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Comunicação Alternativa no TEA

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COMUNICAÇÃO 
ALTERNATIVA NO TEA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Prof.ª Adriana Prado Santana Santos
Prof. Marcelo Martins
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins 
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
S237c
 Santos, Adriana Prado Santana
 Comunicação alternativa no TEA. / Adriana Prado Santana 
Santos; Marcelo Martins. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 134 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-247-9
 ISBN Digital 978-65-5646-242-4
1. Transtorno do espectro autista. - Brasil. I. Martins, Marcelo. II. 
Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 618.928982
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Comunicação e Linguagem no Autismo ......................................7
CAPÍTULO 2
TEA: Materiais e Instrumentos da Intervenção 
em Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA) ....................47
CAPÍTULO 3
Utilização de Tecnologias de Comunicação Alternativa 
e Aumentativa para Pessoas com TEA ......................................89
APRESENTAÇÃO
Prezado pós-graduando. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) 
como uma condição de distúrbio neurológico é bastante complexo. Uma 
das consequências dessa condição é que nenhum autista apresenta as 
mesmas características de outro. Observamos essas singularidades em suas 
características principais, como comportamento, interação social e linguagem/
comunicação. 
No que diz respeito à comunicação e linguagem, os autistas se 
expressam de maneiras distintas do ponto de vista da fala, da linguagem e 
da própria comunicação. Assim, é fundamental que intervenções na área da 
comunicação possa ser realizadas quanto antes, a fim de contribuir para uma 
resposta positiva ao tratamento (em termos de linguagem, desenvolvimento 
cognitivo). 
Desta forma, o livro didático inicia o Capítulo 1 destacando a Comunicação 
e Linguagem e sua importância para vida social e acadêmica do autista; os 
diferentes aspectos da comunicação da pessoa com TEA, que envolve os tipos 
de Comunicação Alternativa, conciliando a teoria e prática, explorando alguns 
distúrbios de fala principais na comunicação do autista.
O Capítulo 2 enfatiza a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) 
e alguns sistemas para conversação e letramento para os autistas. Trará 
metodologias e ferramentas passadas e atuais usadas como intervenção no 
auxilio da comunicação e linguagem do sujeito com TEA.
Na conclusão, o Capítulo 3 abordará a utilização das tecnologias da 
informação e comunicação (TIC), desenvolvidas como uma inovação na 
Comunicação Alternativa e Aumentativa. Nesse sentido, apontamos que as 
tecnologias têm sido usadas não só com a finalidade de auxiliar na linguagem e 
comunicação, mas, também, para atenuar os momentos de crises.
Prof.ª Adriana Prado Santana Santos
Prof. Marcelo Martins
CAPÍTULO 1
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 
NO AUTISMO
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Abordar brevemente a importância da linguagem e comunicação para a pessoa 
com TEA.
• Conheceros diferentes aspectos relacionados à comunicação do TEA.
• Entender mecanismos cognitivos no uso da linguagem verbal e não verbal.
• Explorar alguns distúrbios de fala relacionados à pessoa com TEA como: 
ecolalia e apraxia.
• Relacionar terapias interventivas por profi ssionais habilitados na fala e 
linguagem.
8
 Comunicação Alternativa no TEA
9
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Uma das áreas mais comprometidas na pessoa com TEA (Transtorno do 
Espectro Autista) é a comunicação social e o atraso no desenvolvimento da 
linguagem de forma compreensível. Conforme mostra Klin (2006, p. 8), “muitas 
áreas do funcionamento cognitivo estão frequentemente preservadas e, às vezes, 
os indivíduos com essas condições exibem habilidades surpreendentes e até 
prodigiosas”, sendo, muitas vezes, encarados como superdotados, porém não a 
utilizam de forma funcional, ou seja, sua comunicação não alcança um resultado 
desejado para uma compreensão com o outro.
FIGURA 1 – ESTIMULAÇÃO DA LINGUAGEM NO AUTISTA
FONTE: <https://bit.ly/3jSjgh1>. Acesso em: 26 jul. 2020. 
Podemos nos perguntar o que se confi gura a fala e a linguagem? Sobre a 
fala é importante trazer os estudos de Schirmer, Fontoura e Nunes (2004). Ele 
esclarece que, “muito antes de começar a falar, a criança está habilitada a usar o 
olhar, a expressão facial e o gesto para comunicar-se com os outros. Tem também 
capacidade para discriminar precocemente os sons da fala” [...] (SCHIRMER; 
FONTOURA; NUNES, 2004, p. 95). 
Sobre a linguagem, os mesmos autores continuam, ”também estão 
envolvidas na linguagem áreas de controle motor e as responsáveis pela 
memória” (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004, p. 98. ). Assim, a fala e a 
linguagem estão diretamente ligadas a nossa memória e ao controle motor do 
nosso aparelho fonador. Conforme mostra a fi gura a seguir:
10
 Comunicação Alternativa no TEA
FIGURA 2 – FISIOLOGIA DA VOZ
FONTE: Adaptada de <https://bit.ly/2PjOwYt>. Acesso em: 26 jul. 2020.
Entretanto, nem todos têm a capacidade de desenvolver uma linguagem 
adequada para comunicarcar-se, os autores Schirmer, Fontoura e Nunes (2004, 
p. 2) continuam dissertando que, as alterações da linguagem atingem “cerca 
de 3 a 15% das crianças e podem ser classifi cadas em atraso, dissociação e 
desvio”. Nesta porcentagem, encontram-se as crianças com TEA. Observe esses 
conceitos no quadro a seguir :
QUADRO 1 – ETIOLOGIA DA LINGUAGEM
Classifi cação das alterações da linguagem
Atraso – a progressão na linguagem processa-se na sequência correta, mas em ritmo 
mais lento, sendo o desempenho semelhante aos de uma criança inferior.
Dissociaçao – existe uma diferença signifi cativa entre a evolução da linguagem e das 
outras áreas do desenvolvimento.
Desvio – o padrão de desenvolvimento é mais alterado: verifi ca-se uma aquisição quali-
tativamente anômala da linguagem. É um achado comum nas perturbações da comuni-
cação do espectro do autismo.
FONTE: Adaptado de Schirmer, Fontoura e Nunes (2004, p. 2)
Ainda sobre a defi nição da linguagem, destacamos Bechara (2004, p. 16), 
ele diz que a linguagem “é qualquer sistema de signos simbólicos empregados na 
intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, 
conteúdos da consciência”. Corroborando com esse pensamento, Geraldi (1995), 
nos diz que a linguagem é fundamental ao desenvolvimento de toda e qualquer 
pessoa. Dada a importância da linguagem para o ser humano, Benveniste (1976, 
p. 285) afi rma que:
Não atingimos nunca o homem separado da linguagem e não 
o vemos nunca inventando-a. Não atingimos jamais o homem 
reduzido a si mesmo e procurando conceber a existência do 
outro. É o homem falando que encontramos no mundo, um 
homem falando com outro homem, e a linguagem ensina a 
própria defi nição de homem.
11
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
FIGURA 3 – LINGUAGEM
FONTE: <https://elo.pro.br/cloud/_src/ckfi nder/userfi les/images/B/
apresentac3a7c3a3o2(2).jpg>. Acesso em: 26 jul. 2020.
Assim, a linguagem nos permite compreender o mundo a nossa volta e ser 
compreendido. SegundoVygotsky (1989), para nos comunicar são necessárias 
duas funções básicas: o intercâmbio social e o pensamento generalizante. O 
intercâmbio social pode ser visto quando, principalmente, bebês interagem por 
meio de gestos e balbucios, demostrando seus sentimentos. Sobre a função 
generalizante, observe a fi gura a seguir:
FIGURA 4 –
FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/-0tW7njphK_c/T6bOY8Wy1LI/
AAAAAAAAARI/pydfL4xF3tc/s1600/imagem.bmp>. Acesso em: 26 jul. 2020.
Desse modo “são os signifi cados que vão propiciar a mediação simbólica 
entre o indivíduo e o mundo real” (VYGOTSKY, 1989, p. 104). Compreendemos 
12
 Comunicação Alternativa no TEA
melhor na continuação do autor “uma palavra sem signifi cado é um som vazio” 
(VYGOTSKY, 1989, p. 104). Nesse sentido, a fala e a escrita dão signifi cados à 
palavra que auxilia na elaboração de orações mais simples à abstrata.
Aprender a ler e a escrever não é um processo natural como 
o de aprender a falar. Trata-se de uma tarefa complexa, 
que envolve competências cognitivas, psicolinguísticas, 
perceptivas, espácio-temporais, grafomotoras e afectivo-
emocionais. Um dos passos cruciais para facilitar a iniciação 
à leitura e à escrita consiste na promoção da refl exão sobre 
a oralidade e no treino da capacidade de segmentação da 
cadeia de fala em frases, das frases em palavras, das palavras 
em sílabas e destas nos sons que as compõem (FREITAS, 
2004, p. 3). 
Dessa forma, idenpendente da comunidade linguistuica que a criança está 
inserida o estimulo social e mais tarde o acadêmico, irá fazer toda diferença no 
seu desenvolvimento intelectual e letramento em sua língua nativa. Conforme 
autores Schirmer, Foutoura e Nunes (2004).
