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Tema 3 - Medicamentos parenterais e preparações estéreis

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DESCRIÇÃO
Apresentação das características farmacotécnicas das principais formas farmacêuticas
parenterais e preparações estéreis.
PROPÓSITO
Compreender o conceito das formas farmacêuticas parenterais e das preparações estéreis e os
principais métodos de fabricação e excipientes utilizados, assim como as propriedades com
influência na liberação do fármaco.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora ou
use a calculadora de seu smartphone ou de seu computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os principais métodos de esterilização para as preparações farmacêuticas
MÓDULO 2
Distinguir os medicamentos parenterais e suas vias de administração
MÓDULO 3
Identificar as formas farmacêuticas para a via ocular
INTRODUÇÃO
As formas farmacêuticas parenterais e as farmacêuticas para administração pela via ocular,
como os colírios e as pomadas oftálmicas, têm uma característica em comum: a necessidade
de esterilização. Todas essas apresentações precisam se mostrar de forma estéril. Para
fabricá-las, portanto, é preciso que o farmacêutico conheça e domine os métodos de
esterilização, assim como os principais conceitos nessa área.
A esterilização é conhecida como a destruição completa de todos os microrganismos vivos,
incluindo as suas formas esporuladas. Uma vez que as preparações parenterais entram
diretamente em contato com fluidos e tecidos dos organismos, é fundamental que elas sejam
estéreis e evitem tanto a contaminação quanto o surgimento de infecções nos pacientes.
Neste conteúdo, abordaremos as preparações parenterais e suas diferentes vias de
administração, assim como os métodos de esterilização e as preparações oftálmicas, as quais,
em função das características específicas do olho, também precisam ser estéreis.
AVISO: Orientações sobre unidades de medida
ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE
MEDIDA
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km). No
entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade
(ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem
seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
MÓDULO 1
 Definir os principais métodos de esterilização para as preparações farmacêuticas
CONCEITOS GERAIS
A contaminação microbiana é uma preocupação constante na manipulação de medicamentos.
Algumas preparações farmacêuticas devem ser obrigatoriamente estéreis, como as infusões
intravenosas, os fluidos de nutrição parenteral, as soluções de diálise e hemodiálise, os
medicamentos injetáveis, os colírios e as pomadas oftálmicas.
Para isso, é fundamental que o farmacêutico conheça os métodos de esterilização e suas
aplicações, assim como os conceitos e os cuidados que envolvem a manipulação de produtos
estéreis.
Por isso, precisamos entender alguns conceitos importantes:
javascript:void(0)
DESINFECÇÃO
Eliminação de microrganismos, exceto os esporulados, de materiais ou artigos inanimados por
meio de um processo físico ou químico com o auxílio de desinfetantes.
DESCONTAMINAÇÃO
Operação de eliminação parcial ou total de microrganismos de materiais ou superfícies
inanimadas.
ASSEPSIA
Operação que leva à ausência de germes – entre eles, bactérias, vírus e outros
microrganismos que podem causar doenças.
ANTISSEPSIA
Operação que procura reduzir ou inibir o crescimento de microrganismos na pele ou nas
mucosas. Os produtos usados para fazer a antissepsia são chamados de antissépticos.
CONSERVAÇÃO
Ela deve impedir o crescimento e a multiplicação dos microrganismos e suas consequências
durante determinado período de tempo.
ESTERILIZAÇÃO
Operação realizada com o objetivo de destruir ou remover todas as formas de microrganismos,
incluindo esporos e vírus, de determinado material ou preparação farmacêutica.
Foto: Shutterstock.com
 Homem em vestimenta esterilizada.
Antes do processo de esterilização, são necessárias algumas etapas a fim de garantir a melhor
qualidade da operação. Não existe um padrão específico para todo processo; entretanto, para
a maioria dos materiais, deve-se proceder às etapas de limpeza, desinfecção e esterilização.
Para o início dos processos de esterilização, é importante que ocorra a centralização dos
materiais em um único lugar.
 ATENÇÃO
Nem todos os materiais precisam ser esterilizados, mas, antes da esterilização, é necessário
haver a realização da limpeza e a desinfecção das áreas e dos materiais que serão utilizados
para a fabricação das preparações farmacêuticas.
A limpeza precisa ser realizada para se retirar resíduos orgânicos e inorgânicos presentes e
que possam interferir nas etapas seguintes de desinfecção e esterilização.
Durante a limpeza, é possível utilizar um processo de escovação, com água e sabão, utilizando
escovas limpas de diferentes tamanhos e formatos.
No caso da limpeza das áreas, o profissional tem de ser devidamente treinado e utilizar
equipamentos apropriados, como luvas de borracha, botas grossas de cano longo, máscaras e
óculos de proteção.
Todo o material deverá ser devidamente seco após a limpeza, já que a água é fonte de
proliferação microbiana.
Foto: Shutterstock.com
 Limpeza de área industrial.
O primeiro passo para o processo de desinfecção é a escolha do agente desinfetante, o qual,
por sua vez, deve ter registro nos órgãos regulamentadores.
Muitos fatores influenciam a escolha dos agentes desinfetantes, como efetividade, toxicidade,
compatibilidade, efeito residual, solubilidade, estabilidade, odor, facilidade de uso e custos,
entre outros. Outro ponto que requer atenção é quanto ao material ou ao local de desinfecção.
Existem muitas formas de realizar a desinfecção de materiais e ambientes; entretanto, a mais
comum é a utilização de agentes químicos. A escolha do tipo de desinfetante e de métodos
adequados de desinfecção, bem como a organização de todo esse processo, não é uma tarefa
fácil.
Os agentes químicos desinfetantes comumente utilizados são:
EFEITO RESIDUAL
Período pelo qual a substância continua a ter efeito após sua aplicação.
javascript:void(0)
Álcoois
Compostos clorados
Formaldeído
Iodóforos
Peróxido de hidrogênio
Ácido peracético
Compostos fenólicos
Sais quaternários
O álcool e o hipoclorito de sódio são os desinfetantes mais recomendados para superfícies,
enquanto o desinfetante mais comumente empregado para instrumentais e outros materiais é o
ácido peracético.
Foto: Shutterstock.com
 Desinfecção de superfícies.
Depois de passarem pelas etapas de limpeza e desinfecção, os materiais estão prontos para a
etapa de esterilização.
Essas etapas prévias são fundamentais para garantir a qualidade do processo de esterilização,
uma vez que reduzem a quantidade de material orgânico e inorgânico, além da contaminação
microbiana. Com isso, facilita-se a eficiência do processo de esterilização.
 ATENÇÃO
Uma falha no processo de esterilização pode afetar a qualidade das preparações
farmacêuticas, causando degradação química ou física dos fármacos e gerando infecções ao
paciente, que, nos casos mais graves, pode levar inclusive à morte.
A contaminação microbiana de preparações farmacêuticas pode ser bastante grave. A
eficiência no processo de esterilização, afinal, é fundamental para garantir a qualidade dos
produtos. Infelizmente, nem sempre é possível garantir isso – e a história apresenta muitos
casos para que possamos aprender com nossos próprios erros.
Foto: Shutterstock.com
 Exemplo de laboratório de alta precisão estéril.
É por todos esses motivos – e por sabermos que, em todo processo de esterilização, existe o
fator humano associado – que se desenvolveu o treinamento, o controle de qualidade e a
validação ao longo dos anos. E a melhor forma de se evitar problemas durante os processos
de esterilização é por intermédio da associação de todos esses fatores.
Por isso, precisamos destacar que:
Todo processo de esterilização deve ser validado.
MÉTODOSDE ESTERILIZAÇÃO
Muitos fatores podem interferir na escolha do melhor método de esterilização para seu produto.
Hoje em dia, dificilmente se usa um único método de forma isolada para um processo de
fabricação de medicamentos. Em vez disso, emprega-se a associação de vários métodos. Isso
aumenta as margens de segurança e eficácia, pois, de forma isolada, nenhum método é capaz
de garantir uma esterilidade absoluta.
Veja os principais fatores que influenciam na eficácia da esterilização:
Grau de hidratação do meio: quanto mais hidratado estiver o meio a ser esterilizado, mais
facilmente os microrganismos serão eliminados, pois a umidade presente facilita o processo de
penetração de vapor de água, como, por exemplo, no microrganismo.
Grau de contaminação: quanto maior for a quantidade de microrganismos em determinado
meio ou produto, mais difícil será sua eliminação. É por esse motivo que se realiza a limpeza e
a desinfecção prévias dos materiais e do ambiente antes de se iniciar o processo de
esterilização.
Controle microbiológico: ele deve ser realizado antes nas matérias-primas passíveis de
apresentar um nível elevado de contaminação devido à sua natureza ou a seu processo de
fabricação, como é o caso do amido, assim como no produto acabado.
Sensibilidade da espécie de microrganismo: é preciso que o método de esterilização
escolhido seja eficiente para a grande maioria dos microrganismos, como fungos, vírus e
bactérias, e que os contaminantes sejam sensíveis ao método escolhido.
 ATENÇÃO
Os principais produtos que precisam ser esterilizados no âmbito farmacêutico e hospitalar são
as preparações injetáveis, os colírios, os curativos, os materiais cirúrgicos e os materiais para
injeções.
Os processos de esterilização podem ser classificados em:
PROCESSOS FÍSICOS:
Calor e radiação
PROCESSOS QUÍMICOS:
Desinfetantes, aldeídos e detergentes
PROCESSOS MECÂNICOS:
Filtração
A partir de agora, vamos conhecer cada um deles de forma detalhada:
MÉTODOS FÍSICOS - ESTERILIZAÇÃO POR
CALOR
O método de esterilização por calor é o mais antigo e mais eficiente método conhecido por se
tratar de uma técnica simples, econômica e segura. Você pode observar a utilização dele no
seu dia a dia quando uma mãe ferve a mamadeira do filho ou quando a manicure coloca o
alicate na estufa para esterilizá-lo.
 VOCÊ SABIA
Apesar de ser muito eficiente e utilizado, o método por calor apresenta algumas desvantagens,
já que muitos fármacos são termossensíveis.
