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Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos
FORTALECENDO A POLÍTICA DA
CRIANÇA, ADOLESCENTE 
E JUVENTUDE
Belo Horizonte
2021
3
Ficha técnica
Governador do Estado de Minas Gerais
Romeu Zema Neto
Secretária de Estado de Desenvolvimento Social
Elizabeth Jucá de Melo e Jacometti
Subsecretário de Direitos Humanos
Duílio Silva Campos
Coordenadora do SER-DH
Bárbara Amelize Costa
Elaboração técnica
Mariana Ferreira Bicalho
Revisão técnica
Bárbara Amelize Costa 
Pâmela Guimarães Silva
Ilustração da capa e diagramação
Juliana Nunes de Alcântara 
4
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
Sumário
Apresentação .............................................................................................................................5
1. A política de proteção e promoção da criança e do adolescente ...........................................6
1.1 A doutrina da proteção integral ........................................................................................ 6
1.2 Do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente (SGD) ............................. 7
1.2.1 Da defesa dos direitos humanos .............................................................. 8
1.2.2 Da promoção dos direitos humanos ....................................................... 12
1.2.3 Do controle da efetivação dos direitos humanos ......................................13
2. A política de proteção e promoção da juventude ...................................................................15
2.1 Das diretrizes das políticas públicas de juventude .......................................................... 15
2.2 Do Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE ............................................................ 16
2.3 Dos Conselhos de Juventude ......................................................................................... 17
3. O papel da escola na proteção e promoção dos direitos da criança, do adolescente e da 
juventude ...................................................................................................................................19
3.1 O SIMA nas escolas ......................................................................................................... 20
Referências bibliográficas .........................................................................................................23
5
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
Apresentação
A presente apostila foi construída para ser uma ferramenta de consulta prática e, 
também, um local de primeiras noções sobre as políticas de proteção e promoção 
de direitos da criança, do adolescente e da juventude. Nesses termos, não preten-
de esgotar e nem, tampouco, apresentar todos os níveis de complexidades e deba-
tes dialógicos atualmente envolvidos nas políticas vinculadas a essas temáticas. 
A linguagem aqui adotada priorizará a fluidez, apresentando-se menos tecnicista, 
principalmente para servir como um material de apoio àquelas e aqueles que vão 
se deparar com o tema pela primeira vez. Por isso, o material está organizado da 
seguinte maneira: na primeira e segunda parte, serão apresentadas as principais 
características das políticas de proteção e promoção dos direitos da criança e do 
adolescente e da juventude. Em seguida, será detalhado o papel da escola na rede 
de proteção e promoção de direitos e os benefícios do uso do SIMA pelas escolas. 
Esperamos que as informações possam ser úteis e que abram caminhos para pes-
quisas cada vez mais aprofundadas sobre o assunto. 
Equipe SER-DH
6
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
1. A política de proteção e promoção da 
criança e do adolescente 
1.1 A doutrina da proteção integral 
A doutrina da proteção integral nasceu, 
politicamente, com a Declaração dos 
Direitos da Criança de 1959. De acor-
do com essa doutrina, a criança goza 
de todos os direitos, sem distinção ou 
discriminação por motivo de raça, cor, 
sexo, língua, religião, opinião política ou 
de outra natureza, origem nacional ou 
social, riqueza, nascimento ou qualquer 
outra condição, quer sua ou de sua fa-
mília. 
No Brasil, a Constituição da República 
de 1988 ratificou os valores políticos 
consagrados na Declaração dos Direi-
tos da Criança, especialmente nos arti-
gos 227 e 228, que dispõem que é dever 
da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança, ao adolescente e 
ao jovem, com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, 
à educação, ao lazer, à profissionaliza-
ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, 
à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo 
de toda forma de negligência, discrimi-
nação, exploração, violência, crueldade 
e opressão, e que são penalmente inim-
putáveis os menores de dezoito anos, 
sujeitos às normas da legislação espe-
cial.
Em 1989, com a Convenção sobre os Di-
reitos da Criança das Nações Unidas, a 
doutrina da proteção integral passou a 
ganhar força coercitiva. A partir da Con-
venção, os Estados signatários passa-
ram a ser responsáveis por assegurar 
os direitos fundamentais da criança. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), de 1990, regulamentou os precei-
tos constitucionais, a partir de três pila-
res centrais (AMIN, 2021, p. 67): 
1. Criança e adolescente são sujei-
tos de direito; 
2. Afirmação de sua condição pecu-
liar de pessoa em desenvolvimen-
to, e, portanto, sujeita a uma legis-
lação especial e protetiva; 
3. Prioridade absoluta na garantia de 
seus direitos fundamentais.
A Constituição da República de 1988 e o 
Estatuto da Criança e do Adolescente, 
inauguraram um novo paradigma nas 
políticas públicas para crianças, ado-
lescentes e jovens. Antes, prevalecia a 
doutrina da situação irregular, que en-
xergava e atuava apenas com crianças, 
adolescentes e jovens em situação irre-
gular, ou seja, limitava a atuação públi-
ca a questões de carência e/ou delinqu-
ência: privação de saúde ou educação 
em virtude da ação ou omissão dos 
7
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
pais; menores vítimas de maus-tratos; 
autores de infração penal ou “desvio de 
conduta” (AMIN, 2021, p. 71). 
