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1@professorferretto @prof_ferretto Realismo L0127 - (Professor Ferre�o) Língua Portuguesa Úl�ma flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro na�vo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela… Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi: "meu filho!" E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (Olavo Bilac) O poeta Olavo Bilac foi um dos maiores representantes da poesia parnasiana. O texto acima representa uma forma fixa muito u�lizada pelos escritores parnasianos, que é: a) uma ode b) uma elegia c) um haicai d) um soneto e) uma trova L0118 - (Famerp) Leia o trecho do romance O cor�ço, de Aluísio Azevedo, para responder à questão a seguir. Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas vizinhas. Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e fei�çarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda re�ntos apesar da idade. Chamavam- lhe “Bruxa”. Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata an�ga, muito séria e asseada em exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecu�vas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha �nha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no peso das compras que Florinda fazia diariamente à venda. O cor�ço, 2007. Uma relação correta entre o trecho apresentado e o movimento literário em que O cor�ço está inserido é: 2@professorferretto @prof_ferretto a) a referência cuidadosa e delicada à sexualidade dos personagens é parte de um esforço, �pico do Realismo, para apresentar o ser humano em sua totalidade sem sobrecarregar um de seus aspectos. b) a caracterização dos personagens como indivíduos únicos e isolados da cole�vidade, deixando em segundo plano suas relações sociais, é um traço �pico do Naturalismo. c) a preferência dos personagens pela razão e seu desprezo pela fé, em uma estratégia para valorizar a ciência e a obje�vidade e desvalorizar a religião, são caracterís�cas do Realismo. d) a valorização da vida perto da natureza, com personagens que abrem mão dos métodos e dos objetos frutos da tecnologia para se ligarem à tranquilidade de uma vida sem máquinas, é uma caracterís�ca do Naturalismo. e) a descrição das caracterís�cas vulgares dos personagens e a frequente associação entre homens e animais, que ajudam a estabelecer uma concepção biológica do mundo, são caracterís�cas do Naturalismo. L0126 - (Enem) Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! (CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.) Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temá�ca, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento ín�mo torna-se mais ameno quando compar�lhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sen�mento de inveja. d) o ins�nto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo. e) a transfiguração da angús�a em alegria é um ar��cio nocivo ao convívio social. L0120 - (Enem) Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que �nham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era muito seco de maneiras, �nha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste par�cular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim �nha sen�mentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o bene�cio não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe �rar o retrato a óleo. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o es�lo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao 3@professorferretto @prof_ferretto a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injus�çado na divisão da herança paterna. b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade, com que Cotrim prendia e torturava os escravos. c) considerar os “sen�mentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara. d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades. e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo. L0125 - (Espcex) Os parnasianos acreditavam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de emoção e fantasia do Roman�smo e, ao mesmo tempo, garan�ndo o equilíbrio que almejavam. Propunham uma poesia obje�va, de elevado nível vocabular, racionalista, bem-acabada do ponto de vista formal e voltada para temas universais. Esse racionalismo, que enfrentava os “exageros de emoção” e fixava-se no formalismo, fica bem claro na seguinte estrofe parnasiana de Olavo Bilac: a) E eu vos direi: “Amai para entendê-las!/Pois só quem ama pode ter ouvido/Capaz de ouvir e de entender estrelas.” b) Não me basta saber que sou amado,/Nem só desejo o teu amor: desejo/Ter nos braços teu corpo delicado,/Ter na boca a doçura de teu beijo. c) Pois sabei que é por isso que assim ando:/Que é dos loucos somente e dos amantes/Na maior alegria andar chorando. d) Mas que na forma se disfarce o emprego/Do esforço; e a trama viva se construa/De tal modo, que a imagem fiquenua,/Rica, mas sóbria, como um templo grego. e) Esta melancolia sem remédio,/Saudade sem razão, louca esperança/Ardendo em choros e findando em tédio. L0117 - (Acafe) “Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltavam para o exame e para a crí�ca da realidade, o Parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, com todos os seus ingredientes: o princípio do belo na arte, a busca do equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o sen�do maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não na sua relação com o mundo exterior.” CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 334. Sobre o Parnasianismo, assinale a alterna�va correta. a) Os maiores expoentes do Parnasianismo, na poesia e na prosa, ocuparam-se da literatura indianista, na qual exaltavam a dignidade do na�vo e a beleza superior da paisagem tropical. b) Um exemplo de poesia parnasiana é a obra Suspiros poé�cos e saudade, de Gonçalves de Magalhães, na qual o poeta anuncia a revolução