança no setor público se funda- menta no modelo de relação entre Estado e sociedade trazido pela governança pública, que se mostra mais sensível do que os outros paradigmas citados, principalmente no que se refere ao tema da participação social no cotidiano do funcionamento do Estado (CORREIO; CORREIO, 2019). Além disso, os princípios próprios às iniciativas de governança pública pressupõem ainda uma gestão pública mais adaptada e confortável a características marcantes do mundo social contemporâneo. Hoje, há uma cultura política cada vez mais plural e uma busca cada vez mais acentuada pela inserção da sociedade nos processos políticos, em especial nos processos de formação da opinião pública. Isso tudo pode ser visto como uma consequência do uso político das redes sociais virtuais (MEDEIROS, 2013). Outro aspecto importante a ser identificado na governança pública, e estreitamente relacionado ao que foi abordado no parágrafo anterior, é o fato de que a sua efetividade depende necessariamente do grau de participação e de voluntarismo exercido por cidadãos, empresas, mercado e atores governamen- tais na condução de assuntos de interesse público (RONCONI, 2011). Nesse aspecto, a literatura registra ainda que diversas capacidades políticas (como capacidade de liderança, de comunicação e de entendimento das necessidades dos diferentes stakeholders de uma política pública) são imprescindíveis para que os arranjos de governança pública possam efetivamente contribuir para o acompanhamento e a avaliação adequados de políticas e serviços públicos. A falta de tais capacidades por parte dos atores governamentais (isto é, por parte de agentes políticos e de servidores públicos) seria o principal “calcanhar de Aquiles” dos sistemas de governança pública (HOWLETT; RAMESH, 2015). Por conseguinte, a governança pública pode ser identificada como o con- junto das ações desenvolvidas pelos vários atores de uma sociedade (cidadãos, empresas, grupos organizados, associações, organizações da sociedade civil e governo) que tenham foco nos constantes acompanhamento e avaliação do funcionamento das políticas públicas e dos serviços públicos. O objetivo disso é assegurar que o interesse público seja continuadamente discutido, formulado, reformulado, implementado e avaliado, tanto pelos governantes e servidores públicos (Estado) como pela sociedade como um todo (CAVALCANTE; PIRES, 2018; MATIAS-PEREIRA, 2010; OLIVEIRA; PISA, 2015). Fundamentos da autogestão: governança no setor público4 Você sabe qual é a diferença entre eficiência, eficácia e efetividade? Do ponto de vista do desempenho, a literatura internacional classifica a gestão pública como mais ou menos eficiente, mais ou menos eficaz e mais ou menos efetiva. A eficiência é a característica própria da gestão pública que atua com foco na redução permanente de custos relacionados a recursos materiais, tecnológicos e humanos; uma gestão pública eficiente busca “fazer mais com menos” no que se refere à execução de políticas e serviços públicos. A eficácia, por sua vez, é a característica própria da gestão pública que consegue atingir os objetivos ou metas traçados para uma organização pública. Por fim, a efetividade é a característica própria da gestão pública cujos resultados conseguem beneficiar de fato a sociedade (CASTRO, 2006). Governança e gestão no setor público A governança pública envolve uma série de princípios destinados a orientar o seu desenvolvimento institucional adequado. A accountability (obrigação de um gestor público de prestar contas e se responsabilizar por seus atos gerenciais), a transparência (fi dedignidade e lisura na disponibilização de dados e informações sobre a gestão pública) e o compliance (integridade e conformidade de uma administração pública às boas práticas de gestão in- ternacionalmente reconhecidas) são considerados princípios fundamentais da governança pública. Eles são identifi cados tanto pela literatura internacional no campo da gestão pública (BOVAIRD; LÖFFLER, 2004) como também pelo Decreto Federal nº 9.203 (BRASIL, 2017). Os chamados “indicadores de governança pública” são instrumentos que verificam em que medida os princípios mencionados anteriormente e outros próprios às iniciativas de governança (como capacidade de resposta, etc.) são efetivamente colocados em prática em uma organização pública. Tais indicadores constituem uma ferramenta de grande relevância para os processos gerenciais desenvolvidos tanto na administração pública quanto na administração em- presarial (OLIVEIRA; PISA, 2015). Assim, a importância dessa ferramenta reside em uma constatação empírica: a única maneira de saber com segurança se a gestão pública realizada por algum órgão ou entidade estatal (ou a gestão privada de uma organização empresarial) está sendo pautada pelos princípios da governança é com base em dados que quantifiquem fatos efetivamente ocorridos nos ambientes interno e externo às organizações (OLIVEIRA; PISA, 2015). 