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QUESTÕES Modernismo - Segunda Fase - Prosa

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1@professorferretto @prof_ferretto
Modernismo - Segunda Fase - Prosa
L0202 - (Unesp)
Para responder à questão a seguir, leia o fragmento de
um romance de Érico Veríssimo (1905-1975).
 
O defunto dominava a casa com a sua presença enorme.
Anoitecia, e os homens que cercavam o morto ali na sala
ainda não se haviam habituado ao seu silêncio espesso.
Fazia um calor opressivo. Do quarto con�guo vinham
soluços sem choro. Pareciam pedaços arrancados dum
grito de dor único e descomunal, davam uma impressão
de dilaceramento, de agonia sincopada.
As velas ardiam e o cheiro da cera derre�da se casava
com o perfume adocicado das flores que cobriam o
caixão. A mistura enjoa�va inundava o ar como uma
emanação mesma do defunto, entrava pelas narinas dos
vivos e lhes dava a sensação desconfortante duma
comunhão com a morte.
O velho calvo que estava a um canto da sala, voltou a
cabeça para o militar a seu lado e cochichou:
— Está fazendo falta aqui é o Tico, capitão.
O oficial ainda não conhecia o Tico. Era novo na cidade.
Então o velho explicou. O Tico era um sujeito que sabia
animar os velórios, contava histórias, �nha um jeito
especial de levar a conversa, deixando todo o mundo à
vontade. Sem o Tico era o diabo... Por onde andaria
aquela alma?
Entrou um homem magro, alto, de preto. Cumprimentou
com um aceno discreto de cabeça, caminhou
devagarinho até o cadáver e ergueu o lenço branco que
lhe cobria o rosto.
Por alguns segundos fitou na cara morta os olhos tristes.
Depois deixou cair o lenço, afastou-se enxugando as
lágrimas com as costas das mãos e entrou no quarto
vizinho.
O velho calvo suspirou.
— Pouca gente...
O militar passou o lenço pela testa suada.
— Muito pouca. E o calor está brabo.
— E ainda é cedo.
O capitão �rou o relógio: faltava um quarto para as oito.
(Um lugar ao sol, 1978.) 
 
A capacidade de animar os velórios é atribuída ao Tico
pelo velho calvo, porque este a considera 
a) um meio inadequado de ganhar a vida. 
b) conveniente para aliviar as tensões naquela
situação. 
c) inapropriada naquela situação social. 
d) desrespeitosa em face da tristeza geral. 
e) um modo de enfa�zar as virtudes do morto. 
L0197 - (Fuvest)
Leia o texto abaixo para responder à questão
 
Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança
contra a cidade dos ricos. Mas os ricos �nham a vacina,
que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das
florestas d’África. Um deus dos negros pobres. Que podia
saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o
povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi
transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca
e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas
Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora
o 1lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus
filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as
macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade,
levasse para os ricos la�fundiários do sertão. Eles �nham
dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam
tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os
negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam: 
 
Ele é mesmo nosso pai
e é quem pode nos ajudar... 
 
Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não o
esqueçam avisa no seu cân�co de despedida:
 
Ora, adeus, ó meus filhinhos,
Qu’eu vou e torno a vortá...
 
E numa noite que os atabaques ba�am nas macumbas,
numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na
máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de
Juazeiro. A bexiga foi com ele.
 
Jorge Amado, Capitães da Areia.
 
2@professorferretto @prof_ferretto
1lazareto: estabelecimento para isolamento sanitário de
pessoas a�ngidas por determinadas doenças. 
 
 Considere as seguintes afirmações referentes ao texto
de Jorge Amado:
 
I. Do ponto de vista do excerto, considerado no contexto
da obra a que pertence, a religião de origem africana
comporta um aspecto de resistência cultural e polí�ca.
II. Fica pressuposta no texto a ideia de que, na época em
que se passa a história nele narrada, o Brasil ainda
conservava formas de privação de direitos e de exclusão
social advindas do período colonial.
III. Os contrastes de natureza social, cultural e regional
que o texto registra permitem concluir corretamente que
o Brasil passou por processos de modernização
descompassados e desiguais.
 
