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Tecnologia de pesca Vanildo Souza de Oliveira 2 | Vanildo Souza de Oliveira Copyright © 2020 by Vanildo Souza de Oliveira Todos os direitos reservados. Vedada a produção, distribuição, comercialização ou cessão sem autorização do autor. Os direitos desta obra não foram cedidos. Impresso no Brasil Printed in Brazil Diagramação Maria Oliveira Capa e Desenhos Vanildo Souza de Oliveira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Ficha Catalográfica Oliveira, Vanildo Souza de. O48t Tecnologia de pesca. / Vanildo Souza de Oliveira. – Olinda: Livro Rápido, 2020. 206 p.: il. Contém bibliografia p. 204 – 209 (bibliografia localizada) ISBN 978-65-86728-87-3 1. Tecnologia de pesca. 2. Tipos de redes. 3. Covos. 4. Pesca com vara e isca. 5. Pesca dirigida. I. Título 639.2 CDU (1999) Fabiana Belo - CRB-4/1463 Livro Rápido Editora Coordenadora editorial: Maria Oliveira Rua Dr. João Tavares de Moura, 57/99 Peixinhos Olinda – PE CEP: 53230-290 Fone: (81) 4100.0410/ (81) 4100.0411 orcamento@livrorapido.com.br Tecnologia de pesca | 3 4 | Vanildo Souza de Oliveira SUMARIO PREFÁ CIO ................................................................................................................... 07 CÁPI TULO I: REDES DE ÁRRÁSTO ................................................................... 09 1.1 REDES DE ÁRRÁSTO ................................................................................. 10 1.1.1 Portas de arrasto ................................................................................ 14 1.2 MÁNOBRÁS COM REDES DE ÁRRÁSTO ............................................. 19 1.2.1 Árrasto com pau de serriola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.2.1.1 Lançamento ................................................................................. 20 1.2.1.2 Recolhimento ............................................................................... 23 1.2.2 Árrasto com tangones (arrasto duplo — Double rig) ........... 25 1.2.2.1 Ármaça o do sistema de arrasto ........................................... 28 1.2.2.2 Lançamento ................................................................................. 32 1.2.2.3 Recolhimento .............................................................................. 34 1.2.3 Redes ge meas ..................................................................................... 40 1.2.4 Árrasto de popa ................................................................................. 42 1.2.4.1 Lançamento ................................................................................... 44 1.2.4.2 Recolhimento ................................................................................ 45 1.2.5 Árrasto com parelhas ...................................................................... 52 1.2.5.1 Lançamento ................................................................................. 53 1.2.5.2 Recolhimento ............................................................................... 57 1.3 SOLUÇO ES ECOLO GICÁS EM REDES DE ÁRRÁSTO PÁRÁ MINIMIZÁR DÁNOS ÁMBIENTÁIS ............................................................. 60 CÁPI TULO II: REDES DE CERCO .................................................................... 65 2.1 REDES DE CERCO ...................................................................................... 66 2.1.1 Formas de localizaça o de cardumes ........................................... 68 2.1.2 Lançamento .......................................................................................... 70 2.1.3 Recolhimento ....................................................................................... 72 2.2 SOLUÇO ES ECOLO GICÁS PÁRÁ MINIMIZÁR DÁNOS ÁMBIENTÁIS EM REDES DE CERCO NÁ CÁPTURÁ DE ÁTUM ... 78 CÁPI TULO III: ESPINHEL ..................................................................................... 81 3.1 ESPINHEL ...................................................................................................... 82 Tecnologia de pesca | 5 3.1.1 Espinhel de fundo.............................................................................. 82 3.1.1.1 Lançamento ................................................................................... 89 3.1.1.2 Recolhimento ............................................................................... 91 3.1.2 Espinhel de fundo em sistema industrial ..................................... 92 3.1.3 Espinhel pela gico .................................................................................... 93 3.1.3.1 Lançamento ................................................................................... 100 3.1.3.2 Recolhimento ............................................................................... 102 3.4 SOLUÇO ES ECOLO GICÁS PÁRÁ MINIMIZÁR DÁNOS ÁMBIENTÁIS EM ESPINHEL LONGLINE ................................................ 104 CÁPI TULO IV: REDES DE EMÁLHÁR ........................................................... 107 4.1 Redes de emalhar de fundo em embarcaço es artesanais ....... 108 4.1.1 Lançamento ...................................................................................... 109 4.1.2 Recolhimento ................................................................................... 111 4.2 Rede de emalhar em embarcaça o Industrial ............................... 112 4.2.1 Lançamento ...................................................................................... 113 4.2.2 Recolhimento ................................................................................... 114 4.3 MEDIDÁS ECOLO GICÁS PÁRÁ MINIMIZÁR DÁNOS ÁMBIENTÁIS EM REDES DE EMÁLHÁR ................................................ 117 CÁPI TULO V: COVOS ........................................................................................... 119 5.1 Covos ............................................................................................................ 120 5.1.1 Lançamento ...................................................................................... 123 5.1.2 Recolhimento ................................................................................... 125 5.2 MEDIDÁS ECOLO GICÁS PÁRÁ MINIMIZÁR DÁNOS ÁMBIENTÁIS EM COVOS ........................................................................... 127 CÁPI TULO VI: PESCÁ DE LULÁS COM ÁTRÁÇÁ O LUMINOSÁ ............ 129 6.1 PESCÁ DE LULÁS COM ÁTRÁÇÁ O LUMINOSÁ ............................. 130 CÁPI TULO VII: PESCÁ COM VÁRÁ E ISCÁ VIVÁ .......................................135 7.1 PESCÁ COM VÁRÁ E ISCÁ VIVÁ .......................................................... 136 CÁPI TULO VIII: EQUIPÁMENTOS ELETRO NICOS ÁUXILIÁRES Á PESCÁ ....................................................................................................................... 139 8.1 Ecossonda .................................................................................................. 140 8.2 Freque ncia de ondas .............................................................................. 140 8.3 O QUE Á ECOSSONDÁ PODE DETECTÁR? ..................................... 145 6 | Vanildo Souza de Oliveira 8.4 O que pode interferir em uma ecossonda? ................................... 145 8. 5 SONÁR ......................................................................................................... 152 8.6 Radar ............................................................................................................ 155 8.7 SISTEMÁ DE NÁVEGÁÇÁ O POR SÁTE LITE GPS (Global Positioning System) ....................................................................... 157 8.8 SÁTE LITE .................................................................................................... 160 CÁPI TULO IX: PESCÁ DIRIGIDÁ ..................................................................... 163 9.1 PESCÁ DIRIGIDÁ ...................................................................................... 164 CÁPI TULO X: COMPORTÁMENTO DÁS ESPE CIES EM RELÁÇÁ O ÁOS ÁPÁRELHOS DE PESCÁ ..................................................................................... 169 10.1 COMPORTÁMENTO DÁS ESPE CIES ................................................ 170 CÁPI TULO XI: RESISTE NCIÁ DOS ÁPÁRELHOS DE ÁRRÁSTO ........... 175 11.1 RESISTE NCIÁS DOS ÁPÁRELHOS DE ÁRRÁSTO ....................... 176 11.2 FO RMULÁ PÁRÁ O CÁ LCULO DO TIRO DÁ EMBÁRCÁÇÁ O ... 178 11.2.1 Ca lculo da pote ncia padra o (PS) ............................................ 179 11.2.2 Determinaça o do coeficiente da he lice (Ch) ...................... 179 11.2.3 Determinaça o do coeficiente do mar (Cmr) ...................... 179 11.3 Determinaça o da resiste ncia hidrodina mica de um Corpo em um fluido ......................................................................................... 180 11.4 Fo rmula da resiste ncia dos cabos de arrasto ............................. 180 11.5 Ca lculo da resiste ncia das portas de arrasto .............................. 184 11.6 Fo rmula do ca lculo da resiste ncia de uma rede de arrasto .. 186 11.7 Ca lculo da resiste ncia total de um sistema de arrasto ........... 194 11.8 Ábertura vertical e horizontal da rede de arrasto .................. 195 BIBLIOGRÁFIÁ ...................................................................................................... 