Na doutrina da situação irregular, a rede 
de atendimento era restrita aos órgãos 
da justiça e da assistência social. Era 
comum a adoção de práticas segrega-
tivas, com a condução dos menores a 
internatos ou institutos de detenção 
mantidos pela Febem. Não havia preo-
cupação em manter os vínculos fami-
liares e comunitários. Na maioria dos 
casos, a família ou as relações comuni-
tárias, ambientes ou atividades contrá-
rias aos “bons costumes”, eram vistos 
como as causas da situação irregular 
do menor. Em outras palavras, a atua-
ção pública estava centrada nos resul-
tados e não nas causas dos problemas 
enfrentados por crianças e adolescen-
tes (AMIN, 2021, p. 71). 
A partir da Constituição de 1988, do ECA 
e dos tratados e convenções interna-
cionais que o país se tornou signatário, 
politicamente, a criança e o adoles-
cente passaram a ser compreendidos 
como sujeitos de direitos, detentores 
de direitos fundamentais e destinatá-
rios diretos das políticas públicas. 
Essas legislações asseguram que a 
criança e o adolescente gozem de to-
dos os direitos fundamentais inerentes 
à pessoa humana, sendo competência 
da família, da sociedade e do Estado 
exercício desses direitos. 
1.2 Do sistema de garantia de di-
reitos da criança e do adolescente 
(SGD)
O Sistema de Garantias e Direitos da 
Criança e do Adolescente (SGD) tem 
como objetivo efetivar a Doutrina da 
Proteção Integral, garantindo o exercí-
cio por todas as crianças e adolescen-
tes dos direitos assegurados nas legis-
lações nacionais e internacionais. 
A Resolução nº 113, de 19 de abril de 
2006, do Conselho Nacional dos Direitos 
da Criança e do Adolescente – CONAN-
DA, dispõe sobre os parâmetros para a 
institucionalização e fortalecimento do 
SGD. 
O SGD visa articular e integraras diver-
sas áreas das políticas públicas, essen-
ciais para o exercício dos direitos huma-
nos das crianças e dos adolescentes, 
como saúde, educação, assistência so-
cial, trabalho e segurança pública. Por 
isso, integra vários subsistemas, como, 
por exemplo, os Sistema Único de Saú-
de – SUS, Sistema Único de Assistência 
Social – SUAS, Sistema Educacional e o 
Sistema Nacional de Atendimento So-
cioeducativo – Sinase. 
Conforme as legislações vigentes, os 
órgãos públicos e as organizações da 
sociedade, que integram o SGD, devem 
exercer suas funções, a partir de três 
eixos estratégicos de ação: 
• defesa dos direitos humanos; 
• promoção dos direitos humanos; 
• controle da efetivação dos direi-
tos humanos. 
8
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
1.2.1 Da defesa dos direitos huma-
nos 
No eixo defesa dos direitos humanos, 
busca-se a garantia do acesso à justiça. 
Neste eixo, destaca-se a atuação dos:
• Órgãos judiciais, especialmente 
as varas da infância e da juventu-
de, as varas criminais especiali-
zadas, os tribunais do júri, comis-
sões judiciais de adoção, tribunais 
de justiça e as corregedorias; 
• Órgãos público-ministeriais, es-
pecialmente as promotorias de 
justiça, centros de apoio opera-
cional, procuradorias de justiça, 
procuradorias gerais de justiça e 
corregedorias do Ministério Públi-
co; 
• Defensorias públicas, serviços de 
assessoramento jurídico e assis-
tência judiciária; 
• Advocacia geral da união e as pro-
curadorias gerais dos estados; 
• Polícia civil judiciária;
• Polícia militar;
• Conselhos tutelares;
• Ouvidorias; 
• Entidades sociais de defesa de di-
reitos humanos. 
Importante destacar que o acesso à 
justiça deve ser assegurado por qual-
quer dos órgãos do Poder Judiciário, do 
Ministério Público e da Defensoria Pú-
blica, sendo assegurado a assistência 
judiciária integral e gratuita às crianças 
e adolescentes que necessitarem. 
Poder Judiciário 
O Poder Judiciário é responsável por 
exercer a jurisdição, isto é, é responsá-
vel por aplicar o direito no caso concre-
to.
O sistema judiciário é dividido em duas 
grandes esferas: federal e estadual. A 
Justiça da Infância e Juventude (Título 
VI, Capítulo II, ECA) pertence à esfera 
estadual. 
Entre as competências da Justiça da 
Infância e da Juventude, destaca-se: 
• conhecer de pedidos de adoção e 
seus incidentes; 
• aplicar penalidades administrati-
vas nos casos de infrações contra 
norma de proteção à criança ou 
adolescente; 
• conhecer de casos encaminhados 
pelo Conselho Tutelar, aplicando 
as medidas cabíveis; 
• conhecer de pedidos de guarda e 
tutela; 
• conhecer de ações de destituição 
do poder familiar, perda ou modifi-
cação da tutela ou guarda; 
• conhecer de ações de alimentos; 
• fiscalizar as instituições de aten-
dimento às crianças e adolescen-
tes. 
Ministério Público
O Ministério Público é o órgão respon-
sável por assegurar à criança e ao ado-
lescente a proteção de todos os seus 
direitos. 