A esterilização por calor pode utilizar tanto o calor seco quanto o úmido. Vamos estudar cada
um deles:
Calor seco
Embora existam outros métodos de esterilização por calor seco, a utilização de estufas de ar
circulante é a mais utilizada. O ar tem uma condutibilidade térmica fraca, e a distribuição
homogênea da temperatura só pode ser feita por convecção na qual o ar quente sobe e o frio
desce.
Esses modelos de estufas por convecção tendem a ser mais eficientes nos processos de
esterilização que os modelos tradicionais, já que a circulação do ar quente ocorre de forma
mais homogênea.
Entretanto, é importante que você observe que a estufa não pode estar sobrecarregada, pois é
necessário deixar espaços vazios para que justamente ocorra a circulação do ar quente.
Nesses casos, a temperatura pode variar de 160°C a 250°C. Na maioria das vezes, a
esterilização por calor seco ocorre entre 150°C e 170°C durante um período de, no mínimo,
duas horas.
É possível compreender que:
Quanto maior for a temperatura utilizada, menor poderá ser o tempo de exposição.

Quanto menor for a temperatura, maior deverá ser o tempo de exposição.
A tabela a seguir apresenta uma combinação de temperatura e tempo para a esterilização por
calor seco baseada nas literaturas específicas.
Processo Temperatura (°C) Tempo de exposição (min)
Calor seco
140 180
150 150
160 120
170 60
180 30
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Tabela: Relação da temperatura e do tempo de exposição para esterilização por calor seco.
Extraído de: ARAÚJO, 2018, p. 101.
Foto: Shutterstock.com
 Miniestufa de esterilização para consultórios e laboratórios.
Apesar de menos eficaz que a esterilização por calor úmido e, por conta disso, precisar de
temperaturas mais altas e maiores tempos de exposição, a esterilização por calor seco pode
ser uma excelente alternativa para materiais de aço inox, vidros, metais e instrumentos
cirúrgicos. Ela também pode ser útil para óleos fixos, glicerina e derivados de petróleo, como,
por exemplo, parafina, vaselina e vaselina líquida (óleo mineral), além de pós estáveis, como o
óxido de zinco.
 VOCÊ SABIA
Acredita-se que o mecanismo de ação pelo qual a esterilização por calor seco consegue
eliminar os microrganismos e suas formas esporuladas funciona por conta da oxidação da
membrana plasmática e da desnaturação de proteínas, resultando em coagulação do RNA e
danos ao DNA dos microrganismos.
Além disso, atualmente há estufas de esterilização nos mais diversos tamanhos e com preços
cada vez mais acessíveis para todas as áreas. Elas variam desde um pequeno salão de beleza
para a esterilização de alicates de unhas e pinças até as grandes indústrias para os processos
de fabricação de equipamentos.
Calor úmido ou esterilização por vapor
A esterilização por vapor ou calor úmido é a técnica mais utilizada e mais eficiente para os
processos de esterilização nas mais diversas áreas da saúde. Ela deverá ser sempre o método
de escolha caso não haja nenhuma incompatibilidade com o processo. Utiliza-se um
equipamento denominado autoclave no qual ocorre uma combinação de elementos, como
vapor, temperatura e pressão, com o objetivo de eliminar todas as formas de microrganismos.
Infelizmente, a maioria dos produtos farmacêuticos não é resistente à esterilização em altas
temperaturas, como no caso do calor seco (150°C a 170°C). Entretanto, quando combinamos
pressão e temperatura, podemos aumentar o ponto de ebulição da água (100°C) e conseguir
vapor em temperaturas mais altas que as obtidas à pressão atmosférica, sendo elas o
suficiente para eliminar de forma eficaz os microrganismos. Além disso, o vapor é capaz de
distribuir o calor por toda a autoclave e por todos os produtos de forma homogênea.
 ATENÇÃO
O que elimina os microrganismos é o calor – e não a pressão. Ela serve apenas para
aumentar a temperatura do sistema.
Outro fator importante é o tempo de exposição dos microrganismos ao calor. Conforme vimos
na esterilização por calor seco, a relação temperatura/tempo interfere na eficácia do processo
de esterilização.
Como regra geral, as autoclaves nacionais operam sob as seguintes condições:
Pressão (atm) Temperatura (°C) Tempo (min)
0,5 110 30
1,0 121 20
1,5 126 15
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Tabela: Condições de operações de autoclaves.
Elaborada por Patrícia de Castro Moreira Dias.
Observe que:
Quanto maior for a pressão.

Maior será a temperatura.

Consequentemente, menor será o tempo do processo.
Entretanto, é preciso que o vapor úmido penetre nos produtos por tempo suficiente para que
ele promova a eliminação dos microrganismos. E alguns fatores interferem nesse processo,
como a natureza dos produtos e o tempo de latência.
O tempo de latência é o período necessário para que se atinja e estabilize a temperatura de
trabalho. Isso deve ser levado em consideração no tempo total do processo de esterilização.
 EXEMPLO
Como a maioria dos processos de esterilização por calor utiliza 1,0atm e 121°C e o tempo de
esterilização para esse processo é de, no mínimo, 20 minutos, o tempo de latência precisa ser
acrescentado a esse período.
Veja na figura a seguir o esquema de funcionamento e um gráfico que relaciona a variação de
temperatura com os diferentes tempos de um ciclo completo da autoclave.
Imagem: MADIGAN et al., 2016, p. 173.
 Esquema de funcionamento de uma autoclave.
Outro fator importante é a quantidade de produtos a se esterilizar. Assim como no calor seco, a
autoclavetambém não deve estar muito cheia ou sobrecarregada, já que o vapor d’água deve
circular e penetrar de forma homogênea em todos os produtos.
A presença de ar também não é desejada, pois o ar é um mau condutor térmico e tende a
diminuir a temperatura final do processo. Para isso, deve-se expurgar todo o excesso de ar
presente por meio da válvula ou do purgador de ar.
Foto: Shutterstock.com
 Válvula expurgadora de ar da autoclave.
Há muitos modelos de autoclaves diferentes. No entanto, elas geralmente podem ser verticais
ou horizontais, de parede dupla ou simples. No Brasil, as mais comuns são as verticais para a
escala de laboratório. Já para a escala industrial, as autoclaves costumam ser horizontais.
Foto: Shutterstock.com
 Modelo de autoclave vertical de laboratório.
Foto: Shutterstock.com
 Modelo de miniautoclave horizontal para laboratórios e consultórios.
Foto: Shutterstock.com
 Modelo de autoclaves horizontais industriais.
Muitos materiais diferentes podem ser esterilizados utilizando o calor úmido, como materiais
cirúrgicos, vidros, curativos, roupas, metais, seringas e demais materiais hospitalares. Em
relação às preparações farmacêuticas, as soluções aquosas acondicionadas em ampolas são
as mais indicadas, pois a presença da água auxilia o processo, gerando umidade suficiente
para a esterilização por vapor.
 ATENÇÃO
Esse método deve ser evitado no caso de preparações oleosas, gorduras e pós suscetíveis à
umidade, pois o vapor terá dificuldade em penetrá-los ou poderá deteriorá-los.
Isso se reflete no próprio mecanismo de ação de eliminação dos microrganismos por calor
úmido que ocorre por desnaturação e coagulação de proteínas essenciais para o
microrganismo. Uma vez que os microrganismos possuem água dentro de suas células, é
justamente a presença dessa umidade que favorece a penetração do vapor e a destruição
deles mesmo em temperaturas consideradas mais baixas. Enquanto as células bacterianas
com grande quantidade de água podem ser eliminadas de forma mais rápida, as formas
esporuladas são mais difíceis de serem eliminadas justamente pela baixa quantidade de água
presente.
CONTROLADORES OU INDICADORES DE
ESTERILIZAÇÃO
O ponto crítico no processo de esterilização por calor úmido é a temperatura. É preciso
garantir que a temperatura ideal para o processo seja adquirida de acordo com o método
escolhido. Para isso, existem algumas técnicas que auxiliam a garantir a eficácia desse
processo.
 EXEMPLO
Entre elas, o principal controle do processo é a utilização de termopares ligados a um
potenciômetro. Nessa técnica, são utilizados dois pequenos fios de metais diferentes
denominados termopares. Eles são ligados a um potenciômetro na porta da autoclave em uma
extremidade e ficam em contato com os materiais a serem esterilizados na outra.
A temperatura é controlada diretamente no painel do potenciômetro, sendo realizada a leitura
de suas variações em intervalos regulares de tempo. Em seguida, é possível realizar gráficos
de controle de processo, temperatura e pressão para se determinar o grau de eficácia da
esterilização.
Infelizmente, nem todas as autoclaves são equipadas com o controle por termopares. Nesses
casos, é necessário recorrer a outras técnicas que possam garantir a eficácia do processo
chamadas de indicadores de esterilização.
Vamos conhecer agora os principais indicadores do processo de esterilização que devem ser
utilizados para a monitorização desse procedimento.
 Indicadores biológicos ou bioindicadores: No passado, eles eram constituídos por
microrganismos vivos, geralmente esporos secos, colocados em um tubo de ensaio fechado
com meio de cultura adequado e distribuídos dentro da autoclave. Ao final do processo, eram
semeados e incubados em meios de cultura apropriados a fim de se avaliar a sua capacidade
de proliferação.
Tal técnica atualmente foi substituída por uma mistura de indicadores biológicos e químicos, já
que era impossível utilizar esses indicadores para as verificações de rotina, pois demorava
vários dias para eles serem incubados e para se determinar a eficácia do processo. Todavia,
era uma ótima maneira de se realizar um controle periódico do funcionamento da autoclave.
Atualmente, vários produtos comerciais contendo bioindicadores podem ser adquiridos para o
acompanhamento do método de esterilização por calor úmido.
Os microrganismos mais utilizados para a realização desses métodos são:
Bacillus stearothermophilus ATCC 7953
Bacillus subtilis ATCC 9372
Associados a eles, agentes químicos são utilizados com outros componentes que mudam de
coloração, garantindo, assim, a eficácia do processo de esterilização. Tais métodos são
conhecidos como métodos por colorimetria.
Foto: Shutterstock.com
 Exemplo de indicadores biológicos.
