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Ebook da Unidade - Crimes Hediondos, Ambientais, Tributários, de Preconceito, de Drogas e Abuso de A

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Unidade 4
Crimes hediondos, ambientais, econômico-
tributários, de preconceito, contra o idoso, 
de drogas e abuso de autoridade 
Direito Penal
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
FERNANDA SILVEIRA COSTA
AUTORIA
Fernanda Silveira Costa
Olá! Sou formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais, advogada criminalista, pós-graduanda em Direito Público, 
mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela Universidade de Coimbra. 
Tenho experiência técnico-profissional em educação não formal pelo 
programa Erasmus Plus da União Europeia e trabalho como professora 
para a Modular Acadêmico, empenhada cada dia mais em contribuir para 
a educação do nosso país. Foi com grande alegria que aceitei o desafio de 
participar e dar o meu contributo para esse maravilhoso projeto da Editora 
Telesapiens, fazendo parte do elenco de autores independentes. Me sinto 
muito grata por poder contribuir para o seu aprendizado. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Crimes hediondos, de trânsito e ambientais ...................................10
Crimes hediondos ........................................................................................................................... 10
Crimes de trânsito ......................................................................................................................... 14
Crimes ambientais .......................................................................................................................... 16
Crimes contra a ordem econômica e tributária ............................ 20
Crimes contra a ordem econômica .................................................................................. 20
Crimes contra a ordem tributária .........................................................................................22
Crime de lavagem de dinheiro ............................................................................................23
Crimes de preconceito e contra o estatuto do idoso .................. 29
Crimes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional ..................................................................................................................................................29
Crimes contra o Estatuto do Idoso .....................................................................................33
Lei de drogas, do pacote anticrime e de abuso de autoridade 37
Lei de drogas ......................................................................................................................................37
Lei do pacote anticrime ........................................................................................................... 40
Lei de abuso de autoridade ...................................................................................................43
7
UNIDADE
04
Direito Penal
8
INTRODUÇÃO
Você sabia que grande parte dos crimes vigentes no nosso 
ordenamento jurídico não estão no Código Penal? Isso mesmo. Nosso 
ordenamento jurídico conta com uma série de leis que versam sobre 
assuntos específicos e uma série de leis que apenas modificam ou atualizam 
outros diplomas legais já existentes. Na presente Unidade, por exemplo, 
iremos tratar de leis que trazem novos crimes para o nosso ordenamento, 
como os crimes hediondos, crimes de trânsito, crimes ambientais, crime 
de lavagem de dinheiro, crimes resultantes de preconceito, crimes contra 
a pessoa idosa, crimes relativos às drogas, crimes de abuso de autoridade; 
e que, ao mesmo tempo, operam significativas mudanças no Código 
Penal, no Código de Processo Penal e em outras leis extravagantes, como 
recentemente fez a Lei do Pacote Anticrime. Entendeu? Ao longo desta 
Unidade estudaremos algumas dessas leis especiais!
Direito Penal
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Entender os crimes hediondos, crimes de trânsito e crimes 
ambientais. 
2. Compreender os crimes contra a ordem econômica, tributária e de 
lavagem de dinheiro. 
3. Analisar os termos da prática de crimes resultantes de preconceito 
e de crimes do estatuto do idoso. 
4. Entender os principais preceitos da lei de drogas, do pacote 
anticrime e de abuso de autoridade. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! Lembre-se que o conhecimento é o maior poder de todos!
Direito Penal
10
Crimes hediondos, de trânsito e ambientais
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender os 
principais pontos da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990; 
Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997; e Lei n° 9.605, de 
12 de fevereiro de 1998. Isso será fundamental para que 
você compreenda os fundamentos e alguns dos principais 
aspectos dos crimes hediondos, de trânsito e ambientais. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá!
