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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Microbiologia na Prática clínica
Elaboração
Patricia Soares Flores 
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO ....................................................... 9
CAPÍTULO 1 
TRÍADE DAS DOENÇAS INFECCIOSAS ....................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
CRESCIMENTO MICROBIANO E NUTRIÇÃO ............................................................................. 13
CAPÍTULO 3
PRINCÍPIOS DE ESTERILIZAÇÃO EM MICROBIOLOGIA............................................................... 20
UNIDADE II
FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA ......................................................................................................... 25
CAPÍTULO 1
COLETA, TRANSPORTE E RECEBIMENTO DE AMOSTRA MICROBIOLÓGICA ................................ 25
CAPÍTULO 2
EXAME MICROSCÓPICO E PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS NA FASE ANALÍTICA ................... 31
CAPÍTULO 3
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS INICIAIS............................................................................. 37
UNIDADE III
DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS .......... 42
CAPÍTULO 1
BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS, BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS E OUTROS GRUPOS BACTERIANOS 42
CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO À TERAPIA ANTIMICROBIANA ANTIBIOGRAMA .................................................... 56
CAPÍTULO 3
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................................................... 62
UNIDADE IV
DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO, DIAGNÓSTICO VIROLÓGICO E SUBMISSÃO DE LAUDOS E DE PROGRAMA 
DE CONTROLE DE QUALIDADE ............................................................................................................ 68
CAPÍTULO 1
DIAGNÓSTICO MICOLÓGICO ................................................................................................ 68
CAPÍTULO 2
DIAGNÓSTICO VIROLÓGICO ................................................................................................. 75
CAPÍTULO 3
SUBMISSÃO DE LAUDOS ......................................................................................................... 84
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 86
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
A microbiologia é o estudo dos microrganismos, quais sejam, bactérias, fungos 
(leveduras e fungos filamentosos), protozoários e algas microscópicas, incluindo os 
vírus que são acelulares. São seres que não podem ser observados sem o auxílio da 
microscopia.
Estão presentes no solo, no ar, na água, no homem e nos animais. São seres 
impactantes em toda a vida, porém tendemos a associar os microrganismos somente 
às doenças e à deterioração de alimentos. A maioria dos microrganismos, contudo, são 
necessários à manutenção do equilíbrio dos organismos vivos e elementos químicos 
no nosso ambiente. O contato desses seres com o homem ou com os animais pode 
ocorrer de forma positiva e indispensável à vida. Vejamos alguns exemplos: são 
essenciais na constituição física e química do nosso planeta, são responsáveis pelo 
transporte dos elementos químicos essenciais para a manutenção da vida (carbono, 
nitrogênio, enxofre, hidrogênio e oxigênio) etc. Microrganismos presentes em água 
salgada e em água doce constituem a base da cadeia alimentar em oceanos, lagos 
e rios. Outros são essenciais na fotossíntese, gerando oxigênio. Há, ainda, muitos 
desses microrganismos que se abrigam na microbiota intestinal de seres humanos e 
de animais, auxiliando na digestão e na síntese de vitaminas do complexo B e para 
o metabolismo de vitamina K. 
Porém, o foco do nosso estudo são os principais microrganismos patogênicos de 
interesse veterinário. O intuito é apresentar a microbiologia na prática clínica e sua 
rotina laboratorial.
Objetivos
 » Entender a interação entre homem, hospedeiro e meio ambiente.
 » Compreender a diferença de cada microrganismo e seu crescimento.
 » Conhecer os principais métodos físicos e químicos de esterilização e 
como eles são aplicados.
 » Entender como a coleta e o acondicionamento das amostras podem 
influenciar no resultado final do exame.
 » Comparar os diferentes tipos de microscópios e suas funções.
9
 » Conhecer os principais meios de cultura.
 » Aprender sobre as provas bioquímicas realizadas para identificação de 
microrganismos.
 » Conhecer os principais métodos de diagnóstico bacteriológico, micológico 
e virológico.
 » Associar as principais doenças provocadas por microrganismos ao meio 
de diagnósticomais adequado.
 » Entender o objetivo e a importância do controle de qualidade.
10
11
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO 
DIAGNÓSTICO 
MICROBIOLÓGICO 
VETERINÁRIO
CAPÍTULO 1 
Tríade das doenças infecciosas
Para iniciar nosso estudo, precisamos compreender as doenças infeciosas que, por 
definição, são doenças causadas por um agente externo que se replica ou multiplica, 
existindo uma relação entre o hospedeiro, o agente infecioso e o ambiente. Em 
alguns casos pode-se até incluir um quarto elemento: o vetor. Vetores são insetos que 
transportam os agentes infecciosos para o hospedeiro. 
Figura 1. Tríade infeciosa
 
 
HOSPEDEIRO 
AGENTE 
INFECCIOSO 
AMBIENTE 
Fonte: Junior et al. (2012).
Hospedeiro – pode ser o animal ou o homem que estará exposto a microrganismos 
(bactérias, fungos, parasitas e vírus). O hospedeiro pode apresentar-se de forma 
assintomática, ou seja, sem sintomas aparente, ou sintomático. Ambos, no entanto, 
12
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
são capazes de eliminar o patógeno no meio ambiente e para outros hospedeiros, 
contribuindo para a transmissão do agente infeccioso. 
Agente infeccioso – são denominados microrganismos, os quais podem ser:
Bactéria 
São procariontes e diferenciam-se pelo seu tamanho e estrutura. Incluindo as 
cianobactérias, conhecidas anteriormente como algas azuis e verdes; riquétsias 
e clamídias, são dois grupos de pequenas bactérias que necessitam da célula 
do hospedeiro, ou seja, da célula viva para o seu crescimento. Geralmente 
apresentam sua parede celular rígida, e o que confere essa rigidez é uma camada 
denominada peptideoglicano, que tem como função impedir a lise osmótica. 
A maioria das suas espécies possue formato característico, tais como: cocos 
(p.ex. gênero Streptococcus; espécies S. equi ssp., S. canis, S. suis), bacilos 
(p.ex. gênero Bacillus, espécie Bacillus anthracis), espiroquetas (p.ex. os 
gêneros Leptospira e Helicobacter) e, eventualmente, filamentos ramificados 
(exemplo de gêneros filamentosos Actinomyces, Nocardia, Dermatophilus, 
Streptobacillus). Bastante diversificadas, podem ser móveis ou não, crescem 
em temperaturas extremas que variam de -20°C até 110°C e em ambientes 
alcalinos e ácidos. São divididas em dois grupos principais, denominados Gram-
positivos e Gram-negativos e sua distinção baseia-se na reação de coloração de 
Gram, onde veremos com mais detalhes na Unidade III. A parede celular desses 
dois grupos de bactérias, quando observadas sob microscópio eletrônico, é 
marcantemente diferenciada. A parede celular Gram-positiva apresenta-se 
de forma muito mais espessa enquanto que a Gram-negativa é uma estrutura 
observada em multicamadas e complexa. Algumas bactérias podem produzir 
endósporos, que tem como função resistir à influência do meio ambiente 
como, por exemplo, carência nutricional e temperaturas extremas. Exemplo 
de bactéria que produz endósporo são os gêneros Bacillus e Clostridium. 
Em resumo, bactérias são compostas por cápsula, parede celular, membrana 
celular, citoplasma contendo material nuclear e estruturas acessórias como 
flagelo e pili (fimbrias) (QUINN, 2005).
Fungo
São leveduras, bolores e cogumelos, pertencentes ao grupo dos eucariontes 
não fotossintéticos. Possuem parede celular bem definida, composta por 
quitina e alguns apresentam celulose em sua composição. Sua estrutura 
13
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO │ UNIDADE I
vegetativa pode ser unicelular, denominada de leveduras, as quais possuem 
formato esférico ou ovóide. Multiplicam-se por brotamento, enquanto os 
multicelulares são os fungos com estrutura filamentosa, conhecidos como 
hifa. Os bolores são ramificados, entrelaçam-se livremente em hifas formando 
um micélio aberto, enquanto os cogumelos formam-se por hifas firmemente 
entrelaçadas. Exceto as leveduras, os fungos crescem interconectados por 
filamentos ramificados. Para entendermos sua morfologia, vejamos algumas 
denominações: hifa são filamentos individuais e micélio são conjuntos 
interconectado de hifas; cenocíticos são micélios de fungos inferiores por 
não possuírem divisão; septos são micélios de fungos superiores e parecem 
ser divididos; talo (corpo), entre todos os fungos, pode ser visto como uma 
única célula. Alguns fungos apresentam-se como levedura e bolores, e são 
conhecidos como dimórficos. Sua reprodução dá-se por meio de esporos. 
Parasitas
São eucariontes. Nesse grupo, encontramos protozoários (ex: Trypanossoma 
cruzi causa doença de chagas, Giardia lamblia, causa giardíase e Toxoplasma 
gondii é responsável pela toxoplasmose); helmintos, os quais incluem dois filos; 
os platelmintos também chamados de vermes chatos (ex: Taenia saginata, 
causador da cisticercose humana r Echinococcus granulosus, responsável pela 
cisticercose canina) e os nematelmintos, conhecidos como vermes cilíndricos 
ou nematoides (ex: Toxocara canis e Ancylostoma caninum). No grupo estão 
incluídos, também, os vetores artrópodes de importância veterinária, como os 
carrapatos, o barbeiro e a pulga, por exemplo. 
Vírus
Sua estrutura é menor e mais simples que os eucariotos e procariotos. Nesse sentido, 
Flores (2007) argumenta:
Não possuem a maquinaria necessária para a produção de energia 
metabólica e para a síntese de proteínas e, por isso, necessitam das 
funções e do metabolismo celular para se multiplicar. A sua atividade 
biológica só é adquirida no interior de células vivas, por isso são 
parasitas intracelulares obrigatórios.
