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Unidade 4 Crimes hediondos, ambientais, econômico- tributários, de preconceito, contra o idoso, de drogas e abuso de autoridade Direito Penal Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria FERNANDA SILVEIRA COSTA AUTORIA Fernanda Silveira Costa Olá! Sou formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, advogada criminalista, pós-graduanda em Direito Público, mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela Universidade de Coimbra. Tenho experiência técnico-profissional em educação não formal pelo programa Erasmus Plus da União Europeia e trabalho como professora para a Modular Acadêmico, empenhada cada dia mais em contribuir para a educação do nosso país. Foi com grande alegria que aceitei o desafio de participar e dar o meu contributo para esse maravilhoso projeto da Editora Telesapiens, fazendo parte do elenco de autores independentes. Me sinto muito grata por poder contribuir para o seu aprendizado. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Crimes hediondos, de trânsito e ambientais ...................................10 Crimes hediondos ........................................................................................................................... 10 Crimes de trânsito ......................................................................................................................... 14 Crimes ambientais .......................................................................................................................... 16 Crimes contra a ordem econômica e tributária ............................ 20 Crimes contra a ordem econômica .................................................................................. 20 Crimes contra a ordem tributária .........................................................................................22 Crime de lavagem de dinheiro ............................................................................................23 Crimes de preconceito e contra o estatuto do idoso .................. 29 Crimes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional ..................................................................................................................................................29 Crimes contra o Estatuto do Idoso .....................................................................................33 Lei de drogas, do pacote anticrime e de abuso de autoridade 37 Lei de drogas ......................................................................................................................................37 Lei do pacote anticrime ........................................................................................................... 40 Lei de abuso de autoridade ...................................................................................................43 7 UNIDADE 04 Direito Penal 8 INTRODUÇÃO Você sabia que grande parte dos crimes vigentes no nosso ordenamento jurídico não estão no Código Penal? Isso mesmo. Nosso ordenamento jurídico conta com uma série de leis que versam sobre assuntos específicos e uma série de leis que apenas modificam ou atualizam outros diplomas legais já existentes. Na presente Unidade, por exemplo, iremos tratar de leis que trazem novos crimes para o nosso ordenamento, como os crimes hediondos, crimes de trânsito, crimes ambientais, crime de lavagem de dinheiro, crimes resultantes de preconceito, crimes contra a pessoa idosa, crimes relativos às drogas, crimes de abuso de autoridade; e que, ao mesmo tempo, operam significativas mudanças no Código Penal, no Código de Processo Penal e em outras leis extravagantes, como recentemente fez a Lei do Pacote Anticrime. Entendeu? Ao longo desta Unidade estudaremos algumas dessas leis especiais! Direito Penal 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Entender os crimes hediondos, crimes de trânsito e crimes ambientais. 2. Compreender os crimes contra a ordem econômica, tributária e de lavagem de dinheiro. 3. Analisar os termos da prática de crimes resultantes de preconceito e de crimes do estatuto do idoso. 4. Entender os principais preceitos da lei de drogas, do pacote anticrime e de abuso de autoridade. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Lembre-se que o conhecimento é o maior poder de todos! Direito Penal 10 Crimes hediondos, de trânsito e ambientais OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender os principais pontos da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990; Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997; e Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Isso será fundamental para que você compreenda os fundamentos e alguns dos principais aspectos dos crimes hediondos, de trânsito e ambientais. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá! Crimes hediondos O art. 5°, inciso XLIII da Constituição Federal, determina que a lei considerará os crimes hediondos como crimes inafiançáveis, insuscetíveis de graça ou anistia, devendo por eles responder os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. REFLITA: Mas afinal, o que significa dizer que um crime é hediondo? Quais são esses crimes? Pois bem, como a Constituição adota o critério legal, a Lei n° 8.072/1990, dispõe sobre os crimes hediondos. Entretanto, a referida lei não trouxe o seu conceito, apenas limitou-se a tecer no seu art. 1° quais são os crimes considerados hediondos. A denominação jurídica “crime hediondo” não tem antecedente no Direito Penal brasileiro, não foi demarcada com precisão pelo legislador constituinte e tampouco explicitada pelo legislador infraconstitucional (MOURA, 2007). Desse modo, apesar de o termo “hediondo” significar abominável, bárbaro, cruel, aquilo que nos causa profunda repulsa; em termos jurídicos, “crime hediondo” não deve ser entendido como crime praticado com extrema violência ou com requintes de crueldade, mas sim como aquele que a lei estabelece expressamente como tal, ou seja, crime hediondo é aquele crime expressamente previsto na Lei n° 8.072/1990. Direito Penal 11 Figura 1 - O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003, é, atualmente, considerado como crime hediondo Fonte: Freepik IMPORTANTE: Insta ressaltar que a Lei de Crimes Hediondos foi uma das leis que mais sofreram alterações com a Lei do Pacote Anticrime. Como não teremos espaço para realizar todas essas análises na presente Unidade,não deixem de conferir todos os artigos da Lei de Crime Hediondos e analisar as alterações promovidas pela Lei do Pacote Anticrime. Por força do art. 1° da referida lei, são considerados crimes hediondos os seguintes crimes, consumados ou tentados: a. Homicídio (art. 121 do Código Penal), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, parágrafo 2°, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII do Código Penal). b. Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, parágrafo 2° do Código Penal) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, parágrafo 3° do Código Penal), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra Direito Penal 12 seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. c. Roubo quando circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, parágrafo 2°, inciso V); circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, parágrafo 2°-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, parágrafo 2°-B); qualificado pelo resultado de lesão corporal grave ou morte (art. 157, parágrafo 3°), nos termos do Código Penal. d. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, parágrafo 3°, do Código Penal). e. Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e parágrafos 1°, 2° e 3°). f. Estupro (art. 213, caput e parágrafos 1° e 2° do Código Penal). g. Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e parágrafos 1°, 2°, 3° e 4°, do Código Penal). h. Epidemia com resultado morte (art. 267, parágrafo 1° do Código Penal). i. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e parágrafo 1°, parágrafo 1°-A e parágrafo 1°-B do Código Penal). j. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança, adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e parágrafos 1° e 2° do Código Penal). k. Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, parágrafo 4°-A do Código Penal). l. O crime de genocídio, previsto nos artigos 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956. m. O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei n° 10.826/2003. Direito Penal 13 n. O crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei n° 10.826/2003. o. O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei n° 10.826/2003. p. O crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. Quanto ao instituto da liberdade provisória, é importante ressaltar que a redação original da Lei n° 8.072/1990 proibia a aplicação da liberdade provisória para os crimes hediondos, entretanto, com a edição da Lei n° 11.464, de 28 de março de 2007, que modificou a redação do art. 2°, inciso II, daquela lei, suprimindo tal vedação, passou a ser possível a concessão do benefício da liberdade provisória aos crimes hediondos e assemelhados. Contudo, apesar de nada impedir a concessão do referido benefício sem fiança, essa posição não é pacífica nos tribunais, havendo recentes decisões no sentido de que, apesar da alteração introduzida pela Lei n° 11.464/2007, os crimes hediondos e assemelhados continuam insuscetíveis de liberdade provisória, com ou sem fiança. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre os argumentos trazidos pelo Supremo Tribunal Federal ao defender o posicionamento de que a proibição da liberdade provisória, no caso dos crimes hediondos e equiparados, deve ser mantida mesmo após a mudança operada pela Lei n° 11.464/2007, leia o julgado STF – HC 104.862/SC – Rel. Min. Cármen Lúcia – 1ª Turma – Dje, 22/08/2011. Clique aqui para acessar. Ainda é imperioso destacar que a redação original da Lei de Crimes Hediondos também trazia, de forma expressa, que a pena dos referidos crimes deveria ser cumprida integralmente em regime fechado, vedando qualquer espécie de progressão de regime. Entretanto, com base nos princípios da humanidade e da individualização da pena, entre outros, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o regime integralmente fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade Direito Penal https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20626801/habeas-corpus-hc-104862-sc-stf 14 nos crimes hediondos e equiparados, questão superada com a edição da Lei n° 11.464/2007 que alterou o art. 2, parágrafo 1° da Lei de Crimes Hediondos, passando a estabelecer que pena por crime hediondo deverá ser cumprida inicialmente em regime fechado. NOTA: A inconstitucionalidade do art. 2°, parágrafo 1° da Lei n° 8.072/1990 foi declarada no seguinte julgado do Supremo Tribunal Federal: HC 82,959-7/ SP. Rel. Min. Marco Aurélio. Tribunal Pleno. 23/02/2006. Clique aqui para acessar. Isso posto, passaremos agora à análise dos principais pontos acerca dos crimes de trânsito. Avante! Crimes de trânsito As condutas cometidas no trânsito, em desacordo com a lei, têm pesos distintos, e exatamente por isso suas penalidades não são as mesmas, algumas são consideradas como meras infrações de trânsito; outras, como crimes. REFLITA: Você sabe dizer quais são os crimes de trânsito e onde eles estão previstos? Os crimes de trânsito estão previstos no chamado Código de Trânsito Brasileiro, instituído pela Lei n° 9.503/1997 e foram tipificados nos artigos 302 a 312. São eles: crime de homicídio culposo (art. 302); lesão corporal culposa (art. 303); omissão de socorro (art. 304); fuga do local do acidente (art. 305); embriaguez ao volante (art. 306); violação de suspensão ou proibição de se obter permissão ou habilitação para dirigir veículos automotores (art. 307); participação em competição não autorizada — “racha” (art. 308); direção sem habilitação (art. 309); entrega da direção de veículo automotor à pessoa não autorizada (art. 310); tráfego em Direito Penal https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/761705/habeas-corpus-hc-82959-sp 15 velocidade incompatível com a segurança (art. 311); e fraude processual (art. 312). No que tange à aplicação de pena para os crimes previstos nos artigos 302 a 312, o Código de Trânsito determina, no art. 312-A, que nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades: I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; II - trabalho em unidades de pronto- socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politraumatizados; III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito; IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito. O art. 291 do Código de Trânsito estabelece a aplicação da Lei n° 9.099, de 26 de setembro de 1995 aos crimes de trânsito, “no que couber”. Assim, uma vez que o art. 61 da referida lei (instituído pela Lei n° 11.313, de 28 de junho de 2006) estabelece que o rito sumaríssimo se aplica às contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos; praticamente todos os crimes de trânsito, à exceção do homicídio culposo (art. 302), deveriam ser apurados mediante o rito estabelecido pela Lei n° 9.099/1995, inclusive no que tange àtransação penal do art. 76. Com a advento da Lei n° 11.705, de 19 de junho de 2008, esse cenário mudou, pois entre outras disposições a lei em tela deu nova redação ao parágrafo 1° do art. 291 do Código de Trânsito, vedando expressamente a aplicação do rito do juizado especial criminal aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa, quando o agente preencher um dos requisitos dos incisos I a III do mesmo artigo. Com a nova redação, o parágrafo único do art. 291 foi suprimido, excluindo da competência do juizado especial criminal o crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306, que prevê pena privativa de seis meses a três anos de detenção, que era expressamente excepcionado na redação do dispositivo suprimido. O Direito Penal 16 mesmo ocorreu com o crime de “racha” (art. 308), cuja pena privativa de liberdade foi fixada em seis meses a três anos pela Lei n° 12.971, de 9 de maio de 2014. Desse modo, ante a nova redação do art. 291 do Código de Trânsito Brasileiro, aplicam-se as disposições da Lei n° 9.099/1995 aos crimes do art. 303, exceto nas hipóteses dos incisos I, II, III do parágrafo 1° do art. 291; art. 304; art. 305; art. 307; art. 309; art. 310; art. 311 e art. 312. Por conseguinte, não se aplica o rito do juizado especial criminal aos seguintes crimes: homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302); lesão corporal culposa (art. 303), nas hipóteses dos incisos I, II, e III do parágrafo 1° do art. 291; embriaguez ao volante (art. 306); e participação em “racha” (art. 308). As penas previstas para os crimes de trânsito são: reclusão, detenção, suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, ou multa. A pena de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta de forma isolada ou cumulativamente com outras penalidades (art. 292 do Código de Trânsito). Entretanto, não há nenhuma hipótese de crime de trânsito em que a referida suspenção ou proibição possa ser aplicada isoladamente. Essas são as principais considerações acerca dos crimes de trânsito. Passaremos agora aos mais importantes pontos a serem estudados em relação aos crimes ambientais. Vamos juntos! Crimes ambientais Atualmente, os crimes ambientais são previstos na Lei n° 9.605/1998, que inaugurou a tutela penal do meio ambiente, com base no art. 225, caput, da Constituição Federal, que dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, p. 131). REFLITA: O que devemos entender por meio ambiente? Direito Penal 17 Em uma perspectiva jurídica, meio ambiente deve ser entendido como o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3°, inciso I, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981). O conceito de meio ambiente abrange o meio natural (solo, água, ar, flora e fauna); cultural (patrimônio arqueológico, artístico, histórico, paisagístico e turístico); artificial (edifícios, equipamentos urbanos, comunitários, arquivos, registros, museus, bibliotecas, pinacoteca e instalação científica ou similar); e do trabalho (proteção do trabalhador em seu local de trabalho), é o que elucida Andreucci (2017, p. 629). O sujeito ativo do crime ambiental, via de regra, pode ser qualquer pessoa, mas há casos extraordinários em que a lei estabelece qualidades específicas do agente, como nos crimes contra a administração ambiental, especialmente nos artigos 66 e 67, nos quais o sujeito ativo somente pode ser funcionário público. Nos termos do art. 225, parágrafo 3° da Constituição Federal e do art. 3° da Lei n° 9.605/1998 as pessoas jurídicas serão responsabilizadas penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato e poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente (art. 3°, parágrafo único e art. 4° da referida lei). As penas aplicadas às pessoas físicas são: pena restritiva de liberdade (detenção ou reclusão); multa (art. 18); restritivas de direitos (art. 8°). Já às pessoas jurídicas são aplicadas penas de: multa, restritivas de direitos (art. 22) e prestação de serviços à comunidade (art.21). Direito Penal 18 IMPORTANTE: Há ainda a chamada “pena de morte da pessoa jurídica” (ANDREUCCI, 2017, p. 362), posta pelo art. 24 da referida lei, segundo o qual a pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definidos na lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Os crimes contra o meio ambiente foram classificados da seguinte maneira: crimes contra a fauna (artigos 29 ao 37); crimes contra a flora (artigos 38 ao 53); crimes de poluição e outros crimes ambientais (artigos 54 ao 60); crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (artigos 62 ao 64); e crimes contra a administração ambiental (artigos 66 ao 69-A). Fauna deve ser entendida como o conjunto de animais de qualquer espécie que viva naturalmente fora do cativeiro; flora como o conjunto de plantas de determinado local; poluição como a degradação da qualidade ambiental no que tange a pureza e a limpeza da água, do ar e do solo (ANDREUCCI, 2017). NOTA: A doutrina moderna entende que os crimes contra a flora são de crimes de lesão, uma vez que a relação ambiental contra a flora é atingida, inclusive, nos artigos 38, 39 e 40 pressupõe-se a efetiva ocorrência de dano (ANDREUCCI, 2017). Direito Penal 19 RESUMINDO: E então? Gostou do que aprendemos até aqui? Só para resumir tudo o que vimos é importante ter em mente que o art. 5°, inciso XLIII da Constituição Federal determina que a lei considerará os crimes hediondos como crimes inafiançáveis, insuscetíveis de graça ou anistia, devendo por eles responder os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Desse modo, como a Constituição adota o critério legal, a Lei n° 8.072/1990, tratou de dispor sobre os crimes hediondos. Portanto, apesar de o termo “hediondo” significar abominável, bárbaro, cruel, aquilo que nos causa profunda repulsa; em termos jurídicos, “crime hediondo” não deve ser entendido como crime praticado com extrema violência ou com requintes de crueldade, mas sim como o que a lei estabelece expressamente como tal, ou seja, crime hediondo é um dos crimes expressamente previsto na Lei n° 8.072/1990. Quanto aos crimes de trânsito, aprendemos que eles estão tipificados nos artigos 302 a 312 Lei n° 9.503/1997 e que, ante a nova redação do art. 291 do Código de Trânsito Brasileiro (promovida pela Lei n° 11.705/2008), não se aplica o rito do juizado especial criminal aos seguintes crimes: homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302); lesão corporal culposa (art. 303), nas hipóteses dos incisos I, II, e III do parágrafo 1° do art. 291; embriaguez ao volante (art. 306); participação em “racha” (art. 308). E, por fim, vimos que no que tange os crimes ambientais, eles foram classificados da seguinte maneira pela Lei n° 9.605/1998: crimes contra a fauna (artigos 29 ao 37); crimes contra a flora (artigos 38 ao 53); crimes de poluição e outros crimes ambientais (artigos 54 ao 60); crimes contra o ordenamentourbano e o patrimônio cultural (artigos 62 ao 64); crimes contra a administração ambiental (artigos 66 ao 69-A). Também é importante ter em mente que, nos termos do art. 225, parágrafo 3° da Constituição Federal e do art. 3° da Lei n° 9.605/1998, as pessoas jurídicas serão responsabilizadas penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Direito Penal 20 Crimes contra a ordem econômica e tributária OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender os aspectos mais importantes em relação aos crimes contra a ordem econômica, tributária e de lavagem de dinheiro. Isso será fundamental para que você compreenda a aplicação prática desses crimes. E então? Vamos juntos desenvolver mais esta competência? Avante! Crimes contra a ordem econômica No que tange os crimes contra a ordem econômica, destacamos a Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990; e a Lei n° 8.176, de 8 de fevereiro de 1991, vez que a Lei n° 1.521, de 26 de dezembro de 1951 teve a grande maioria de seus crimes absorvidos pelas legislações posteriores. A tutela penal da ordem econômica é supraindividual, pois tem como objetivo a proteção da atividade econômica, seja do Estado, seja do indivíduo (livre iniciativa), garantindo um equilíbrio na produção, circulação e distribuição de riqueza dentro da sociedade; visando, assim, à proteção da coletividade. Um dos fundamentos constitucionais dos crimes contra a ordem econômica reside no disposto do art. 173, parágrafo 4° da Constituição Federal, que determina que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988, p. 110). Nesse sentido, o art. 4° da Lei n° 8.137/1990 criminaliza a conduta de quem: i) de forma genérica, abusa do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; ii) formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; c) ao Direito Penal 21 controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores. E a tais condutas impõe pena de reclusão de dois a cinco anos, e multa. IMPORTANTE: O dumping consiste na operação de uma determinada empresa abaixo das condições habituais de mercado, com o objetivo de eliminar os concorrentes menores. Portanto, é uma prática que lesa a livre concorrência. Apesar de o dumping, atualmente, não ser objeto de um dispositivo penal específico, em alguns casos, é possível enquadrá- lo nos termos do art.° 4, inciso I (VASCONCELOS, 2016). A formação de cartel é criminalizada pelo art. 4°, inciso II e consiste na ação conjunta de empresários que objetivam o ajuste de preços, quantidades de mercadorias a serem produzidas e comercializadas, bem como o controle de mercado, a fim de dividir o mercado entre si (MAIA, 2008, p. 12). O monopólio, enquanto domínio de uma só pessoa quanto ao fornecimento de um determinado bem ou serviço em certa localidade; por si só, não constitui crime. O art. 1° da Lei n° 8.176/1991, por sua vez, constitui como crime contra a ordem econômica o ato de: i) adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei; e ii) usar gás liquefeito de petróleo em motores de qualquer espécie, saunas, caldeiras e aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei. Tais condutas têm pena de detenção de um a cinco anos. A objetividade jurídica do referido artigo é a política econômica do Estado no que tange à normalidade do abastecimento nacional de petróleo, combustíveis derivados, álcool para fins carburantes e de outros combustíveis líquidos carburantes, bem como o Sistema Nacional de Estoque de Combustíveis (ANDREUCCI, 2017). Direito Penal 22 A consumação do crime ocorre com a efetiva aquisição, distribuição e revenda dos derivados do petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais líquidos carburantes, que observem as normas estabelecidas por lei; bem como, com a utilização de gás liquefeito de petróleo (GLP) em motores, independentemente de sua espécie, em desacordo com as normas editadas em lei (ANDREUCCI, 2017). Desse modo, vale lembrar que estamos diante de uma norma penal em branco, pois o tipo penal, para ser caracterizado, depende de complementação ditada por outra norma. Crimes contra a ordem tributária É sabido que não é exagero afirmar que, de livre e espontânea vontade, dificilmente alguém pagaria um tributo. Além do mais, o Estado sabe que os desvios na seara tributária não são suficientemente sancionados por intermédio de medidas de cunho meramente administrativo. Desse modo, é exatamente daí que surge a ideia de tipificação dos crimes contra a ordem tributária, uma vez que o legislador se vale do Direito Penal, a mais drástica e agressiva forma de intervenção do Estado na esfera de direitos do cidadão, para preservar a ordem tributária. REFLITA: Em que consiste a ordem tributária? A ordem tributária é um bem jurídico supraindividual, com relevância constitucional (artigos 145 a 169 e art. 170), que pode ser compreendida como a atividade administrada pelo Estado, personificado na Fazenda Pública dos distintos entes Estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), dirigida à arrecadação de ingressos e à gestão de gastos em benefício da sociedade (BITENCOURT; MONTEIRO, 2013). Desse modo, a tutela penal é justificada pela necessidade de resguardar esse bem jurídico transindividual de fundamental importância para a sociedade, uma vez que consiste nos recursos auferidos das receitas tributárias do país que promoverão a realização das atividades destinadas a atender às necessidades sociais. Direito Penal 23 No que tange à tipificação dos crimes contra a ordem tributária, destacamos