Apesar de não estar completamente esclarecido o grau de 
efi cácia com que a linguagem é adquirida, sabe-se que as 
crianças de diferentes culturas parecem seguir o mesmo 
percurso global de desenvolvimento da linguagem. Ainda, 
antes de nascer, elas iniciam a aprendizagem dos sons da sua 
língua nativa (SCHIRMER; FOUTOURA; NUNES, 2004, p. 2).
As autoras Delfrate, Santana e Massi (2009 apud ALBANO, 1990), mostra 
que a criança depende de quatro condições básicas e imprescindíveis para o 
desenvolvimento da linguagem.
A primeira seria a presença de um interesse subjetivo na 
criança, isto é, uma disposição de brincar. [...]. A segunda 
seria a existência de pelo menos um sistema sensório-
motor íntegro (audiovisual ou visomanual). A terceira seria a 
inserção em um meio cuja linguagem faça parte de rotinas 
signifi cativas. [...]. A quarta e última seria a presença de uma 
língua minimamente autorreferenciada que contenha alguns 
mecanismos gramaticais, sinalizando a própria organização 
para que a descoberta da sua estrutura possa se proceder 
efi cientemente, seguindo uma direção mais ou menos 
determinada (DELFRATE; SANTANA; MASSI, 2009 apud
ALBANO, 1990, p. 2). 
Nessa direção, tomando para discussão da pessoa com TEA, essas quatro 
condições teriam muitas incertezas alencadas como: interesse subjetivo, ou seja 
(difi culdade em socializar-se), é comum a criança com TEA tomar a mão ou o 
braço da outra criança ou mesmo do adulto de modo a facilitar que ela “pegue” 
um objeto ou um brinquedo, mas ele continua em sua subjetividade.
13
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Sobre o sistema sensório-motor estar preservado ou íntegro, como o 
segundo ponto destacado pelos autores, Delfrate, Santana e Massi (2009 apud
ALBANO, 1990), entendemos que muitas pessoas com TEA que têm transtornos 
relacionados à motrocidade ampla e fi na, entre outros. Nesse sentido, existirão 
algumas difi culdades envolvendo a fala e uma linguagem expressiva e coerente, 
de forma que o outro o entenda.
Do ponto de vista de manter uma rotina de linguagem signifi cativa, para 
o autista difi cilmente isso se concretiza. Um dos motivos é devido aos rituais 
repetitivos de movimentos esterioptipados que, em geral, acontece quando está 
feliz ou desorganizado, o que o impede de manter um raciocínio estruturado que 
faça sentido ao se comunicar, nesse contexto, deve-se considerar as diferenças 
entre um espectro de maior ou menor grau de complexidade.
Assim, a fala deve ser o resultado de todo o processo do desenvolvimento 
da linguagem e do entendimento da criança, segundo a teoria de Vygotsky 
(1989), destacada anteriormente, entre o intercâmbio social e o pensamento 
generalizante. Essa relação entre o pensamento e a linguagem se torna um 
desafi o para o autista, haja visto a difi culdade social e comunicativa presente 
desde a infância, por isso, a partir de agora, observaremos os diferentes aspectos 
da comunicação na pessoa com TEA.
Se emocione com o vídeo de uma mãe – fundadora da Ação 
Autismo – conhecer amar e educar. Ela conta sua experiência com 
o fi lho, Autismo – Como o Lucas falou em uma semana. Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=gcBLVSnNeH4>. Acesso em: 
2 ago. 2020. 
2 BREVE CONTEXTO – 
COMUNICAÇÃO DA PESSOA COM 
TEA
Antes de abordamos os aspectos relacionados à comunicação da pessoa 
com TEA, vamos elencar, brevemente, conceitos da linguagem verbal e não 
verbal a fi m de entendemos melhor como fazer as intervenções necessárias a fi m 
de contribuir para a comunicação e linguagem do TEA. 
14
 Comunicação Alternativa no TEA
A linguagem verbal, de acordo com Fiorin (2002), está relacionada com a 
matéria do pensamento e o veículo da comunicação social. Dessa forma, não 
podemos deixar de associar a sociedade com a linguagem. O livro Leitura sem 
palavras (BRASIL, 2011), traz mais informações sobre o signifi cado da linguagem 
verbal, note:
A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em 
nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos 
aos outros as nossas ideias e pensamentos, comunicando-nos 
por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas. 
Ela está presente em textos, em propagandas, em reportagens 
(jornais, revistas etc.), em obras literárias e cientifi cas, na 
comunicação entre as pessoas, em discursos (políticos, 
representantes de classe, candidatos a cargos públicos etc.); 
e em várias outras situações (BRASIL, 2011, p. 5).
Quanto à linguagem não verbal, o documento continua dizendo que ela se 
constitui no:
Uso de imagens, fi guras, desenhos, símbolos, dança, 
pintura, música, mímica, escultura e gestos como meio de 
comunicação. Dentro do contexto temos a simbologia que é 
uma forma de comunicação não verbal. Exemplos: sinalização 
de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores 
para chamar a atenção ou exprimir uma mensagem. É muito 
interessante observar que para manter uma comunicação não 
é preciso usar a fala e sim utilizar uma linguagem, seja verbal 
ou não verbal (BRASIL, 2011, p. 5).
Notamos que a linguagem verbal ou não envolve qualquer sistema de 
comunicação baseados em diversos signo. O livro do MEC continua explicando 
sobre a Linguagem Mista, que “é o uso simultâneo da linguagem verbal e da 
linguagem não verbal, usando palavras escritas e fi guras ao mesmo tempo” 
(BRASIL, 2011, p. 5).
A fi gura a seguir demonstra os três tipos de linguagem que acabamos de 
destacar e que, de forma direta ou indireta, faz parte da pessoa com TEA, pois irá 
se utilizar de algumas dessas linguagens para se comunicar.
15
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
FIGURA 5 – TIPOS DE LINGUAGEM
FONTE: <https://cursoenemgratuito.com.br/wp-content/uploads/2019/08/
Linguagem-verbal-n%C3%A3o-verbal-e-mista.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2020.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua materna da 
comunidade surda brasileira. Ela se apresenta na modalidade 
espaço – visual, pois a informação linguística é recebida pelos 
olhos e produzida pelas mãos. Os surdos, assim como os ouvintes 
também ampliam seu vocabulário, por meio da criação de novos 
sinais/palavras. Você sabia que muitas pessoas com TEA não verbal 
aprendem língua de sinais para desenvolver umacomunicação?
Dessa forma, é por meio da comunicação que o ser humano se expressa 
e interage com os demais. E como já bem referido, a comunicação e linguagem 
é uma das áreas mais afetadas em pessoas com Transtorno do Espectro 
Autista (TEA), fi cando a interação social muito prejudicada. Assim, familiares 
e profi ssionais da área devem observar alguns indícios desde muito cedo nas 
crianças com TEA, para antecipar terapias de auxílio na comunicação e linguagem 
do TEA. Observe:
• ausência ou atraso na fala;
• fala rebuscada ou “robotizada”;
• difi culdade na compreensão verbal;
• presença de ecolalias (repetição da fala de outras pessoas);
16
 Comunicação Alternativa no TEA
• ausência de entendimento de piadas, sarcasmo, duplo sentido;
• ausência de simbolismo (imaginação) (RHEMA EDUCAÇÃO, 
2018, s.p).
Assista ao vídeo Autismo e fonoaudiologia – dicas práticas para 
desenvolver fala e linguagem, de Maria Claudia Brito. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ADm-X5yTHhc. Acesso em: 2 
ago. 2020.
2.1 CONVERSANDO COM O TEA
Notamos que as crianças com TEA dão indicações se sua comunicação 
será verbal ou não. Isso porque o autismo pode trazer difi culdades sérias na 
linguagem, causando grandes prejuízos no desenvolvimento de sua comunicação 
e socialização. Nesse sentido, podem usar formas inadequadas para se 
expressar, tais como: gritar, apontações, entre outras. Afi nal, qual a melhor forma 
de se comunicar com a criança com TEA.
FIGURA 6 – COMO CONVERSAR COM CRIANÇA COM TEA
FONTE: <https://bit.ly/2Dcaiud>. Acesso em: 26 jul. 2020. 
.
etc.).
17
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Os estímulos de linguagem durante a infância são muito importantes para 
qualquer criança, pois acontece um processo emocional e social. Vamos dar um 
exemplo clássico: a criança escuta os sons emitidos ao seu redor, passa a repetir, 
no início parece não ter signifi cados, mas a partir do momento que ela percebe 
que ao emitir os sons vai gerar algum efeito, passa a interagir e também entender 
para que serve a linguagem. Acerca da percepção da criança sobre o sons e 
o desenvolvimento da fala, é pertinente trazer a contribuição do Referencial 
curricular nacional para a Educação Infantil, que mostra:
Aprender a falar, portanto, não consiste apenas em memorizar 
sons e palavras. A aprendizagem da fala pelas crianças não 
se dá de forma desarticulada com a refl exão, o pensamento, a 
explicitação de seus atos, sentimentos, sensações e desejos 
(BRASIL, 1998, p. 116).
Atenção! Todo essse processo acontecerá dentro das particularidades 
únicas de cada criança com TEA, que, neste caso, supõe-se que a criança tem 
a capacidade de desenvolver uma linguagem verbal. Sobre a importância do 
estímulos desde a infância, note o que Silva, Gaiato e Reveles (2012, p. 14) diz:
Algumas crianças com autismo podem ter um excelente 
desenvolvimento da linguagem falada e, por vezes, emitem 
palavras "perfeitinhas". Em outros casos, os pais percebem 
que, com um ano de idade, sobrinhos ou coleguinhas já 
articulam as primeiras palavras, mas seus fi lhos ainda não. 
