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AGRAVO INTERNO 
Chama-se agravo interno ao recurso cabível contra decisão monocrática proferida no tribunal pelo relator 
(art. 1.021) ou pelo Presidente (que, em alguns casos, é chamado a proferir decisões monocráticas, como se 
dá no caso do pedido de suspensão de segurança previsto no art. 15 da Lei nº 12.016/2009) ou Vice-
Presidente do Tribunal (como no caso previsto no art. 1.030, § 2º). É recurso cabível no prazo de quinze dias 
(art. 1.003, § 5º), mesmo naqueles casos em que houvesse disposição legal ou regimental estabelecendo 
prazo distinto, já que o art. 1.070 estabelece que “é de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de 
qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra 
decisão unipessoal proferida em tribunal”. 
Todas as decisões monocráticas proferidas nos tribunais são impugnáveis por agravo interno, inclusive as 
que proveem sobre a atribuição de efeito suspensivo a recursos ou que decidem sobre tutela provisória nos 
processos de competência originária do tribunal (FPPC, Enunciado nº 142). Só não será impugnável por 
agravo interno uma decisão monocrática quando a lei expressamente a declare irrecorrível, como se dá, por 
exemplo, com a decisão do relator de recurso especial que, reputando prejudicial o recurso extraordinário 
também interposto, determina a remessa dos autos ao STF (art. 1.031, § 2º), ou a decisão do relator que 
admite a intervenção de amicus curiae (art. 138). 
Na petição de interposição do agravo interno incumbe ao agravante impugnar, de forma específica, os 
fundamentos da decisão agravada (art. 1.021, § 1º). Será, portanto, reputado inadmissível o agravo interno 
se ali se limitar o recorrente a reproduzir os fundamentos do recurso anteriormente interposto (e 
monocraticamente julgado). 
O agravo interno é interposto por petição dirigida ao relator (ou ao Presidente ou Vice-Presidente, se for 
este o prolator da decisão agravada, passando a atuar então como relator do agravo interno). A este incumbe 
determinar a intimação do agravado para manifestar-se em contrarrazões no prazo de quinze dias (art. 1.021, 
§ 2º). Decorrido esse prazo, tenham as contrarrazões sido oferecidas ou não, o relator (ou o Presidente ou 
Vice-Presidente, quando for de um deles a decisão monocrática impugnada) poderá retratar-se, 
reconsiderando a decisão monocrática. Não havendo retratação, o agravo interno será incluído na pauta de 
julgamento, para apreciação pelo órgão colegiado em sessão (art. 1.021, § 3º). 
Sendo o agravo interno declarado manifestamente inadmissível ou improcedente, por decisão unânime 
(FPPC, Enunciado nº 359: “A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, exige que a manifesta 
inadmissibilidade seja declarada por unanimidade”), o tribunal, fundamentadamente, imporá ao agravante 
multa, em favor do agravado, que será fixada entre o mínimo de um por cento e o máximo de cinco por 
cento sobre o valor atualizado da causa (art. 1.021, § 4º). 
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 
Os arts. 102, II, e 105, II, da Constituição da República estabelecem a competência do Supremo Tribunal 
Federal e do Superior Tribunal de Justiça para conhecer de recurso ordinário. Sendo esse o nome dado a um 
gênero de recursos (aqueles em que podem ser suscitadas tanto questões de fato como questões de direito), 
e tendo sido essa espécie recursal de que aqui se trata regulada diretamente na Constituição da República, 
tornou-se tradicional dar a esse recurso o nome de recurso ordinário constitucional (o que permite, também, 
distinguir essa espécie de recurso de outro recurso ordinário, o trabalhista, que corresponde, naquele 
sistema processual, à apelação). 
Incumbe ao Supremo Tribunal Federal julgar, nos termos do art. 1.027, I, mediante recurso ordinário, os 
mandados de segurança, habeas data e mandados de injunção de competência originária dos tribunais 
superiores (STJ, TST, TSE e STM), quando a decisão tiver sido denegatória (o que engloba tanto os casos de 
extinção do processo sem resolução do mérito quanto os de improcedência do pedido). Também se admite 
recurso ordinário para o STF em habeas corpus de competência originária dos tribunais superiores, e também 
aqui apenas se denegatória a decisão (art. 102, II, da Constituição da República). 