Ou seja, não se replicam sozinhos, fora de uma célula animal ou vegetal viva são 
incapazes de realizar sua replicação. Apresentam um tipo de ácido nucleico (DNA 
ou RNA) e o restante de sua composição é proteína ou glicoproteína. Ferreira (2015) 
14
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
definiu vírus de uma forma simples e objetiva. Segundo ele, “é um arranjo molecular, 
constituído por proteínas e ácido nucleico, eventualmente com um envelope lipídico; 
a função deste aparato é levar a informação genética a salvo para dentro da próxima 
célula a ser infectada”.
Ambiente - “A ligação entre o agente infeccioso e o hospedeiro final é o ambiente. A 
maioria dos agentes infecciosos apresentam uma fase que vivem livres no ambiente e 
infectam hospedeiros, as vezes sendo necessário passar por um vetor. A manutenção de 
tais microrganismos requer acesso a um novo hospedeiro sensível e sua capacidade de 
sobreviver durante essa transferência” (JUNIOR et al., 2012).
A transmissão de uma doença infecciosa dá-se por diversas maneiras, podendo 
ser através de gotículas respiratórias ou fômites (vasilhas de água e/ou comida, por 
exemplo). Destaca-se, contudo, que fômites não são considerados reservatórios, porque 
o microrganismo não sobrevive por muito tempo nesse ambiente. Outros meios de 
transmissão podem ser: contato corporal direto, via fecal-oral, vetores artrópodes que 
podem ser vetores biológicos e mecânicos e transmissão pelo ar e vertical, que ocorre 
quando a mãe passa para o feto.
O microrganismo deve ser capaz de realizar as seguintes etapas (INGRAHAM, 2011):
1. Manter reservatório;
2. Sair desse reservatório e entrar no hospedeiro;
3. Aderir à superfície do hospedeiro;
4. Invadir o corpo do hospedeiro;
5. Escapar das suas defesas;
6. Multiplicar-se; e
7. Sair do hospedeiro e entrar em um novo hospedeiro ou retornar ao 
reservatório.
15
CAPÍTULO 2
Crescimento microbiano e nutrição
Quando falamos em crescimento microbiano, estamos nos referindo 
ao número de células e não ao tamanho delas. Os microrganismos que 
crescem estão aumentando em número e acumulam-se em colônias ou 
em grupos de células que podem ser visualizados sem a utilização de um 
microscópio (TORTORA, 2012).
Para o crescimento microbiano ser bem sucedido são necessários fatores físicos e 
químicos. 
 » Fatores Físicos: 
1. Temperatura: os microrganismos são identificados em três grupos 
principais que estão relacionados com a faixade temperatura ideal 
que necessitam para o seu crescimento. São elas os psicrófilos (-5°C e 
15°C), mesófilos (crescem entre 28°C e 37°C), termófilos (57°C e 87°C) 
e hipertermófilos (crescem em temperatura em ponto de ebulição). Caso 
essa temperatura ultrapasse seu limite superior, consequentemente 
ocorrerá desaceleração das reações metabólicas levando à morte celular.
2. pH: geralmente os microrganismos crescem em pH neutro (6,0 a 8,0). 
São os neutralófilos, porém existem aqueles denominados acidófilos, 
os quais crescem em pH ácido (3,0), e os alcalófilos crescem em meio 
alcalino (10,5). Os fungos crescem em um meio cujo pH é ligeiramente 
ácido e protozoários e algas, em meio com pH neutro. As bactérias 
regulam seu pH intracelular de acordo com o pH externo através de 
diversos mecanismo, como exemplo “Os microrganismos acidófilos 
mantêm um pH interno de 6,5 com relação a uma faixa externa de 1,0 a 
5,0” (TORTORA, 2012).
3. Pressão osmótica: as bactérias são normalmente mais exigentes 
quanto à disponibilidade de água livre, seguidas pelas leveduras e 
bolores. Alguns microrganismos destacam-se por necessitarem de altas 
concentrações de sal: são os halofílicos. “Células bacterianas do meio 
ambiente geralmente estão presentes em soluções hipotônicas desde que 
sua parede celular esteja intacta, e permanecem túrgidas sem ocorrer 
lise. Porém algumas bactérias estão adaptadas a ambientes hipertônicos 
16
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
podendo crescer em soluções em altas concentrações salinas, exemplo 
Staphylococcus aureus” (QUINN, 2005).
Fatores químicos
Além dos fatores físicos, os microrganismos necessitam de nutrientes essências para 
seu crescimento. Esses são os seguintes macronutrientes: 
 » Carbono: algumas bactérias adquirem as necessárias moléculas de 
carbono por meio do dióxido de carbono (autotróficos). Outras adquirem 
esse elemento por meio de compostos orgânicos (heterotróficos).
 » Nitrogênio: encontrado na natureza na forma de gás (N2) ou na forma 
combinada, como matéria inorgânica (amônia) ou orgânica (aminoácidos 
e purinas). Os microrganismos variam quanto à sua capacidade 
de assimilar esse composto. Algumas bactérias obtêm o nitrogênio 
da decomposição de material proteico, outras, na forma de íons de 
amônio (NH4
+) encontrada em material celular orgânico. Muitas das 
cianobactérias fotossintéticas utilizam o N2 diretamente da atmosfera, no 
processo conhecido como fixação de nitrogênio.
 » Enxofre: compõe 1% da célula. É encontrado no ambiente na forma 
elementar, oxidada e reduzida, as quais são utilizadas pela bactéria. 
Porém, a fonte mais comum de enxofre em meios de laboratórios é o íon 
sulfato (SO4
2-) inorgânico, que é o preferencial das bactérias. 
 » Fósforo: essencial para síntese de ácido nucleico e fosfolipídios 
presentes na membrana celular. Tal elemento entra na célula na forma 
de íons fosfatos (PO4
3-), necessário como componente do ATP. Muitos 
microrganismos utilizam compostos orgânicos, contendo fosfato, como 
fonte de fósforo. 
 » Oxigênio: microrganismos que utilizam o oxigênio atmosférico fazem 
respiração aeróbia. Aqueles que necessitam de oxigênio para sobreviver 
são chamados de aeróbios obrigatórios e os anaeróbios, contudo, 
não o utilizam. Como o oxigênio é pouco solúvel na água no ambiente 
desses microrganismos, alguns aeróbios obrigatórios desenvolveram a 
capacidade de continuar a crescer mesmo na ausência desse elemento, e 
são chamados de anaeróbicos facultativos. Na ausência de oxigênio, 
eles utilizam a fermentação ou a respiração anaeróbica. Exemplo de 
anaeróbico facultativo: Escherichia coli. Muitas leveduras também são 
17
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO │ UNIDADE I
anaeróbicos facultativos. Os anaeróbicos obrigatórios são bactérias 
sensíveis ao oxigênio e crescem em ambiente anaeróbio como, por 
exemplo, o gênero Clostridium, que contém espécies que causam o tétano 
e o botulismo.
Outros micronutrientes, como magnésio, cálcio, potássio etc., são utilizados como 
cofatores de reações enzimáticas. 
Curva de crescimento microbiano
Quando uma bactéria ou fungo são semeados em meio líquido, é possível representá-lo 
graficamente pela curva de crescimento microbiano. Ela mostra-nos o crescimento das 
células em função do tempo, sendo frequentemente utilizada para demonstrar o quão 
rápido está sendo o crescimento de uma cultura:
Figura 2. Curva de crescimento microbiano - Log da concentração celular x Tempo
 
 
Fase de 
latência 
(fase lag) 
Fase log ou de 
crescimento 
exponencial 
Fase estacionária Fase de morte ou 
logarítmica de 
declínio 
Fonte: Brooks et al. (2014).
São quatro fases distintas:
1. Latência (fase lag): taxa de crescimento zero. Considerada fase de ajuste, 
ocorre quando um microrganismo foi transferido de um meio para o 
outro ou de um ambiente para outro. Passa por uma intensa atividade 
metabólica, mas sem aumento populacional. Sua duração varia de uma 
hora até dias. 
2. Exponencial, Log ou logarítmica: taxa de crescimento constante. 
As células iniciam seu processo de divisão entrando no período de 
crescimento. Fase com maior atividade metabólica. Chega ao final, 
18
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
geralmente, por esgotamento de nutrientes essenciais, diminuição de 
oxigênio em cultura aeróbia ou acúmulo de produtos tóxicos que inibem 
o crescimento.
3. Estacionária: taxa de crescimento zero. Ocorre declínio na taxa de divisão 
celular. No momento que ocorre um equilíbrio, o número de células em 
divisão será semelhante ao número de células mortas.
4. Declínio: taxa de crescimento negativa (morte). Os nutrientes no meio 
estão escassos e ricos em toxinas produzidas pelo próprio microrganismo.
Fungos e bactérias diferem-se em determinadas necessidades ambientais e 
nutricionais, como é possível ver na sequência:
 » Fungos crescem melhor em ambientes ácidos.
 » Quase todos os fungos são aeróbicos, enquanto a maioria das leveduras 
são anaeróbicas facultativas. 
 » A maioria dos fungos são mais resistente à pressão osmótica e, 
consequentemente, podem crescer em concentrações relativamente altas 
de açúcar ou sal. 
 » Fungos não toleram altas temperaturas como algumas bactérias. 
 » Fungos podem crescer em substâncias com baixo grau de umidade, 
algumas vezes podendo impedir o crescimento bacteriano.
 » Para o seu crescimento, fungos necessitam de menos nitrogênio que as 
bactérias. 
 » Os fungos, frequentemente, são capazes de metabolizar carboidratos 
complexos como, por exemplo, a lignina (componente escuro da 
madeira).
Quadro 1. Comparação entre fungos e bactérias
Fungos Bactérias
Membrana celular Esteróis presentes Esteróis ausentes, com exceção do Mycoplasma
Parede celular Glicanas; mananas; quitina (sem peptideoglicana) Peptideoglicana
Esporos Esporos reprodutivos sexuais e assexuais
Endosporos (não para reprodução); alguns esporos assexuais 
reprodutivos
Metabolismo Limitado a heterotrófico; aeróbico, anaeróbico facultativo
Heterotrófico, autotrófico, fotoautotrófico; aeróbico, anaeróbico 
facultativo, anaeróbico
 
Fonte: Adaptação de Tortora (2012).