Crimes hediondos
O art. 5°, inciso XLIII da Constituição Federal, determina que a lei 
considerará os crimes hediondos como crimes inafiançáveis, insuscetíveis 
de graça ou anistia, devendo por eles responder os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
REFLITA: Mas afinal, o que significa dizer que um crime é hediondo? 
Quais são esses crimes?
Pois bem, como a Constituição adota o critério legal, a Lei n° 
8.072/1990, dispõe sobre os crimes hediondos. Entretanto, a referida 
lei não trouxe o seu conceito, apenas limitou-se a tecer no seu art. 1° 
quais são os crimes considerados hediondos. A denominação jurídica 
“crime hediondo” não tem antecedente no Direito Penal brasileiro, não 
foi demarcada com precisão pelo legislador constituinte e tampouco 
explicitada pelo legislador infraconstitucional (MOURA, 2007). Desse 
modo, apesar de o termo “hediondo” significar abominável, bárbaro, 
cruel, aquilo que nos causa profunda repulsa; em termos jurídicos, “crime 
hediondo” não deve ser entendido como crime praticado com extrema 
violência ou com requintes de crueldade, mas sim como aquele que a lei 
estabelece expressamente como tal, ou seja, crime hediondo é aquele 
crime expressamente previsto na Lei n° 8.072/1990.
Direito Penal
11
Figura 1 - O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto 
no art. 18 da Lei n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003, é, atualmente, considerado como 
crime hediondo
Fonte: Freepik
IMPORTANTE: Insta ressaltar que a Lei de Crimes Hediondos 
foi uma das leis que mais sofreram alterações com a Lei do Pacote 
Anticrime. Como não teremos espaço para realizar todas essas análises 
na presente Unidade,não deixem de conferir todos os artigos da Lei de 
Crime Hediondos e analisar as alterações promovidas pela Lei do Pacote 
Anticrime. 
Por força do art. 1° da referida lei, são considerados crimes hediondos 
os seguintes crimes, consumados ou tentados: 
a. Homicídio (art. 121 do Código Penal), quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por 
um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, parágrafo 2°, incisos 
I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII do Código Penal).
b. Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, parágrafo 
2° do Código Penal) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, 
parágrafo 3° do Código Penal), quando praticadas contra autoridade 
ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
Direito Penal
12
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição.
c. Roubo quando circunstanciado pela restrição de liberdade 
da vítima (art. 157, parágrafo 2°, inciso V); circunstanciado pelo 
emprego de arma de fogo (art. 157, parágrafo 2°-A, inciso I) ou pelo 
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, 
parágrafo 2°-B); qualificado pelo resultado de lesão corporal grave 
ou morte (art. 157, parágrafo 3°), nos termos do Código Penal.
d. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, 
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, parágrafo 3°, do 
Código Penal).
e. Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, 
caput, e parágrafos 1°, 2° e 3°).
f. Estupro (art. 213, caput e parágrafos 1° e 2° do Código Penal).
g. Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e parágrafos 1°, 2°, 3° e 4°, 
do Código Penal).
h. Epidemia com resultado morte (art. 267, parágrafo 1° do Código 
Penal).
i. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e 
parágrafo 1°, parágrafo 1°-A e parágrafo 1°-B do Código Penal).
j. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração 
sexual de criança, adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, 
e parágrafos 1° e 2° do Código Penal).
k. Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum (art. 155, parágrafo 4°-A do 
Código Penal).
l. O crime de genocídio, previsto nos artigos 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, 
de 1° de outubro de 1956.
m. O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, 
previsto no art. 16 da Lei n° 10.826/2003.
Direito Penal
13
n. O crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da 
Lei n° 10.826/2003.
o. O crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou 
munição, previsto no art. 18 da Lei n° 10.826/2003.
p. O crime de organização criminosa, quando direcionado à prática 
de crime hediondo ou equiparado.
Quanto ao instituto da liberdade provisória, é importante ressaltar 
que a redação original da Lei n° 8.072/1990 proibia a aplicação da 
liberdade provisória para os crimes hediondos, entretanto, com a edição 
da Lei n° 11.464, de 28 de março de 2007, que modificou a redação do art. 