9
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
O art. 201 do ECA dispõe de uma série 
de atribuições judiciais e extrajudiciais 
para defesa dos direitos das crianças e 
dos adolescentes pelo Ministério Públi-
co, entre elas: 
• promover e acompanhar os pro-
cedimentos relativos às infrações 
atribuídas a adolescentes; 
• promover e acompanhar as ações 
de alimentos e os procedimentos 
de suspensão e destituição do po-
der familiar, nomeação e remoção 
de tutores, curadores e guardiães; 
• promover o inquérito civil e a ação 
civil pública para a proteção dos 
interesses individuais, difusos ou 
coletivos relativos à infância e à 
adolescência; 
• zelar pelo efetivo respeito aos di-
reitos e garantias legais assegu-
rados às crianças e adolescentes, 
promovendo as medidas judiciais 
e extrajudiciais cabíveis; 
• inspecionar as entidades públicas 
e particulares de atendimento e 
os programas previstos no ECA; 
• requisitar força policial, bem como 
a colaboração dos serviços médi-
cos, hospitalares, educacionais e 
de assistência social, públicos ou 
privados, para o desempenho de 
suas atribuições. 
Conselho Tutelar 
O Conselho Tutelar é órgão permanente 
e autônomo, não jurisdicional, encarre-
gado pelo cumprimento dos direitos da 
criança e do adolescente (art. 131, ECA), 
ou seja, o órgão não pode ser extinto e 
não está subordinado politicamente a 
qualquer órgão do Poder Público. 
Ressalta-se que a autonomia do órgão 
não impede a fiscalização das ativida-
des pelo Ministério Público e/ou a análi-
se ou revisão das atividades pelo Poder 
Judiciário. 
O Conselho Tutelar é formado por pes-
soas escolhidas pela sociedade e tem 
competência de adotar providências 
concretas para defesa dos direitos in-
dividuais das crianças e dos adoles-
centes. Importante destacar que é um 
órgão colegiado, em que as decisões 
coletivas se sobrepõem aos interesses 
isolados de cada conselheiro tutelar. 
Diferente dos Conselhos dos Direitos 
da Criança e do Adolescente, os Conse-
lhos Tutelares não têm competência de 
deliberação de políticas públicas, mas 
de promoção de ações efetivas de pro-
teção dos direitos das crianças e dos 
adolescentes, em medidas não jurisdi-
cionais. Diante de um caso concreto de 
violação de direitos, cabe ao Conselho 
Tutelar decidir a melhor forma de prote-
ger a criança ou o adolescente. 
Ressalta-se que o Conselho Tutelar é 
um órgão de natureza administrativa e, 
por isso, não exerce jurisdição, não ten-
do competência para apreciar ou jul-
gar conflitos de interesse. Quando for 
o caso, compete ao Conselho Tutelar 
encaminhar os casos para autoridade 
judiciária (TAVARES, 2021B). 
De acordo com art. 136 do ECA, são atri-
buições do Conselho Tutelar: 
10
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
A. Aplicação de medidas de proteção 
Cabe ao Conselho Tutelar, a partir da 
análise de cada caso concreto, aplicar 
as medidas protetivas para que cessem 
as ameaças ou violações de direitos da 
criança ou do adolescente em situação 
de violência. As medidas podem ser 
aplicadas de forma isolada ou cumula-
tivamente. 
As medidas previstas no art.101 do ECA 
são: 
• encaminhamento aos pais ou res-
ponsável, mediante termo de res-
ponsabilidade; 
• orientação, apoio e acompanha-
mento temporários; 
• matrícula e frequência obrigatória 
em estabelecimento oficial de en-
sino fundamental;
• inclusão em serviços e programas 
oficiais ou comunitários de prote-
ção, apoio e promoção da família, 
da criança e do adolescente; 
• requisição de tratamento médico, 
psicológico ou psiquiátrico, em 
regime hospitalar ou ambulatorial; 
• inclusão em programa oficial ou 
comunitário de auxílio, orientação 
e tratamento a alcoólatras e toxi-
cômanos; 
• acolhimento institucional.
Ressalta-se que o Conselho Tutelar 
não pode incluir ou alocar crianças e 
adolescentes em programas de acolhi-
mento familiar ou famílias substitutas. 
Essas medidas competem à autoridade 
judiciária. Se, no exercício das suas atri-
buições, o Conselho Tutelar compreen-
der pela necessidade de afastamento 
da criança ou adolescente do convívio 
familiar, deverá encaminhar o caso ao 
Ministério Público. A única exceção é 
no caso de crimes em flagrante ou de 
risco iminente à vida ou à integridade fí-
sica da criança ou do adolescente. Nes-
ses casos, qualquer um pode afastar a 
criança e o adolescente do convívio fa-
miliar, incluindo o Conselho Tutelar (TA-
VARES, 2021b). 
Compete ao Conselho Tutelar também 
aplicar as medidas específicas de pro-
teção às crianças que praticam ato 
infracional. Não cabe ao Conselho Tu-
telar repreender ou punir a criança ou 
adolescente ou praticar atividades de 
cunho investigatório, mas protegê-la 
(TAVARES, 2021b). 
B. Atendimento e aconselhamento aos 
pais ou responsável 
Aos Conselhos Tutelares também com-
pete atender e aconselhar pais ou res-
ponsáveis, com aplicação, nos casos 
necessários, das seguintes medidas: 
• encaminhamento a serviços eprogramas oficiais ou comunitá-
rios de proteção, apoio e promo-
ção da família; 
• inclusão em programa oficial ou 
comunitário de auxílio, orientação 
e tratamento a alcoólatras e toxi-
cômanos; 
• encaminhamento a tratamento 
psicológico ou psiquiátrico; 
• encaminhamento a cursos ou pro-
gramas de orientação; 
11
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
• obrigação de matricular o filho ou 
pupilo e acompanhar sua frequên-
cia e aproveitamento escolar; 
• obrigação de encaminhar a crian-
ça ou adolescente a tratamento 
especializado; 
• advertência. 