19
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO │ UNIDADE I
Medição do crescimento microbiano
1. Medição da massa celular:
a. Determinação direta de peso seco: devem ser separadas do meio por 
filtração ou centrifugação. Depois, devem ser secas em um forno, a 105°C, 
por mais ou menos 24h, com posterior resfriamento para pesagem das 
células.
b. Turbidez: é medida com um espectrofotômetro, o qual verifica quanta luz 
uma cultura líquida de células transmite. Isso significa que, quanto maior 
a massa de células em uma cultura líquida, maior é a turbidez. Menos luz 
é transmitida pela cultura e a leitura no espectrofotômetro é mais alta.
Figura 3. Turbidimetria
 
 
Luz 
Filtro 
Filtra a luz de comprimento 
de comprimento de onda 
especifico 
 Amostras contendo células 
Luz nãodispersa 
Foto célula (mede a luz não dispersa) 
Espectrofotômetro 
Fonte: Madigan et al. (2010).
2. Contagem do número em uma população:
a. Contagem total de células.
20
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
Esse método avalia células vivas e mortas. Realizado por intermédio da microscopia 
direta, é utilizada uma lâmina especial, chamada câmara de contagem Petroff-Hausser, 
comumente utilizada em laboratório de microbiologia. Essa técnica pode ser realizada 
eletronicamente, utilizando-se o contador de Coulter.
Figura 4. Contagem total de células através da câmara Petroff-Hausser
 
 
No/mm2 
No/mm3 
 No/cm3 (ml) 
 
Lamínula 
A amostra é aplicada neste 
ponto e deve-se ter o cuidado 
para que ela não transborde 
Observação microscópica; todas as 
células do quadrado grande são 
contadas (16 quadrados pequenos) 
Fonte: Madigan et al. (2010).
b. Contagem de células viáveis: determina o número de células vivas capazes 
de formar colônias num meio de cultura com composição adequada ao 
crescimento do microrganismo. 
 › Contagem em placas – utilizada para obter-se a contagem de unidades 
formadoras de colônias (UFC) presente na amostra sob análise. Uma 
amostra de cultura é diluída em série (normalmente dez vezes) e uma 
quantidade pequena é espalhada em uma placa de Petri e incubada.
 › Contagem por filtração – procedimento valioso e sensível, capaz de 
detectar e contar pequenos microrganismos em grandes volumes de 
líquido ou gás. 
 › Número mais provável (NMP) - método estatístico que estima o 
número de células viáveis em uma amostra. Envolve uma série 
de diluições em meio líquido apropriado para o crescimento de 
um determinado organismo, no qual são incubados, ficando por 
um período suficiente para seu crescimento, e posteriormente são 
examinados. “Técnica que consiste em quanto maior o número 
de bactérias em uma amostra, maior será o número de diluições 
necessárias para reduzir a densidade até um ponto no qual mais 
21
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO │ UNIDADE I
nenhuma bactéria esteja presente nos tubos de diluição seriada” 
(TORTORA, 2012).
Biofilmes
São definidos como um grupo organizado de microrganismos que vivem dentro de 
uma matriz de substâncias poliméricas e que se aderem a várias superfícies, com a 
função de proteger-se das adversidades do ambiente em que estão. São encontrados 
em quase todos os ambientes, inclusive em superfícies bióticas e abióticas. Os 
biofilmes formam-se nos alimentos, na água, nos dentes, nas lentes de contato, 
no cateter urinário, entre outros. Exemplos de bactérias formadoras de biolfimes: 
Staphylococcus aureus, Streptococcus sp. e Escherichia coli, importantes bactérias 
causadoras de mastite bovina (GUPTA et al., 2015).
22
CAPÍTULO 3
Princípios de esterilização em 
microbiologia
“A esterilização consiste na eliminação ou remoção de toda e qualquer forma 
de vida existente em determinado material ou ambiente, enquanto assepsia 
é um conjunto de medidas que impede a entrada de microrganismos onde 
esses não são desejados” (VERMELHO et al., 2011).
Podemos utilizar diversos tipos de equipamento para esterilização, embora os 
mais comuns sejam:
 » Autoclave.
 » Forno Pauster (estufa).
 » Filtros esterilizantes.
Figura 5. Autoclave
Fonte: https://www.boekelsci.com/cement-autoclave-116.html. Acesso em: 19/03/2019.
Podemos controlar o crescimento de microrganismos por meio de agentes 
químicos e físicos cuja função é eliminar totalmente ou impedir seu crescimento. 
O controle do crescimento de microrganismo é importante em todas as esferas, 
seja na área de saúde (ex: prevenção das infecções hospitalares, que vai desde 
a lavagem corretamente da mão até o procedimento indicado), no campo 
industrial (ex: garantir a qualidade de alimentos, medicamentos, cosméticos e 
água), laboratórios de pesquisa e de análises clínicas (ex: preparo do meio de 
cultura, esterilização de vidrarias como placa de petri e pipetas).
23
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO │ UNIDADE I
Vejamos abaixo alguns exemplos de métodos físicos e químicos utilizados na 
esterilização e na desinfecção. A escolha de cada um deles vai depender do seu 
objetivo, o tipo de material a ser esterilizado e o nível de controle desejado.
Métodos físicos 
Temperatura
O calor é um método simples, seguro, econômico e não forma produtos tóxicos. 
Atua desnaturando proteínas e enzimas e rompendo a membrana celular. O calor 
seco tem como objetivo esterilizar materiais a alta temperatura, por esse motivo 
o material deve ser resistente. Para eliminar esporos, por exemplo o gênero 
Clostridium, a temperatura utilizada deve ser de 121°C durante 15 minutos, sendo 
que 100°C é o suficiente para destruir todas as formas bacterianas. Para utilizar 
esse método, dispõe-se de estufas elétricas com ar quente circulante. Calor 
úmido é utilizado na forma de vapor que penetra e distribui o calor de maneira 
uniforme em todas as partes do recipiente, eliminando formas vegetativas de 
bactérias, vírus, fungos e seus esporos. Tem como objetivo esterilizar líquidos e 
materiais que se queimam facilmente, e é usado em alimentos enlatados. Para essa 
finalidade, utilizam-se as autoclaves. A pasteurização elimina determinados 
microrganismos, desacelerando a deterioração do leite e derivados, por exemplo. 
O processo consiste no aumento da temperatura, por um determinado período 
de tempo, seguido de baixa temperatura inferior à de antes. O frio não elimina o 
microrganismo, mas interrompe o crescimento e desacelera as reações químicas 
com o objetivo de preservar materiais perecíveis. Esse método inclui refrigeração 
e congelamento. 
Radiação
Considerado um método eficaz para eliminar ou reduzir microrganismos, são ondas 
eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e, portando, com 
energia.
 » Radiação ionizante: são utilizados o raio-X (comprimento de onda de 
0,1 a 40nm) e raio gama (comprimento de onda de 0,001nm a 1 nm). São 
radiações ionizantes, pois seu mecanismo de ação é retirar os elétrons 
dos átomos que compõem macromoléculas essenciais à célula. O poder 
de penetração é alto. É aplicado, por exemplo, em materiais como placas 
de Petri e pinças, e sobre a superfície de vegetais e de frutas frescas, 
24
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
visando a preservação desses alimentos. Não é permitido seu uso em 
alguns países.
 » Radiação ultravioleta: tem efeito microbicida, ou seja, elimina 
o microrganismo, danificando seu DNA, mas tem baixo poder 
de penetração e, por esse motivo, recomenda-se ser aplicado 
somente em superfícies. É eficaz na inativação de vírus. Fontes 
com comprimentos de onda na faixa de 210nm e 330nm são mais 
eficientes e atuam como germicidas. Lâmpadas germicidas são 
lâmpadas que emitem descargas elétricas por meio de vapor de 
mercúrio. Estão disponíveis comercialmente e são simples de serem 
usadas, não deixando resíduos tóxicos. É utilizada em laboratório 
clínico e sala de cirurgia. Deve-se ter cuidado com a exposição da 
luz UV, diretamente ou por reflexão, sobre os olhos, pois isso pode 
danificar a córnea. 
Filtração 
Utilizada para remoção de microrganismos, incluindo os vírus, sendo aplicada 
para esterilizar gases e líquidos. Técnica utilizada em soro e meios de cultura.
Dessecação
Consiste na remoção da água por duas técnicas: método por evaporação 
ou por calor. Age distorcendo a membrana, e é aplicada para preservação 
de alimentos e por liofilização. Sua ação é interromper o crescimento 
microbiano, sendo aplicada na indústria de alimentos, por exemplo, para fazer 
café instantâneo e na preservação de culturas.
Outros métodos de esterilização, por método físico, são a remoção do oxigênio, 
vibração ultrassônica, flambagem e incineração a 1.000°C.
Métodos químicos
São substâncias utilizadas para eliminar ou inibir o crescimento de 
microrganismos. Substâncias com efeito estático são chamadasde 
germistáticas. Substâncias que inibem o crescimento são conhecidas 
como bacteriostáticas, fungistáticas e virustáticas. Substâncias com efeito 
microbicida são aquelas que provocam a morte do microrganismo e são 
chamadas de germicidas (bactericidas, fungicidas, e viricidas). 
25
INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO │ UNIDADE I
Desinfetantes 
“Utilizados para reduzir o número de microrganismos viáveis, ou a carga biológica, 
em um produto ou superfície a um nível previamente especificado, como apropriado 
para seu manuseio ou sua posterior utilização.” (BROOKS, 2014). 
Anti-sépticos
São utilizados para inibir ou destruir microrganismos na superfície da pele e não 
podem ser ingeridos. 