5Fundamentos da autogestão: governança no setor público Por esse motivo, no setor público, a criação e a utilização de indicadores constituem uma preocupação cada vez maior por parte daqueles que formu- lam e implementam políticas públicas e serviços públicos e daqueles atores sociais engajados em “controlar” tais políticas e serviços. Tais atores podem ser motivados a isso em razão de suas atribuições profissionais, ou ser cida- dãos que a isso se dedicam com base em um dever de cidadania. Entre os atores motivados por atribuições profissionais, estão os controllers públicos, que atuam em órgãos e entidades públicas com a atribuição institucional de fiscalizar a gestão pública (FILGUEIRAS, 2018; OLIVEIRA; PISA, 2015). Os controllers públicos são os servidores que atuam em organizaçõespúblicas — tais como, em âmbito federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) — destinadas a controlar o funcionamento da administração pública. As primeiras utilizações de indicadores de governança pública mundo afora tiveram início em meados da década de 1990. Elas eram voltadas para a prescrição de receitas para a aceleração do progresso das nações, particularmente o das nações em desenvolvimento. Desde então, organis- mos políticos e financeiros internacionais vêm continuamente realizando pesquisas sobre a governança pública praticada ao redor do mundo, particu- larmente o Banco Mundial (OLIVEIRA; PISA, 2015; PEREIRA, 2018). Por meio do relatório anual denominado Indicadores da Governança Mundial (Wordwide Governance Indicators), divulgado desde 2002, esse organismo procura influenciar a administração pública internacional no que se refere ao desenvolvimento de seus sistemas nacionais de governança pública (CA- VALCANTE; PIRES, 2018). No Brasil, o TCU tem desenvolvido nos últimos anos uma série de pesquisas empíricas sobre a governança pública brasileira, com base em indicadores. No seu relatório divulgado em 2018, esse órgão evidencia o baixo nível de maturidade da governança pública nacional (BRASIL, 2018). O levantamento aponta que a maioria das organizações públicas federais brasileiras não entrega à sociedade as políticas e os serviços públicos sob sua responsabilidade. Isso ocorre tanto em razão de deficiências de gestão relacionadas à falta de liderança vocacionada à governança como em razão da falta de prestação de contas, de Fundamentos da autogestão: governança no setor público6 planejamento ou de capacidade operacional da gestão pública. Como possível consequência do baixo grau de maturidade em governança pública, o parecer final do relatório registra a situação de vulnerabilidade dessas organizações à dispersão de recursos públicos, bem como à fraude e à corrupção. Como você pode notar, a gestão pública e a governança pública são, de fato, tal como entende o TCU, “[...] funções administrativas complementares” (BRASIL, [201-?], documento on-line). A gestão pública se refere aos procedimentos diretamente relacionados à administração dos recursos (humanos, materiais e tecnológicos) de que uma organização pública dispõe para alcançar determinadas metas previamente estabelecidas. Por sua vez, a governança pública se refere aos procedimentos relacionados diretamente ao monitoramento e à avaliação da gestão pública. Ela tem como base e critério de sua atuação os interesses e as expectativas de seus stakeholders, isto é, das “partes (pessoas ou grupos) interessadas” no funcionamento de uma gestão pública. Na esfera da gestão pública, os stakeholders são a sociedade como um todo (RONCONI, 2011). A chamada “governança pública”, por conseguinte, numa democracia, diz respeito a mecanismos, instrumentos e ferramentas utilizados por agentes da administração pública para garantir que as necessidades dos cidadãos sejam efetivamente atendidas. Por esse motivo, um sistema de governança pública exige, antes de qualquer outro mecanismo, as condições necessárias para que um órgão ou entidade estatal acesse e identifique os reais interesses, expec- tativas e demandas dos cidadãos. Tais elementos não são dados a priori, nem são imutáveis ao longo do tempo, devendo ser objeto de atenção permanente do poder público (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013). Nesse sentido, o acesso aos reais