199 Tecnologia de pesca | 7 PREFÁCIO Essa obra destina-se aos estudantes de Engenharia de Pesca e dos demais cursos de Cie ncias do Mar, ale m de profissionais da a rea e professores das disciplinas de Tecnologia de Pesca. Ela vem contribuir para minimizar a care ncia de publicaço es especí ficas sobre Tecnologia de Pesca em lí ngua portuguesa. Nos capí tulos de I ao VII, sa o descritas manobras das principais modalidades de pesca praticadas no Brasil. Todas as manobras te m detalhes te cnicos na descriça o e nos desenhos, para uma melhor compreensa o. Ás modalidades de pesca sa o descritas tanto na categoria artesanal como na industrial. Ressalta-se que, como o paí s possui uma grande extensa o costeira com marcantes variaço es, tanto de perfil de Plataforma Continental como de condiço es oceanogra ficas, muitos dos nomes e detalhes das manobras sofrem mudanças de acordo com as tradiço es locais da pesca. Espera-se que isso seja contemplado pelos professores em cada regia o. Áo final da descriça o das manobras de cada categoria dos aparelhos de pesca, sa o apresentadas as alternativas ecolo gicas desenvolvidas atualmente para minimizar impactos a fauna marinha, mostrando que elas sa o eficientes para a realizaça o de uma pesca sustenta vel. Á descriça o dos dispositivos de exclusa o dos aparelhos de pesca e demonstrada de uma maneira informativa, aguçando o estudante a se aprofundar no assunto, para obter mais detalhes te cnicos especí ficos sobre a construça o dos dispositivos. No capí tulo VIII, sa o apresentados os principais equipamentos eletro nicos empregados nas modalidades de pesca, destacando-se: ecossonda, sonar e radar, ale m de GPS e sate lite. Os conceitos e modos de funcionamento dos aparelhos eletro nicos sa o abordados, visando os objetivos das atividades de pesca de uma forma geral. No capí tulo IX, aborda-se a pesca totalmente dirigida por equipamentos eletro nicos, a qual necessita de alto ní vel tecnolo gico. O capí tulo X, trata dos principais aspectos 8 | Vanildo Souza de Oliveira dos comportamentos dos peixes em relaça o aos aparelhos de pesca, enfatizando os principais estudos realizados nessa a rea e sua importa ncia para a Tecnologia de Pesca. No capí tulo XI, sa o descritos conceitos e fo rmulas empregadas por va rios autores nos ca lculos das resiste ncias em um aparelho de arrasto, assim como seus ní veis de complexidade, dando-se e nfase a fo rmula mais pra tica no ca lculo da resiste ncia para todo o sistema de arrasto. Dessa forma, esse livro vem trazer uma parte do conhecimento sobre a Tecnologia de Pesca, assim como alternativas sustenta veis para minimizar seus impactos. Tecnologia de pesca | 9 CAPÍTULO I REDES DE ARRASTO 10 | Vanildo Souza de Oliveira 1.1 REDES DE ARRASTO Ás artes de arrasto sa o consideradas aparelhos de pesca ativos, pois capturam involuntariamente peixes, moluscos e crusta ceos no fundo, ou a meia a gua. Por utilizarem portas de arrasto para manter a abertura horizontal, sa o consideradas extremamente nocivas ao meio ambiente, principalmente os arrastos de fundo, uma vez que as portas revolvem o fundo, causando danos a biota local. Ále m de ter uma grande capacidade de capturar fauna que na o e alvo da pescaria, denominada de fauna acompanhante. Depois da Segunda Guerra Mundial, com a necessidade de pescar mais e mais distante, estimulou-se o desenvolvimento de tecnologias para construça o de grandes arrasteiros com grandes redes, portas de aço e maior autonomia de mar. Ás caracterí sticas das redes de arrasto sa o definidas em relaça o ao seu objetivo de captura (espe cie-alvo) e ao grupo ecolo gico a que sera o destinadas a capturar: bento nico, demersal ou pela gico. Geralmente, uma rede de arrasto e constituí da por: asas superiores e inferiores; paine is superior (onde esta localizado o “quadrado”, diferença entre o comprimento do painel inferior) e inferior, podendo ter paine is laterais, que formam o corpo da rede; e finalmente o saco onde o pescado e concentrado (Figura 1). Os paine is laterais proporcionam um formato mais plano ao corpo da rede. O sistema de arrasto (todos os componentes) esta constituí do por: cabos de arrasto, portas, malhetas (cabos que unem a rede a s portas) e corpo da rede (paine is inferior, superior e, quando houver, laterais) (Figura 2). Tecnologia de pesca | 11 Figura 1:Partes de uma rede de arrasto com paine is laterais. Figura 2: Sistema de arrasto com seus componentes 12 | Vanildo Souza de Oliveira Nas redes de arrasto destinadas a captura de bento nicos (peixes, crusta ceos e moluscos), as malhetas (cabos que ligam a rede a s portas) sa o menores, porque na o te m nenhuma influe ncia na pescaria, uma vez que os indiví duos esta o sobre ou enterrados no fundo. Álgumas redes possuem paine is laterais que da o uma forma maisplana ao corpo, enquanto as que na o possuem esses paine is laterais assumem uma forma de bala o. Essas redes te m caracterí sticas especí ficas quanto a forma, como: asas curtas (uma vez que o alvo esta enterrado), pequena abertura vertical (para diminuir a captura de peixes sobre o fundo) e grande abertura horizontal (pois a produça o vai ser em funça o da a rea varrida, ou seja, quanto mais a rea varrida, maior a produça o). Ás redes de arrasto para captura de peixes demersais, os quais se movimentam sob o fundo e na coluna da a gua, possuem as seguintes caracterí sticas: malhetas maiores (pois exercem o papel na concentraça o do cardume, dirigindo-o para o centro da boca da rede), asas maiores (tambe m com a funça o de concentrar os peixes no centro da boca da rede) e o corpo tambe m mais longo. Certos modelos de redes para peixes possuem um tu nel antes do saco, com a finalidade de dificultar o retorno. Ás redes pela gicas, por capturarem espe cies mais velozes, te m que ter uma grande filtraça o (malhas grandes nas asas e iní cio dos corpos) e uma grande abertura, tanto na abertura horizontal quanto vertical. Sa o projetadas sem o “quadrado” (diferença entre o corpo inferior e superior nas redes de fundo e demersal), tendo os paine is superior e inferior iguais. Álgumas redes possuem paine is laterais que da o uma forma mais plana ao corpo, enquanto as que na o possuem esses paine is laterais assumem uma forma de bala o. De uma maneira geral, as redes para crusta ceos bento nicos possuem caracterí sticas distintas das que capturam peixes demersais e pela gicos (Figura 3). Tecnologia de pesca | 13 Figura 3: Caracterí sticas entre redes para captura de bento nicos Á , demersais B e pela gicos C. 14 | Vanildo Souza de Oliveira Essas caracterí sticas sa o marcantes, diferenciando assim uma rede para a captura de bento nicos de uma para a captura de demersais, ou de pela gicos. Logicamente que, entre cada modelo de rede, existe uma grande variaça o de formas do corpo. Exemplo sa o as redes de camara o, tipo: flat, bala o, semibala o, dentre outros. 1.1.1 Portas de arrasto Ás portas de arrasto possuem formas diferentes, em funça o da espe cie-alvo, tipo de fundo e velocidade de arrasto, tendo diferenças marcantes quanto a captura de bento nicos, demersais e pela gicos. Ás primeiras portas foram desenvolvidas em funça o da necessidade de aumentar o tamanho das redes, uma vez que, inicialmente, eram mantidas abertas horizontalmente por meio de uma vara “beamtrawl” (Figura 4). Figura 4:Rede de arrasto, sem portas, com vara beamtrawl. Por volta de 1880, foram desenvolvidas as primeiras portas de arrasto que permitiam operar com grandes redes. Ás primeiras portas foram de forma retangular, originando a porta retangular plana, que e utilizada ate hoje para a pesca de camara o, por ter um comprimento maior que a altura e uma “sapata” (chapa de ferro na parte inferior da porta), que possibilita uma maior a rea de contato Tecnologia de pesca | 15 com o fundo lamoso, diminuindo a possibilidade de penetrar na lama. Como a velocidade na captura de bento nico e bem menor que a de pela gico, a hidrodina mica da forma retangular na o interfere na eficie ncia de captura. Estas sa o caracterí sticas ideais para o arrasto de camara o que e realizado em fundos planos de lama, os quais sa o realizados com moderada velocidade, uma vez que o camara o esta enterrado no fundo. Na captura de peixes, como exige uma velocidade maior, as portas retangulares na o resistiriam aos golpes em pedras no fundo. Dessa forma, surgiu a porta retangular em V, que possibilitou a superaça o dos obsta culos. Com a necessidade de portas mais velozes para captura de peixes, foram desenvolvidas as portas ovais, que permitiam uma maior rapidez e superaça o de obsta culos, em funça o da sua hidrodina mica e pequena a rea de contato com o fundo. Ás portas ovais sa o empregadas tanto em arrastos de fundo quanto em meia a gua. Á necessidade de portas mais eficientes para arrastos de meia a gua, ou pela gico, fez com que o alema o Franz Suberkrub, em 1938, patenteasse uma porta vertical, que foi denominada com seu sobrenome, porta vertical tipo suberkrub. Essa porta tem uma altura bem superior a base, com forma curva, gerando uma resultante lateral mais eficiente do que a oval, tornando-se ideal para arrastos de meia a gua, ou pela gicos. Com exceça o da retangular plana, que ainda hoje e construí da com pranchas de madeira, os demais modelos sa o confeccionados em aço, alumí nio ou pla stico, principalmente na pesca industrial. Recentemente foi implementada a porta vertical em V, com a finalidade de aproveitar a boa performance desse tipo de porta em meia a gua para atuar no fundo. Com esse objetivo, foi criado um a ngulo no seu corpo, permitindo, assim, que, quando em contato com pedras ou cabeços no fundo, ela resvale (Figura 5). 