As preocupações crescem (e muito) a partir dos dois anos, 
fase em que outras crianças já conseguem formar frases 
completas, enquanto seus "pequenos" nem parecem ouvir 
quando são chamados. 
Pensar que não adianta se comunicar com a criança com TEA, porque ela 
não produz a fala, e, por isso, não irá entender e dar o retorno esperado, é um 
erro, mesmo que a criança tenha autismo de nível severo. Por outro lado, vimos 
que a fala (oral) não é sinônimo de comunicação, pois há várias formas de se 
comunicar. 
Com relação à comunicação e à linguagem, D’ Antino, Brunoni e Schwartzman
(2015, p. 16) refere que os alunos com transtorno do espectro autista:
• Em alguns casos há completa ausência da fala.
• Em geral, os pacientes não chegam a desenvolver linguagem 
oral funcional, não compensada por formas alternativas de 
comunicação.
• Nos indivíduos que têm fala, há evidentes difi culdades em 
iniciar e manter uma conversação.
• A fala pode ser repetitiva e estereotipada. 
• No meio de uma frase, pode surgir parte de um anúncio 
ouvido na TV ou a simples repetição de frases inteiras e de 
18
 Comunicação Alternativa no TEA
palavras isoladas fora do contexto daquele momento.
• Há, frequentemente, a tendência para a repetição de frases ou 
palavras na forma de ecolalias imediatas, tardias ou mitigadas.
• A maneira de falar também se mostra anormal no ritmo, na 
acentuação e na infl exão.
• Alguns autistas terminam todas as frases com uma infl exão 
interrogativa. Outros, pela alteração da prosódia, dão a 
impressão de falar com sotaque estrangeiro. 
• Nos pacientes com bom rendimento intelectual, a fala se 
mostra pedante pelo uso de termos e construções que não são 
esperados para a idade. 
• A compreensão da fala está quase sempre comprometida, até 
mesmo nos casos em que o intelecto está mais preservado.
• Tendem a ter um entendimento literal do que lhes é dito, 
havendo grande difi culdade para a compreensão de metáforas. 
• Há grande difi culdade, também, para contextualizar o 
discurso, não conseguem entender o sentido fi gurado de 
alguns termos. 
• Certas ambiguidades que fazem parte da nossa língua não 
são compreendidas, o que pode difi cultar sobremaneira a 
comunicação.
Por causa destas difi culdades, a orientação é buscar ajuda de especialistas 
como: neurologistas, fonoaudiólogos e psicólogos, para fazer as intervenções e 
terapias com o objetivo de ensinar competências de comunicação para a pessoa 
com TEA. 
Todos nós podemos contribuir de forma individual com o mesmo objetivo, 
que é o de efetivar uma comunicação com a pessoa com TEA, mas como? É 
Importante fazer com que a pessoa com TEA sinta-se bem ao nosso lado. Isso, 
porque, em geral, eles têm mais facilidade em comunicar-se quando se sentem 
à vontade com outro. Escolher, também, um momento em que estejam tranquilo 
para iniciar uma comunicação, longe de um ambiente cheio de estímulos sonoros 
ou luminosos, qualquer coisa que desestabilize a não efetivação da comunicação.
Assista ao vídeo com as dicas da psicóloga Mayra Gaiato, 
Autismo: 8 passos para ensinar a falar – como fazemos. Disponivel 
em: https://www.youtube.com/watch?v=NzlntFS0Gn8. Acesso em: 2 
ago. 2020.
19
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
É preciso entender que algumas crianças diagnosticadas com autismo nunca 
desenvolverão a fala como forma de comunicação de fato, mas irão se utilizar de 
outros meios. Assim, encorajar qualquer intenção da criança em querer comunicar-
se, trará grandes benefícios social, além de substituir alguns comportamentos 
considerados inadequados para a família e a sociedade, conforme mostra Posar 
e Visconti (2018, p. 2). 
As alterações sensoriais das crianças com TEA também 
podem afetar seu comportamento em atividades diárias 
familiares, inclusive comer, dormir e rotinas de dormir; e fora 
de casa essas alterações podem criar problemas, por exemplo, 
ao viajar e participar de eventos na comunidade. 
Por exemplo, ela aponta para um copo de água, mas não sabe falar a palavra 
(preciso de um copo de água) e outra pessoa atendeu seu pedido, será que ela 
não se comunicou? Sim, pois o mais importante foi feito, que é a comunicação 
funcional e social, seu objetivo foi alcançado quando seu desejo foi socializado e 
atendido prontamente. Dessa forma, aproveitar toda e qualquer oportunidade de 
expressão da criança com TEA, é valorizar suas particularidades de linguagem, 
seja ela verbal ou não.
Apartir desse momento, vamos diferenciar uma linguagem da outra, além de 
contextualizar a comunicação mista.
FIGURA 7 – DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM NO AUTISTA
FONTE: <https://bit.ly/312ih5p>. Acesso em: 26 jul. 2020.
20
 Comunicação Alternativa no TEA
Devido, principalmente, à característica da difi culdade social e cognitiva, 
as pessoas que se enquadram no espectro do autismoapresentam difi culdade 
em compreender seu próprio estado mental, bem como o de outras pessoas, 
Mercadante e Rosário (2009, p. 18), nos dizem que “existe uma tendência atual 
em conceber essa categoria como aquela que apresenta alterações no modo do 
funcionamento do cérebro social”, e o resultado é uma linguagem sem contexto 
ou entendimento com o outro, visto que as habilidades expressivas e receptivas 
fi cam comprometidas. 
Uma vez que a linguagem receptiva pode se mostrar mais 
atrasada do que o desenvolvimento da linguagem expressiva, 
no transtorno do espectro autista as habilidades de linguagem 
receptiva e expressiva devem ser consideradas em separado 
(APA, 2014, p. 53).
Portanto, é clara a alteração na capacidade de metarrepresentação, ou seja, 
apresentam grande difi culdade em se colocar no lugar do outro nos indivíduos 
com TEA. Conforme Hobson (1991), pressupõe que as crianças adquirem 
um conhecimento das pessoas com a mente e que isso acontece através da 
experiência das relações interpessoais. O que se torna um desafi o para a pessoa 
com TEA devido à difi culdade de interação social.
Nesse momento, julgamos importante trazer para seu conhecimento os 
códigos e defi nição dos transtornos relacionados à comunicação e linguagem, 
pelo APA (2014), que mais se encontram nos autistas ao receberem os laudos 
por especialistas, conforme o quadro a seguir:
QUADRO 2 – CÓDIGOS – APA (2014)
315.32 (F80.2) Transtorno da Linguagem.
315.39 (F80.0) Transtorno da Fala.
315.39 (F80.89) Transtorno da Comunicação Social (Pragmática).
307.9 (F80.9) Transtorno da Comunicação Não Especifi cado
Nota: Casos com início tardio são diagnosticados como 307.0.
FONTE: APA (2014, p. 13)
Nesse contexto, apresentamos critérios que a Receita Federal usa para 
laudar a pessoa com TEA em sua fi cha avaliativa: INSTRUÇÕES DO ANEXO IV 
AUTISMO (Transtorno Autista e Autismo Atípico); Utiliza-se os mesmos critérios 
Diagnósticos (baseado no DSM – IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais e na Classifi cação Internacional de Doenças (CID 10). Entre 
estes critérios consta o da comunicação e linguagem:
21
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Comprometimento qualitativo da comunicação, manifestado 
por pelo menos um dos seguintes aspectos: atraso ou 
ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não 
acompanhamento por uma tentativa de compensar por meio 
de modos alternativos de comunicação, tais como gestos 
ou mímica); em indivíduos com fala adequada, acentuado 
comprometimento da capacidade de iniciar ou manter uma 
conversa; uso estereotipado e repetitivo da linguagem 
idiossincrática; ausência de jogos ou brincadeiras de 
imitação social variados e espontâneos próprios do nível de 
desenvolvimento. [...] (APA, 2014, p. 50).
Acerca do desenvolvimento da linguagem nas crianças com TEA, de 
grau leve, observa-se que, até certo ponto, há um bom desenvolvimento da 
linguagem em seus aspectos formais (elementos fonológicos e sintáticos). Assim, 
apresentamos recortes da pesquisa de site – Rhema Educação (2018, s.p.), cujo 
objetivo é capacitar profi ssionais para atender crianças e adultos com TEA na 
questão da comunicação e linguagem:
O TEA verbal: a criança ou (jovem) adulto que fala, pode 
ter ainda algum comportamento diferenciado em relação à 
Comunicação. Imagine pedir ao autista que fale como foi seu 
dia na escola. Boa chance de ele não responder ou responder 
com “bom” ou “ruim”.[...] Isso signifi ca que devem evitar fazer 
muitas perguntas de uma só vez: “Como foi na escola? Foi legal? 