Questões referentes à perda da guarda, 
destituição da tutela, suspensão e a ex-
tinção do poder familiar são de compe-
tência do Poder Judiciário. 
C. Promoção da execução de suas deci-
sões 
Para execução de suas decisões, o Con-
selho Tutelar pode requisitar serviços 
públicos nas áreas de saúde, educação, 
serviço social, previdência, trabalho e 
segurança e representar junto à auto-
ridade judiciária nos casos de descum-
primento injustificado de suas delibe-
rações.
Encaminhamento ao Ministério Público 
notícia de fato que constitua infração 
administrativa ou penal contra os direi-
tos da criança ou adolescente e enca-
minhamento à autoridade judiciária os 
casos de sua competência 
Providências sobre medida estabele-
cida pela autoridade judiciária, para o 
adolescente autor de ato infracional. 
D. Expedição de notificações 
O Conselho Tutelar pode notificar que 
algo ocorreu. Por exemplo, expedir no-
tificação ao Diretor ou Coordenador 
da Escola que foi determinada medida 
de proteção ao aluno A ou notificar os 
pais para que cumpram e monitorem a 
frequência escolar dos filhos. Notificar 
quer dizer dar ciência de determinado 
ato ou fato que tenha gerado ou gere 
consequências jurídicas (TAVARES, 
2021b). 
Todavia, não compete ao Conselho Tu-
telar convocar pessoas para compare-
cer na sua sede e/ou diante do não com-
parecimento do convocado, executar 
atividade com caráter de penalidade. 
E. Requisição de certidões de nasci-
mento e de óbito de criança ou adoles-
cente quando necessário. 
F. Assessoramento do Poder Executivo 
local na elaboração da proposta orça-
mentária para planos e programas de 
atendimento dos direitos da criança e do 
adolescente. 
G. Representação, em nome da pessoa 
e da família, contra a violação dos direi-
tos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da 
Constituição Federal. 
H. Oferecimento ao Ministério Público 
de representação, para efeito das ações 
de perda ou suspensão do poder familiar 
quando esgotadas as possibilidades de 
manutenção da criança ou do adoles-
cente na família natural. 
I. Promoção e incentivo, na comunida-
de e nos grupos profissionais, de ações 
de divulgação e treinamento para o re-
conhecimento de sintomas de maus-tra-
tos em crianças e adolescentes. 
12
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
J. Fiscalização das entidades de aten-
dimento. 
K. Deflagração de procedimento visan-
do à apuração da prática de infração 
administrativa às normas de proteção à 
criança e ao adolescente. 
No caso de constatação de infrações 
administrativas, o Conselho Tutelar 
deve realizar representação direta à 
autoridade judiciária ou encaminhar a 
notícia de fato ao Ministério Público. 
L. Aplicação de medidas a qualquer 
pessoa que se utilize de castigo físico ou 
tratamento cruel ou degradante contra 
crianças ou adolescentes, como forma 
de correção, disciplina, educação ou sob 
qualquer outro pretexto. 
Ressalta-se que as medidas podem 
ser aplicadas a qualquer pessoa, isto é, 
pais, responsáveis, integrantes da fa-
mília ampliada, agentes públicos, entre 
outros. As medidas possíveis são: 
• encaminhamento a programa ofi-
cial ou comunitário de proteção à 
família; 
• encaminhamento a tratamento 
psicológico ou psiquiátrico; 
• encaminhamento a cursos ou pro-
gramas de orientação; 
• obrigação de encaminhar a crian-
ça a tratamento especializado; 
• advertência.
1.2.2 Da promoção dos direitos hu-
manos 
O eixo da promoção dos direitos huma-
nos é operacionalizado pela política de 
atendimento dos direitos da criança do 
adolescente, prevista no art. 86 do ECA. 
A política de atendimento da criança e 
do adolescente pode ser compreendi-
da como um conjunto de instituições, 
objetivos e princípios dirigidos para 
efetivação dos direitos da população 
infanto-juvenil (TAVARES, 2021A) e atua 
de maneira transversal e intersetorial, 
integrando todas as políticas públicas, 
a favor da garantia integral dos direitos 
de crianças e adolescentes. 
De acordo com ECA, a política de aten-
dimento dos direitos da criança e do 
adolescente, deve ser realizada através 
de um conjunto articulado de ações go-
vernamentais e não governamentais, 
da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios (art. 86, ECA) e 
operacionaliza-se através de três tipos 
de programas, serviços e ações públi-
cas (art. 15, Resolução n. 113/2006, do 
CONANDA):
• Serviços e programas de políticas 
públicas, especialmente das po-
líticas sociais, afetos aos fins da 
política de atendimento dos direi-
tos humanos de crianças e ado-
lescentes; 
• Serviços e programas de execu-
ção de medidas de proteção de di-
reitos humanos; e
13
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
• Serviços e programas de execu-
ção de medidas socioeducativas e 
assemelhadas. 
Dos serviços e programas da política de 
atendimento dos direitos humanos de 
crianças e adolescentes 
Dos programas em geral das políticas pú-
blicas 
De acordo com art. 16 da Resolução n. 
113/2006 do CONANDA, as políticas pú-
blicas devem assegurar o acesso de to-
das as crianças e todos os adolescen-
tes a seus serviços, especialmente as 
crianças e os adolescentes com seus 
direitos violados ou em conflito com a 
lei. 
Dos serviços e programas de execução 
de medidas de proteção de direitos hu-
manos
De acordo com art. 17 da Resolução n. 