Sendo, pois, instaurado perante tribunal superior um processo de habeas corpus, mandado de segurança, 
mandado de injunção ou habeas data de competência originária, e sendo o resultado desfavorável ao 
impetrante (extinção sem resolução do mérito ou improcedência do pedido), dessa decisão será cabível a 
interposição de recurso ordinário constitucional para o STF. 
As decisões concessivas da tutela processual pretendida pelo demandante (ou, em outras palavras, as 
decisões que julguem procedente o pedido do demandante) não podem ser atacadas através do recurso 
ordinário constitucional. Esses pronunciamentos não ficam, porém, afastados de qualquer possibilidade de 
reexame, uma vez que pode ser cabível a interposição de recurso extraordinário, toda vez que estiver 
presente alguma das hipóteses previstas no art. 102, III, da Constituição da República. 
De outro lado, compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, mediante recurso ordinário constitucional, os 
processos de mandado de segurança de competência originária de Tribunal Regional Federal ou Tribunal 
de Justiça, quando denegatória a decisão (e, evidentemente, também aqui se incluem as decisões 
meramente terminativas, que não resolvem o mérito da causa, e as de improcedência do pedido), nos termos 
do art. 1.027, II, a. Trata-se, como se vê, de situação análoga à de cabimento do recurso ordinário 
constitucional para o STF. É também este um recurso secundum eventum litis, já que cabível apenas contra 
decisões denegatórias. Da decisão de procedência do pedido, nesse caso, pode caber recurso extraordinário 
ou especial, caso presente alguma das hipóteses previstas no art. 102, III, ou no art. 105, III, da Constituição 
da República. 
Tanto nesse caso, de recurso ordinário constitucional para o STJ, como naqueles de recurso ordinário para o 
STF, tem-se um processo de competência originária de tribunal (de segunda instância ou superior, conforme 
o caso), e da decisão desfavorável ao demandante se admite um recurso ordinário (isto é, um recurso que 
permite sejam suscitadas questões de fato e questões de direito), o qual exercerá função equivalente à da 
apelação, já que será capaz de permitir o reexame integral da causa, viabilizando, nesses processos de 
competência originária de tribunais, a plena realização do princípio do duplo grau de jurisdição. 
Mais evidente ainda é a aproximação entre o recurso ordinário constitucional e a apelação quando se verifica 
ser também de competência do STJ conhecer de recurso ordinário constitucional nos processos em que são 
partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa, 
natural ou jurídica, residente ou domiciliada no Brasil (art. 1.027, II, b). Esses processos são de competência 
originária dos juízos federais de primeira instância (art. 109, II, da Constituição da República), e contra a 
sentença (ou contra as decisões interlocutórias não agraváveis) será admitido recurso ordinário 
constitucional para o STJ. 
A admissibilidade do recurso ordinário constitucional depende do preenchimento dos mesmos requisitos 
exigidos para a admissibilidade da apelação (art. 1.028, que, não obstante sua literalidade, não se aplica 
apenas ao caso previsto na alínea b do art. 1.027, II, mas a todos os casos de cabimento do recurso ordinário 
constitucional), o que é mero corolário da já afirmada natureza de apelação que esse recurso ostenta. 
O recurso ordinário constitucional é interposto perante o órgão jurisdicional prolator da decisão recorrida. 
Colhidas as contrarrazões (ou decorrido o prazo sem que estas tenham sido apresentadas), será ele remetidoao STF ou ao STJ, independentemente de juízo de admissibilidade (art. 1.028, §§ 2º e 3º). 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL 
O recurso extraordinário e o recurso especial são, por excelência, recursos excepcionais, isto é, recursos em 
que apenas questões de direito podem ser suscitadas. Neles não se admite qualquer discussão sobre matéria 
fática (o que explica o conteúdo do Enunciado nº 279 da súmula do STF e do Enunciado nº 7 da súmula do 
STJ, ambos a afirmar o não cabimento desses recursos para simples reexame de prova). O RE e o REsp 
(abreviaturas tradicionalmente empregadas para fazer alusão a essas duas espécies recursais) são cabíveis 
nos casos previstos na Constituição Federal (art. 1.029; arts. 102, III, e 105, III, da Constituição da República), 
e têm por objetivo permitir que o STF e o STJ profiram decisões em causas que envolvem, respectivamente, 
questões constitucionais ou questões federais. 