Alguns exemplos de agentes químicos e seus usos:
 » Glutaraldeído: ação desinfetante (ex: equipamentos de anestesia) e 
esterilizante (ex: cateteres e drenos).
 » Formaldeído: ação desinfetante e esterilizante.
 » Óxido de etileno: ação esterilizante (ex: próteses e materiais de borracha, 
como luvas cirúrgicas).
 » Fenol: ação desinfetante a 5% (ex. desinfecção de superfícies, artigos 
metálicos e vidro) e a 0,5-1% ação anti-séptica. 
 » Clorexidina: anti-séptico, aplicado em pele e mucosa (ex: lavagem das 
mãos). Micobactérias são resistentes à sua ação.
 » Cloro e hipoclorito de sódio: ação desinfetante (ex: desinfecção 
hospitalar e da água). O Calicivirus felino e o gênero Parvovirus são 
facilmente eliminados por essa solução, sendo o desinfetante de escolha.
 » Iodo: ação desinfetante (ex: termômetro, ampolas de vidro e 
estetoscópio) e ação anti-séptica (tecidos e feridas). Exerce ação sobre 
células vegetativas, endósporo, vários fungos e alguns vírus.
 » Cloreto de benzalcônio: ação desinfetante (ex: superfícies 
e equipamentos na área de alimentação). Pseudomonas, 
Mycobacterium e Trichophyton (fungo), além de muitos vírus e 
todos os esporos bacterianos, são resistentes a esse método. 
 » Peróxido de hidrogênio: ação desinfetante, esterilizante e anti-séptico 
(ex: usado em feridas profundas para inibir o crescimento de anaeróbios). 
Atua contra vírus, bactérias e fungos.
26
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO VETERINÁRIO
 » Álcoois etílico e isopropílico: ação desinfetante e anti-séptica. Agem 
contra bactérias vegetativas, alguns vírus e fungos, mas não são 
esporicidas. 
 » Nitrato de prata e sulfito de cobre: anti-séptico (ex: usado em 
mucosas).
 » Violeta de genciana: ação germicida.
Práticas de microbiologia. Alane Beatriz Vermelho (2011). Editora Guanabara, 
capítulo 3. Métodos físicos e químicos de controle do crescimento microbiano.
27
UNIDADE II
FASE PRÉ-
ANALÍTICA E 
ANALÍTICA
CAPÍTULO 1
Coleta, transporte e recebimento de 
amostra microbiológica
Dentro de um laboratório de microbiologia o controle da qualidade é 
imprescindível para a realização dos procedimentos laboratoriais. Isso tem o 
objetivo de garantir a precisão dos resultados na realização da técnica de análise. 
Nesse contexto, é necessário que algumas etapas sejam padronizadas, a fim de 
assegurar maior confiabilidade ao laboratório escolhido e melhor resultado dos 
exames solicitados. Cabe lembrar que os exames laboratoriais são de grande 
importância para alcançar um diagnóstico definitivo, devendo auxiliar o médico 
veterinário solicitante na tomada de decisões. Um resultado equivocado pode 
acarretar em falhas terapêuticas. Portanto, o diagnóstico de uma doença 
infecciosa envolve três fases: a pré-analítica (coleta, transporte e recebimento 
de amostra biológica), a analítica (exame microscópio, processamento de 
amostras e interpretação dos resultados finais) e a pós-analítica (formulação de 
laudo, comunicação ao médico veterinário e interpretação do laudo pelo médico 
veterinário solicitante).
A fase pré-analítica antecede a análise do material biológico. Essa etapa 
envolve a coleta, o transporte e o recebimento do material e inicia-se com o 
preenchimento correto da requisição de exame, geralmente disponibilizado 
pelo laboratório, a qual deve ser encaminhada juntamente com a amostra 
(BRAZ; GARCIA, 2018). Na requisição, além de informar sexo, idade, e raça 
do animal, deve-se informar o tipo e a quantidade das amostras, a data da 
coleta e um breve histórico do animal (tratamento realizado, vacinação, 
vermifugação, descrição das lesões, alimentação recebida, febre, vômito, 
diarreia e outros dados relevantes). “Em caso de surtos, incluir o número de 
animais doentes, o número de mortos e o tempo decorrido entre a morte e 
a coleta das amostras” (CENCI et al., 2011). Todos os frascos e embalagens 
28
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
devem ser identificados com etiquetas resistentes, coladas sobre o recipiente, 
contudo, nunca sobre a tampa ou sobre os rótulos (FOGAÇA et al., 2016).
“O formulário para Solicitação de Exames, ou outro formulário específico (ex: raiva, 
certificação de granjas), deverá ser protegido por uma embalagem plástica e afixado, 
obrigatoriamente, no lado externo da caixa (embalagem terciária), evitando contato 
com as amostras” (CENCI et al., 2011).
Durante a coleta do material biológico, existe o risco do profissional de saúde 
(veterinário ou auxiliar de enfermagem veterinário) contaminar-se com 
agentes potencialmente causadores de doenças. Por esse motivo, é de extrema 
importância o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s), como 
jaleco, luva, óculos de proteção, máscara e botas de borracha. Para evitar 
contaminação do material coletado com outros microrganismos presentes 
no ambiente e/ou no próprio animal, os frascos, os tubos, as seringas, as 
agulhas, entre outros materiais, devem ser estéreis. 
O transporte do material biológico deve ser realizado o mais rápido possível, 
assegurando a sobrevivência e o isolamento do microrganismo. Para tal, a 
conservação e o acondicionamento vão depender do tipo de amostra e dos exames 
solicitados. As amostras deverão ser enviadas em condições de biossegurança, 
garantindo a chegada do material ao laboratório. Devemos ter alguns cuidados 
no envio como, por exemplo: para manter a temperatura, quando for necessário 
usar gelo reciclável; as amostras não devem ser encaminhadas soltas dentro 
da caixa térmica, e sim dentro de saco plástico acondicionadas em embalagem 
impermeáveis e vedadas para garantir a estabilidade do material no trajeto até ao 
laboratório. A caixa térmica deve portar a identificação de “Infectante” ou “Risco 
Biológico”.
Figura 6. Exemplo de tipo de embalagens
Fonte: Cenci et al. (2011).
29
 FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA │ UNIDADE II
Figura 7. Frasco para coleta de amostras biológicas, como fezes e urina
Fonte: http://www.prolab.com.br/produtos/materiais-de-plastico/frasco-para-coleta-de-urina-e-fezes/. Acesso em: 20/08/2019
Figura 8. Frasco para transporte de lâminas
Fonte: http://lacen.saude.sc.gov.br/arquivos/MCT01.pdf. Acesso em: 30/08/2019.
Figura 9. Alguns tipos de gelo reciclável
Fonte: Cenci et al. (2011).
Alguns exemplos de fatores que levam a cometer erros na fase pré-analítica: 
escrita ilegível, interpretação errônea do exame, erro na identificação do paciente, 
falta de orientação para determinados exames por parte do médico veterinário 
ou do laboratório, troca de amostras, transporte e armazenamento da amostra 
incorretos, contaminação de tubos, frascos e tampas.
http://www.prolab.com.br/produtos/materiais-de-plastico/frasco-para-coleta-de-urina-e-fezes/
http://lacen.saude.sc.gov.br/arquivos/MCT01.pdf
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UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
Coleta de amostras para exame bacteriológico
Coletar material do local com maior probabilidade de isolar o microrganismo em 
quantidade suficiente para uma análise completa, utilizar frascos adequados para cada 
tipo de material e anotar o horário de coleta. Essas práticas permitem o controle de 
qualidade.
 » Sangue: para hemocultura, realizar tricotomia e antissepsia 
do local, coletar por punção venosa 1 a 5 mL de sangue, utilizar 
seringas e agulhasestéreis. Acondicionar em frasco específico 
para hemocultura, homogeneizar a amostra com caldo, manter em 
temperatura ambiente e enviar sob refrigeração, em até 24 horas após 
a coleta. A hemocultura é indicada para o diagnóstico de processos 
infecciosos sistêmicos, por exemplo nos casos de Escherichia coli, 
Pseudomonas sp., Staphylococcus aureus, Proteus sp. e Klebsiella 
sp. Hemoculturas de animais comprometidos confirma a presença de 
bacteremia, enquanto que a presença de Staphylococcus epidermidis, 
Corynebacterium sp. e Bacillus sp. podem ser um achado decorrente 
da contaminação cutânea no momento da venopunção.
 » Secreções (Exsudato): para coleta, pode-se utilizar seringa e agulha 
estéreis ou swabs, dependendo do tipo da lesão e da região. Exsudato: 
puncionar o abscesso com seringa e agulha estéril e acondicionar o 
material coletado em tubos ou frascos também estéreis. A superfície e a 
região ao redor da lesão devem ser descontaminadas.
Quando tratarem-se de secreções ocular, nasal ou genital, é necessário utilizar 
swabs estéreis e acondiciona-los, individualmente, em frascos estéreis. O envio do 
material em meio de transporte (meio Stuart) deve ser feito, preferencialmente, 
em até 24 horas após a coleta.
 » Secreção auricular: fazer assepsia na parte externa do ouvido antes da 
coleta, usar swab na parte mais profunda da orelha, evitar tocar as partes 
externas e enviar o material em meio de transporte (meio Stuart).
 » Urina: a coleta deve ser realizada por cistocentese, preferencialmente, 
ou sonda, acondicionando o material coletado em frasco estéril sob 
refrigeração por até 6 horas.
 » Líquor: realizar assepsia do local antes da coleta, transferir o material 
coletado para um tubo estéril. Não enviar a amostra em seringa.
31
 FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA │ UNIDADE II
 » Fezes – o material deve ser coletado in natura, de preferência com 
muco, sangue ou pus, em meio de transporte Cary-Blair. Devem 
permanecer refrigeradas entre -2° e -8°C. Materiais in natura, sem 
meio de transporte, devem ser enviados em até 2 horas após a coleta 
(FOGAÇA et al., 2016).
