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QUESTÕES Realismo

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1@professorferretto @prof_ferretto
Realismo
L0127 - (Professor Ferre�o)
Língua Portuguesa
 
Úl�ma flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro na�vo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
 
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
 
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac)
 
O poeta Olavo Bilac foi um dos maiores representantes
da poesia parnasiana. O texto acima representa uma
forma fixa muito u�lizada pelos escritores parnasianos,
que é:
a) uma ode
b) uma elegia
c) um haicai
d) um soneto
e) uma trova
L0118 - (Famerp)
Leia o trecho do romance O cor�ço, de Aluísio Azevedo,
para responder à questão a seguir.
 
Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um
ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada,
de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre
suas vizinhas.
Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a
quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela
dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio
de rezas e fei�çarias. Era extremamente feia, grossa,
triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha,
formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos,
escorridos e ainda re�ntos apesar da idade. Chamavam-
lhe “Bruxa”.
Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda.
A primeira, mulata an�ga, muito séria e asseada em
exagero: a sua casa estava sempre úmida das
consecu�vas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor
punha-se logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando
a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e
descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha �nha
quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços
sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca.
Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a
sua virgindade e não cedia, nem à mão de Deus Padre,
aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar a
troco de pequenas concessões na medida e no peso das
compras que Florinda fazia diariamente à venda.
O cor�ço, 2007.
 
Uma relação correta entre o trecho apresentado e o
movimento literário em que O cor�ço está inserido é: 
2@professorferretto @prof_ferretto
a) a referência cuidadosa e delicada à sexualidade dos
personagens é parte de um esforço, �pico do
Realismo, para apresentar o ser humano em sua
totalidade sem sobrecarregar um de seus aspectos. 
b) a caracterização dos personagens como indivíduos
únicos e isolados da cole�vidade, deixando em
segundo plano suas relações sociais, é um traço �pico
do Naturalismo. 
c) a preferência dos personagens pela razão e seu
desprezo pela fé, em uma estratégia para valorizar a
ciência e a obje�vidade e desvalorizar a religião, são
caracterís�cas do Realismo. 
d) a valorização da vida perto da natureza, com
personagens que abrem mão dos métodos e dos
objetos frutos da tecnologia para se ligarem à
tranquilidade de uma vida sem máquinas, é uma
caracterís�ca do Naturalismo. 
e) a descrição das caracterís�cas vulgares dos
personagens e a frequente associação entre homens e
animais, que ajudam a estabelecer uma concepção
biológica do mundo, são caracterís�cas do
Naturalismo. 
L0126 - (Enem)
Mal secreto
 
Se a cólera que espuma, a dor que mora 
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, 
Tudo o que punge, tudo o que devora 
O coração, no rosto se estampasse; 
 
Se se pudesse, o espírito que chora, 
Ver através da máscara da face, 
Quanta gente, talvez, que inveja agora 
Nos causa, então piedade nos causasse! 
 
Quanta gente que ri, talvez, consigo 
Guarda um atroz, recôndito inimigo, 
Como invisível chaga cancerosa! 
 
Quanta gente que ri, talvez existe, 
Cuja ventura única consiste 
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender
Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.)
 
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e
racionalidade na condução temá�ca, o soneto de
Raimundo Correia reflete sobre a forma como as
emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na
concepção do eu lírico, esse julgamento revela que
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o
indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento ín�mo torna-se mais ameno quando
compar�lhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças
neutraliza o sen�mento de inveja.
d) o ins�nto de solidariedade conduz o indivíduo a
apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angús�a em alegria é um ar��cio
nocivo ao convívio social.
L0120 - (Enem)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem
não souber que ele possuía um caráter ferozmente
honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos
que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço
que era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que
�nham razão; mas a avareza é apenas a exageração de
uma virtude, e as virtudes devem ser como os
orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era
muito seco de maneiras, �nha inimigos que chegavam a
acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste
par�cular era o de mandar com frequência escravos ao
calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas,
além de que ele só mandava os perversos e os fujões,
ocorre que, tendo longamente contrabandeado em
escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco
mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se
pode honestamente atribuir à índole original de um
homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova
de que o Cotrim �nha sen�mentos pios encontrava-se no
seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando
morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho
eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão
de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas,
o que não se coaduna muito com a reputação da avareza;
verdade é que o bene�cio não caíra no chão: a
irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe �rar o
retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
 
Obra que inaugura o Realismo na literatura
brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa
uma expressividade que caracterizaria o es�lo
machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu
cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas
refina a percepção irônica ao 
3@professorferretto @prof_ferretto
a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se
injus�çado na divisão da herança paterna. 
b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade,
com que Cotrim prendia e torturava os escravos. 
c) considerar os “sen�mentos pios” demonstrados pelo
personagem quando da perda da filha Sara. 
d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma
confraria e membro remido de várias irmandades. 
e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e
egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo. 
L0125 - (Espcex)
Os parnasianos acreditavam que, apoiando-se nos
modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de
emoção e fantasia do Roman�smo e, ao mesmo tempo,
garan�ndo o equilíbrio que almejavam. Propunham uma
poesia obje�va, de elevado nível vocabular, racionalista,
bem-acabada do ponto de vista formal e voltada para
temas universais. Esse racionalismo, que enfrentava os
“exageros de emoção” e fixava-se no formalismo, fica
bem claro na seguinte estrofe parnasiana de Olavo Bilac: 
a) E eu vos direi: “Amai para entendê-las!/Pois só quem
ama pode ter ouvido/Capaz de ouvir e de entender
estrelas.” 
b) Não me basta saber que sou amado,/Nem só desejo o
teu amor: desejo/Ter nos braços teu corpo
delicado,/Ter na boca a doçura de teu beijo. 
c) Pois sabei que é por isso que assim ando:/Que é dos
loucos somente e dos amantes/Na maior alegria andar
chorando. 
d) Mas que na forma se disfarce o emprego/Do esforço;
e a trama viva se construa/De tal modo, que a imagem
fiquenua,/Rica, mas sóbria, como um templo grego. 
e) Esta melancolia sem remédio,/Saudade sem razão,
louca esperança/Ardendo em choros e findando em
tédio. 
L0117 - (Acafe)
“Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se
voltavam para o exame e para a crí�ca da realidade, o
Parnasianismo representou na poesia um retorno ao
clássico, com todos os seus ingredientes: o princípio do
belo na arte, a busca do equilíbrio e da perfeição formal.
Os parnasianos acreditavam que o sen�do maior da arte
reside nela mesma, em sua perfeição, e não na sua
relação com o mundo exterior.”
CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 334.
 