Está correto o que se afirma em 
a) I, somente. 
b) II, somente. 
c) I e II, somente. 
d) II e III, somente. 
e) I, II e III. 
L0200 - (Unicamp)
Que dizer das personagens? Creio que têm a força e ao
mesmo tempo a fraqueza da caricatura. Mas, pensando
melhor, não poderemos também alegar em defesa do
romancista que a caricatura é uma tendência
reconhecida e aceita da arte moderna, principalmente da
pintura? Não haverá muito de deformação na obra de
grandes pintores como Por�nari, Di Cavalcante e Segall –
todos eles inconformados com a sociedade em que
vivem?
(Adaptado de Erico Verissimo, Prefácio, em Caminhos
Cruzados. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 20-
21.)
 
 
A ideia de deformação aplica-se ao quadro de Tarsila e ao
romance Caminhos cruzados, de Érico Veríssimo, porque
tal procedimento ar�s�co acentua 
a) a crí�ca do modernismo à violência da escravidão e às
desigualdades sociais, presentes no quadro e nas
personagens do romance, respec�vamente. 
b) o imaginário da burguesia nacional, pois tanto as
protagonistas do romance quanto a imagem da
mulher negra retratam os traços caracterís�cos das
reformas sociais do Estado Novo. 
c) os princípios esté�cos do movimento modernista, pois
as duas expressões ar�s�cas apresentam-se como
reflexo dos valores da elite cafeeira paulista. 
d) a moral implícita da modernidade, pois o narrador do
livro e a representação do corpo negro cri�cam o
comportamento social das personagens femininas no
século XX. 
L0199 - (Enem)
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio
da adolescência que teve influência significa�va em sua
carreira de escritor.
 
"Lembro-me de que certa noite - eu teria uns quatorze
anos, quando muito - encarregaram-me de segurar uma
lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações,
enquanto um médico fazia os primeiros cura�vos num
pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam
"carneado". (...) Apesar do horror e da náusea, con�nuei
firme onde estava, talvez pensando assim: se esse
caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não
hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o
doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...)
3@professorferretto @prof_ferretto
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-
me animado até hoje a ideia de que o menos que o
escritor pode fazer, numa época de atrocidades e
injus�ças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer
luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre
ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos
e aos �ranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da
náusea e do horror. Se não �vermos uma lâmpada
elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em úl�mo
caso, risquemos fósforos repe�damente, como um sinal
de que não desertamos nosso posto."
(VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta.Tomo I. Porto
Alegre: Editora Globo, 1978.)
 
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que
ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma
das funções do escritor e, por extensão, da literatura, 
a) criar a fantasia. 
b) permi�r o sonho. 
c) denunciar o real. 
d) criar o belo. 
e) fugir da náusea. 
L0194 - (Enem)
No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de
que no Brasil havia duas literaturas independentes
dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul,
regiões segundo ele muito diferentes por formação
histórica, composição étnica, costumes, modismos
linguís�cos etc. Por isso, deu aos romances regionais que
publicou o �tulo geral de Literatura do Norte. Em nossos
dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar
com bastante engenho que no Brasil há, em verdade,
literaturas setoriais diversas, refle�ndo as caracterís�cas
locais.
CANDIDO, A. A nova narra�va. A educação pela noitee
outros ensaios. São Paulo: Á�ca, 2003.
 
Com relação à valorização, no romance regionalista
brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas
regiões nacionais, sabe-se que 
a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela
temá�ca essencialmente urbana, colocando em relevo
a formação do homem por meio da mescla de
caracterís�cas locais e dos aspectos culturais trazidos
de fora pela imigração europeia. 
b) José de Alencar, representante, sobretudo, do
romance urbano, retrata a temá�ca da urbanização
das cidades brasileiras e das relações conflituosas
entre as raças. 
c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado
realismo no uso do vocabulário, pelo temário local,
expressando a vida do homem em face da natureza
agreste, e assume frequentemente o ponto de vista
dos menos favorecidos. 
d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos
expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a
formação do homem brasileiro, o sincre�smo
religioso, as raízes africanas e indígenas que
caracterizam o nosso povo. 
e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto
e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e
40 do século XX, cuja obra retrata a problemá�ca do
homem urbano em confronto com a modernização do
país promovida pelo Estado Novo. 
L0203 - (Unifesp)
Para responder à questão a seguir, leia o trecho do
livro Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre.
 