16 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 5: Tipos de portas: (Á) retangular plana; (B) retangular em V; (C) oval; (D) vertical tipo suberkrub; e (E) vertical em V. Recentemente, foram construídas portas com maior hidrodinâmica com a inclusão de hidrofólios (abertura que possibilita a passagem da água), resultando em uma menor resistência em relação ao arrasto mantendo a mesma área, principalmente em redes de fundo que necessitam maior contato com o solo (Figura 6). Tecnologia de pesca | 17 Figura 6: Porta com hidrofo lio, abertura que permite a passagem do fluxo da a gua. O perfeito trabalho das portas de arrasto determina o eficiente funcionamento da rede, influenciando diretamente na captura. Ás portas de fundo, principalmente as retangulares planas, sa o reguladas atrave s de correntes, denominadas de “pe de galinha”, que te m o objetivo de regular o a ngulo de abertura da porta em relaça o ao sentido do arrasto. Esse a ngulo de abertura forma o “a ngulo de ataque” da porta (Figura 7). Ele pode ser aumentado ou reduzido de acordo com a diminuiça o ou aumento do nu mero de elos das correntes anteriores do pe de galinha. Ále m da abertura horizontal, as portas trabalham com uma inclinaça o vertical, que lhes garantem na o tombar para dentro da a rea de arrasto. Ás portas retangulares, por ter maior contato com o fundo, sofrem com choques em obsta culos. Para minimizar esses impactos, elas trabalham com o nu mero de elos nas correntes anteriores do pe de galinha, menor que nos posteriores, resultando em uma inclinaça o da parte anterior da porta, possibilitando sua subida quando em contato com um obsta culo (Figura 8Á), caso na o estejam reguladas podem prejudicar a eficie ncia do arrasto (Figura 8B). 18 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 7: Á ngulo de ataque da porta de arrasto. Figura 8: Regulagem da porta, correta Á e incorreta B. Tecnologia de pesca | 19 1.2 MANOBRAS COM REDES DE ARRASTO 1.2.1 Árrasto com pau de serriola E uma modalidade de pesca realizada principalmente na costa do Nordeste do Brasil na captura de camara o com embarcaço es artesanais, e comprimento me dio de 8m. Como nessa regia o existem poucos e pequenos bolso es de lama, a reas planas propí cias para o arrasto, as embarcaço es te m a necessidade de realizar manobras em uma pequena a rea, tendo que fazer curvas fechadas em a reas restritas, o que muitas vezes resulta em danos a s redes. Dessa forma, empregam o artificio do “pau de serriola”, que e uma trave de madeira com me dia de seis metros de comprimento, que simula a popa de uma embarcaça o maior, aumentando assim a dista ncia entre os cabos de arrasto na popa da embarcaça o, evitando que estes se enrolem em manobrasmais fechadas. Essa modalidade de pesca e realizada pro ximo a foz dos rios, geralmente em fundos de lamas gerados pelo aporte de sedimentos, o que restringe bastante a a rea de pesca. Essas a reas limitadas de arrasto fazem com que essa atividade seja autorregula vel, quanto ao nu mero de barcos, pois no vera o poucas embarcaço es pescam, uma vez que a rentabilidade cai bastante. Geralmente a faina de pesca tem iní cio a s cinco horas da manha , retornando, a s 15 horas. Á duraça o do arrasto e em funça o da produça o: no vera o, chega a quatro horas, devido a escassez de camara o; e, no inverno, pode ser de apenas uma hora, ou menos, pois o acu mulo de algas pode rasgar a rede. 20 | Vanildo Souza de Oliveira 1.2.1.1 Lançamento Á montagem do sistema de arrasto inicia-se quando uma das extremidades de cada cabo de arrasto e conectada em cada extremidade do “pau de serriola”, e a outra, ao pe de galinha em cada porta, as duas ficam armazenadas na popa da embarcaça o. Á rede e conectada a s portas por meio de cabos denominados de malhetas. Essa operaça o tambe m e realizada na popa da embarcaça o (Figura 9). Figura 9: Montagem do sistema de arrasto com pau de serriola. Tecnologia de pesca | 21 Quando da conexa o das malhetas das tralhas inferiores e superiores com as portas, observar se as asas da rede na o esta o torcidas, pois isso pode retardar o lançamento. Ápo s o sistema esta pronto, o lançamento e iniciado com o aumento da velocidade do barco. Dois indiví duos ficam responsa veis pelo lançamento das portas, na popa da embarcaça o, enquanto outros dois controlam o lançamento dos cabos de arrasto na proa .Os cabos geralmente sa o marcados, para que saiam com os comprimentos iguais, garantindo, assim, que as portas cheguem ao mesmo tempo ao fundo. Para facilitar o lançamento, os dois indiví duos passam os cabos de arrasto pelo frade da proa (local para colocar as amarras no ato da ancoragem do barco), com a finalidade de transferir parte da tensa o dos cabos de arrasto para o frade (Figura 10). Figura 10: Lançamento dos cabos de arrasto, portas e rede ao mar. 22 | Vanildo Souza de Oliveira Á determinaça o do comprimento do cabo de arrasto segue geralmente uma proporça o em relaça o a profundidade, ou seja, em a guas com profundidades menores que 100m aplica-se a proporça o de 1:5; em a reas com profundidades acima de 100m, 1:3. Á relaça o deve permitir um funcionamento o timo das portas, pois, se os cabos ficarem muito longos, formara o seios que comprometera o a inclinaça o das portas, assim como, se ficarem muito curtos, influenciara o na adere ncia das portas ao fundo. Quando os cabos de arrasto, durante o lançamento, aproximam-se do te rmino, os dois indiví duos retiram os cabos de arrasto do frade, fazendo com que a tensa o do arrasto seja transferida diretamente para as extremidades do pau de serriola (Figura 11). Figura 11: Transfere ncia dos cabos de arrasto do frade para as extremidades do pau de serriola. Tecnologia de pesca | 23 Nesse momento, a velocidade do barco diminui e da -se iní cio ao arrasto na sua velocidade normal (Figura 12). Figura 12: Sistema de arrasto em pleno funcionamento. 1.2.1.2 Recolhimento Áo te rmino do arrasto o motor da embarcaça o e colocado em ponto neutro, para facilitar o recolhimento manual dos cabos de arrasto. Essa atividade e realizada pelos dois tripulantes que esta o na popa da embarcaça o. Quando as portas chegam a borda da popa da embarcaça o, sa o içadas e armazenadas, de forma a ficarem prontas para um novo lançamento. Ás asas da rede sa o recolhidas tambe m pela popa, no entanto o corpo e transferido para um dos 24 | Vanildo Souza de Oliveira bordos da embarcaça o, dependendo da direça o da corrente marí tima e do vento. Áo chegar ao bordo da embarcaça o, o saco e içado manualmente com a participaça o de toda a tripulaça o (Figura 13). Em seguida, o saco da rede e aberto, e o pescado e liberado no conve s. Ápo s o esvaziamento do saco, ele e novamente fechado, com um no , e lançado imediatamente ao mar, dando iní cio a um novo lançamento, estando a tripulaça o novamente posicionada no conve s. Figura 13: Recolhimento do saco da rede de arrasto pelo bordo da embarcaça o, muitas vezes com toda a tripulaça o. Tecnologia de pesca | 25 1.2.2 Árrasto com tangones (arrasto duplo — Double rig) Essa modalidade de arrasto, que utiliza duas redes simultaneamente, e empregada principalmente na captura de camara o, por ter caracterí sticas como: redes com pequena abertura vertical e grande abertura horizontal, uma vez que a produça o de camara o aumenta em funça o da a rea varrida pelo corpo inferior e asas da rede. Á rede de arrasto, no sistema com tangones, possui dois cabos como acesso rios, sendo que a parte que une as duas portas e denominada de cabo de transferência, e a segunda parte, ligada ao corta-saco da rede, e denominada de cabo de guia. Esses cabos te m a finalidade de auxiliar nas manobras de lançamento e recolhimento das portas e do saco da rede. Ás tesouras possibilitam a abertura das portas, rebocadas por um u nico cabo de arrasto (Figura 14). Á pesca com sistema de arrasto com tangones, ou duplo, foi desenvolvida no Golfo do Me xico e chegou ao Norte do Brasil no final da de cada de 60 por barcos estrangeiros. Inicialmente esse sistema foi empregado para captura industrial de piramutaba, em 1971, so depois foi substituí do pelo arrasto com parelhas, mais adequado a captura dessa espe cie. O arrasto com tangones foi direcionado para a captura de camara o, o qual foi desenvolvido especificamente para a exploraça o desse recurso, houve um aumento significativo da produça o e consequentemente inicio a uma frota nacional. (Figura 15). 26 | Vanildo Souza de Oliveira Figura14: Ácesso rios da rede, empregados no arrasto com tangones. Tecnologia de pesca | 27 Figura 15: Sistema de arrasto com tangones. Esses barcos sa o equipados, em seu conve s, com uma estrutura de tubos de ferro, que da o sustentaça o ao sistema de tangones (Figura 16). Os cabos de transfere ncia e de guia geralmente sa o de PE ou PP, para flutuar e na o interferir no arrasto. 28 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 16: Caracterí sticas de um conve s de um arrasteiro com tangones. 