literária, libertando- se dos modelos român�cos, considerados ultrapassados. c) Os parnasianos consideravam que certos princípios român�cos, como a simplicidade da linguagem, valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiros, sen�mentalismo, tudo isso ocultava as verdadeiras qualidades da poesia. d) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa exemplificam a tendência de uma poesia pura, indiferente às con�ngências históricas, com sá�ra à mes�çagem e elogio à nobreza local. L0122 - (Unifesp) Considere o trecho de O Cor�ço, de Aluísio Azevedo. Uma aluvião de cenas, que ela [Pombinha] jamais tentara explicar e que até ali jaziam esquecidas nos meandros do seu passado, apresentavam-se agora ní�das e transparentes. Compreendeu como era que certos velhos respeitáveis, cuja fotografia Léonie lhe mostrou no dia que passaram juntas, deixavam-se vilmente cavalgar pela loureira, ca�vos e submissos, pagando a escravidão com a honra, os bens, e até com a própria vida, se a pros�tuta, depois de os ter esgotado, fechava-lhes o corpo. E con�nuou a sorrir, desvanecida na sua superioridade sobre esse outro sexo, vaidoso e fanfarrão, que se julgava senhor e que, no entanto, fora posto no mundo simplesmente para servir ao feminino; escravo ridículo que, para gozar um pouco, precisava �rar da sua mesma ilusão a substância do seu gozo; ao passo que a mulher, a senhora, a dona dele, ia tranquilamente desfrutando o seu império, endeusada e querida, prodigalizando mar�rios, que os miseráveis aceitavam contritos, a beijar os pés que os deprimiam e as implacáveis mãos que os estrangulavam. — Ah! homens! homens! ... sussurrou ela de envolta com um suspiro. No texto, os pensamentos da personagem 4@professorferretto @prof_ferretto a) recuperam o princípio da prosa naturalista, que condena os assuntos repulsivos e bes�ais, sem amparo nas teorias cien�ficas, ligados ao homem que põe em primeiro plano seus ins�ntos animalescos. b) elucidam o princípio do determinismo presente na prosa naturalista, revelando os homens e as mulheres conscientes dos seus ins�ntos em função do meio em que vivem e, sobretudo, capazes de controlá-los. c) trazem uma crí�ca aos aspectos animalescos próprios do homem, mas, por outro lado, revelam uma forma de Pombinha submeter a muitos deles para obter vantagens: eis aí um princípio do Realismo rechaçado no Naturalismo. d) constroem uma visão de mundo e do homem idealizada, o que, em certa medida, afronta o referencial em que se baseia a prosa naturalista, que define o homem como fruto do meio, marcado pelo apelo dos seus sen�dos. e) consubstanciam a concepção naturalista de que o homem é um animal, preso aos ins�ntos e, no que dizem respeito à sexualidade, vê-se que Pombinha considera a mulher superior ao homem, e esse conhecimento é uma forma de se obterem vantagens. L0124 - (Unicamp) As Ondas Entre as trêmulas mornas arden�as, A noite no alto-mar anima as ondas. Sobem das fundas úmidas Golcondas, Pérolas vivas, as nereidas frias: Entrelaçam-se, correm fugidias, Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas, Vestem as formas alvas e redondas De algas roxas e glaucas pedrarias. Coxas de vago ônix, ventres polidos De alabastro, quadris de argêntea espuma, Seios de dúbia opala ardem na treva; E bocas verdes, cheias de gemidos, Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma, Soluçam beijos vãos que o vento leva... (Olavo Bilac, Tarde. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1919, p.48) Arden�a: s.f. fosforescência sobre as ondas do mar, à noite. Golconda: s. f. (fig.) mina de riquezas. Nereida: s.f. cada uma das ninfas do mar, filhas de Nereu. (Disponíveis em www.aulete.com.br/ Acessado em 30/07/2021.) Em relação ao soneto de Olavo Bilac (no contexto de sua época), é correto afirmar que a seleção lexical favorece a a) descrição obje�va que o eu lírico faz da fantasia amorosa recorrendo à riqueza mineral do oceanos. b) representação esté�ca que o eu lírico faz do desejo amoroso associado a fenômenos naturais. c) descrição cien�fica que o eu lírico faz do corpo feminino recorrendo a fenômenos da natureza. d) representação natural que o eu lírico faz do jogo de sensualidade associado à mitologia grega. L0121 - (Insper) Texto I (...) No lampejo de seus grandes olhos pardos brilhavam irradiações da inteligência. (...) O princípio vital da mulher abandonava seu foco natural, o coração, para concentrar-se no cérebro, onde residem as faculdades especula�vas do homem. (...) Era realmente para causar pasmo aos estranhos e susto a um tutor, a perspicácia com que essa moça de dezoito anos apreciava as questões mais complicadas; o perfeito conhecimento que mostrava dos negócios, a facilidade com que fazia, muitas vezes de memória, qualquer operação aritmé�ca por muito di�cil e intrincada que fosse. Não havia porém em Aurélia nem sombra do ridículo pedan�smo de certas moças, que tendo colhido em leituras superficiais algumas noções vagas, se metem a tagarelar de tudo. (ALENCAR, José de. Senhora. SP: Editora Á�ca, 1980.) Texto II Aquela pobre flor de cor�ço, escapando à estupidez do meio em que desabotoou, �nha de ser fatalmente ví�ma da própria inteligência. À míngua de educação, seu espírito trabalhou à revelia, e atraiçoou-a, obrigando-a a �rar da substância caprichosa da sua fantasia de moça ignorante e viva a explicação de tudo que lhe não ensinaram a ver e sen�r. (...) Pombinha, só com três meses de cama franca, fizera-se tão perita no o�cio como a outra; a sua infeliz inteligência nascida e criada no modesto lodo da estalagem, medrou admiravelmente na lama forte dos vícios de largo fôlego; fez maravilhas na arte; parecia adivinhar todos os segredos daquela vida; seus lábios não tocavam em ninguém sem �rar sangue; sabia beber, gota a gota, pela boca do homem mais avarento, todo dinheiro que a ví�ma pudesse dar de si. (AZEVEDO, Aluísio. O cor�ço. SP: Editora Á�ca, 1997.) 