2°, inciso II, daquela lei, suprimindo tal vedação, passou a ser possível a 
concessão do benefício da liberdade provisória aos crimes hediondos e 
assemelhados. Contudo, apesar de nada impedir a concessão do referido 
benefício sem fiança, essa posição não é pacífica nos tribunais, havendo 
recentes decisões no sentido de que, apesar da alteração introduzida 
pela Lei n° 11.464/2007, os crimes hediondos e assemelhados continuam 
insuscetíveis de liberdade provisória, com ou sem fiança.
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre os argumentos trazidos pelo 
Supremo Tribunal Federal ao defender o posicionamento 
de que a proibição da liberdade provisória, no caso dos 
crimes hediondos e equiparados, deve ser mantida mesmo 
após a mudança operada pela Lei n° 11.464/2007, leia o 
julgado STF – HC 104.862/SC – Rel. Min. Cármen Lúcia – 1ª 
Turma – Dje, 22/08/2011. Clique aqui para acessar.
Ainda é imperioso destacar que a redação original da Lei de 
Crimes Hediondos também trazia, de forma expressa, que a pena dos 
referidos crimes deveria ser cumprida integralmente em regime fechado, 
vedando qualquer espécie de progressão de regime. Entretanto, com 
base nos princípios da humanidade e da individualização da pena, entre 
outros, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o regime 
integralmente fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade 
Direito Penal
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20626801/habeas-corpus-hc-104862-sc-stf
14
nos crimes hediondos e equiparados, questão superada com a edição 
da Lei n° 11.464/2007 que alterou o art. 2, parágrafo 1° da Lei de Crimes 
Hediondos, passando a estabelecer que pena por crime hediondo deverá 
ser cumprida inicialmente em regime fechado.
NOTA:
A inconstitucionalidade do art. 2°, parágrafo 1° da Lei n° 
8.072/1990 foi declarada no seguinte julgado do Supremo 
Tribunal Federal: HC 82,959-7/ SP. Rel. Min. Marco Aurélio. 
Tribunal Pleno. 23/02/2006. Clique aqui para acessar.
Isso posto, passaremos agora à análise dos principais pontos acerca 
dos crimes de trânsito. Avante!
Crimes de trânsito 
As condutas cometidas no trânsito, em desacordo com a lei, têm 
pesos distintos, e exatamente por isso suas penalidades não são as 
mesmas, algumas são consideradas como meras infrações de trânsito; 
outras, como crimes.
REFLITA:
Você sabe dizer quais são os crimes de trânsito e onde eles 
estão previstos?
Os crimes de trânsito estão previstos no chamado Código de 
Trânsito Brasileiro, instituído pela Lei n° 9.503/1997 e foram tipificados nos 
artigos 302 a 312. São eles: crime de homicídio culposo (art. 302); lesão 
corporal culposa (art. 303); omissão de socorro (art. 304); fuga do local do 
acidente (art. 305); embriaguez ao volante (art. 306); violação de suspensão 
ou proibição de se obter permissão ou habilitação para dirigir veículos 
automotores (art. 307); participação em competição não autorizada — 
“racha” (art. 308); direção sem habilitação (art. 309); entrega da direção 
de veículo automotor à pessoa não autorizada (art. 310); tráfego em 
Direito Penal
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/761705/habeas-corpus-hc-82959-sp
15
velocidade incompatível com a segurança (art. 311); e fraude processual 
(art. 312).
No que tange à aplicação de pena para os crimes previstos nos 
artigos 302 a 312, o Código de Trânsito determina, no art. 312-A, que 
nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de 
liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de 
serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes 
atividades: I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos 
corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no 
atendimento a vítimas de trânsito; II - trabalho em unidades de pronto-
socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente 
de trânsito e politraumatizados; III - trabalho em clínicas ou instituições 
especializadas na recuperação de acidentados de trânsito; IV - outras 
atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas 
de acidentes de trânsito.