113/2006 do CONANDA, os serviços e 
programas de execução de medidas de 
proteção de direitos humanos tem ca-
ráter de atendimento inicial, integrado e 
emergencial, desenvolvendo ações que 
visem prevenir a ocorrência de amea-
ças e violações de direitos humanos de 
crianças e adolescentes e atender às 
vítimas imediatamente após a ocorrên-
cia dessas ameaças e violações. 
Os programas e serviços de execução 
de medidas de proteção de direitos hu-
manos ficam à disposição dos órgãos 
competentes do Poder Judiciário e dos 
conselhos tutelares. 
Dos programas de execução de medidas 
socioeducativas e assemelhadas 
De acordo com art. 19 da Resolução n. 
113/2006 do CONANDA, os programas 
de execução de medidas socioeduca-
tivas são destinados ao atendimento 
dos adolescentes autores de ato infra-
cional, em cumprimento de medida ju-
dicial socioeducativa. Os programas se 
estruturam e organizam por meio do 
Sistema Nacional de Atendimento So-
cioeducativo – SINASE. 
1.2.3 Do controle da efetivação dos 
direitos humanos 
O controle das ações públicas de pro-
moção e defesa dos direitos humanos 
da criança e do adolescente é exercido 
pelas instâncias públicas colegiadas 
próprias, devendo ser assegurado a pa-
ridade da participação de órgãos gover-
namentais e de entidades sociais, tais 
como conselhos dos direitos de criança 
e adolescente, conselhos setoriais de 
formulação e controle de políticas pú-
blicas e os órgãos e os poderes de con-
trole interno e externos constitucional-
mente instituídos. 
Os Conselhos dos Direitos da Criança e 
do Adolescente 
Os Conselhos dos Direitos da Criança 
e do Adolescente são órgãos públicos, 
que exercem atividade administrativa e 
que têm capacidade decisória em rela-
ção à infância e à juventude. Entretan-
to, diferente dos demais órgãos da Ad-
14
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
ministração Pública, os Conselhos têm 
independência e autonomia em relação 
ao Poder Executivo. 
Os Conselhos dos Direitos da Criança e 
doAdolescente são deliberativos e con-
troladores, em todos os níveis federati-
vos, das ações relacionadas às políticas 
públicas de atendimento infanto-juve-
nil. Os Conselhos discutem e definem as 
políticas públicas para população infan-
to-juvenil. Não compete ao administra-
dor público, discutir o mérito, oportu-
nidade e/ou conveniência das decisões 
dos Conselhos, apenas executar as me-
didas administrativas necessárias para 
seu cumprimento. 
Além de deliberar e controlar as ações 
governamentais relacionadas à criança 
e ao adolescente, os Conselhos também 
organizam campanhas de promoção de 
direito e, em alguns casos, na esfera 
municipal, julgam procedimentos admi-
nistrativos-disciplinares de irregulari-
dades funcionais de conselheiro tutelar 
(TAVARES, 2021C). 
Por outro lado, não compete aos Con-
selhos realizar procedimentos com a 
finalidade de apurar irregularidades em 
entidades de atendimento ou legislar 
sobre o funcionamento, composição ou 
remuneração dos seus membros (TA-
VARES, 2021C). 
15
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
2. A política de proteção e promoção da 
juventude
• garantir meios e equipamentos 
públicos que promovam o acesso 
à produção cultural, à prática es-
portiva, à mobilidade territorial e à 
fruição do tempo livre;
• promover o território como espa-
ço de integração;
• fortalecer as relações institucio-
nais com os entes federados e as 
redes de órgãos, gestores e con-
selhos de juventude;
• estabelecer mecanismos que am-
pliem a gestão de informação e 
produção de conhecimento sobre 
juventude;
• promover a integração interna-
cional entre os jovens, preferen-
cialmente no âmbito da América 
Latina e da África, e a cooperação 
internacional;
• garantir a integração das políticas 
de juventude com os Poderes Le-
gislativo e Judiciário, com o Minis-
tério Público e com a Defensoria 
Pública; e
• zelar pelos direitos dos jovens com 
idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte 
e nove) anos privados de liberdade 
e egressos do sistema prisional, 
formulando políticas de educação 
e trabalho, incluindo estímulos à 
sua reinserção social e laboral, 
bem como criando e estimulando 
2.1 Das diretrizes das políticas pú-
blicas de juventude 
De acordo com o Art. 3º do Estatuto 
da Juventude, os agentes públicos ou 
privados envolvidos com políticas pú-
blicas de juventude devem observar as 
seguintes diretrizes:
• desenvolver a intersetorialidade 
das políticas estruturais, progra-
mas e ações;
• incentivar a ampla participação 
juvenil em sua formulação, imple-
mentação e avaliação;
• ampliar as alternativas de inser-
ção social do jovem, promovendo 
programas que priorizem o seu 
desenvolvimento integral e parti-
cipação ativa nos espaços decisó-
rios;
• proporcionar atendimento de 
acordo com suas especificidades 
perante os órgãos públicos e pri-
vados prestadores de serviços à 
população, visando ao gozo de di-
reitos simultaneamente nos cam-
pos da saúde, educacional, políti-
co, econômico, social, cultural e 
ambiental;
16
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
oportunidades de estudo e traba-
lho que favoreçam o cumprimento 
do regime semiaberto.
2.2 Do Sistema Nacional de Ju-
ventude - SINAJUVE 
O Estatuto da Juventude instituiu o Sis-
tema Nacional de Juventude - SINAJU-
VE. O sistema é composto por órgãos e 
serviços nos âmbitos nacional, estadu-
al e municipal. 