Mas a casa-grande patriarcal não foi apenas fortaleza,
capela, escola, oficina, santa casa, harém, convento de
moças, hospedaria. Desempenhou outra função
importante na economia brasileira: foi também banco.
Dentro das suas grossas paredes, debaixo dos �jolos ou
mosaicos, no chão, enterrava-se dinheiro, guardavam-se
joias, ouro, valores. Às vezes guardavam-se joias nas
capelas, enfeitando os santos. Daí Nossas Senhoras
sobrecarregadas à baiana de teteias, balangandãs,
corações, cavalinhos, cachorrinhos e correntes de ouro.
Os ladrões, naqueles tempos piedosos, raramente
ousavam entrar nas capelas e roubar os santos. É
verdade que um roubou o esplendor e outras joias de
São Benedito; mas sob o pretexto, ponderável para a
época, de que “negro não devia ter luxo”. Com efeito,
chegou a proibir-se, nos tempos coloniais, o uso de
“ornatos de algum luxo” pelos negros.
Por segurança e precaução contra os corsários, contra os
excessos demagógicos, contra as tendências comunistas
dos indígenas e dos africanos, os grandes proprietários,
nos seus zelos exagerados de priva�vismo, enterraram
dentro de casa as joias e o ouro do mesmo modo que os
mortos queridos. Os dois fortes mo�vos das casas-
grandes acabarem sempre mal-assombradas com
cadeiras de balanço se balançando sozinhas sobre �jolos
4@professorferretto @prof_ferretto
soltos que de manhã ninguém encontra; com barulho de
pratos e copos batendo de noite nos aparadores; com
almas de senhores de engenho aparecendo aos parentes
ou mesmo estranhos pedindo padres-nossos, ave-marias,
gemendo lamentações, indicando lugares com bo�jas de
dinheiro. Às vezes dinheiro dos outros, de que os
senhores ilicitamente se haviam apoderado. Dinheiro
que compadres, viúvas e até escravos lhes �nham
entregue para guardar. Sucedeu muita dessa gente ficar
sem os seus valores e acabar na miséria devido à
esperteza ou à morte súbita do depositário. Houve
senhores sem escrúpulos que, aceitando valores para
guardar, fingiram-se depois de estranhos e
desentendidos: “Você está maluco? Deu-me lá alguma
cousa para guardar?”
Muito dinheiro enterrado sumiu-se misteriosamente.
Joaquim Nabuco, criado por sua madrinha na casa-
grande de Maçangana, morreu sem saber que des�no
tomara a ourama para ele reunida pela boa senhora; e
provavelmente enterrada em algum desvão de parede.
[…] Em várias casas-grandes da Bahia, de Olinda, de
Pernambuco se têm encontrado, em demolições ou
escavações, bo�jas de dinheiro. Na que foi dos Pires
d’Ávila ou Pires de Carvalho, na Bahia, achou-se, num
recanto de parede, “verdadeira fortuna em moedas de
ouro”. Noutras casas-grandes só se têm desencavado do
chão ossos de escravos, jus�çados pelos senhores e
mandados enterrar no quintal, ou dentro de casa, à
revelia das autoridades. Conta-se que o visconde de
Suaçuna, na sua casa-grande de Pombal, mandou
enterrar no jardim mais de um negro supliciado por
ordem de sua jus�ça patriarcal. Não é de admirar. Eram
senhores, os das casas-grandes, que mandavam matar os
próprios filhos. Um desses patriarcas, Pedro Vieira, já
avô, por descobrir que o filho man�nha relações com a
mucama de sua predileção, mandou matá-lo pelo irmão
mais velho.
(In: Silviano San�ago (coord.).Intérpretes do Brasil,
2000.)
 
