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Resenha livro mapa fantasma

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
 INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
 Departamento de Cartografia
	Disciplina/Turma: Cartografia Digital/TG
	Aluno: João Lucas Anselmo Eleutério – 6º Período 
	Professora: Úrsula Ruchkys de Azevedo
Resenha: “O Mapa Fantasma” de Steven Johnson
JOHNSON; Steven. O mapa fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
O autor inglês Steven Johnson em sua obra, “O Mapa Fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles”, trata a respeito da epidemia do cólera que ocorreu em Londres no ano de 1854 no bairro Soho, mais precisamente nas ruas Berwick e Broad. O livro alicerça-se nesse fato científico e propõe uma leitura densa acerca do período vivenciado e enriquece tal narrativa com ilustrações e referências pontuais. Tal história teve como protagonistas, o médico anestesiologista John Snow e o pároco auxiliar da igreja de St. Luke, Henry Whitehead. 
A história baseada na realidade se inicia com o autor fazendo uma reflexão acerca da importância dos microrganismos e dos trabalhadores da limpeza urbana, que compunham as classes baixas e possuíam uma rotina insalubre. Soho era uma ilha com pobreza proletária e indústrias malcheirosas, já que não possuía saneamento básico adequado. Desse modo, o autor utiliza dessa realidade para ambientar os leitores, e assim, propor uma reflexão acerca do cenário descrito. 
Os protagonistas da obra vivem sob essa realidade de modos distintos, dado que Henry é um padre e vive em constante conflito entre a moralidade conservadora e a sua política liberal. Já John Snow mudou-se para a região a fim de terminar seus estudos. O médico já havia presenciado casos de cólera em Newcastle e tencionava descobrir quais as causas de tal doença. Ressalta-se que os estudiosos da época apontavam a teoria do miasma (condição ruim do ar, reforçada pelo mau cheiro de Soho) e contágio (pessoa por pessoa) como as principais formas de propagação da doença. Ao conhecer a principal forma de disseminação da doença a comunidade científica objetivava a profilaxia adequada. Entretanto, John Snow questionava as duas versões supracitadas e tinha certeza que tratava-se de contaminação hídrica ancorado em duas versões, sendo elas: número de morte de doze pessoas que moravam em um mesmo cortiço e que consumiam água do mesmo poço; e, análise do gráfico de mortes por cólera em Londres onde descobriu que a maioria dessas mortes ocorriam no sul do rio Tâmisa, ou seja, os surtos de cólera estavam diretamente ligados às fontes de água.
Contudo, a comunidade científica não concordava com as proposições do médico, já que para eles os estudos expostos por John não anulava a causa mais aceita na época – a miasmática. Assim sendo, a disputa científica salta aos olhos durante a leitura e tem-se a impressão que tal concorrência é mais interessante do que acabar com a disseminação da doença. Nesse cenário houve uma passagem de tempo e surgiu um novo surto de cólera que atingiu Soho. Snow enxergava este novo fato como a chance de provar a causa da disseminação da doença.
Dessa forma, o médico passou a investigar o número de mortes a fim de evidenciar o local onde a maioria delas aconteciam. Snow então observou que os óbitos concentravam-se próximas ao poço de água da rua Broad e incitou a comitiva de saúde local a fechar o estabelecimento para evitar mais mortes. Nesse mesmo lugar existia o padre Henry que possuía uma visão diferente do médico. Apesar de conhecer os estudos de Snow, o pároco afirmava ter visto pessoas beberem água diretamente do poço e que não apresentaram qualquer sintoma de cólera. Contudo de maneira inesperada o caminho destes dois homens se cruzam e então ocorreu a resolução dos surtos de cólera. Henry tencionando refutar as teorias de John, acaba ajudando-o a compreender como ocorria a proliferação da doença. O médico de maneira minuciosa já havia mapeado, feito tratamento estatístico e encontrado a fonte da doença, já o pároco conhecia as pessoas que habitavam o local e desde o início dos surtos e estava monitorando essas famílias. Objetivando explicitar que as contaminações não havia ligação com o poço, Henry encontra relatos do primeiro caso de cólera na região e decide prosseguir com as suas investigações, e assim, encontra uma fossa que não havia sido reformada corretamente e era a causa da contaminação da água na rua Board. Com tal informação em suas mãos, Henry procurou Snow rapidamente e daí surgiu uma amizade entre os dois e a solução para o surto de cólera no Soho.
Portanto, John Snow, ancorado em suas convicções e nas informações trazidas por Henry, desenvolveu um mapa para facilitar na compreensão da epidemia de cólera. Tal representação foi um marco na cartografia, uma vez que continha informações determinantes de forma objetiva e que embasaram sua visão acerca dos surtos. Assim, o médico estava pronto para apresentar suas conclusões e desbancar a teoria miasmática de cólera que estava consolidada ante à comunidade científica. Ressalta-se que em um primeiro momento tais conclusões não foram imediatamente aceitas, mas tempos depois tornou-se uma teoria solidificada entre os cientistas.
Sendo assim, a obra aclara a importância de um mapa para entender os diversos fenômenos e processos que ocorrem em uma dada sociedade. John Snow revolucionou a maneira de se enxergar um processo epidêmico, e demonstrou que estes estão intrinsecamente ligados ao espaço urbano e que tal conexão ainda ganhará novas páginas no decorrer dos anos como pôde ser observado na recente pandemia do Covid 19. Dessa forma, representações cartográficas são elementos cruciais para conter e rastrear manifestações de doenças (pandemias e/ou epidemias) e apresentar medidas de superação.

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