 Indicadores químicos: São os mais utilizados e geralmente constituídos de substâncias
químicas que sofrem uma alteração de cor após seu aquecimento às temperaturas de
esterilização. Esses indicadores podem ser classificados em quatro classes de acordo com a
ISO 11140; entretanto, os mais utilizados são os indicadores classe 1.
Foto: Shutterstock.com
 Modelo de fita zebrada utilizada como indicador químico para a monitorização de processo
de esterilização em autoclave.
Os indicadores de classe 1 são normalmente conhecidos como fitas zebradas. Eles indicam se
determinado pacote passou pelo processo, não garantindo, porém, sua esterilidade. Devem ser
utilizados em todos os pacotes externamente; após o processo de esterilização, a fita muda
para a cor preta.
 ATENÇÃO
A autoclavação é o processo mais eficiente de esterilização, devendo ser sempre o escolhido
se não houver nenhum outro impedimento.
MÉTODOS FÍSICOS - ESTERILIZAÇÃO POR
RADIAÇÃO
As radiações podem ser classificadas de duas maneiras diferentes e, em geral, em dois
grandes grupos:
RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS
Constituem os raios γ, X, ultravioleta (UV) e infravermelhos (IV), além de micro-ondas e luz
visível. Elas podem ser classificadas como ionizantes e não ionizantes de acordo com seu
poder de penetração.
As radiações UV e IV são radiações não ionizantes e apresentam baixo poder de penetração e
maior comprimento de onda; em geral, promovem sua ação esterilizante por meio do calor. Já
as ionizantes apresentam menor comprimento de onda, embora tenham maior poder de
penetração nos microrganismos e nos materiais diversos.
RADIAÇÕES DE PARTÍCULAS OU CORPUSCULARES
São também ionizantes e apresentam feixes de elétrons de alta velocidade conhecidos como
raios , raios , nêutrons e prótons. Esses feixes têm a capacidade de penetrar diretamente na
célula microbiana provocando a ionização dos constituintes da célula e induzindo a morte
celular.
Esse é o princípio básico do mecanismo de ação para o processo de esterilização por radiação
no qual o principal alvo é o DNA dos microrganismos, assim como de outros componentes
celulares, como RNA, enzimas e proteínas. Uma simples alteração na fita dupla de DNA é
suficiente para danificar a síntese de RNA e de outras proteínas do microrganismo.
Imagem: Shutterstock.com
 Grau de penetração das radiações ionizantes.
A grande vantagem da utilização das radiações ionizantes, como os raios γ e , no
processo de esterilização de preparações farmacêuticas é o fato de ela não gerar calor e servir
como alternativa para a esterilização de materiais termossensíveis. Por conta disso, tal método
é conhecido como esterilização a frio.

Entretanto, a grande desvantagem da utilização das radiações ionizantes é a necessidade
de equipamentos extremamente complexos que envolvam um alto custo e uma série de
cuidados em biossegurança que garanta a saúde do operador e do meio ambiente.
Os principais materiais que podem ser esterilizados por radiação ionizante são medicamentos
termossensíveis, como, por exemplo, antibióticos, hormônios, corticoides, soros e vacinas,
além de materiais cirúrgicos e hospitalares.
α β
β
 COMENTÁRIO
Apesarde bem menos eficaz que as radiações γ, a radiação UV vem sendo muito utilizada ao
longo dos anos para a esterilização de água e de superfícies e ambientes. Na realidade, ela
não deve ser utilizada de forma isolada, e sim associada a outros métodos de esterilização. É
muito comum encontrar a lâmpada de UV em cabines de segurança biológica ou fluxos
laminares, assim como ao longo do processo de esterilização de água por osmose reversa, por
exemplo. As lâmpadas UV mais utilizadas são as de comprimento de onda de 254nm que
correspondem aos raios UVC e que, conforme estudamos, danificam o DNA do microrganismo.
Foto: Shutterstock.com
 Imagem de uma esterilização de ambiente por lâmpada UV.
Embora a esterilização de preparações farmacêuticas por radiação UV de forma isolada não
seja recomendada, ela auxilia os demais processos de esterilização reduzindo
consideravelmente a presença de microrganismos e facilitando sua eliminação pelo processo
oficial.
MÉTODOS QUÍMICOS - ESTERILIZAÇÃO POR
AGENTES BACTERICIDAS
Os processos químicos de esterilização utilizam agentes bactericidas, ou seja, substâncias
químicas com propriedades bactericidas, geralmente na forma gasosa. Tal procedimento
também é conhecido por esterilização a gás.
 COMENTÁRIO
Infelizmente, tal método apresenta algumas desvantagens para a esterilização de preparações
farmacêuticas, já que a grande maioria dos medicamentos pode sofrer interação com agentes
bactericidas. Entretanto, é possível utilizar a esterilização química para tubulações e
reservatórios, ambientes e superfícies, equipamentos e materiais, principalmente na indústria
farmacêutica.
Uma das substâncias químicas mais utilizadas como agente bactericida na forma gasosa é o
óxido de etileno. Esse gás tem alto poder de penetração e apresenta atividade bactericida,
fungicida, viricida, esporicida e protozocida. Entretanto, ele é extremamente perigoso, pois é
altamente explosivo e deve ser utilizado de forma diluída.
Atualmente, já existem autoclaves associadas a esterilizadores com óxido de etileno. Tal
técnica pode ser bem utilizada para a esterilização de materiais cirúrgicos, seringas e agulhas
descartáveis, material hospitalar, embalagens plásticas e alguns poucos medicamentos.
Outra substância química muito conhecida como agente bactericida é o formaldeído. Esse
produto apresenta-se na forma líquida ou em pastilhas sólidas. Quando aquecido a 56°C, ele
libera vapores como o formol ou aldeído fórmico.
Tais vapores são muito irritantes e tóxicos e têm pouco poder de penetração. Dessa forma, eles
devem ser utilizados apenas em ambientes e superfícies na concentração final de 1 a 3g/m3
em atmosfera úmida.
O ácido peracético também pode ser empregado como agente bactericida para a limpeza, por
exemplo, das tubulações de um sistema de abastecimento de água purificada API (água
purificada para injetáveis) de uma indústria farmacêutica. Geralmente, utiliza-se uma solução a
3,5% de ácido peracético aquecida a 45°C, a qual circulará por todo o sistema de tubulação.
O ácido peracético é um potente agente oxidante, tendo ação na parede celular e sobre os
constituintes citoplasmáticos dos microrganismos. Deve-se tomar cuidado, pois ele é muito
corrosivo e com baixo poder de penetração.
Existem outros agentes bactericidas utilizados para o processo de desinfecção, porém não
para o de esterilização. Ainda assim, poderão auxiliar quando estiverem associados a outras
técnicas, como o álcool 70%, os quaternários de amônio e o hipoclorito de sódio. Todavia, a
maioria desses agentes somente é recomendada para ambientes e superfícies, assim como
para a desinfecção de alguns materiais específicos.
MÉTODOS MECÂNICOS - ESTERILIZAÇÃO POR
FILTRAÇÃO
A técnica de filtração é um método bem conhecido; afinal, todos os dias, nos deparamos com
ela – seja na preparação do café, seja bebendo um copo de água filtrada.
A filtração consiste em uma técnica mecânica de separação por meio da remoção física de
particulados utilizando um elemento filtrante por adsorção ou peneiramento. O ponto crítico
desse processo está justamente no elemento filtrante, que, na realidade, é o nosso filtro. Além
disso, para ser considerada uma filtração esterilizante, é necessária a utilização de filtros muito
específicos e com tamanho de poro ou orifício bastante reduzidos (na faixa de 0,22µm).
Os filtros podem ser classificados de duas formas: os de membrana ou os de profundidade
(de acordo com seus respectivos métodos de filtração).
Conforme já falamos, a técnica de esterilização por filtração para preparações farmacêuticas só
deverá ser escolhida caso alguma outra técnica, como a esterilização por calor, não possa ser
utilizada. A exceção é a filtração esterilizante do ar. Sim, você leu corretamente: o ar precisa
ser esterilizado a fim de que se possa criar um ambiente estéril para a manipulação de
preparações farmacêuticas.
Voltaremos a falar sobre isso mais adiante.
Muitos fatores interferem no processo de filtração:
A temperatura.
A pressão ou o vácuo aplicado ao sistema.
O pH da solução.
Entretanto, o mais importante é o tamanho do poro do elemento filtrante, principalmente no
caso de microrganismos. A diferença de um processo de filtração comum para um de filtração
esterilizante é justamente esta: o tamanho do poro do filtro necessário para eliminar os
microrganismos de uma preparação ou de um ambiente.
Foto: MADIGAN et al., 2016, p. 173
 Micrografia eletrônica de varredura de Leptospira interrogans em membrana filtrante com
poro de 0,2µm.
 COMENTÁRIO
O método de filtração esterilizante pode ser utilizado para preparações injetáveis, colírios,
soluções termolábeis, produtos biológicos e o ar. Ele tem um custo relativamente baixo e
remove microrganismos e particulados da solução. Contudo, geralmente só deverá ser utilizado
para pequenos volumes, não sendo indicado para a filtração daqueles que sejam grandes nem
para materiais viscosos, que tendem a entupir os filtros, principalmente se houver uma grande
quantidade de partículas a serem removidas.
Muitos tipos de filtros comerciais podem ser utilizados para a esterilização; entretanto, todos
eles deverão apresentar o tamanho de poro de 0,22µm para serem considerados esterilizantes.
Foto: Shutterstock.com
 Filtro esterilizante de membrana acoplada à seringa para filtração esterilizante.
No preparo de formas farmacêuticas estéreis, como soluções injetáveis e colírios, não basta
apenas a esterilização dos produtos finais: todo o processo deve ser considerado estéril.
Para isso, é necessário garantir também a esterilização do ar do ambiente onde ocorrerá a
fabricação. Quando se trata de pequenas quantidades ou pequenos volumes, é possível utilizar
as cabines de segurança biológica ou os fluxos laminares.
Já para a fabricação de produtos estéreis em escala industrial, exige-se um processo mais
complexo, pois ele precisa garantir a esterilidade das salas e dos locais de fabricação também
conhecidos como salas limpas.