Comeu a merenda? Brincou com o amiguinho?[...].Troque 
por: “Como foi na escola? ” Espere a resposta. Se não vier 
a resposta após esperar entre 30 segundos a um minuto, 
refaça a pergunta dando ao autista duas ou três opções de 
respostas: “Foi bom na escola, hoje? Ou não foi bom?” Dê 
tempo a ele de responder “sim” ou “não”. [...]. Assim, vai-se 
estimulando o autista a falar/comunicar-se cada vez mais. 
O TEA não verbal: em primeiro lugar não parte do princípio 
de que deve “consertá-lo”, mas procure encontrar a maneira 
de agir com o autista como indivíduo. Que personalidade o 
autista tem? Do que ele gosta? Que tipo de atividade prefere 
executar? Ele tem problemas de ordem sensorial? Quais? 
Anote tudo o que faz com que o autista em questão se sinta 
bem [...] (grifo nosso).
Assista ao vídeo da psicóloga especialista em autismo Mayara 
Bonifacio Gaiato, ela explica o conceito de alcance dirigido, 
disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2HY0S2qg6vU. 
22
 Comunicação Alternativa no TEA
Nesse interim, Silva, Gaiato e Reveles (2012, p. 43) explica algumas 
características presentes na linguagem e comunicação do sujeito com TEA:
• Têm difi culdades no desenvolvimento da linguagem falada, sem 
que haja tentativas de compensar essa comunicação por meios 
alternativos, tais como gestos ou mímicas. Já as crianças que 
não apresentam prejuízos signifi cativos na fala têm difi culdade 
em iniciar, manter ou terminar uma conversa adequada e com 
reciprocidade.
• Uso estereotipado e repetitivo da linguagem. Por exemplo, 
decoram frases de desenhos animados e as falam em momentos 
completamente fora do contexto ou repetem aquilo que lhes é 
perguntado (ecolalia).
• Difi culdade de se engajar em brincadeiras de faz de conta. As 
crianças não conseguem brincar de escolinha ou casinha, por 
exemplo, pois têm difi culdade de imaginar os papéis a serem 
representados.
• Inversão de pronomes. Elas podem falar na terceira pessoa, 
por exemplo, "você é linda", referindo-se a si própria. Ou, ainda, 
construírem a frase com excesso de pronomes: "Me dá meu pra 
mim a bola. É do Rodrigo", referindo-se a sua própria bola.
• Ingenuidade. Não conseguem avaliar segundas intenções e 
podem ser enganadas por pessoas maldosas.
• Difi culdade no entendimento de ironias. Muitas vezes não 
entendem piadas ou frases com duplo sentido.
• Crianças e até muitos adultos com autismo não são hábeis para 
mentir, dissimular, enganar ou falar palavras que não expressam 
a verdade. São extremamente sinceras e apresentam sérias 
difi culdades ou até mesmo impossibilidade de utilizar pequenas 
mentiras diplomáticas.
• Aprendem a ler e escrever sozinhas antes da fase de alfabetização 
(hiperlexia).
Que tal baixar Mundo singular: entenda o autismo? O 
livro é da autora Ana Beatriz Barbosa Silva com a colaboração 
da psicóloga Mayra Bonifacio Gaiato e de Leandro Thadeu 
Reveles. Disponível em: https://drive.google.com/fi le/d/1zFIAv_
DjcT7JDjjeaf5qwsCW7gMvDYFi/view. Acesso em: 5 mar. 2020.
23
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
FIGURA – LIVRO MUNDO SINGULAR: ENTENDA O AUTISMO
FONTE: <http://draanabeatriz.com.br/wp-content/uploads/2017/10/
singular2.png>. Acesso em: 2 ago. 2020.
A questão da linguagem e comunicação na pessoa com Transtorno do 
Espectro do Autismo (TEA) possui muitas variáveis a ser discutidas, a fi m de fazer 
as intervenções necessárias. Assim, vamos seguir explorando esse cenário.
3 UM CENÁRIO EXPLORATÓRIO 
SOBRE DISTÚRBIOS DE FALA E A 
PESSOA COM TEA
Ao nascermos temos pouco conhecimento acerca do mundo que nos rodeia, 
mas, depois de sermos diariamente bombardeados por inúmeras informações, 
principalmente visuais, conforme estudos psicológicos. Para Bosi (1988), “os 
psicólogos da percepção são unânimes em afi rmar que a maioria absoluta das 
informações que o homem moderno recebe lhe vem por imagens” (BOSI, 1988, p. 
65). Com o tempo fazemos relação de tudo que vamos observando e ouvindo e, 
consequentemente, ampliando nosso aprendizado sobre o mundo. 
Cada área do nosso cérebro se encarrega em trabalhar um tipo de 
informação. Isso acontece, segundo Fonseca (2016, p. 1), “porque os seres 
humanos são animais sociais e dispõem de cognição social e de inteligência 
emocional (valor das expressões faciais e da comunicação não verbal) [...].
Através da linguagem demonstramos se dominamos ou não ovocabulário 
que fomos adquirindo ao longo do tempo, é como se fosse uma representação 
24
 Comunicação Alternativa no TEA
mental que vai sendo armazenada no nosso cérebro, e aos poucos vai sendo 
externada por meio das nossas emoções e linguagem. Por isso, Piaget (1977, p. 
17) considera:
A inteligência um sistema de operações vivas e atuantes de 
natureza adaptativa e afi rma que o essencial do pensamento 
lógico é ser operativo com o fi m da constituição de sistemas, 
não descarta a interferência da afetividade no processo do 
conhecimento. Reafi rma a existência de um paralelo constante 
entre a vida afetiva e a vida intelectual, considerando-as 
como dois fatores indissociáveis e complementares em toda 
a conduta humana.passamos a criar uma imagem mental e 
acontece a fala e aquisição de conhecimentos. 
O signifi cado das palavras envolve diversas áreas cerebrais dependendo 
dos fenômenos aos quais a palavra pode estar relacionada. A fi gura a seguir nos 
mostra didaticamente a nossa capacidade de expressão.
FIGURA 8 – FUNÇÃO FALA/LEITURA/ESCRITA
FONTE: <http://www.enscer.com.br/neuroeducacao/capacitacao/
linguagem.html> Acesso em: 26 jul.. 2020.
 
Dessa forma, cada área do nosso cérebro se encarrega em conhecer 
determinados aspectos do mundo em nossa volta. Assim, aprender bem uma 
palavra implica no nosso cérebro conectar o maior número possível de áreas 
relacionadas com seu signifi cado. Isso pode ocorrer durante toda nossa vida, 
porque o signifi cado ou a semântica de uma palavra deve envolver todas as 
características que somos capazes de atribuir a ela.
Quer dizer que a pessoa com TEA não conseguirá obter conhecimento 
igualmente como os outros, devido à difi culdade em dominar vocabulário e 
conseguir relacionar os signifi cados das palavras ouvidas ou objetos vistos? Isso 
dependerá muito dos estímulos que cada um terá nas intervenções terapêuticas. 
Isso porque, segundo o APA (2014) alguns indivíduos autista também possuem, 
oTranstorno da Comunicação Social (Pragmática), o que envolve: 
25
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Difi culdades persistentes no uso social da comunicação verbal 
e não verbal como manifestado por todos os elementos a 
seguir: 1. Défi cits no uso da comunicação com fi ns sociais, 
como em saudações e compartilhamento de informações, de 
forma adequada ao contexto social. 2. Prejuízo da capacidade 
de adaptar a comunicação para se adequar ao contexto ou 
às necessidades do ouvinte, tal como falar de forma diferente 
em uma sala de aula do que em uma pracinha, falar de forma 
diferente a uma criança do que a um adulto e evitar o uso de 
linguagem excessivamente formal. 3. Difi culdades de seguir 
regras para conversar e contar histórias, tais como aguardar a 
vez, reconstituir o que foi dito quando não entendido e saber 
como usar sinais verbais e não verbais para regular a interação. 
Transtornos do Neurodesenvolvimento 4. Difi culdades para 
compreender o que não é dito de forma explícita (por exemplo, 
fazer inferências) e sentidos não literais ou ambíguos da 
linguagem (por exemplo, expressões idiomáticas, humor, 
metáforas, múltiplos signifi cados que dependem do contexto 
para interpretação) [...] (APA, 2014, p. 91).
Assim, segundo a explicação do APA (2014), para a pessoa com TEA, os 
enunciados não são contínuos e ela tem difi culdade em engajar uma conversa, em 
fornecer informações e, principalmente, em expressar suas ideias. Na maioria dos 
casos, ela parece não saber o que são e para que servem as palavras, ou seja, 
uma linguagem descontextualizada. Sobre esse aspecto, Wing (1985) nos fala 
que a difi culdade na abstração da comunicação e linguagem causa difi culdades 
em entender perguntas, orientações ou piadas simples. As estruturas gramaticais 
são, geralmente, imaturas, o uso de estereotipias e repetições constitui, muitas 
vezes, uma linguagem metafórica. 
Ao mesmo tempo que o bebê humano aprende a produzir os sons da 
fala que identifi ca a sua volta, deve também começar a perceber que os sons 
produzidos pelos adultos possuem alguma relação com os objetos que veem. 
Assim, as áreas de percepção e de produção verbal, além de se relacionarem 
entre si, devem se relacionar com a área visual de reconhecimento dos objetos. 
Dessa forma, estamos fi nalmente aptos para visualizar mentalmente uma palavra 
falada e capazes de reproduzi-la a partir da nossa imaginação. 