Coleta de amostras para exame micológico
O material coletado deve ser armazenado em frasco estéril em temperatura ambiente. 
Para obter-se um resultado fidedigno, o paciente não pode estar fazendo uso de 
antifúngico oral por 30 dias, e pelo menos 10 dias de uso tópico, precedentes à coleta. 
Não realizar a coleta de material após o banho do paciente.
A coleta de material para exame micológico é diferente da realizada para exame 
parasitológico de pele. A amostra deve ser obtida de raspados limpos de escamas 
dérmicas, pelos ou segmentos de pelos quebradiços, e não de tufos emaranhados e 
cheios de crostas, colhidos sem limpeza prévia. Higienizar o local da coleta com água e 
sabão neutro, desinfetar com álcool 70% e eliminar o excesso de pelos.
Na requisição deve constar um breve histórico, como os sinais ou sintomas, indicar se 
ocorreu perda de pelos localizada ou disseminada, descamações, crostas, e uso ou não 
de medicações antifúngicas locais ou sistêmicas. 
 » Pelos: coletar com a raiz da borda da lesão, preferencialmente, e 
armazenar entre duas lâminas de vidro. Lacrar as extremidades da lâmina 
com esparadrapo ou enrolando-as em filme de PVC, ou acondicionar os 
pelos e crostas em um envelope de papel novo ou frasco estéril. Manter 
em temperatura ambiente.
 » Raspado de pele: incluir crostas e escarificação da pele. Não é 
necessário raspado profundo, pois os fungos encontram-se na camada 
superficial da pele. Utilizar lâmina de bisturi estéril e colocar o material 
entre duas lâminas de vidro. Lacrar as extremidades da lâmina com 
esparadrapo ou enrolando-as em filme de PVC. A lâmina poderá ser 
envolvida com papel seco e limpo para diminuir a umidade. Não utilizar 
óleo mineral no raspado de pele. Manter em temperatura ambiente.
 » Secreções: usar swab e colocar no meio de transporte Stuart. 
 » Fragmentos de tecido: manter em temperatura refrigerada (2ºC 
a 8ºC).
32
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
Coleta de amostras para exame virológico
“Em geral, coleta-se material dos sistemas e órgãos afetados pela patologia, nos quais há 
maior probabilidade de detectar-se o agente ou seus produtos. A coleta de material de 
animais doentes deve ser realizada tão logo os sinais clínicos sejam observados, quando 
os níveis de replicação viral geralmente atingem os valores mais altos” (FLORES, 2007).
 » Secreções nasais, oculares ou genitais: uso de swab.
 » Tecidos e fragmentos de órgãos: coletar individualmente e 
assepticamente.
 » Fetos abortados: enviar inteiro.
 » Fezes: coletar direto da ampola retal.
 » Sangue para exames sorológicos: o soro deve ser separado, não 
pode estar hemolisado, e pode ser conservado a 4-6ºC por vários meses.
O sangue total destinado ao isolamento viral nunca deve ser congelado.
Para o isolamento viral, as amostras devem ser imediatamente armazenadas em 
tubos, sacos plásticos ou placas estéreis e conservadas sob temperaturas baixas. Se 
o tempo de envio desse material coletado for inferior a 3 dias, poderá ser mantido 
refrigerado (4°C). Caso contrário, é aconselhável o seu congelamento. Quanto menor 
o tempo entre a coleta e a inoculação do material, maior é a probabilidade de isolar-se 
o vírus.
Ao receber amostras biológicas no laboratório, deve-se remover o material da 
embalagem de transporte, fazer o seu registro, gerando um protocolo interno (livro ou 
arquivo) e, em seguida, encaminhá-lo para realização do teste pertinente. Deve-se ter 
o cuidado em observar se o material está identificado, se o volume é adequado para a 
realização dos exames solicitados, se a amostra foi coletada em meios de transportes 
e frascos apropriados e se o material enviado é apropriado para realizar o exame 
solicitado. Nessa etapa, o breve histórico que acompanha a amostra é de extrema 
importância.
No primeiro link, você encontrará manuais de coleta e de envio de materiais 
biológicos, vigilância ambiental e vigilância sanitária.
Manuais - http://www.lacen.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.
php?conteudo=74.
Manual Veterinário de colheita e envio de amostras - http://www.fiepr.org.br/
observatorios/biotecnologia-animal/uploadAddress/Manual_Veterinario_de_
Colheita_e_Envio_de_Amostras[66209].pdf.
33
CAPÍTULO 2
Exame microscópico e processamento 
de amostras na fase analítica
O diagnóstico laboratorial das doenças infecciosas consiste em microscopia, 
cultura, exames imunológicos e métodos de identificação baseados e não baseados 
em ácido nucleico. 
O profissional responsável pela coleta e pelo processamento das amostras deve 
ser treinado e, constantemente, passar por reciclagem. Deve saber o destino, 
acondicionamento e transporte corretamente de cada material. 
O exame microscópico possui duas funções: detecção inicial e identificação 
preliminar ou definitiva do microrganismo. Para observar e confirmar a presença de 
um microrganismo, utiliza-se esfregaços corados preparados com parte da amostra 
clínica que foi enviada. Na microscopia observam-se células bacterianas, elementos 
fúngicos, parasitos e inclusões virais. 
Métodos microscópicos
 » Microscopia de campo de claro: bastante utilizada nos exames de rotina 
para visualização de células e microrganismos em laboratórios de análises 
clínicas.
 » Microscopia de campo escuro: sua indicação é para amostras com pouco 
contraste. Na prática clínica, o microscópio de campo escuro serve para 
examinar a existência de cristais na urina, como os de ácido úrico e 
oxalato, e comumente utilizado para identificar Treponema pallidum, 
agente etiológico da sífilis e Leptospira spp. (leptospirose).
Figura 10. Exemplo de microscopia de campo escuro
Fonte: https://kasvi.com.br/microscopio-tecnicas-microscopia/. Acesso em: 30/08/2019.
https://kasvi.com.br/microscopio-tecnicas-microscopia/
34
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
 » Microscopia de contraste de fase: indicada paraexames de células 
e de tecidos não corados, análise de células vivas (geralmente em 
cultura), microrganismos, seções de tecidos finos, fibras, dispersões de 
látex, partículas subcelulares (incluindo o núcleo e outras organelas), 
diagnóstico de células tumorais, hematologia, virologia, bacteriologia, 
parasitologia e biologia marinha.
Figura 11. Exemplo de microscopia de contraste de fase
Fonte: https://kasvi.com.br/microscopio-tecnicas-microscopia/. Acesso em: 30/08/2019.
 » Microscopia de fluorescência: indicada para detectar antígenos ou 
anticorpos nos procedimentos de coloração imunocitoquímicos. 
Moléculas fluorescentes específicas também podem ser injetadas em um 
animal ou diretamente em células, e usadas como rastreadores. 
Figura 12. Exemplo de microscopia de fluorescência
Fonte: https://kasvi.com.br/microscopio-tecnicas-microscopia/. Acesso em: 30/08/209.
Métodos de análise
Exame direto
Utiliza-se o hidróxido de potássio (KOH) para pesquisa de fungos (leveduriformes 
e particularmente filamentosos) em material biológico na presença de muco, restos 
celulares, pelos e unhas. Essa substância dissolve a queratina e o muco, destacando 
as estruturas fúngicas, quando presentes. A técnica consiste em colocar uma pequena 
https://kasvi.com.br/microscopio-tecnicas-microscopia/
https://kasvi.com.br/microscopio-tecnicas-microscopia/
35
 FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA │ UNIDADE II
amostra do material a ser pesquisado no centro da lâmina; colocar uma ou duas 
gotas de KOH; cobrir com lamínula e aguardar 30 minutos, ou aquecer ligeiramente 
a lâmina para acelerar o clareamento. Então, examinar com objetiva de 10x ou 40x, 
fechando o diafragma.
Colorações diferenciais
Coloração de Gram
Método tintorial mais utilizado no laboratório de microbiologia médica. A 
bacterioscopia é uma técnica presuntiva, de triagem, ou até mesmo confirmatória em 
alguns casos. Os custos com investimento e manutenção são relativamente baixos. 
Os corantes devem ser preparados pelo próprio laboratório ou por um laboratório 
habituado que assegure a qualidade do produto. A coloração de Gram recebeu este 
nome em homenagem a seu descobridor, o médico dinamarquês Hans Cristian 
Joaquim Gram, em 1884. Gram observou que as bactérias adquiriam cores diferentes 
quando tratadas com diferentes corantes, permitindo-lhe classificá-las em dois grupos: 
Gram-positivas e Gram-negativas. Quando as estruturas celulares são cobertas pelo 
cristal violeta, todas coram-se em roxo (púrpura ou violeta), tanto as Gram-positivas 
quanto as Gram-negativas. Logo após, adiciona-se o lugol, cuja função é fixar o 
corante primário nas estruturas coradas, não modificando a aparência da célula. Em 
seguida, adiciona-se um descorante, geralmente o etanol, e assim algumas estruturas 
perdem a cor violeta rapidamente, enquanto outras perdem sua cor mais lentamente 
ou não perdem a cor. A safranina é uma contracoloração que, quando adicionada, 
cora as estruturas que foram descoradas e torna-se vermelha. As bactérias que têm 
a parede celular composta por mureína (peptideoglicano - peptídeo de ácido n-acetil 
murâmico), durante o processo de descoloração com álcool etílico, retêm o corante. 
Já as bactérias com parede celular composta, predominantemente, por ácidos graxos 
(lipopolissacarídeos e lipoproteínas) perdem o complexo iodo-pararosanilina e 
assume a cor do corante de fundo.
36
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
Figura 13. Coloração de Gram: A – Gram-positivo; B – Gram-negativo
 
 
A B 
Fonte: https://kasvi.com.br/bacteria-gram-positiva-gram-negativa/2018. Acesso em: 30/08/2019.