1.2.2.1 Ármaça o do sistema de arrasto Conectam-se os cabos de arrasto aos pe s de galinha das portas, e as malhetas da rede, a parte superior e a inferior das portas (Figura 17). Á transfere ncia das portas para as extremidades dos Tecnologia de pesca | 29 tangones e realizada com o acionamento dos guinchos no sentido de recolhimento, consequentemente puxando as portas para as extremidades dos tangones, ao mesmo tempo em que o “cabo de transfere ncia” e passado pela saia do guincho, gerando uma tensa o no sentido contra rio e evitando, com isso, que as portas girem ao redor do pro prio eixo (Figura 18). Figura17: Ármaça o do sistema de arrasto: cabos de arrastos, portas e rede. 30 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 18: Transfere ncia das portas para as extremidades dos tangones. Quando as portas chegam a s extremidades dos tangones, o cabo de transfere ncia e retirado da saia do guincho, e o corpo da rede e lançado ao mar. Esse procedimento e tambe m realizado com a outra rede. Dessa forma, as redes assumem o posicionamento para ser lançadas (Figura 19). Tecnologia de pesca | 31 Figura 19: Redes posicionadas para o lançamento. 32 | Vanildo Souza de Oliveira 1.2.2.2 Lançamento Inicia-se com a liberaça o dos cabos de arrasto, acionando-se os guinchos. Quando as portas ficam submersas, os guinchos sao travados, com o objetivo de observar a hidrodina mica das redes e portas, assim como possí veis enredos. Em seguida, acionam-se os tambores dos guinchos, dando continuidade ao lançamento, ate ser liberada a quantidade de cabos de arrasto predefinida, em funça o da profundidade. Quando o comprimento total de cabos e lançado, os guinchos sa o travados e o arrasto e iniciado com a velocidade predeterminada. No iní cio do lançamento, a velocidade da embarcaça o e maior do que durante o arrasto, com o objetivo de abrir as portas ate sua posiça o de trabalho. Durante o arrasto, principalmente na pesca comercial, e realizado o lançamento de uma rede com tamanho reduzido, proporcionalmente, com as mesmas caracterí sticas das com que se esta pescando, denominada de rede de teste, ou trynet. Ela tem o objetivo de fazer uma amostragem da captura e estimar proporcionalmente a produça o das redes, assim como escolher as a reas mais produtivas (Figura 20). Tecnologia de pesca | 33 Figura 20: Sistema de arrasto com tangones, empregando o trynet. 34 | Vanildo Souza de Oliveira 1.2.2.3 Recolhimento Á duraça o do arrasto esta em funça o do volume da captura: quanto mais ra pido for o enchimento do saco da rede, mais ra pido sera o recolhimento. No perí odo da safra, os arrastos sa o menores, variando de tre s a quatro horas; e, na entressafra, maiores, em me dia seis horas, principalmente na pesca industrial. Inicia-se com o recolhimento dos cabos de arrasto, acionando-se os guinchos, ate que as portas cheguem a s extremidades dos tangones. Com a finalidade de aproximar o cabo de guia da rede para a borda do barco, o mestre da embarcaça o realiza uma manobra para um dos bordos, dependendo da direça o do vento. Áo mesmo tempo em que um pescador recolhe o “cabo de guia” com uma vara de recolhimento, que possui uma chapa na extremidade do gancho para evitar enganchar nas malhas da rede (Figura 21). O “cabo de guia” e passado pela saia do guincho, puxando, assim, o saco da rede para a borda da embarcaça o (Figura 22). Figura 21: Emprego da vara de recolhimento para recolher o cabo de guia. Tecnologia de pesca | 35 Figura 22: Áproximaça o do saco da rede, com o recolhimento do cabo de guia. Quando o saco da rede alcança a borda da embarcaça o, um pescador laça o saco com um cabo, que conte m um gancho na extremidade denominado de teck (Figura 23), passando assim pela saia do segundo guincho, suspendendo, com isso, o saco da rede no conve s da embarcaça o (Figura 24). Imediatamente o saco e aberto, liberando o pescado no conve s, e, quando esta totalmente vazio, e novamente fechado e lançado ao mar. Essa manobra e realizada em ambas as redes, deixando as duas em posiça o para um novo lançamento. Enquanto um novo arrasto esta sendo realizado, a separaça o do camara o e realizada por: espe cie de camara o e a fauna acompanhante bycatch (tudo aquilo que na o e alvo da pescaria), que pode ser dividida em: espe cies de valor comercial e descarte (espe cies que sa o devolvidas ao mar). 36 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 23: Recolhimento do saco para o conve s da embarcaça o, com detalhe da amarraça o com o teck. Tecnologia de pesca | 37 Figura 24: Saco da rede içado no conve s da embarcaça o. Outra forma de adaptaça o de conve s das embarcaço es para a pesca de arrasto com tangones e no caso das embarcaço es com casaria na popa, no qual a montagem da estrutura dos tangones e feita a meia nau (Figura 25). Á manobra de lançamento e 38 | Vanildo Souza de Oliveira transfere ncia das portas de arrasto para as extremidades dos tangones e a mesma realizada nas embarcaço es com casaria na proa. O recolhimento tambe m e o mesmo, sendo o saco da rede içado por um dos bordos na a rea do conve s em frente a casaria de comando (Figura 26). Essa modalidade de armaça o e feita tanto em barcos de pequeno porte como em escala industrial. Figura 25: Árrasto com tangones em embarcaça o com cabine na popa. Tecnologia de pesca | 39 Figura 26: Recolhimento da rede de arrasto com tangones em embarcaça o com cabine na popa. 40 | Vanildo Souza de Oliveira 1.2.3 Redes ge meas Com o objetivo de aumentar a produça o, as redes de arrasto sofreram va rias modificaço es. Ássim como o sistema de arrasto, uma evoluça o do sistema duplo com tangones foi a introduça o do arrasto com redes “ge meas” com tangones (Figura 27). Esse sistema opera com quatro redes e um ski (esqui), que fica localizado entre as duas redes, com a finalidade de manter a abertura vertical das redes e lastrar o sistema de arrasto. Ás portas e o ski esta o ligados ao cabo de arrasto por uma tesoura com tre s cabos (Figura 28). Uma caracterí stica do sistema com redes ge meas e que o cabo do meio da tesoura e menor do que os das extremidades, transferindo uma maior tensa o para ele, liberando assim as portas, para que elas abram mais, aumentando com isso a a rea varrida do arrasto. Esse sistema resulta em um aumento me dio de 25% na produça o em relaça o ao sistema duplo. Uma das vantagens desse sistema e que a a rea da panagem das duas redes ge meas (corpo curto e boca larga) e igual a mesma a rea da panagem de uma rede do sistema duplo (uma rede em cada extremidade do tangone, sendo elas mais longas). O que resulta, em resiste ncias ao arrasto iguais. Essa condiça o permite que o mesmo motor possa arrastar ambos os sistemas, possibilitando a mudança de um sistema para o outro sem modificaço es na pote ncia da embarcaça o. Á utilizaça o de redes ge meas possui limitaço es em sua operaça o, necessitando de grandes a reas de arrasto planas para realizaça o de manobras com curvas mais abertas, pois as duas redes podem se enganchar, caso a a rea seja restrita. Outro fator que interfere no sistema com redes ge meas e a condiça o de mar. Ás zonas tropicais sa o mais apropriadas, por terem mares mais calmos. Por esses motivos, o sistema de arrasto com redes ge meas, muitas vezes, na o pode ser empregado em qualquer a rea de arrasto. Tecnologia de pesca | 41 Figura27: Detalhe do sistema de redes ge meas. Figura 28: Relaça o de comprimento dos tre s cabos da tesoura, em um sistema de redes ge meas e detalhe do ski. 42 | Vanildo Souza de Oliveira 1.2.4 Árrasto de popa E uma modalidade empregada principalmente em arrastos de fundo, demersais e meia a gua para a captura de peixes. O sistema de e montado com a conexa o dos cabos de arrasto as portas, no pe de galinha, que no caso da pesca industrial sa o confeccionados com chapa de aço, tendo a finalidade a regulagem do a ngulo de ataque. Ás portas esta o ligadas a rede pelas malhetas. Esse tipo de arrasto possui um cabo que esta conectado entre as malhetas e o pe de galinha da porta, sendo denominado de “cabo malandro”, o qual tem a finalidade de auxiliar no recolhimento da rede (Figura 29). Figura 29: Sistema de arrasto com o “cabo malandro”. Á embarcaça o destinada ao arrasto de popa tem a distribuiça o do conve s com dois guinchos principais para o arrasto, e dois auxiliares para segurar as portas durante o recolhimento da rede. Ále m dos dois pescantes na popa, onde ficam as portas de arrasto durante o recolhimento do corpo da rede. Os pescantes te m a finalidade de manter uma dista ncia constante entre os cabos de arrasto na popa da embarcaça o durante as manobras de arrasto (Figura 30). Tecnologia de pesca | 43 Figura 30: Caracterí sticas de um conve s e seu sistema de arrasto em um arrasteiro de popa. 44 | Vanildo Souza de Oliveira 1.2.4.1 Lançamento Ápo s o sistema de arrasto esta montado, (cabos de arrasto, portas, cabo malandro e malhetas da rede), lança-se o corpo da rede ao mar (Figura 31).Neste momento, liberam-se os cabos de arrasto dos tambores dos guinchos, fazendo com que as portas de arrasto deixem os pescantes, que esta o localizados na popa da embarcaça o. Figura 31: Lançamento da rede pela popa, com todo o sistema de arrasto montado. Tecnologia de pesca | 45 Quando as portas ja esta o submergidas, o lançamento e interrompido, com o objetivo de observar a hidrodina mica das portas e rede de arrasto (Figura 32). Ápo s esta aça o, os guinchos sa o novamente acionados ate o lançamento total do comprimento dos cabos de arrasto, predeterminado em funça o da profundidade do local. Figura 32: Cabos de arrasto e portas sendo lançados ao mar. 1.2.4.2 Recolhimento Inicia-se com o acionamento dos guinchos principais, que recolhem os cabos de arrasto ate as portas chegarem aos pescantes. Em seguida, os cabos dos “guinchos auxiliares” sa o conectados aos pe s de galinha das portas. Quando sa o acionados no sentido de 46 | Vanildo Souza de Oliveira recolhimento, transferem a tensa o meca nica (T1) exercida pelos cabos de arrasto para eles (Figura 33), folgando, assim, os cabos de arrasto dos “guinchos principais” (TO).Imediatamente desconectam- se os cabos de arrasto e os cabos malandros, que esta o conectados aos pe s de galinha das portas, e conecta-se um ao outro — em alguns casos, eles ja esta o conectados, geralmente por meio de uma manilha. Quando os guinchos principais sa o acionados no sentido do recolhimento, a tensa o do peso da rede e transferida para o sistema: cabos de arrasto e cabo malandro (T2) (Figura 34). Figura 33: Transfere ncia da tensa o dos cabos dos guinchos principais para os cabos dos guinchos auxiliares. Tecnologia de pesca | 47 Figura 34: Recolhimento do sistema, cabo de arrasto e cabo malandro. 