Sobre o Parnasianismo, assinale a alterna�va correta. 
a) Os maiores expoentes do Parnasianismo, na poesia e
na prosa, ocuparam-se da literatura indianista, na qual
exaltavam a dignidade do na�vo e a beleza superior da
paisagem tropical. 
b) Um exemplo de poesia parnasiana é a obra Suspiros
poé�cos e saudade, de Gonçalves de Magalhães, na
qual o poeta anuncia a revolução literária, libertando-
se dos modelos român�cos, considerados
ultrapassados. 
c) Os parnasianos consideravam que certos princípios
român�cos, como a simplicidade da linguagem,
valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe
e vocabulário mais brasileiros, sen�mentalismo, tudo
isso ocultava as verdadeiras qualidades da poesia. 
d) Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manoel da Costa
exemplificam a tendência de uma poesia pura,
indiferente às con�ngências históricas, com sá�ra à
mes�çagem e elogio à nobreza local. 
L0122 - (Unifesp)
Considere o trecho de O Cor�ço, de Aluísio Azevedo.
 
Uma aluvião de cenas, que ela [Pombinha] jamais tentara
explicar e que até ali jaziam esquecidas nos meandros do
seu passado, apresentavam-se agora ní�das e
transparentes. Compreendeu como era que certos velhos
respeitáveis, cuja fotografia Léonie lhe mostrou no dia
que passaram juntas, deixavam-se vilmente cavalgar pela
loureira, ca�vos e submissos, pagando a escravidão com
a honra, os bens, e até com a própria vida, se a
pros�tuta, depois de os ter esgotado, fechava-lhes o
corpo. E con�nuou a sorrir, desvanecida na sua
superioridade sobre esse outro sexo, vaidoso e fanfarrão,
que se julgava senhor e que, no entanto, fora posto no
mundo simplesmente para servir ao feminino; escravo
ridículo que, para gozar um pouco, precisava �rar da sua
mesma ilusão a substância do seu gozo; ao passo que a
mulher, a senhora, a dona dele, ia tranquilamente
desfrutando o seu império, endeusada e querida,
prodigalizando mar�rios, que os miseráveis aceitavam
contritos, a beijar os pés que os deprimiam e as
implacáveis mãos que os estrangulavam.
— Ah! homens! homens! ... sussurrou ela de envolta com
um suspiro.
 
No texto, os pensamentos da personagem 
4@professorferretto @prof_ferretto
a) recuperam o princípio da prosa naturalista, que
condena os assuntos repulsivos e bes�ais, sem
amparo nas teorias cien�ficas, ligados ao homem que
põe em primeiro plano seus ins�ntos animalescos. 
b) elucidam o princípio do determinismo presente na
prosa naturalista, revelando os homens e as mulheres
conscientes dos seus ins�ntos em função do meio em
que vivem e, sobretudo, capazes de controlá-los. 
c) trazem uma crí�ca aos aspectos animalescos próprios
do homem, mas, por outro lado, revelam uma forma
de Pombinha submeter a muitos deles para obter
vantagens: eis aí um princípio do Realismo rechaçado
no Naturalismo. 
d) constroem uma visão de mundo e do homem
idealizada, o que, em certa medida, afronta o
referencial em que se baseia a prosa naturalista, que
define o homem como fruto do meio, marcado pelo
apelo dos seus sen�dos. 
e) consubstanciam a concepção naturalista de que o
homem é um animal, preso aos ins�ntos e, no que
dizem respeito à sexualidade, vê-se que Pombinha
considera a mulher superior ao homem, e esse
conhecimento é uma forma de se obterem
vantagens. 
L0124 - (Unicamp)
As Ondas
 
Entre as trêmulas mornas arden�as,
A noite no alto-mar anima as ondas.
Sobem das fundas úmidas Golcondas,
Pérolas vivas, as nereidas frias:
 
Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.
 
Coxas de vago ônix, ventres polidos
De alabastro, quadris de argêntea espuma,
Seios de dúbia opala ardem na treva;
 
E bocas verdes, cheias de gemidos,
Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,
Soluçam beijos vãos que o vento leva...
(Olavo Bilac, Tarde. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1919,
p.48)
 
Arden�a: s.f. fosforescência sobre as ondas do mar, à
noite.
Golconda: s. f. (fig.) mina de riquezas.
Nereida: s.f. cada uma das ninfas do mar, filhas de Nereu.
(Disponíveis em www.aulete.com.br/ Acessado em
30/07/2021.)
 
Em relação ao soneto de Olavo Bilac (no contexto de sua
época), é correto afirmar que a seleção lexical favorece a 
a) descrição obje�va que o eu lírico faz da fantasia
amorosa recorrendo à riqueza mineral do oceanos. 
b) representação esté�ca que o eu lírico faz do desejo
amoroso associado a fenômenos naturais. 
c) descrição cien�fica que o eu lírico faz do corpo
feminino recorrendo a fenômenos da natureza. 
d) representação natural que o eu lírico faz do jogo de
sensualidade associado à mitologia grega. 
L0121 - (Insper)
Texto I
(...) No lampejo de seus grandes olhos pardos brilhavam
irradiações da inteligência. (...) O princípio vital da
mulher abandonava seu foco natural, o coração, para
concentrar-se no cérebro, onde residem as faculdades
especula�vas do homem.
(...)
Era realmente para causar pasmo aos estranhos e susto a
um tutor, a perspicácia com que essa moça de dezoito
anos apreciava as questões mais complicadas; o perfeito
conhecimento que mostrava dos negócios, a facilidade
com que fazia, muitas vezes de memória, qualquer
operação aritmé�ca por muito di�cil e intrincada que
fosse.
Não havia porém em Aurélia nem sombra do ridículo
pedan�smo de certas moças, que tendo colhido em
leituras superficiais algumas noções vagas, se metem a
tagarelar de tudo.
(ALENCAR, José de. Senhora. SP: Editora Á�ca, 1980.)
 
Texto II
Aquela pobre flor de cor�ço, escapando à estupidez do
meio em que desabotoou, �nha de ser fatalmente ví�ma
da própria inteligência. À míngua de educação, seu
espírito trabalhou à revelia, e atraiçoou-a, obrigando-a a
�rar da substância caprichosa da sua fantasia de moça
ignorante e viva a explicação de tudo que lhe não
ensinaram a ver e sen�r.
(...)
Pombinha, só com três meses de cama franca, fizera-se
tão perita no o�cio como a outra; a sua infeliz
inteligência nascida e criada no modesto lodo da
estalagem, medrou admiravelmente na lama forte dos
vícios de largo fôlego; fez maravilhas na arte; parecia
adivinhar todos os segredos daquela vida; seus lábios
não tocavam em ninguém sem �rar sangue; sabia beber,
gota a gota, pela boca do homem mais avarento, todo
dinheiro que a ví�ma pudesse dar de si.
(AZEVEDO, Aluísio. O cor�ço. SP: Editora Á�ca, 1997.) 
 
