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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOTUPORANGA – UNIFEV 7º PERÍODO A/NOTURNO JOÃO VICTOR ALVES DE SOUZA 104748 KARLA RAYSSA DE VASCONCELOS 103634 KETLYN VICTORIA GOVEIA DE ANDRADE 103895 SABOTAGEM (359-R) VOTUPORANGA/SP MAIO/2023 1.1 CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. Crimes contra o Estado democrático de Direito, tange os crimes contra a soberania nacional (atentado à soberania, atentado à integridade nacional e espionagem), contra as instituições democráticas (abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado), contra o funcionamento das instituições democráticas no processo eleitoral (interrupção do processo eleitoral e violência política) e contra o funcionamento dos serviços essenciais (sabotagem). É considerado destacar que, segundo o artigo 359-Todo CP, não constitui crime previsto contra o Estado Democrático de Direito a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais. A Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021, que revogou a Lei de Segurança Nacional, trata de delitos que atentam contra o Estado democrático de Direito em seu sentido mais amplo. A nova lei, que inclui o Título XII no Código Penal, foi publicada no dia 2 de setembro de 2021, e computou com diversos vetos presidenciais. Com o advento dos novos artigos inseridos pela Lei nº 14.197/2021 no Código Penal, diversas discussões doutrinárias surgiram. Entre elas, salienta a seguinte: Qual é a natureza dos crimes contra o Estado Democrático de Direito? Seriam eles crimes políticos? Duas correntes surgiram: A primeira corrente afirma que os crimes introduzidos pela Lei nº 14.197/21 são crimes políticos, uma vez que a legislação revoga a lei que deles tratava (Lei de Segurança Nacional) e os desloca para o Código Penal. Assim, deverão ser processados e julgados pela Justiça Comum Federal, sendo admissível recurso ordinário ao STF. Por outro lado, uma segunda corrente doutrinária, que tem se mostrado majoritária, afirma que os crimes introduzidos pela Lei nº 14.197/21 não podem ser rotulados como crimes políticos. Desse modo, deverão ser processados e julgados pela Justiça Comum Estadual. Nesse sentido, Cleber Masson. 2.2 - ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA LEI Nº 14.197/2021. A Lei nº 14.197 de 1º de setembro de 2021, inseriu o Título XII no Código Penal, que cuida especificamente sobre os Crimes contra o Estado Democrático de Direito. Além disso, a referida lei promoveu algumas revogações: • Revogou a Lei nº 7.170/1983 (Lei de Segurança Nacional); e • Revogou o art. 39 do Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei de Contravenções Penais). O art. 39 da Lei de Contravenções Penais estava previsto sobre a contravenção de “Associação Secreta”, e estava topograficamente localizado dentro do Capítulo IV, que lida sobre as Contravenções referentes à Paz Pública. Foi inserido ao Título XII no Código Penal, tais crimes encontram-se positivados nos arts. 359-I ao 359-U do referido diploma legal. O Capítulo I, trata dos Crimes contra a Soberania Nacional. O Capítulo II trata dos Crimes contra as Instituições Democráticas. Por sua vez, o Capítulo III dispõe acerca dos Crimes contra o Funcionamento das Instituições Democráticas no Processo Eleitoral. O Capítulo IV trata dos Crimes contra o Funcionamento dos Serviços Essenciais e, por fim, o Capítulo V, que foi vetado, tratava dos Crimes contra a Cidadania. Ressaltar que o Capítulo VI contempla as Disposições Comuns a todos os crimes contra o Estado Democrático de Direito ora mencionados. Uma das principais alterações, é que os delitos de opinião, aqueles cometidos por escritos ou palavras, deixam de ser tipificados na Lei de Segurança Nacional e passam a ser crimes comuns, descritos no Código Penal, passíveis de transação penal, de competência do Juizado Especial Criminal, com exceção da calúnia agravada, e o mesmo delito ou a difamação, quando cometidos ou divulgados em quaisquer modalidades de redes sociais da rede mundial de computadores (internet), cuja pena é triplicada. Portanto, de uma legislação que, ao definir uma série de novos crimes políticos, estabelece um – necessário – mecanismo de defesa do Estado Democrático de Direito contra os seus inimigos, contra os seus detratores que se insurgem contra as regras do jogo democrático. 