Guardadas as proporções, o ambiente retratado no texto
de Gilberto Freyre aparece com destaque na produção
literária de 
a) Euclides da Cunha. 
b) Machado de Assis. 
c) Aluísio Azevedo. 
d) José Lins do Rego. 
e) Lima Barreto. 
L0196 - (Upe-ssa)
A literatura de 1930 é demarcada por uma temá�ca
social, em que o urbano e o rural se intercruzam, haja
vista os romances de José Lins do Rego, Graciliano Ramos
e Jorge Amado. Os dois primeiros autores dão prioridade
às histórias que transcorrem em espaço rural; a mesma
coisa já não se pode afirmar em relação à obra de Jorge
Amado, pois grande parte dela tem como ambiente a
cidade da Bahia, atual Salvador. 
 
Com base no exposto, observe as imagens a seguir:
 
 
Analise as seguintes afirma�vas:
 
I. As três imagens referem-se, de modo simultâneo, às
obras dos romancistas de trinta, José Lins do Rego,
Graciliano Ramos e Jorge Amado, pois a produção
ar�s�ca desses autores relata acontecimentos que
ocorrem nos três espaços representados nas imagens
expostas.
II. Dos três autores mencionados, dois deles têm textos
memorialistas, Graciliano Ramos, por relatar as
memórias dos anos que passou na prisão, e Jorge
Amado, quando narra a história dos amores de Gabriela
com Nacib e de Dona Flor com os seus dois maridos.
III. Há antagonismo entre as imagens 1, 2 e 3,
respec�vamente, com os romances de José Lins do Rego,
Graciliano Ramos e Jorge Amado os quais, pelo fato de
fazerem parte da geração denominada regionalista,
mime�zam, de modo crí�co, aspectos da realidade que
têm por cenários o campo e a cidade.
IV. A imagem 2 representa o espaço onde transcorrem os
acontecimentos relatados nos romances do ciclo do
açúcar, de José Lins do Rego, enquanto a 3 relaciona-se
com o cenário da seca, tema central de Vidas
Secas. Trata-se de uma narra�va de Graciliano Ramos, na
qual o animal e o homem se equivalem, pois, enquanto
Fabiano se considera “bicho”, Baleia nutre sen�mentos
humanos.
5@professorferretto @prof_ferretto
V. Dos três autores, o único que apresenta, na maioria de
seus romances, um cenário urbano tal qual se encontra
representado na imagem 3 é Jorge Amado, cuja crí�ca
social se volta para acontecimentos na cidade da Bahia,
atual Salvador.
 
Está(ão) CORRETA(S) apenas 
a) I, II e III. 
b) I e II. 
c) IV. 
d) I e V. 
e) I, III e IV. 
L0198 - (Unisc)
Leia atentamente o trecho do romance O Quinze, de
Rachel de Queiroz, e, depois, analise as afirma�vas a
seguir.
 
“Novamente a cavalo no pedrês, Vicente marchava
através da estrada vermelha e pedregosa, orlada pela
galharia negra da caa�nga morta. Os cascos do animal
pareciam �rar fogo nos seixos do caminho. Lagar�xas
davam carreirinhas intermitentes por cima das folhas
secas no chão que estalavam como papel queimado.
O céu, transparente que doía, vibrava, tremendo feito
uma gaze repuxada.
Vicente sen�a por toda parte uma impressão ressequida
de calor e aspereza.
Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum
juazeiro ainda escapo à devastação da rama; mas em
geral as pobres árvores apareciam lamentáveis,
mostrando os cotos dos galhos como membros
amputados e a casca toda raspada em grandes zonas
brancas.
E o chão, que em outro tempo a sombra cobria, era uma
confusão desolada de galhos secos, cuja agressividade
ainda mais se acentuava pelos espinhos.
(...) 
Quando Vicente se despediu, e montou ligeiro no cavalo
que arrancou de galope, Conceiçãoes�rou-se na rede e
ficou olhando o vulto branco que a poeira ruiva envolvia,
até o ver se sumir atrás de um grupo de umarizeiras da
várzea.
Todo o dia a cavalo, trabalhando, alegre e dedicado,
Vicente sempre fora assim, amigo do mato, do sertão, de
tudo o que era inculto e rude. Sempre o conhecera
querendo ser vaqueiro como um caboclo desambicioso,
apesar do desgosto que com isso sen�a a gente dele.
E a moça lembrou-se de certa vez, em casa do Major, no
dia em que se inaugurou o gramofone, e as meninas, e
ela própria, que também estava lá, puseram-se a dançar.
Os pares eram o filho mais velho da casa – hoje casado e
promotor no Cariri – e dois outros rapazes, colegas dele,
que �nham vindo passar as férias no sertão.”
QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. São Paulo: Siciliano,
1993, p. 13-17.
 
