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APOSTILA RELAÇÕES COMUNITÁRIAS, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS

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Telefone: (61) 99275-1276 Whatsapp (61) 3554-4112 
Site: www.institutoeducacionalaguia.com 
E-mail: institutoeducacionalaguia@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RELAÇÕES COMUNITÁRIAS, ÉTICA E 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
CIDADANIA ................................................................................................................... 4 
CIDADANIA DOS ANTIGOS .......................................................................................... 5 
Cidadania na Grécia: “... O Coração da Invenção Política” ............................................ 6 
Cidadania na Idade Média: A Decadência da Liberdade ................................................ 8 
CIDADANIA: UMA IDEIA MODERNA ............................................................................ 8 
O (RE) VOLTA DA CIDADANIA: CONTEXTO HISTÓRICO ........................................... 9 
OS ASPECTOS ÉTICOS E MORAIS VINCULADOS À CIDADANIA ........................... 12 
CIDADANIA: UMA PRÁTICA À DERIVA DO MERCADO?........................................... 15 
ALGUNS ASPECTOS DA CIDADANIA NO BRASIL .................................................... 16 
CIDADANIA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO ..................................................................... 17 
A CARA DA CONSTITUIÇÃO ...................................................................................... 18 
A CONSTITUIÇÃO....................................................................................................... 19 
Soberania Popular e Sufrágio Universal....................................................................... 20 
O Plebiscito .................................................................................................................. 21 
A Iniciativa Popular ...................................................................................................... 21 
Dispositivos Extras ....................................................................................................... 22 
DIREITOS HUMANOS E SEU DESENVOLVIMENTO: UM BREVE PANORAMA ....... 36 
Conceitos da ética ....................................................................................................... 39 
Filosofia do Agir Humano ............................................................................................. 40 
Relações sociais .......................................................................................................... 41 
Atividade voluntária ...................................................................................................... 41 
Ética e sistema econômico........................................................................................... 43 
Ética e meio ambiente .................................................................................................. 43 
Códigos de ética .......................................................................................................... 45 
A ética e suas relações universais com o mundo do trabalho ...................................... 47 
Paradigmas da ética .................................................................................................... 47 
Deveres profissionais ................................................................................................... 48 
Competências éticas .................................................................................................... 50 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61 
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CIDADANIA 
 
Seja em discussões, eventos, jornais, revistas, sites, projetos, a expressão é 
onipresente quando o assunto é política, sociedade, educação, ambiente e cultura. 
Cidadania é um conceito, com denso teor moral, que sem dúvida dá um caráter mais 
digno e ético a qualquer discurso que a utilize. Todos a almejam e procuram promovê-
la. 
Há muitos séculos, políticos profissionais, filósofos, cientistas sociais e juristas 
vêm explorando a temática, atribuindo significados, fundamentos e orientações práticas 
– cada qual no seu tempo histórico e “à sua moda”. Isso decorre do fato de que o conceito 
de Cidadania é complexo e multidimensional; implicando relações conflituosas entre 
classe dominante e classe dos dominados, instituições e indivíduos, Direitos e Deveres, 
interesses sociais e econômicos, etc. 
O tema Cidadania voltou a ser discutido nos últimos anos do século XX, e agora 
no XXI, por causa dos acontecimentos bárbaros e desastrosos da Era dos Extremos 
(guerras, genocídios, torturas), na expressão do historiador Eric Hobsbawm; e também 
pela incapacidade moral (não material), da Nova (Des) Ordem Mundial de atender às 
demandas sociais mais urgentes. Assim, os conceitos e práticas da Cidadania, 
associados aos regimes democráticos ocidentais, vieram a ser prioridades institucionais 
e deveres por excelência. 
O que preocupa é quando as discussões sobre Cidadania são difundidas a um 
público mais amplo, são tratadas, geralmente, de maneira unilateral – se limitando a uma 
educação cívica (também importante). As discussões devem orientar para além do 
modelo cívico, para uma formação crítica e criativa do cidadão. Temas correlatos, nos 
debates contemporâneos, como participação e democracia, também acabam sofrendo 
o mesmo processo. 
Este fato minimiza drasticamente todas as potencialidades de transformações 
socioculturais encontradas na Cidadania, em termos teóricos e práticos. O esvaziamento 
moral – provocado por influências ideológicas a serem identificadas –, extingue reflexões 
críticas, ofuscando, aos olhos dos indivíduos e da sociedade civil organizada, o papel 
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político que devem 5 assumir dentro das configurações impostas pela realidade. Hoje se 
faz mais que necessário para a construção da Cidadania termos consciência, como 
cidadãos, de nossa condição de sujeito moral e agente ativo dentro dos processos 
sociais. 
 
 
CIDADANIA DOS ANTIGOS 
 
 PÓLIS GREGA 
 
A palavra cidadania tem origem etimológica do latim civitas, que significa cidade. 
Cidadania, basicamente, hoje, diz respeito a um estatuto unitário no qual todos os 
cidadãos têm direitos e deveres iguais reconhecidos e estabelecidos por uma 
determinada comunidade política. Mas, não para por aí. O conceito Cidadania é 
orgânico, tem dinâmica própria. Ao longo da história agregou e desagregou valores, 
determinou e anulou diversos direitos e deveres, serviu-se de arma política e instrumento 
de transformações sociais, etc. 
Como lembra Jaime Pinsky, autor do livro “História da Cidadania”: “Cidadania não 
é uma definição estanque e sim um conceito histórico, o que significa que seu sentido 
varia no tempo e no espaço.” A Cidadania começou a ser pensada no mundo políticogreco-romano. Os direitos de cidadãos que os Estados concebiam aos indivíduos não 
tinham garantia legal, dependiam do caráter virtuoso das autoridades. A cidadania não 
era um estatuto que impunha deveres e limitações ao Estado – na antiguidade não havia 
limitação ao seu poder. 
Contudo, a prática cidadã, em termos culturais, foi algo que se destacou, 
substancialmente, no mundo antigo – onde a forma de exercer o poder se baseava em 
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sistemas de clãs, aldeias, autoridades de legitimação Divina (Faraós), etc. Marilena 
Chauí (1993) afirma serem os gregos e romanos os primeiros a descentralizarem o 
exercício do poder e esta mudança foi o que deu fundamentos à política ocidental. Os 
assuntos político-administrativos passaram a ser discutidos coletivamente e as decisões 
delegadas aos indivíduos. 
Tanto na Grécia (principalmente em Atenas) quanto em Roma, a Cidadania 
estava ligada diretamente à liberdade do indivíduo em participar da política no Estado. 
A esse tipo de liberdade, dotada de uma rígida obrigação moral, Benjamin Constant, 
admiradamente, chamava de Liberdade dos Antigos – em oposição à Liberdade dos 
Modernos. Identificava na Liberdade dos Antigos o caráter participatório, republicano, 
onde havia influência direta dos cidadãos na política. 
Aristóteles confirma este ideal de Liberdade participativa em seu livro “A Política”. 
Para o filósofo o “cidadão é aquele que participa na vida política e pode ser eleito para 
as magistraturas”. No mesmo livro, sabiamente, destaca que cada regime político exige 
um tipo de cidadão e a melhor definição para este é partir da “sua participação na 
administração da justiça e no governo”. Conclui que é obrigação moral do cidadão 
contribuir para a formação do governo. 
E foram nestes termos que a cultura política greco-romana nos legou os 
fundamentos acerca da cidadania. Criando instituições que contribuíram para o seu 
desenvolvimento, por meio da participação de todos os cidadãos e do exercício ético e 
moral. 
 
