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GÊNERO EM FOCO – CRONICA
A crônica a seguir trata do “exercício da crônica”, leia-a:
A moça era bonita, se chamava Fabíola e me perguntou como nascia uma crônica. Entre outras coisas. Ela era repórter do jornal da Universidade de Ouro e estava me entrevistando, tarefa que eu não desejo a ninguém, enquanto uma câmera de TV gravava tudo. Dei a resposta de sempre. Qualquer coisa pode originar uma crônica. Às vezes há um assunto em evidencia que você é obrigado a comentar, às vezes é uma coisa assim, impressionista, às vezes é pura invenção, uma frase que sugere uma história ou um cheiro no ar, um incidente banal... Os mistérios, enfim, da criação. Etcétera, etcétera. Não há vezes em que as ideias simplesmente não vêm? Há, há. Acontece muito. Com os anos as ideias parecem que vão ficando cada vez mais longe, enquanto o seu poder de convocá-las diminui. Você chama e elas não se aproximam. Você grita por socorro e elas continuam longe, lixando as unhas. Você espreme o cérebro e não pinga nada. E hoje nenhum cronista que se respeite pode recorrer ao velho truque de, não tendo assunto, escrever sobre a falta de assunto. Ou desperdiçar papel caro e o tempo do leitor com um parágrafo inteiro só de introdução. Terminada a entrevista, a moça tira um livro meu de sua bolsa. Vai pedir meu autógrafo. Mas ela mesma usa a sua caneta para escrever alguma coisa no livro antes de passá-lo para mim. Estranho. Ela está me dando meu próprio livro autografado por ela? Leio o que ela escreveu: “Luis: sua braguilha está aberta”. A minha braguilha estava aberta. Passeei por Ouro Preto e dei toda a entrevista com o zíper da calça aberto. Naquela situação em que, na infância – no meu caso, pré-zíper – nossas mães avisavam que o passarinho poderia fugir. Felizmente meu passarinho já resignou ao seu lugar. Nada de mais apareceu, a não ser que a câmera tenha flagrado algo. E eu disse para a Fabíola que ali estava um exemplo de como nasce uma crônica. Eu fatalmente usaria aquilo, num dia de ideias distantes.
(Luis Fernando Veríssimo. “Nasce uma crônica”. O Estado de São Paulo, 1/05/2003)
Faça como o autor da crônica lida: pense em uma situação corriqueira que tenha sido vivida por você e escreva sobre ela. Por exemplo: um susto, um sonho absurdo, um tropeção seguido de gargalhadas, um momento mágico na sala de aula ou numa reunião entre amigos, uma declaração de amor não correspondida, um resultado inesperado de uma avaliação escolar, um elogio ou uma bronca constrangedora na frente dos colegas, um categórico não que você ouviu de alguma pessoa, a organização de uma festa que deu ou não resultado, uma ida a um show de música, a esperada participação em um campeonato esportivo, em uma banda ou como ator ou atriz em uma peça de teatro, etc.
Siga as instruções abaixo para a elaboração de sua crônica:
a) Pense no leitor. Sua crônica será publicada num livro de crônicas da classe que vocês e seus colegas montarão no decorrer do trimestre. Pense também nos seus objetivos. você quer divertir o leitor, sensibilizá-lo ou fazê-lo refletir sobre a situação que será abordada?
b) adote um ponto de vista. Sua crônica poderá revelar sua opinião pessoal sobre a situação ou a visão de uma ou mais pessoas envolvidas na história.
c) aborde a situação procurando ir além dos fatos acontecidos. Narre com sensibilidade ou, se quiser, com humor. Como sua crônica deverá ser narrativa, lembre-se de mencionar onde aconteceu o fato e de especificar o tempo (se era de manhã, à noite, etc.). faça a apresentação dos personagens e, se quiser dar mais dinamismo à narrativa, utiliza o discurso direto. Procure contar o fato de uma forma que envolva o leitor, despertando nele o interesse pela narração e a vontade de chegar ao final dela. Se possível, guarde uma surpresa para o fim, de modo a fazer o leitor refletir ou achar graça. Escreva de forma simples e direta, procurando proximidade com o leitor, e empregue em seu texto a variedade padrão informal ou outra, de acordo coma s personagens envolvidas.
d) Faça um rascunho e só passe o seu texto a limpo depois de realizar uma revisão cuidadosa, não podendo conter rasuras e nem rabiscos. A redação deve ser entregue à caneta.

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