Coloração de Wright-Giemsa
Bastante utilizada para detectar parasitas intracelulares, como inclusões virais, 
Toxoplasma e Rickettsia spp.
 » Outras: coloração de hematoxilina férrica, metenamina de prata, 
coloração de azul de toluidina O, coloração tricrômica.
Coloração acidorresistentes
 » Coloração de Ziehl-Neelsen: utilizada para corar micobactérias, como 
Mycobacterium tuberculosis.
 » Outras: coloração de Kinyoun, Auramina-rodamina, coloração 
acidorresitente modificada.
Meios de cultura
Encontramos disponíveis no mercado diversos meios de cultura, cada um com sua 
finalidade. O meio de cultura é considerado uma cultura pura quando apenas 
um tipo de organismo está presente e cultura mista quando mais de um tipo de 
organismo está presente. 
O meio de cultura pode ser classificado com base no conhecimento da sua 
constituição: meio quimicamente definido, onde todos os constituintes são 
conhecidos e meio complexo, onde a exata constituição não é conhecida e podem 
conter extratos moídos ou digeridos de animais, leveduras e vegetais, os quais 
fornecem os nutrientes (vitaminas e minerais) necessários.
Os meios de cultura também podem ser classificados quanto ao seu estado. 
Encontramos meios líquidos (conhecidos também como caldos), meio sólido 
https://kasvi.com.br/bacteria-gram-positiva-gram-negativa/
37
 FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA │ UNIDADE II
ou semi-sólido. Meios líquidos e semi-sólidos são acondicionados em tubos de 
ensaio. Os meios sólidos são preparados adicionando-se ágar ao meio líquido e, 
posteriormente, colocando-os em tubos de ensaio ou placas de Petri, em que se 
solidificará. Vejamos abaixo alguns exemplos de meio de cultura utilizado:
 » Meios de cultura para transporte e conservação: meio Stuart, salina 
tamponada, cary-blair, ágar nutriente.
 » Meios para crescimento e isolamento: ágar chocolate, ágar Mac Conkey, 
ágar sangue, ágar CLED, caldo BHI, ágar Sabouraud, meio bifásico.
Processamento de algumas amostras para o diagnóstico bacteriano:
 » Urina: realizado semeadura de rotina e coloração de Gram.
 » Fezes: o material deve ser inoculado o mais rápido possível. Caso não 
seja possível, passar o swab na amostra e inocular no meio de transporte 
adequado, mantendo-o em temperatura ambiente até o momento 
da semeadura em meio sólido. Utilizada para detecção de Shigella e 
Campylobacter. 
 » Sangue: não utilizar EDTA. Recomenda-se citrato, heparina ou 
polianetol-sulfonato de sódio (SPS).
 » Líquor: o sedimento é inoculado em placas de ágar sangue e/ou 
chocolate. Utilizado quando há influência de Haemophilus influenzae e 
M. tuberculosis.
Processamento de algumas amostras para o diagnóstico micótico:
 » Pelos: nas alíquotas para exame microscópico e cultura, o material 
será clarificado com solução aquosa de KOH a 20%, para cultura, não 
podendo sofrer nenhum tratamento prévio. São inoculadas diretamente 
na superfície do meio de cultura.
 » Líquor, secreções e fluídos corporais: o material deve ser concentrado 
por centrifugação (1500 a 2000 rpm por 10 minutos). Os materiais 
coletados com swabs devem ser eluídos em solução salina e 
centrifugados. Utilizar o sedimento para o exame microscópico 
e semeadura em meios de cultura. Na suspeita de Cryptococcus 
neoformans (criptococose) utiliza-se o meio ágar Sabouraud-glicose.
38
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
 » Urina: utilizar uma alíquota (alça calibrada), esta precisa ser semeada por 
esgotamento sobre o meio de cultura distribuído em placa de Petri, para 
exame quantitativo, pela contagem de unidades formadoras de colônias 
(UFC). A outra alíquota deve ser centrifugada (1500 a 2000 rpm por 10 
minutos), utilizando-se o sedimento para exame microscópico, e realizar 
nova semeadura em tubo.
 » Sangue e aspirado de medula óssea: não necessitam de preparação, pois 
o exame microscópico tem baixa sensibilidade. A cultura é importante 
para identificação do agente. Recomenda-se a semeadura imediata das 
amostras para cultura. O meio pode ser bifásico (15mL de ágar inclinado 
sob 50mL de caldo), composto de infusão de cérebro-coração (meio 
BHI) ou Sabouraud. Meios, contendo saponina para lise e a posterior 
centrifugação da amostra são indicados. Não se utiliza EDTA na coleta, 
pois essa substância combina-se com elementos da parede dos fungos e 
diminuem a sensibilidade do exame. 
Processamento de algumas amostraspara o diagnóstico viral:
 » Isolamento do vírus em cultivo celular: fragmentos de tecidos ou órgãos 
devem ser macerados com areia estéril, homogeneizados e centrifugados 
à baixa rotação. Deve-se inocular o sobrenadante.
 » Secreções nasais, oculares e genitais: o material deve ser centrifugado 
para a retirada de debris celulares e sujidade. Deve-se inocular o 
sobrenadante.
 » Fezes: filtrar o material fecal em filtros acopláveis a seringas para remover 
fungos e bactérias. Esses são considerados contaminantes e podem 
interferir com o isolamento. As fezes devem ser previamente diluídas em 
meio de cultivo ou PBS para reduzir a toxicidade. 
 » Sangue integral: deve ser centrifugado à baixa rotação. Logo após, 
remover a capa leucocitária cuidadosamente e ressuspender a papa 
de hemácia que ficará concentrada no tubo em um meio de cultivo e 
inocular.
Alguns exemplos de erros que podem acontecer na fase analítica são: troca de 
amostras, erros de pipetagem (pipetas não aferidas, molhadas, volume incorreto), 
vidrarias e recipientes mal lavados, reagentes e padrões (contaminados, mal 
conservados, com validade vencida) e erros no preparo dos reagentes (concentração 
errada, erros nos cálculos de concentração e unidades).
39
CAPÍTULO 3
Interpretação dos resultados iniciais
Não se deve analisar os resultados dos testes laboratoriais isoladamente mas, sim, 
proceder uma análise do conjunto, associando as informações que acompanham 
a amostra e interpretando-as com o conhecimento da patogenia, clínica e 
epidemiologia, do agente que se está pesquisando. Ao analisar isoladamente, 
pode-se obter interpretações incompletas e conclusões equivocadas. Pode-se, 
às vezes, obter um resultado falso - negativo, uma vez que algumas técnicas 
apresentam limite de sensibilidade e, ocasionalmente, podem falhar na detecção 
do agente e no isolamento viral, não descartando o agente suspeito. Além disso, 
más condições de coleta e de conservação do material podem inviabilizar o 
exame, levando a um resultado falso - negativo. No momento da interpretação 
de um exame, é importante saber identificar e diferenciar microrganismos 
que são considerados clinicamente significantes daqueles que fazem parte da 
microbiota normal da pele e da mucosa ou comuns ao meio ambiente, e se esses 
podem ou não ser clinicamente significantes. Os resultados devem ser avaliados 
como uma parte de um conjunto de informações necessárias à elaboração do 
diagnóstico e não como o diagnóstico em si. Os resultados e a sua interpretação 
devem ser emitidos o mais breve possível ao veterinário solicitante, para que 
as medidas adequadas sejam tomadas rapidamente. Muitas vezes o veterinário 
solicitante depende dessas informações para direcionar o seu diagnóstico e, 
consequentemente, o tratamento apropriado. 
Por exemplo, na microscopia direta identifica-se e diferencia-se a presença 
de hifas (nos pelos, escamas e unhas) e artroconídios (somente nos pelos) de 
artefato. Uma vez observadas essas estruturas, pode-se informar que se trata de 
um caso de dermatofitose. O diagnóstico definitivo é a cultura fúngica, a qual 
nos possibilita a identificação do gênero e da espécie do fungo. Em relação ao 
resultado da cultura acerca da dermatofitose nos cães, é importante saber que esta 
é causada, principalmente, por fungos dos gêneros Microsporum e Trichophyton. 
É comum o isolamento de fungos sapróbios (contaminantes) nas culturas, como 
os gêneros Aspergillus, Alternaria, Penicillium, Mucor, entre outros (que não 
causam normalmente micoses cutâneas). A obtenção dessas informações orienta-
nos no momento da interpretação.
Algumas provas bioquímicas utilizadas para identificação, sua indicação e sua 
interpretação (ANVISA - Interpretação de dados microbiológicos – Acesso 
em 2019):
40
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
As provas bioquímicas possuem diferentes cores, cada um com uma função para a 
identificação presuntiva. Alguns nutrientes agem como indicadores de pH, que na 
presença de bactéria vai modificar a cor original do meio.
1. Prova de catalase: A catalase é uma enzima que decompõe o peróxido 
de hidrogênio (H2O2) em água e oxigênio.
 › Indicação – Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus, Listeria, 
Corynebacterium, Micrococcus, Bacillus, Moraxella catarrhalis.
 › Interpretação – Positivo: Presença imediata de bolhas (a produção de 
efervescência indica a conversão do H2O2 em água e oxigênio gasoso). 
Negativo: Ausência de bolhas ou efervescência.
2. Prova de coagulase - Verifica-se a capacidade do microrganismo de 
reagir com o plasma e formar um coágulo, esse sendo visível. Pode ser 
encontrada de duas formas com propriedades diferentes, quais sejam, 
a coagulase conjugada e a coagulase livre. A coagulase conjugada 
(prova em lâmina), também chamada de fator de aglutinação, ocorre 
quando as células bacterianas são suspensas em plasma (fibrinogênio) 
e formam-se cordões de fibrina entre elas, o que causa agrupamento 
sob a forma de grumos visíveis. A coagulase livre (prova em tubo) é uma 
substância similar à trombina que está presente em filtrados de cultivos. 