Tanto para o STF como para o STJ, porém, só se abre o acesso por via desses recursos para causas decididas 
em única ou última instância (art. 102, III, e art. 105, III, da Constituição da República). Daí se extraem 
algumas informações extremamente importantes acerca da admissibilidade do RE e do REsp. 
Em primeiro lugar, é preciso ter claro que o RE e o REsp só são admissíveis depois de esgotados os recursos 
admissíveis nas instâncias ordinárias (o que resulta da exigência de que a causa já tenha sido decidida em 
única ou última instância). Assim, por exemplo, se é proferida por juízo de primeira instância uma sentença 
que contraria dispositivo da Constituição Federal, não se poderá admitir a interposição de recurso 
extraordinário, já que cabível a apelação. Impõe-se, assim, o esgotamento das instâncias ordinárias para que 
se abram as portas das instâncias excepcionais. 
Há, porém, uma diferença fundamental entre o cabimento do RE e o do REsp. É que, ao tratar do cabimento 
do recurso especial, o texto constitucional expressamente estabelece que é preciso ter sido a decisão 
recorrida proferida em única ou última instância “pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos 
Estados, do Distrito Federal e Territórios” (art. 105, III, da Constituição da República), limitação esta que não 
aparece no dispositivo que trata do cabimento do recurso extraordinário (art. 102 da Constituição da 
República). Assim, só é admissível a interposição de recurso especial contra decisões proferidas pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça. É por essa razão que não se admite recurso 
especial contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais dos Juizados Especiais (Enunciado nº 203 da 
súmula do STJ). De outro lado, porém, o recurso extraordinário pode ser interposto contra decisões 
proferidas por quaisquer órgãos jurisdicionais (inclusive contra decisões dos tribunais superiores, como o 
próprio STJ, e as Turmas Recursais dos Juizados Especiais). Admite-se até mesmo recurso extraordinário 
contra decisão proferida por juízo singular de primeira instância nos casos em que estes atuam como 
instância ordinária única (o que se dá, por exemplo, nas execuções fiscais de pequeno valor, nos termos do 
art. 34 da Lei de Execuções Fiscais) e contra acórdãos proferidos pelas Turmas Recursais no sistema 
processual dos Juizados Especiais. 
O requisito do prequestionamento. Esse é requisito específico de admissibilidade do recurso extraordinário 
e do recurso especial, e, pois, se não estiver presente ficará inviável a apreciação do mérito do recurso, o 
qual não poderá ser admitido. 
Prequestionamento é a exigência de que o recurso especial ou extraordinário verse sobre matéria que tenha 
sido expressamente enfrentada na decisão recorrida. É que só se admite o recurso extraordinário (ou o 
recurso especial) a respeito de causas decididas (para usar aqui a terminologia empregada no texto 
constitucional). Significa isso dizer que o RE e o REsp só podem versar sobre o que tenha sido decidido, não 
sendo possível, nessas duas espécies recursais, inovar suscitando-se matéria (ou fundamento) que não tenha 
sido suscitado e apreciado na decisão recorrida. 
Pense-se, por exemplo, em um processo em que não tenha sido suscitada, nas instâncias ordinárias, a 
prescrição. Não obstante a existência de dispositivo legal a estabelecer que a prescrição pode ser deduzida 
em qualquer grau de jurisdição (art. 193 do CC), deve-se compreender tal disposição no sentido de que essa 
matéria pode ser deduzida originariamente a qualquer tempo nas instâncias ordinárias. Não tendo sido a 
matéria submetida ao debate em contraditório nas instâncias ordinárias, porém, não será possível deduzi-la 
originariamente em grau de recurso extraordinário ou especial, por não se tratar de matéria “decidida”, ou 
seja, por faltar prequestionamento. 