a Lei n° 4.357, de 16 de julho de 1964; a Lei n° 8.137/1990 e o os tipos previstos no Código Penal. A Lei n° 4.357/1964 tipificou o crime de apropriação indébita do imposto de renda, imposto sobre o consumo e o imposto do selo, então existentes (art. 11). A Lei n° 8.137/1990 tipifica o crime de sonegação fiscal e classifica os crimes contra a ordem tributária em duas modalidades, quais sejam crimes praticados por particulares (artigos 1° e 2°) e crimes praticados por funcionários públicos (art. 3°). NOTA: Sonegação fiscal é a ocultação dolosa, mediante fraude, astúcia ou habilidade, do reconhecimento de tributo devido ao Poder Público (MORAES; SMANIO, 2004). O Código Penal também traz inúmeros artigos que visam à tutela da ordem tributária, como o crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A); excesso de exação (art. 316, parágrafo 1°); facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318); descaminho (art. 334) e sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A). Crime de lavagem de dinheiro A expressão “lavagem de dinheiro” não tem um conceito firme no Direito brasileiro, a doutrina costuma utilizar-se de caracterizações do processo para definir o crime, uma vez que mais importante que o nome do delito é a sua delimitação. Desse modo, a lavagem de capitais pode ser definida como o processo no qual os bens de origem ilícita são integrados ao sistema econômico legal com nova roupagem, ou seja, com aparência de ter sido obtido de forma lícita (CALLEGARI; WEBER, 2014 apud CORDERO, 2002). Direito Penal 24 Figura 2 -A teoria predominante relativa à origem da expressão “lavagem de dinheiro” remonta à época em que os gângsteres norte-americanos utilizavam lavanderias para ocultar o dinheiro proveniente das suas atividades ilícitas, em meados de 1920 (CALLEGARI; WEBER, 2014) Fonte: Freepik No Brasil, a definição do tema está vinculada à tipicidade penal posta no art. 1°, caput, da Lei n° 9.613, de 3 de março de 1998. Segundo o referido dispositivo, lavagem de dinheiro deveria ser entendida como o ato de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime de: tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins; terrorismo; terrorismo e seu financiamento; de contrabando ou tráfico de armas, munição ou material destinado à sua produção; de extorsão mediante sequestro; contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos; contra o sistema financeiro; praticado por organização criminosa; praticado por particular contra a Administração Pública estrangeira (artigos 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal). A Lei n° 12.683, de 9 de julho de 2012 alterou a lei original, eliminando o rol de crimes ditos como antecedentes ao crime de lavagem de dinheiro, adequando a legislação brasileira às mais modernas existentes. Nesse sentido, alterou o art. 1° da Lei n° 9.613/1998, que passou a definir o crime Direito Penal 25 de lavagem de dinheiro somente como o ato de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. IMPORTANTE: A doutrina aponta as principais características e fases da lavagem de dinheiro. As características visíveis no processo de lavagem de dinheiro são: somente a partida é perfeitamente identificável; profissionalização do processo (alta complexidade dos métodos utilizados); e movimentação de um elevado volume financeiro. E as fases desse processo são três: fase da ocultação ou colocação; estratificação ou escurecimento; e a fase da integração ou lavagem propriamente dita (CALLEGARI; WEBER, 2014). A fase da ocultação ou colocação é a fase inicial da lavagem, nela os agentes fazem desaparecer as grandes somas que suas atividades ilegais geraram, separando os ativos da ilegalidade. Durante essa fase, os delinquentes valem-se dos canais de vazão aos capitais para transferir o dinheiro para além das fronteiras nacionais. Os principais canais de vazão são: instituições financeiras tradicionais, como os bancos e as empresas de crédito; instituições financeiras não tradicionais, como as grandes empresas, bares, casas noturnas, restaurantes e cassinos; inserção nos movimentos financeiros diários e outras atividades que transferem o dinheiro para outros países, como o contrabando de dinheiro (a transferência física do dinheiro para fora do país por meio do transporte marítimo, ferroviário, aéreo e até mesmo rodoviário). A fase de estratificação, escurecimento ou mascaramento é a fase que transforma o dinheiro advindo de atividade ilícita, já inserido no mercado, em dinheiro aparentemente lícito. Nessa fase, os agentes tentam, por meio de complexas operações, afastar de forma definitiva o dinheiro das atividades ilícitas que o originaram, dando ao dinheiro uma aparência de licitude disfarçando sua origem e dificultando a reconstrução, pelas agências estatais de controle e repressão, da trilha ou caminho do Direito Penal 26 dinheiro, também chamada de trilha do papel (paper trail), é o que elucida Maia (2004, p. 38-39). Na fase de escurecimento do dinheiro os agentes buscam movimentar o dinheiro de todas as formas possíveis entre instituições bancárias, em diferentes moedas e distintos investimentos dentro dos bancos. Em detrimento da técnica de fracionamento, uma vez que o dinheiro é transferido para várias contas, todo o dinheiro de todas essas contas é transferido para um centro de offshore, garantindo anonimato e protegendo a identidade do lavador. IMPORTANTE: Nessa fase de mascaramento são os centros de offshore que se destacam, servindo como base para inúmeras transferências que promovem a conversão do dinheiro em instrumentos financeiros. O offshore pode ser entendido como uma país com jurisdição que oferece segredo financeiro a fim de atrair negócios de fora do país, oferecendo, além de confidencialidade absoluta, um sistema bancário bem-estruturado, nenhum tratado de cooperação antilavagem e uma mínima exigência de identificação. E, por fim, a fase de integração ou reinversão é o momento no qual os lavadores aplicam mecanismos de reinversão para que o dinheiro advindo da lavagem se torne investimentos corriqueiros e necessários em diversos setores da economia. Nessa fase, o dinheiro é incorporado efetivamente ao sistema financeiro e, a partir daí, às áreas regulares da econômica. Portanto, os lavadores sacam o dinheiro lícito nos bancos, compram bens, emprestam a indivíduos, realizando registros contábeis e tributários, os quais justificam o capital de forma legal. É nesse momento que o dinheiro é colocado novamente na economia com aparência de legalidade. Direito Penal 27 NOTA: Cumpre destacar que as fases são teoricamente divididas para fins de estudo, mas na prática não ocorrem necessariamente de forma separada, ou podem correr concomitantemente. Nesse sentido, é importante ressaltar que a Lei n° 9.613/1998, alterada pela Lei n° 12.683/2012, determina o crime de lavagem (art. 1°); quem pode incorrer na mesma pena por ocultar, dissimular, utiliza bens provenientes de atividade ilícita, bem como quem participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à lavagem (art. 1, parágrafo 1° e parágrafo 2°); as disposições processuais especiais (artigos 2° ao 6°); os efeitos da condenação (art. 7°); o procedimento das medidas assecuratórias sobre os bens, direitos ou valores oriundos de crimes praticados no estrangeiro (art. 8°); institui as pessoas físicas e jurídicas sujeitas aos mecanismos de controle antilavagem (art. 9°) e define como deverão realizar a comunicação de suas operações (art. 11); bem como dispõe sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras — Coaf (art. 14). Direito Penal 28 RESUMINDO: E então? Gostou do que aprendemos até aqui? Para resumir o que foi visto é importante lembrar que a tutela penal da ordem econômica é supraindividual, pois tem como objetivo a proteção da atividade econômica, seja do Estado, seja do indivíduo (livre iniciativa), garantindo um equilíbrio na produção, circulação e distribuição de riqueza dentro da sociedade; visando, assim, à proteção da coletividade. Um dos fundamentos constitucionais dos crimes contra a ordem econômica reside no disposto no art. 173, parágrafo 4° da Constituição Federal, que determina que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988, p. 110). A ordem tributária também é um bem jurídico supraindividual, com relevância constitucional, que pode ser compreendida como a atividade administrada pelo Estado, personificado na Fazenda Pública dos distintos entes Estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), dirigida à arrecadação de ingressos e à