FONTE: <http://www.enscer.com.br/material/artigos/eina/linguagem/
geral/leituraescrita.php>. Acesso em: 7 mar. 2020.
O aspecto sintático, segundo Rapin (2005), é o mais afetado em crianças 
com autismo. Essas crianças, conforme o autor, geralmente apresentam uma fala 
com vocabulário sem elementos coesivos, característicos de uma fala telegráfi ca. 
Tal alteração, na maioria das vezes, causa a ininteligibilidade para o interlocutor, 
uma vez que os enunciados da criança tornam-se curtos e sem estrutura sintática. 
26
 Comunicação Alternativa no TEA
A fala telegráfi ca, segundo Goodglass e Menn (1985, p. 2), foi 
descrita por Deleuze, em 1819, como “uma característica marcante 
na fala de certos pacientes afásicos”, em geral aqueles acometidos 
por episódios neurológicos em áreas anteriores do cérebro (que 
envolvem regiões motoras, mais especifi camente a área de Broca), 
resultando em uma produção laboriosa da fala“.
Assim, de modo geral, o domínio de estruturas linguísticas fl exíveis essenciais 
para a compreensão da linguagem falada, como pronomes, verbos, adjetivos e 
conjunções, geralmente está prejudicado na criança com autismo.
Entenda melhor seu cérebro. Assista ao vídeo Setores do 
cérebro, responsáveis pela linguagem e a fala. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=bQvYZ0TkHjk. Acesso em: 2 ago. 2020.
3.1 ECOLALIA
Até aqui notamos que o processo de aquisição de linguagem para a criança 
com TEA, diferencia-se em muitos sentidos, devido aos défi cits relacionados, 
entre eles, está incluso a ecolalia, neste sentido, para Delfrate, Santana e Massi 
(2009, p. 3):
A ecolalia pode ser considerada não apenas como repetição, 
mas como indício da entrada da criança na língua, ou seja, de 
que ela não tem domínio sobre o que está dizendo e ainda não 
é consciente de seu trabalhou. 
Lier-de-Vitto (1995) comenta que a criança em fase de aquisição fala sozinha 
sem o intuito de interação. Assim, para qualquer criança repetir palavras que 
ouvem dos adultos ou mesmo falar sozinha é algo bem natural. Porém, parece 
que, em algumas crianças autistas essas características de repetição de palavras 
ou seja “ecolalia” persistem. Nesse contexto, Gauderer (1980), nos diz que, 
existem algumas crianças com autismo que falam com volubilidade ou com 
27
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
facilidade, porém com atraso linguístico signifi cativo. 
Nesse contexto, Delfrate, Santana e Massi (2009, p. 3) fala sobre a “ecolalia 
dita normal diferencia-se no contexto patológico pela sua continuidade e por ser, 
muitas vezes, a única fala de crianças com autismo”. Porém ele também traz 
um alerta ao dizer que, “a ecolalia, [...], não pode ser analisada apenas como 
sintoma patológico, como se não fosse também encontrada no discurso dito 
normal” (SANTANA; MASSI 2009, p. 3). Dessa forma, qualquer um pode em 
algum momento ter uma fala ecolalica.
A APA (2014, p. 126) classifi ca a ecolalia como: “ repetição da última palavra 
ou frase ouvida”. Mello (2007) nos diz que existem dois tipos de ecolalia: [...] 
ecolalia imediata, (acontece no momento). Outras crianças repetem frases 
ouvidas há horas ou até mesmo dias antes; é a chamada ecolalia tardia (MELLO, 
2007, p. 3). 
Nesse sentido, as Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com 
Transtornos do Espectro do Autismo (2014), do Ministério da Saúde, traz algumas 
considerações sobre a precisão do diagnóstico da criança com TEA, destacando 
a questão da fala e comunicação, como sendo um dosfatores essenciais para o 
diagnostico, além disso faz referência à ecolalia, veja:
Algumas crianças com TEA repetem palavras que acabaram 
de ouvir (ecolalia imediata). Outras podem emitir falas ou 
slogans e vinhetas que ouviram na televisão sem sentido 
contextual (ecolalia tardia). Pela repetição da fala do outro, não 
operam a modifi cação no uso de pronomes. Podem apresentar 
características peculiares na entonação e no volume da voz. A 
perda de habilidades previamente adquiridas deve ser sempre 
encarada como sinal de importância. Algumas crianças com 
TEA deixam de falar e perdem certas habilidades sociais já 
adquiridas por volta dos 12 aos 24 meses. A perda pode ser 
gradual ou aparentemente súbita. Caso isso seja observado 
em uma criança, ao lado de outros possíveis sinais, a hipótese 
de um TEA deve ser aventada, sem, no entanto, excluir 
outras possibilidades diagnósticas (por exemplo: doenças 
progressivas) (BRASIL, 2014, p. 34-35).
Para Oliveira (2001), a ecolalia tem grande valor na aquisição da linguagem, 
seria como uma "tentativa primitiva" de manter o contato social. Segundo Saad 
e Goldfeld (2009), especialistas fonoaudiólogas mostram que pesquisas sobre a 
ecolalia foram iniciada por volta de 1969 e se refere a qualquer modifi cação da 
emissão ecoada, podendo ser imediata ou tardia para fi ns comunicativos. Sobre 
ecolalias tardia, elas expressam:
28
 Comunicação Alternativa no TEA
• Ecolalias tardias não interativas:
o não focada;
o associação situacional;
o ensaio;
o autodiretiva;
o rotulação não interativa.
• Ecolalias tardias-interativas:
o troca de turno;
o conclusão verbal;
o otulação interativa;
o prover informação;
o chamado;
o afi rmação;
o pedido;
o protesto;
o diretiva (SAAD; GOLDFELD, 2009, p. 3).
Algumas famílias ao ter o diagnóstico de TEA dos seus fi lhos, buscam 
informações sobre a linguagem e a fala, acabam tendo uma percepção errônea 
com relação à linguagem da criança, ou seja, que está se desenvolvendo 
normalmente como qualquer criança, mas, aos poucos, a família vai percebendo 
que sua fala não é dirigida ao outro. Corroborando com esse pensamento, 
Jerusalinsky (1993, p. 66), esclarece que: 
A ecolalia implica numa mera repetição fônica de signifi cante, 
sem produção e circulação de signifi cação, por a criança “estar 
completamente hipotecada à decisão do outro, por estar numa 
colagem absoluta ao outro”.
Destacamos, aqui, que a intervenção do fonoaudiólogo é imprescindível para 
o tratamento precoce da ecolalia da criança com TEA.
O que é ecolalia patológica? É a repetição tipo papagaio e, 
aparentemente, sem sentido (“fazer eco”) de uma palavra ou frase 
recém-falada por outra pessoa (APA, 2014, p. 866).
29
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Onomatopeia é uma fi gura de linguagem da língua portuguesa, 
pertencente ao grupo das “fi guras de palavras” e que indica a 
reprodução de sons ou ruídos naturais. A onomatopeia é o processo 
de formação de palavras ou fonemas com o objetivo de tentar imitar 
o barulho de um som quando são pronunciadas. 
FONTE: <https://www.signifi cados.com.br/onomatopeia/>. Acesso em: 
2 ago. 2020.
FIGURA 9 – ECOLALIA
<https://static.wixstatic.com/media/5fa721_7ffe2226b4334045a082d9adbb5d75ff~mv2.
jpeg/v1/fi ll/w_385,h_250,al_c,lg_1,q_80/Unknown-1.webp>. Acesso em: 26 jul. 2020.
Os efeitos da ecolalia podem ser reduzidos por meio de tratamento 
fonoaudiológico individualizado e familiar. Assim, a terapia fonoaudiológica deve 
contar com o envolvimento de toda a família para a melhora da criança, isso 
porque o maior convívio social que essa criança terá, será sua família, eles serão 
os primeiros a observar falas que pareçam impertinentes, descontextualizadas 
ou falas com onomatopeias , mas que, para a criança, poderão ter signifi cados. 
Assim, destacamos que exige atenção conjunta dos familiares para seguir de 
forma positiva com a terapia. 
Para tanto, é preciso que o profi ssional seja procurado já na fase infantil, 
para que os resultados sejam positivos e efi cazes. O objetivo é fazer com 
que a criança seja entendida no momento em que se comunica durante seu 
desenvolvimento. Ressaltamos que cada profi ssional traçará o plano que melhor 
se adeque para cada sujeito com TEA. Há casos em que será preciso que sejam 
realizadas avaliações periódicas, enquanto que outros semanais.
30
 Comunicação Alternativa no TEA
Estudamos que a ecolalia não é apenas característica da 
criança com TEA, mas pode acontecer durante o desenvolvimento 
da fala de qualquer criança, porém, tende a desaparecer com o 
passar dos anos. Para Oliveira (2001), a ecolalia tem grande valor 
na aquisição da linguagem, seria como uma “tentativa primitiva” de 
manter o contato social. Sobre o exposto, avalie as asserções a 
seguir e a relação proposta entre elas:
I- Em crianças com TEA a ecolalia tende a persistir.
PORQUE
II- A ecolalia, diferencia-se no contexto patológico pela sua 
continuidade e por ser, muitas vezes, a única fala de crianças 
com autismo. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma 
justifi cativa da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não 
é uma justifi cativa da I. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma 
proposição falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição 
verdadeira.