5@professorferretto @prof_ferretto
Considerando as descrições presentes nos fragmentos
transcritos, é correto afirmar que 
a) o texto I filia-se ao Roman�smo, uma vez que nele a
heroína é reflexo, em grande medida, das
circunstâncias do ambiente em que se criou. 
b) o texto I filia-se ao Roman�smo, já que nele a figura
feminina é descrita sob o prisma da idealização. 
c) o texto I filia-se ao Naturalismo, pois as habilidades da
personagem são naturais no meio em que vive. 
d) o texto II filia-se ao Realismo, já que a figura feminina
é descrita de forma fiel à realidade do período
histórico em que está inserida. 
e) o texto II filia-se ao Naturalismo, pois nele a
personagem cons�tui uma representação inequívoca
do perfil feminino �pico. 
L0123 - (Ucpel)
Texto 1
 
O Úl�mo Poema
Manuel Bandeira
Assim eu quereria o meu úl�mo poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos
intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que �vesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes
mais límpidosA paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Disponível em:
<h�p://www.releituras.com/mbandeira_ul�mo.asp>.
Acesso em: 07 nov. 2016.
 
Texto 2
 
AMAR E SER AMADO
Castro Alves
Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por �, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sen�r em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sen�mento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus lábios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?
Disponível em: <h�ps://pensador.uol.com.br/frase/
NTU2MTQw/>. Acesso em: 07 nov. 2016.
 
 
Texto 3
 
Livre
Cruz e Sousa
 
Livre! Ser livre da matéria escrava,
arrancar os grilhões que nos flagelam
e livre penetrar nos Dons que selam
a alma e lhe emprestam toda a etérea lava.
 
Livre da humana, da terrestre bava
dos corações daninhos que regelam,
quando os nossos sen�dos se rebelam
contra a Infâmia bifronte que deprava.
 
Livre! bem livre para andar mais puro,
mais junto à Natureza e mais seguro
do seu Amor, de todas as jus�ças.
 
Livre! para sen�r a Natureza,
para gozar, na universal Grandeza,
Fecundas e arcangélicas preguiças.
Disponível em:
<h�p:/www.poesiaspoemaseversos.com.br/cruz-e-
sousa-poemas/>. Acesso em: 07 nov. 2016.
 
Sobre os textos é correto afirmar que: 
a) O texto 3 demonstra a temá�ca presente nas poesias
român�cas da segunda geração, ou seja, o desejo pela
liberdade. 
b) O texto 2 é um soneto que representa o valor métrico
atribuído ao parnasianismo. 
c) Os textos 1 e 3 demonstram a liberdade representada
ora na escrita e ora no tema, algo representa�vo para
o roman�smo. 
d) O texto 2 demonstra a preocupação do eu lírico com a
questão da efemeridade da vida e a busca pelo prazer,
algo representa�vo na primeira geração do
roman�smo. 
e) O texto 1 demonstra a liberdade de expressão e
criação poé�ca, sem preocupação com a linguagem,
caracterís�ca presente nas produções literárias do
modernismo. 
L0116 - (Upe-ssa)
Texto 1
Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu
forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos,
eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como
6@professorferretto @prof_ferretto
ostentasse certa arrogância, não se dis�nguia bem se era
uma criança, com fumos de homem, se um homem com
ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e
audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na
mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso,
rijo, veloz, como o corcel das an�gas baladas, que o
roman�smo foi buscar ao castelo medieval, para dar com
ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a
tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o
realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por
compaixão, o transportou para os seus livros. 
Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e
facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou
diante de mim a fronte pensa�va, ou levantou para mim
os olhos cobiçosos. De todas porém a que me ca�vou
logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto,
ao menos na intenção; na intenção é cas�ssimo. Mas vá
lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me ca�vou foi
uma dama espanhola, Marcela, a “linda Marcela”, como
lhe chamavam os rapazes do tempo. E �nham razão os
rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo
ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião
aceita é que nascera de um letrado de Madri, ví�ma da
invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado,
quando ela �nha apenas doze anos. 
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
 
Texto 2
Durante dois anos, o cor�ço prosperou de dia para dia,
ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o
Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância
brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta
implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das
janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que
serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando
rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e
abalando tudo. Posto que lá na Rua do Hospício os seus
negócios não corressem mal, custava-lhe a sofrer a
escandalosa fortuna do vendeiro “aquele �po! um
miserável, um sujo, que não pusera nunca um paletó, e
que vivia de cama e mesa com uma negra!” 
À noite e aos domingos, ainda mais recrudescia o seu
azedume, quando ele, recolhendo-se fa�gado do serviço,
deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à
mesa da sala de jantar, e ouvia, a contragosto, o grosseiro
rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de
animais cansados. Não podia chegar à janela sem
receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o
embebedava com o seu fartum de bestas no coito. 
E depois, fechado no quarto de dormir, indiferente e
habituado às torpezas carnais da mulher, isento já dos
primi�vos sobressaltos que lhe faziam, a ele, ferver o
sangue e perder a tramontana, era ainda a prosperidade
do vizinho o que lhe obsedava o espírito, enegrecendo-
lhe a alma com um feio ressen�mento de despeito. 
Tinha inveja do outro, daquele outro português que
fizera fortuna, sem precisar roer nenhum chifre; daquele
outro que, para ser mais rico três vezes do que ele, não
teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda de
algum fazendeiro freguês da casa! 
Mas então, ele Miranda, que se supunha a úl�ma
expressão da ladinagem e da esperteza; ele, que, logo
depois do seu casamento, respondendo para Portugal a
um ex-colega que o felicitava, dissera que o Brasil era
uma cavalgadura carregada de dinheiro, cujas rédeas um
homem fino empolgava facilmente; ele, que se �nha na
conta de invencível matreiro, não passava afinal de um
pedaço de asno comparado com o seu vizinho! Pensara
fazer-se senhor do Brasil e fizera-se escravo de uma
brasileira mal-educada e sem escrúpulos de virtude!
Imaginara-se talhado para grandes conquistas, e não
passava de uma ví�ma ridícula e sofredora!... Sim! no fim
de contas qual fora a sua África?... Enriquecera um
pouco, é verdade, mas como? a que preço? hipotecando-
se a um diabo, que lhe trouxera oitenta contos de réis,
mas incalculáveis milhões de desgostos e vergonhas!
Arranjara a vida, sim, mas teve de aturar eternamente
uma mulher que ele odiava! E do que afinal lhe
aproveitar tudo isso? Qual era afinal a sua grande
existência? Do inferno da casa para o purgatório do
trabalho e vice-versa! Invejável sorte, não havia dúvida! 
O Cor�ço, de Aluízio de Azevedo
 
Considerando as caracterís�cas temá�cas e es�lís�cas
dos textos 1 e 2, analise as proposições a seguir.
 
I. O Texto 1 é um trecho de um importante romance de
Machado de Assis, o qual destaca episódios da vida do
próprio autor. 
II. No Texto 1, é possível perceber costumes do co�diano
burguês numa cidade do século XIX, levando o leitor a
constatar, pela postura individual do protagonista, um
segmento social dosado de humor nas suas próprias
experiências.
III. No Texto 2, é apresentado o comportamento
decadente da sociedade burguesa da segunda metade do
século XIX, em que prevalece o interesse individual. 
IV. As personagens de Aluísio Azevedo, em O Cor�ço, são
alicerçadas nas ideias de Taine, presas ao ambiente e à
hereditariedade, limitadas pelas questões sociais e pelo
meio onde vivem suas experiências. 
 