É secretada extracelularmente e reage com uma substância presente no 
plasma denominado Fator de Reação com a Coagulase – CRF, para formar 
um complexo que, por sua vez, reage com fibrinogênio, formando fibrina 
(coágulos). Forma-se um coágulo visível após o período de incubação, 
quando uma suspensão em plasma do microrganismo produtor de 
coagulase é preparada em tubo de ensaio.
 › Indicação: Separa as espécies de Staphylococcus de importância clínica 
como o S. aureus (coagulase positiva), das demais espécies (coagulase 
negativa).
 › Interpretação: Positiva: formação de precipitado branco e aglutinação 
dos microrganismos da suspensão, após 15 segundos, no círculo que 
contém o plasma. Negativa: ausência de aglutinação no círculo que 
contém o plasma.
41
 FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA │ UNIDADE II
3. Prova de gelatinase*: Determina a habilidade do microrganismo de 
produzir enzimas proteolíticas (gelatinases) que liquefaz/hidrolisa a 
gelatina.
 › Indicação: auxilia na identificação e classificação de bactérias 
fermentadoras, não fermentadoras e bacilos Gram-positivos 
esporulados.
 › Interpretação: Positivo: a emulsão de gelatina (cor verde) na porção 
submersa do filme torna-se transparente (clara). Negativo: a fita 
permanece verde e a emulsão esverdeada permanece na porção 
submersa do filme.
4. Prova de lecitinase*: Cepas produtoras de lecitinase produzem zona 
opaca ao redor do inóculo.
 › Indicação: útil para auxiliar a diferenciar espécies de Bacillus e 
Clostridium.
 › Interpretação: Cor original do meio: amarelo. Positivo: formação de 
halo branco ao redor das colônias. Negativo: ausência de halo e o meio 
fica inalterado. 
5. Prova de oxidase* - O teste de oxidase é baseado na produção 
intracelular da enzima oxidase pela bactéria.
 › Indicação: útil para auxiliar a caracterizar espécies de Neisseria 
e distingue bactérias não fermentadores (oxidase positiva) de 
enterobactérias (oxidase negativa). Diferencia algumas bactérias 
fermentadoras oxidase positiva, entre elas a Plesiomonas shigelloides, 
a.Aeromonas spp. e a Vibrio spp.
 › Interpretação: Cor original: branca ou levemente azulada. Oxidase 
positiva: produção de cor roxa imediatamente no local da inoculação 
da bactéria. Oxidase negativa: não há mudança da cor do papel no 
local da inoculação da bactéria. Não considerar alteração de cor tardia.
6. Fermentação de carboidratos*: amplamente utilizada para a 
diferenciação de gêneros e a identificação de espécies bacterianas. A 
prova consiste em verificar a capacidade do microrganismo de fermentar 
ou não um determinado carboidrato, permitindo, assim, verificar as suas 
características que auxiliaram na identificação.
42
UNIDADE II │ FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA
 › Indicação: auxilia na identificação e separação de espécies de 
Enterococcus spp., Streptococcus spp. e Staphylococcus coagulase 
negativa.› Interpretação: Cor original do meio: púrpura. Positivo: Crescimento 
bacteriano (turvação do meio) com viragem do indicador para 
amarelo. Negativo: Ausência de crescimento, o meio permanece com 
a cor original, púrpura e sem turvação.
7. Prova de hidrólise*: A prova de hidrólise PYR é um teste enzimático 
que consiste na hidrólise do substrato Lpyrrolidonyl-α-naftylamide 
pela enzima bacteriana L-pyroglutamyl-aminopeptidase. A hidrólise 
do substrato libera β-naphtylamide, que é detectada com a adição do 
reagente e o N-dimetilaminocinamaldeído, que forma uma base de Schiff, 
de coloração vermelha.
 › Indicação: Teste presuntivo para identificar Streptococcus beta 
hemolítico presumível do grupo A de Lancefield (S. pyogenes) e 
Enterococcus spp. Identificação de algumas espécies de Staphylococcus 
coagulase negativa. Identificação de bacilos Gram-negativos não 
fermentadores.
 › Interpretação: Positivo: desenvolvimento de cor vermelho cereja em 1 
minuto (após adicionar o reagente de PYR). Negativo: sem alteração 
de cor (permanece amarela ou alaranjada).
8. Tubo TSI: é um meio vermelho que contém lactose, glicose e sacarose 
e ferro na sua composição. Útil para diferenciar os bastonetes Gram-
negativos. Na presença de bactéria, ocorre fermentação e o meio muda da 
cor vermelha para amarelo. O sulfato ferroso de amônio, utilizado para 
identificar a produção de sulfato de hidrogênio, é um gás tóxico. Quando 
positivo para esse gás, o meio é empurrado para cima e seu ápice fica com 
coloração preta.
9. Ágar citrato: é utilizado para verificar se a bactéria é capaz de utilizar o 
citrato de sódio como uma única fonte de carbono em seu metabolismo. 
Quando positivo para essa prova, o meio original é verde e muda para 
a cor azul.
43
 FASE PRÉ-ANALÍTICA E ANALÍTICA │ UNIDADE II
10. Meio de uréia: utilizada para saber se a bactéria degrada a ureia através 
da ação da urease. A cor original do meio é amarelo palha, e no teste 
positivo o meio torna-se rosa.
11. Fenilalanina: útil para saber se a bactéria produz ácido fenilpirúvico. A 
cor original do meio é translúcida, após inocular a bactéria. É necessário 
incubar esse material por 24 horas. Após esse período, adiciona-se o 
reagente cloreto férrico e no teste positivo, esse meio torna-se esverdeado. 
12. Meio SIM – a finalidade desse teste é verificar se a bactéria é móvel, 
produtora de INDOL e de H2S. O meio original é semi-sólido. Quando 
a reação for positiva para INDOL, o ápice do meio vai ficar no tom 
vermelho. Quando positivo para motilidade, a base fica turva. Por fim, 
quando a reação for positiva para H2S o centro do meio de cultura fica no 
tom preto.
44
UNIDADE III
DIAGNÓSTICO 
BACTERIOLÓGICO 
VETERINÁRIO 
E TESTE DE 
SENSIBILIDADE A 
ANTIMICROBIANOS
CAPÍTULO 1
Bactérias Gram-positivas, bactérias 
Gram-negativas e outros grupos 
bacterianos
Cocos Gram-positivos
Gênero staphylococcus 
O critério para identificação de novas espécies é baseado em características fenotípicas 
e genotípicas. Embora utilize-se essas características, segundo Smeltzer e Beenken 
(2016), a referência é a diferenciação que ocorre pela verificação da divergência da 
sequência de DNA. Exemplo de diferenciação de espécies associados aos hospedeiros: 
Staphylococcus caprae (caprino), S. delphini (golfinhos), S. equorum (equino), S. 
felis (gatos), S. gallinarum (aves domésticas), S. pseudintermedius (cães), entre 
outros. Porém nenhuma dessas associações é absoluta, uma vez que S. caprae 
já foi identificado no homem. Outro exemplo, o S. hyicus, geralmente associado à 
dermatite exsudativa em suínos, também causa mastite bovina e já foi descrita em um 
agricultor como causa bacteriana. Dentro da mesma espécie de estafilococos também 
foram identificadas linhagens clonais, em especial para S. aureus. Para identificar 
as diferentes linhagens clonais dentro da mesma espécie, utiliza-se os métodos 
de eletroforese em gel de campo pulsado e tipagem, que codificam a sequência de 
proteína A e a tipagem de sequência de multilócus.
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DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE III
Os estafilococos são imóveis, não formadores de poros e todos são catalase positivos. 
A maioria das espécies são anaeróbios facultativos. O principal meio de diferenciação 
dos estafilococos para os estreptococos é pela produção de coagulase. Crescem em ágar 
sangue, são incubados em atmosfera aeróbia ou anaeróbia, são visualizados em 24 
horas, sua colônia é arredondada e relativamente grande. Algumas provas utilizadas 
para classificar as espécies têm sido substituídas por técnicas moleculares, exceto as 
provas de coagulase e atividade hemolítica, as quais continuam sendo os principais 
testes de diagnóstico. As provas catalase positiva e coagulase positiva frequentemente 
identificam S. aureus, porém outras espécies exibem as mesmas características e 
possuem a mesma capacidade de causar infecção no homem e no animal, como por 
exemplo o S. intermedius, S. pseudintermedius e S. delphini, que foram isoladas de 
cão, gato, equino e ave, dificultando a diferenciação sem o uso de técnicas moleculares. 
Exemplos de espécies coagulase negativa são S. Lugdunensis, S. Haemolyticus, S. 
Epidermidis, as quais já foram isolados causando infecções em pequenos animais, 
porém, raramente são encontradas neles.
A espécie Staphylococcus aureus é o patógeno com maior relevância em pessoas e 
animais. O Staphylococcus intermedius é um importante patógeno em piodermatite 
em cães, podendo causar infecções cutâneas, urinária, ósseas e do sistema nervoso 
central em várias espécies animais. É importante destacar que a maioria das espécies 
de Staphylococcus coagulase negativa são capazes de causar infecção em pessoas e 
em animais, tendo como exemplo a mastite bovina. Diferente do que ocorre com os 
estafilococos coagulase negativos, a maioria das cepas de S. aureus e outras espécies de 
estafilococos coagulase positiva são toxigênicas, causam hemólise em ágar sangue, são 
detectadas as toxinas alfa (alfatoxina), beta (betatoxina), e a toxina delta (deltatoxina). 
São formadoras de poros e causam lise eritrocitária, É importante diferenciar essas 
reações hemolíticas das originadas pelos estreptococos, uma vez que causam infecções 
semelhantes em pessoas e animais. A alfatoxina provoca lise total dos eritrócitos nos 
estafilococos, enquanto a lise incompleta é característica pela betatoxina, e ambas são 
utilizadas para auxiliar no diagnóstico. A maioria dos isolados de S. aureus em bovinos 
produz betatoxina.
