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Economia na Educação Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Rômulo Pereira Nascimento Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Jane Garcia de Carvalho Revisão Textual: Prof.a Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone 5 • Introdução • FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação • FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério Nesta unidade, vamos estudar como ocorre o financiamento da educação. Iniciaremos por estudar o que é o FNDE. Em seguida, estudaremos o que são o FUNDEF e o FUNDEB. Nosso objetivo é que você execute as atividades com autonomia a partir da leitura dos textos disponibilizados nesta unidade, da participação no fórum de discussão, do acompanhamento da videoaula e da realização da atividade de sistematização, que é composta por questões de autocorreção. Conte com o tutor para qualquer situação em que sua interferência seja necessária. Dedique-se ao estudo. Seja responsável pelo seu aprendizado. Ele será proporcional ao seu empenho para a realização das atividades propostas. · Nesta unidade, conheceremos o FNDE, o FUNDEF e o FUNDEF, importantes fundos e organismos para o financiamento da educação no Brasil. · Nosso objetivo é que você execute as atividades com autonomia a partir da leitura dos textos disponibilizados nesta unidade, da participação no fórum de discussão e do acompanhamento da videoaula. · Dedique-se ao estudo. Lembre-se de que seu aproveitamento será proporcional ao seu empenho para a realização das atividades propostas. Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização • Ações de manutenção e desenvolvimento do ensino - MDE • FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério • Considerações sobre o FUNDEF E FUNDEB 6 Unidade: Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização Nesta unidade vamos estudar o financiamento da educação conhecendo suas principais fontes de recursos e formas de organização. Será que há uma relação direta entre aplicação de recursos e qualidade da educação? Os recursos devem ser usados para pagamento de salários para os profissionais da educação? Reflita! Estude! Este conhecimento é fundamental para o exercício consciente da cidadania. Contextualização O que é o FNDE? Qual a importância de estudar o FUNDEF? Qual é a função do FUNDEB? 7 A organização do sistema educacional brasileiro, segundo a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), caracteriza-se pela divisão de competências e responsabilidades entre União, estados e municípios, o que se aplica também ao financiamento e à manutenção dos diferentes níveis, etapas e modalidades da educação e do ensino. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é responsável pelo financiamento, normatização, coordenação, acompanhamento, fiscalização, cooperação técnica e avaliação da efetividade da aplicação dos recursos financeiros. É o órgão responsável pela execução da maioria das ações e dos programas da Educação Básica do Brasil, como a alimentação e o transporte escolar, além de atuar também na Educação Profissional e Tecnológica e no Ensino Superior. Embora tenha um papel central na garantia de um ensino de qualidade nas escolas públicas, o FNDE ainda é um órgão desconhecido de grande parte da sociedade. Compreender o que essa autarquia do MEC realiza e como ela funciona é fundamental para acompanhar o que é feito com os recursos disponíveis para a Educação. Finalidades e Objetivos do FNDE O FNDE foi criado, oficialmente, pela lei nº 5.537, de 21 de novembro de 1968. Ele surgiu para ser um órgão de excelência na execução de políticas públicas. A função das secretarias do MEC é pensar as políticas educacionais, já a do FNDE é executá-las. O papel das secretarias do MEC é cuidar do conteúdo e da avaliação das ações, e o trabalho do FNDE é executá-las. O FNDE é responsável por executar parte das ações do MEC relacionadas à Educação Básica, prestando auxílio financeiro e técnico aos municípios e executando ações que contribuam para uma Educação de qualidade. O FNDE tem como finalidade captar recursos financeiros e canalizá-los para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa, de acordo com as diretrizes do planejamento nacional da Educação. A execução de alguns projetos relacionados à Educação Superior e ao Ensino Técnico também é de responsabilidade do FNDE. Introdução FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação 8 Unidade: Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização Fonte dos Recursos do FNDE Os recursos do FNDE vêm de várias fontes, como dos impostos