interesses, expectativas e demandas dos cidadãos pode ser alcançado pelas organizações públicas por meio das ouvi- dorias. Com base em informações coletadas pelos canais de ouvidoria, uma organização pública pode controlar melhor o impacto de sua gestão, ajustando os seus processos gerenciais de maneira a garantir a melhor implementação possível das políticas públicas e dos serviços públicos sob o ponto de vista dos cidadãos, os quais, afinal, são os destinatários finais dessas políticas e serviços (SILVA et al., 2016). Pode-se afirmar, portanto, que uma ouvidoria proporciona às organizações públicas um meio seguro e confiável de mensurar a eficiência, a eficácia e a efetividade dos serviços públicos por ela prestados. Afinal, por meio desse canal de conexão entre Estado e sociedade, é possível obter informações fidedignas acerca do que fazer para melhorar a qualidade de vida e o bem- -estar dos cidadãos. 7Fundamentos da autogestão: governança no setor público Uma ouvidoria consiste nos canais de comunicação disponibilizados por uma organi- zação pública à população. Assim, por meio de contato telefônico e eletrônico (e-mail e chat), os cidadãos podem tanto solicitar dados e informações à administração pública como reportar queixas e reclamações e apresentar sugestões e elogios (SILVA et al., 2016). O exercício do controle na administração pública brasileira O controle da administração pública, segundo Di Pietro (2004), se refere ao poder de fi scalização e de correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Tal poder de fi scalização e de correção é exercido no intuito de assegurar a conformidade da gestão desenvolvida em uma organização pública com os princípios político-administrativos que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico. O Decreto nº 9.203/2017 define o controle como os processos estruturados para mitigar os possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos institucionais e para garantir a execução ordenada, ética, eco- nômica, eficiente e eficaz das atividades da organização, com preservação da legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos públicos (BRASIL, 2017, documento on-line). Em virtude do princípio político-administrativo doutrinário denominado “freios e contrapesos”, na República Federativa do Brasil, os poderes políticos (Executivo, Judiciário, Legislativo e Ministério Público) exercem o controle político-administrativo uns sobre os outros. A ideia é, desse modo, garantir tanto o equilíbrio de poder dentro da República como a harmonia administrativa entre os poderes (BRASIL, 2014). Diretrizes da governança pública De acordo com doutrina consolidada no TCU (BRASIL, 2014) com base em boas práticas já empiricamente constatadas pela literatura do campo acadêmico da gestão pública, é possível estabelecer diretrizes que, caso sejam efetivamente Fundamentos da autogestão: governança no setor público8 seguidas por um sistema de governança pública, aumentam as chances de que este seja desenvolvido com sucesso. A seguir, você pode ver as principais diretrizes da boa governança pública a serem colocadas em prática pelos gestores públicos brasileiros segundo o entendimento institucional do TCU: definir claramente as funções de determinada organização pública; definir claramente as competências e as responsabilidades dos membros das instâncias superiores responsáveis pelo comando de governança; criar e utilizar estruturas de aconselhamento a gestores e a cidadãos, de maneira a gerar informação de interesse público de boa qualidade; garantir a accountability. O Decreto Federal nº 9.203/2017 também estabelece uma série de diretrizes. Veja: I – direcionar ações para a busca de resultados para a sociedade, encontrando soluções tempestivas e inovadoras para lidar com a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades; II – promover a simplificação administrativa, a modernização da gestão pú- blica e a integração dos serviços públicos, especialmente aqueles prestados por meio eletrônico; III – monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a implementação e os resultados das políticas e das ações prioritárias para assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas; IV – articular instituições e coordenar processos para melhorar a integração entre os diferentes níveis e esferas do setor público, com vistas a gerar, pre- servar e entregar valor público; V – fazer incorporar padrões elevados de conduta pela altaadministração para orientar o comportamento dos agentes públicos, em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos e de suas entidades; VI – implementar controles