O ar transporta uma série de partículas e microrganismos, incluindo os patogênicos. O teor de
microrganismos presentes no ar é muito variável: eles podem ser transportados por partículas
de poeira e gotículas de água ou perdigotos. As partículas de poeira podem ter dimensões que
variam de 10 a 100µm, enquanto as gotículas de água e os perdigotos podem variar de 10µm a
1-2mm.
 VOCÊ SABIA
É muito difícil eliminar todas as partículas presentes do ar, mas é necessário reduzi-las ao
máximo a fim de eliminar qualquer risco de contaminação ao longo do processo de fabricação
de preparações farmacêuticas estéreis. Para isso, utilizamos um sistema de filtração por meio
de pré-filtros e filtros esterilizantes absolutos conhecidos como filtros HEPA (sigla para high
efficiency particulate air). Esses tipos de filtros têm alta capacidade de retenção e eficácia de
cerca de 99,70% para partículas ≥ 0,3µm. É muito importante a associação de mais de um tipo
de filtro a fimde não sobrecarregar o filtro absoluto, reduzindo, assim, o acesso de poeiras e
particulados a ele.
Imagem: Shutterstock.com
 Técnicas de filtração do ar utilizando filtro HEPA.
Os fluxos laminares e as cabines de segurança biológica são utilizados para a manipulação de
agentes biológicos, meios de cultura e diluentes que necessitem de um ambiente estéril. Em
muitos casos, é difícil diferenciar uma capela simples de um fluxo laminar ou de uma cabine de
segurança biológica olhando rapidamente ou de maneira distante. Mas a grande diferença
entre elas é justamente a capacidade que os fluxos laminares possuem de produzir um
ambiente estéril protegendo tanto o operador quanto o produto manipulado da contaminação
biológica. Essas cabines de fluxo laminar também utilizam filtros absolutos ou do tipo HEPA.
Existem basicamente dois tipos de cabines de fluxo laminar:
FLUXO VERTICAL
Esse tipo de cabine tende a apresentar maior eficiência de proteção tanto ao operador quanto
ao produto manipulado. Geralmente, ocorre 100% de recirculação do ar.
FLUXO HORIZONTAL
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Nesse tipo de cabine, ocorre apenas a proteção do produto manipulado. Ele só deve ser
utilizado com materiais que não tragam risco de contaminação para o operador. Geralmente,
ocorre 100% de renovação do ar.
As câmaras de segurança biológica ou cabines de segurança biológica são equipamentos
mais completos e garantem tanto a proteção do operador como do produto e do meio
ambiente. Isso ocorre porque esse tipo de equipamento funciona com pressão negativa,
evitando a saída do ar para o meio ambiente. É preciso observar que tal sistema não pode ser
utilizado para produtos tóxicos ou voláteis, uma vez que o ar contaminado não é eliminado para
o ambiente.
Observe a seguir o conceito de fluxo de ar unidirecional para salas limpas:
Imagem: Shutterstock.com
 Conceito do fluxo de ar unidirecional para salas limpas.
Foto: Shutterstock.com
 Limpeza e desinfecção de capela de fluxo laminar.
Foto: Shutterstock.com
 Contagem de partículas em sala limpa.
Foto: Shutterstock.com
 Operação em ambiente estéril em fluxo laminar.
NORMATIZAÇÕES IMPORTANTES PARA
SALAS LIMPAS
Assista a este vídeo sobre a contagem de partículas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE OS PROCESSOS DE ESTERILIZAÇÃO, ANALISE AS
AFIRMATIVAS A SEGUIR:
I - O VAPOR QUENTE SOB PRESSÃO É O MÉTODO MAIS USADO PARA
ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS.
II – O CALOR ÚMIDO DESTRÓI OS MICRORGANISMOS POR
COAGULAÇÃO E DESNATURAÇÃO IRREVERSÍVEIS DE SUAS ENZIMAS E
PROTEÍNAS ESTRUTURAIS, SENDO ESSE TIPO DE PROCESSO
REALIZADO EM AUTOCLAVES.
III – O ÓXIDO DE ETILENO É QUASE EXCLUSIVAMENTE UTILIZADO PARA
A ESTERILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS QUE NÃO PODEM SER
AUTOCLAVADOS.
IV – A ESTERILIZAÇÃO POR CALOR SECO É RESERVADA SOMENTE
AOS MATERIAIS SENSÍVEIS AO CALOR ÚMIDO.
É CORRETO O QUE SE AFIRMA EM:
A) I e III
B) II e IV
C) I, II, III e IV
D) II e III
E) II, III e IV
2. DE ACORDO COM OS CONCEITOS ESTABELECIDOS A RESPEITO DOS
PROCEDIMENTOS DE ELIMINAÇÃO DE MICRORGANISMOS, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) Esterilização é a destruição de parte dos microrganismos, inclusive dos esporulados, por
meio de um processo químico ou físico.
B) Desinfecção é a eliminação de microrganismos, inclusive dos esporulados, por meio de um
processo químico ou físico.
C) Esterilização é a eliminação de microrganismos, exceto dos esporulados, de materiais ou
artigos inanimados com o auxílio de desinfetantes.
D) Descontaminação é a eliminação de microrganismos da pele, mucosa ou tecidos vivos com
o auxílio de antissépticos, substâncias microbiocidas ou microbiostáticas.
E) Limpeza é a remoção mecânica e/ou química de sujidades em geral (oleosidade, umidade,
matéria orgânica e poeira, entre outros) de determinado local.
GABARITO
1. Sobre os processos de esterilização, analise as afirmativas a seguir:
I - O vapor quente sob pressão é o método mais usado para esterilização de materiais
cirúrgicos.
II – O calor úmido destrói os microrganismos por coagulação e desnaturação
irreversíveis de suas enzimas e proteínas estruturais, sendo esse tipo de processo
realizado em autoclaves.
III – O óxido de etileno é quase exclusivamente utilizado para a esterilização de
equipamentos que não podem ser autoclavados.
IV – A esterilização por calor seco é reservada somente aos materiais sensíveis ao calor
úmido.
É correto o que se afirma em:
A alternativa "D " está correta.
Os materiais cirúrgicos são preferencialmente esterilizados em estufas de esterilização por
calor seco. Apesar de o calor úmido ser o principal método de escolha para a esterilização, o
seco pode ser usado para esterilizar diversos produtos, e não apenas para aqueles sensíveis
ao calor úmido, uma vez que esses produtos sensíveis também o serão ao calor seco, já que
ele utiliza temperaturas mais altas.
2. De acordo com os conceitos estabelecidos a respeito dos procedimentos de
eliminação de microrganismos, assinale a alternativa correta:
A alternativa "E " está correta.
A limpeza é um procedimento essencial e muito comum tanto no âmbito industrial como no dia
a dia das pessoas. Ela consiste na remoção mecânica ou química de diferentes tipos de
sujidades de determinada superfície, porém não é eficiente na eliminação completa de
microrganismos.
MÓDULO 2
 Distinguir os medicamentos parenterais e suas vias de administração
CONCEITOS GERAIS
Os medicamentos parenterais, também chamados de medicamentos injetáveis, foram
desenvolvidos para a administração pelas diversas vias parenterais. Eles têm como principal
característica a necessidade de serem estéreis ou livres de microrganismos. Na maioria das
vezes, encontram-se na forma de soluções, suspensões e pós extemporâneos – e, em alguns
casos, de emulsões.
As vias de administração parenterais, apesar de invasivas, apresentam algumas vantagens
frente às demais vias de administração, como a rápida liberação do fármaco diretamente na
corrente sanguínea, apresentando 100% de biodisponibilidade e evitando o efeito de primeira
passagem.
Além disso, é possível administrar fármacos inativados pelo TGI (trato gastrointestinal), como
os antibióticos aminoglicosídeos, sendo permitida ainda a administração de medicamentos em
pacientes inconscientes ou em coma.
 ATENÇÃO
Em contrapartida, por serem vias invasivas, são necessários mais cuidados na hora da
aplicação a fim de se evitar infecções, lesões locais, dor ou mal-estar aos pacientes.
Observaremos a seguir as principais vias de administração parenterais para a administração de
medicamentos:
Imagem: ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013, p. 436. Adaptado por Roseane Bahiense.
 Vias de administração parenteral.
VIA INTRAVENOSA (IV)
Os fármacos são administrados nas veias e caem diretamente na corrente sanguínea,
apresentando rápido efeito terapêutico e sendo mais indicados para casos de emergência.
Podem ser administrados em pequenos volumes ou em grandes nos casos de administração
por infusão. Jamais devem ser administrados medicamentos com veículo oleoso por essa
via: a melhor forma de administração é em soluções.
VIA INTRAMUSCULAR (IM)
Os fármacos são administrados diretamente nos músculos, geralmente o músculo glúteo ou o
deltoide, de acordo com o volume a ser administrado. Tal via apresenta absorção relativamente
mais lenta que a intravenosa, porém com um efeito mais duradouro.
É comum administrar fármacos em solução ou suspensão, sendo que os fármacos em solução
tendem a apresentar um efeito mais rápido, enquanto aqueles em suspensão têm um efeito
mais duradouro, como os hormônios de depósito.
VIA SUBCUTÂNEA (SC)
São administrados fármacos em pequenos volumes, geralmente com 1,3mL, não devendo ser
superiores a 2mL. O local mais indicado para esse tipo de administração é o abdômen inferior,
podendo também ser aplicado na coxa superior ou no dorso superior do braço.
Para facilitar a aplicação, atualmente existem agulhas específicas com comprimentosmáximos
entre 0,8 e 1,5cm. A administração de insulina em pacientes diabéticos é um ótimo exemplo
para essa via de administração parenteral.
VIA INTRADÉRMICA (ID)
Via mais utilizada para a administração de vacinas e tratamentos imunizantes. O melhor local
de aplicação é, entre a derme e a epiderme, na face anterior do antebraço. Em geral, os
volumes são bem pequenos, tendo, no máximo, 0,1mL, e existem agulhas específicas para
essa aplicação.
 COMENTÁRIO
Há outras vias de administração parenteral, como a via intratecal, intrarticular e intrassinovial,
porém tais vias, por serem muito específicas e de administração somente hospitalar, não serão
contempladas em nosso estudo.