48 | Vanildo Souza de Oliveira Quando as conexo es entre o “cabo malandro” e as “malhetas da rede” chegam ao conve s, as “malhetas das portas” sa o imediatamente desconectadas (Figura 35). Figura 35: Malhetas das portas desconectadas, quando chegam ao conve s. Tecnologia de pesca | 49 Com as portas isoladas do sistema de arrasto, o corpo da rede pode ser içado para o conve s da embarcaça o pelos guinchos principais (Figura 36). Figura 36: Içamento do corpo da rede de arrasto para o conve s. 50 | Vanildo Souza de Oliveira Quando as asas da rede chegam aos tambores dos guinchos principais, o restante do corpo da rede e içado para bordo, por meio de um cabo com um teck (tipo de gancho de aço) na extremidade. O cabo do teck passa por uma roldana no alto do conve s e pela saia do guincho. O corpo da rede vai sendo içado para o conve s, ate que o saco fique suspenso pela roldana. Nesse momento, o saco e aberto, e o pescado, liberado no conve s (Figura 37). Imediatamente o saco e novamente fechado e lançado ao mar, dando iní cio a um novo lançamento. Figura 37: Içamento da rede e abertura do saco, liberando o pescado no conve s da embarcaça o. Tecnologia de pesca | 51 No lançamento seguinte da rede, as manobras sa o refeitas, o saco da rede e lançado ao mar, os guinchos principais sa o liberados e, a medida que a rede e lançada ao mar, as malhetas das portas sa o novamente conectadas e recebem novamente a tensa o do peso da rede. Essa aça o possibilita a conexa o dos cabos de arrasto e malandros novamente aos pe s de galinha das portas. Em seguida, os cabos de arrasto dos guinchos principais sa o acionados, recebendo toda a tensa o das portas e rede, permitindo assim a desconexa o dos cabos dos guinchos auxiliares aos pe s de galinha das portas, liberando todo o sistema para um novo lançamento. Outro sistema utilizado no recolhimento da rede de arrasto de popa e o emprego de um tambor no conve s, onde a rede de arrasto e acondicionada. Á u nica diferença dessa manobra para a de conve s sem tambor e que, quando as portas chegam aos pescantes, puxadas pelos guinchos principais, a extremidade do cabo malandro e desconectada das portas e conectada aos cabos do tambor. Dessa forma, o tambor gira, recolhendo a rede ate as malhetas das portas chegarem ao conve s, quando sa o desconectadas, isolando as portas, e em seguida o tambor enrola o corpo da rede (Figura 38). Figura 38: Sistema de arrasto com tambor, para o armazenamento da rede. 52 | Vanildo Souza de Oliveira Em arrasteiros menores, que na o possuem guinchos auxiliares nem tambores de armazenamento da rede, so o guincho principal. Ás funço es dos guinchos auxiliares e tambor podem ser exercidas pela saia do guincho principal, ou por uma corrente fixa no no pescante, que suporta todo o peso das portas durante o recolhimento da rede (Figura 39). Figura 39: Corrente fixa no suporte do pescante, conectada a porta. 1.2.5 Árrasto com parelhas Essa modalidade e utilizada na pesca de peixes de fundo, demersais e de meia a gua, caracterizando-se por empregar duas embarcaço es, dessa forma na o utilizando portas de arrasto, pois a abertura horizontal da rede e realizada pelas duas embarcaço es. Uma das vantagens desse sistema e a possibilidade de realizar arrastos em pequenas profundidades, pois a vibraça o e turbule ncia geradas pelos motores das duas embarcaço es induzem os cardumes a concentrarem-se entre os dois barcos, onde sa o alcançados pela Tecnologia de pesca | 53 rede. No arrasto de popa, em pequenas profundidades, funciona ao contra rio: com um u nico motor, a vibraça o dispersa o cardume, dificultando assim serem alcançados pela rede, motivo pelo qual o sistema com parelha e mais empregado em a reas rasas. Outra vantagem e a utilizaça o de redes com maior abertura vertical e a rea varrida. Á desvantagem e ter que depender de duas tripulaço es e duas manutenço es para as embarcaço es. 1.2.5.1 Lançamento E iniciado com a aproximaça o das duas embarcaço es, quando a embarcaça o Á conecta uma das malhetas da asa da rede ao seu guincho de arrasto e transfere a outra asa, com a malheta, para a embarcaça o B, por meio de um cabo de retinida (cabo de multifilamento, leve, com um peso em uma extremidade). Esse cabo e conectado na extremidade da malheta. Quando o cabo de retinida e lançado para a embarcaça o B, ele e recolhido ate alcançar a malheta da rede, que e conectada ao cabo de arrasto que esta armazenado no tambor do guincho da embarcaça o B (Figura 40). Dessa forma, a rede esta pronta para o lançamento. Os cabos de arrasto das duas embarcaço es va o sendo lançados, a medida que as duas embarcaço es va o se separando, ate alcançar a dista ncia ma xima determinada, a qual deve ser mantida durante todo o arrasto. Essa dista ncia pode ser mantida desde com um simples cabo entre as embarcaço es, na pesca artesanal, ate equipamentos eletro nicos, na pesca industrial, como o radar. 54 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 40: Transfere ncia da malheta da embarcaça o Á para o guincho da B. Quando os cabos de arrasto que esta o sendo lançados va o chegando pro ximo ao comprimento predeterminado para a profundidade de arrasto, na popa da embarcaça o esta o localizados os “cabos centralizadores”, que sa o conectados aos cabos de arrasto (Figura 41). Os “cabos centralizadores” te m a finalidade de manter a tensa o dos cabos de arrasto concentrada no centro da popa da embarcaça o. Quando os cabos de arrasto alcançam o comprimento predeterminado, todas as tenso es deles sa o transferidas para os “cabos centralizadores” (Figura 42). Na extremidade desses cabos existe um dispositivo denominado “disparador”, o qual esta conectado ao cabo de arrasto (Figura 43). Tecnologia de pesca | 55 Figura 41: Cabos centralizadores, antes de serem conectados aos cabos de arrasto. Figura 42:Embarcaço es realizando o arrasto, com a tensa o transferida para os cabos centralizadores. 56 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 43: Detalhe e funça o do disparador no arrasto. Tecnologia de pesca | 57 1.2.5.2 Recolhimento Ápo s terminar o tempo de arrasto, a embarcaça o B aproxima- se da embarcaça o Á, desconecta o cabo de arrasto, que tem o disparador, do tambor e transfere para a embarcaça o Á, por meio tambe m de um cabo de retinida. Á embarcaça o Á conecta o cabo de arrasto recebido da embarcaça o B, no tambor vazio. Em seguida, a embarcaça o Á transmite o aviso da conexa o do segundo cabo de arrasto ao segundo tambor, so enta o o cabo do disparador e acionado pela embarcaça o B, transferindo, com isso, o segundo cabo de arrasto da rede para a embarcaça o Á (Figura 44). Figura 44:Ácionamento do disparador, transferindo o cabo de arrasto da embarcaça o B para a Á. 58 | Vanildo Souza de Oliveira Ápo s o recebimento do cabo de arrasto, a embarcaça o Á aciona os guinchos, dando iní cio ao recolhimento, com manobras similares ao recolhimento em um arrasteiro de popa, ou içando a rede por um dos bordos da embarcaça o para o conve s (Figura 45). Figura 45: Recolhimento da rede pela embarcaça o Á. Tecnologia de pesca | 59 No Brasil, na o e utilizada essa denominaça o de cabos centralizadores. O disparador e colocado preso a uma roldana fixa em um cabo na popa da embarcaça o, de forma que, quando o cabo do disparador for acionado, transfira o cabo de arrasto para outra embarcaça o (Figura 46). Figura 46: Sistema com disparador, utilizado no Norte do Brasil. 