Estão CORRETAS: 
a) I, II, III e IV. 
b) I, III e IV, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) II e IV, apenas. 
7@professorferretto @prof_ferretto
L0128 - (Professor Ferre�o)
“Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na
chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que eu
�nha no cérebro. Uma vez pen durada, entrou a bracejar,
a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de vola�m,
que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la.
Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as
pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou
devoro-te.”
(Memórias póstumasde Brás Cubas – Machado de Assis)
 
Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que:
a) o autor faz uma abordagem superficial da situação.
b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de
minuciosa descrição.
c) o autor dá relevância a outras circunstân cias,
negligenciando o foco do assunto.
d) o autor não mostra preocupação com o discer nimento
do leitor, pois apenas sugere situações.
e) contempla a si próprio, num ritual egocêntrico e
narcisista.
L0114 - (Espm)
A zoomorfização na Literatura, a des peito de qualquer
outra caracterís�ca es� lís�ca, sempre esteve presente,
no entanto, aparece principalmente nas obras com ca -
racterís�cas realistas que, em contraponto àquelas com
aspectos mais român�cos, têm o intento de retratar as
mazelas da socieda de como espelho. (...)
 
Fez-se necessário uma Literatura condi zente com o real
e, para tanto, a zoomorfiza ção de personagens foi
u�lizada com maior ênfase. Paralelo ao Realismo, o
Naturalismo é o momento em que mais se verifica este
fenômeno. 
(Uesla Lima Soares, O Animal Humano: Os paradigmas da
zoomorfização social e sua representação literária, Anais
do Fes�val Literário de Paulo Afonso, 2017)
 
[O zoomorfismo] ocorre quando “o que é próprio do
homem se estende ao animal e permite, por simetria,
que o que é próprio do animal se estenda ao homem.” 
(Antonio Cândido, De Cor�ço a Cor�ço, Novos Estu dos
CEBRAP, 1991).
 
Considere as seguintes afirmações: 
 
I. A zoomorfização se opôs frontalmente às idealizações
român�cas, sendo uma carac terís�ca exclusiva do
Naturalismo. 
II. Segundo Antonio Candido, não é possível haver
dis�nção entre ser humano e animal, no sen�do de que
um cede caracterís�ca ao outro e vice-versa. 
III. A definição de Antonio Candido sobre zoomorfismo é
construída por meio de um processo chamado quiasmo. 
 
A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que: 
a) somente I está correta. 
b) somente II está correta. 
c) somente III está correta. 
d) somente I e II estão corretas. 
e) somente I e III estão corretas. 
L0115 - (Fuvest)
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai
sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto* como nos
primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o
oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que
fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar
uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos
cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e
ligeiro das conversas par�culares. E não me arrependo;
remocei. Mas, meia hora depois, quando me re�rei do
baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no
fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
 
*ágil
 
II. Meu caro crí�co,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que �nha cinquenta
anos, acrescentei: “Já se vai sen�ndo que o meu es�lo
não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches
esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual
estado; mas eu chamo a tua atenção para a su�leza
daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que
esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A
morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase
da narração da minha vida experimento a sensação
correspondente. Valha-me Deus! É preciso explicar tudo.
 
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
 
A passagem final do texto II – “Valha-me Deus! é preciso
explicar tudo.” – denota um elemento presente no es�lo
do romance, ou seja, 
a) o realismo, visto no rigor explica�vo dos fatos. 
b) a religiosidade, que se socorre do auxílio divino. 
c) o humor, capaz de rela�vizar as ideias. 
d) a metalinguagem, que imprime linearidade à
narração. 
e) a ironia, própria do discurso posi�vo. 
L0119 - (Fgvrj)
8@professorferretto @prof_ferretto
Algum tempo hesitei se devia abrir estas
memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.
Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
considerações me levaram a adotar diferente método: a
primeira é que eu não sou propriamente um autor
defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi
outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais
galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua
morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença
radical entre este livro e o Pentateuco.
 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma
sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela
chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos,
rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos
contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
 
Ao configurar as Memórias póstumas de Brás
Cubas como narra�va em primeira pessoa, conforme se
verifica no trecho, Machado de Assis 
a) deu um passo decisivo em direção ao Realismo,
adotando os procedimentos mais �picos dessa
escola. 
b) visa a cri�car o subje�vismo român�co e os excessos
sen�mentalistas em que este incorrera. 
c) deu a palavra ao proprietário escravista e ren�sta
brasileiro do Oitocentos, para que ele próprio exibisse
sua desfaçatez. 
d) parodia as Memórias de um sargento de milícias,
retomando o registro narra�vo que as caracterizava. 
e) confere confiabilidade aos juízos do narrador, uma vez
que este conhece os acontecimentos de que
par�cipou. 
L0251 - (Fuvest)
Este úl�mo capítulo é todo de nega�vas. Não alcancei a
celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa,
não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas
faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão
com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de
dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba.
Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa
imaginará que não houve míngua nem sobra, e,
conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará
mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério,
achei me com um pequeno saldo, que é a derradeira
nega�va deste capítulo de nega�vas: – Não �ve filhos,
não transmi� a
nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
 
Não sei por que até hoje todo o mundo diz que �nha
pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se
fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz.
Ser obrigada a ficar à toa é que seria cas�go para mim.
Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique
preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então
respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da
senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada
em casa”.
Helena Morley, Minha vida de menina.
 
São caracterís�cas dos narradores Brás Cubas e Helena,
respec�vamente,
a) malícia e ingenuidade. 
b) solidariedade e egoísmo. 
c) apa�a e determinação. 
d) rebeldia e conformismo. 
e) o�mismo e pessimismo. 
L0252 - (Fuvest)
Este úl�mo capítulo é todo de nega�vas. Não alcancei a
celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa,
não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas
faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão
com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de
dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba.
Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa
imaginará que não houve míngua nem sobra, e,
conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará
mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério,
achei me com um pequeno saldo, que é a derradeira
nega�va deste capítulo de nega�vas: – Não �ve filhos,
não transmi� a
nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
 
Não sei por que até hoje todo o mundo diz que �nha
pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se
fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz.
Ser obrigada a ficar à toa é que seria cas�go para mim.
Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique
preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então
respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da
senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada
em casa”.
Helena Morley, Minha vida de menina.
 