PREPARAÇÕES PARENTERAIS
Por definição, as formas farmacêuticas parenterais são soluções, suspensões e raramente
emulsões, além de pós estéreis de substâncias medicamentosas em veículos aquosos,
oleosos ou outros apropriados que são aplicadas nas diversas vias parenterais.
A partir de agora, dividiremos as preparações parenterais em três grandes grupos:
Foto: Shutterstock.com
 Exemplo de ampolas de medicamento injetável na forma de solução.
INJEÇÕES
Tais preparações geralmente se apresentam na forma de soluções ou suspensões. As
soluções devem ser límpidas, transparentes e livres de partículas visíveis. Elas podem
apresentar sedimentos, mas devem ressuspendê-los rapidamente após breve agitação a fim de
garantir a homogeneidade da dose no momento da administração.
Foto: Shutterstock.com
 Imagem de uma bolsa de soro fisiológico para infusão parenteral.
INFUSÕES
São preparações parenterais de grande volume, podendo variar de 100 a 1.000mL. Elas
podem se apresentar na forma de soluções aquosas estéreis isotônicas em relação ao meio
fisiológico. Também podem ter a forma de emulsões O/A (óleo/água), como no caso da nutrição
parenteral; entretanto, não devem apresentar nenhum sinal de separação de fases.
Foto: Shutterstock.com
 Frasco ampola contendo pó para reconstituição para administração parenteral com o
diluente.
PÓS PARA RECONSTITUIÇÃO EXTEMPORÂNEA
São preparações sólidas na forma de pós, estéreis e secas, as quais deverão ser diluídas na
hora da aplicação por determinado diluente específico também estéril (geralmente, a água). É
importante que você entenda que, ao final da reconstituição, poderá obter tanto uma solução
quanto uma suspensão dependendo das características físico-químicas do fármaco e da
preparação farmacêutica. Entretanto, a preparação final deverá atender aos mesmos requisitos
técnicos das demais preparações injetáveis. A técnica mais comum para a obtenção desses
pós é a liofilização, que consiste em uma secagem por congelamento, sendo muito utilizada
para fármacos sensíveis à degradação por hidrólise.
PRINCIPAIS VEÍCULOS E SOLVENTES
O veículo mais utilizado para a preparação de injetáveis é a água.
Todavia, é preciso que essa água apresente alto grau de pureza e seja classificada como API
(água para injetáveis) conforme preconiza a 6ª edição da Farmacopeia brasileira.
No caso dos pós para reconstituição extemporânea, geralmente o diluente acompanha o
medicamento em pequenos frascos e ampolas descartáveis com a quantidade necessária de
solvente para a aplicação da dose. Além da água, é possível utilizar uma combinação de
solventes aquosos a fim de se garantir uma maior solubilidade dos fármacos e uma melhor
administração para o paciente.
 VOCÊ SABIA
No passado, era comum solventes aquosos utilizarem o álcool benzílico, como bacteriostático
e anestésico local, para minimizar os riscos de contaminação no caso de frascos de doses
múltiplas e melhorar a dor local da aplicação. Entretanto, devido aos altos relatos de toxicidade
do álcool benzílico, principalmente em pacientes recém-nascidos, tal uso atualmente é muito
restrito.
Uma alternativa é a utilização do soro fisiológico como veículo para a preparação dos
medicamentos injetáveis. Essa solução precisa ser estéril e isotônica ao meio fisiológico e não
deve conter nenhum agente antimicrobiano. Além da reconstituição de medicamentos, o soro
fisiológico também pode ser utilizado para diversas outras finalidades, como na limpeza e na
desobstrução de cateteres, por exemplo.
No caso de fármacos pouco solúveis em água, é possível se preparar como veículo uma
mistura de cossolventes miscíveis com a água à base de glicerina ou propilenoglicol. Isso
geralmente diminui a constante dielétrica do veículo, melhorando a solubilidade dos fármacos
no solvente.
Já nos casos de fármacos insolúveis em água ou suscetíveis à degradação por hidrólise, é
necessário haver a utilização de veículos não aquosos mais conhecidos como veículos
oleosos. As características para esses tipos de veículo são as mesmas dos aquosos: eles não
podem ser irritantes, devendo ser atóxicos, inertes e inócuos, além de apresentarem baixa
viscosidade.
Os principais veículos oleosos utilizados na preparação de injetáveis são:
Os óleos vegetais.
Os ésteres de sorbitano de ácidos graxos, como o miristato de isopropila.
A lecitina.
Naturalmente, a utilização de veículos não aquosos para a preparação de medicamentos
parenterais apresenta maiores restrições que os aquosos. Dessa forma, é necessário que tais
solventes atendam às exigências estabelecidas pelos órgãos reguladores e pelas
farmacopeias.
EXCIPIENTES UTILIZADOS PARA A
PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS
INJETÁVEIS
AGENTES CONSERVANTES
Os agentes conservantes são utilizados nas preparações injetáveis para evitar a contaminação
microbiana, principalmente nas administrações de múltiplas doses.
Os frascos ampolas são constituídos de vidro com tampa de borracha sintética, o que permite
várias aplicações de um mesmo frasco. Isso configura as chamadas múltiplas doses.
Desse modo, a adição de um agente conservante à formulação se faz necessária a fim de inibir
o crescimento microbiano durante a manipulação das várias aplicações.
Os conservantes mais utilizados são apresentados na tabela a seguir:
Conservantes Concentração usual
Cloreto de benzalcônio 0,01%
Ácido benzoico 0,17%
Clorobutanol 0,1 a 0,5%
Álcool benzílico 1 a 2%
Clorocresol 0,1%
Cresol 0,15 a 0,3%
Nipagin 0,18%
Nipazol 0,02%
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Tabela: Conservantes utilizados em preparações injetáveis.
Elaborada por Patrícia de Castro Moreira Dias.
 ATENÇÃO
O uso de conservantes em preparações parenterais é mais indicado para as multidoses. Além
disso, a escolha dos melhores agentes conservantes deve observar os cuidados e as
características físico-químicas dos fármacos. É preciso evitar a adição de conservantes em
infusões de grandes volumes e nunca utilizar preparações que contenham álcool benzílico em
crianças recém-nascidas.
AGENTES ANTIOXIDANTES
Os agentes antioxidantes são substâncias químicas utilizadas para evitar a degradação do
fármaco pela oxidação, melhorar a estabilidade da formulação e aumentar a validade do
produto final.
Os antioxidantes podem agir por diferentes mecanismos. Eles geralmente apresentam um
potencial de oxidação maior que o do fármaco, reagindo mais rapidamente com a molécula
de oxigênio e protegendo o fármaco.
POTENCIAL DE OXIDAÇÃO
Capacidade de sofrer oxidação.
Já os chamados agentes quelantes ou sequestrantes, como o EDTA, atuam em sinergia com
os agentes antioxidantes, aumentando seu efeito. Tais substâncias funcionam sequestrando os
metais presentes no meio e evitando que eles catalisem reações de oxidação.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Outra forma bastante comum de minimizar o processo de oxidação do fármaco em
preparações injetáveis é a retirada do oxigênio presente no meio. Para isso, utiliza-se o
nitrogênio na forma de gás, que é borbulhado no meio antes do envase do produto. Isso faz
com que as moléculas de oxigênio dissolvidas na solução sejam deslocadas para a superfície
e, em seguida, eliminadas.
Os principais agente antioxidantes estão listados a seguir:
EDTA
Do inglês Ethylenediamine tetraacetic acid ouácido etilenodiamino tetra-acético.
Antioxidantes
Concentração
usual
Aplicação
Metabissulfito de sódio 0,01 a 0,1%
Também pode ser usado como
conservante.
Butilhidroxianusol (BHA) e
Butilhidroxitolueno (BHT)
0,03% (IM)
0,0002 a
0,002% (IV)
Podem ser utilizados de forma isolada
ou associados. São mais indicados
para veículos oleosos.
Vitamina C (ácido
ascórbico)
0,01 a 0,1%
É hidrossolúvel e utilizado para
preparações aquosas. Age também
como agente sequestrante ou
quelante (0,3 a 2%).
Vitamina E (tocoferol)
0,001 a
0,05%
É lipofílico e mais indicado para
preparações oleosas.
EDTA 0,0005 a
0,01%
Potente agente quelante, ele deve ser
utilizado com outros antioxidantes
Antioxidantes
Concentração
usual
Aplicação
para aumentar o efeito antioxidante.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Tabela: Antioxidantes utilizados em preparações injetáveis.
Elaborada por Patrícia de Castro Moreira Dias.
AJUSTE DE PH E TAMPÕES
Quando um fármaco se encontra na forma de solução aquosa, muitas vezes ele vai se ionizar
parcial ou totalmente de acordo com o seu pKa. Entretanto, na maioria das vezes, os fármacos,
para serem mais bem absorvidos, devem estar em sua forma não ionizada.
Justifica-se, assim, a importância do pH e dos sistemas tampões nas preparações
farmacêuticas a fim de se favorecer a forma não ionizada do fármaco no produto final. No caso
das preparações parenterais, isso também é possível de se realizar; no entanto, alguns fatores
precisam ser avaliados com o pH.
 EXEMPLO
O valor do pH do plasma e dos fluidos extracelulares é de 7,4. Espera-se, portanto, que os
medicamentos sejam preparados para esse valor. Todavia, dificilmente o fármaco será estável
nesse valor de pH.
Dessa maneira, outros fatores também estão relacionados com o pH, como a compatibilidade
fisiológica, a solubilidade e a estabilidade do fármaco.
 ATENÇÃO
De forma geral, os medicamentos injetáveis podem apresentar um valor de pH entre 3,0 e 9,0
de acordo com a formulação. Acima ou abaixo desses valores, a preparação pode tornar-se
corrosiva e lesionar os tecidos no local da administração.
Para ajustar o pH das formulações injetáveis, pode-se usar agentes acidificantes, como o ácido
cítrico e o tartárico, ou agentes alcalinizantes, como o bicarbonato de sódio e o citrato de sódio.
Para a manutenção do pH dentro de determinada faixa, é possível empregar sistemas
tampões. Isso evita variações de pH que possam causar interações químicas entre os
componentes da formulação e reduzir a estabilidade do fármaco. Os principais tampões
utilizados nesses casos são três: fosfato, citrato e carbonatos.