das loterias e, principalmente, do salário-educação, um tributo de 2,5% descontado da folha de pagamento das empresas. O FNDE realiza ações para a rede pública de ensino e para as escolas que mantêm convênios com as prefeituras. É responsável por ações que vão desde projetos de melhoria da infraestrutura das escolas à execução de políticas públicas. Entre os programas estão: Alimentação Escolar, Biblioteca da Escola, Brasil Profissionalizado, Caminhos da Escola, Dinheiro Direto na Escola, Programa Nacional do Livro Didático, Plano de Ações Articuladas, Proinfância e Transporte Escolar, por exemplo. Além de realizar esses programas, o FNDE também é responsável por repassar o Fundeb para os estados. Transferência de recursos feitos pelo FNDE Existem três tipos de repasse de recursos: as transferências diretas, as transferências voluntárias e a execução direta, que é a transferência do produto e não do dinheiro, como nos programas do Programa Nacional do Livro Didático e do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). As transferências diretas, também chamadas de legais ou constitucionais, são os repasses determinados por lei ou pela Constituição. Para recebê-las, o município não precisa pedir, e é responsabilidade do FNDE repassá-las automaticamente todos os meses. O Fundeb e os repasses para a merenda escolar são exemplos de transferências diretas. As transferências voluntárias são aquelas feitas por convênios, em que os municípios têm que assinar um acordo com o FNDE para receber os repasses. O programa Caminhos da Escola, o Plano de Ações Articuladas (PAR) e os projetos de construção de escolas e creches são exemplos dessa modalidade. Fiscalização e controle social do FNDE 9 A Controladoria Geral da União (CGU) deve acompanhar o que é feito pelo FNDE. Além disso, todos os anos, as contas da entidade são analisadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A sociedade e o cidadão podem e devem acompanhar as transações por meio da Câmara Municipal e dos conselhos do Fundeb. O FNDE envia a esses órgãos um relatório com a descrição de todos os recursos repassados aos municípios. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) foi instituído pela Emenda Constitucional n.º 14, de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei n.º 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997 e vigorou até 2006. O FUNDEF foi implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental. A maior inovação do FUNDEF consistiu na mudança da estrutura de financiamento do Ensino Fundamental no país ao subvincular a esse nível de ensino uma parcela dos recursos constitucionalmente destinados à Educação. A Constituição de 1988 vincula 25% das receitas dos Estados e Municípios à Educação. Com a Emenda Constitucional nº 14/96, 60% desses recursos (o que representa 15% da arrecadação global de Estados e Municípios) ficam reservados ao Ensino Fundamental. Além disso, introduz novos critérios de distribuição e utilização de 15% dos principais impostos de Estadose Municípios, promovendo a sua partilha de recursos entre o Governo Estadual e seus municípios, de acordo com o número de alunos atendidos em cada rede de ensino. O FUNDEF é caracterizado como um fundo de natureza contábil, com tratamento idêntico ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), dada a automaticidade nos repasses de seus recursos aos Estados e Municípios, de acordo com coeficientes de distribuição estabelecidos e publicados previamente. As receitas e despesas, por sua vez, deverão estar previstas no orçamento, e a execução contabilizada de forma específica. Aplicação dos recursos do FUNDEF O mínimo de 60% desses recursos deve ser utilizado na remuneração dos profissionais do Magistério (professores no exercício da docência e técnicos das áreas de administração ou direção escolar, supervisão, orientação educacional, planejamento e inspeção escolar) em efetivo exercício no ensino fundamental público, e o restante (máximo de 40%), em outras ações de manutenção e desenvolvimento desse nível de ensino. FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério 10 Unidade: Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização São ações voltadas à consecução dos objetivos das instituições educacionais de todos os níveis. Inserem-se no rol dessas ações, despesas relacionadas à aquisição, manutenção e o funcionamento das instalações e equipamentos necessários ao ensino, uso e manutenção de bens e serviços, remuneração e aperfeiçoamento dos profissionais da educação, aquisição de material didático, transporte escolar, entre outros. Ao estabelecer quais despesas