gestão de gastos em benefício da sociedade. Portanto, a tutela penal da ordem tributária é justificada pela necessidade de resguardar esse bem jurídico transindividual de fundamental importância para a sociedade, uma vez que consiste nos recursos auferidos das receitastributárias do país que promoverão a realização das atividades destinadas a atender às necessidades sociais. E, por fim, é importante ter em mente que a lavagem de dinheiro pode ser definida como o processo no qual os bens de origem ilícita são integrados ao sistema econômico legal com nova roupagem, ou seja, aparentam ter sido obtidos de forma lícita. Direito Penal 29 Crimes de preconceito e contra o estatuto do idoso OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender quais são os crimes resultantes de preconceito e os crimes do Estatuto do Idoso. Isso será fundamental para que você saiba identificar na prática quais são as espécies de condutas que atentam contra os bens jurídicos tutelados por cada um desses delitos. E então? Entusiasmados para desenvolver essa competência? Vamos juntos! Crimes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional Institui o art. 5°, inciso XLII, da Constituição Federal, que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, sendo a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. Esse dispositivo está precipuamente ligado a um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, qual seja promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3°, inciso IV, da Constituição Federal). Direito Penal 30 Figura 3 - Racismo, preconceito e discriminação não se confundem, mas é o racismo e o preconceito que levam à discriminação Fonte: Freepik REFLITA: Qual é a diferença entre racismo, preconceito e discriminação? O termo “racismo” expressa o conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, de modo que uma raça ou etnia é considera superior em relação às outras. O termo “preconceito” pode ser entendido como conceito ou opinião formados de forma antecipada, que a pessoa carrega em si, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos, geralmente intolerantes. E o termo “discriminação” pode ser definido como ato de distinguir, estabelecer diferença ou separar. Portanto, via de regra, é o racismo e o preconceito que levam à discriminação (ANDREUCCI, 2017, p. 163). Nesse sentido, a Lei n° 7.716, de 5 de janeiro de 1989, parcialmente alterada pela Lei n° 9.459, de 13 de maio de 1997, define os crimes resultantes de preconceito. Desse modo, serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional (art. 1° da referida lei). Raça pode ser definida como um dos grupos em que se subdividem algumas espécies animais, com características próprias e diferenciais que se conservam por meio das gerações; cor indica a coloração da pele, em geral são elas: branca, preta, vermelha, amarela e parda; etnia consiste na coletividade de indivíduos diferenciados por sua especificidade sociocultural; religião é a crença ou culto praticados por um grupo social, Direito Penal 31 manifestada por meio de doutrinas e rituais próprios; e procedência nacional significa o lugar de origem da pessoa (ANDREUCCI, 2017). IMPORTANTE: Recentemente, entrou em vigor outro importante diploma legal, a Lei n° 12.984, de 2 de junho de 2014, que definiu o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de AIDS. Urge salientar que o Brasil é o país onde mais se assassina homossexuais no mundo (BORTONI, 2018), contudo, a vedação constitucional de preconceito em razão do sexo, que culmina na discriminação por orientação ou identidade sexual, segue sem uma legislação específica, a homofobia continua sem norma penal que a criminalize. Entretanto, diante da postura omissiva do legislador, em decisão de 13 de junho de 2019, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, por equiparação aos dispositivos da Lei n° 7.716/1989, especialmente no que tange o art. 1° e o art. 20, com a clara possibilidade de aplicação de reclusão de um a três anos, além de multa. SAIBA MAIS: Clique aqui para saber mais sobre a decisão que criminalizou a homofobia e a transfobia no Brasil, leia o informativo n° 931 do Supremo Tribunal Federal. Feitas tais considerações, analisaremos agora alguns dos crimes tipificados na Lei n° 7.716/1989. Contudo, antes disso, é importante destacar que, embora não conste expressamente da descrição típica de cada um desses ilícitos, eles devem ser considerados em razão da discriminação ou preconceito, como disposto no art. 1°; e que os tipos Direito Penal http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo931.htm 32 penais da presente lei têm como objetividade jurídica a tutela do direito à igualdade, o respeito à personalidade e a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, o art. 3° tipifica o ato de impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta e das concessionárias de serviços públicos; bem como o de, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. A pena cominada foi a de reclusão de dois a cinco anos. O referido dispositivo pode ser praticado por qualquer pessoa e o objeto material do crime é o acesso a qualquer cargo da administração direta ou indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos (ANDREUCCI, 2017). O art. 4° impõe pena de reclusão de dois a cinco anos àquele que negar ou obstar emprego em empresa privada; por motivo de discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais trabalhadores, impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional, e proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. O parágrafo 2° do art. 4 impõe penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial, a quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências. O art. 5° comina pena de reclusão de um a três anos para quem recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. E o art. 6° impõe pena de reclusão de três a cinco anos para quem recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau; e determina que a pena será agravada de um terço se o crime for praticado contra menor de dezoito anos. Direito Penal 33 Os artigos 7° ao 14 são crimes dolosos e comuns, o sujeito passivo é o Estado e a pessoa discriminada, secundariamente, o objeto material do crime varia de acordo com cada tipo penal, podendo ser a hospedagem em hotel, pensão ou estalagem; atendimento em restaurantes, bares, confeitarias; atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões ou clubes sociais abertos ao público; atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas, casas de massagem etc.; acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos; acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios, barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido; acesso ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas; e casamento ou convivência familiar e social (ANDREUCCI, 2017). E, por fim, temos oart. 20, que determina como crime o ato de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, e a ele comina pena de reclusão de um a três anos, e multa. O parágrafo 1° do referido artigo, por sua vez, determina que aquele que fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos, propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo, amargará pena de reclusão de dois a cinco anos, e multa. Crimes contra o Estatuto do Idoso O Estatuto do Idoso, Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003, modificou alguns tipos penais já existentes, além de criar figuras incriminadoras, implementando tipos penais autônomos destinados à proteção da vida, integridade corporal, saúde, liberdade, honra, imagem e patrimônio do idoso (pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos). O Estatuto do Idoso também modificou vários artigos do Código Penal e da legislação especial, objetivando uma proteção integral ao idoso. Direito Penal 34 Figura 4 - Ante as alterações propostas pelo Estatuto do Idoso, alguns crimes serão mais graves se forem cometidos contra idoso, pois terão sua pena aumentada, como o crime de furto ilustrado na figura a seguir. É o que determina o artigo 61, inciso III, alínea h, do Código Penal Fonte: Freepik NOTA: É acrescido no parágrafo 4° do art. 121 do Código Penal, por exemplo, uma causa de aumento de pena quando o homicídio doloso é praticado contra pessoa maior de sessenta anos. E o mesmo ocorre em relação aos crimes de abandono de incapaz (art. 133); injúria (art. 140, parágrafo 3°), sequestro e cárcere privado (art. 148) e exportação mediante sequestro (art. 159). Contudo, na presente oportunidade