A tabela a seguir apresenta alguns tampões utilizados nas formulações parenterais a fim de
garantir a manutenção do pH:
Tampão Componentes Faixa de pH
Fosfato Fosfato monobásico de sódio e fosfato dibásico de sódio 5,4 a 8,0
Citrato Ácido cítrico e citrato de sódio 3 a 6
Acetato Ácido acético e acetato de sódio 3,6 a 5,6
Carbonato Carbonato monossódico e carbonato dissódico 9,2 a 10,7
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Tabela: Sistemas tampão utilizados em preparações parenterais.
Elaborada por Patrícia de Castro Moreira Dias.
AGENTES SUSPENSORES
No caso dos medicamentos injetáveis que se apresentem na forma de suspensões, é
necessário ocorrer a utilização de agentes suspensores para garantir a redispersibilidade
uniforme do fármaco e a homogeneidade da dose antes da aplicação.
Os agentes suspensores mais utilizados são os mesmos usados para as suspensões orais e
com a mesma finalidade, como, por exemplo, os derivados de celulose, metilcelulose (MC) e
carboximetilcelulose (CMC) e o polissorbato, um tensoativo não iônico muito utilizado nessas
preparações.
AGENTES DE AJUSTE DE TONICIDADE
As preparações parenterais que entram diretamente em contato com as mucosas ou os tecidos
precisam apresentar, além da esterilidade, uma característica diferente das demais
preparações: a isotonicidade.
Para compreender melhor esse conceito, é necessário recorrer a outras definições.
Apontaremos algumas delas a seguir:
OSMOSE
É a passagem espontânea de um solvente através de uma membrana semipermeável de um
meio de baixa concentração de soluto (hipotônico) para um de maior concentração dele
(hipertônico).
PRESSÃO OSMÓTICA
É a pressão externa exercida sobre um sistema para evitar a passagem de solvente através do
processo de osmose.
OSMOLALIDADE
É a medida da quantidade de partículas osmoticamente ativas por quilo de solução (mmol/kg).
Imagem: Shutterstock.com
 Difusão do solvente do meio hipotônico para o meio hipertônico – osmose.
O plasma humano apresenta uma osmolalidade entre 280 e 295mmol/kg. Uma solução de soro
fisiológico a 0,9% possui uma osmolalidade de 286mmol/kg e pode ser considerada isotônica
ao plasma sanguíneo.
Tal característica é fundamental para as preparações injetáveis ou que entrem em contato
direto com as mucosas, pois as soluções hipertônicas possuem pressão osmótica maior
que a do plasma e podem causar a perda da água pelas células sanguíneas ou dos tecidos
adjacentes, fazendo com que elas murchem, fenômeno conhecido como plasmólise. Já
soluções hipotônicas possuem pressão osmótica menor que a do plasma, levando à
absorção de água pelas células e fazendo com que elas inchem, fenômeno conhecido por
turgescência.
Imagem: Shutterstock.com
 Apresentação do efeito das soluções hipertônicas e hipotônicas nas células sanguíneas.
Dessa forma, tais preparações deverão encontrar-se isotônicas aos fluidos orgânicos,
principalmente ao plasma. Para isso, é muito comum utilizar um método denominado
equivalentes em cloreto de sódio (conhecido também como cálculo de isotonia pela diminuição
do ponto de congelamento) a fim de ajustar a tonicidade das preparações parenterais. Por
meio desse método, é possível calcular a quantidade de cloreto de sódio necessária para
isotonizar o produto final.
ISOTONIZAR
No módulo 3, você aprenderá a realizar os cálculos necessários para a isotonização das
preparações injetáveis e oftálmicas.
PROCESSO DE FABRICAÇÃO
Para a fabricação das preparações parenterais, o primeiro passo é garantir a esterilidade do
processo. No caso da fabricação em grande escala, as indústrias devem possuir uma área
específica para a fabricação de injetáveis conhecida como salas limpas ou áreas limpas
(módulo 1).
Esses ambientes devem apresentar o certificado de boas práticas de fabricação (BPF)
específico para a fabricação de injetáveis e todos os cuidados necessários com o vestuário, os
filtros de ar, os equipamentos, os operadores e as embalagens dos produtos fabricados.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão regulamentador
dessas atividades. Graças à RDC nº 301/2019, a Anvisa regulamenta as áreas de fabricação
de injetáveis.
A fabricação é relativamente simples quando se trata de soluções parenterais.
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1
Os maiores cuidados estão relacionados à garantia do processo estéril.
Os fármacos e excipientes são dissolvidos no veículo em um reator ou tanque com agitação de
aço inox.
2
3
Em seguida, ocorre a filtração da solução e o envasamento em ampolas, frascos ampolas ou
demais embalagens específicas.
O produto já envazado segue então para a esterilização final, que geralmente acontece em
autoclaves industriais.
4
5
Algumas amostras são retiradas para a realização dos ensaios de controle de qualidade e teste
de pirogênio.
O produto segue então para a embalagem final.
6
No caso da fabricação de preparações injetáveis na forma de suspensões, o procedimento é
muito parecido com a preparação das suspensões orais, enquanto o fármaco pode ser
reduzido a um pó fino para dispersão em um veículo final. É preciso verificar o processo de
esterilização, pois, para tais preparações, a viscosidade é importante para garantir a
redispersibilidade do fármaco antes da aplicação, e a esterilização por calor pode interferir na
viscosidade final do produto.
 ATENÇÃO
Nessescasos, a esterilização por calor úmido ou seco deve ser substituída por outro método
de esterilização.
Os pós para a reconstituição de injetáveis podem ser fabricados por um processo de liofilização
ou obtidos a partir de uma mistura simples de pós. Eles são acondicionados em frasco ampola
e esterilizados por calor seco ou úmido para serem reconstituídos somente no momento da
aplicação.
 COMENTÁRIO
Esse tipo de processo é muito utilizado para fármacos de baixa estabilidade em solução, como
os antibióticos, por exemplo. Geralmente, o veículo estéril é embalado separadamente para ser
utilizado no momento da aplicação.
CONTROLE DE QUALIDADE - TESTE DE
PIROGÊNIO
O teste de controle de qualidade mais importante para as preparações estéreis é conhecido
como teste de pirogênio, sendo utilizado a fim de garantir a esterilidade final do produto. Os
pirogênios são substâncias provenientes de bactérias vivas ou mortas, sendo geralmente
gram-negativas a originar endotoxinas que, quando injetadas por via parenteral, provocam
febre independentemente do agente terapêutico utilizado.
A contaminação por pirogênio é considerada bastante grave, sendo uma falha no processo de
esterilização que pode ocorrer desde a matéria-prima e passar pelo local de fabricação, pelas
embalagens e pelo veículo. Entretanto, a água é a principal fonte de contaminação dessas
endotoxinas, que são muito resistentes aos processos de esterilização.
As técnicas mais utilizadas para a despirogenização são a esterilização por calor, a filtração
esterilizante em membranas de 0,22µm e a utilização de um agente antioxidante, como o
permanganato de potássio, ou um de forte agente alcalinizante, como o hidróxido de bário.
Atualmente, com o avanço tecnológico, existem muitas possibilidades para a destruição dessas
substâncias – e a osmose reversa é uma delas.
Uma alternativa é a utilização de membranas eletrostáticas carregadas positivamente que
tendem atrair as endotoxinas. Independentemente do processo de esterilização ou dos
produtos fabricados, sempre que se trabalha com medicamentos estéreis é necessário haver a
realização do teste de pirogênio.
O teste de pirogênio mais antigo e utilizado em coelhos é conhecido como hipertermia. Trata-se
de um método farmacopeico no qual coelhos sadios são inoculados com o produto estéril e
suas temperaturas medidas em períodos determinados.
A variação da temperatura não pode ser maior que 0,5°C. Felizmente, tal método vem sendo
substituído ao longo dos anos pela testagem conhecida como teste de LAL (Limulus
amebocyte lysate) ou endotoxina bacteriana, que também já é um teste reconhecido pelas
farmacopeias.
Neste teste, utiliza-se o extrato aquoso dos amebócitos circulantes do Limulus polyphemus ou
do Tachypleus tridentatus preparado e caracterizado como reagente LAL. Pode-se usar duas
técnicas distintas para detectar ou quantificar endotoxinas de bactérias gram-negativas
presentes em amostras para qual o teste é preconizado: a coagulação em gel ou os métodos
fotométricos.
PREPARAÇÕES INJETÁVEIS DE GRANDES
VOLUMES
Saiba neste vídeo como fazer preparações injetáveis de grandes volumes.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. INJEÇÕES SÃO PREPARAÇÕES ESTÉREIS DE SOLUÇÕES,
EMULSÕES OU SUSPENSÕES DESTINADAS À ADMINISTRAÇÃO
PARENTERAL. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTA A VIA
CUJO LOCAL DE ADMINISTRAÇÃO SE LOCALIZA ENTRE A DERME E A
EPIDERME DA FACE ANTERIOR DO ANTEBRAÇO OU REGIÃO
SUBESCAPULAR, HAVENDO UMA ABSORÇÃO LENTA DO
MEDICAMENTO.
A) Intramuscular
B) Subcutânea
C) Intradérmica
D) Intraespinhal
E) Intravenosa
2. OS NÍVEIS DE PIROGÊNIO SÃO CRUCIAIS NA LIBERAÇÃO DE
PRODUTOS FARMACÊUTICOS. SOB O PONTO DE VISTA DO CONTROLE
DE QUALIDADE, TODOS OS INJETÁVEIS EMPREGADOS EM TERAPIA
PARENTERAL DEVEM OFERECER SEGURANÇA AO PACIENTE.
PRODUTOS INJETÁVEIS DE GRANDE OU PEQUENO VOLUME PRECISAM
SER ANALISADOS QUANTO À PRESENÇA DOS PIROGÊNIOS. ASSINALE
A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE OS TESTES DE AVALIAÇÃO DE
PIROGÊNIOS E OS PROCESSOS DE DESPIROGENIZAÇÃO UTILIZADOS
NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA.
A) Um dos testes farmacopeicos empregados na avaliação de pirogênios é o teste da
hipotermia em camundongos.