Streptococcus e enterococcus
São cocos Gram-postivos, catalase negativos, apresentam-se em pares e em 
cadeias, são imóveis, não esporulados e, geralmente, necessitam de meios de 
cultura complexo para seu crescimento. 
Vários estreptococos habitam a microbiota normal de animais e humanos, 
enquanto outros podem causar doenças subagudas, agudas ou crônicas. 
46
UNIDADE III │ DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS
Estreptococos de interesse veterinário vivem de forma comensal, sendo 
encontrados no trato respiratório superior, alimentar e genital inferior. Sua 
transmissão ocorre por inalação, ingestão, via sexual, de modo congênito ou 
indiretamente pelas mãos e fômites contaminados.
Esquema de agrupamento de Lancefield
São subdivididos em tipos de acordo com antígeno proteico (M, R e T)
Quadro 2. Espécies de Streptococcus de importância clínica
Grupo de 
Lancefield
Espécie
Tipo de 
hemólise
Hospedeiros Patologia
A S. pyogene Β Humanos Infecções respiratórias, febre 
reumática, glomerulonefrite
B S. agalactiae α, β, γ Humanos e bovinos Sepse neonatal, mastite
Nenhum S. pneumoniae Α Humanos, equinos, primatas NH, 
animais de laboratório
Pneumonia
C S. equi ssp. Equi Β Equinos Garrotilho
C S. equi ssp. Zooepidemicus Β Equinos, suínos, bovinos e 
humano
Infecções piogênicas
C S. dysgalactiae ssp. Equisimilis Β Equinos, suínos, bovinos e 
humanos
Infecções piogênicasC S. dysgalactiae ssp. Dysgalactiae α, β, γ Equinos, suínos, bovinos e 
humanos
Infecções piogênicas e mastite.
E S.porcinus Β Suínos Linfadenite cervical
G S. canis Β Cães Metrite, mastite, infecção neonatal
L S. grupo L Β Cães Infecção urogenital
D, R, S, T S. suis Α Suínos Meningite, pneumonia e septicemia
? S. uberis α, γ Bovinos Mastite
? S. parauberis α, γ Bovinos Mastite
 
Fonte: Smeltzer; Beenken (2016). 
As bactérias do gênero Streptococus causam infecções piogênicas na pele, no 
trato respiratório, no trato reprodutor, no coto umbilical e na glândula mamária. 
A septicemia pode ocorrer pela disseminação via hematógena a partir do local da 
infecção. Em geral, os sintomas clínicos podem ser acompanhados de febre ou 
associados aos sinais de septicemia. Observa-se secreção purulenta no local da 
infecção quando drenados pela lesão. Em caso contrário, formam-se abscessos.
Os materiais coletados como, por exemplo, exsudato, leite, tecido, urina, aspirado 
transtraqueal e fluido cerebroespinal, devem ser cultivados em ágar sangue de 
ovino ou bovino e incubados a 37°C com 3% a 5% de CO2.
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DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE III
Garrotilho é uma doença contagiosa que acomete equinos. Seu agente etiológico é a 
espécie S. equi ssp. equi, na qual o animal apresenta secreção nasal serosa ou purulenta, 
dor local, tosse e anorexia.
Em suínos, a linfadenite cervical é causada pela espécie Streptococcus porcinus, que 
é semelhante ao garrotilho, porém, menos grave. As espécies Streptococcus suis, S. 
dysgalactiae ssp. equisimilis e S dysgalactiae spp. equisimilis estão associadas à 
pneumonia secundária nesse animais.
Em cães, a espécie Streptococcus canis está, esporadicamente, associada à pneumonia 
secundária, podendo provocar septicemia em filhotes. Os gatos costumam ser mais 
resistentes às infecções estreptocócicas, mas podem atingir gatos filhotes ou adultos 
imunossuprimidos. 
Os Enterococcus são cocos entéricos. Foram classificados, inicialmente, como 
estreptococos do grupo D. Diferem do Streptococcus por apresentarem resistência ao 
sal, à bile, ao azul de metileno e multiplicam-se em temperaturas elevadas. Há mais 
de 40 espécies de Enterococcus, e a maioria habita o trato intestinal de mamíferos 
e aves. São microrganismos oportunistas. As espécies de interesse veterinário são 
E.durans, E. hirae e E. villorum, as quais causam doença intestinal em leitões, potros, 
bezerros neonatos e em adultos e filhotes de cães e gatos. Os E. faecalis e E. faecium, 
clinicamente são espécies de maior importância no homem e, portanto, são as mais 
estudadas. E. faecium é associado à resistência antimicrobiana. No que diz respeito às 
espécies E.durans, E. hirae e E. villorum, fixam-se às vilosidades do intestino delgado 
de animais infectados, diferente dos outros enterecocos que se beneficiam de um local 
já infectado, como a bexiga.
Bastonetes Gram-positivos
Gênero corynebacterium 
São bacilos Gram-positivos, imóveis e não esporulados. Microscopicamente são 
irregulares, possuem formato de clava agregados ou cadeias curtas. O gênero 
Corynebacterium pode ser isolado no solo, água, plantas e superfícies de animais. 
No homem, a espécie mais conhecida é o Corynebacterium diphtheria, sendo 
o microrganismo causador da difteria. Espécies importantes na veterinária são 
Corynebacterium pseudotuberculosis e Corynebacterium renale (responsáveis pela 
infecção urinária em ruminantes) e Corynebacterium auriscanis (relacionada à otite 
externa e dermatite em cães).
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UNIDADE III │ DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS
 » Corynebacterium pseudotuberculosis – agente etiológico da linfadenite 
caseosa em ovino e caprinos. A transmissão em ovinos, equinos e caprinos 
ocorre através da contaminação de feridas superficiais, como ocorre na 
tosquia ou qualquer outro evento que provoque trauma cutâneo. No boi, 
há evidências de transmissão mecânica por meio de moscas domésticas. 
O patógeno sobrevive semanas no ambiente, o que contribui para a 
sua disseminação dentro de um rebanho. É um patógeno intracelular 
facultativo e a presença de lipídios na sua superfície proporciona proteção 
dentro dos fagócitos. O microrganismo alcança os linfonodos regionais 
e produz a lesão característica de formação de abscessos localizados 
quando a exotoxina está ausente. É uma doença característica de caprinos 
e ovinos, porém já foi observada em equinos, em que se apresenta na 
forma de linfangite ulcerativa, abscessos peitorais, inguinais e abdominais 
(Dorella et al., 2006).
Diagnóstico laboratorial 
 » Cultura bacteriológica: a presença de abscesso em ovinos e em caprinos 
sempre é associado à linfadenite caseosa, porém deve-se realizar a cultura 
para confirmar ou excluir a presença da bactéria Arcanobacterium 
pyogenes, que também é responsável por causar abscessos. Semear o 
material (abscesso) em placas com ágar-sangue, incubar durante 24 a 48 
horas/35°C a 37°C. Observam-se colônias pequenas, de coloração branco 
pérola fracamente hemolítica.
 » Exame microscópico.
 » Reação em cadeia da polimerase (PCR) – técnica molecular utilizada 
para amplificar uma região específica do DNA. Utilizam-se iniciadores 
(primers) específicos para identificar a espécie. 
Gênero Bacillus
São bastonetes anaeróbios facultativos, Gram-positivos, produtores de endósporos que 
normalmente habitam solo e água. Quando são privados de nutrientes, a célula passa 
por um processo de esporulação e produz endósporos, que são estruturas resistentes ao 
calor, à dessecação, à radiação UV e a desinfetante. Essas características permitem que 
ele seja viável no solo e na água por muito tempo, podendo levar anos esperando por 
nutrientes ou pela chegada do hospedeiro.
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DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE III
O B. anthracis é o patógeno zoonótico responsável pelo antraz ou carbúnculo hemático. 
Outra espécie importante é o Bacillus cereus, responsável por causar intoxicação 
alimentar. O B. anthracis, muito conhecido também por ser utilizado como arma 
biológica, é o microrganismo mais temido em ações de bioterrorismo. Podem acometer 
homem, bovinos, ovinos, caprinos e cervos. A transmissão ocorre pela ingestão de 
água, planta ou solo contaminados pelo esporo. A transmissão ocorre no homem pela 
ingestão, por penetração dos esporos na pele através de corte ou arranhão. 
Após a entrada do esporo no organismo, este será fagocitado, contudo, pode ocorrer 
resistentência à ação fagocítica. Multiplica-se no interior da célula caso não seja 
eliminado pelo sistema imune e a bactéria instala-se nos linfonodos regionais, ganhando 
sistema linfático e ocorrendo, então, a sua disseminação. Nos tecidos, os esporos 
germinam e a forma vegetativa prolifera-se, provocando edema. Não se observam 
lesões patognomônicas, são lesões semelhantes com outras causas tóxicas e infecciosas 
de morte aguda. Em ruminantes, alguns animais vão à óbito sem apresentar sinais 
clínicos evidentes. Observa-se congestão da mucosa, hematúria, diarreia hemorrágica 
e edema regional, quais são manifestações fatais. Alguns animais podem apresentar 
edema localizado ou lesão ulcerativa.
Diagnóstico laboratorial
O carbúnculo hemático/antraz é de notificação obrigatória e requer notificação 
imediata em qualquer caso suspeito.
 » Exame direto: utilizam-se secreções sanguinolentas presentes nos 
orifícios naturais do organismo. Os esfregaços são corados com Gram e 
com corante de cápsula (azul de metileno de McFadyean). Os esporos 
não são observados.
 » Isolamento e identificação: cresce em ágar sangue, as colônias não são 
pigmentadas e podem apresentar superfície seca e rugosa. 
 » Imunodiagnóstico.
 » PCR.
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UNIDADE III │ DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO VETERINÁRIO E TESTE DE SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS
Bastonetes Gram-positivos anaeróbicos
Gênero clostridium 
São bastonetes anaeróbicos,

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