Cidadania na Grécia: “... O Coração da Invenção Política” 
 A cidadania da Grécia Antiga estabelecia os direitos dos indivíduos que viviam 
nas cidades. Os indivíduos/cidadãos eram iguais perante as leis e considerados aptos 
para colaborar 7 com os rumos da sociedade. Todos os cidadãos participavam 
diretamente das deliberações políticas do governo da pólis. Desta forma, a cidadania 
grega se fundamentava nos Direitos Políticos. 
Nem todos os homens poderiam ser cidadãos, havia restrições que reduzia a um 
pequeno número o privilégio que, praticamente, era concebido para os proprietários de 
terras – homens livres para os negócios públicos. Eram excluídos as mulheres, escravos, 
crianças, velhos, comerciantes, artesãos e estrangeiros. 
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A atuação direta nos negócios públicos da pólis estimulava a participação efetiva 
no governo. O cidadão grego era um sujeito político ativo. Para alcançar resoluções 
tinham que persuadir, discutir e defender seus interesses em público. Em consequência 
das exigências da vida política, a educação deveria instruir as crianças – futuros 
cidadãos – para serem bons oradores, daí o desenvolvimento da arte da retórica no 
ocidente. 
A Ágora era o lugar da vida política, de discussões e embates: o Espaço Público. 
No local deveria prevalecer a honra, a justiça e o bem. O respeito a todos os valores 
morais mantinha a integridade ética e coesa, e garantia a realização do modus cidadão. 
A participação integral e a política eram bens inestimáveis para os gregos. 
Nesse sentido o indivíduo se completava no grupo, na liberdade e no senso de 
coletivo – tanto é que a vida íntima e o espaço privado eram extintos. É inegável a 
contribuição dos gregos para nossa organização política atual. Nas palavras da filósofa 
Marilena Chauí, os gregos: “... criaram o espaço político ou espaço público – a 
assembleia grega –, no qual os que possuem direitos iguais de cidadania discutem suas 
opiniões, defendem seus interesses, deliberam em conjunto e decidem por meio do 
voto, podendo, também pelo voto, revogar uma decisão tomada. É esse o coração da 
invenção política. ” 
 
 Cidadania em Roma 
 Como na Grécia, em Roma o exercício de cidadania estava ligado à capacidade 
de exercer direitos políticos e civis. A cidadania romana era atribuída somente aos 
homens livres (nem todos os homens livres eram considerados cidadãos). Os cidadãos 
tinham o Direito: a ser sujeito de Direito privado (jus civile); ao acesso aos cargos 
públicos e a magistraturas; à participação das assembleias políticas e a vantagens 
fiscais. 
 Na sociedade romana as pessoas eram diferenciadas entre livres e escravos. 
Os cidadãos não eram considerados todos iguais e livres, e se dividiam em categorias 
de classes. A participação nas atividades político-administrativas era restrita a uma 
parcela mínima, aos cidadãos ativos; além do que, nem todos podiam ocupar cargos 
políticos e administrativos. 
 
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Cidadania na Idade Média: A Decadência da Liberdade 
 
Na Idade Média registra-se um “eclipse” na prática de Cidadania. Houve um 
desfalecimento que se deveu à sua incompatibilidade com o regime socioeconômico 
cultural feudal. Três aspectos principais impediam seu desenvolvimento: primeiro, a 
rigidez dos estamentos sociais. A sociedade feudal era fortemente hierárquica, desigual; 
segundo, pela relação de servidão e obrigações recíprocas; e terceiro, pela influência 
hegemônica da igreja na sociedade, que agia por motivações religiosas (divinas) e não 
por razão. 
 
As autoridades e as estruturas sociais – em sua maioria – se fundamentavam no 
Direito Divino de Governar, ou seja, tinham o Direito permitido por Deus. O espaço 
público, fundamental para o exercício de cidadania, foi extinto. A igualdade não existia 
como prática e nem por princípio. No século XI o fenômeno das Cruzadas, o aumento 
da população e a evolução significativa do comércio transformaram as cidades em 
lugares com maior liberdade e mobilidade social. Daí a volta da palavra cidadão 
vinculada à cidade. 
 9 
CIDADANIA: UMA IDEIA MODERNA 
 
 A cidadania foi e é construída, lentamente, por meio de processos de lutas sociais 
e políticas, que tem como objetivo a ampliação de direitos e leis. A volta da cidadania no 
cenário 10 político moderno é concomitante ao ressurgimento de reflexões, feita por 
filósofos, acerca da natureza humana e de seus direitos intrínsecos. Daí muitos 
estudiosos afirmam que a história da cidadania coincide com a história dos direitos 
humanos. Até porque as revoluções que encaminharam a instauração institucional-legal 
da cidadania levavam em suas bandeiras lemas referentes aos direitos considerados 
inatos do ser humano. 
Um exemplo, o lema da Revolução Francesa: Liberdade, Fraternidade e 
Igualdade. Embora, no início, as lutas por leis/direitos tenham servido para interesses 
restritos da burguesia, foi nos fins do século XIX (com o movimento operário) e no século 
XX, Pós-Guerras (movimentos de independência, autodeterminação dos povos, etc.) 
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que as lutas ganharam outras dimensões e um forte caráter popular. Deste modo, o 
conceito de cidadania vem se ampliando e a lutas por direitos – no atual contexto de 
globalização – não cessam. 
O entendimento básico da construção do conceito de cidadania, que começa na 
antiguidade, possibilita compreender muitos aspectos ideológicos e funcionais de nossa 
cidadania e enxergarmos com clareza os fundamentos de nosso direito atual. A 
importância que se dá aqui no processo histórico da Cidadania entra em consonância 
com pensamento de Marx, que acredita que uma das possibilidades para a formação da 
consciência crítica é partir da compreensão dos processos sociais históricos e agentes 
envolvidos no fato em questão. Para tanto, será delineado, ainda que brevemente, o 
processo de construção do conceito de Cidadania moderna. 
 
O (RE) VOLTA DA CIDADANIA: CONTEXTO HISTÓRICO 
 Com a decadência do sistema feudal emerge a Idade Moderna, sustentada no 
desenvolvimento do capitalismo. Neste período, o Renascimento – movimento cultural, 
científico, filosófico e artístico – estimulou a volta de preocupações sobre o ser humano 
(como indivíduo) e de formas e modelos políticos e sociais à luz da razão. 
As noções, práticas e aspectos correlatos à Cidadania – como direitos humanos, 
democracia participativa, etc. – foram retomados e reformulados, pari passu, com a 
construção 11 da noção moderna de cidadania. Sobre a sua instauração na sociedade 
moderna, muitos teóricos afirmam que ocorreu a partir do momento em que as lutas 
revolucionárias romperam com o modelo de deveres dos súditos e de legitimidade 
Divina. 
Três revoluções, neste período, foram fundamentais para a construção da 
cidadania: Revolução Gloriosa, Revolução Americana e a Revolução Francesa. A 
Revolução Gloriosa (1640-1688) ocorrida na Inglaterra foi um movimento da classe 
dominante, a burguesia, que almejava a tomada do poder. A luta resultou na 
consolidação do Estado liberal e na criação da Declaração de Direitos da Inglaterra (ou 
bill of right), aprovada em 1689. 
A Declaração foi a primeira expressão no ocidente de uma proposta de lei que 
assegurava, entre outras coisas, o direito à liberdade, à propriedade privada e à 
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segurança. A vitória do constitucionalismo inglês desencadeou uma série de lutas 
liberais por diretos e leis em todo o mundo. 
A Revolução Americana de 1776 foi a luta pela independência das Treze Colônias 
na América do Norte, que eram colônias do Reino Unido. A declaração foi feita por meio 
de um documento oficial e jurídico que garantia os direitos do novo Estado: a Declaração 
da Independência dos Estados Unidos da América. 
A Revolução Francesa, inspirada nas revoluções anteriores, em 1789, foi a luta 
pela derrubada do Antigo Regime e pela implantação de novos preceitos, pautados na 
liberdade, igualdade e fraternidade. Deste movimento resultou o primeiro e importante 
documento de proclamação de liberdades e direitos fundamentais do Homem: a 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Tendo como base este documento, 
as Nações Unidas (ONU), em um contexto de perplexidade frente às consequências das 
Guerras mundiais, redige a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 
1948. 
 Os direitos e declarações instituídos nestas revoluções cabiam à sociedade e 
não ao Estado. E a partir delas que foi possível a formação do Estado Moderno, ou 
Estado-Nação, o que garantiu condições políticas necessárias para o desenvolvimento 
da Cidadania moderna, sob a perspectiva de nacionalidade. 
Após as Revoluções burguesas dos séculos XVII, XVIII e XIX, os Estado passam 
a estabelecer a igualdade política e as regras para a aquisição da cidadania. Sob esta 
ótica, a 12 cidadania (em termos jurídicos) vira uma invenção do Estado, por meio da 
qual o cidadão fica ligado a ele pela relação de direitos/deveres. Todos estes processos 
revolucionários tinham fundamentos no pensamento político-filosófico liberal. 
A ideologia Liberal ou o Liberalismo Clássico defende a realização plena dos 
direitos individuais e civis – direito à vida, à liberdade, à propriedade – e a ampliação da 
liberdade do indivíduo por meio da criação de leis e direitos. Para o liberal, a declaração 
de igualdade de leis e direitos, para todos os cidadãos, deve ser o princípio básico do 
Estado moderno. 
O jusnaturalista John Locke foi o principal representante do pensamento Liberal. 
Suas ideias deram alcance universal às proclamações de direitos, influenciadas no 
mundo inteiro. Desenvolveu a ideia de Lei Natural ou Direito Natural, que consiste no 
direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação de ambas. São 
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os Direitos Civis. A Teoria do Direito Natural inspirou concepções modernas de Direitos 
Humanos. 
No livro “Dois Tratados sobre o Governo” traçou dois tipos de liberdades: a 
liberdade econômica, a qual o indivíduo tem o direito de possuir propriedade privada; e 
a liberdade intelectual: diz respeito à liberdade de consciência. Em uma perspectiva 
ideológia, percebe-se que a propriedade, na visão liberal, é mais importante do que os 
direitos de participar no governo, e no processo público de decisão. 
A questão da cidadania política não foi explorada. Até porque, os Liberais temem 
a grande participação do povo nos assuntos públicos, pois poderia prejudicar o 
estabelecimento de propriedades privadas. É nesse contexto que a Cidadania moderna 
é construída. Os Direitos Civis, baseados no pensamento liberal, se fundamenta assim, 
no individualismo, na igualdade e na liberdade. 
Mesmo que os direitos conciliem com os interesses da classe dominante, eles 
não deixam de servir como instrumentos das camadas populares da sociedade. Como 
exemplo: as lutas populares do século XIX, na Europa, que passaram a reivindicar maior 
ampliação dos 13 direitos e participação, até que conquistaram o direito político de 
sufrágio universal. Nas palavras do sociólogo T. H. Marshall: “Os direitos civis e políticos 
são instrumentos legais e importantes para a conquista da cidadania social”. Portanto, 
os Direitos Civis, garantidos anteriormente, propiciaram condições para ampliação das 
dimensões dos direitos. Isso serve de lição histórica: a capacidade de enxergar as 
possibilidades em condições reais e viabilizar a ampliação de direito e leis em múltiplas 
dimensões. 
Longe de ser uma ideia evolucionista, objeta-se a ideia de sucessão de direitos: 
em que uma categoria de direitos sucede à outra. Os direitos são concomitantes e 
cumulativos, e passíveis de reformulações. Esta brevíssima noção dos processos sócio 
históricos da cidadania na modernidade, que está longe de ser esgotada, fornece 
apenas elementos básicos para começarmos a pensar e investigar os caminhos, as 
práticas e desafios da cidadania contemporânea. O processo de reflexão cabe, portanto, 
ao cidadão/investigador, que deve ir sempre além do material proposto, para 
complementar, integralmente, as respostas às próprias questões. 
 