estudaremos apenas alguns aspectos importantes sobre os crimes tipificados no Capítulo II, do Título VI, do Estatuto do Idoso, dos crimes em espécie. No que se refere às novas figuras típicas incorporadas à legislação criminal, destacamos os artigos art. 96 (discriminação bancária, em meio de transporte, ao direito de contratar ou meio de exercício da cidadania); art. 103 (negativa de acolhimento ou permanência); art. 104 (retenção de documento); art. 105 (exibição ou veiculação injuriosa); art. 106 (induzimento à outorga de mandato), e art. 108 (lavratura irregular de ato notarial). Direito Penal 35 O art. 97 (omissão de socorro); art. 98 (abandono de idoso); art. 99 (maus tratos); art. 101 (desobediência); art. 102 (apropriação indébita) e art. 107 (constrangimento ilegal), são espécies de delitos já existentes que trataram apenas de acrescentar a condição de ser a vítima pessoa idosa ou de cuidar de assuntos a ela relacionada. Merece destaque, ainda, o art. 100, que não tem qualquer denominação específica. É o único em seu gênero, e traz uma série de condutas que dizem respeito à discriminação profissional ao idoso, a recusa de atendimento médico, a desobediência à decisão proferida em ação civil pública que verse sobre direito do idoso e, ainda, à recusa em atender requisição do Ministério Público à respeito de informações que sejam imprescindíveis à propositura de ação civil pública (RAMOS, 2018). Ao adotar o rito da Lei n° 9.099/95 (art. 94), o Estatuto do Idoso possibilita a transação penal, a composição de danos e a suspensão condicional do processo, que não deixam de beneficiar diretamente o idoso, pois além de ser um rito mais ágil e rápido quanto ao julgamento dos agentes, alcança a conciliação entre as partes, por meio, por exemplo, do ressarcimento do dano. O art. 95 do referido Estatuto estabelece que todos os crimes praticados contra pessoa idosa deverão ser apurados mediante ação penal pública incondicionada, desse modo, dispõe no sentido de retirar a necessidade de o idoso representar contra seus agressores. Outro importante avanço consagrado pelo referido artigo foi a determinação da não aplicação da escusa absolutória do art. 181 do Código Penal aos crimes praticados contra idoso; e a retirada do impedimento, antes existente (previsto no art. 182 do Código Penal), de que os crimes patrimoniais cometidos contra idoso por seus familiares seriam punidos somente se presente a representação do idoso contra seus próprios familiares. Direito Penal 36 RESUMINDO: E então? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a Lei n° 7.716/1989, parcialmente alterada pela Lei n° 9.459/1997, define os crimes resultantes de preconceito. Desse modo, serão punidos os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional (art. 1° da referida lei). Ante a postura omissiva do legislador, em decisão de 13 de junho de 2019, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, por equiparação aos dispositivos da Lei n° 7.716/1989, especialmente no que tange o art. 1° e o art. 20, com a clara possibilidade de aplicação de reclusão de um a três anos, além de multa. No que tange o Estatuto do Idoso, Lei n° 10.741/2003, é importante ter em mente que a referida legislação modificou alguns tipos penais já existentes, além de criar figuras incriminadoras, implementando tipos penais autônomos destinados à proteção da vida, integridade corporal, saúde, liberdade, honra, imagem e do patrimônio do idoso (pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos). O Estatuto do Idoso também modificou vários artigos do Código Penal e da legislação especial, objetivando uma proteção integral ao idoso. Quanto às novas figuras típicas incorporadas à legislação criminal, podemos apontar: art. 96 (discriminação bancária, em meio de transporte, ao direito de contratar ou meio de exercício da cidadania); art. 103 (negativa de acolhimento ou permanência); art. 104 (retenção de documento); art. 105 (exibição ou veiculação injuriosa); art. 106 (induzimento à outorga de mandato) e art. 108 (lavratura irregular de ato notarial). Direito Penal 37 Lei de drogas, do pacote anticrime e de abuso de autoridade OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender os principais pontos da Lei de Drogas, Pacote Anticrime e Abuso de Autoridade. Analisaremos os mais recentes temas discutidos pela doutrina e aqueles que serão fundamentais para uma correta compreensão dos crimes trazidos por essas leis. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos juntos! Lei de Drogas A lei que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas — Sisnad, prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes às drogas relacionados à Lei n° 11.343, de 23 de agosto de 2006. Figura 5 - A Lei de Drogas é uma Lei penal em branco, pois a definição de droga, atualmente, é posta por uma portaria da Vigilância Sanitária, periodicamente atualizada Fonte: Freepik Direito Penal 38 REFLITA: O que devemos entender por droga? No artigo 1°, parágrafo único, fica estabelecido que para fins da referida lei, consideram-se drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. Atualmente, a Lei de Drogas é complementada pela Portaria SVS/MS n° 344/1998 da Vigilância Sanitária, que define quais são as substâncias consideradas como drogas para fins penais. Desse modo, estamos diante de uma lei penal em branco, em sentido estrito, pois o complemento da lei tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que elaborou a lei penal (MASSON, 2020). O art. 28 da Lei de Drogas traz a figura dousuário e a grande diferença do crime de adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo, drogas para consumo pessoal, é que, para esse delito, não há cominação de pena privativa de liberdade. Nesse sentido, entendeu o legislador que ao usuário de drogas deve ser imposta outras modalidades de pena, sendo elas: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços à comunidade; e medida educativa de comparecimento à programa ou curso educativo. Insta salientar que às mesmas medidas submete-se quem, para consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica (art. 28, parágrafo 1°). IMPORTANTE: Cumpre-nos ressaltar que a quantidade de droga, por si só, não é fator indicativo para identificar se o crime é de posse para uso pessoal ou tráfico. O magistrado deverá realizar uma análise cautelosa e apurada das circunstâncias previstas no art. 28, parágrafo 2°. No que tange à repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, o art. 31 traz a única exceção à regra de proibição de qualquer forma de preparação ou produção de drogas, qual seja a hipótese Direito Penal 39 de permissão, mediante licença prévia da autoridade competente, de produção e extração de drogas ou matéria-prima para a sua preparação. A referida licença trata-se de uma válvula de escape para que as indústrias farmacêuticas, por exemplo, possam empregar determinadas drogas na produção de remédios. O art. 32 dispõe sobre a destruição imediata das plantações ilícitas e, em seu parágrafo 4°, determina que as glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal. O caput do art. 33 da Lei de Drogas trata do tipo fundamental do tráfico de drogas, e o parágrafo 1° do art. 33, artigos 34 e 36, por sua vez, são considerados pela doutrina como modalidades de tráfico de drogas, sendo a ele equiparado. O referido artigo sofreu recente alteração com o advento da Lei n° 13.964, de 24 de dezembro de 2019, que acrescentou ao parágrafo 1° do art. 33, o inciso IV, com a seguinte redação: Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente (BRASIL, 2019b). O objetivo da inclusão do referido inciso buscou contornar a figura do crime impossível previsto no art. 17 do Código Penal, bem como evitar que o delito, na hipótese em que quem recebe a substância ilícita é o policial disfarçado, seja considerado apenas como uma tentativa (NUCCI, 2020). NOTA: Com o advento do inciso IV do parágrafo 1° do art. 33, torna-se viável a prisão pela venda ou entrega ao policial disfarçado, não configurando crime impossível, permitindo, inclusive, o seu enquadramento como crime consumado (NUCCI, 2020, p. 133). No mais, a lei penal em tela dispõe sobre o procedimento penal a ser seguido nos casos relativos aos processos por crimes de repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas (artigos 48 ao 59); a Direito Penal 40 apreensão, arrecadação e destinação dos bens do acusado (artigos 60 ao 64); e a cooperação internacional (artigos 65). Lei do Pacote Anticrime A Lei n° 13.964/2019, lei que aperfeiçoa a