Nos dois textos, obtém-se ênfase por meiodo emprego
de um mesmo recurso expressivo, como se pode verificar
nos seguintes trechos:
9@professorferretto @prof_ferretto
a) “Este úl�mo capítulo é todo de nega�vas” / “Eu não
penso assim”. 
b) “Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui
ministro, não fui califa, não conheci o casamento” /
“Não sei por que até hoje todo o mundo diz que �nha
pena dos escravos”. 
c) “Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube me a boa
fortuna de não comprar o pão com o suor do meu
rosto” / “Ser obrigada a ficar à toa é que seria cas�go
para mim”. 
d) “qualquer pessoa imaginará que não houve míngua
nem sobra” / “Mamãe às vezes diz que ela até deseja
que eu fique preguiçosa”. 
e) “Não �ve filhos, não transmi� a nenhuma criatura o
legado da nossa miséria” / “Acho que se fosse
obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz”. 
L0255 - (Fuvest)
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os
dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas,
1mas um só ruído compacto que enchia todo o cor�ço.
Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se*
discussões e rezingas**; 2ouviam-se gargalhadas e
pragas; já se não falava, gritava-se. Sen�a-se naquela
fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas
rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta
e nutriente da vida, 3o prazer animal de exis�r, a
triunfante sa�sfação de respirar sobre a terra.
Da porta da venda que dava para o cor�ço iam e vinham
como formigas; fazendo compras.
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a
Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa.
– Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano
de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na
porta, ouviu?
Aluísio Azevedo, O cor�ço.
* ensarilhar-se: emaranhar-se.
** rezinga: resmungo.
 
Uma caracterís�ca do Naturalismo presente no texto é:
a) forte apelo aos sen�dos. 
b) idealização do espaço. 
c) exaltação da natureza. 
d) realce de aspectos raciais. 
e) ênfase nas individualidades. 
L0256 - (Fuvest)
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os
dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas,
1mas um só ruído compacto que enchia todo o cor�ço.
Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se*
discussões e rezingas**; 2ouviam-se gargalhadas e
pragas; já se não falava, gritava-se. Sen�a-se naquela
fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas
rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta
e nutriente da vida, 3o prazer animal de exis�r, a
triunfante sa�sfação de respirar sobre a terra.
Da porta da venda que dava para o cor�ço iam e vinham
como formigas; fazendo compras.
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a
Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa.
– Nhá Dunga! 4gritou ela para baixo, a sacudir um pano
de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, 5bata na
porta, ouviu?
Aluísio Azevedo, O cor�ço.
* ensarilhar-se: emaranhar-se.
** rezinga: resmungo.
 
Cons�tui marca do registro informal da língua o trecho
a) “mas um só ruído compacto” (ref. 1). 
b) “ouviam-se gargalhadas” (ref. 2). 
c) “o prazer animal de exis�r” (ref. 3). 
d) “gritou ela para baixo” (ref. 4). 
e) “bata na porta” (ref. 5). 
L0266 - (Fuvest)
. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai
sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto* como nos
primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o
oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que
fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar
uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos
cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e
ligeiro das conversas par�culares. E não me arrependo;
remocei. Mas, meia hora depois, quando me re�rei do
baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no
fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil
 
II. Meu caro crí�co,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que �nha cinquenta
anos, acrescentei: “Já se vai sen�ndo que o meu es�lo
não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches
esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual
estado; mas eu chamo a tua atenção para a su�leza
daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que
esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A
morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase
da narração da minha vida experimento a sensação
correspondente. Valha-me Deus! É preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
 
10@professorferretto @prof_ferretto
Entre os dois trechos do romance, nota-se o movimento
que vai da memória de vivências à revisão que o defunto
autor faz de um mesmo episódio. A citação, pertencente
a outro capítulo do mesmo livro, que melhor sinte�za
essa duplicidade narra�va, é:
a) “A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais:
o amor, que mul�plica a espécie, e o nariz, que a
subordina ao indivíduo”. 
b) “Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a
�nta da melancolia, e não é di�cil perceber o que
poderá sair desse conúbio”. 
c) “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa
contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo,
porque o maior defeito do livro és tu, leitor”. 
d) “Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o
afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente
muito vista na gramá�ca”. 
e) “Não havia ali a atmosfera somente da águia e do
beija-flor; havia também a da lesma e do sapo”. 
L0267 - (Fuvest)
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá-lo. Já se vai
sen�ndo que o meu es�lo não é tão lesto* como nos
primeiros dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o
oficial da marinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que
fiquei um pouco triste. Voltei à sala, lembrou-me dançar
uma polca, embriagar-me das luzes, das flores, dos
cristais, dos olhos bonitos, e do burburinho surdo e
ligeiro das conversas par�culares. E não me arrependo;
remocei. Mas, meia hora depois, quando me re�rei do
baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no
fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil
 
II. Meu caro crí�co,
Algumas páginas atrás, dizendo eu que �nha cinquenta
anos, acrescentei: “Já se vai sen�ndo que o meu es�lo
não é tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches
esta frase incompreensível, sabendo-se o meu atual
estado; mas eu chamo a tua atenção para a su�leza
daquele pensamento. O que eu quero dizer não é que
esteja agora mais velho do que quando comecei o livro. A
morte não envelhece. Quero dizer, sim, que em cada fase
da narração da minha vida experimento a sensação
correspondente. Valha-me Deus! É preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.
 
A passagem final do texto II – “Valha-me Deus! é preciso
explicar tudo.” – denota um elemento presente no es�lo
do romance, ou seja,
a) o realismo, visto no rigor explica�vo dos fatos. 
b) a religiosidade, que se socorre do auxílio divino. 
c) o humor, capaz de rela�vizar as ideias. 
d) a metalinguagem, que imprime linearidade à
narração. 
e) a ironia, própria do discurso posi�vo. 
L0275 - (Fuvest)
E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et
Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a
mesma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, –
coisas que, aliás, não impedem que uma pessoa ame,
quando quer amar. Se esta úl�ma reflexão é o mo�vo
secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois
muito indiscreta, e que eu não me quero senão com
dissimulados.
Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim
da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a
Atalaia chamou-lhe “o anjo da consolação”. 1E não se
pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse;
ao contrário, resumindo em Sofia toda a ação da
caridade, podia mor�ficar as novas amigas, e fazer-lhe
perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se
explica o ar�go que a mesma folha trouxe no número
seguinte, nomeando, par�cularizando e glorificando as
outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba.
 
Considerando o contexto, o trecho “E não se pense que
este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse”(ref. 1)
pode ser reescrito, sem prejuízo de sen�do, da seguinte
maneira: E não se pense que este nome a alegrou,
a) apesar de lisonjeá-la. 
b) antes a lisonjeou. 
c) porque a lisonjeava. 
d) a fim de lisonjeá-la. 
e) tanto quanto a lisonjeava. 
L0285 - (Fuvest)
Leia os seguintes textos de Machado de Assis:
 
I.
Suave mari magno*
 
Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
 
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
11@professorferretto @prof_ferretto
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
 
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
 
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo
Ver padecer.
Machado de Assis. Ocidentais.
 
* Expressão la�na, re�rada de Lucrécio (Da natureza das
coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari
magno, turban�bus aequora ven�s/ E terra magnum
alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no
mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da
terra os grandes esforços de um outro.”).
 
II.
Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e
que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o
cabo na mão.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.
 
III.
Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do
leito o marido:
– Que foi? perguntou ele.
– Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?
(...)
– Sonhei que estavam matando você.
Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele,
ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma
piedade gostosa, um sen�mento par�cular, ín�mo,
profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para
que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela
gritasse angus�ada, convulsa, cheia de dor e de pavor.
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.
 