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OS ASPECTOS ÉTICOS E MORAIS VINCULADOS À CIDADANIAAo nascer em uma sociedade humana a pessoa é investida de uma soma 
inalienável de direitos. Receber estes direitos significa assumir uma herança moral com 
prerrogativas civis, sociais e políticas. No mínimo, e eticamente, todo indivíduo tem 
direito a uma vida digna: com direito à comida, a teto, ao trabalho, à educação de 
qualidade, etc., estabelecido como Direitos Civis. A Cidadania é uma lei da sociedade, 
que absorve todos os indivíduos num campo de força política que os protegem de 
qualquer ameaça à sua dignidade. Pelo menos, deveria ser assim, de acordo com os 
termos normativos e morais. 
Ao observarmos os discursos contemporâneos, que tanto exaltam os direitos, de 
Cidadania e de liberdades, e contrastarmos com a realidade, veremos a diferença entre 
o fato concreto e a retórica. A consagração e valoração da Cidadania vêm do respeito 
real ao elenco, mesmo que ora abstrato, de direitos instituídos na Constituição Federal 
(1988) e na Declaração Universal dos Direitos dos Homens (1948). 
A Cidadania deve ser incorporada em nossa cultura cívica, o que não é ainda. Se 
tomarmos os gregos antigos como fonte de inspiração, que garantiam à próxima 
geração, através da educação, recursos culturais para exercerem o ofício político, 
poderíamos assim começar a pensar também na educação. O filósofo norte-americano 
John Dewey afirmava que um bom governo não depende dos votos da maioria, mas sim 
da capacidade de pensar e do espírito crítico da maioria. 
J. S. Mill, Rousseau e Cole, teóricos clássicos da política, propõem o investimento 
na educação para diminuir o quadro de apatia quanto à participação política, pois ela 
compromete o futuro da democracia (Norberto Bobbio). Afinal, é a participação que 
consolida a liberdade do indivíduo e seu status de Cidadão em uma democracia, desde 
a antiguidade. 
 Quanto à liberdade, se voltarmos a pensar na Liberdade dos Antigos – aquela 
elogiada por Benjamin Constant – devemos compreender, acima de tudo, que é uma 
liberdade conquistada e difícil de ser mantida. Uma missão humana. Ainda mais quando 
não existe uma moral e ética predominante nas esferas públicas, para que faça 
prevalecer o respeito aos indivíduos. 
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Se a Moral e a Ética, pautada nas Virtudes e no Bom Caráter, foram a base da 
liberdade dos antigos; e durante a Idade Média, foram pautadas na religião; e hoje, em 
que elas se pautam? Na Ética do mercado? Não bastam para a Cidadania as intenções 
e esperanças. Nosso cotidiano é rígido e cruel quanto ao exercício de certas 
liberdades/direitos que não condizem ao mercado ou à ideologia dominante. Logo, a 
prática da Cidadania fragiliza-se nos limites sociais, jurídicos e políticos impostos 
sutilmente. 
Uma análise mais minuciosa levaria qualquer cientista social a constatar que, pelo 
menos no Brasil, a Cidadania é um quase um mito. Transmutação. Talvez seja esta a 
palavra para evocarmos a passagem dos Direitos/Liberdades teóricos para os 
Direitos/Liberdades positivos, com condições de viabilização concreta e real. A 
transmutação depende da organização da sociedade civil e da conscientização do 
cidadão portador de direito e deveres. Por isso, as condições sociais em nossa 
sociedade e/ou comunidade não são imutáveis – podem avançar, assim como também 
regredir. O mito tem que concretizar-se. 
Mas este processo e a garantia do exercício da Cidadania, infelizmente não vêm 
de uma ética coletiva (como dos antigos). Para ser mantida e efetivada deve-se se 
corporificar no Direito, na Lei, assegurando-se por meio de dispositivos institucionais 
sólidos, em que haja agentes realmente interessados e ativos. Assim, a abstração do 
conceito Cidadania se diluirá na fruição das prerrogativas pactuadas. Isso depende da 
força orgânica de lutas populares, da organização institucional de cidadãos autônomos 
e da conscientização das minorias marginalizadas dos principais processos 
sociopolíticos e econômicos. 
O filósofo francês Etienne de La Boétie, no século XVI, acreditava que existia um 
desejo implícito das populações em servir e privar sua própria liberdade. Em seu livro “O 
Discurso da Servidão Voluntária”, questionou sobre a liberdade da seguinte forma (e 
cabe nos perguntarmos também): “... que diabo de vício faz com que os homens aceitem 
passivamente a condição de servidão e de precariedade humana, quando há 
possibilidades reais de reverter a situação?” 
Tal questão continua atual, provocando debates entre cientistas políticos, que 
tentam compreender/interpretar os múltiplos fatores que permitem este alto grau de 
passividade e de conformidade da sociedade perante declínios 
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 substanciais/reais da realização de direitos/deveres da cidadania. Muitos 
alegam as condições de existência precária, de alienação, de individualismo, etc., mas 
não respondem La Boétie. E se o destino dos homens é a liberdade? 
Como salienta o filósofo Sartre (1975): “Nascemos condenados a ser livres”. 
Alguns poderiam argumentar que não é verdade que presenciamos um novo momento 
histórico da alta modernidade: momento de autorreflexão (Giddens), de autoconsciência 
de cidadania. Afinal, temos gozado de uma liberdade incomum nos últimos anos. 
Desde a década de 1960, principalmente na Europa (vide maio de 1968), e no 
Brasil desde a reabertura democrática, há uma explosão de reivindicações e 
movimentos populares em prol da ampliação de direitos sociopolíticos. O número de 
ONGs e de espaços públicos construídos pela sociedade civil deu um salto qualitativo 
na década de 1990. Centenas de projetos de lei foram aprovadas a favor do cidadão, 
sem contar o apoio que vem sendo dado à construção da cidadania, ambiciosamente, 
“global”, por inúmeros projetos estatais e internacionais. Os exemplos poderiam se 
estender. Mas analisemos de outra ótica. 
Concomitantemente, com estes exemplos – de caráter quantitativo – temos que 
observar que a qualidade de vida do ser humano não melhorou proporcionalmente a 
estes processos. Sugere o economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel 
de Economia de 1998, que para compreendermos os processos de desenvolvimento 
humanos em sua multidimensão (sociais, políticos e culturais) temos que obter dados 
qualitativos. Seguindo este raciocínio, Sen e o economista paquistanês Mahbub ul Haq 
criaram o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. 
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 do Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Brasil encontra-se na 70ª colocação 
mundial, posições que já mantinha no ano anterior. Constrastando este dados com o 
progressivo surgimento – nestes anos – de inúmeras ONGs, mobilizações sociopolíticas 
de indivíduos autônomos e dos projetos governamentais – constatamos que o processo 
da Cidadania (como um todo), mesmo com grandes avanços (?) ainda está tímido e 
senão inexpressivo, pelo menos em âmbito nacional. O Brasil continua a ser 
internacionalmente conhecido por ser uma das sociedades mais desiguais do planeta, 
onde a diferença na qualidade de vida de ricos e pobres é abssal. 
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Os dados acima também dependem fundamentalmente dos governantes e nem 
sempre coincidem com os cidadãos. Ao contrário, desrespeitamos indivíduos relegando 
seus direitos e impondo-lhes obstáculos ao acesso à informação e à participação. 
Existem cidadãos nestas condições? Todos estes fatores acima movimentam 
dialeticamente o processo de luta pela Cidadania/Liberdade. Processos que carregam a 
desigualdade intrínseca do sistema capitalista e o princípio de igualdade implícito no 
conceito de Cidadania, elementos, como identifica T. H. Marshall, em eterna tensão. 
 