I. O trecho apresenta um narrador em primeira pessoa.
II. Os personagens não apresentam um grande
aprofundamento psicológico.
III. Nos parágrafos citados, observa-se uma iden�ficação
entre o espaço e o personagem masculino.
 
Assinale a alterna�va correta. 
a) Somente as afirma�vas I e II estão corretas. 
b) Somente as afirma�vas II e III estão corretas. 
c) Somente as afirma�vas I e III estão corretas. 
d) Nenhuma afirma�va está correta. 
e) Todas as afirma�vas estão corretas. 
L0205 - (Enem)
A velha Totonha de quando em vez ba�a no
engenho. E era um acontecimento para a meninada...
Que talento ela possuía para contar as suas histórias,
com um jeito admirável de falar em nome de todos os
personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma
voz que dava todos os tons às palavras!
Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e
forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas
maldades e as suas grandezas, a gente encontrava
naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre
cas�gados com mortes horríveis! O que fazia a velha
Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos
seus descri�vos. Quando ela queria pintar um reino era
como se es�vesse falando dum engenho fabuloso. Os
rios e florestas por onde andavam os seus personagens
se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu
Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.
José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).
 
Na construção da personagem "velha Totonha", é
possível iden�ficar traços que revelam marcas do
processo de colonização e de civilização do país.
Considerando o texto acima, infere-se que a velha
Totonha 
6@professorferretto @prof_ferretto
a) �ra o seu sustento da produção da literatura, apesar
de suas condições de vida e de trabalho, que denotam
que ela enfrenta situação econômica muito adversa. 
b) compõe, em suas histórias, narra�vas épicas e
realistas da história do país colonizado, livres da
influência de temas e modelos não representa�vos da
realidade nacional. 
c) retrata, na cons�tuição do espaço dos contos, a
civilização urbana europeia em concomitância com a
representação literária de engenhos, rios e florestas
do Brasil. 
d) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos
contos, do próprio romancista, o qual pretende
retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa
quanto a europeia. 
e) imprime marcas da realidade local a suas narra�vas,
que têm como modelo e origem as fontes da literatura
e da cultura europeia universalizada. 
L0192 - (Ufrgs)
No bloco superior abaixo, estão listados os �tulos de
alguns romances, representantes do Romance de 30 no
Brasil; no inferior, o enredo central desses romances.
 
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
 
1. A bagaceira, de José Américo de Almeida.
2. O quinze, de Rachel de Queiroz.
3. Menino de engenho, de José Lins do Rego.
4. Os ratos, de Dyonélio Machado.
5. Vidas secas, de Graciliano Ramos.
 
(__) Os re�rantes sertanejos Valen�m Pereira, Soledade,
sua filha, e Pirunga, um agregado, buscam, durante uma
terrível seca, abrigo no engenho de Dagoberto Marcão.
(__) Carlos de Melo narra suas memórias de infância na
fazenda Santa Rosa, apresentando o avô, as �as e os
“moleques da bagaceira”.
(__) Família de re�rantes foge da seca em direção ao sul
do Brasil, rumo a uma cidade grande, onde há trabalho
para o pai e escola para os filhos.
(__) Funcionário público, endividado com o leiteiro,
perambula pela cidade em busca do dinheiro para saldar
sua dívida.
 
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é 
a) 4 – 1 – 5 – 2. 
b) 2 – 4 – 1 – 3. 
c) 1 – 3 – 5 – 4. 
d) 5 – 2 – 3 – 1. 
e) 3 – 1 – 4 – 2. 
L0206 - (Ufrgs)
Leia os trechos abaixo, re�rados do capítulo Ana Terra,
de O con�nente, da trilogia O tempo e o vento, de Erico
Verissimo.
 