Pode ocorrer, porém, de a matéria ter sido suscitada e, por isso, dever ser apreciada (na única ou na última 
instância), tendo, contudo, o órgão jurisdicional se omitido quanto ao ponto. Nesse caso, faz-se necessária a 
oposição de embargos de declaração com fins de prequestionamento, isto é, embargos de declaração cujo 
objeto é o suprimento da omissão, provocando-se um pronunciamento expresso acerca da matéria que se 
pretende submeter à apreciação do STF ou do STJ através de recurso extraordinário ou de recurso especial 
(e que tinha, mesmo, sido suscitada). Pois nesse caso, opostos os embargos de declaração com fins de 
prequestionamento, considera-se preenchido o requisito do prequestionamento ainda que o órgão 
jurisdicional não supra a omissão, não admitindo ou rejeitando os embargos. 
Além do prequestionamento, que é requisito específico de admissibilidade tanto do recurso extraordinário 
como do recurso especial, existe outro requisito específico de admissibilidade (do recurso extraordinário, 
apenas) que resulta de norma constitucional: a repercussão geral da questão constitucional (art. 102, § 3º, 
da Constituição da República). 
Consiste a repercussão geral na existência de relevância da questão constitucional discutida do ponto de 
vista econômico, político, social ou jurídico “que [ultrapasse] os interesses subjetivos do processo” (art. 
1.035, § 1º). Em outros termos, só se admite o recurso extraordinário se a questão constitucional nele 
discutida tiver transcendência do ponto de vista subjetivo, interessando sua solução não só às partes do 
processo em que a matéria tenha sido suscitada, mas sendo capaz de alcançar a sociedade como um todo 
(ou parcela relevante e significativa dela). 
O Supremo Tribunal Federal só pode deixar de conhecer do recurso extraordinário por ausência de 
repercussão geral da questão constitucional se nesse sentido se manifestarem pelo menos dois terços de 
seus membros. Negada a existência de repercussão geral, eventuais recursos extraordinários que estejam 
pendentes ainda no tribunal de origem (isto é, que ainda não tenham sido encaminhados ao STF) e que 
versem sobre a mesma questão constitucional terão seguimento negado (art. 1.035, § 8º). Reconhecida a 
repercussão geral da questão constitucional, o ministro relator determinará a suspensão de todos os 
processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a mesma questão constitucional, e que 
estejam em trâmite no território nacional (art. 1.035, § 5º). 
Outra hipótese de cabimento do recurso extraordinário (art. 102, III, b, da Constituição da República) é o da 
decisão que declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. Assim, sempre que a decisão proferida 
em única ou última instância afirmar a inconstitucionalidade de um tratado internacional ou de uma lei 
federal, será admissível o recurso extraordinário, mecanismo que permitirá ao STF dar a palavra final acerca 
da constitucionalidade (ou não) daqueles atos normativos. 
Também se admite recurso extraordinário contra decisão que “julgar válida lei ou ato de governo local 
contestado em face [da]Constituição [Federal]” (art. 102, III, c, da Constituição da República). Pode 
acontecer de em um processo ter-se suscitado o controle de constitucionalidade de algum ato de governo 
(como, por exemplo, um decreto) local ou de uma lei local (ou seja, ato de governo ou lei que emane de 
Estado, do Distrito Federal ou de algum Município). Pois, nesse caso, se a decisão proferida na única ou 
última instância ordinária reputar o ato local inconstitucional não será admissível o recurso extraordinário. 
Será, porém, cabível o recurso se a decisão que esgota as instâncias ordinárias tiver afirmado a validade do 
ato (de modo que se permitirá ao STF dar a palavra final sobre a compatibilidade de tal ato com a Constituição 
da República, exercendo desse modo sua função de guardião da Constituição da República). 
Por fim, é admissível o recurso extraordinário contra decisão que “julgar válida lei local contestada em face 
de lei federal” (art. 102, III, d). É que pode acontecer de em algum processo se verificar a existência de um 
conflito entre lei federal e lei estadual, distrital ou municipal, o que é, sempre, uma questão constitucional. 
Isso se dá porque no caso de conflito entre lei federal e lei local sempre haverá a necessidade de saber qual 
das duas terá sido elaborada com invasão da área de atuação da outra. Pode, então, surgir dúvida sobre se 
a lei local invadiu a área de atuação da lei federal, ou vice-versa. Pois, se a decisão proferida em única ou 
última instância tiver afirmado a validade da lei local (e, por conseguinte, tiver reputado inválida a lei federal), 
será admissível o recurso extraordinário. A recíproca, porém, não é verdadeira, e não se admite o recurso 
extraordinário contra decisão que tenha considerado válida a lei federal e inválida a lei local. 