5@professorferretto @prof_ferretto Considerando as descrições presentes nos fragmentos transcritos, é correto afirmar que a) o texto I filia-se ao Roman�smo, uma vez que nele a heroína é reflexo, em grande medida, das circunstâncias do ambiente em que se criou. b) o texto I filia-se ao Roman�smo, já que nele a figura feminina é descrita sob o prisma da idealização. c) o texto I filia-se ao Naturalismo, pois as habilidades da personagem são naturais no meio em que vive. d) o texto II filia-se ao Realismo, já que a figura feminina é descrita de forma fiel à realidade do período histórico em que está inserida. e) o texto II filia-se ao Naturalismo, pois nele a personagem cons�tui uma representação inequívoca do perfil feminino �pico. L0123 - (Ucpel) Texto 1 O Úl�mo Poema Manuel Bandeira Assim eu quereria o meu úl�mo poema. Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que �vesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidosA paixão dos suicidas que se matam sem explicação. Disponível em: <h�p://www.releituras.com/mbandeira_ul�mo.asp>. Acesso em: 07 nov. 2016. Texto 2 AMAR E SER AMADO Castro Alves Amar e ser amado! Com que anelo Com quanto ardor este adorado sonho Acalentei em meu delírio ardente Por essas doces noites de desvelo! Ser amado por �, o teu alento A bafejar-me a abrasadora frente! Em teus olhos mirar meu pensamento, Sen�r em mim tu’alma, ter só vida P’ra tão puro e celeste sen�mento Ver nossas vidas quais dois mansos rios, Juntos, juntos perderem-se no oceano, Beijar teus lábios em delírio insano Nossas almas unidas, nosso alento, Confundido também, amante, amado Como um anjo feliz... que pensamento!? Disponível em: <h�ps://pensador.uol.com.br/frase/ NTU2MTQw/>. Acesso em: 07 nov. 2016. Texto 3 Livre Cruz e Sousa Livre! Ser livre da matéria escrava, arrancar os grilhões que nos flagelam e livre penetrar nos Dons que selam a alma e lhe emprestam toda a etérea lava. Livre da humana, da terrestre bava dos corações daninhos que regelam, quando os nossos sen�dos se rebelam contra a Infâmia bifronte que deprava. Livre! bem livre para andar mais puro, mais junto à Natureza e mais seguro do seu Amor, de todas as jus�ças. Livre! para sen�r a Natureza, para gozar, na universal Grandeza, Fecundas e arcangélicas preguiças. Disponível em: <h�p:/www.poesiaspoemaseversos.com.br/cruz-e- sousa-poemas/>. Acesso em: 07 nov. 2016. Sobre os textos é correto afirmar que: a) O texto 3 demonstra a temá�ca presente nas poesias român�cas da segunda geração, ou seja, o desejo pela liberdade. b) O texto 2 é um soneto que representa o valor métrico atribuído ao parnasianismo. c) Os textos 1 e 3 demonstram a liberdade representada ora na escrita e ora no tema, algo representa�vo para o roman�smo. d) O texto 2 demonstra a preocupação do eu lírico com a questão da efemeridade da vida e a busca pelo prazer, algo representa�vo na primeira geração do roman�smo. e) O texto 1 demonstra a liberdade de expressão e criação poé�ca, sem preocupação com a linguagem, caracterís�ca presente nas produções literárias do modernismo. L0116 - (Upe-ssa) Texto 1 Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como 6@professorferretto @prof_ferretto ostentasse certa arrogância, não se dis�nguia bem se era uma criança, com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das an�gas baladas, que o roman�smo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros. Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensa�va, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me ca�vou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é cas�ssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me ca�vou foi uma dama espanhola, Marcela, a “linda Marcela”, como lhe chamavam os rapazes do tempo. E �nham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, ví�ma da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela �nha apenas doze anos. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis Texto 2 Durante dois anos, o cor�ço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo. Posto que lá na Rua do Hospício os seus negócios não corressem mal, custava-lhe a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro “aquele �po! um miserável, um sujo, que não pusera nunca um paletó, e que vivia de cama e mesa com uma negra!” À noite e aos domingos, ainda mais recrudescia o seu azedume, quando ele, recolhendo-se fa�gado do serviço, deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à mesa da sala de jantar, e ouvia, a contragosto, o grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais cansados. Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum de bestas no coito. E depois, fechado no quarto de dormir, indiferente e habituado às torpezas carnais da mulher, isento já dos primi�vos sobressaltos que lhe faziam, a ele, ferver o sangue e perder a tramontana, era ainda a prosperidade do vizinho o que lhe obsedava o espírito, enegrecendo- lhe a alma com um feio ressen�mento de despeito. Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna, sem precisar roer nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico três vezes do que ele, não teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda de algum fazendeiro freguês da casa! Mas então, ele Miranda, que se supunha a úl�ma expressão da ladinagem e da esperteza; ele, que, logo depois do seu casamento, respondendo para Portugal a um ex-colega que o felicitava, dissera que o Brasil era uma cavalgadura carregada de dinheiro, cujas rédeas um homem fino empolgava facilmente; ele, que se �nha na conta de invencível matreiro, não passava afinal de um pedaço de asno comparado com o seu vizinho! Pensara fazer-se senhor do Brasil e fizera-se escravo de uma brasileira mal-educada e sem escrúpulos de virtude! Imaginara-se talhado para grandes conquistas, e não passava de uma ví�ma ridícula e sofredora!... Sim! no