3.3 SABOTAGEM (359-R). O art. 359-R é mais um tipo penal necessário à tutela do Estado Democrático de Direito - é imperativa a manutenção da ordem política-jurídica constitucional. É o único dos crimes contra o Estado Democrático de Direito que tutela o funcionamento dos serviços essenciais. Salientamos que a sabotagem já vinha prevista na revogada Lei n. 7.170/83 – Lei de Segurança Nacional, embora com descrição típica um tanto diversa. Dizia o art. 15 da citada lei: “Art. 15 - Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.” No §1º vinham previstas causas de aumento de pena e no §2º puniam-se os atos preparatórios. Art. 359-R. Destruir ou inutilizar meios de comunicação ao público, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa nacional, com o fim de abolir o Estado Democrático de Direito: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. • Classificação, é um tipo básico, comum, comissivos. • O bem jurídico é o Estado democrático de Direito. Quanto aos sujeitos, qualquer um pode ser sujeito ativo, tratando-se de crime comum, e o sujeito passivo é a sociedade. Consoante tipicidade objetiva, proíbe-se a destruição (estragar em caráter de definitividade) com a inutilização (quebrar, danificar) meio de comunicação (antenas, rádios) estabelecimentos (casas, apartamentos, complexos funcionais), instalações (bases, centros de comunicações, centros de pesquisa) ou serviços utilizados para defesa nacional. O bem ou o serviço deve ser utilizado para defesa nacional, sendo tal limite importante e decisivo, pois nem todo aparato público, mesmo militar, tem tal destinação. A tipicidade subjetiva, pune-se a pratica dolosa quando a gente atua com especial fim de agir (elemento subjetivo do injusto) que é tentar abolir o estado democrático de direito. Trata-se de delito de tendência interna transcendente, no sentido de que o autor busca um resultado contido no tipo penal, mas que não precisa necessariamente alcançar. Não se caracteriza o delito sem que o especial fim esteja devidamente comprovado. Admite-se tentativa por ser crime plurissubsistente, podendo o iter criminis ser fracionado. E a consumação se dá com a destruição ou inutilização dos bens e/ou serviços descritos no tipo, não sendo exigido, por óbvio, o fim do Estado democrático de Direito. A pena do delito é de reclusão, de 2 a 8 anos, admitindo-se, portanto, regime fechado a depender do caso. Em razão do quantum da pena, admite-se prisão preventiva se houver requisitos e fundamentos do artigo 312 (CPP) já que a hipótese no artigo 313, inciso I do CPP está presente. (Sobre a prisão preventiva, ver PRADO, Luiz Regis. SANTOS, Diego Prezzi. Prisão preventiva. A contramão da Modernidade. Rio de Janeiro: Forense, 2018). Não se admite a incidência de instrumentos de barganha como transação penal, suspensão condicional do processo ou acordo de não percepção penal. E a ação penal pública incondicionada, tramitando pelo rito ordinário.Por fim, a ação penal é pública incondicionada, acordando que esse crime será considerado inafiançável e imprescritível se for praticado por grupos armados, civis ou militares, de acordo com o disposto no art. 5º, XLIV, da Constituição Federal. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA Crime comum com relação ao sujeito ativo, e próprio no que diz respeito ao sujeito passivo (já que somente o Estado pode figurar nessa condição); material; doloso; comissivo; monossubjetivo; plurissubsistente; transeunte ou não transeunte (dependendo se a infração deixar ou não vestígios). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOUZA, Luciano. Art. 359-R In: SOUZA, Luciano. Código Penal Comentado - Ed. 2022. São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais. 2022. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/codigo-penal-comentado-ed 2022/1728307231. DELMANTO, Celso; DELMANTO, Roberto; JUNIOR, Roberto D.; et al. Código penal comentado. Editora Saraiva, 2021.E-book.9786555593. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555593914/. GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. 15. ed. – Barueri – SP/ Atlas, 2022. Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9786559770700. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559770700/. SILVA, César Dario Mariano. Afinal, o que são os tais crimes contra o Estado democrático de Direito. Revista consultor jurídico/conjur.com. 13 de novembro de 2021. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2022-nov-13/cesar-dario- sao-tais-crimes-estado-direito#top SUONSKI, Marcela neves. Crimes contra o Estado Democrático de Direito. Estratégia. Março de 2023. Disponível em: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/crimes-estado-democratico/ https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/codigo-penal-comentado-ed%202022/1728307231 https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/codigo-penal-comentado-ed%202022/1728307231 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555593914/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559770700/ https://www.conjur.com.br/2022-nov-13/cesar-dario-sao-tais-crimes-estado-direito#top https://www.conjur.com.br/2022-nov-13/cesar-dario-sao-tais-crimes-estado-direito#top
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