Será admissível recurso especial contra decisões proferidas em única ou última instância pelos Tribunais 
Regionais Federais ou pelos Tribunais de Justiça em três casos, o primeiro dos quais é o da decisão que 
“contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência” (art. 105, III, a, da Constituição Federal). O 
cabimento do recurso especial depende, tão somente, de uma alegação de contrariedade ou negativa de 
vigência a tratado ou lei federal. Saber se a lei federal ou o tratado internacional foi mesmo contrariado, ou 
se teve sua vigência negada, constitui questão de mérito (e, assim, no caso de a decisão recorrida ter mesmo 
contrariado tratado lei federal, ou lhes negado vigência, o recurso especial deverá ser provido; e no caso 
contrário deve-se negar provimento ao recurso). 
O segundo caso de cabimento de recurso especial é o da decisão que julga válido ato de governo local (como 
é o caso de um decreto do Governador do Estado, ou do Prefeito Municipal), contestado em face de lei 
federal (art. 105, III, b). Perceba-se que aqui se enfrenta um problema de legalidade (afinal, atos 
administrativos não podem contrariar a lei, que lhes é hierarquicamente superior). Pois, no caso de a decisão 
que esgota as instâncias ordinárias (no âmbito da Justiça Federal ou da Justiça Estadual) ter considerado o 
ato de governo local válido, caberá ao STJ rever tal decisão por meio de recurso especial (mas a recíproca 
não é verdadeira, e não se admitirá recurso especial se a decisão de segunda instância tiver afirmado a 
invalidade do ato de governo local contestado em face da lei federal). 
Por fim, admite-se recurso especial fundado em dissídio jurisprudencial (art. 105, III, c, da Constituição da 
República). Tem-se, aí, a norma constitucional por força da qual se pode afirmar ser o Superior Tribunal de 
Justiça responsável por uniformizar a interpretação da lei federal, estabelecendo qual deve ser a 
interpretação que se repute correta. Assim, sempre que uma decisão de TRF ou de TJ esgotar as instâncias 
ordinárias e der a lei federal interpretação divergente da que lhe tenha dado qualquer outro tribunal, será 
possível impugná-la por meio de recurso especial. 
O recurso especial, pois, versará sempre sobre uma questão federal, enquanto o recurso extraordinário 
versa sobre questão constitucional. Pode, todavia, ocorrer de ser interposto recurso especial e o relator, no 
STJ, entender que a matéria nele versada constitui, na verdade, questão constitucional. Pois nesse caso 
deverá haver a conversão do recurso especial em recurso extraordinário (art. 1.032). Para isso, deverá o 
relator do recurso especial determinar a intimação do recorrente para, no prazo de quinze dias, demonstrar 
a existência de repercussão geral da questão constitucional, manifestando-se sobre esta. Cumprida a 
diligência, serão os autos remetidos ao STF para exame do recurso extraordinário. Admite-se, porém, que o 
STF divirja da posição do STJ quanto ao ponto, considerando não ter natureza constitucional a questão 
suscitada no recurso (ou se tratar de mera questão de violação reflexa à Constituição), caso em que os autos 
serão devolvidos ao STJ para julgamento do recurso especial (art. 1.032, parágrafo único). 
O recurso extraordinário e o recurso especial devem ser interpostos perante o tribunal que tenha proferido 
a decisão recorrida, devendo a petição ser dirigida ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal (conforme 
disponha seu próprio regimento interno). Incumbe ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido, 
então, proceder a um primeiro exame da admissibilidade do recurso excepcional. 
O que se verifica é que o recurso extraordinário ou especial não deverá ser admitido se versar sobre matéria 
a cujo respeito já haja pronunciamento do STF ou do STJ, exarado pelo regime da repercussão geral ou 
resultante de julgamento proferido pela técnica adequada para a apreciação de recursos repetitivos, 
evitando-se assim que os Tribunais de Superposição se manifestem várias vezes sobre a mesma matéria. 
 
Nesses dois casos, nos termos do § 2º do art. 1.030, a decisão que não admite o recurso excepcional só 
poderá ser impugnada por meio de agravo interno. Isso, evidentemente, não exclui o cabimento de 
embargos de declaração (cabíveis contra qualquer decisão, como expressamente consta do art. 1.022, e com 
as ressalvas que foram feitas quando do estudo dessa outra espécie recursal). 