internos fundamentados na gestão de risco, que privilegiará ações estratégicas de prevenção antes de processos sancionadores; VII – avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoamento de políticas públicas e de concessão de incentivos fiscais e aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios; VIII – manter processo decisório orientado pelas evidências, pela conformi- dade legal, pela qualidade regulatória, pela desburocratização e pelo apoio à participação da sociedade; IX – editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas práticas regula- tórias e pela legitimidade, estabilidade e coerência do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre que conveniente; X – definir formalmente as funções, as competências e as responsabilidades das estruturas e dos arranjos institucionais; e XI – promover a comunicação aberta, voluntária e transparente das atividades e dos resultados da organização, de maneira a fortalecer o acesso público à informação (BRASIL, 2017, documento on-line). 9Fundamentos da autogestão: governança no setor público Embora a maior parte das diretrizes da política federal de governança pública brasileira manifestem, em maior ou menor grau, a preocupação em envolver os cidadãos na gestão pública e em atender permanentemente o interesse público (GIRARDI; OLIVEIRA, 2019), o inciso VIII do Decreto nº 9.203/2017 chama a atenção nesse sentido. Ele estabelece explicitamente que a gestão pública deve apoiar a participação da sociedade nos processos decisórios. Esse chamado à sociedade, inscrito num marco legal, confere à sociedade nacional brasileira o direito de atuar nos processos decisórios da gestão pública, ou seja, nos processos de decisão sobre políticas e serviços públicos. Estabelecem- -se, assim, as bases de uma sociedade nacional que administra politicamente a si mesma ou, em outros termos, uma sociedade nacional politicamente autogerida. Para acessar informações detalhadas e uma análise em profundidade acerca dos meca- nismos de fiscalização da gestão pública existentes na administração pública brasileira, confira o documento “Controles na Administração Pública”, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/NKXQu Segundo Mothé (2009 apud LOCKS FILHO; VERONESE, 2012), a auto- gestão é um processo de organização democrática que privilegia a democracia direta. De acordo com Locks Filho e Veronese (2012), a proposta autogestionária de processo político é aquela que procura descentralizar o poder político até o seu nível mais fundamental de definição de interesses públicos, ou seja, até as bases da sociedade, até os cidadãos considerados individualmente. Tal proposta traz, portanto, em seu fundamento, as bases políticas seguras para garantir o fortalecimento dos sistemas de governança pública, uma vez que, numa democracia, tais sistemas têm como finalidade garantir a efetivi- dade das políticas públicas e dos serviços públicos de interesse do povo. No entanto, uma vez que tais interesses são potencialmente conflitantes entre si e que podem ser de difícil conciliação no seio de uma sociedade nacional culturalmente plural e diversa, a “[...] sociedade autogestionária” deve ser interpretada como constituinte fundamental de um processo da gestão, e não como uma finalidade da gestão pública (LOCKS FILHO; VERONESE, 2012, documento on-line). Fundamentos da autogestão: governança no setor público10 Ainda quanto ao tema da autogestão e de suas relações com a participação política, a democracia, a cidadania e a governança pública, vale registrar outras contribuições sobre o assunto disponíveis na literatura científica nacional. Se- gundo Gaiger, Ferraini e Veronese (2018), a autogestão tem como característica típica a participação democrática, em que o exercício do poder de decisão é igual para todos os participantes. Já de acordo com Klechen, Barreto e Paula (2011, documento on-line), a autogestão se assenta sobre três pilares: “[...] auto- nomia e equidade no processo decisório; valores humanistas; disponibilidade do conhecimento técnico-administrativo para os membros da organização”. Ainda segundo o entendimento desse autores, “[...] no campo da gestão pública a autogestão pode contribuir para aprofundar as práticas participativas na medida em que apontam para a democracia direta e para o engajamento da sociedade civil” (KLECHEN; BARRETO; PAULA, 2011, documento on-line). Para concluir, ainda em relação às diretrizes possíveis para um sistema de go- vernança pública, você deve ter em mente que o exercício do poder de decisão de modo igual por todos os participantes é uma característica