60 | Vanildo Souza de Oliveira 1.3 SOLUÇÕES ECOLÓGICAS EM REDES DE ARRASTO PARA MINIMIZAR DANOS AMBIENTAIS Á aça o da rede de arrasto causa um grande dano ao meio ambiente, seja por revolver o fundo com as tralhas de chumbo e portas de arrasto, ou com a retirada de va rias espe cies do meio ambiente, muitas delas ainda em esta gio juvenil. Ále m das espe cies de peixes e crusta ceos, as redes de arrasto capturam tambe m quelo nios, principalmente nas a reas costeiras. Com o objetivo de minimizar a captura de tartarugas, va rios tipos de dispositivos de exclusa o de tartarugas — Turtle Excluded Device (TED) — foram desenvolvidos nas u ltimas de cadas. Átualmente uma grade de alumí nio ou aço inox e colocada antes do saco da rede, com a finalidade de permitir a saí da das tartarugas, que pode ser pela parte superior ou inferior do corpo da rede (Figura 47). Figura 47: Dispositivo de exclusa o de tartaruga (TED), “Á” com saí da na parte superior do corpo, ”B” com saí da na parte inferior. Tecnologia de pesca | 61 Para exclusa o da fauna acompanhante nas redes de arrasto, foram desenvolvidos os Dispositivos de Exclusa o de Fauna Ácompanhante – Defa (Bycatch Reduce Device – BRD). Sa o empregados va rios tipos de Defas em redes de arrasto para a exclusa o de peixes, destacando-se o sistema de malhas quadradas, pela sua simplicidade e facilidade de operacionalizaça o. Nele, os peixes escapam pelas malhas quadradas, enquanto os camaro es seguem direto para o saco da rede. Dependendo do tamanho da malha e do local da colocaça o, a perda de camara o pode ser minimizada (Figura 48). Figura 48: Sistema de malhas quadradas em rede de arrasto para camara o. Outro dispositivo de exclusa o de fauna acompanhante e o denominado “olho de peixe”, estrutura de aço inox, ferro, ou alumí nio, posicionado, no saco, no sentido contra rio ao do arrasto, uma vez que os peixes tendem a nadar contra o fluxo da a gua. Por ser bastante fa cil de ser construí do e ter fa cil manuseio a bordo, e um dos dispositivos de exclusa o mais utilizados (Figura 49). 62 | Vanildo Souza de Oliveira Outro dispositivo bastante difundido e o de grade de alumí nio Nordmore Grid, no qual os camaro es passam por ela, direto para o saco da rede, enquanto os peixes seguem a grade e escapam por uma abertura superior no corpo da rede de arrasto (Figura 50). Figura 49: Olho de peixe, colocado da parte superior do saco, permite a exclusa o da fauna acompanhante. Tecnologia de pesca | 63 Figura 50: Sistema de grade de alumí nio em redes de arrasto para camara o. Em arrastos cujo principal alvo sa o peixes demersais, ou pela gicos, os dispositivos de exclusa o visam o escape de indiví duos juvenis, da mesma espe cie, que na o alcançaram o tamanho adulto. O dispositivo nesse caso exclui os jovens e captura os adultos (Figura 51). Figura 51: Dispositivo de exclusa o de peixes juvenis captura apenas adulto. 64 | Vanildo Souza de Oliveira Tecnologia de pesca | 65 CAPÍTULO II REDES DE CERCO 66 | Vanildo Souza de Oliveira 2.1 REDES DE CERCO Essa modalidade de pesca tem por finalidade a captura de pela gicos, uma vez que as outras artes como as redes de arrastos na o apresentam grande eficie ncia na captura desse grupo ecolo gico. Á rede de cerco tem o princí pio de cercar o cardume e pode ser recolhida manualmente ou com a utilizaça o de guinchos, que recolhem um cabo na sua parte inferior denominado de “carregadeira”. Esse cabo passa por dentro de argolas que esta o distribuí das ao longo da tralha, ou cabo de chumbo. Á rede de cerco e composta pelo corpo (panagem), tralha, ou cabo de boia, cabo de chumbo, anilhas — ou argolas — e carregadeira. No corpo, ha va rios paine is e o saco (a rea destinada para concentraça o dos peixes, no final do recolhimento da rede — por isso feito de um material mais resistente do que o corpo) (Figura 52). Á carregadeira tem a finalidade de evitar que o cardume fuja, por baixo da rede, fechando o fundo rapidamente antes que ela seja recolhida. Figura 52: Rede de cerco com carregadeira, sistema de fechamento ra pido. Tecnologia de pesca | 67 O cerco pode ser empregado tanto na captura de pequenos pela gicos (sardinhas), como na captura de grandes pela gicos (atuns e afins). Na modalidade artesanal, a rede de cerco pode ter o recolhimento manual, e sua eficie ncia depende da velocidade do recolhimento, pois ela na o tem a carregadeira para realizar o fechamento ra pido, evitando a fuga do cardume. Á rede sem a carregadeira, tem o corpo inferior maior que o superior, de forma que, quando alcance a borda da embarcaça o, impossibilite a fuga do cardume por baixo (Figura 53). Figura 53: Rede de cerco sem carregadeira. Na modalidade industrial, o recolhimento e realizado por guinchos com o emprego da “carregadeira”. Um cerqueiro atuneiro industrial possui caracterí sticas tí picas: casaria de observaça o (para localizaça o visual dos cardumes), pescantes laterais (duas roldanas por onde passam a carregadeira), Power block (tambor de borracha hidra ulico suspenso, que ao girar recolhe a rede para o conve s), rede (que ocupa grande a rea na popa) e panga (pequena embarcaça o que fica com uma das extremidades da rede durante o cerco) (Figura 54). 68 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 54: Caracterí sticas de um cerqueiro. 2.1.1 Formas de localizaça o de cardumes Visual - Materiais flutuantes: pedaços de madeira, ou qualquer objeto flutuante, que possibilite o inicio do princí pio de agregaça o. Esse processo inicialmente agrega o fitopla ncton; em seguida, o zoopla ncton, larvas, alevinos, formando uma cadeia alimentar ate a chegada de grandes predadores, no caso atuns. - Concentraça o de pa ssaros: eles se alimentam de pequenos pela gicos, assim como os atuns, por isso essa competiça o alimentar. Os atuns atacam por baixo do cardume, forçando os peixes a nadarem para a superfí cie, onde sa o atacados pelos pa ssaros, e assim os cardumes facilmente sa o localizados pelospescadores. - Bioluminesce ncia: esse feno meno possibilita o cerco durante a noite, principalmente na pesca de sardinha. Um pescador fica na proa da embarcaça o com uma lanterna. Quando a luz e direcionada sobre o cardume, ele se agita, movimentando-se rapidamente, com isso realizando a bioluminesce ncia, gerada por dinoflagelados quando de uma aça o meca nica, resultando em toda a superfí cie da a rea do cardume agitada e iluminada, possibilitando assim o cerco noturno. - Concentraça o de golfinhos: na pesca de atum no Pací fico, e comum a procura de cardumes de golfinhos, uma vez que eles sa o Tecnologia de pesca | 69 concorrentes alimentares dos atuns — quando os golfinhos esta o na superfí cie se alimentando de pequenos pela gicos, geralmente os atuns esta o atacando por baixo. No Oceano Átla ntico tropical, esse comportamento e pouco observado, em funça o da termoclina estar em maiores profundidades, minimizando a ocorre ncia de atuns pro ximos da superfí cie. - Borbulhas e agitaça o na superfí cie: nessa situaça o quanto mais calmo o mar, maior a possibilidade de avistar o cardume — principalmente quando sa o de pequenos pela gicos. Os cardumes na superfí cie produzem uma a rea mais agitada do que a superfí cie normal, possibilitando a localizaça o e cerco. Equipamentos eletrônicos -Sonar: aparelho de emissa o sonora que possibilita realizar a varredura na horizontal em 360 graus, sendo possí vel a detecça o do cardume em qualquer direça o, tanto em condiça o noturna quanto diurna. Ele e capaz de identificar o rumo, a dista ncia e a dimensa o do cardume. - Sate lite: informa as condiço es oceanogra ficas com maior probabilidade de ocorre ncia de cardumes de atuns, tais como: temperatura da superfí cie, clorofila, correntes, termoclinas, dentre outros. - Tambe m e possí vel realizar a localizaça o com helico pteros ou avio es, que transmitem para as embarcaço es a localizaça o dos cardumes. Essa modalidade de pesca e empregada para captura de pela gicos com grande valor econo mico, devido aos altos custos de operacionalizaça o. 70 | Vanildo Souza de Oliveira 2.1.2 Lançamento O cabo da carregadeira, que pode ser sinte tico ou aço, sai de um dos tambores do guincho da embarcaça o, passa por um dos pescantes e por dentro de todas as argolas que esta o no guia de lançamento, sendo finalmente conectado a panga (pequena embarcaça o que segura uma das extremidades da rede durante o cerco realizado pela embarcaça o maior) (Figura 55). Dessa forma, a rede esta pronta para o lançamento, que tem iní cio com a liberaça o da panga ao mar e deslocamento da embarcaça o maior, lançando a rede ao mar, dando iní cio ao cerco. Enquanto a panga rete m a outra extremidade da rede, onde esta o fixos a carregadeira, tralhas de boia e de chumbo (Figuras 56 e 57). Ressalta-se que a parte do corpo da rede que fica com a panga e a que conte m o saco (parte mais resistente da rede). Á outra extremidade fica fixa a embarcaça o maior, ela recebe mais lastro, uma vez que vai ser a u ltima a cair na a gua, e por isso tem que submergir rapidamente, para evitar que o cardume escape no final do fechamento do cerco. Figura 55: Ármaça o da carregadeira da rede de cerco para o lançamento. Tecnologia de pesca | 71 Figura 56: Iní cio do cerco, lançamento da panga conectada como os cabos de boia, chumbo e carregadeira. 72 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 57: Iní cio do cerco: a panga segura uma das extremidades da rede, enquanto a embarcaça o maior inicia o cerco. Durante o cerco, o comandante monitora a movimentaça o do cardume, por meio do sonar, para que o cerco seja realizado com sucesso. Áo te rmino do cerco, a embarcaça o maior encontra a panga, que transfere a extremidade da rede contendo os cabos de boia, chumbo e carregadeira para a embarcaça o maior. Á carregadeira e conectada ao segundo tambor do guincho, passando antes por um dos pescantes, enquanto os cabos de boias e chumbos sa o fixos na proa da embarcaça o (Figura 58). 