Tendo o recurso – especial ou extraordinário – chegado ao tribunal competente para sua apreciação, será 
examinado tanto em relação à sua admissibilidade quanto, se positivo o juízo de admissibilidade, em seu 
mérito. Vale aqui registrar um detalhe importante: o fato de se atribuir competência ao tribunal recorrido 
para, através de seu Presidente ou Vice-Presidente, exercer juízo de admissibilidade de recurso especial ou 
extraordinário não retira do STJ e do STF o poder de proceder a um novo exame da admissibilidade dos 
recursos cujo mérito lhes incumbe julgar. Além disso, o STF e o STJ não ficam vinculados ao juízo positivo de 
admissibilidade emitido pelo tribunal inferior, sendo perfeitamente possível que aqueles Tribunais de 
Superposição decidam no sentido de não conhecer do recurso que havia sido admitido no tribunal de origem. 
AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO OU EM RECURSO ESPECIAL 
Como já se pôde ver, o CPC estabelece um sistema por força do qual compete ao Presidente ou ao Vice-
Presidente do tribunal recorrido (conforme o estabelecido no respectivo Regimento Interno) exercer o juízo 
de admissibilidade dos recursos extraordinários e especiais ali interpostos. Pois contra algumas decisões de 
inadmissibilidade (algumas, mas não todas, frise-se) há um recurso que pode ser utilizado, o agravo em 
recurso especial e em recurso extraordinário. 
Não é, porém, admissível esse agravo em recurso especial e em recurso extraordinário quando a decisão de 
inadmissibilidade do recurso excepcional fundar-se na aplicação de entendimento fixado em decisão 
proferida sob o regime da repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos (art. 1.042, caput). 
Cabe agravo em recursoespecial ou em recurso extraordinário, portanto, contra decisão do Presidente ou 
Vice-Presidente de tribunal que declarar inadmissível o recurso especial ou extraordinário com base em 
qualquer outro fundamento que não seja o fato de estar a decisão recorrida em conformidade com 
precedente fixado sob o regime da repercussão geral da questão constitucional ou dos recursos repetitivos 
(sendo certo que para julgar o mérito de recursos extraordinários repetitivos o STF precisa reconhecer a 
presença da repercussão geral da questão constitucional, requisito de admissibilidade dessa espécie 
recursal). 
A petição de interposição do agravo em recurso especial ou extraordinário deve ser dirigida ao próprio 
Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem que tenha prolatado a decisão agravada, não estando 
sujeita a qualquer tipo de preparo (art. 1.042, § 2º). 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 
Os embargos de divergência são um importantíssimo mecanismo de preservação da estabilidade, 
integridade e coerência da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, 
estando em perfeita sintonia com o disposto no art. 926. Afinal, trata-se de recurso destinado a eliminar 
divergências jurisprudenciais internas ao STF ou ao STJ, harmonizando entendimentos e estabelecendo quais 
as teses que deverão prevalecer quando houver algum dissídio jurisprudencial. 
O recurso é cabível contra decisões proferidas pelos órgãos fracionários do STF (as duas Turmas) ou do STJ 
(as três Seções e as seis Turmas). Não se cogita de embargos de divergência contra decisões proferidas pela 
Corte Especial do STJ ou pelo Plenário do STF por razões evidentes, já que tais órgãos representam a 
composição total dessas Cortes e, por isso, já indicam o entendimento prevalecente em tais tribunais. 
Os embargos de divergência, como quase todos os outros recursos, são admissíveis no prazo de quinze dias 
(art. 1.003, § 5º). 
 
É embargável o acórdão de órgão fracionário que, em recurso extraordinário ou em recurso especial (ou em 
agravo interno ou agravo em recurso especial ou extraordinário: FPPC, Enunciado nº 230), divergir do 
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal. Pouco importa se são ambos os acórdãos – o 
embargado e o invocado como paradigma – de mérito (art. 1.043, I), ou se um acórdão é de mérito e o outro 
relativo ao juízo de admissibilidade (art. 1.043, III), desde que a mesma matéria tenha sido em ambas 
enfrentada e resolvida de maneiras divergentes.

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