típica da participação democrática. Afinal, a efetividade do sistema depende da participação social e do exercício tanto da cidadania como da democracia (GAIGER, FERRARINI; VERONESE, 2018). Esse contexto, como você pode notar, evidencia o vínculo radical existente entre as ideias de democracia e de autogestão. O relato a seguir, extraído de uma entrevista concedida pelo ministro da CGU, apresenta um exemplo de como o princípio de governança pública denominado “integridade” é aplicado por um gestor público responsável por controlar licitações do Governo Federal. Em acréscimo, o excerto fornece algumas informações de interesse sobre como funciona o controle das relações contratuais entre Governo Federal e empresas privadas no Brasil. Confira: A gente tem de fomentar a cultura de integridade. Empresas envolvidas em casos de corrupção e que detectam esses casos por meio de seus programas prévios de integridade, trazendo os casos para os órgãos públicos, devem ter isenção total de sanção. A lei deveria fazer essa previsão. É uma recompensa efetiva para a detecção de casos de cor- rupção. Isso vai fazer com que as empresas implementem programas efetivos de integridade. Já a pessoa física não está isenta de sanção (MINISTRO..., 2018, documento on-line). 11Fundamentos da autogestão: governança no setor público BOVAIRD, T.; LÖFFLER, E. Public management and governance. London: Routledge, 2004. BRASIL. Decreto n. 9.203, de 22 de novembro de 2017. Dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/ D9203.htm. Acesso em: 13 ago. 2019. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Governança pública: fundamentos de governança. Brasília, DF, [201-?]. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/governanca/governanca- publica/governanca-no-setor-publico/. Acesso em: 13 ago. 2019. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Governança pública: referencial básico de go- vernança aplicável a órgãos e entidades da administração pública e ações indutoras de melhoria. Brasília: TCU, 2014. 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Veja na Dica do Professor a seguir algumas considerações sobre esse princípio no que se refere a sua importância política para a sociedade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/6c5447ab3772a5a19325a4e852b58512 Exercícios 1) A palavra stakeholders (“partes interessadas”, numa tradução livre do inglês para o português), é uma palavra bastante empregada na literatura de ciências administrativas. Ela é utilizada para designar os indivíduos ou os grupos que têm interesse direto no que se refere às decisões, ao funcionamento e ao rumo dado a uma organização, seja esta uma organização privada (em que os stakeholders são os seus proprietários ou sócios), seja uma organização pública (em que os stakeholders são os cidadãos). No que se refere ao impacto dos stakeholders nas diretrizes de um sistema de governança pública, assinale a resposta correta. A) A participação dos cidadãos na gestão pública é imprescindível para que as decisões de interesse público possam ser revestidas de legalidade. B) No que se refere à participação dos cidadãos na gestão pública, o gestor responsável pelo sistema de governança de uma organização pública deve privilegiar, na governança, os cidadãos que se manifestam expressamente como stakeholders em canais de ouvidoria. C) No que se refere aos procedimentos de monitoramento e de avaliação de uma gestão pública, os interesses e as expectativas dos stakeholders devem ser sempre levados em consideração pelo gestor público. D) Nos processos de participação política de um sistema de governança, é dever do cidadão contribuir com o Poder Público por meio de sugestões para a modernização dos serviços públicos. E) Para participar ativamente dos processos políticos de um sistema de governança pública, os cidadãos devem implementar mecanismos de fiscalização do desempenho das organizações públicas. 2) Os princípios da governança pública constituem os requisitos necessários para garantir a possibilidade de alcance das finalidades típicas de todo sistema de governança pública, que são: o constante monitoramento, a avaliação e o aprimoramento de políticas públicas e serviços públicos. Qual alternativa apresenta um dos princípios do sistema de governança da Administração Pública Federal brasileira? A) Legalidade. B) Impessoalidade.C) Eficiência. D) Capacidade de resposta. E) Publicidade. 3) Segundo o Decreto Federal n.