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
3.2 APRAXIA NA PESSOA COM TEA
A apraxia está relacionada com a nossa motrocidade, conforme APA (2014, 
p. 683), “apraxia leve (i.e., difi culdade com movimentos com um propósito)”. 
Assim, a apraxia envolve a difi culdade em fazer movimentos fi nos e precisos, 
apesar da pessoa sentir o desejo de fazer esses pequenos movimentos. Gubiani, 
Pagliarin e Soares (2015), defi ne a apraxia de fala infantil, em inglês (Childhood 
Apraxia of Speech – CAS), como:
A CAS é um dos subtipos de distúrbio de fala infantil de origem 
desconhecida, o qual é defi nido como uma desordem motora 
31
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
dos sons, que interfere especifi camente o planejamento ou 
a execução do movimento orofacial durante a produção dos 
fonemas (GUBIANI; PAGLIARIN; SOARES, 2015, p. 2). 
 
Dentro desse mesmo conceito, Kent e Read (2002) dizem que a apraxia 
se manifesta pela alteração na sequência dos movimentos da fala, embora a 
musculatura não pareça estar fraca, lenta ou descoordenada. Nesse sentido, a 
apraxia que conhecemos, em geral, acontecem devido a patologias relacionadas 
com: AVC, infarto cerebral, tumor ou uma degeneração, nas conexões por causa 
de Alzheimer, demências, entre outras.
Nessas patologias mencionadas, a apraxia retém memórias de movimentos 
motores fi nos familiares, como: iniciar caminhada, pentear o cabelo, abrir ou 
fechar portas, utilizar chave de fenda ou tesoura, inspirar profundamente e 
segurar a respiração, usar corretamente talheres, escova de dentes, escrever. 
Oberserve a fi gura a seguir sobre a área do cérebro lesionado por infarto 
cerebral.
FIGURA 10 – INFARTO CEREBRAL
FONTE: <https://www.mdsaude.com/wp-content/uploads/
AVC-isquemico.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2020.
Segundo a APA (2014), apraxia, de forma geral, está dentro dos transtornos 
do desenvolvimento da coordenação motora integrado. Assim, a apraxia 
envolve não só o corpo, mas também a fala, além disso, o transtorno de fala 
é visto como uma comorbidade dentro de algumas patologias ou transtornos do 
desenvolvimento da coordenação (dispraxia verbal), conforme delinea a APA 
(2014, p. 88):
encontrado comórbido com transtorno da fala. [...]. Pode 
existir história de atraso ou descoordenação na aquisição 
das habilidades que também utilizam os articuladores e a 
musculatura facial relacionada; essas habilidades incluem, 
entre outras, mastigação, manutenção do fechamento da 
32
 Comunicação Alternativano TEA
boca e ato de assoar o nariz. Outras áreas da coordenação 
motora podem estar prejudicadas, como no transtorno do 
desenvolvimento da coordenação. Dispraxia verbal é um termo 
também usado para problemas de produção da fala. 
Muitas vezes, doenças como AVC, demência etc., não vêm com tanta 
intensidade e a apraxia passa despercebida, por isso, qualquer sintoma que 
indique uma apraxia tem de ser levado em consideração. Neste contexto, fazer 
testes ou exames neuropsicológicos realizados por neurogistas, fi sioterapeutas 
ou terapeuta ocupacional podem ajudar a identifi car apraxias mais sutis. Para 
um diagnótisco preciso é necessário: 
• Avaliação de um médico especialista.
• Testes das funções cerebrais.
• Exames por imagem, como tomografi a computadorizada ou imagem por 
ressonância magnética.
Destacamos a importância para não confundirmos apraxia com dispraxia
– que relaciona a problemas motores verbais e espaciais. Alguns especialistas 
usam o termo “síndrome da criança desajeitada” (APA, 2014, p. 119), para 
dispraxia. Já a apraxia está relacionada, em específi co, com movimentos fi nos, 
conforme já descrito pelo APA (2014).
Assim, no geral, a apraxia e dispraxia são condições médicas que afetam o 
sistema nervoso do corpo, levando a difi culdades nos movimentos que também 
podem envolver a articulação da fala e linguagem. Ambas são condições 
neurológicas incuráveis que precisam de terapia física e psicológica para trazer 
autonomia ao paciente.
Entenda melhor a diferença entre a dispraxia e apraxia 
por meio do vídeo a seguir: https://www.youtube.com/
watch?v=KJVvuxLMuwQ>.
A fi sioterapia e a terapia ocupacional são de suma impotância para melhorar 
moderadamente a vida funcional e tornar o ambiente mais seguro para os 
sujeitos com essas condições de apraxia e dispraxia. Vaz, Fontes e Fukujima 
(1999) dizem que as apraxias podem ser identifi cadas por testes específi cos, mas 
trazem o seguinte alerta sobre a aplicabilidade:
33
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Por profi ssionais da saúde envolvidos na recuperação 
neuromotora desses pacientes, quando devidamente 
treinados. [...] Para a aplicação dos testes, deve-se manter 
uma observação objetiva do comportamento motor do paciente 
[...] (VAZ; FONTES; FUKUJIMA, 1999, p. 2).
Vaz, Fontes e Fukujima (1999) nos dizem que as apraxias são classifi cadas 
segundo suas características, assim, poderíamos citar as várias apraxias 
explicando cada uma delas, certos que não esgotaríamos os estudos referentes a 
esta temática, mas esse não é nosso principal objetivo, por enquanto, dialogamos 
que,
A apraxia pode ser pura quando é específi ca e não está 
associada a uma outra condição; ou pode ocorrer associada 
a outras condições, tais como autismo e síndromes genéticas, 
por exemplo, Síndrome de Down, Síndrome de Prader-Willi, 
entre outras (TISMOO, 2017, s.p., grifo do autor).
Note a seguir as apraxias mais divulgadas e discultidas nas literaturas, 
segundo Vaz, Fontes e Fukujima (1999, p. 2-4):
• Apraxia ideomotora: é um distúrbio na realização dos gestos 
simples ou simbólicos, sem a utilização de objetos. Embora 
o paciente saiba o que fazer, ele é incapaz de fazê-lo com 
intenção, mas pode executá-los automaticamente (ex.: ordena-
se que o paciente faça o sinal da cruz, ele não o faz, mas 
realiza-o automaticamente ao entrar em uma igreja.
• Apraxia construtiva: é a incapacidade ou a difi culdade 
de reproduzir ou desenhar espontaneamente o que fazia 
anteriormente à lesão neurológica, sem difi culdade (ex.: ele é 
incapaz de fazer um desenho com molde).
• Apraxia mielocinética: é a incapacidade de executar 
movimentos adquiridos delicados; a rapidez e a habilidade 
estão afetadas, independentemente da complexidade do 
gesto; pode ser identifi cada na mímica, sendo mais evidente 
quando se testam os movimentos distais independentes, 
principalmente os mais rápidos (ex.: o paciente é incapaz de 
imitar o ato de passar a ferro).
• Apraxia da marcha: corresponde a um défi cit da marcha, 
que não pode ser explicado por fraqueza, perda sensorial 
ou incoordenação motora. A marcha é lenta, com passos 
pequenos, arrastados e hesitantes, às vezes com pausa; o 
início da marcha é difícil e a piora é progressiva, sendo que 
nos casos mais graves os pacientes são incapazes de dar um 
passo, como se seus pés estivessem colados ao chão.
• Apraxia bucofacial: o paciente é incapaz de realizar os 
movimentos voluntários da deglutição, movimentos voluntários 
da língua, movimentos faciais ao comando (ex.: lamber os 
lábios, soprar um fósforo), mas automaticamente fumam e 
recolhem migalhas nos lábios com a língua.
• Apraxia agnóstica: é comum alguns autores associarem as 
apraxias com as agnosias, sendo por defi nição: apraxia – 
34
 Comunicação Alternativa no TEA
Ao contrário da apraxia existe a praxia. Segundo o dicionário 
on-line em português [...] Na [Medicina] Função responsável pela 
realização de gestos ordenados e funcionais. Ação de participar 
ativamente numa atividade de ordem prática. 
Etimologia (origem da palavra praxia). Do grego práxis, “ação” 
+ ia. 
 FONTE: <https://www.dicio.com.br/praxia/>. Acesso em: 2 ago. 2020. 
alteração das funções gestuais, e agnosias – alteração das 
funções cognitivas, ou seja, o paciente não realiza os gestos 
por não reconhecer o objeto e qual a sua utilização.
• Apraxia diagonística: consiste em má cooperação entre 
as mãos na execução de tarefas bimanuais. Nas atividades 
espontâneas, [...] As difi culdades que o paciente encontra 
para a execução dessas tarefas bimanuais devem-se ao fato 
de que o conjunto cérebro esquerdo/mão direita responde às 
solicitações verbais ou aos projetos conceituais, enquanto 
o conjunto cérebro direito/mão esquerda responde às 
estimulações visuais concretas. Os dois hemisférios separados 
não podem coordenar sua respectiva atividade e atrapalham-
se mutuamente (grifo do autor).