podem ser consideradas como de manutenção e desenvolvimento do ensino, a LDB pressupõe que o sistema coloque o foco da educação na escola e no aluno. Daí a necessidade de vinculação necessária dos recursos aos objetivos básicos da instituição educacional. Em relação aos recursos do FUNDEF, todas essas despesas devem manter vinculação com o ensino fundamental. Importante destacar que, a partir de 2007, entrou em vigor o Fundeb que mantém semelhanças com o Fundef, mas apresenta características específicas. O Fundeb é um fundo que fornece recursos para todas as etapas da Educação Básica – desde creches, Pré-escola, Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio até a Educação de Jovens e Adultos. Ele entrou em vigor em janeiro de 2007 e deve se estender até 2020 e tem como objetivo aumentar os recursos na Educação Básica e distribuir melhor esse investimento no País. Cada estado e o Distrito Federal têm um fundo que funciona, praticamente, como uma conta bancária. Os recursos dos municípios e dos estados são depositados nessas contas. Então, todo o dinheiro é somado e a União inclui sua verba. Esse total é redistribuído conforme as necessidades de cada estado. Essa distribuição é feita de acordo com o número de alunos da Educação Básica Pública. Ações de manutenção e desenvolvimento do ensino - MDE FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério 11 FUNDEB: Fonte, Distribuição e Redistribuição dos Recursos Cada estado distribui os recursos de seu próprio fundo de acordo com o número de estudantes que estão matriculados em sua rede de Educação Básica. O número de alunos é baseado nos dados do Censo Escolar do ano anterior. Esse método serve para distribuir melhor os recursos pelo país, já que leva em consideração o tamanho das redes de ensino. Quanto maior a demanda de alunos, maior os recursos destinados. As fontes dos recursos obtidos pelo Fundeb decorrem da arrecadação realizada por meio do pagamento dos impostos. Nos estados, contribuem ICMS, ITCM, IPVA e recursos do FPE – Fundo de Participação dos Estados. Nos municípios, os recursos são originados do FPM – Fundo de Participação dos Municípios e ITR. Os recursos do Fundeb são distribuídos de forma automática (sem necessidade de autorização ou convênios para esse fim) e periódica, mediante crédito na conta específica, no Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal, de cada governo estadual e municipal, nunca aos estabelecimentos de ensino. A redistribuição financeira ocorre entre Governo Estadual e seus Municípios. A distribuição é realizada com base no número de alunos da educação básica pública, de acordo com dados do último censo escolar, sendo computados os alunos matriculados nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme art. 211 da Constituição Federal. Ou seja, os Municípios recebem os recursos do Fundeb com base no número de alunos da educação infantil e do ensino fundamental e os Estados, com base no número de alunos do ensino fundamental e médio. 12 Unidade: Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização O dinheiro do Fundeb pode e deve ser usado no financiamento de todos os níveis da Educação Básica. Deve ser aplicado no pagamento do salário dos professores, diretores e orientadores educacionais, e pode ser usado também em atividades como o custeio de programas de melhoria da qualidade da educação, a formação continuada de professores, a aquisição de equipamentos, a construção e manutenção das escolas. FUNDEB – Fiscalização e Controle dos Recursos De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é responsável por coordenar e acompanhar o Fundeb, todas as movimentações do dinheiro do fundo são acompanhadas em escala federal, estadual e municipal. Para esse controle, foram criados conselhos de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, cujos integrantes são capacitados pelo Ministério da Educação. O objetivo da criação dos conselhos é fortalecer a participação da sociedade no acompanhamento e fiscalização dos gastos públicos em educação. Os membros desses grupos não recebem remuneração nem integram a estrutura administrativa do governo. O mandato dura dois anos, mas os membros podem ser reeleitos por, no máximo, mais um mandato. No âmbito municipal, cada conselho é formado por, no mínimo, 9 representantes, sendo: – 2 representantes do Poder Executivo Municipal, dos quais, pelo menos, 1 da Secretaria Municipal de Educação ou órgão educacional equivalente. Esses membros são indicados por dirigentes dos órgãos municipais e das entidades representativas dessas instâncias; – 1 diretor, 2 pais de alunos e 2 estudantes escolhidos