CIDADANIA: UMA PRÁTICA À DERIVA DO MERCADO? 
 
 A liberdade dos indivíduos é realizada no momento em que sua cidadania plena 
– dos direitos e deveres – flui dentro das estruturas organizacionais da vida social. A 
organização máxima da sociedade está formalizada em um conjunto de modelos, 
estruturas e instâncias políticas determinadas pela, e primeiramente, Constituição 
Federal, e depois, pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas. 
Mas na atual conjuntura político-econômica, condicionada por interesses privados 
e de mercado, muitas esferas públicas estão perdendo autonomia e terceiros passaram 
a regular a vida social. Logo, a relação Cidadão e Estado deve ficar clara. O cidadão já 
não sabe diferenciar o que é público e o privado, o que tem direito e o que não tem. 
Quem mais sofre com isso são, sem dúvida, as camadas com menor poder aquisitivo, 
pois quando vítimas de violações de Direitos humanos não sabem, e muitas vezes não 
têm a quem recorrer. 
Assim, cada vez mais as leis, os mecanismos de participação, os decretos, 
perdem força de vigência. O desconhecimento dos mecanismos e estruturas político-
legais que estão a dispor (e a favor) do cidadão colabora definitivamente com o fato. E 
os abusos que ferem sua integridade são naturalizados, sem resistência cívica, e 
incorporados na cultura política brasileira. Antropólogos já diziam de há muito tempo que 
cultura e política são intimamente ligadas em uma rede complexa de relações sociais. 
Nesse sentido, as diversas faces e dimensões das relações sociais exigem mudanças 
multilaterais urgentes, em instâncias que abrangem todas as ações sociais, e estas 
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estão nas esferas públicas e políticas. Portanto, modelos (estruturais e funcionais) 
políticos precisam ser alterados, paralelamente, com os modelos cívicos (cidadania). 
A própria trajetória histórica da construção da cidadania nos aponta 
categoricamente que: as mudanças políticas devem caminhar junto com mudanças 
cívicas, ou seja, mudanças no comportamento do cidadão. Afinal, no que consistiam as 
lutas nas Revoluções – Gloriosa (Inglaterra), Americana, e Francesa? Qual era o cerne 
das mudanças? Lembremos que as lutas iam à direção de elaboração de um novo 
modelo cívico – como vimos – firmados na lei e na organização da relação 
Cidadão/Estado. 
No caso brasileiro precisamos identificar (no próprio cotidiano) e diluir o alto grau 
de subordinação das esferas políticas e sociais às esferas econômicas. As perspectivas 
devem ser orientadas em favor de uma sociedade que vá além do mercado. Enfim, 
tirando por base que a maioria das mudanças anunciadas oficialmente é de ordem 
econômica e que o modelo de desenvolvimento do país se pauta predominantemente 
na globalização econômica. 
Questionemos: a cidadania não está também se tornando mais mercadológica e 
padronizada? 
ALGUNS ASPECTOS DA CIDADANIA NO BRASIL 
19 
 No Brasil, como em muitos países de Terceiro Mundo, um conjunto avassalador 
de processos – suscitados pela globalização, pelas transformações dos regimes 
políticos – se cruzou e entrecruzou em tempos e espaços. A consolidação da Nova 
Ordem Mundial, a expansão do consumo em massa, a precarização da educação, a 
ausência e utopias/ideais, a reificação do indivíduo perante aos processos dos modos 
de produção, o “espetáculo” do mundo das mercadorias, a formação humanística 
deficiente, a crença cega nos meios de comunicação dominantes, o declínio moral e 
ético, o conservadorismo liberal, a realização do ser objetivada pelo mercado, etc. ilustra 
o quadro esquizofrênico que condicionou a redução da Cidadania para o consumo e a 
apatia política na sociedade brasileira. 
A noção de Cidadania, associada ao consumo, no campo subjetivo do indivíduo 
brasileiro, se tornou assim um dos temas prediletos, por sua relevância e problemática 
– de diversos pesquisadores das Ciências Humanas (psicólogos, antropólogos, 
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sociólogos, historiadores e etc.) no Brasil. Alguns autores chegaram à conclusão que a 
maior parte do exercício de cidadania brasileira coincide com o direito de consumir. 
O consumidor não é o cidadão. Há pouco estímulo e orientação, para o povo 
brasileiro, de se explorar e exercer as outras dimensões da Cidadania, outros Direitos. 
Os Direitos do Consumidor é um entre os múltiplos direitos do cidadão. Cada direito se 
articula com os outros, dando significância a um conjunto político. Daí os indivíduos se 
limitam a parcialidades, exercendo seus direitos e práticas de cidadania somente em um 
sentido, desprezando outras questões de ordem política. 
O consumo também é uma possibilidade de exercício de cidadania, mas não o 
único, e nem a de maior peso político-social. Os indivíduos lutam nas esferas públicas 
como contribuinte, consumidor, reivindicador de benefícios individuais ou corporativos e 
não como o cidadão do bem comum. Neste quadro, o cidadão não consagra os valores 
(morais e éticos) a serem efetivados na vida política e vilipendia sua responsabilidade 
social em troca das coisas/produtos. 
É a troca do ser pelo ter, uma das teses presente no livro “Ter ou Ser”, do autor 
Erich Fromm. No livro ele trabalha com a ideia de que a orientação mercantil é a 
predominante na sociedade moderna e é o que gera a opção pelo ter ao invés do ser 
(Fromm, 1987). Este é um dos grandes males do nosso tempo e um ponto a ser 
revisitado pelos formadores de opiniões, educadores e líderes políticos. 20 
 
CIDADANIA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO 
Quantos indivíduos/cidadãos já leram ou – pelo menos – já consultaram a 
Constituição Federal? No que se fundamenta a Constituição? Afinal, o que é mesmo 
Constituição? A maioria das pessoas na sociedade brasileira talvez respondesse não – 
para a primeira pergunta – e não sei para as últimas. O desconhecimento sobre o 
conteúdo da Constituição (que institui: direitos e deveres) reflete a distância entre o 
indivíduo e a sua cidadania. 
A Constituição – ou Carta Magna – é a lei suprema que oferece as diretrizes sócio-
político-econômicas: para a organização política do Estado, no território, e para o bom 
funcionamento da sociedade. A Constituição elenca os Direitos e Deveres dos indivíduos 
e do Estado. Assim, todo cidadão, por questão de legitimidade, deveria lê-la. 
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A Carta Magna pode ser outorgada ou promulgada. Quando é elaborada e votada 
sem a presença de representantes eleitos pelo povo, é dita que ela é imposta pelo poder 
político, outorgada, essa é uma das características de regimes políticos ditatoriais. Ao 
contrário, quando a Constituição é redigida e votada por representantes eleitos 
democraticamente, ela é promulgada. 
Nas democracias, mesmo que as constituições sejam votadas por representantes 
eleitos, não quer dizerque seus conteúdos expressem os interesses reais do povo. 
Existem desvios normativos, que concebem privilégios a determinadas classes sociais, 
que somente pelo ato do voto o povo não consegue corrigir. 
 