A analogia consiste em um recurso de expressão
comumente u�lizado para ilustrar um raciocínio por meio
da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias.
No texto II, a analogia construída a par�r da imagem do
chicote pretende sugerir que
a) o instrumento do cas�go nem sempre cai em mãos
justas. 
b) o apreço aos objetos independe do uso que se faz
deles. 
c) o cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de
culpa. 
d) o mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de
desfrutar do poder. 
e) o prazer verdadeiro se experimenta no lado dos
dominantes.
L0300 - (Unesp)
Tal movimento deriva quase todos os seus critérios de
probabilidade do empirismo das ciências naturais. Baseia
seu conceito de verdade psicológica no princípio de
causalidade, o desenvolvimento apropriado da trama na
eliminação do acaso e dos milagres, sua descrição do
ambiente na ideia de que todo e qualquer fenômeno
natural tem lugar numa interminável cadeia de condições
e mo�vos, sua u�lização de detalhes caracterís�cos no
método de observação cien�fica – que não despreza
circunstância alguma, por mais insignificante e trivial que
seja.
(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura,
1994. Adaptado.)
 
O texto refere-se ao movimento
a) árcade. 
b) simbolista. 
c) realista. 
d) român�co. 
e) modernista. 
L0303 - (Unesp)
Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada
originalmente em 1902.
 
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já
tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo
sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre
para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já
se não adormecem as crianças com histórias de fadas e
de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de
cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os
tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco
dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é
ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom
termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão
propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse
temor, os pa�fes vão rejubilando.
12@professorferretto @prof_ferretto
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi.
Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável
modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva,
tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas
– que as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende
fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por
saber de longa data que pela boca é que morrem os
peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava –
não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode
um homem ter nascido num século de luzes e de
descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos
estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar
nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a
desoras2, uma avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do
lobisomem de Catumbi – quando começaram de
aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já
pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora
crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as
consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados
do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado
alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai
de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela
falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram
outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela
outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia,
finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem,
para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe,
andava acumulando novos pecados sobre os pecados
an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos
merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente
munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de
sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um
jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado
achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que
fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos
singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a
gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam
espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os
si�antes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique
român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes
tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios
quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros
clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro
civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam
espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos
quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos
lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
 
1esba�do: de tom pálido.
2a desoras: muito tarde.
3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4folha: periódico diário, jornal.
5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7si�ante: policial.
 
Em relação à reportagem sobre a diligência policial (4º e
5º parágrafos), o cronista destaca seu caráter
a) obje�vo. 
b) enigmá�co. 
c) enfadonho. 
d) fantasioso. 
e) macabro. 
L0304 - (Unesp)
Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada
originalmente em 1902.
 
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já
tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo
sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre
para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já
se não adormecem as crianças com histórias de fadas e
de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de
cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os
tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco
dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é
ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom
termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão
propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse
temor, os pa�fes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi.
Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável
modés�a. E tão esba�do1 passavao seu vulto na treva,
tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas
– que as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende
fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por
saber de longa data que pela boca é que morrem os
peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava –
não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode
um homem ter nascido num século de luzes e de
descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos
estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar
nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a
13@professorferretto @prof_ferretto
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a
desoras2, uma avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do
lobisomem de Catumbi – quando começaram de
aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já
pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora
crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as
consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados
do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado
alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai
de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela
falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram
outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela
outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia,
finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem,
para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe,
andava acumulando novos pecados sobre os pecados
an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos
merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente
munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de
sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um
jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado
achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que
fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos
singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a
gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam
espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os
si�antes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique
român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes
tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios
quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros
clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro
civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam
espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos
quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos
lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
 
1esba�do: de tom pálido.
2a desoras: muito tarde.
3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4folha: periódico diário, jornal.
5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7si�ante: policial.
 
Cons�tui exemplo de interação do cronista com o leitor o
trecho
a) “o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de
toda a sua classe, andava acumulando novos pecados
sobre os pecados an�gos” (3º parágrafo). 
b) “As almas simples vão propagando o terror, e, sob a
capa e a salvaguarda desse temor, os pa�fes vão
rejubilando” (1º parágrafo). 
c) “Não vades agora crer que se tenham sumido, por
exemplo, as hós�as consagradas da igreja de Catumbi”
(3º parágrafo). 
d) “as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende
fêmea” (2º parágrafo). 
e) “O fantasma não falava – naturalmente por saber de
longa data que pela boca é que morrem os peixes e os
fantasmas” (2º parágrafo).
L0305 - (Unesp)
Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada
originalmente em 1902.
 
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já
tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo
sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre
para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já
se não adormecem as crianças com histórias de fadas e
de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de
cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os
tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco
dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é
ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom
termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão
propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse
temor, os pa�fes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi.
Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável
modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva,
tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas
– que as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende
fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por
saber de longa data que pela boca é que morrem os
peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava –
não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode
um homem ter nascido num século de luzes e de
descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos
estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar
nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a
desoras2, uma avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do
lobisomem de Catumbi – quando começaram de
aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já
14@professorferretto @prof_ferretto
pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora
crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as
consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados
do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado
alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai
de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela
falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram
outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela
outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia,
finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem,
para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe,
andava acumulando novos pecados sobre os pecados
an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos
merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente
munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de
sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um
jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado
achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que
fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos
singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a
gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam
espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os
si�antes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique
român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes
tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios
quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros
clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro
civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam
espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos
quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos
lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
 
1esba�do: de tom pálido.
2a desoras: muito tarde.
3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4folha: periódico diário, jornal.
5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7si�ante: policial.
 
Em “Vamos lá! nestes tempos, que correm, já nem há
morcegos” (5º parágrafo), o termo sublinhado está
empregado na mesma acepção do termo sublinhado em
a) “ela correu um risco desnecessário”. 
b) “a no�cia corria por toda a cidade”. 
c) “a manhã corria especialmente tranquila”. 
d) “segundo corria, ela seria facilmente eleita”. 
e) “um arrepio correu-lhe pela espinha”. 
L0306 - (Unesp)
Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada
originalmente em 1902.
 