Falamos de apraxia de uma forma geral, sejam por motivos patológicos 
ou por algum transtorno. Relacionado à pessoa com TEA e dependendo 
do grau de comprometimentos do espectro, a maioria das apraxias citadas 
anterioemente por Vaz, Fontes e Fukujima (1999), enquadram-se na pessoa com 
TEA, principalmente a apraxia bucofacial relacionada a fala, porque enquanto 
desenvolvemos nossa linguagem, ocorrem os chamados refi namentos nos 
movimentos nas estruturas fonológicas articulatórias responsáveis pela fala, 
transformando-os em movimentos cada vez mais precisos. Refi namentos estes 
importantes para a efetividade da comunicação oral.
Em algumas crianças com TEA, esse refi namento dos movimentos que vão 
ser usados durante a fala pode não acorrer, gerando uma fala desconxa e gestos 
articulatórios, caracterizando uma difi culdade práxica. Neste contexto, a apraxia
de fala na infância pode ser defi nida por Souza e Payão (2008, p. 1) como:
35
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
A Associação Americana de Fonoaudiologia recomenda o 
termo Apraxia de Fala na Infância para “Distúrbio neurológico 
motor da fala na infância, resultante de um défi cit na consistência e 
precisão dos movimentos necessários a fala, na ausência de défi cits 
neuromusculares (por exemplo, re-exos normais, tônus alterado).
FONTE: <https://apraxiabrasil.org/informacoes-sobre-afi />. Acesso 
em: 06 de Mar. 2020.
[...] um transtorno da articulação no qual há comprometimento 
da capacidade de programar voluntariamente a posição da 
musculatura dos órgãos fonoarticulatórios e a sequência 
dos movimentos musculares para a produção de fonemas 
e palavras. Essas difi culdades de programação de posição 
e seqüência dos movimentos ocorrem, apesar de sistemas 
motores, sensoriais, das habilidades de compreensão, 
atenção e cooperação encontrarem-se preservados (1-4) a 
difi culdade em programar voluntariamente o gesto articulatório 
na ausência de défi cits neurológicos ou musculares.
FIGURA 11 – APRAXIA NA INFÂNCIA
FONTE:<https://expliqi.com.br/wp-content/uploads/2019/08/
maxresdefault.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2020.
^
Assim, crianças com a Apraxia de Fala na Infância (AFI) normalmente 
possuem muitos erros durante a articulação. Shriberg et al. (1997) nos dizem que 
a AFI é defi nida como uma categoria diagnóstica atribuída a crianças cujos erros 
de fala diferem daqueles encontrados em crianças com atraso no desenvolvimento 
da fala e se assemelham aos erros de adultos com apraxia adquirida, os erros 
36
 Comunicação Alternativa no TEA
cometidos por essas crianças assemelham-se aos erros cometidos por adultos, 
após algum dano cerebral. 
De acordo com a ABRAPRAXIA (Associação Brasileira de Apraxia de Fala na 
Infância), no Brasil, as principais características encontradas na fala de crianças 
acometidas por essa difi culdade são:
• Pobre repertório de vogais, erros na produção das vogais na 
fala.
• Pobre repertório de consoantes durante a fala, incluindo as 
consideradas mais visíveis e fáceis de serem adquiridas, como 
P e M.
• Variabilidade de erros e presença de erros incomuns na fala.
• Os erros e a difi culdade aumentam com o aumento da 
quantidade de sílabas das palavras.
• Dependendo do grau de severidade, a criança pode produzir 
o som, sílaba ou palavra-alvo em um contexto, mas é incapaz 
de produzi-lo com precisão em um contexto diferente.
• Possuem mais di fi culdade nas tarefas que precisam de 
controle voluntário, em comparação com as realizadas de 
forma automática.
• Di fi culdade nas tarefas de diadococinesia, ou seja, para 
alternar com precisão a repetição das mesmas sequências, 
como pa/pa/pa ou de sequências múltiplas, como pa/ta/ka.
• Presença de alterações prosódicas, fala acelerada ou 
monótona, erros de ritmo e entonação, défi cit na duração dos 
sons e pausas entre as sílabas.
• Pode ser observado durante a fala “procura” ou “esforço” 
para realizar as posições articulatórias.
• A criança demonstra que fi ca “perdida”, não sabe como 
movimentar a boca, possui intenção comunicativa, tenta falar 
mas não consegue.
• Presença de uma grande discrepância entre a compreensão e 
a produção de fala (exemplo, entende o que lhe é falado, porém 
não consegue verbalizar sua resposta etc.) (ABRAPRAXIA, 
2018, s.p).
Agora, pare e refl ita! Já parou e percebeu o processo neurológico que está 
envolvido quando você fala? Quantos passos seus cérebro dá para acontecer a 
fala? Quantos músculos do seu corpo é preciso? É algo tão automático e natural 
que, provavelmente, nunca paramos para pensar nisso, não é mesmo? Bem, 
para a pessoa que possui apraxia de fala, não é nada natural produzir e soltar as 
palavras, exige um esforço muito grande, é um processo bem diferente, conforme 
descreve a fi gura a seguir. 
37
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
FIGURA 12 – COMO ACONTECE A APRAXIA
FONTE: <https://apraxiabrasil.org/site/wp-content/uploads/2020/06/CARTILHA-
APRAXIA-DE-FALA-NA-INF%C3%82NCIA_ISBN.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2020.
Dessa forma, trazemos um exemplo da ABRAPRAXIA, com a experiência 
de uma mãe que possue uma fi lha diagnosticada com apraxia de fala logo na 
infância, e que hoje já sabe ler. É um exemplo prático para pais e profi ssionais 
que atendem às crianças que possuem apraxia, independente de ter o diagnóstico 
com TEA. Acompanhe como ela estimula sua fi lha na leitura, na escrita e na 
noção do espaço temporal por meio de um quadro de rotina. Essa foto mostra um 
exercício diário que tem realizado com a fi lha.
FIGURA 13 – QUADRO ROTINA
FONTE: <https://apraxiabrasil.org/textos-sobre-afi /criando-uma-rotina-
para-a-crianca-com-apraxia-de-fala/>. Acesso em: 26 jul. 2020.
38
 Comunicação Alternativa no TEA
Para seu conhecimento, acadêmico, elencamos indicações de 
estudos e sites, relacionados à apraxia com um dos caminhos para 
se buscar e se aprofundar. Entre eles, destacamos a Associação 
Norte Americana de Fonoaudiólogos (ASHA), ela publicou três 
importantes documentos no ano de 2007 sobre a Apraxia de Fala 
na Infância (AFI). Eles se encontram na língua inglesa, mas com os 
recursos tecnológicos existentes hoje, pode-se fazer a tradução em 
pouco tempo. Então que tal pesquisar!
Note como a mãe faz isso: 
“— Todos os dias pergunto:
1) Que dia é hoje? Daí escrevo o dia, exemplo, 2.
2) Que dia foi ontem? Que dia veio antes de hoje? Daí escrevo 
o dia, exemplo, 1.
3) Que dia vai ser amanhã? Que dia vem depois de hoje? Daí 
escrevo o dia, exemplo, 3.
Faço as mesmas perguntas para o dia da semana, exemplo, 
quinta, quarta e sexta. Depois escrevemos a data completa 
e fi nalizo perguntando como está o tempo lá fora e desenho” 
(COLLAVINI, 2020, s.p.).
Esse é apenas um exemplo que parece simples, mas que tem dado certo em 
muitos lares e escolas. Assim, se há dúvidas quanto ao desenvolvimento da fala 
do fi lho ou do educando, se está adequado ou não para sua idade, não espere 
para procurar ajuda. A orientação é que busque o quanto antes um especialista 
fonoaudiólogo que tenha experiência com crianças, desenvolvimento da fala 
e linguagem e que conheça a Apraxia de Fala na Infância (AFI), para dar um 
diagnóstico correto. Procure, também, apoio em grupos de pais e profi ssionais 
na área, para que possam trocar informações importantes e de fontes seguras.
Estudos têm indicado que a música tem contribuído muito 
nas terapias para apraxia. Leia o artigo: Musicoterapia na fala 
da apraxia infantil. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/334230784_Musicoterapia_na_Apraxia_da_Fala_Infantil.
39
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
Para sse aprofundar neste assunto, acadêmico, indicamos 
alguns material a seguir:
• ABC da Apraxia de Fala na Infância: https://apraxiabrasil.org/
textos-sobre-afi/%EF%BB%BFabc-da-apraxia-de-fala-na-
infancia/.
• Baixe alguns materiais informativo: https://apraxiabrasil.org/
baixar-materiais/.
• Videos de profi ssionais e pais: https://apraxiabrasil.org/videos/.
• Declaração sobre AFI – www.asha.org/policy/PS2007-00277/.
• Reporte Técnico sobre AFI – www.asha.org/policy/TR2007-
00278/.
• Descrição da AFI como distúrbio de fala – www.asha.org/public/
speech/disorders/ChildhoodApraxia/.
Nesse sentido, nota-se a impotância de terem mais estudos relacionados à 
apraxia também aqui no Brasil. Assim, apresentamos alguns estudos e dicas da 
Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (ABRAPRAXIA), fundada em 
2016, que tem como principal objetivo a divulgação e terapias sobre apraxia no 
Brasil.
Fique atendo a esta data, 14 de maio, ela foi escolhida como o 
Dia da Conscientização da Apraxia na Fala na Infância nos Estados 
Unidos. Aqui, no Brasil, a ABRAPRAXIA vem utilizando a mesma 
data, com atividades educativas e informativas em vários pontos do 
país. 