B) O teste de endotoxinas bacterianas é utilizado para detectar ou quantificar endotoxinas de
bactérias gram-negativas presentes em amostras para os quais ele seja preconizado.
C) Nos ensaios colorimétricos, quanto maior a concentração da endotoxina na amostra, menor
a turbidez observada nos tubos.
D) Quando uma solução é estéril, não é necessário realizar os testes de pirogenicidade.
E) O processo de despirogenização pode ocorrer por inativação ou remoção de endotoxinas e
por meio de limpeza, desinfecção e utilização de agentes químicos.
GABARITO
1. Injeções são preparações estéreis de soluções, emulsões ou suspensões destinadas
à administração parenteral. Assinale a alternativa que representa a via cujo local de
administração se localiza entre a derme e a epiderme da face anterior do antebraço ou
região subescapular, havendo uma absorção lenta do medicamento.
A alternativa "C " está correta.
A via intradérmica é muito utilizada para a administração de vacinas e outros tratamentos
imunizantes. O local mais adequado e de melhor aplicação fica entre a derme e a epiderme.
Por essa via são administrados volumes bem pequenos (no máximo, de 0,1mL).
2. Os níveis de pirogênio são cruciais na liberação de produtos farmacêuticos. Sob o
ponto de vista do controle de qualidade, todos os injetáveis empregados em terapia
parenteral devem oferecer segurança ao paciente. Produtos injetáveis de grande ou
pequeno volume precisam ser analisados quanto à presença dos pirogênios. Assinale a
alternativa correta sobre os testes de avaliação de pirogênios e os processos de
despirogenização utilizados na indústria farmacêutica.
A alternativa "B " está correta.
O teste de avaliação de pirogênios é realizado por meio da verificação da hipertermia em
coelhos e busca analisar qualitativa e/ou quantitativamente as endotoxinas produzidas por
bactérias gram-negativas.
MÓDULO 3
 Identificar as formas farmacêuticas para a via ocular
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OLHO
O olho humano é constituído por três camadas conhecidas por:
1. Túnica fibrosa ou camada externa: camada mais externa constituída de tecido conjuntivo
fibroso que dá origem à esclera, cuja parte frontal é conhecida como o “branco dos olhos”. Na
parte anterior dessa camada, está presente a córnea, que é constituída por fibras colágenas e
mucoproteicas dispostas de forma longitudinal, o que lhe confere um aspecto transparente.
A córnea é avascular. Já a esclera, mais especificamente a episclera, camada mais externa
da esclera, é altamente vascularizada. A conjuntiva, por sua vez, se trata de uma membrana
fina e transparente que cobre a parte externa da esclera e se estende para dentro das
pálpebras.
A córnea e a esclera são recobertas por uma fina película de lágrima produzida pelas glândulas
lacrimais. Essa película tem a finalidade de lubrificação e de proteção contra a entrada de
corpos estranhos.
A lágrima é constituída de 95% de água e de outros componentes, como eletrólitos, sais
minerais, enzimas e proteínas. Suas principais funções são a limpeza, a proteção e a nutrição
para os olhos. O volume de água nos olhos, em condições normais, é entre 8 e 10µL, enquanto
seu pH é igual ao do plasma: 7,4.
2. Túnica vascular ou camada média: ela também pode ser conhecida como úvea, sendo
rica em vasos sanguíneos e pigmentos. Fazem parte da úvea a coroide, o corpo ciliar e a íris.
A coroide constitui a maior parte da úvea e está localizada entre a esclera e a retina. Ela é
altamente vascularizada e responsável por fornecer nutrientes e oxigênio através dos vasos
sanguíneos para as camadas mais externas da retina.
O corpo ciliar é um anel situado entre a coroide e a íris e possui o músculo ciliar responsável
pela curvatura do cristalino. Trata-se também do local de produção do humor aquoso. Já a íris
é um diafragmacircular pigmentado situado atrás da córnea e à frente do cristalino. Possui
uma abertura central denominada pupila, sendo capaz de controlar, graças aos músculos
constritor circular e dilatador radial, a contratação e a dilação da pupila por meio do sistema
nervoso autônomo.
A íris também é responsável pela coloração dos olhos de acordo com a quantidade de
melanina ali presente. Logo, atrás dela encontra-se o cristalino, lente biconvexa, gelatinosa e
elástica responsável pela acomodação da visão e pela focalização das imagens.
 COMENTÁRIO
Ao longo dos anos, o cristalino vai perdendo sua elasticidade e transparência, tornando-se
opaco. Trata-se da doença conhecida como catarata. É possível realizar uma intervenção
cirúrgica para tratá-la, colocando uma lente artificial.
3. Túnica interna ou nervosa ou camada interna: camada mais interna dos olhos constituída
pela retina, que é uma rede complexa de células nervosas responsáveis pela formação da
visão.
A retina é constituída por 10 camadas diferentes e funcionais. Além da formação da visão por
meio da transdução da luz em uma resposta química, ela ainda é responsável tanto pelo
armazenamento e metabolismo de vitamina A quanto pela produção de alguns fatores de
crescimento necessários ao processo de cicatrização.
A retina é inervada a partir do nervo óptico que corresponde ao II par de nervos cranianos.
Trata-se de um nervo sensitivo que, por meio de fibras aferentes, faz a comunicação entre a
retina e o encéfalo.
Imagem: Shutterstock.com, adaptador por Roseane Bahiense
 Anatomia do olho humano.
Além das três camadas que constituem o olho humano, também é possível dividi-los por meio
de câmaras de acordo com o espaço de cada estrutura.
Assim, o olho também possui três câmaras:
A câmara anterior.
A câmara posterior.
A cavidade vítrea ou câmara vítrea.
A câmara anterior é separada pela íris da câmara posterior. Eles se comunicam por meio da
pupila. Já o humor aquoso é um fluido hipertônico incolor rico em uma série de componentes,
como proteínas, eletrólitos e fatores de crescimento.
Produzido no corpo ciliar, o humor aquoso flui para dentro da câmara anterior e posterior,
precisando ser drenado para fora da câmara anterior, num fluxo contínuo de entrada e saída.
Caso contrário, o acúmulo dele na anterior provoca um aumento da pressão intraocular,
causando uma doença chamada de glaucoma.
A cavidade vítrea corresponde a 80% do volume de todo o olho, sendo constituída de humor
vítreo. A cavidade vítrea pode até se confundir com a câmara posterior e se inicia logo a partir
do cristalino.
O humor vítreo é um hidrogel constituído de água, colágeno e ácido hialurônico, sendo
responsável pela forma globular do olho e por levar nutrientes até seu interior. Apesar de não
ser vascularizado, sua nutrição se dá a partir dos vasos da retina e do corpo ciliar.
CARACTERÍSTICAS DAS PREPARAÇÕES
OCULARES
A administração de medicamentos pela via ocular pode, em um primeiro momento, parecer
uma tarefa fácil; entretanto, é preciso lembrar que o olho possui uma estrutura física que
funciona como uma barreira à entrada de substâncias. E o fármaco, nesse momento, funciona
como um corpo estranho para os olhos. Para isso, é muito importante observar alguns fatores
que influenciam na administração dos fármacos pela via ocular.
As principais formas farmacêuticas para a administração ocular são os colírios (também
conhecidos como gotas oftálmicas). Todavia, há ainda as pomadas e os géis oftálmicos,
menos utilizados, além de medicamentos injetáveis para a administração pela via periocular ou
intravítrea.
Os colírios, as pomadas e os géis oftálmicos são preparações destinadas à aplicação tópica e
ao tratamento de doenças que acometam somente a câmara anterior, como inflamações,
infecções, alergias, glaucoma e olho seco, entre outras. Para o tratamento das doenças da
câmara posterior, é necessário usar as administrações periocular ou intravítrea – ou, em alguns
casos, até a administração intravenosa.
 ATENÇÃO
Em nosso estudo, abordaremos apenas as preparações oftálmicas de aplicação tópica.
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
OCULARES
A administração de colírios é bastante simples e não invasiva; contudo, ela apresenta grande
desvantagem devido à baixa biodisponibilidade, já que apenas de 1 a 5% da dose atinge o
humor aquoso.
Os medicamentos administrados por via ocular tópica podem ser absorvidos e distribuídos por
duas vias principais: a via transcorneana e a transescleral.
A principal via de administração ocular é a via transcorneana, sendo a mais utilizada para a
administração de colírios e o tratamento das inflamações e infecções oculares.
Na via transescleral, por sua vez, a absorção ocorre por meio dos vasos conjuntivais, que
drenam o fármaco para o corpo ciliar e o eliminam através do canal de Schlemm.
A via transcorneana apresenta quatro vantagens frente às demais vias de administração
ocular:
Evita o metabolismo hepático.
Baixa concentração para alcançar a circulação sistêmica.
Ação localizada dos fármacos.
Facilita a incorporação do fármaco no humor aquoso, o que dificilmente se alcança com
medicamentos de uso sistêmico.
 ATENÇÃO
Apesar de tantos benefícios, essa via sofre a desvantagem de apresentar uma baixa
biodisponibilidade de fármacos, necessitando de aplicações contínuas para garantir o efeito
desejado em função das barreiras oculares.
A córnea funciona como uma barreira à entrada de substâncias estranhas ao organismo e
como um sistema de proteção ao olho. As células epiteliais da córnea dificultam a absorção de
fármacos do fluido lacrimal no interior dos olhos.
Os fármacos lipofílicos apresentam uma maior permeabilidade intercelular que os hidrofílicos.
Ainda assim, a via transcorneana consiste na principal forma de permeação de fármacos do
líquido lacrimal para o humor aquoso.
Além da barreira corneana, outras duas barreiras (conhecidas como barreiras hematoculares)
merecem destaque na proteção dos olhos:
Barreira hematoaquosa
Barreira hematorretinal
Ambas impedem a troca de líquidos no segmento anterior (humor aquoso) e no posterior
(humor vítreo) do olho. Desse modo, essas barreiras também interferem na passagem dos
fármacos para a corrente sanguínea e dificultam muito a chegada deles à retina e à coroide.
A outra via de administração tópica de fármacos é a via transescleral ou via conjuntival.