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já
tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo
sem o seu lobisomem.Parece que tudo aqui concorre
para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já
se não adormecem as crianças com histórias de fadas e
de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de
cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os
tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco
dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é
ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom
termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão
propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse
temor, os pa�fes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi.
Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável
modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva,
tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas
– que as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende
fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por
saber de longa data que pela boca é que morrem os
peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava –
não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode
um homem ter nascido num século de luzes e de
descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos
estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar
nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a
desoras2, uma avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do
lobisomem de Catumbi – quando começaram de
aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já
pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora
crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as
consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados
do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado
alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai
de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela
falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram
outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela
outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia,
finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem,
15@professorferretto @prof_ferretto
para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe,
andava acumulando novos pecados sobre os pecados
an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos
merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente
munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de
sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um
jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado
achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que
fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos
singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a
gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam
espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os
si�antes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique
român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes
tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios
quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros
clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro
civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam
espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos
quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos
lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
 
1esba�do: de tom pálido.
2a desoras: muito tarde.
3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4folha: periódico diário, jornal.
5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7si�ante: policial.
 
“Porque, enfim, pode um homem ter nascido num século
de luzes e de descrenças, e ter mamado o leite do
liberalismo nos estafados seios da Revolução Francesa, e
não acreditar nem em Deus nem no Diabo – e, apesar
disso, sen�r a voz presa na garganta, quando encontra na
rua, a desoras, uma avantesma...” (2º parágrafo)
 
Nesse trecho, o cronista acaba por desconstruir a
oposição entre
a) razão e século de luzes. 
b) razão e crendice. 
c) razão e descrença. 
d) Iluminismo e Liberalismo. 
e) Iluminismo e Revolução Francesa.
L0307 - (Unesp)
Leia a crônica “Almas penadas”, de Olavo Bilac, publicada
originalmente em 1902.
 
Outro fantasma?... é verdade: outro fantasma. Já
tardava. O Rio de Janeiro não pode passar muito tempo
sem o seu lobisomem. Parece que tudo aqui concorre
para nos impelir ao amor do sobrenatural [...]. Agora, já
se não adormecem as crianças com histórias de fadas e
de almas do outro mundo. Mas, ainda há menos de
cinquenta anos, este era um povo de beatos [...]. [...] Os
tempos melhoraram, mas guardam ainda um pouco
dessa primi�va credulidade. Inventar um fantasma é
ainda um magnífico recurso para quem quer levar a bom
termo qualquer grossa pa�faria. As almas simples vão
propagando o terror, e, sob a capa e a salvaguarda desse
temor, os pa�fes vão rejubilando.
O novo espectro que nos aparece é o de Catumbi.
Começou a surgir vagamente, sem espalhafato, pelo
pacato bairro – como um fantasma de grande e louvável
modés�a. E tão esba�do1 passava o seu vulto na treva,
tão su�lmente deslizava ao longo das casas adormecidas
– que as primeiras pessoas que o viram não puderam em
consciência dizer se era duende macho ou duende
fêmea. [...] O fantasma não falava – naturalmente por
saber de longa data que pela boca é que morrem os
peixes e os fantasmas... Também, ninguém lhe falava –
não por experiência, mas por medo. Porque, enfim, pode
um homem ter nascido num século de luzes e de
descrenças, e ter mamado o leite do liberalismo nos
estafados seios da Revolução Francesa, e não acreditar
nem em Deus nem no Diabo – e, apesar disso, sen�r a
voz presa na garganta, quando encontra na rua, a
desoras2, uma avantesma3...
Assim, um profundo mistério cercava a existência do
lobisomem de Catumbi – quando começaram de
aparecer ves�gios assinalados de sua passagem, não já
pelas ruas, mas pelo interior das casas. Não vades agora
crer que se tenham sumido, por exemplo, as hós�as
consagradas da igreja de Catumbi, ou que os empregados
do cemitério de S. Francisco de Paula tenham achado
alguma sepultura vazia, ou que algum circunspecto pai
de família, certa manhã, ao despertar, tenha dado pela
falta... da própria alma. Nada disso. Os fenômenos eram
outros. Desta casa sumiram-se as arandelas, daquela
outra as galinhas, daquela outra as joias... E a polícia,
finalmente, adquiriu a convicção de que o lobisomem,
para perpétua e suprema vergonha de toda a sua classe,
andava acumulando novos pecados sobre os pecados
an�gos, e dando-se à prá�ca de excessos menos
merecedores de exorcismos que de cadeia.
Dizem as folhas4 que a polícia, competentemente
munida de ben�nhos5 e de revólveres, de amuletos e de
sabres, assaltou anteontem o reduto do fantasma. Um
jornal, dando conta da diligência, disse que o delegado
achou dentro da casa sinistra – um velho pardieiro6 que
16@professorferretto @prof_ferretto
fica no topo de uma ladeira íngreme – alguns objetos
singulares que pareciam instrumentos “pertencentes a
gatunos”. E acrescentou: “alguns morcegos esvoaçavam
espavoridos, tentando apagar as velas acesas que os
si�antes7 empunhavam”.
Esta nota de morcegos deve ser um chique
român�co do no�ciarista. No fundo da alma de todo o
repórter há sempre um poeta... Vamos lá! nestes
tempos, que correm, já nem há morcegos. Esses feios
quirópteros, esses medonhos ratos alados, companheiros
clássicos do terror noturno, já não aparecem pelo bairro
civilizado de Catumbi. Os animais, que esvoaçavam
espavoridos, eram sem dúvida os frangões roubados aos
quintais das casas... Ai dos fantasmas! e mal dos
lobisomens! o seu tempo passou.
(Olavo Bilac. Melhores crônicas, 2005.)
 
1esba�do: de tom pálido.
2a desoras: muito tarde.
3avantesma: alma do outro mundo, fantasma, espectro.
4folha: periódico diário, jornal.
5ben�nho: objeto de devoção contendo orações escritas.
6pardieiro: prédio velho ou arruinado.
7si�ante: policial.
 
Em “o lobisomem, para perpétua e suprema vergonha de
toda a sua classe,andava acumulando novos pecados
sobre os pecados an�gos, e dando-se à prá�ca de
excessos menos merecedores de exorcismos que de
cadeia” (3º parágrafo), o trecho sublinhado cons�tui um
exemplo de
a) sinestesia. 
b) paradoxo. 
c) pleonasmo. 
d) hipérbole. 
e) eufemismo. 
L0319 - (Unicamp)
Durante dois anos o cor�ço prosperou de dia para dia,
ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o
Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância
brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta
implacável que lhe crescia junto da casa (...).
À noite e aos domingos ainda mais recrudescia o seu
azedume, quando ele, recolhendo-se fa�gado do serviço,
deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à
mesa da sala de jantar e ouvia, a contragosto, o grosseiro
rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de
animais cansados. Não podia chegar à janela sem
receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o
embebedava com o seu fartum de bestas no coito.
(Aluísio de Azevedo, O cor�ço. 14. ed. São Paulo: Á�ca,
1983, p. 22.)
 