A CARA DA CONSTITUIÇÃO 
 Após algumas considerações ao sentido prático da Cidadania, vamos aos 
estruturais. 
A atual Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada no dia 5 de 
outubro de 1988. Desde a independência política, esta é a sétima. O contexto histórico 
de redemocratização do país, a partir de 1985, após anos de predominância de regime 
político militar – favoreceu para que a Constituição absorvesse valores democráticos e 
éticos. Instituiu maiores direitos ao 21 indivíduo, que poderia exercer a cidadania por meio 
da participação (representativa) da dinâmica político-administrativa do Estado 
Federativo. Nesse sentido, pela primeira vez se enumera os diretos e garantias 
fundamentais do cidadão: 
 
1. Direitos e deveres individuais e coletivos 
2. Direitos nacionais 
3. Nacionalidade 
4. Direitos políticos 
5. Partidos políticos 
 
Então, para termos uma ideia geral dos princípios e diretrizes que legitimam nossa 
cidadania, como brasileiros, observemos os principais pontos da Carta Magna e os 
mecanismos políticos e burocráticos que permitem a atuação dos cidadãos nos 
processos políticos. 
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A CONSTITUIÇÃO 
A Constituição está dividida no Preâmbulo, que introduz o texto da constituição, e 
em 10 títulos temáticos: 
Título I: Dos Princípios Fundamentais: afirma ser um Estado Democrático de 
Direito e anuncia seu fundamento na: soberania; cidadania; dignidade da pessoa 
humana; valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e no pluralismo político. (Art. 
1º). O Título I fornece parâmetros básicos para o Cidadão brasileiro. No parágrafo único 
do art. 1º é instituído como Direito e Dever a Democracia Participativa: “Todo o poder 
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição.” 
E, no art. 3º discorre sobre o dever do Estado, pelo qual o Cidadão tem como 
responsabilidade cobrar e colaborar: “Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - 
garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação.” 
 Título II: Dos Direitos e Garantias Individuais: é legitimada a igualdade de todos 
os indivíduos (sem distinção) perante a lei e ainda adverte que homens e mulheres são 
iguais em direito e obrigações (Art. 5º inciso I). É nesse Título que é assegurado os 
direitos à vida, à igualdade, à liberdade, à segurança e à propriedade. Direitos estes 
inalienáveis aos brasileiros e aos estrangeiros que residem em território brasileiro. 
Muitos dos direitos pautados nesta sessão não constavam nas Constituições anteriores, 
o que revela um avanço histórico na Cidadania brasileira. 
Título III: Da Organização do Estado: é definida a organização político-
administrativa do Estado em União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Atribui as 
respectivas funções a cada ente da federação e versa sobre a dinâmica dos servidores 
públicos e administração pública. 
Título IV: Da organização dos Poderes: Organiza os Poderes em: Poder 
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. São definidas suas funções e processos 
legislativos. 
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Título V: Da Defesa do Estado e das Instituições: é instituído o Estado de Sítio, 
Estado de Defesa, a atuação das Forças Armadas e das Polícias. 
Título VI: Da Tributação e Orçamento: são impostos limites ao Estado quanto ao 
sistema tributário. Discorre sobre normas para o orçamento público e repartições das 
receitas. 
Título VII: Da Ordem Econômica e Financeira: aqui são postas normas de 
regulação da atividade econômica. E é dividida a política econômica em: urbana, 
agrícola e fundiária. E sobre a ordem econômica como um todo pauta: 
 “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social...” (Art. 170). Partindo deste princípio, podemos concluir que a maior parte da 
atividade econômica (principalmente a rural) está atuando de forma inconstitucional? 
Título VIII: Da Ordem Social: da disposição geral (cap. I) temos: “A ordem social 
tem como base 23 o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.” 
(Art. 193). Aqui é tratado de temáticas delicadas e que merecem a atenção do Cidadão 
consciente, como Educação, Cultura, Desporto Previdência Social, Ciência, Tecnologia, 
Meio Ambiente, Família, Criança, Adolescente, Idoso, Assistência Social, Comunicação 
Social e Minorias Étnicas (Índios). 
Título IX: Disposições Gerais: diversos artigos de diferentes temáticas que não 
foram incluídos nos Títulos acima por serrem específicos. 
Título X: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: realiza a transição 
entre uma Constituição e outra, incluindo dispositivos temporais. 
 
 OS MECANISMOS POLÍTICOS - BUROCRÁTICOS 
 
Soberania Popular e Sufrágio Universal 
“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos 
ou, diretamente, nos termos desta Constituição. (Art. 1º). 
A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e 
secreto, com valor igual para todos, e nos termos da lei, mediante: 
I - plebiscito 
II - referendo 
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III - iniciativa popular. (Art. 14.)” 
 
A soberania popular, anunciada no primeiro parágrafo da Constituição como o 
“poder que emana do povo”, é garantida pelo Sufrágio Universal, direito de voto direto e 
secreto, com valor igual a todos os indivíduos acima de 16 anos no Brasil. Conforme o 
Art. 14, a soberania popular também se exerce: pelo plebiscito; pelo referendo e pela 
iniciativa popular. Vamos ao que é um a um. 
 24 
O Plebiscito 
 Plebiscito é uma palavra de origem etimológica do latim do plebiscitu, que 
significa decreto da plebe. Na Roma antiga se referia a votos e decretos deliberados em 
comícios do povo plebeu. Atualmente também é associado ao pronunciamento do povo 
(cidadão). Antes de criar uma norma (pelo parlamento) é convocado o plebiscito para 
que os cidadão opinem de sua conveniência ou inconveniência. 
Um importante plebiscito foi convocado no Brasil em 1993. Os cidadãos tinham 
que decidir sobre a forma de governo e sistema político. O Brasil deveria se estabelecer: 
Monarquia, Parlamentarismo ou República. A vitória foi da República presidencialista. 
 
O Referendo 
O Referendo, muitas vezes confundido com o Plebiscito, é uma consulta aos 
cidadãos a respeito de uma norma, lei ou reforma constitucional, posterior à sua 
elaboração. 
 
A Iniciativa Popular 
 
A iniciativa popular é o mecanismo que permite aos eleitores apresentarem um 
projeto de lei ao Poder Legislativo. Para fazer a proposta do projeto de lei é preciso da 
assinatura de 1% dos eleitoresde todo país, distribuídos no mínimo em cinco Estados 
Brasileiros e em cada Estado deve ser assinado por não menos de 3/10% do eleitorado 
e depois deve ser apresentado à Câmara dos Deputados. 
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Trata-se de um forte instrumento de cidadania, pois além de transformar, pode 
criar novas leis e direitos. Este é um mecanismo consagrado para atender interesses 
específicos de municípios, cidades e bairros. 
 
Dispositivos Extras 
 Além da Constituição, existem dois dispositivos políticos que possibilitam um 
quadro de transformação substancial nas leis e ações políticas, que devem ser de 
conhecimento do 
Cidadão: a Emenda Constitucional e os Remédios Constitucionais. 25 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL 
A Emenda Constitucional, prevista no Art. 60, tem como escopo a alteração de 
pautas específicas (parágrafo, tópico ou tema) na Constituição Federal, permitindo 
mudanças sem grandes transtornos sociais. A aprovação de uma emenda depende da 
deliberação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
 
Dos limites da Emenda: 
“4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - A forma federativa de Estado; 
II - O voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - A separação dos Poderes; 
IV - Os direitos e garantias individuais. ” (Art. 60) 
 
Remédios Constitucionais 
 
 Os Remédios Constitucionais previstos no Art. 5º são, basicamente, medidas 
jurídicas para tornar efetivas as ações e direitos postos na Constituição Federal. São 
eles: 
- Habeas Data (Art. 5º LXXII): proteger a esfera privada dos indivíduos 
contra: usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos; 
- Ação popular (Art. 5º LXXIII): procura anular as ações danosas ao 
patrimônio público e pune os responsáveis. 
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- Habeas Corpus (Art. 5º LXVIII): assegura o direito de ir e vir, constrangido 
por abuso de poder e ilegalidade. 
- Mandado de Segurança (Art. 5º LXIX): protege o indivíduo que não é 
amparado pelo habeas corpus ou habeas data. 
- Segurança Coletivo (Art. 5º LXX): protege organismos cooporativos, 
sindicais, entidades de classe e associação legalmente constituídas, o que ocorre é a 
defesa dos interesses do coletivo específico. 
- Mandato de Injunção (Art. 5º LXXI) – viabilizar o bom exercício de direitos 
previstos na Constituição. 
 