fim de contas qual fora a sua África?... Enriquecera um pouco, é verdade, mas como? a que preço? hipotecando- se a um diabo, que lhe trouxera oitenta contos de réis, mas incalculáveis milhões de desgostos e vergonhas! Arranjara a vida, sim, mas teve de aturar eternamente uma mulher que ele odiava! E do que afinal lhe aproveitar tudo isso? Qual era afinal a sua grande existência? Do inferno da casa para o purgatório do trabalho e vice-versa! Invejável sorte, não havia dúvida! O Cor�ço, de Aluízio de Azevedo Considerando as caracterís�cas temá�cas e es�lís�cas dos textos 1 e 2, analise as proposições a seguir. I. O Texto 1 é um trecho de um importante romance de Machado de Assis, o qual destaca episódios da vida do próprio autor. II. No Texto 1, é possível perceber costumes do co�diano burguês numa cidade do século XIX, levando o leitor a constatar, pela postura individual do protagonista, um segmento social dosado de humor nas suas próprias experiências. III. No Texto 2, é apresentado o comportamento decadente da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX, em que prevalece o interesse individual. IV. As personagens de Aluísio Azevedo, em O Cor�ço, são alicerçadas nas ideias de Taine, presas ao ambiente e à hereditariedade, limitadas pelas questões sociais e pelo meio onde vivem suas experiências. Estão CORRETAS: a) I, II, III e IV. b) I, III e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) II e IV, apenas. 7@professorferretto @prof_ferretto L0128 - (Professor Ferre�o) “Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que eu �nha no cérebro. Uma vez pen durada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de vola�m, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te.” (Memórias póstumasde Brás Cubas – Machado de Assis) Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que: a) o autor faz uma abordagem superficial da situação. b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição. c) o autor dá relevância a outras circunstân cias, negligenciando o foco do assunto. d) o autor não mostra preocupação com o discer nimento do leitor, pois apenas sugere situações. e) contempla a si próprio, num ritual egocêntrico e narcisista. L0114 - (Espm) A zoomorfização na Literatura, a des peito de qualquer outra caracterís�ca es� lís�ca, sempre esteve presente, no entanto, aparece principalmente nas obras com ca - racterís�cas realistas que, em contraponto àquelas com aspectos mais român�cos, têm o intento de retratar as mazelas da socieda de como espelho. (...) Fez-se necessário uma Literatura condi zente com o real e, para tanto, a zoomorfiza ção de personagens foi u�lizada com maior ênfase. Paralelo ao Realismo, o Naturalismo é o momento em que mais se verifica este fenômeno. (Uesla Lima Soares, O Animal Humano: Os paradigmas da zoomorfização social e sua representação literária, Anais do Fes�val Literário de Paulo Afonso, 2017) [O zoomorfismo] ocorre quando “o que é próprio do homem se estende ao animal e permite, por simetria, que o que é próprio do animal se estenda ao homem.” (Antonio Cândido, De Cor�ço a Cor�ço, Novos Estu dos CEBRAP, 1991). Considere as seguintes afirmações: I. A zoomorfização se opôs frontalmente às idealizações român�cas, sendo uma carac terís�ca exclusiva do Naturalismo. II. Segundo Antonio Candido, não é possível haver dis�nção entre ser humano e animal, no sen�do de que um cede caracterís�ca ao outro e vice-versa. III. A definição de Antonio Candido sobre zoomorfismo é construída por meio de um processo chamado quiasmo. A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que: a) somente I está correta. b) somente II está correta. c) somente III está correta. d) somente I e II estão corretas. e) somente I e III estão corretas. L0115 - (Fuvest) I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas par�culares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me re�rei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos. *ágil II. Meu caro crí�co, Algumas páginas atrás, dizendo eu que �nha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a su�leza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha-me Deus! É preciso explicar tudo. Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. A passagem final do texto II – “Valha-me Deus! é preciso explicar tudo.” – denota um elemento presente no es�lo do romance, ou seja, a) o realismo, visto no rigor explica�vo dos fatos. b) a religiosidade, que se socorre do auxílio divino. c) o humor, capaz de rela�vizar as ideias. d) a metalinguagem, que imprime linearidade à narração. e) a ironia, própria do discurso posi�vo. L0119 - (Fgvrj) 8@professorferretto @prof_ferretto Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. Ao configurar as Memórias póstumas de Brás Cubas como narra�va em primeira pessoa, conforme se verifica no trecho, Machado de Assis a) deu um passo decisivo em direção ao Realismo, adotando os procedimentos mais �picos dessa escola. b) visa a cri�car o subje�vismo român�co e os excessos sen�mentalistas em que este incorrera. c) deu a palavra ao proprietário escravista e ren�sta brasileiro do Oitocentos, para que ele próprio exibisse sua desfaçatez. d) parodia as Memórias de um sargento de milícias, retomando o registro narra�vo que as caracterizava. e) confere confiabilidade aos juízos do narrador, uma vez que este conhece os acontecimentos de que par�cipou. L0251 - (Fuvest) Este úl�mo capítulo é todo de nega�vas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei me com um pequeno saldo, que é a derradeira nega�va deste capítulo de nega�vas: – Não �ve filhos, não transmi� a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. Não sei por que até hoje todo o mundo diz que �nha pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz. Ser obrigada a ficar à toa é que seria cas�go para mim. Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada em casa”. Helena Morley, Minha vida de menina. São caracterís�cas dos narradores Brás Cubas e Helena, respec�vamente, a) malícia e ingenuidade. b) solidariedade e egoísmo. c) apa�a e determinação. d) rebeldia e conformismo. e) o�mismo e pessimismo. L0252 - (Fuvest) Este úl�mo capítulo é todo de nega�vas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei me com um pequeno saldo, que é a derradeira nega�va deste capítulo de nega�vas: – Não �ve filhos, não transmi� a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. Não sei por que até hoje todo o mundo diz que �nha pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz. Ser obrigada a ficar à toa é que seria cas�go para mim. Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada em casa”. Helena Morley, Minha vida de menina. Nos dois textos, obtém-se ênfase por meiodo emprego de um mesmo recurso expressivo, como se pode verificar nos seguintes trechos: 9@professorferretto @prof_ferretto a) “Este úl�mo capítulo é todo de nega�vas” / “Eu não penso assim”. b) “Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento” / “Não sei por que até hoje todo o mundo diz que �nha pena dos escravos”. c) “Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto” / “Ser obrigada a ficar à toa é que seria cas�go para mim”. d) “qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra” / “Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa”. e) “Não �ve filhos, não transmi� a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” / “Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz”. L0255 - (Fuvest) O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, 1mas um só ruído compacto que enchia todo o cor�ço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e rezingas**; 2ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sen�a-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, 3o prazer animal de exis�r, a triunfante sa�sfação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cor�ço iam e vinham como formigas; fazendo compras. Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa. – Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na porta, ouviu? Aluísio Azevedo, O cor�ço. * ensarilhar-se: emaranhar-se. ** rezinga: resmungo. Uma caracterís�ca do Naturalismo presente no texto é: a) forte apelo aos sen�dos. b) idealização do espaço. c) exaltação da natureza. d) realce de aspectos raciais. e) ênfase nas individualidades. L0256 - (Fuvest) O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, 1mas um só ruído compacto que enchia todo o cor�ço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se* discussões e rezingas**; 2ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sen�a-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, 3o prazer animal de exis�r, a triunfante sa�sfação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cor�ço iam e vinham como formigas; fazendo compras. Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa. – Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na porta, ouviu? Aluísio Azevedo, O cor�ço. * ensarilhar-se: emaranhar-se. ** rezinga: resmungo. Cons�tui marca do registro informal da língua o trecho a) “mas um só ruído compacto” (ref. 1). b) “ouviam-se gargalhadas” (ref. 2). c) “o prazer animal de exis�r” (ref. 3). d) “gritou ela para baixo” (ref. 4). e) “bata na porta” (ref. 5). L0266 - (Fuvest) . Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas par�culares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me re�rei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos. *ágil II. Meu caro crí�co, Algumas páginas atrás, dizendo eu que �nha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a su�leza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha-me Deus! É preciso explicar tudo. Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. 10@professorferretto @prof_ferretto Entre os dois trechos do romance, nota-se o movimento que vai da memória de vivências à revisão que o defunto autor faz de um mesmo episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do mesmo livro, que melhor sinte�za essa duplicidade narra�va, é: a) “A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que mul�plica a espécie, e o nariz, que a subordina ao indivíduo”. b) “Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a �nta da melancolia, e não é di�cil perceber o que poderá sair desse conúbio”. c) “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito do livro és tu, leitor”. d) “Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramá�ca”. e) “Não havia ali a atmosfera somente da águia e do beija-flor; havia também a da lesma e do sapo”. L0267 - (Fuvest) I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto* como nos primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e ligeiro das conversas par�culares. E não me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me re�rei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no fundo do carro? Os meus cinquenta anos. *ágil II. Meu caro crí�co, Algumas páginas atrás, dizendo eu que �nha cinquenta anos, acrescentei: “Já se vai sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual estado; mas eu chamo a tua atenção para a su�leza daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase da narração da minha vida experimento a sensação correspondente. Valha-me Deus! É preciso explicar tudo. Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. A passagem final do texto II – “Valha-me Deus! é preciso explicar tudo.” – denota um elemento presente no es�lo do romance, ou seja, a) o realismo, visto no rigor explica�vo dos fatos. b) a religiosidade, que se socorre do auxílio divino. c) o humor, capaz de rela�vizar as ideias. d) a metalinguagem, que imprime linearidade à narração. e) a ironia, própria do discurso posi�vo. L0275 - (Fuvest) E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, – coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que eu não me quero senão com dissimulados. Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. 1E não se pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da caridade, podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se explica o ar�go que a mesma folha trouxe no número seguinte, nomeando, par�cularizando e glorificando as outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”. Machado de Assis, Quincas Borba. Considerando o contexto, o trecho “E não se pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse”(ref. 1) pode ser reescrito, sem prejuízo de sen�do, da seguinte maneira: E não se pense que este nome a alegrou, a) apesar de lisonjeá-la. b) antes a lisonjeou. c) porque a lisonjeava. d) a fim de lisonjeá-la. e) tanto quanto a lisonjeava. L0285 - (Fuvest) Leia os seguintes textos de Machado de Assis: I. Suave mari magno* Lembra-me que, em certo dia, Na rua, ao sol de verão, Envenenado morria Um pobre cão. Arfava, espumava e ria, De um riso espúrio e bufão, 11@professorferretto @prof_ferretto Ventre e pernas sacudia Na convulsão. Nenhum, nenhum curioso Passava, sem se deter, Silencioso, Junto ao cão que ia morrer, Como se lhe desse gozo Ver padecer. Machado de Assis. Ocidentais. * Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”). II. Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão. Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII. III. Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido: – Que foi? perguntou ele. – Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei? (...) – Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor. Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI. A analogia consiste em um recurso de expressão comumente u�lizado para ilustrar um raciocínio por meio da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias. No texto II, a analogia construída a par�r da imagem do chicote pretende sugerir que a) o instrumento do cas�go nem sempre cai em mãos justas. b) o apreço aos objetos independe do uso que se faz deles. c) o cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de culpa. d) o mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de desfrutar do poder. e) o prazer verdadeiro se experimenta no lado dos dominantes. L0300 - (Unesp) Tal movimento deriva quase todos os seus critérios de probabilidade do empirismo das ciências naturais. Baseia seu conceito de verdade psicológica no princípio de causalidade, o desenvolvimento apropriado da trama na eliminação do acaso e dos milagres, sua descrição do ambiente na ideia de que todo e qualquer fenômeno natural tem lugar numa interminável cadeia de condições e mo�vos, sua u�lização de detalhes caracterís�cos no método de observação cien�fica – que não despreza circunstância alguma, por mais insignificante e trivial que seja. (Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1994. Adaptado.) O texto refere-se ao movimento a) árcade. b) simbolista. c) realista. d) român�co. e) modernista. L0303 - (Unesp) Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902. Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão rejubilando. 12@professorferretto @prof_ferretto O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva, tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3... Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia. Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os si�antes7 empunhavam”. Esta nota de morcegos deve ser um chique român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou. (Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.) 1esba�do: de tom pálido. 2a desoras: muito tarde. 3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro. 4folha: periódico diário, jornal. 5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas. 6pardieiro: prédio velho ou arruinado. 7si�ante: policial. Em relação à reportagem sobre a diligência policial (4º e 5º parágrafos), o cronista destaca seu caráter a) obje�vo. b) enigmá�co. c) enfadonho. d) fantasioso. e) macabro. L0304 - (Unesp) Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902. Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão rejubilando. O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modés�a. E tão esba�do1 passavao seu vulto na treva, tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a 13@professorferretto @prof_ferretto voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3... Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia. Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os si�antes7 empunhavam”. Esta nota de morcegos deve ser um chique român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou. (Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.) 1esba�do: de tom pálido. 2a desoras: muito tarde. 3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro. 4folha: periódico diário, jornal. 5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas. 6pardieiro: prédio velho ou arruinado. 7si�ante: policial. Cons�tui exemplo de interação do cronista com o leitor o trecho a) “o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos” (3º parágrafo). b) “As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão rejubilando” (1º parágrafo). c) “Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi” (3º parágrafo). d) “as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea” (2º parágrafo). e) “O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas” (2º parágrafo). L0305 - (Unesp) Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902. Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão rejubilando. O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva, tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3... Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já 14@professorferretto @prof_ferretto pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia. Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os si�antes7 empunhavam”. Esta nota de morcegos deve ser um chique român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou. (Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.) 1esba�do: de tom pálido. 2a desoras: muito tarde. 3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro. 4folha: periódico diário, jornal. 5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas. 6pardieiro: prédio velho ou arruinado. 7si�ante: policial. Em “Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos” (5º parágrafo), o termo sublinhado está empregado na mesma acepção do termo sublinhado em a) “ela correu um risco desnecessário”. b) “a no�cia corria por toda a cidade”. c) “a manhã corria especialmente tranquila”. d) “segundo corria, ela seria facilmente eleita”. e) “um arrepio correu-lhe pela espinha”. L0306 - (Unesp) Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902. Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem.Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão rejubilando. O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva, tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3... Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, 15@professorferretto @prof_ferretto para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia. Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os si�antes7 empunhavam”. Esta nota de morcegos deve ser um chique român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou. (Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.) 1esba�do: de tom pálido. 2a desoras: muito tarde. 3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro. 4folha: periódico diário, jornal. 5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas. 6pardieiro: prédio velho ou arruinado. 7si�ante: policial. “Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras, uma avantesma...” (2º parágrafo) Nesse trecho, o cronista acaba por desconstruir a oposição entre a) razão e século de luzes. b) razão e crendice. c) razão e descrença. d) Iluminismo e Liberalismo. e) Iluminismo e Revolução Francesa. L0307 - (Unesp) Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada originalmente em 1902. Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já se não adormecem as crianças com histórias de fadas e de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão rejubilando. O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi. Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva, tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas – que as primeiras pessoas que o viram não puderam em consciência dizer se era duende macho ou duende fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por saber de longa data que pela boca é que morrem os peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava – não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a voz presa na garganta, quando encontra na rua, a desoras2, uma avantesma3... Assim, um profundo mistério cercava a existência do lobisomem de Catumbi – quando começaram de aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia, finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe, andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia. Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que 16@professorferretto @prof_ferretto fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os si�antes7 empunhavam”. Esta nota de morcegos deve ser um chique român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos lobisomens! o seu tempo passou. (Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.) 1esba�do: de tom pálido. 2a desoras: muito tarde. 3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro. 4folha: periódico diário, jornal. 5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas. 6pardieiro: prédio velho ou arruinado. 7si�ante: policial. Em “o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe,andava acumulando novos pecados sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos merecedores de exorcismos que de cadeia” (3º parágrafo), o trecho sublinhado cons�tui um exemplo de a) sinestesia. b) paradoxo. c) pleonasmo. d) hipérbole. e) eufemismo. L0319 - (Unicamp) Durante dois anos o cor�ço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa (...). À noite e aos domingos ainda mais recrudescia o seu azedume, quando ele, recolhendo-se fa�gado do serviço, deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à mesa da sala de jantar e ouvia, a contragosto, o grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais cansados. Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum de bestas no coito. (Aluísio de Azevedo, O cor�ço. 14. ed. São Paulo: Á�ca, 1983, p. 22.) Levando em conta o excerto, bem como o texto integral do romance, é correto afirmar que a) o grosseiro rumor, a sexualidade desregrada e a exalação forte que provinham do cor�ço decorriam, segundo Miranda, do abandono daquela população pelo governo. b) os termos “grosseiro rumor”, “animais”, “bestas no coito”, que fazem referência aos moradores do cor�ço, funcionam como metáforas da vida pulsante dos seus habitantes. c) o nivelamento sociológico na obra O Cor�ço se dá não somente entre os moradores da habitação cole�va e o seu senhorio, mas também entre eles e o vizinho Miranda. d) a presença portuguesa, exemplificada nas personagens João Romão e Miranda, não é relevante para o desenvolvimento da narra�va nem para a compreensão do sen�do da obra. L0329 - (Unicamp) No conto “O espelho”, de Machado de Assis, o esboço de uma nova teoria sobre a dupla natureza da alma humana é apresentado por Jacobina. A personagem narra a situação em que se viu sozinha na casa da �a Marcolina. “As horas ba�am de século a século no velho relógio da sala, cuja pêndula, �c-tac, �c-tac, feria-me a alma interior como um piparote con�nuo da eternidade.” Considerando os indicadores da passagem do tempo na citação, é correto afirmar que a) o movimento oscilante do pêndulo do relógio expressa a duplicidade da alma interior. b) o som do velho relógio da sala materializa acus�camente a longevidade da alma interior. c) a sonoridade repe��va do pêndulo intensifica as aflições da alma interior. d) o con�nuo ba�mento das horas sugere o vigor da alma interior. L0334 - (Unicamp) No conto “O espelho”, de Machado de Assis, uma personagem assume a palavra e narra uma história. Assinale a alterna�va que explicita sua interlocução com os cavalheiros presentes. (Machado de Assis, O espelho. Campinas: Editora da Unicamp, 2019.) 