Maneco Terra era um homem que falava pouco e
trabalhava demais. Severo e sério, exigia dos outros
muito respeito e obediência, e não admi�a que ninguém
em casa discu�sse com ele. (...)
D. Henriqueta respeitava o marido, nunca ousava
contrariá-lo. A verdade era que, afora aquela coisa de
terem vindo para o Rio Grande e umas certas
casmurrices, não �nha queixa dele. Maneco era um
homem direito, um homem de bem, e nunca a tratara
com brutalidade. (...)
Mas havia épocas em que não aparecia ninguém. E Ana
só via a seu redor quatro pessoas: o pai, a mãe e os
irmãos. Quanto ao resto, eram sempre aqueles coxilhões
a perder de vista, a solidão e o vento. Não havia outro
remédio — achava ela — senão trabalhar para esquecer
o medo, a tristeza, a aflição... Acordava e pulava da cama,
mal raiava o dia. Ia aquentar a água para o chimarrão dos
homens, depois começava a faina diária: ajudar a mãe na
cozinha, fazer pão, cuidar dos bichos do quintal, lavar a
roupa. Por ocasião das colheitas ia com o resto da família
para a lavoura e lá ficava mourejando de sol a sol.
 
Comparando os trechos acima com o conto Dois guaxos,
de Sergio Faraco, considere as seguintes afirmações.
 
I. Há confluências entre os dois textos, como as
condições precárias de vida em um rancho isolado no
interior do Rio Grande do Sul, o nome da irmã de
Maninho e seu envolvimento com um agregado da
família. 
II. Há semelhanças nas considerações sobre os maridos,
feitas pela mãe de Maninho e por D. Henriqueta, mãe de
Ana Terra.
III. Há o contraste em relação à estrutura familiar: no
romance, pai, mãe e filhos; no conto, uma família
marcada pela ausência da mãe e pela figura paterna
degradada.
 
Quais estão corretas? 
7@professorferretto @prof_ferretto
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas I e III. 
e) I, II e III. 
L0193 - (Enem)
Texto I
 
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O
que o segurava era a família. Vivia preso como um
novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente.
Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o
pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao
pescoço. Deveria con�nuar a arrastá-los? Sinha Vitória
dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns
brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as
reses de um patrão invisível, seriam pisados,
maltratados, machucados por um soldado amarelo.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Mar�ns, 23ª
ed., 1969, p. 75.
 
Texto II
 
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro,
enigmá�co, impermeável. Não há solução fácil para uma
tenta�va de incorporação dessa figura no campo da
ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis
soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando
uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma
cons�tuição de narrador em que narrador e criaturas se
tocam, mas não se iden�ficam. Em grande medida, o
debate acontece porque, para a intelectualidade
brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de
aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto
como um ser humano de segunda categoria, simples
demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente
complexos. O que "Vidas Secas" faz é, com pretenso não
envolvimento da voz que controla a narra�va, dar conta
de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam
plenamente capazes.
Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes.In: Teresa. São
Paulo: USP, nº 2,2001, p. 254. 
 
No texto II, verifica-se que o autor u�liza 
a) linguagem predominantemente formal, para
problema�zar, na composição de "Vidas Secas", a
relação entre o escritor e o personagem popular. 
b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a
linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor. 
c) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma
história que apresenta o roceiro pobre de forma
pitoresca. 
d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do
texto literário em prosa, para analisar determinado
momento da literatura brasileira. 
e) linguagem regionalista, para transmi�r informações
sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para
facilitar o entendimento do texto. 
L0195 - (Ufrgs)
Leia os segmentos abaixo do ensaio A nova narra�va, de
Antonio Candido, sobre a ficção brasileira a par�r da
década de 1960.
 
O esforço do escritor atual é inverso. Ele deseja apagar as
distâncias sociais, iden�ficando-se com a matéria
popular. Por isso usa a primeira pessoa como recurso
para confundir autor e personagem, adotando uma
espécie de discurso direto permanente e
desconvencionalizado, que permite fusão maior que a do
indireto livre. Esta abdicação es�lís�ca é um traço da
maior importância na atual ficção brasileira.
[...]
Este ânimo de experimentar e renovar talvez enfraqueça
a ambição criadora, porque se concentra no pequeno
fazer de cada texto. Daí o abandono dos grandes projetos
de antanho. [...] O ímpeto narra�vo se atomiza e a
unidade ideal acaba sendo o conto, a crônica, o sketch,
que permitem manter a tensão di�cil da violência, do
insólito ou da visão fulgurante.
 