2.1.3 Recolhimento Com o acionamento dos tambores dos guinchos, a carregadeira começa a ser recolhida, dando iní cio ao fechamento do fundo da rede (Figura 59). Ápo s o recolhimento da carregadeira e o consequente fechamento do fundo da rede, todas as argolas da rede sa o concentradas nos pescantes, e a rede toma um formato de bolsa, na qual o cardume fica retido (Figura 60). Á velocidade de recolhimento da carregadeira e fundamental para o fechamento da parte inferior da rede, pois evita o escape do cardume. Tecnologia de pesca | 73 Figura 58: Final do cerco, a panga transfere a carregadeira e cabos de boia e chumbo para a embarcaça o maior. Figura 59: Recolhimento da carregadeira e fechamento do fundo da rede. 74 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 60: Recolhimento da carregadeira e concentraça o das argolas nos pescantes. Como esse tipo de rede para grandes pela gicos pode chegar a 1.500m de comprimento por 150m de profundidade, no caso da pesca de atum, o Power block e acionado para recolher a grande quantidade de rede na a gua, deixando apenas o saco com o pescado . Esse recolhimento e realizado com a passagem da extremidade da rede, que ficou fixa na popa da embarcaça o, por dentro do Power block. Ántes de iniciar o recolhimento da rede, deve-se liberar as argolas dos pescantes para que elas possam passar pelo Power block. Existem quatro sistemas para a realizaça o da transfere ncia das argolas: Tecnologia de pesca | 75 1) Guia de recolhimento: as argolas sa o transferidas para um guia; em seguida, a carregadeira e retirada, permitindo a liberaça o das argolas do guia, a medida que va o sendo puxadas pelo Power block. 2) Sistema com argolas tipo grampo (mosqueta o): as argolas podem ser abertas, permitindo sua retirada da carregadeira, possibilitando assim a passagem delas pelo Power block. 3) Sistema de conexa o com no s: as argolas sa o conectadas aos cabos que esta o presos a rede, por meio de um no facilmente desata vel. Nesse sistema sa o utilizados dois conjuntos de argolas. Quando as argolas esta o concentradas nos pescantes, a medida que va o sendo puxadas pelo Power block, os no s va o sendo desconectados das argolas pelos tripulantes. Os cabos passam pelo Power block e chegam ao conve s, onde sa o novamente conectados as argolas (segundo conjunto), tambe m por meio de no s. Dessa forma, a rede fica novamente conectada as argolas, estando em posiça o para um pro ximo lançamento. Esse sistema e o mais seguro, pois evita que as argolas possam machucar algum tripulante, quando descem do Power block para o conve s. 4) Sistema de gancho: um grande gancho e colocado por dentro de todas as argolas que esta o concentradas nos pescantes, possibilitando a retirada da carregadeira e consequentemente passando todas as argolas para o gancho, liberando assim as argolas para passarem pelo Power block, a medida que a rede vai sendo puxada para o conve s (Figura 61). 76 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 61: Os quatros sistemas de transfere ncia das argolas para o Power block: guia de recolhimento, grampo (mosqueta o), conexa o com no e gancho para as argolas. Quando a rede passa pelo Power block e chega ao conve s, a tripulaça o trata de armazenar os cabos de boias para um dos bordos e o de chumbo para o outro, enquanto as argolas va o novamente sendo colocadas no “guia de lançamento”, ficando a rede dessa forma, ao final do recolhimento, posicionada para um novo lançamento. Tecnologia de pesca | 77 No momento em que apenas o saco da rede permanece na a gua, e dado iní cio ao recolhimento do pescado. Á retirada do pescado do saco e realizada com o empregode um “sarrico” (puça gigante), puxado por um guincho. Durante o recolhimento da rede, a panga fica puxando a embarcaça o para que a força do Power block na o puxe a embarcaça o para dentro dela (Figura 62). Figura 62: Recolhimento da rede pelo Power block, com o sistema de guia de recolhimento. Após a retirada do pescado, a extremidade da rede, que estava fixa na proa da embarcação, é liberada, sendo puxada pelo Power block. Finalizando assim, o armazenamento da rede na popa da embarcação, deixando-a em posição para um novo lançamento. 78 | Vanildo Souza de Oliveira 2.2 SOLUÇÕES ECOLÓGICAS EM REDES DE CERCO PARA MINIMIZAR DANOS AMBIENTAIS Á utilizaça o da rede de cerco para captura de atuns e afins teve como conseque ncia a captura e morte de centenas de golfinhos, que permaneciam presos no cerco e morriam durante o recolhimento da rede. Ápesar de poderem pular a mais de 2m fora da a gua, a permane ncia dentro da rede, sem pular apenas a altura de uma boia, ainda hoje e um miste rio. Uma das explicaço es para tal comportamento e o instinto social dos golfinhos: como nos cardumes existem fe meas gra vidas, rece m-nascidos e idosos, o instinto social manteria todos juntos. Para tentar minimizar essa matança de golfinhos, foi estabelecido um selo com os dizeres “Dolfinsave”. Ele atesta que todos os golfinhos foram retirados de dentro da rede antes do recolhimento. Para realizarem a retirada dos golfinhos, e necessa ria uma manobra chamada de “retrocesso”, ou seja, uma borda da rede e aberta e a outra e puxada pelo barco, formando um corredor e dessa forma permitindo que os golfinhos escapem por uma abertura na tralha de boia, enquanto que os atuns permanecem no fundo da rede (Figura 63). Essa operaça o envolve tripulantes (mergulhadores) e pequenos barcos para auxiliar na saí da dos golfinhos. Tecnologia de pesca | 79 Figura 63: Manobra “retrocesso”, em que mergulhadores abrem uma parte da tralha de boia da rede e libertam os golfinhos. 80 | Vanildo Souza de Oliveira Tecnologia de pesca | 81 CAPÍTULO III ESPINHEL 82 | Vanildo Souza de Oliveira 3.1 ESPINHEL Esse aparelho de pesca tem como princí pio de funcionamento a captura por atraça o alimentar, com uma isca em um anzol. Os espinhe is podem ser: de fundo, meia a gua e superfí cie, dependendo da espe cie-alvo. No caso da captura de demersais, a modalidade mais empregada e o espinhel de fundo fixo; e derivante, para as espe cies pela gicas. 3.1.1 Espinhel de fundo Tem a finalidade de capturar espe cies de peixes demersais, as quais em geral agrupam-se em cardumes sobre o fundo. Dessa forma, esse aparelho tem a capacidade de capturar em funça o do poder de atraça o alimentar, ou seja, o fator isca e fundamental para sua eficie ncia. Á escolha da isca e determinante, ela tem que ter grande poder de atraça o, liberando substa ncias capazes de atrair o peixe a certa dista ncia. Á capacidade de captura das iscas diminui com o tempo de exposiça o, pois esta o submetidas, muitas vezes, a fortes correntes no fundo, o que torna invia vel sua reutilizaça o, apo s o recolhimento, em funça o da perda de eficie ncia de captura com o tempo de exposiça o. Outro fator importante e a sua consiste ncia muscular. Á flacidez muscular interfere na fixaça o da isca no anzol, agravando-se quando lançadas em locais com fortes correntes e em grandes profundidades, tendo como conseque ncia o desprendimento da isca do anzol antes de tocar o fundo. Ela deve ter tambe m viabilidade econo mica, pois, dependendo da espe cie-alvo a ser capturada, a isca pode ser invia vel, apesar de preencher os outros requisitos ja mencionados. Embora seja importante, quando a isca faz parte do ha bito alimentar da espe cie-alvo, na o e fundamental, uma vez que o predominante e o fator atração da isca. Mesmo que o animal jamais tenha se alimentado dela, a boa isca Tecnologia de pesca | 83 atrai o animal a prova -la. Exemplo disso foi a isca empregada na pesca do atum no Átla ntico Sul pela frota japonesa, que utilizava um pequeno pela gico de origem do Pací fico. O atum do Átla ntico, apesar de nunca ter contato com a isca em seu habitat, foi fortemente atraí do a saborea -la. O espinhel fixo de fundo pode ser lastrado de va rias formas. Á mais comum para os aparelhos de pesca e a “garateia”, que e constituí da por uma barra de ferro, pedaço de trilho, ou algo similar, com quatro vergalho es de ferro. Tem a finalidade de, quando prender no fundo, esses vergalho es possam abrir e todo o material de pesca ser recuperado. Nas jangadas artesanais, empregava-se tambe m a “fateixa”, que consiste em uma pedra presa a garras de madeira com a finalidade de segurar a jangada. Á “a ncora” que serve para fixar as embarcaço es com robustas garras, traria dificuldades para lastrar aparelhos de pesca, uma vez que suas garras na o abririam, quando presas ao fundo, ao serem içadas (Figura 64). Figura 64: Tipos de lastros empregados em aparelhos de pesca e embarcaço es. Outro fator importante na pesca com espinhel de fundo e a forma do anzol. Á capacidade de fisgar do anzol na o esta direcionada especificamente para os peixes; as pedras de fundo prendem os anzo is, criando dificuldades durante o recolhimento, que, 84 | Vanildo Souza de Oliveira dependendo do nu mero de anzo is que ficam presos ao fundo, muitas vezes, inviabiliza o recolhimento do espinhel, causando assim grandes perdas de materiais. Uma das soluço es encontradas para minimizar esse problema foi o desenvolvimento de anzo is circulares, anzo is com a haste voltada para dentro, diminuindo a possibilidade de ficar preso nas pedras, ou em outros substratos do fundo (Figura 65). Figura 65: Ánzol circular para espinhel de fundo. O espinhel de fundo para a pesca artesanal, que atua em embarcaço es com me dia de 8m de comprimento, e um aparelho de pesca formado por uma linha principal, linhas secunda rias, cabos de boias e de anzo is, ale m de lastros (Figura 66). Tecnologia de pesca | 85 Figura 66: Espinhel fixo de fundo. Ás caracterí sticas dos materiais que compo em um espinhel variam de acordo com a finalidade, dependendo da a rea de atuaça o: fundo, meia a gua ou pela gico. Os cabos de boias geralmente sa o de materiais que flutuam, para facilitar seu manuseio e forma de trabalho. Exemplo: polietileno (PE) ou polipropileno (PP). Á linha principal, que tem o papel de trabalhar junto ao fundo, deve ser de um material que afunde e tenha grande resiste ncia a abrasa o, como e o caso da poliamida (PÁ). Á linha secunda ria pode ser confeccionada de va rias formas, dependendo da exige ncia de cada situaça o. Ela pode ser formada apenas por linha e anzol, fixada a linha principal por meio de um no . 