por processo seletivo realizado por entidades representativas desses setores; – 1 professor e 1 servidor técnico-administrativo indicados por entidades sindicais. O trabalho dos conselhos soma-se ao das instâncias de controle interno, executado pelo próprio poder executivo, e externo, feito pelo Tribunal de Contas. Além disso, promotores do Ministério Público que notarem alguma irregularidade também podem entrar com uma ação civil pública contra o governo. Qualquer pessoa pode agir se souber de irregularidade na aplicação dos recursos do Fundeb. A pessoa deve procurar os membros do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb no respectivo município e apresentar a irregularidade, para que o Conselho possa comunicar formalmente os governantes responsáveis e solicitar correções. Na sequência, procurar os vereadores do município. Eles podem buscar a solução para o problema junto ao governante responsável e, se necessário, encaminhar o caso a instâncias de fiscalização e controle. Se a questão não for resolvida, o cidadão pode encaminhar as informações e documentos disponíveis ao Ministério Público, via promotor de justiça, e ao Tribunal de Contas do município. 13 Verifica-se que um dos principais objetivos do Fundef – o de municipalizar as matrículas do ensino fundamental – obteve êxito. A realocação de recursos que o fundo estimulou contribuiu para aumentar o número de matrículas nas redes municipais de educação no ensino fundamental, promovendo, assim, uma crescente municipalização do ensino. Mas, poroutro lado, observou- se que essa política financeira, por priorizar apenas uma etapa da educação, causou prejuízo a outras etapas e modalidades ofertadas pelas Secretarias Municipais de Educação dessas duas redes, como é o caso da pré-escola, das creches e da educação de jovens e adultos. O Fundeb significa um avanço em termos de melhoria da oferta da educação básica no país, ampliando, dessa forma, o direito à educação. Percebe-se, contudo, que, ao favorecer mais as redes estaduais, que deverão repassar menos recursos para os municípios, o Fundeb deverá contribuir mais rapidamente para a universalização do ensino médio. A educação infantil continua necessitando de uma política no que diz respeito ao seu financiamento, o mesmo acontecendo com a educação de jovens e adultos. Quanto à valorização do magistério, essa política de financiamento da educação contempla um conceito de Piso Salarial Profissional Nacional que atende a três pilares da carreira profissional: salário, formação e jornada. Contudo, ainda restará um quarto ponto para completar os elementos intrínsecos à valorização dos profissionais da educação: condições apropriadas de trabalho. Também é preciso ter claro que a entrada de novos recursos nos estados e municípios não significa, por si só, melhoria da educação. É necessário fiscalização e controle na aplicação desses recursos e cobrança de resultados, notadamente no que se refere a melhorias dos indicadores de quantidade e de qualidade da educação básica. Considerações sobre o FUNDEF E FUNDEB 14 Unidade: Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização Neste espaço você encontra sugestões de material complementar ao conteúdo desenvolvido na unidade 3. Aproveite para aprofundar e sistematizar os conhecimentos sobre FUNDEF e sobre como trabalhar com o FNDE e FUNDEB. Bom estudo e até a próxima unidade! Material Complementar Explore Assista aos dois vídeos sobre o FNDE e o FUNDEF. • Vídeo 1 - https://youtu.be/Bd-K_Ffti_w • Vídeo 2 - http://youtu.be/pZmFfKlw94w 15 DAVIES, N. Fundeb: solução ou remendo para o financiamento da educação básica? In: GOUVEIA, AB; SOUZA, AR; TAVARES, T.M. (Orgs.). Conversas sobre financiamento da educação no Brasil. Curitiba: Editora da UFPR, 2006. p. 43-70. FRANÇA, M. O financiamento da educação básica: do Fundef ao Fundeb. In: CABRAL NETO, A. et al. Pontos e contrapontos da política educacional: uma leitura contextualizada de iniciativas governamentais. Brasília: Líber Livro Editora, 2007. MONLEVADE, J. A. C. Políticas de valorização e profissionalização do magistério. Disponível em: <www.google.com.br >. Acesso em: 20 out. 2013. VERHINE, Robert, MAGALHÃES, Ana Lúcia. Custo-aluno-ano em escolas de qualidade: uma análise por contexto e oferta de ensino. In: GOUVEIA, A B; SOUZA, AR de; TAVARES, T M (Orgs.) Conversas sobre financiamento da educação no Brasil. Curitiba: Editora da UFPR, 2006. p. 89-115. Referências 16 Unidade: Financiamento da Educação: Execução, Acompanhamento e Fiscalização Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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