Geralmente, a conjuntiva é mais permeável que a córnea, além de ser mais vascularizada e
possuir uma área superficial cerca de 20 vezes maior que a córnea. Isso facilitaria a
penetração de fármacos hidrofílicos e de massa molecular maiores do que pela via
transcorneana.
FATORES QUE INTERFEREM NA
PREPARAÇÃO DE COLÍRIOS
Uma das principais características das preparações oftálmicas é que todas elas devem ser
estéreis, pois o olho é um órgão extremamente sensível, e infecções oculares podem ser muito
perigosas e causar rapidamente problemas na visão.
Os olhos possuem mecanismos fisiológicos e mecânicos que funcionam como uma barreira à
entrada de substâncias. Antes da formulação de um medicamento oftálmico, é preciso observar
de perto esses mecanismos e os principais fatores que interferem na sua formulação.
OSMOLALIDADE
Conforme vimos no módulo 2, a osmolalidade é a medida da quantidade de partículas
osmoticamente ativas por quilo de solução (mmol/Kg); assim, os sais presentes nos fluidos
lacrimais determinam a osmolalidade da lágrima.
Apesar de a lágrima apresentar um pH 7,4, assim como o pH do plasma, a osmolalidade em
olhos saudáveis é de cerca de 302mmol/kg, um pouco acima da osmolalidade do plasma.
Todavia, assim como no caso das preparações injetáveis, os colírios também precisam
apresentar-se isotônicos aos olhos.
Quando o olho entra em contato com uma solução hipotônica, o epitélio córneo fica mais
permeável e a água flui para dentro da córnea, causando um edema. Já quando ele é exposto
às soluções hipertônicas, ocorre um efeito contrário,causando desidratação ao epitélio córneo
e gerando desconforto e dor na hora da aplicação.
Naturalmente, essas soluções tornam-se irritantes para o olho e promovem um aumento na
produção de lágrimas, o que é um efeito indesejável no momento da administração do colírio,
pois isso pode expelir o fármaco e dificultar sua absorção. Por isso, as preparações para uso
oftálmico devem ser isotônicas aos olhos.
Para garantir a isotonicidade dessas formulações, são utilizados agentes isotonizantes, como
cloreto de sódio, dextrose e manitol. Entre eles, o mais utilizado é o cloreto de sódio, sendo sua
quantidade calculada na forma de equivalentes em cloreto de sódio ou pelo cálculo de isotonia
pelo ponto de congelamento.
Cálculos na preparação de soluções isosmóticas
Os cálculos envolvidos na preparação de soluções isosmóticas podem ser feitos em termos de
dados referentes às propriedades coligativas das soluções: pressão osmótica, pressão de
vapor, ponto de ebulição e ponto de congelamento. Todas dependem do número de partículas
em solução e estão relacionadas entre si. Uma alteração em qualquer uma delas é
acompanhada por mudanças nas outras.
Adotou-se o ponto de congelamento como referencial, que deve ser comparado ao ponto do
soro sanguíneo/líquido lacrimal = (- 0,52oC). Veremos isso a seguir.
1) Para substâncias com pouca ou nenhuma dissociação (não eletrólitos), solução com
moléculas não ionizáveis.
 EXEMPLO
Ácido bórico (fator de dissociação= 1)
O ácido bórico a 1,9% tem a mesma pressão osmótica que uma solução de NaCl a 0,9%.
Dessa forma, para uma substância com massa igual a seu PM (peso molecular) dissolvida em
1.000g de água, teremos:
PM ácido bórico = 61,8g
Ponto de congelamento = (- 1,86°C para 1.000g de água)
61,8g _____________ 1,86 (-)
X ______________ 0,52 (-)
X = 17,3g de ácido bórico em 1.000g de água teoricamente devem produzir uma solução
isosmótica com a lágrima e o sangue.
2) Para substâncias que têm maior poder de dissociação (eletrólitos), solução com
moléculas ionizáveis.
 EXEMPLO
Fator de dissociação de um eletrólito (i). O fator de dissociação é a medida do número de
partículas efetivamente resultantes quando uma substância é colocada em solução aquosa.
O NaCl em solução diluída apresenta dissociação de 80%. Então, para cada 100 moléculas,
são geradas 180 partículas ou 1,8 vezes mais partículas por 100 moléculas de um não
eletrólito.
Assim, o fator de dissociação (i) deve ser considerado no cálculo a seguir:
PM NaCl = 58,5g
58,5g________ (-1,86ºC) ponto de congelamento do ácido bórico × 1,8 (i do NaCl) = -3,348.
X___________ (- 0,52ºC) ponto de congelamento de uma solução isotônica.
X = 9,09g de NaCl para 1.000g de água (solução isosmótica em relação ao sangue e à
lágrima).
Curiosidade: observe que 9,09g de NaCl em 1.000g de água são a mesma coisa que 0,9%,
pois:
9,09g _________ 1.000g
X _____________ 100g
X= = 0,9 %
Agora você já sabe por que uma solução de soro fisiológico deverá ser de 0,9% para que ela
possa ser isotônica ao meio fisiológico.
Equivalentes em cloreto de sódio
A quantidade relativa de uma substância de igual efeito tônico que o cloreto de sódio é
chamada de seu equivalente em cloreto de sódio.
Com base no fato de que a solução de NaCl a 0,9% é isosmótica em relação ao líquido
lacrimal, outros fármacos são comparados no tocante à sua equivalência ao cloreto de sódio:
Quantidades de duas substâncias equivalentes em tonicidade são proporcionais aos pesos
moleculares de cada uma multiplicados pelo valor de i da outra (PRISTA, 1995).
 EXEMPLO
Sulfato de atropina.
PM NaCl = 58,5 (i = 1,8)
PM sulfato de atropina = 695 (i = 2,6)
1g sulfato de atropina_______________ 695 × 1,8 = 1251
X ________________________________ 58,5 × 2,6 = 152,1
X = 0,12g
Ou seja, 1g de sulfato de atropina tem efeito “tônico” igual a 0,12g de cloreto de sódio.
0,9g
100g
Quando uma combinação de fármacos é utilizada em uma prescrição, a contribuição de cada
componente deve ser considerada para a tonicidade.
Vejamos um exemplo:
Sulfato de atropina_________________1%
Cloreto de sódio qsp para isotonicidade
Água purificada estéril___qsp______30mL
NaCl para 30mL
0,9% ou 0,9g ____________ 100mL
X ______________________ 30mL
X = 0,27g ou 270mg de NaCl
Sulfato de atropina: 1% ou
1g ___________ 100mL
X ____________ 30mL
X = 0,3g ou 300mg
Sua contribuição para a isotonicidade tem de ser considerada. Uma vez que o equivalente de
NaCl para o sulfato de atropina é 0,12, sua contribuição pode ser calculada da seguinte forma:
0,12 × 300mg = 36mg 270mg (NaCl) – 36mg (sulfato de atropina) = 234mg NaCl são
realmente necessários para isotonizar essa preparação.
A maioria dos fármacos já possui seu equivalente em NaCl calculado e tabelado nos
livros específicos de práticas para injetáveis.
PH
O pH da lágrima é 7,4 e pode ser considerado praticamente neutro; entretanto, a capacidade
de tamponamento dos fluidos lacrimais é baixa. A maioria dos fármacos se apresenta em
solução (na forma ionizada, em soluções ácidas ou alcalinas), e isso pode gerar algum
desconforto ao paciente na hora da aplicação e uma lacrimação excessiva.
De forma geral, o olho consegue tolerar preparações oftálmicas com pH entre 3,5 e 9,0;
contudo, para evitar possíveis transtornos, é preferível formular colírios com o pH o mais
∴
próximo possível da lágrima.
O ajuste de pH ou o tamponamento das soluções pode ser realizado para as preparações
oftálmicas da mesma forma que para as injetáveis com o objetivo de manter a estabilidade
química do fármaco, aumentar a resposta clínica e reduzir o desconforto do paciente.
TENSÃO SUPERFICIAL
Os agentes tensoativos são muito utilizados nas preparações oftálmicas devido às suas
propriedades detergentes e à sua capacidade de redução da tensão superficial. Caso os
colírios apresentem tensão superficial muito abaixo que da do filme lacrimal, isso pode
desestabilizar a estrutura físico-química da lágrima.
Para evitar esse tipo de situação, geralmente são utilizados tensoativos não iônicos com menor
poder irritante e auxiliadores na dispersão dos fármacos nas preparações oftálmicas. Além
disso, graças à sua capacidade de detergência, os tensoativos são muito utilizados para
soluções de limpeza de lentes de contato.
VISCOSIDADE
As preparações oftálmicas devem apresentar uma viscosidade levemente acima do filme
lacrimal para aumentar a retenção do fármaco no epitélio córneo com o propósito de melhorar
a absorção e a eficácia terapêutica. Entretanto, é preciso cuidado, pois preparações muito
viscosas podem turvar a visão e bloquear os orifícios oculares.
Os polímeros são as substâncias mais utilizadas para o ajuste da viscosidade. Entre elas,
destacam-se os derivados de celulose, como metilcelulose (MC) e hidroxipropilcelulose (HPC).
TAMANHO DE PARTÍCULA
As preparações oftálmicas geralmente se apresentam na forma de soluções ou suspensões.
No caso das soluções, o fármaco deve encontrar-se totalmente dissolvido no veículo; além
disso, elas precisam se apresentar límpidas, transparentes e isentas de partículas. É possível
proceder à filtração esterilizante com filtros de 0,22µm para a eliminação de contaminantes e
partículas estranhas.
No caso das suspensões, os cuidados deverão ser maiores em relação às partículas. Já os
fármacos terão de ser micronizados, garantindo que 90% das partículas sejam menores que
5µm. Isso é importante, já que o olho inflamado é muito sensível a partículas, pois elas causam
desconforto e podem abrasar o epitélio córneo, facilitando a contaminação.
Conservantes
Embora as preparações oftálmicas sejam formulações estéreis, existe a necessidade da
utilização de agentes conservantes por se tratar de preparações multidose. O paciente abre e
fecha o frasco de colírio para aplicações diversas, e é preciso que a formulação garanta sua
conservação durante todo o período de uso.
Desse modo, é necessário usar agentes conservantes para evitar a contaminação

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