Considere as seguintes afirmações.
 
I. O autor procura jus�ficar a tendência crescente de
romances brasileiros narrados em primeira pessoa, que
se verifica até hoje.
II. Os “grandes projetos” podem ser exemplificados em
obras como o Ciclo da cana-de-açúcar, de José Lins do
Rego, como os Romances da Bahia, de Jorge Amado,
como O tempo e o vento , de Erico Verissimo.
III. O autor procura jus�ficar a emergência de narra�vas
curtas no Brasil, como o conto e a crônica.
 
Quais estão corretas? 
8@professorferretto @prof_ferretto
a) Apenas I. 
b) Apenas III. 
c) Apenas I e II. 
d) Apenas II e III. 
e) I, II e III. 
L0257 - (Fuvest)
(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma
cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não
me importo. O meu bicho morre desejando acordar num
mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós
desejamos. A diferença é que eu quero que eles
apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que
eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos
como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
 
(...) Uma angús�a apertou-lhe o pequeno coração.
Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de
suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as
moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na
esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o
cachimbo.
(...)
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio
de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano
enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com
ela num pá�o enorme, num chiqueiro enorme. O mundo
ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
Graciliano Ramos, Vidas secas.
 
A comparação entre os fragmentos, respec�vamente, da
Carta e de Vidas secas, permite afirmar que
a) “será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem
dúvida. 
b) “procurei adivinhar” e “precisava vigiar” significam
necessidade. 
c) “no fundo todos somos” e “andar pelas ribanceiras”
indicam lugar. 
d) “padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir”
indicam intencionalidade. 
e) “todos nós desejamos” e “dormiam na esteira”
indicam possibilidade. 
L0258 - (Fuvest)
(...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma
cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não
me importo. O meu bicho morre desejando acordar num
mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós
desejamos. A diferença é que eu quero que eles
apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que
eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos
como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)
Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.
 
(...) Uma angús�a apertou-lhe o pequeno coração.
Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de
suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as
moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na
esteira, por baixo do caritó onde sinhá Vitória guardava o
cachimbo.
(...)
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio
de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano
enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com
ela num pá�o enorme, num chiqueiro enorme. O mundo
ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
Graciliano Ramos, Vidas secas.
 
As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o excerto
do romance permitem afirmar que a personagem Baleia,
em Vidas secas, representa
a) o conformismo dos sertanejos. 
b) os anseios comunitários de jus�ça social. 
c) os desejos incompa�veis com os de Fabiano. 
d) a crença em uma vida sobrenatural. 
e) o desdém por um mundo melhor.
L0301 - (Unesp)
Sem dúvida, o capital não tem pátria, e é esta uma das
suas vantagens universais que o fazem tão a�vo e
irradiante. Mas o trabalho que ele explora tem mãe, tem
pai, tem mulher e filhos, tem língua e costumes, tem
música e religião. Tem uma fisionomia humana que dura
enquanto pode. E como pode, já que a sua situação de
raiz é sempre a de falta e dependência.
Narrar a necessidade é perfazer a forma do ciclo. Entre a
consciência narradora, que sustém a história, e a matéria
narrável, sertaneja, opera um pensamento
desencantado, que figura o co�diano do pobre em um
ritmo pendular: da chuva à seca, da folga à carência, do
bem-estar à depressão, voltando sempre do úl�mo
estado ao primeiro. É a narração, que se quer obje�va,
da modés�a dos meios de vida registrada na modés�a da
vida simbólica.
(Alfredo Bosi. Céu, inferno: ensaios de crí�ca literária e
ideológica, 2003. Adaptado.)
 
O comentário aplica-se com precisão à obra
9@professorferretto @prof_ferretto
a) Vidas secas, de Graciliano Ramos. 
b) Macunaíma, de Mário de Andrade. 
c) Os sertões, de Euclides da Cunha. 
d) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. 
e) A hora da estrela, de Clarice Lispector.

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