CONSIDERAÇÃO 
Portanto, esta é “Cara” da nossa Constituição. E, (re) visá-la acaba sendo um 
exercício necessário. Um ato que nos dá a oportunidade de parar e refletirmos: o quanto 
de desafios sociais e políticos temos para superar – como cidadãos brasileiros – e 
também o quanto de dispositivos legais possuímos para nos auxiliar nesse processo. 
Afinal, a cidadania é constitucional e seus preceitos possibilitam uma ampla margem de 
atuação, embora a realidade construa obstáculos concretos e sólidos. 
De qualquer forma, note-se que as aspirações e inspirações humanistas da 
Constituição brasileira apontam para a construção de uma tradição de cultura cívica 
fundada na defesa dos direitos humanos e na participação política. 
 
PRATICANDO A CIDADANIA NO BRASIL 
Os processos de transformações sociopolíticas estão apoiados na dinâmica 
funcional entre os órgãos oficiais de governo e os cidadãos. A prática da Cidadania deve-
se partir do pressuposto de que, mesmo com as dificuldades impostas pelo atual modelo 
político-econômico, ela é possível e efetiva. O cidadão tem que procurar, claramente, as 
possibilidades reais para transformação social nas diversas esferas e níveis territoriais. 
Isto exige um cidadão antenado com o mundo, informado, instruído e interessado. 
Por meio de uma perspectiva territorial, e tendo como pano de fundo a estrutura 
política do Estado e a Constituição Federal, serão apontados os elementos básicos, 
estruturais e práticos para o exercício da: 
27 
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- Cidadania Nacional 
- Cidadania Estadual 
- Cidadania Municipal e de bairro 
- Cidadania no Trabalho 
- Cidadania na Escola 
 
CIDADANIA NACIONAL 
A principal forma de exercer a Cidadania Nacional é por meio do Sufrágio 
Universal. Mas para um cidadão ativo só isso não basta. O conhecimento da estrutura 
básica da Federação é fundamental para entender os processos políticos administrativos 
e as relações internas e internacionais do país. Diariamente é noticiado em telejornais, 
jornais, revistas, rádios medidas e assuntos do governo que só podem ser 
compreendidos criticamente por quem no mínimo tem a noção da dinâmica dos órgãos 
e leis da federação. Sem isso, o indivíduo não tem parâmetros para lidar com os 
processos sociopolíticos que ele mesmo está envolvido. 
 
Das Estruturas Políticas 
A República Federativa do Brasil é formada pela União dos Estados. Em âmbito 
nacional, o Poder Executivo é delegado: ao órgão da Presidência da República, onde o 
Presidente é eleito pelo povo; e aos 23 Ministérios, oito secretarias e seis órgãos com 
status de Ministérios. 
 
Cidadania nos Estados 
Cada Estado, constitucionalmente, é dotado de autonomia política e 
administrativa. A estrutura interna do Estado tem aspectos semelhantes à da União. 
Além da Constituição Federal, existe uma Constituição própria – votada dentro do próprio 
Estado. Os Poderes são divididos em três órgãos coesos e independentes: 
Poder Executivo: composto pelo Governador, eleito pelos cidadãos, Vice-
Governador, secretários auxiliares do Estado, que ocupam as Secretarias (Secretaria da 
Educação, Secretária da Saúde, etc.), e por órgãos de administração indireta. 
 Poder Legislativo: é regido pela Assembleia Legislativa, que é composta por 
Deputados Estaduais eleitos pelo povo. O voto ao Deputado é dirigido também ao 
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Partido que pertence. Assim, as cadeiras de Deputados na Assembleia são destituídas 
segundo os votos que cada partido obtém. 
 Poder Judiciário: O órgão máximo deste Poder é o Tribunal de Justiça 
composto, principalmente, pelos Juízes de Direito. O Juiz de Direito atua em comarcas, 
que é um território dividido para o exercício mais direto da justiça, podendo abranger 
mais de um Município. Às vezes as comarcas têm mais de um Juiz – são as comarcas 
maiores, onde a função jurisdicional é desdobrada em varas especializadas: Vara Civil, 
Vara Criminal, Vara de Familiar, etc. 
Tribunal de Contas: sua principal missão é julgar as contas dos administradores, 
zelar pela correta destinação do patrimônio e recursos públicos; e auxiliar o Poder 
Legislativo na fiscalização de contas do Poder Executivo. Entretanto, o Tribunal tem 
funções mais amplas, teoricamente é um órgão de maior importância, deveria evitar os 
atos de corrupção, pois lhe cabe vigiar a boa aplicação e o uso correto do dinheiro, por 
quem quer que tenha a seu cargo e a tarefa de lidar com contas e interesses do tesouro 
público. Os critérios de atuação dentro do Tribunal muitas vezes são problemáticos, por 
estarem submetidos à conveniência política e pessoal de responsáveise conselheiros. 
Ministério Público: Guardião da Democracia. Seu objetivo é a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses pessoais e individuais indisponíveis 
perante o Supremo Tribunal Federal. A constituição lhe destina poderes de intervir em 
qualquer esfera para a defesa da moralização pública. Este órgão é fundamental para o 
avanço de direitos e leis de cidadania e justiça. É importante advertir que os cidadãos 
não estão devidamente advertidos do relevante papel e dever do Ministério Público, pois 
este deve ser conhecido e procurado pelos cidadãos com mais constância. 
Nestes Poderes o cidadão tem o dever de acompanhar, cobrar e fiscalizar. Não 
esqueça: é na cobrança, no entendimento e na participação que o cidadão se realiza. 
 
 CIDADANIA NOS MUNICÍPIOS E BAIRROS 
Os teóricos clássicos da Democracia Participativa (Rousseau, Stuart Mill e Cole) 
e até Ecólogos Políticos, como Murray Bookchin (autor do livro “Municipalismo 
Libertário”), já anunciavam a importância da vida política local. Argumentavam que a 
experiência direta e participativa ocorre efetivamente em níveis mais locais – como, por 
exemplo: no município, no bairro, no trabalho e na escola. 
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É fato que poucos conhecem a atividade política local, decisiva para as 
resoluções de problemas socioambientais específicos, até porque o acesso aos prefeitos 
e vereadores é bem maior do que com Deputados Estaduais ou Federais. Facilita 
também em pressões e fiscalizações dos titulares oficiais em sua função no município. 
Os Municípios também possuem autonomia política e administrativa. Como os 
Estados são regidos por Constituições internas, cada Município vota a suas leis, 
determinando as Leis Orgânicas Municipais. Todo projeto social ou cultural que é 
realizado em um município devem ser pautados também nas leis orgânicas. O Poder 
Executivo dos municípios é exercido pelo Prefeito (eleito pelo povo) e Vice-Prefeito, que, 
por sua vez, escolhe seus auxiliares diretos (secretários municipais) e também dirigentes 
dos órgãos descentralizados de administradores. 
O Poder Legislativo é função das Câmaras Municipais, compostas de vereadores 
(eleito pela população local). O Poder Judiciário que atua no Município é o Estadual (por 
meio do sistema de comarcas). Pensando em nível territorial menor, o bairro é por 
excelência um dos lugares mais propícios para começar a vida política, ele faz a 
mediação necessária para possibilitar a participação popular nas discussões dos temas 
de interesse municipal. 
 
CIDADANIA NO TRABALHO 
 A cidadania no trabalho é hoje um desafio. As formas e padrões com que os 
trabalhadores vêm sendo organizados e orientados não estão em consonância com os 
processos político-sociais reais. A fraqueza dos sindicados perante as flexibilizações de 
leis 30 trabalhistas, ditadas pelo mercado, e a falta de clareza de políticas do trabalho, 
têm colaborado para a queda brutal de interesse do trabalhador em participar ativamente 
das lutas. 
Juristas-ativistas vêm trabalhando por reformas nos instrumentos de proteção ao 
trabalhador para que possa ser viabilizada a cidadania em um ambiente globalizado. 
Alegam que as autoridades e órgãos de proteção ao trabalhador devem reconhecer que 
os padrões de inclusão e participação mudaram significativamente e que mecanismos 
políticos ultrapassados ainda oferecidos aos cidadãos pelos órgãos oficiais e até 
sindicatos não estão atendendo as necessidades dos trabalhadores. 
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O avanço da cidadania no trabalho está associado a ações de vários setores 
político-administrativos. Mas depende também de propostas renovadoras e criativas, 
que partam de níveis locais. Alternativas que colaborem para as melhores condições de 
trabalho e para formação humana do trabalhador são urgentes. E é nesse sentido que o 
indivíduo pode agir, tanto procurando ficar informado de eventos, de processos legais, 
de notícias que implicam na alteração de suas condições no trabalho; quanto catalisando 
e reunindo, (reforço em nível local) forças e recursos humanos, por meio do contato e 
colaboração de ONGs, órgãos governamentais e sindicatos. 
 