Compete ao poder público federal: 
• formular e coordenar a execução 
da Política Nacional de Juventude;
• coordenar e manter o Sinajuve;
• estabelecer diretrizes sobre a or-
ganização e o funcionamento do 
Sinajuve; 
• elaborar o Plano Nacional de Po-
líticas de Juventude, em parceria 
com os Estados, o Distrito Fede-
ral, os Municípios e a sociedade, 
em especial a juventude;
• convocar e realizar, em conjunto 
com o Conselho Nacional de Ju-
ventude, as Conferências Nacio-
nais de Juventude, com intervalo 
máximo de 4 (quatro) anos;
• prestar assistência técnica e su-
plementação financeira aos Esta-
dos, ao Distrito Federal e aos Mu-
nicípios para o desenvolvimento 
de seus sistemas de juventude;
• contribuir para a qualificação e 
ação em rede do Sinajuve em to-
dos os entes da Federação;
• financiar, com os demais entes fe-
derados, a execução das políticas 
públicas de juventude;
• estabelecer formas de colabora-
ção com os Estados, o Distrito Fe-
deral e os Municípios para a exe-
cução das políticas públicas de 
juventude; e
• garantir a publicidade de informa-
ções sobre repasses de recursos 
para financiamento das políticas 
públicas de juventude aos conse-
lhos e gestores estaduais, do Dis-
trito Federal e municipais.
Compete aos Estados:
• coordenar, em âmbito estadual, o 
Sinajuve;
• elaborar os respectivos planos 
estaduais de juventude, em con-
formidade com o Plano Nacional, 
com a participação da sociedade, 
em especial da juventude;
• criar, desenvolver e manter pro-
gramas, ações e projetos para a 
execução das políticas públicas 
de juventude;
• convocar e realizar, em conjunto 
com o Conselho Estadual de Ju-
ventude, as Conferências Estadu-
ais de Juventude, com intervalo 
máximo de 4 (quatro) anos;
• editar normas complementares 
para a organização e o funciona-
mento do Sinajuve, em âmbito es-
tadual e municipal;
• estabelecer com a União e os Mu-
nicípios formas de colaboração 
para a execução das políticas pú-
blicas de juventude; e
17
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
• cofinanciar, com os demais entes 
federados, a execução de progra-
mas, ações e projetos das políti-
cas públicas de juventude.
Compete aos Municípios:
• coordenar, em âmbito municipal, 
o Sinajuve;
• elaborar os respectivos planos 
municipais de juventude, em con-
formidade com os respectivos 
Planos Nacional e Estadual, com 
a participação da sociedade, em 
especial da juventude;
• criar, desenvolver e manter pro-
gramas, ações e projetos para a 
execução das políticas públicas 
de juventude;
• convocar e realizar, em conjunto 
com o Conselho Municipal de Ju-
ventude, as Conferências Munici-
pais de Juventude, com intervalo 
máximo de 4 (quatro) anos;
• editar normas complementares 
para a organização e funciona-
mento do Sinajuve, em âmbito 
municipal;
• cofinanciar, com os demais entes 
federados, a execução de progra-
mas, ações e projetos das políti-
cas públicas de juventude; e
• estabelecer mecanismos de coo-
peração com os Estados e a União 
para a execução das políticas pú-
blicas de juventude.
2.3 Dos Conselhos de Juventude 
De acordo com art. 45 do Estatuto da 
Juventude, os conselhos de juventude 
são órgãos permanentes e autônomos, 
não jurisdicionais, encarregados de tra-
tar das políticas públicas de juventude e 
da garantia do exercício dos direitos do 
jovem.
O Conselhos tem os seguintes objeti-
vos:
• auxiliar na elaboração de políticas 
públicas de juventude que promo-
vam o amplo exercício dos direitos 
dos jovens estabelecidos nesta 
Lei;
• utilizar instrumentos de forma a 
buscar que o Estado garanta aos 
jovens o exercício dos seus direi-
tos;
• colaborar com os órgãos da ad-
ministração no planejamento e na 
implementação das políticas de 
juventude;
• estudar, analisar, elaborar, discu-
tir e propor a celebração de ins-
trumentos de cooperação, visan-
do à elaboração de programas, 
projetos e ações voltados para a 
juventude;
• promover a realização de estudos 
relativos à juventude, objetivando 
subsidiar o planejamento das polí-
ticas públicas de juventude;
• estudar, analisar, elaborar, discu-
tir e propor políticas públicas que 
permitam e garantam a integra-
ção e a participação do jovem nos 
18
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
processos social, econômico, po-
lítico e cultural no respectivo ente 
federado;
• propor a criação de formas de par-
ticipação da juventude nos órgãos 
da administração pública;
• promover e participar de seminá-
rios, cursos, congressos e even-
tos correlatos para o debate de 
temasrelativos à juventude;
• desenvolver outras atividades re-
lacionadas às políticas públicas 
de juventude.
Conforme art. 47 do Estatuto da Juven-
tude, são atribuições dos conselhos de 
juventude:
• encaminhar ao Ministério Públi-
co notícia de fato que constitua 
infração administrativa ou penal 
contra os direitos do jovem garan-
tidos na legislação;
• encaminhar à autoridade judiciá-
ria os casos de sua competência;
• expedir notificações;
• solicitar informações das autori-
dades públicas;
• assessorar o Poder Executivo 
local na elaboração dos planos, 
programas, projetos, ações e pro-
posta orçamentária das políticas 
públicas de juventude.