º 9.203/2017, o chamado controle é um mecanismo de governança pública fundamental no sistema de governança da Administração Pública Federal brasileira. Quanto à relação entre os Poderes da República no que se refere ao controle da gestão pública, assinale a alternativa correta. A) O chamado controle externo é aquele exercido pelos cidadãos sobre o Poder Executivo de municípios, estados, Distrito Federal e União. B) Compete ao Poder Judiciário a fiscalização do Poder Legislativo e do Ministério Público. C) Compete ao Poder Legislativo a fiscalização do Poder Judiciário. D) Compete ao Poder Executivo a fiscalização do Poder Judiciário. E) Compete ao Poder Executivo a fiscalização do Poder Legislativo. 4) A liderança é considerada um mecanismo na engrenagem do sistema de governança da Administração Pública Federal brasileira. Acerca das condições de seu exercício, assinale a alternativa correta. A) A prestação de contas e a transparência são uma condição imprescindível para que um gestor público possa liderar iniciativas de governança pública. B) A estratégia de governança diz respeito à capacidade de planejamento do exercício da liderança por parte de um gestor público. C) A motivação de um líder depende da estratégia de governança empregada por uma organização pública. D) A conquista da chamada “boa governança” depende tanto da estratégia como do controle, dentro de um sistema de governança pública. E) A integridade de organização pública diz respeito às boas práticas de gestão adotadas por ela. 5) A transparência é, na governança pública, condição de confiabilidade nas relações entre governos e cidadãos. No que se refere à transparência e ao seu papel dentro do sistema de governança da Administração Pública Federal brasileira, assinale a alternativa correta. A) Transparência é sinônimo de publicidade. B) A transparência é uma das diretrizes fundamentais do sistema de governança da Administração Pública Federal brasileira. C) A transparência depende da capacidade de resposta de uma organização pública. D) A transparência é uma das chamadas condições de liderança, dentro do sistema de governança da Administração Pública Federal brasileira. E) A transparência é o compromisso em disponibilizar dados e informações detalhadas que representam fielmente o funcionamento de uma gestão pública. Na prática Você sabia que a Administração Pública brasileira tem, historicamente, vários exemplos de decisões de interesse público tomadas a partir de processos de gestão pública, que podem ser caracterizados como autogestionários? Confira um resumo acerca de uma interessante experiência de autogestão pública realizada em 2004 no município de Belo Horizonte/MG, a qual teve origem em demandas sociais ativamente apresentadas à prefeitura da referida cidade por seus munícipes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Decreto n.º 9.203/2017 O Decreto Federal n.º 9.203/2017 estabeleceu a política pública de governança do Governo Federal brasileiro. Nele, estão definidos os princípios, as diretrizes e os mecanismos do sistema de governança pública federal em nosso país, bem como o Comitê Interministerial de Governança (CIG), órgão colegiado incumbido de assessorar o Presidente da República na condução da política de governança pública da Administração Pública Federal. Veja aqui o referido Decreto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Ocupações no Sul de Minas: autogestão, formação política e diálogo intergeracional Em sentido político e, portanto, no âmbito da gestão pública, a chamada autogestão vem sendo considerada na literatura científica muito mais como um processo do que como uma meta ou finalidade política. A autogestão pública, assim, pode ser entendida como uma maneira de conduzir o processo político de tomada de decisão em assuntos de interesse público, na qual os cidadãos participam de maneira ativa de tais processos, com seus interesses sendo levados em consideração tanto quanto os interesses dos governantes ou dirigentes estatais, contribuindo, assim, para elevar a qualidade de um sistema de governança pública. Para mais informações sobre o significado político da palavra autogestão, vale a pena conferir a discussão realizada por Groppo et al. (2017). Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Governança pública: construção de capacidades para a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9203.htm https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8647616/15204 efetividade da ação governamental Para uma discussão aprofundada acerca do conceito de governança pública e de seus pressupostos, a Nota Técnica n.º 24/2018, produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apresenta também uma rica contribuição. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=33944