Assim, é necessário muita atenção para disgnosticar qualquer 
tipo de apraxia na criança ou pessoa com TEA, visto que, em pessoas 
com algum tipo de lesão cerebral se torna fácil esse diagnóstico após 
alguns testes. O diagnóstico de apraxia, por vezes, acaba sendo 
tardio e confundido com outros transtornos de atraso de linguagem 
ou alguma comorbidade. Desta forma, destacamos que não tendo o 
diagnóstico correto, desde a infância, não terá também as terapias e 
nem suportes necessários para lidar com a apraxia quando se tornar 
um adulto com TEA.
Fique atendo a esta 
data, 14 de maio, 
ela foi escolhida 
como o Dia da 
Conscientização 
da Apraxia na Fala 
na Infância nos 
Estados Unidos. 
Aqui, no Brasil, a 
ABRAPRAXIA vem 
utilizando a mesma 
data, com atividades 
educativas e 
informativas em 
vários pontos do 
país. 
40
 Comunicação Alternativa no TEA
Após imergir no mundo da Apraxia de Fala na Infância (AFI), 
disserte brevemente sobre as principais características encontradas 
na fala das crianças acometidas por essa difi culdade, segundo a 
ABRAPRAXIA:
R.:_______________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________
Conheça o livro Estimulação da linguagem no transtorno do 
espectro autista – TEA. Elaboração e adequação de exercícios e 
atividades estruturadas, com base no método multissensorial para 
crianças com TEA em fase de alfabetização. Esta obra é o resultado 
das experiências, refl exões sobre a prática fonoaudiológica de 
autoria de Mariana Paes Leme Hypólito.
FIGURA – ESTIMULAÇÃO DA LINGUAGEM NO 
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA
FONTE: <https://images-americanas.b2w.io/produtos/01/00/
oferta/50289/5/50289510_1SZ.jpg>. Acesso em: 2 ago. 2020.
41
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM NO AUTISMO Capítulo 1 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
Ao refl etir sobre o processo de aquisição de linguagem e da fala da 
criança com TEA, encontramos muitas questões pragmáticas que, aos poucos, 
com o conhecimento adquirido, vão se dissolvendo em resposta a muitos 
questionamentos por parte dos pais e profi ssionais que atuam diretamente 
com crianças com TEA. Essas questões vão desde défi cits simples de atraso 
de linguagem até aos mais complexos, incluindo os sintomas relacionados aos 
movimentos corporais de marcha, entre outros.
Fica evidente que a ecolalia é uma característica que pode ser considerada 
como indício da entrada de qualquer criança no mundo da linguagem, o que muitas 
vezes difi culta o disgnóstico em crianças com TEA, sendo confundida como um 
desenvolvimento de linguagem normal na infância, até que se mostrem, de fato, 
que existe um problema de fala para se comunicar e precisa de intervenção. 
Logo, a interação social se torna uma peça-chave na construção da linguagem, 
com qualquer pessoa que possue qualquer ditúrbio de linguagem, pois é nela que 
ocorrem as práticas dialógicas.
Entende-se também que nem todas as crianças com TEA desenvolverão 
transtornos do desenvolvimento motor fi no ou grosso, relacionado à dispraxia 
com seu seus subgrupos: ecolalia, apraxia, entre outros. Muitos possuem 
movimentos práxicos sem nenhuma difi culdade motora fi na ou global, ou seja, 
aqueles movimentos que seguem uma sequência familiar que já foi desenvolvida 
e aprendida ao longo do tempo.
Outro aspecto considerado foi a importância de valorizarmos as 
demonstrações de tentativas do autista diagnosticado com apraxia de fala em 
expressar o seu desejo, entende-se que, em sua mente, está claro o que ele 
quer, talvez imagem mental da fi gura do objeto, mas não é capaz de realizar 
a programação cerebral específi cas dos órgãos fonoarticulatórios (OFA) para 
produzir os sons desejados, na ordem e sequência adequadas, e, por fi m, produzir 
a fala e se comunicar.
Enfatizamos que crianças com TEA que possuem mais comorbidades 
associadas que outras, além da ecololaia e apraxia, fazer intervenções 
comunicacionais, torna-se um desafi o ainda maior, isso devido a questões 
comportamentais ou sensoriais, que não permitem um tempo de foco/
atenção, bem como outras caracteristicas para tal intervenção. A partir destas 
considerações, entendemos que a intervenção fonoaudiológica por especialistas 
na área de apraxia e TEA que direciona as terapias essencialmente para os 
42
 Comunicação Alternativa no TEA
aspectos da comunicação social/funcional e para as habilidades de linguagem, 
são de fundamental importância. 
Destaca-se, nesse processo, a importância do respeito na construção da 
subjetividade de cada criança ou adulto com TEA, considerando a singularidade 
de cada um. Essa singularidade é própria ao processo de aquisição de linguagem 
e faz parte da relação particular que se estabelece entre o sujeito, a linguagem e 
suas interações sociais.
Acima de tudo, devemos lembrar que cada pessoa com TEA terá suas 
especifi cidades. Por isso, é extremamente importante pensar em terapias para 
ecolalia e apraxia de forma personalizadas/customizadas, bem como buscar 
contemplar todos os componentes que fazem parte da intervenção. Nesse 
contexto, a participação da família, especialmente dos pais, da escola e dos 
demais profi ssionais que o atende será, sem dúvida, um caminho do êxito, 
comunicativo e social da pessoa com TEA.
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CAPÍTULO 2
TEA: MATERIAIS E INSTRUMENTOS DA 
INTERVENÇÃO EM COMUNICAÇÃO 
AUMENTATIVA ALTERNATIVA (CAA)
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Compreender a importância de ferramentas interventivas para complementar 
ou suplementar a comunicação da pessoa com TEA.
• Conceituar a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e seus instrumentos 
no uso da comunicação de pessoas com défi cit de fala.
• Entender o desenvolvimento e utilização do sistema SCALA na promoção e 
letramento do autista.
• Analisar os sistemas PECS, CARDS como instrumentos para potencializar a 
comunicação das pessoas com TEA.
• Propor a Língua de Sinais como uma alternativa de expressão e sinalização 
para a pessoa com TEA.
48
 Comunicação Alternativa no TEA
49
TEA: MATERIAIS E INSTRUMENTOS DA INTERVENÇÃO 
EM COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA ALTERNATIVA (CAA)EM COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA ALTERNATIVA (CAA)
 Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A comunicação é um dos meios responsáveis pela construção da sociedade 
humana, por meio dela, realizamos trocas de informações, compartilhamos 
momentos, defendemos, avaliamos, enfi m, construímos uma rede em nossa volta. 
De fato, o homem é um ser social! Nesse sentido, o movimento de ir e vir do ser 
humano foi construindo processos de comunicação que produzem e transmitem 
informações e opiniões sobre pessoas, instituições, produtos, acontecimentos, 
conhecimentos do mundo inteiro. 
Tudo é transformado em mensagem, em informação. Isso só é possível 
através de meios que possibilitam que qualquer pessoa possa saber o que 
está acontecendo “agora” em qualquer lugar do mundo. Desde o nascimento, a 
efetivação da comunicação acontece e envolve o emissor (quem transmite) e o 
receptor (quem recebe). É uma troca que de alguma forma há a obtenção e a 
transmissão de conhecimentos e signifi cados daquele sinal utilizado por ambos 
que o utilizam.
Conforme já foi visto, a pessoa com TEA apresenta um défi cit considerável 
na comunicação, interação social e comportamento, por ser um transtorno global 
do desenvolvimento, o que implica em défi cits nos aspectos neurológicos. Neste 
capítulo, veremos alguns instrumentos relacionados à comunicação, que podem 
ajudar e contribuir para o desenvolvimento da linguagem da pessoa com TEA, 
principalmente aqueles conhecidos como “não verbais”.
No contexto da comunicação não verbal, trazemos um recorte sobre 
a comunicação proxêmica, esse tipo de comunicação estuda o signifi cado 
social do espaço, a proximidade, ou seja, estuda como o homem estrutura 
inconscientemente o próprio espaço por meio da comunicação, Conforme Galvão 
et al. (2006), para entendermos sobre análise proxêmica temos que compreender 
oito fatores compostos pelas seguintes dimensões: 
1. Postura-sexo: analisa o sexo dos participantes e a posição 
básica dos interlocutores, como as posições: de pé, sentado 
e deitado; 2. eixo sociofugo-sociopeto: o eixo sociofugo 
demonstra o desencorajamento da interação, enquanto o 
sociopeto trata do inverso. Essa dimensão analisa o ângulo 
dos interlocutores, a saber: face a face, de costas um para 
os outros, entre outras angulações; 3. cinestésicos: cabe-
lhes provocar a proximidade entre os interlocutores. Analisa o 
contato físico a curta distância, como o toque ou o roçar da pele 
e o posicionamento das partes do corpo; 4. comportamento de 
contato: esse fator refere-se às formas de relações táteis como 
acariciar, agarrar, apalpar, segurar demoradamente, apertar, 
tocar localizado, roçar acidental ou nenhum contato físico; 
5. código visual; verifi ca o modo de contato visual ocorrido 
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 Comunicação Alternativa no TEA
nas interações como o olho no olho ou ausência de contato; 
6. código térmico: diz respeito ao calor percebido pelos 
interlocutores; 7. código olfativo: analisa as características e 
o grau de odor percebido

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