CIDADANIA E EDUCAÇÃO 
 
 “A educação é direito de todos. É dever do Estado e da família.” (Art. 205) 
A Constituição reforça a ideia nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): 
“educação para a cidadania”. É dever explícito do Estado para com os Cidadãos. Mas, 
a simples universalização do acesso de todos à escola não garante o compromisso e 
não podemos nos iludir com isso. A cidadania na escola implica em lutar e colaborar 
para a melhoria na formação humana (no sentido moral) e para o acesso real à 
informação e à herança social. 
Uma das principais causas de apatia política generalizada na sociedade e do 
repúdio quando o assunto é “política” está na (de) formação educacional brasileira. Se a 
democracia está em crise é porque a educação também está. Todo desenvolvimento 
social e político do país depende, intrinsecamente, do desenvolvimento da educação. A 
educação em si tem alto grau de valor social. 
Anísio Teixeira, grande intelectual brasileiro, observou na primeira metade do 
século XX que nossa educação se orientava para uma educação paternalista e de 
formação de sujeitos passivos, sem senso crítico. O diagnóstico continua atual. 
Eventualmente, as estatísticas apontam para o melhoramento da educação e a elevação 
de uma suposta satisfação quanto ao ensino. Baseadas em termos quantitativos, assim 
como a maior parte das avaliações educacionais (e devemos ficar atentos a isso), elas, 
pelo que poderia parecer, não dizem quase nada, sobre o caráter de avanços na 
formação de cidadãos. 
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Para reforçarmos nossa democracia, concordando com as teses de Stuart Mill, as 
gerações que estão se (de) formando no atual sistema de ensino devem passar da 
condição de cidadão passivo (um súdito) para a de cidadãos ativos e participativos. Isto 
implica, fundamentalmente, em dois tipos de formação: 
- A formação de uma moral ética e democrática; 
- E a formação de cidadãos críticos, preparados para o julgamento político. 
 
A simples clareza cívica (que consiste no ensino da organização do Estado e dos 
deveres do cidadão) é insuficiente, o que mais importa é a consciência do educando 
como agente dos processos sociopolítico que está inserido. Isso vale como instrução 
para a prática da cidadania em todas suas dimensões (Cidadania Nacional, Cidadania 
no Trabalho, Cidadania Ambiental, etc.). 
 Portanto, é dever do cidadão procurar participar da vida política da escola e/ou 
cobrar que condições dignas do ensino e educação prevaleçam. Devemos lembrar que 
a educação abrange todos os níveis políticos, institucionais e sociais. A família, a igreja, 
as associações, etc. 
 32 
CIDADANIA E MEIO AMBIENTE 
Estamos vivenciando um contexto histórico marcado pelas degradações 
ambientais. A luta em prol ao meio ambiente infere na construção de outra dimensão da 
Cidadania. O conceito de Cidadania Ambiental é recente, advém de reflexões sobre a 
relação homem-natureza, da necessidade de mudanças paradigmáticas do 
desenvolvimento econômico e de alterações substanciais emnossas práticas sociais 
pautadas no consumismo. 
O conceito ganhou força a partir da década de 1960, com o surgimento de 
movimentos ambientalistas e ecologistas. As lutas de minorias étnicas – “os povos da 
floresta” – ligadas aos recursos naturais, acabaram por coincidir com as lutas 
ambientalistas, daí completando o conceito para: Cidadania Socioambiental. A 
Cidadania Socioambiental foge da ideologia preservacionista, que defende que o 
homem não tem direito de fazer alterações na natureza. 
Este tipo de conduta leva ao que o sociólogo Antônio Carlos Diegues denominou 
de “Mito da Natureza Intocada”. O preservacionismo – ainda presente em muitos 
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movimentos ambientalistas – deu consequência à expulsão de populações tradicionais 
e/ou povos da floresta de seus territórios pelas construções de Parques Nacionais de 
preservação ambiental. O complemento “sócio” busca uma perspectiva mais holística, 
pressupondo a relação homemnatureza, ou melhor, sociedade e natureza. E a cidadania 
está em dar um caráter sustentável e agregar valores morais a essa relação, o que 
implica em transformações sociais de duas dimensões: 
- Dimensão Objetiva – no plano de implantações de políticas 
socioambientais e de um plano efetivo de educação socioambiental. 
- Dimensão Subjetiva – que diz respeito a mudanças no plano cultural: 
consumismo, antropocentrismo, desperdício e individualismo. 
Nesse sentido, cabe ao cidadão tomar atitudes éticas; saber o que consome e o 
que compra; procurar conhecer as ações e projetos socioambientais de seus 
representantes políticos; mobilizar e assumir um papel mais propositivo na luta 
participativa por implementações de práticas de políticas socioambientais, etc. 
Sendo assim, a problemática das questões ambientais diz respeito não só às 
questões de Cidadania, mas também a de Direitos Humanos. Se a construção da 
Cidadania socioambiental não for projeto imediato, o futuro e dignidade das próximas 
gerações estão comprometidos. Para isso, demanda a emergência de novos saberes e 
práticas políticas, capazes de apreender as complexidades da realidade social e 
ambiental. 
 
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA 
 
“Não se insistirá nunca o bastante sobre o fato de que a ascensão dos direitos é 
fruto de lutas, que os direitos são conquistados, às vezes, com barricadas, em um 
processo histórico cheio de vicissitudes, por meio do qual as necessidades e as 
aspirações se articulam em reivindicações e em estandartes de luta antes de serem 
reconhecidos como direitos.” (Ignacy Sachs, 1998) 
 Direitos Humanos, assim como a Cidadania, é um dos temas mais debatidos 
atualmente. Ambos se entrecruzaram no decorrer da história ocidental, em movimento 
de encontro e desencontro de debates, associações, esclarecimentos, por diversas 
correntes de pensamento político - jurídico - filosófico, ganhando sentidos, significâncias 
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e considerações variadas. Hoje, a questão dos Direitos Humanos (associada à 
Cidadania) é a questão da Condição Humana, no sentido colocado por Hannah Arendt. 
Hannah Arendt, Norberto Bobbio e outros teóricos se propuseram a retomar 
criticamente o pensamento político-jurídico ocidental para reconstruir novas reflexões 
acerca das bases morais e empíricas dos Direitos Humanos. Isso, devido às 
consequências infligidas pelas Guerras Mundiais e o surgimento de regimes totalitários 
(nazismo) – como organização social– que colocaram em evidência os limites morais da 
humanidade. 
Os acontecimentos do Breve século XX exigem, assim, não só que teóricos 
retornem à questão, mas sim toda a humanidade. O tema ainda, apesar das longas 
discussões, é pouco 34 explorado em reflexões coletivas públicas. Constata-se que em 
países em desenvolvimento, os Direitos Humanos é um tema que não está incorporado 
à vida política, como o conceito/prática de Cidadania e muitas vezes é até distorcido. 
Ao contrário, nos países desenvolvidos a questão já é presente nos discursos e 
no espírito político e a margem de conscientização a respeito é bem maior nas camadas 
baixas (socioeconomicamente) da sociedade, do que nos países de terceiro mundo. 
Infelizmente, no Brasil e na América Latina acontece desta forma, onde os 
acontecimentos vividos em longos anos de ditadura e tortura poderiam conduzir às 
próximas gerações discussões sobre Direitos Humanos, não o conduziram na proporção 
que deveriam. 
O que se vê atualmente são as discussões ainda fragmentadas acerca de 
questões raciais, étnicas, anistiados, etc. A esperança é que estas discussões, aliadas 
à da cidadania, se ampliem cada vez mais em todos os setores sociais. 
 