legislação penal e processual penal (chamada de Lei do Pacote Anticrime), é o resultado de uma promessa do atual governo, que prometeu um pacote de medidas que fosse mais rigorosa no trato com os criminosos, especialmente àqueles pertencentes a organizações criminosas. NOTA: A Lei do Pacote Anticrime promove uma série de mudanças na seara penal, processual penal, execução penal e leis penais especiais. Na presente oportunidade iremos discorrer sobre algumas delas, consideradas mais importantes e inovadoras. Entre as mudanças provocadas no Código Penal destacamos a ratificação da legítima defesa de terceiro inserida pelo parágrafo único do art. 25, ao determinar que a legítima defesa deverá ser considerada no caso do agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão à vítima mantida refém durante a prática de crimes; aumentou o tempo limite de cumprimento da pena para quarenta anos, em detrimento do tempo anterior, estipulado em de trinta anos (art. 75); o acréscimo de duas novas causas de suspensão da prescrição (art. 116, incisos III e IV); e a alteração do art. 122, incluindo, além do suicídio, o crime de induzimento, instigação ou auxílio à automutilação. No que tange o Código de Processo Penal, urge salientar as mudanças no que diz respeito ao arquivamento do inquérito policial e outras peças informativas (art. 28); a instituição do novo artigo 28-A que dispõe sobre o acordo de não persecução penal atingindo quatro oportunidades para evitar a aplicação ou cumprimento da pena impondo, em seus incisos (I ao V), novas condições para o agente infrator; a edição do parágrafo 5° do art. 157, que determina o afastamento o juiz que Direito Penal 41 conhece o conteúdo de prova declarada inadmissível; a criação da cadeia de custódia (artigo 158-A e seguintes), enquanto procedimento que aponta, fase por fase, qual órgão é responsável pela prova produzida; e a nova redação do art. 492, relativa à sentença no Tribunal do Júri. IMPORTANTE: Uma das mais importantes mudanças postas pela Lei n° 13.964/2019 foi a introdução da figura do juiz das garantias, responsável pelo controle de legalidade da investigação criminal e pela proteção dos direitos fundamentais do acusado (artigo 3°-A e 3°-B do Código de Processo Penal). Entretanto, até o atual momento, a implantação do juiz das garantias encontra-se suspensa por tempo indeterminado por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal, proferida em Ações Diretas de Inconstitucionalidade ajuizadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros e pela Associação dos Juízes Federais do Brasil, pelos partidos Podemos e Cidadania e pelo Partido Social Liberal. No que tange à execução pena, Lei n° 7.210, de 11 de julho de 1984, chamamos a atenção para os institutos do regime disciplinar diferido, da progressão de regime e da colheita de DNA. A Constituição Federal estabelece que o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Nesse sentido, a Lei do Pacote Anticrime criou mais uma hipótese de identificação criminal obrigatória, voltada para condenados por delitos graves, mediante extração do DNA, nos termos do art. 9°-A. No âmbito do regime disciplinar diferido, a Lei n° 13.964/2019 institui novas e mais rigorosas regras, dando nova redação ao art. 52 da Lei de Execução Penal. E, por fim, quanto à progressão de regime, preserva-se o sistema progressivo, contudo com prazos mais rígidos, ante a nova redação do art. 112. Direito Penal 42 NOTA: A identificação criminal trata da segurança jurídica de não se processar uma pessoa no lugar de outra. Atualmente, a identificação criminal é regida pela Lei n° 12.037, de 1° de outubro de 2009, somada à Lei n° 12.654, de 28 de maio de 2012 e à Lei n° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal). Quanto às leis especiais, iremos estudar algumas das mudanças trazidas pelo Pacote Anticrime em relação à Lei de Interceptação Telefônica (Lei n° 9.296 de 24 de julho de 1996), Lei do Estatuto do Desarmamento (Lei n° 10.826/2003); e Lei da Organização Criminosa (Lei n° 12.850, de 2 de agosto de 2013). A Lei n° 9.296/1996 ganhou um novo artigo, o art. 8-A, que determina que para investigar ou instruir processo-crime, a parte interessada (delegado ou Ministério Público) em obter o recurso de captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, deve requererautorização judicial, demonstrando que aquela é a única via disponível, além de existirem elementos suficientes de autoria e participação em infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos. NOTA: Captação ambiental é a conversa ocorrida em certo local, possibilitando o contato pessoal entre interlocutores, enquanto uma delas colhe, por qualquer meio (gravação de voz, fotografias ou filmagens), o que se passa entre ambos. A interceptação pressupõe a existência de um terceiro que atravessa a conversa alheia e a grava ou registra de qualquer forma. A interceptação ambiental não deixa de ser uma forma de captação ambiental, pois significa que a conversa se realiza em recinto aberto. Assim como a captação, a interceptação, em nome do direito à intimidade, necessita de autorização judicial para que a prova seja validamente colhida e utilizada em juízo, desde que produzida em ambiente privado (NUCCI, 2020). Direito Penal 43 A Lei n° 10.826/2003 sofreu alteração no art. 16, tanto na redação do caput quanto na disposição dos seus parágrafos, uma vez que a Lei do Pacote Anticrime inclui o parágrafo 2°, determinando que quando as condutas previstas no caput e no parágrafo 1° envolverem armas de fogo de uso proibido, a pena deverá ser elevada para reclusão de quatro a doze anos. Também sofreram alteração os artigos 17 e 18 no que tange os crimes de comércio ilegal de arma de fogo e tráfico internacional de arma de fogo, respectivamente; e o art. 20, que ganhou mais uma causa de aumento de pena, qual seja a hipótese de o agente reincidir especificamente em crimes da mesma natureza dos previstos nos artigos 14 a 18 da mesma lei. Ressaltamos, ainda, a inclusão do art. 34-A, que dispõe sobre o Banco Nacional de Perfis Balísticos, que busca acomodar em um único local os dados relativos aos registros balísticos coletados. A Lei n° 12.850/2013 — Lei da Organização Criminosa, foi uma das legislações que mais sofreram alterações com o advento da Lei do Pacote Anticrime. Entre as inúmeras alterações, destacamos o aumento de rigidez no cumprimento da pena de lideranças de organização criminosas armadas ou que tenham armas à disposição (art. 2°); inclusão dos artigos 3°-A, 3°-B e 3°-C que regulam os termos da colaboração premiada e a nova redação do art. 7°, que determinou o sigilo da colaboração premiada até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime; a criação da figura do policial infiltrado virtual (art. 10-A); e as novas disposições em relação ao agente infiltrado (artigos 10-B, 10-C, 10-D). Lei de Abuso de Autoridade A Lei n° 13.869, de 5 de setembro de 2019 é o diploma legal responsável por definir os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. Antes de adentrarmos propriamente no tema, responda a seguinte pergunta: REFLITA: Em que consiste o abuso de autoridade? O exercício da função pública deve estar de acordo com os preceitos constitucionais, respeitando princípios como o da legalidade, Direito Penal 44 impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como respeitar os direitos e as garantias fundamentais do cidadão usuário do serviço público. Desse modo, todos os excessos e as arbitrariedades cometidas pelo agente público devem ser punidas em todas as esferas (civil, administrativa e penal). É a traição funcional, por meio do abuso de autoridade, que faz com que todos tenhamos interesse na sua punição, pois todos nós somos afetados por ela, mesmo que indiretamente (GRECO; CUNHA, 2020). Nesse contexto, a nova Lei de Abuso de Autoridade — Lei n° 13.869/2019 surge, revisando a lei anterior editada durante o governo militar, tendo como finalidade modernizar a prevenção e a repressão aos comportamentos abusivos de poder, tendo como foco a conduta de autoridades e agentes públicos. Para tanto, a Lei de Abuso de Autoridade cria novos tipos penais, reforma outros e incrementa penas. NOTA: O bem jurídico tutelado pela Lei de Abuso de Autoridade são os direitos e as garantias do cidadão. Desse modo, um dos pontos mais importantes da nova lei foi a revisão das consequências do abuso de autoridade, pois ficava difícil de aceitar que comportamentos abusivos do agente estatal pudessem ser rotulados, sem exceção, como de menor potencial ofensivo (GRECO; CUNHA, 2020, p. 12). É importante observar que o art. 1°, parágrafo 1, anuncia um especial fim de agir presente nos vários tipos incriminadores, determinando que: As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal (BRASIL, 2019a). Desse modo, a existência do crime depende de o agente comportar- se de maneira abusiva, tendo em vista prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo, a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. Direito Penal 45 O Capítulo dedicado à previsão dos crimes e das penas é o VI, artigos do 9° ao 38°. Ante a extensão desse rol de crimes não será possível analisar os artigos um por um, mas iremos tratar os aspectos mais importantes dos crimes mais relevantes e inovadores. O art. 10° prevê como crime o ato de decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo, seja em um feito criminal ou extrapenal; e comina pena de detenção, de um a quatro anos, e multa. Uma questão importante é a de saber quem pode decretar a condução coercitiva. Os juízes são os principais alvos do tipo penal. Mas e o delegado de Polícia e o Ministério Público? Pois bem, a doutrina diverge sobre o tema. Parte da doutrina entente que, por exemplo, regras restritivas de direito não comportam interpretação extensiva nem analógica, portanto, não cabe a autoridade policial, no curso do inquérito, conduzir coercitivamente a testemunha com base no art. 218 do Código de Processo Penal (COSTA; SILVA, 2019, p. 172). E há quem defenda que a Autoridade Policial, no curso do inquérito, e o Ministério Público, no curso do inquérito, nos procedimentos investigatórios criminais e outras medidas e procedimentos administrativos (art. 26, inciso I, alínea a), da Lei n° 8.625, de 12 de fevereiro de 1993), determinem a condução coercitiva, sem qualquer intervenção do Poder Judiciário (GRECO; CUNHA, 2020). O art. 13 tipifica uma modalidade especial de abuso de autoridade, entendendo como crime o comportamento daquele que constrange o preso ou detento, mediante violência, grave ameaça ou redução da sua capacidade de resistência, a: I) exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II) submeter-se à situação vexatória ou à constrangimento não autorizado em lei; III) produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro. A pena imposta foi a detenção, de um a quatro anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. O supracitado artigo tem como bem jurídico protegido os direitos e as garantias fundamentais do indivíduo, principalmente a dignidade da pessoa humana, bem como a Administração Pública, no sentido de que seus servidores devem atuar dentro da legalidade. Para tanto, Direito Penal 46 objetiva coibir comportamentos como: aqueles em que pessoas presas são forçadas a mostrar seus rostos após terem sido flagradas na prática de alguma infração penal, a fim de serem indevidamente expostas à imprensa; aqueles em que o preso em flagrante delito no dia de seu aniversário é obrigado a cantar com os policiais a cantiga de parabéns; ou, ainda, aqueles em que o preso ou o detento é forçado a confessar a prática de um crime ou a apontar o local onde se encontram os objetos por ele subtraídos etc. (GRECO; CUNHA,2020). NOTA: O art. 14 da lei proibia fotografar, filmar ou permitir que fotografassem ou filmassem, divulgassem ou publicassem fotografias ou filmagens de preso, internado, investigado, indiciado ou vítima, sem seu consentimento ou com autorização obtida mediante constrangimento ilegal, com o intuito de expor a pessoa a vexame ou execração pública. Ante o veto do referido artigo, a doutrina entende ser possível a utilização de imagens, principalmente pela polícia, na fase investigativa, que auxiliem na captura de presos foragidos; defendendo que não há nenhum dispositivo legal que impeça tal utilização dessas imagens (GRECO; CUNHA, 2020). E, por fim, destacamos o art. 21, que criminaliza a manutenção de presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento. O artigo 21 aduz, ainda, que incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Direito Penal 47 IMPORTANTE: A Resolução Conjunta n° 1, de 15 de abril de 2014, editada pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária — CNPCP e pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação — CNCD/LGBT, estabelece, especialmente nos artigos 1° a 5°, os parâmetros de acolhimento de LGBT em privação de liberdade. No mais, a lei em tela dispõe sobre os procedimentos do processo e do julgamento relativo e esses crimes (art. 39); os sujeitos do crime (art. 2°); a ação penal cabível (art. 3°); os efeitos da condenação e das penas restritivas de direitos (art. 4° e art. 5°); e as sanções de natureza civil e administrativa (artigos 6° ao 8°). RESUMINDO: E então? Aprendeu mesmo tudinho? Para resumir o que aprendemos até aqui é importante ter em mente que a Lei de Drogas (Lei n° 11.343/2006) é o diploma legal responsável por instituir o Sisnad, prescrever medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes a ela relativos. A Lei do Pacote Anticrime é resultado de uma promessa do atual governo, que prometeu um pacote de medidas que fossem mais rigorosas no trato com os criminosos, especialmente àqueles pertencentes a organizações criminosas. Nesse sentido, promove uma série de mudanças na seara penal, processual penal, execução penal e leis penais especiais. E a Lei de Abuso de Autoridade, Lei n° 13.869/2019, é o diploma legal responsável por definir os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agentes públicos, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. Direito Penal 48 REFERÊNCIAS ANDREUCCI, R. A. Legislação Penal Especial. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. BINTENCOURT, C. R.; MONTEIRO, L. de O. Crimes contra a ordem tributária. São Paulo: Saraiva, 2013. BORTONI, L. Brasil é o país onde mais se assassina homossexuais no mundo. Rádio Senado, 2018. Disponível em: https://www12.senado. leg.br/radio/1/noticia/2018/05/16/brasil-e-o-pais-que-mais-mata- homossexuais-no-mundo. Acesso em: 17 out. 2021. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Lei n° 13.869, de 5 de setembro de 2019. Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei n° 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei n° 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei n° 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2019a. BRASIL. Lei n° 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2019b. BRASIL. Lei n° 9.296, de 24 de julho de 1996. Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1996. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Decisão monocrática do Min. Carmen Lúcia. 104.862/SC, Diário da Justiça de 22 ago. 2011. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Decisão monocrática do Min. Marco Aurélio. HC 82,959-7/SP, Diário da Justiça de 23 fev. 2006. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Informativo STF n° 931. Brasília, DF, 2019c. Direito Penal 49 CALLEGARI, A. L.; WEBER A. B. Lavagem de dinheiro. São Paulo: Atlas, 2014. CÂMARA, L. A. Crimes contra a ordem econômica e tutela de direitos fundamentais. Curitiba: Juruá, 2009. COSTA, A. S.; SILVA, L. I. da. Prática policial sistematizada. 4. ed. Niterói: Impetus, 2019. CUNHA, R. S.; PINTO, R. B.; SOUZA, R. do Ó. Crime organizado: comentários à Lei 12.850/2013. 5. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. GRECO, R.; CUNHA, R. S. Abuso de autoridade: Lei n° 13.869/2019 comentada artigo por artigo. 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. MAIA, R. T. Lavagem de dinheiro: lavagem de ativos provenientes de crime: anotações às disposições criminais da Lei n° 9.613/1998. São Paulo: Malheiros, 2004. MAIA, R. T. Tutela penal da ordem econômica: o crime de formação de cartel. São Paulo: Malheiros, 2008. MASSON, C. Direito penal: parte especial. 10. ed. São Paulo: Método, 2020. v. 1. MORAES, A. de; SMANIO, G. P. Legislação penal especial. 7. ed. 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Direito Penal Crimes hediondos, de trânsito e ambientais Crimes hediondos Crimes de trânsito Crimes ambientais Crimes contra a ordem econômica e tributária Crimes contra a ordem econômica Crimes contra a ordem tributária Crime de lavagem de dinheiro Crimes de preconceito e contra o Estatuto do Idoso Crimes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional Crimes contra o Estatuto do Idoso Lei de Drogas, do Pacote Anticrime e de Abuso de Autoridade Lei de Drogas Lei do Pacote Anticrime Lei de Abuso de Autoridade
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