19
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
3. O papel da escola na proteção e promoção 
dos direitos da criança, do adolescente e da 
juventude 
Os professores estão constantemen-
te lidando com os relatos de violações 
de direitos e abusos que as crianças, 
adolescentes e jovens sofrem em suas 
relações e, por isso, são peças-chave 
para identificar as situações de risco de 
violência no cotidiano escolar. 
Ressalta-se que, de acordo com art. 
56 do ECA, os dirigentes de estabeleci-
mentos de ensino fundamental deverão 
comunicar ao Conselho Tutelar os ca-
sos de:
• maus-tratos envolvendo seus alu-
nos;
• reiteração de faltas injustificadas 
e de evasão escolar, esgotados os 
recursos escolares;
• elevados níveis de repetência.
Além dos relatos individuais dos alunos 
aos professores e educadores, as de-
núncias de violações de direitos podem 
partir de entidades estudantis, como 
grêmio escolar ou organizações esta-
duais e nacionais que representam os 
estudantes. Nesse sentido, é essencial 
que as escolas mantenham contato di-
reto com as entidades estudantis e am-
plie sempre que possível os espaços de 
diálogo e representação dos estudan-
tes. 
Conforme demonstrado anteriormen-
te, as políticas de proteção e promoção 
dos direitos da criança, do adolescente 
e da juventude preveem uma articula-
ção intersetorial, que integra órgãos, 
serviços, atores públicos e privados na 
promoção, defesa e controle dos direi-
tos humanos das crianças e dos adoles-
centes. 
Nesse sentido, assim como os demais 
órgãos e atores que atuam na proteção 
e promoção de direitos, as escolas de-
vem trabalhar em rede com órgãos e 
serviços da assistência social, da saú-
de, conselhos tutelares e sociedade ci-
vil, na garantia dos direitos de crianças 
e adolescentes. 
Ressalta-se que os profissionais da 
rede de educação fazem parte do SGD 
e, como os demais atores, têm respon-
sabilidades pela efetivação dos direitos 
humanos da criança e do adolescente e 
da juventude. 
Por um lado, os profissionais das esco-
las, especialmente os professores, de-
vem trabalhar a sensibilidade para de-
tectar as alterações comportamentais 
e compreender as relações familiares 
sensíveis em que os alunos estão inse-
ridos. 
20
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
Desde a Constituição de 1988, o papel 
da escola não é apenas de transmitir os 
conhecimentos básicos das disciplinas, 
mas também de colaborar na constru-
ção da cidadania e do respeito aos di-
reitos humanos. Nesse sentido, o pró-
prio plano pedagógico deve ter como 
base a transmissão e conscientização 
dos direitos humanos assegurados nos 
tratados internacionais e nas legisla-
ções nacionais. 
Além disso, o papel das escolas na rede 
de proteção e promoção de direitos 
também é preventivo. Cabe à rede de 
educação disseminar a cultura da paz 
e o respeito à diversidade, bem como 
orientar e atuar em conjunto com os 
pais ou responsáveis nesse sentido. 
Destaca-se que a escola não deve exer-
cer suas funções de forma isolada, de-
vendo atuar em conjunto com a socie-
dade, com os Conselhos Municipais e 
com os Conselhos Tutelares. As escolas 
podem, inclusive, mobilizar e organizar 
a comunidade para propor pautas e de-
liberações nos Conselhos.
3.1 O SIMA nas escolas 
O SIMA é uma ferramenta desenvolvida 
para entidades governamentais e não 
governamentais que atuam em Direi-
tos Humanos que dispõe de metodo-
logias de colhimento e monitoramento 
de casos de violência e de violações de 
direitos e metodologias de gestão de 
projetos para ações de promoção em 
Direitos Humanos.
Com o uso do SIMA, a escola poderá re-
gistrar e monitorar os casos de violên-
cia e de violações de direitos cadastra-
dos, possibilitando melhor integração 
na rede de proteção e promoção de di-
reitos e resultando no maior controle e 
responsividade pelos órgãos e serviços 
do Estado. 
Além do monitoramento dos casos ca-
dastrados no sistema, o SIMA possibili-
ta, através das tecnologias disponíveis, 
a produção de relatórios e dados que 
subsidiarão as ações e as estratégias 
de atuação de promoção, proteção e 
defesa de direitos.
As metodologias de colhimento, mo-
nitoramento e avaliação dos casos de 
violência utilizadas são baseadas nos 
parâmetros internacionais de moni-
toramento em Direitos Humanos de-
finidos pela Organização das Nações 
Unidas (ONU) e moldados com as espe-
cificidades da América Latina, do Brasil 
e de Minas Gerais.
Inicialmente, os dados socioeconômi-
cos e da violência são separados e sis-
tematizados. A partir da análise dos da-
dos, definiram-se os tipos de violações, 
os grupos temáticos e os direitos siste-
maticamente violados.
Os grupos temáticos ou sistematica-
mente vulnerabilizados são grupos e 
sujeitos que historicamente foram sub-
metidos às relações de dominação e à 
condição de invisibilidade e que, por 
isso, apresentam uma agenda de mobi-
lização política, além de subjetividades 
e identidades que, de forma emergen-
21
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
te ou histórica, são invisibilizados ou 
desqualificados em discursos por não 
apresentarem características hegemô-
nicas.
Os tipos de violação são violências, pro-
priamente ditas, recorrente e sistema-
ticamente cometidas contra os grupos 
temáticos – tipificadas a partir das ex-
periências de privação e exclusão de 
direitos.