86 | Vanildo Souza de Oliveira Caso o espinhel venha ao ser recolhido, com va rias linhas secunda rias cortadas nas extremidades sem os anzo is, deve ser avaliada a possibilidade de colocar “estropos”, ou “empates”, pedaços de aço ou arame ligados aos anzo is, com a finalidade de evitar que o peixe morda e corte a linha secunda ria. Em caso de vir com muitas linhas secunda rias torcidas, deve-se avaliar a colocaça o de destorcedores, dispositivo que evitar a transfere ncia da torça o para o cabo seguinte. No caso em que o nu mero de linhas secunda rias e grande, a colocaça o de snaps (grampos que unem as linhas secunda rias a principal com certa agilidade) deve tambe m ser avaliada, pois esses snaps da o segurança e agilidade nas manobras de lançamento e recolhimento. Ressalta-se que, quanto mais sofisticada a linha secunda ria (Figura 67), maiores sera o os custos de confecça o, portanto a avaliaça o econo micadeve ser feita em funça o da espe cie-alvo a ser capturada. Figura 67: Linhas secunda rias, confeccionadas da forma mais sofisticada (Á) para a mais simples (D). Tecnologia de pesca | 87 Ás formas de armazenamento a bordo de um espinhel de fundo na pesca artesanal sa o bastante simples, podendo ser feitas em “cestos” de pla sticos, que armazenam a linha principal no centro e as linhas secunda rias que sa o fixas pelos anzo is nas bordas. Essa forma exige que os anzo is sejam iscados na hora do lançamento. Ja no armazenamento em caixas, equipadas com uma calha lateral, a linha principal e armazenada no centro, e as linhas secunda rias sa o armazenadas na calha, com a vantagem de ja estarem iscadas, facilitando assim o lançamento (Figura 68). Cada caixa ou cesto pode armazenar em me dia 200 anzo is. Geralmente o espinhel de fundo para peixes demersais, na pesca artesanal, e composto por uma linha principal com dia metro em torno de 3 mm, preferencialmente de poliamida, mono ou multifilamentos. Ás linhas secunda rias normalmente sa o de poliamida, monofilamento, com dia metro entre 0,8 e 1,4 mm. Isso implica que o somato rio dos comprimentos das duas linhas secunda rias na o pode ser igual ou maior que a dista ncia entre elas, para evitar que os anzo is se toquem durante o lançamento e recolhimento. Nos espinheis para captura de peixes de fundo, geralmente, as linhas secunda rias te m o comprimento de 0,9-1,20 metros, dependendo da espe cie a ser capturada. Para o armazenamento em caixas, ou cestos, as linhas secunda rias devem ser conectadas diretamente a linha principal, uma vez que, nessa modalidade de pesca, as linhas esta o muito pro ximas, e essa forma permite mais agilidade tanto no lançamento quanto no recolhimento. 88 | Vanildo Souza de Oliveira Figura 68: Formas de armazenamento de espinhel de fundo “a” em caixa com calha lateral e “b” em um cesto com os anzo is na borda. Tecnologia de pesca | 89 3.1.1.1 Lançamento O posicionamento do espinhel no conve s da embarcaça o deve ser em funça o da corrente marí tima e vento. Quando vem de bombordo, o espinhel deve ser lançado por esse bordo. O lançamento por boreste teria como conseque ncia a passagem do espinhel por baixo do casco da embarcaça o e grande possibilidade de enganchar os anzo is no casco. Na preparaça o para o lançamento, deve-se determinar o comprimento do cabo de boia em uma proporça o em funça o da profundidade, principalmente em locais que sofrem grandes oscilaço es entre as mare s. Geralmente emprega- se a relaça o de 1:2, em regio es de fortes correntes ate 1:3 na determinaça o do comprimento do cabo de boia. Ápo s determinar o comprimento do cabo de boia, ele e conectado a uma garateia (lastro) em uma de suas extremidades. Á linha principal do espinhel e conectada ao cabo de boia por meio de um no , na altura determinada em relaça o ao fundo. Nessa operaça o emprega-se, no mí nimo, 3 indiví duos, ale m do mestre, que na o participa da operaça o, mas tem o papel fundamental no controle da velocidade e posicionamento do barco durante as manobras. Dessa forma, o indiví duo nu mero 1, juntamente com o 3, começam a lançar o espinhel, sendo que o nu mero 3 fica com toda a tensa o do peso do cabo de boia, que esta conectado a garateia e lentamente vai lançando ela ate chegar no fundo. Enquanto isso, o nu mero 1 lança os anzo is na a gua, ao mesmo tempo em que o nu mero 2 segue retirando os anzo is da caixa. Quando a garateia toca o fundo, o nu mero 3 lança a boia ao mar, ficando assim a tensa o na linha principal do espinhel com o indiví duo nu mero 1, o que exige muita atença o nessa hora, principalmente se o anzol for iscado no lançamento (Figura 69). No caso de ser o lançamento em cestos, o nu mero 2 isca os anzo is antes de entrega -los para o indiví duo nu mero 1. No modelo de espinhel em caixas com calha lateral, em 90 | Vanildo Souza de Oliveira que os anzo is ja esta o iscados, seu lançamento e mais seguro minimizando riscos de acidentes durante o lançamento. Figura 69: Posicionamento da tripulaça o durante o lançamento, tensa o na ma o do indiví duo nu mero 3 (a) e apo s a garateia tocar o fundo (b). Tecnologia de pesca | 91 Quando uma caixa ou cesto se aproxima do final, a extremidade final da linha principal e conectada ao iní cio da extremidade da linha principal da pro xima caixa ou cesto. Dependendo da a rea, em cada unia o de caixas ou cestos pode ser conectada uma garateia, podendo tambe m ser colocado um cabo de boia. Quanto ao tempo de exposiça o de pesca do espinhel, deve ser considerado o tempo de captura da espe cie-alvo, em funça o de sua sensibilidade quanto a perda de qualidade apo s a morte, uma vez que existem espe cies que se deterioram rapidamente. Portanto, esse perí odo deve ser regulado pela exige ncia da espe cie, em me dia 5 horas. Ressalta-se que o lançamento do espinhel de fundo pode ser realizado por ambos os bordos e tambe m pela popa. Nesse u ltimo caso, a tripulaça o tem que estar bem treinada, pois o lançamento tem que ser realizado com o motor em marcha. 3.1.1.2 Recolhimento Inicia-se com a localizaça o da boia sinalizadora, que pode ser visualmente, ou pelo emprego de GPS. Quando em a reas de grande circulaça o de embarcaço es, na o sa o recomendadas boias, por questo es de segurança; os espinheis sa o localizados, exclusivamente, por meio do GPS e sa o recuperados com uma garateia mais leve, realizando arrasto na a rea ate alcançar a linha, um cabo de PP ou PE que flutua. O indiví duo nu mero 4 (comandante), durante essa operaça o, sempre mante m um a ngulo entre a proa da embarcaça o e a linha principal do espinhel, com a finalidade de sempre observar o que esta sendo embarcado, evitando assim possí veis acidentes. No recolhimento, o indiví duo nu mero 1 recolhe a linha principal, enquanto o nu mero 2 a armazena na caixa ou cesto, colocando os 92 | Vanildo Souza de Oliveira anzo is na mesma ordem de chegada na caixa. O nu mero 3 recolhe os cabos de boias e da suporte ao nu mero 1, na retirada do pescado, anzo is, ou iscas na o consumidas, realizando essa seque ncia ate o final do espinhel (Figura 70). Figura 70: Posicionamento da tripulaça o durante o recolhimento. 3.1.2 Espinhel de fundo em sistema industrial Essa modalidade de pesca envolve embarcaço es de grande porte, que trabalham com milhares de anzo is e, por isso, necessitam de alto ní vel de mecanizaça o, tanto no lançamento do espinhel como no recolhimento, pois, quanto maior o nu mero de anzo is, maior deve Tecnologia de pesca | 93 ser o ní vel de mecanizaça o. Essas embarcaço es possuem sistemas que lançam e iscam os anzo is automaticamente. Á ma quina de iscagem funciona com iscas ja cortadas, fazendo com que, ao passar por uma calha, o anzol que esta sendo lançado seja iscado. O recolhimento tambe m e automatizado: quando a linha principal e recolhida, a linha secunda ria ja entra em uma calha guia, que vai armazenando os anzo is, de forma que estejam prontos para serem iscados pela ma quina e novamente durante o lançados ao mar (Figura 71). Figura 71: Ma quina automa tica de iscar em espinhel industrial. 3.1.3 Espinhel pelágico Esta modalidade de pesca e empregada na captura de pela gicos, tambe m chamado de espinhel longline, principalmente na captura de atuns e afins. Ele deriva de acordo com a velocidade das correntes (Figura 72). No Brasil, essa pra tica teve iní cio no final da de cada dos anos 50, com a frota japonesa operando na cidade de Recife-PE. Inicialmente, os espinhe is eram constituí dos com cabos de multifilamento de polivinil a lcool (PVÁ), com dia metros na linha principal de 6mm e 3mm na linha secunda ria. Esses
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