17@professorferretto @prof_ferretto a) “Lembra-me de alguns rapazes que se davam comigo, e passaram a olhar-me de revés, durante algum tempo.” b) “Ah! pérfidos! Mal podia eu suspeitar a intenção secreta dos malvados.” c) “Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de um letargo, abre os olhos sem ver, depois começa a ver.” d) “O espelho estava naturalmente muito velho; mas via- se-lhe ainda o ouro, comido em parte pelo tempo.” L0335 - (Unicamp) “– Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem me fala nisso! Camila estacou, sem a�nar com a resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho. A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-se- lhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num desa�no, ferida no coração, ela achou para o Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua vontade; mas não poderia contê-la. A dor a�rava-a para diante, contra aquele filho, até então poupado.” (Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 123.) A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alterna�va que explica corretamente o comentário de Mário. a) Mário contrapõe-se à censura materna com sen�mento de compaixão. b) Mário rejeita as reservas maternas com censura moral. c) Mário contrapõe-se à censura materna com desdém pela família. d) Mário rejeita as reservas maternas com vergonha pelas dívidas acumuladas. L0341 - (Unicamp) (...) eu sou um pobre relojoeiro que, cansado de ver que os relógios deste mundo não marcam a mesma hora, descri do o�cio. (...) Um exemplo. O Par�do Liberal, segundo li, estava encasacado e pronto para sair, com o relógio na mão, porque a hora pingava. Faltava-lhe só o chapéu, que seria o chapéu Dantas, ou o chapéu Saraiva (ambos da chapelaria Aristocrata); era só pô-lo na cabeça, e sair. Nisto passa o carro do paço com outra pessoa, e ele descobre que ou o seu relógio está adiantado, ou o de Sua Alteza é que se atrasara. Quem os porá de acordo? (Machado de Assis, Bons dias. Introdução e notas John Gledson. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2008, p. 79.) Com relação ao excerto da crônica de Machado de Assis, publicada em 05 de abril de 1888 na Gazeta de No�cias, é correto afirmar que a metáfora mecânica faz referência à passagem do tempo, aludindo à expecta�va de mudança de a) regime a par�r de discordâncias polí�cas que levaram à eleição do governo imperial. b) século, marcada pela perspec�va da chegada do meteorito de Bendegó na corte imperial. c) mentalidade escravagista, com um pacto polí�co para suspensão de costumes imperiais. d) legislação, com a alternância entre par�dos para a formação de um novo ministério do governo imperial. L0342 - (Unicamp) No ano seguinte, o Ateneu revelou-se-me noutro aspecto. Conhecera-o interessante, com as seduções do que é novo, com as projeções obscuras de perspec�va, desafiando curiosidade e receio; conhecera-o insípido e banal como os mistérios resolvidos, caiado de tédio; conhecia-o agora intolerável como um cárcere, murado de desejos e privações. (Raul Pompeia, O Ateneu. 7ª. ed. São Paulo: Á�ca, 1980, p. 98.) Com base no excerto que inicia o capítulo VIII do romance de Raul Pompéia e no seu sub�tulo – crônica de saudades –, é correto afirmar que a obra é a) um relato, em primeira pessoa, de experiências cole�vas e ín�mas, no qual o protagonista mostra aspectos da realidade social, valorizando o sistema escolar e prisional. b) um romance de formação, no qual o protagonista revela condutas e intrigas no ambiente escolar, com elogios à pedagogia corre�va e aos valores morais da burguesia. c) uma narra�va memorialista de experiências vividas num internato, na qual o protagonista revela aspectos do sistema educacional da época, com crí�cas à hipocrisia burguesa. d) um relato saudosista de experiências vividas no internato, no qual o protagonista mostra o poder de sedução e corrupção das amizades, com crí�cas à falsidade da burguesia. L0344 - (Unicamp) 18@professorferretto @prof_ferretto As Ondas Olavo Bilac Entre as trêmulas mornas arden�as, A noite no alto-mar anima as ondas. Sobem das fundas úmidas Golcondas, Pérolas vivas, as nereidas frias: Entrelaçam-se, correm fugidias, Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas, Vestem as formas alvas e redondas De algas roxas e glaucas pedrarias. Coxas de vago ônix, ventres polidos De alabastro, quadris de argêntea espuma, Seios de dúbia opala ardem na treva; E bocas verdes, cheias de gemidos, Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma, Soluçam beijos vãos que o vento leva... Arden�a: s.f. fosforescência sobre as ondas do mar, à noite. Golconda: s. f. (fig.) mina de riquezas. Nereida: s.f. cada uma das ninfas do mar, filhas de Nereu. Em relação ao soneto de Olavo Bilac (no contexto de sua época), é correto afirmar que a seleção lexical favorece a a) descrição obje�va que o eu lírico faz da fantasia amorosa recorrendo à riqueza mineral dos oceanos. b) representação esté�ca que o eu lírico faz do desejo amoroso associado a fenômenos naturais. c) descrição cien�fica que o eulírico faz do corpo feminino recorrendo a fenômenos da natureza. d) representação natural que o eu lírico faz do jogo de sensualidade associado à mitologia grega.
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