Levando em conta o excerto, bem como o texto integral
do romance, é correto afirmar que
a) o grosseiro rumor, a sexualidade desregrada e a
exalação forte que provinham do cor�ço decorriam,
segundo Miranda, do abandono daquela população
pelo governo. 
b) os termos “grosseiro rumor”, “animais”, “bestas no
coito”, que fazem referência aos moradores do cor�ço,
funcionam como metáforas da vida pulsante dos seus
habitantes. 
c) o nivelamento sociológico na obra O Cor�ço se dá não
somente entre os moradores da habitação cole�va e o
seu senhorio, mas também entre eles e o vizinho
Miranda. 
d) a presença portuguesa, exemplificada nas
personagens João Romão e Miranda, não é relevante
para o desenvolvimento da narra�va nem para a
compreensão do sen�do da obra. 
L0329 - (Unicamp)
No conto “O espelho”, de Machado de Assis, o esboço de
uma nova teoria sobre a dupla natureza da alma humana
é apresentado por Jacobina. A personagem narra a
situação em que se viu sozinha na casa da �a Marcolina.
 
“As horas ba�am de século a século no velho relógio da
sala, cuja pêndula, �c-tac, �c-tac, feria-me a alma interior
como um piparote con�nuo da eternidade.”
 
Considerando os indicadores da passagem do tempo na
citação, é correto afirmar que
a) o movimento oscilante do pêndulo do relógio
expressa a duplicidade da alma interior. 
b) o som do velho relógio da sala materializa
acus�camente a longevidade da alma interior. 
c) a sonoridade repe��va do pêndulo intensifica as
aflições da alma interior. 
d) o con�nuo ba�mento das horas sugere o vigor da
alma interior.
L0334 - (Unicamp)
No conto “O espelho”, de Machado de Assis, uma
personagem assume a palavra e narra uma história.
Assinale a alterna�va que explicita sua interlocução com
os cavalheiros presentes.
 
(Machado de Assis, O espelho. Campinas: Editora da
Unicamp, 2019.) 
17@professorferretto @prof_ferretto
a) “Lembra-me de alguns rapazes que se davam comigo,
e passaram a olhar-me de revés, durante algum
tempo.” 
b) “Ah! pérfidos! Mal podia eu suspeitar a intenção
secreta dos malvados.” 
c) “Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de
um letargo, abre os olhos sem ver, depois começa a
ver.” 
d) “O espelho estava naturalmente muito velho; mas via-
se-lhe ainda o ouro, comido em parte pelo tempo.”
L0335 - (Unicamp)
“– Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem me fala
nisso!
Camila estacou, sem a�nar com a resposta,
compreendendo o alcance das palavras do filho.
A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-se-
lhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e
então, num desa�no, ferida no coração, ela achou para o
Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a
língua mais dizia que a sua vontade; mas não poderia
contê-la. A dor a�rava-a para diante, contra aquele filho,
até então poupado.”
(Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da
Unicamp, 2018, p. 123.)
 
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de
seu filho. Assinale a alterna�va que explica corretamente
o comentário de Mário.
a) Mário contrapõe-se à censura materna com
sen�mento de compaixão. 
b) Mário rejeita as reservas maternas com censura
moral. 
c) Mário contrapõe-se à censura materna com desdém
pela família. 
d) Mário rejeita as reservas maternas com vergonha
pelas dívidas acumuladas.
L0341 - (Unicamp)
(...) eu sou um pobre relojoeiro que, cansado de ver que
os relógios deste mundo não marcam a mesma hora,
descri do o�cio. (...) Um exemplo. O Par�do Liberal,
segundo li, estava encasacado e pronto para sair, com o
relógio na mão, porque a hora pingava. Faltava-lhe só o
chapéu, que seria o chapéu Dantas, ou o chapéu Saraiva
(ambos da chapelaria Aristocrata); era só pô-lo na
cabeça, e sair. Nisto passa o carro do paço com outra
pessoa, e ele descobre que ou o seu relógio está
adiantado, ou o de Sua Alteza é que se atrasara. Quem os
porá de acordo?
(Machado de Assis, Bons dias. Introdução e notas John
Gledson. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2008, p.
79.)
 
Com relação ao excerto da crônica de Machado de Assis,
publicada em 05 de abril de 1888 na Gazeta de No�cias,
é correto afirmar que a metáfora mecânica faz referência
à passagem do tempo, aludindo à expecta�va de
mudança de
a) regime a par�r de discordâncias polí�cas que levaram
à eleição do governo imperial. 
b) século, marcada pela perspec�va da chegada do
meteorito de Bendegó na corte imperial. 
c) mentalidade escravagista, com um pacto polí�co para
suspensão de costumes imperiais. 
d) legislação, com a alternância entre par�dos para a
formação de um novo ministério do governo
imperial. 
L0342 - (Unicamp)
No ano seguinte, o Ateneu revelou-se-me noutro
aspecto. Conhecera-o interessante, com as seduções do
que é novo, com as projeções obscuras de perspec�va,
desafiando curiosidade e receio; conhecera-o insípido e
banal como os mistérios resolvidos, caiado de tédio;
conhecia-o agora intolerável como um cárcere, murado
de desejos e privações.
(Raul Pompeia, O Ateneu. 7ª. ed. São Paulo: Á�ca, 1980,
p. 98.)
 
Com base no excerto que inicia o capítulo VIII do
romance de Raul Pompéia e no seu sub�tulo – crônica de
saudades –, é correto afirmar que a obra é
a) um relato, em primeira pessoa, de experiências
cole�vas e ín�mas, no qual o protagonista mostra
aspectos da realidade social, valorizando o sistema
escolar e prisional. 
b) um romance de formação, no qual o protagonista
revela condutas e intrigas no ambiente escolar, com
elogios à pedagogia corre�va e aos valores morais da
burguesia. 
c) uma narra�va memorialista de experiências vividas
num internato, na qual o protagonista revela aspectos
do sistema educacional da época, com crí�cas à
hipocrisia burguesa. 
d) um relato saudosista de experiências vividas no
internato, no qual o protagonista mostra o poder de
sedução e corrupção das amizades, com crí�cas à
falsidade da burguesia. 
L0344 - (Unicamp)
18@professorferretto @prof_ferretto
As Ondas
Olavo Bilac
 
Entre as trêmulas mornas arden�as,
A noite no alto-mar anima as ondas.
Sobem das fundas úmidas Golcondas,
Pérolas vivas, as nereidas frias:
 
Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.
 
Coxas de vago ônix, ventres polidos
De alabastro, quadris de argêntea espuma,
Seios de dúbia opala ardem na treva;
 
E bocas verdes, cheias de gemidos,
Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,
Soluçam beijos vãos que o vento leva...
 
Arden�a: s.f. fosforescência sobre as ondas do mar, à
noite.
Golconda: s. f. (fig.) mina de riquezas.
Nereida: s.f. cada uma das ninfas do mar, filhas de Nereu.
 
Em relação ao soneto de Olavo Bilac (no contexto de sua
época), é correto afirmar que a seleção lexical favorece a
a) descrição obje�va que o eu lírico faz da fantasia
amorosa recorrendo à riqueza mineral dos oceanos. 
b) representação esté�ca que o eu lírico faz do desejo
amoroso associado a fenômenos naturais. 
c) descrição cien�fica que o eulírico faz do corpo
feminino recorrendo a fenômenos da natureza. 
d) representação natural que o eu lírico faz do jogo de
sensualidade associado à mitologia grega.

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