O QUE SÃO DIREITOS HUMANOS? 
Das Origens 
Apesar da simplicidade do termo, poucos conhecem os aspectos que 
fundamentam os direitos humanos. Isso leva a uma generalização reducionista, dando 
consequência ao vilipêndio do tema pela maior parte da população. Valorar as 
discussões acerca dos Direitos Humanos e suas origens é (re) colocar a questão da 
dignidade humana (agora do homem moderno) em assunto de primeira ordem. Afinal, 
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discutir Direitos Humanos foi e é discutir parâmetros mínimos de convivência e 
respeitabilidade em um determinado contexto histórico. 
A questão dos Direitos humanos começou a surgir em discussões sobre Direitos 
naturais (ou Direito Natural – direito (s) que a pessoa humana possui antes mesmo da 
sociedade), teorizada e refletida desde a antiguidade clássica ocidental. Ao longo do 
tempo foi ganhando características históricas peculiares. Mas, sempre prevalecendo a 
dicotomia Direitos Naturais x Direitos Positivos, o primeiro antecedendo o último. 35 
Na antiguidade greco-romana os Direitos Naturais foram pensados a partir das 
especulações filosóficas de Aristóteles – dito “pai do Direito Natural”. Postulava a 
existência de um Direito Natural e uma Justiça Natural (ius naturale) com base na 
distinção entre natureza (φúσις physis) e direito/costume/tradição (νóμος nomos). O 
status natureza/natural designava aspectos válidos em qualquer lugar, de caráter 
universal; e o que era nomos tinha validade apenas em territórios/tempos específicos. 
Os Estoicos (séc. III a. C. ) também trabalharam a questão em que o Direito 
Natural revelava todo Direito que está racionalmente determinado pelo Logos divino. 
Mais tarde, durante a Idade Média, as discussões sobre o Direito Natural, feitas 
principalmente por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, foram conduzidas pelo 
cristianismo e pela filosofia escolástica, passando a fazer referência à Vontade Divina 
de Deus. 
Não tardou para surgirem as críticas. Contratualistas e Jusnaturalistas, correntes 
de pensamento político-jurídico-filosófica, fazendo objeções à corrente teológica (da 
Idade Média), deram outros rumos às discussões que culminaram na concepção 
moderna/liberal de Direito Natural. O jusnaturalismo (séculos XVII e XVIII) é a doutrina 
que determina a existência de direitos intrínsecos da pessoa humana, que tem validade 
em si, esses antecedem o surgimento da ordem jurídico-positiva estabelecida pelo 
Estado, e são superiores. 
 Os Contratualistas (embora tenham muitas variantes internas) compreendem a 
teoria de que a sociedadetem origem num acordo tácito entre os indivíduos livres, que 
colocaria o fim do estado natural para dar início a uma sociedade com poder estatal. Os 
principais representantes destas correntes são: Thomas Hobbes, Hugo Grócio, John 
Locke e J. J. 
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Rousseau. Estes contribuíram em grande medida para a construção 
moderna/liberal de Direito Natural, encontrando terreno fértil na nova reorganização da 
sociedade no período do Renascimento, das revoluções burguesas e do 
desenvolvimento do capitalismo. 36 
Os ideais dos Direitos Naturais– inalienáveis do indivíduo – passaram a ter 
enormes resultados políticos. Consagraram-se, em termos constitucionais e jurídicos 
modernos, dando fundamento aos Direitos Humano, na Déclaration des droits de 
l'homme et du citoyen, como já vimos, proclamada em 1789 durante a Revolução 
Francesa. Lembremos que havia dois precedentes modernos que exerceram grande 
influência: o Bills of rights inglês e a carta de Declaração da Independência dos Estados 
Unidos da América, em 1776. Todos eles amadureceram no contexto do jusnaturalismo 
e contratualismo, concebendo ao Estado a condição de órgão criador do direito. 
Na Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão foram proclamados pela 
primeira vez os direitos inatos e inalienáveis, que nascem com toda pessoa humana – 
os Direitos Humanos. Em si eles são: 
- intransferíveis 
- universais 
- indivisíveis 
 
 
A Declaração teve fortes características do individualismo liberal. Hobbes e Locke 
– principalmente – acreditavam que havia uma desconfiança de todos contra todos e por 
isso a ação cooperativa entre indivíduos – sob tutela de instituições, contratos tácitos e 
leis positivas – seria a melhor forma dos indivíduos se organizarem para garantirem seus 
direitos e poderem construir o seu próprio mundo, o que John Locke chamava de direito 
à prosperidade. Assim, a criação dos Direitos Humanos deveu-se a esses processos de 
lutas (Revolução Gloriosa, Revolução Americana e Revolução Francesa) e reflexões, 
por ampliações de leis, e alargamento da atuação cívica, no início do século XIX. Por 
isso, alguns autores afirmam que a História dos Direitos Humanos coincide com a 
História da Cidadania. 
Os Direitos Humanos, também hoje, precedem qualquer lei e não precisam, para 
seu regimento, estar inscritos em documentos jurídicos – são naturais de todos os seres 
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humanos – sem distinção de raça, sexo, nacionalidade, idade, capacidade cognitiva, 
gênero, etc. Diferem dos direitos da Cidadania, que são criados e estabelecidos pelo 
Estado, em formato de leis positiva e/ou normas. 
Alguns problemas (conceituais/práticos) surgiram na história dos Direitos 
Humanos, como a relação entre a Declaração com as Constituições, ou seja, dos 
princípios dos Direitos Naturais com a organização do Estado (por meio do Direito 
Positivo). A questão era que ou estes direitos ficam como meros princípios abstratos, ou 
como princípios ideológicos que ora podem subverter o ordenamento constitucional. Por 
exemplo, no começo, tanto na América (1776) quanto na França (1789), a Declaração 
estava em um documento separado, só depois foi-se incorporando ao texto 
constitucional. 
Questões também deste tipo surgiram no atrito teórico no próprio século XVIII, 
entre o jusnaturalistas e o utilitarismo e historicismo, ambos contrários à ideia de Direitos 
humanos. 
Era uma discussão conflituosa entre os abstratos direitos, seu valor e os direitos 
positivos do cidadão. Este tema trouxe claramente litígios referentes à soberania do 
Estado, tendo que as exigências de garantia dos Direitos Naturais/Direitos Humanos por 
parte do Estado exigem um limite preexistente de sua atuação no território nacional. 
Para os Jusnaturalistas os Direitos eram concebidos pelo Estado com base na 
soberania dele. Já para os Contratualistas os Direitos se fundamentam no contrato 
expresso na Constituição. Posteriormente, isso foi sendo parcialmente resolvido (ou 
amenizado) com as interferências da ONU (Organizações das Nações Unidas) em 
questões sobre Direitos Humanos e Estado. Logo, a grande conquista da humanidade 
se dá nesse sentido: passa-se a exigir a presença do Estado liberal (o Estado Positivo) 
na garantia dos Direitos Naturais/Direitos Humanos dos indivíduos, e os indivíduos 
passaram a possuir direito pleno para a reivindicação, o que não acontecia antes da 
modernidade, onde os Direitos Naturais só tinha o papel de orientar o convívio social 
dos homens. 
E, ainda, o forte individualismo do século XIX tem sido superado pelo 
reconhecimento mais abrangente dos direitos sociais – fato significativo quando se 
tratam de minorias étnicas, religiosos, mulheres, crianças e adolescente. A partir disso, 
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podemos perceber que novas dimensões foram abertas e por isso a atualidade da 
discussão da Declaração Setecentista. 
ÀS QUESTÕES... 
No início do século XX pode-se dizer que a questão dos Direitos Humanos 
sucumbiu-se nos regimes totalitários, nas atrocidades dos campos de concentração 
nazista, nas descartabilidades do sistema econômico capitalista, na ubiquidade da 
pobreza, nas limpezas étnicas, etc. Foi o esfalecimento da dignidade humana. É a partir 
deste contexto que Hannah Arendt, Norberto Bobbio, Adorno e seus discípulos voltam à 
questão argumentando da importância primária da (Re) Construção dos Direitos 
Humanos. 
De primeira, reflexões de Hannah Arendt conduzem a nos perguntar: 
- Como poderíamos nos sentir à vontade (e esse sentir à vontade diz respeito à 
ausência de questionamento e ação) em um mundo em que pessoas são vítimas de 
genocídios? Não só são vítimas de um ódio generalizado sem precedente na história da 
humanidade? O que levou às práticas genocidas? 39 
Norberto Bobbio, em várias conferências, livros, artigos, fala do estado de 
perplexidade diante destes fatos. Argumenta que a prática do genocídio contra os 
judeus, pelo regime totalitário nazista, não tem sequer explicação lógica e moral, isso 
que é mais assombroso. Foi calculado cientificamente e executado de uma frieza nunca 
vista na história. Por quê? Por ódio? 
E faz uma breve comparação: se o amor mais nobre é aquele que é sentido não 
por um ser humano, mas por um próximo (pela pessoa humana); assim, o ódio mais 
baixo, vil, não é o sentido por um, mas por um conjunto humano (raça, etnia, povo e 
religião). Bobbio justifica ainda que as guerras são por motivos econômicos, de defesa, 
de honra, etc. Mas é incompreensível o genocídio nazista, sem sentido algum, de 
homens erga omnes. 
De outra perspectiva, Theodor Adorno caracteriza este estado moral em que a 
humanidade chegou de Barbárie: 
“Entendo por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na civilização do 
mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem atrasadas de um modo 
peculiarmente disforme em relação a sua própria civilização – e não apenas por não 
terem em sua arrasadora maioria experimentado a formação nos termos 
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