Os direitos violados, por sua via, são 
tipificações das garantias constitucio-
nais e internacionalmente previstas e 
normatizadas.
São os grupos temáticos, os tipos de 
violação e os direitos violados que nor-
teiam todo os processos de cadas-
tramento, monitoramento e referen-
ciamento, garantindo uma gestão de 
informação, ocorrência, avaliação e in-
tegração eficaz. 
O cadastramento, monitoramento e 
referenciamento dos casos, via SIMA, 
pode contribuir com:
• a qualidade do atendimento pres-
tado às crianças, aos adolescen-
tes e aos jovens pelas escolas; 
• a maior responsividade dos ór-
gãos integrantes do SGD nos ca-
sos concretos de violência; 
• a não revitimização das crianças, 
dos adolescentes e dos jovens em 
situação de violência;
• a reparação dos danos sofridos; 
• a criação de diagnósticos sobre 
as violências e violações de di-
reitos humanos mais recorrentes 
na territorialidade da escola e os 
problemas reiterados da rede de 
atendimento na região. 
Para além do monitoramento e avalia-
ção dos casos de violação de direitos, 
o SIMA é uma ferramenta de comparti-
lhamento e gestão de ações de promo-
ção em direitos humanos, com objetivo 
de deslocar a culturalidade para formu-
lações de juízos morais mais inclusivos 
e democráticos. 
Em consonância com o eixo promoção 
em direitos humanos do SGD, parte-se 
do pressuposto de que para diminuir as 
violações de direitos das crianças, dos 
adolescentes e dos jovens, é necessá-
rio tanto maior responsividade dos ór-
gãos públicos nos casos concretos de 
violência, quanto a promoção de valo-
res, ideias e convenções sociais mais 
inclusivas e menos discriminatórias, a 
partir de ações de promoção.
O SIMA tem o objetivo de aperfeiçoar 
a realização e o desenvolvimento das 
ações de promoção. Para tanto, dispo-
nibiliza o cadastro e a gestão das ações 
realizadas, desde o planejamento aos 
resultados alcançados, de modo a pro-
piciar uma gerênciaeficaz dos proces-
sos e das atividades realizadas. 
Para o cadastro da ação no SIMA, im-
prescindível descrever os dados gerais 
da ação, como o nome, o público de in-
teresse, se é uma data importante em 
Direitos Humanos, a justificativa para 
execução, os objetivos específicos - 
conscientizar sobre direitos, comba-
ter o alto índice de violação verificado, 
22
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
qualificar profissionais, prevenir e/ou 
trabalhar com potenciais violadores -, 
e a modalidade da ação - presencial, 
semipresencial, educação à distância, 
telepresencial, videoconferência e/ou 
divulgação online. 
Após o cadastro dos dados gerais, iden-
tificam-se as violações combatidas, os 
grupos temáticos abordados e os direi-
tos promovidos. Além disso, é necessá-
rio cadastrar a metodologia utilizada na 
ação, as entidades parceiras, os locais 
de atuação e, especialmente, o cadas-
tro do tipo de ação e grupos de ação. Ao 
final, é possível cadastrar os resultados 
da ação.
Portanto, o sistema possibilita às es-
colas a gestão de todos os processos 
inerentes à realização da ação, desde a 
criação aos resultados, permitindo um 
maior controle das atividades e, con-
sequentemente, maior domínio sobre o 
processo, cronograma e resultados.
As ações abertas ao público e os mate-
riais desenvolvidos pelas escolas tam-
bém podem ser enviadas para possível 
disponibilização para o Portal SER-DH. 
Em síntese, o Portal SER-DH disponibi-
liza conteúdo de aprimoramento técni-
co aos profissionais e dissemina con-
teúdos qualificados e experiências que 
fomentem as discussões em Direitos 
Humanos, contribuído diretamente no 
eixo promoção em direitos humanos do 
SGD. 
23
Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
Referências bibliográficas 
AMIN, Andréa Rodrigues. Doutrina da proteção integral. Em: MACIEL, Katia Regina 
Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - 13ª 
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Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - 13ª 
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dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas de juven-
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_______. Resolução n.o 113, de 19 de abril de 2006, dispõe sobre os parâmetros 
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____. Declaração Universal dos Direitos da Criança. 1959. 
TAVARES, Patrícia Silveira. A política de atendimento. Em: MACIEL, Katia Regina 
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TAVARES, Patrícia Silveira. O Conselho Tutelar. Em: MACIEL, Katia Regina Ferreira 
Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - 13ª Edição. 
Saraiva jur. Edição do Kindle, 2021b. 
TAVARES, Patrícia Silveira. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescen-
te. Em: MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da 
Criança e do Adolescente - 13ª Edição. Saraiva jur. Edição do Kindle, 2021c.
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Fortalecendo a política da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E JUVENTUDE
Acesse o Portal SER-DH: 
serdh.mg.gov.br
https://serdh.mg.gov.br/
	Apresentação
	1. A política de proteção e promoção da criança e do adolescente 
	1.1 A doutrina da proteção integral 
	1.2 Do sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente (SGD)
	1.2.1 Da defesa dos direitos humanos 
	1.2.2 Da promoção dos direitos humanos 
	1.2.3 Do controle da efetivação dos direitos humanos 
	2. A política de proteção e promoção da juventude
	2.1 Das diretrizes das políticas públicas de juventude 
	2.2 Do Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE 
	2.3 Dos Conselhos de Juventude 
	3. O papel da escola na proteção e promoção dos direitos da criança, do adolescente e da juventude 
	3.1 O SIMA nas escolas 
	Referências bibliográficas