O art. 291 do Código de Trânsito estabelece a aplicação da Lei n° 
9.099, de 26 de setembro de 1995 aos crimes de trânsito, “no que couber”. 
Assim, uma vez que o art. 61 da referida lei (instituído pela Lei n° 11.313, 
de 28 de junho de 2006) estabelece que o rito sumaríssimo se aplica às 
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a dois anos; praticamente todos os crimes de trânsito, à exceção 
do homicídio culposo (art. 302), deveriam ser apurados mediante o rito 
estabelecido pela Lei n° 9.099/1995, inclusive no que tange àtransação 
penal do art. 76. 
Com a advento da Lei n° 11.705, de 19 de junho de 2008, esse cenário 
mudou, pois entre outras disposições a lei em tela deu nova redação ao 
parágrafo 1° do art. 291 do Código de Trânsito, vedando expressamente a 
aplicação do rito do juizado especial criminal aos crimes de trânsito de 
lesão corporal culposa, quando o agente preencher um dos requisitos 
dos incisos I a III do mesmo artigo. Com a nova redação, o parágrafo 
único do art. 291 foi suprimido, excluindo da competência do juizado 
especial criminal o crime de embriaguez ao volante, previsto no art. 306, 
que prevê pena privativa de seis meses a três anos de detenção, que 
era expressamente excepcionado na redação do dispositivo suprimido. O 
Direito Penal
16
mesmo ocorreu com o crime de “racha” (art. 308), cuja pena privativa de 
liberdade foi fixada em seis meses a três anos pela Lei n° 12.971, de 9 de 
maio de 2014.
Desse modo, ante a nova redação do art. 291 do Código de Trânsito 
Brasileiro, aplicam-se as disposições da Lei n° 9.099/1995 aos crimes do 
art. 303, exceto nas hipóteses dos incisos I, II, III do parágrafo 1° do art. 291; 
art. 304; art. 305; art. 307; art. 309; art. 310; art. 311 e art. 312. Por conseguinte, 
não se aplica o rito do juizado especial criminal aos seguintes crimes: 
homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302); lesão 
corporal culposa (art. 303), nas hipóteses dos incisos I, II, e III do parágrafo 
1° do art. 291; embriaguez ao volante (art. 306); e participação em “racha” 
(art. 308).
As penas previstas para os crimes de trânsito são: reclusão, detenção, 
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir 
veículo automotor, ou multa. A pena de suspensão ou proibição de se 
obter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor pode ser 
imposta de forma isolada ou cumulativamente com outras penalidades 
(art. 292 do Código de Trânsito). Entretanto, não há nenhuma hipótese de 
crime de trânsito em que a referida suspenção ou proibição possa ser 
aplicada isoladamente.
Essas são as principais considerações acerca dos crimes de trânsito. 
Passaremos agora aos mais importantes pontos a serem estudados em 
relação aos crimes ambientais. Vamos juntos!
Crimes ambientais
Atualmente, os crimes ambientais são previstos na Lei n° 9.605/1998, 
que inaugurou a tutela penal do meio ambiente, com base no art. 225, 
caput, da Constituição Federal, que dispõe que “todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações” (BRASIL, 1988, p. 131).
REFLITA: O que devemos entender por meio ambiente? 
Direito Penal
17
Em uma perspectiva jurídica, meio ambiente deve ser entendido 
como o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações 
de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas (art. 3°, inciso I, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 
1981). O conceito de meio ambiente abrange o meio natural (solo, água, 
ar, flora e fauna); cultural (patrimônio arqueológico, artístico, histórico, 
paisagístico e turístico); artificial (edifícios, equipamentos urbanos, 
comunitários, arquivos, registros, museus, bibliotecas, pinacoteca e 
instalação científica ou similar); e do trabalho (proteção do trabalhador em 
seu local de trabalho), é o que elucida Andreucci (2017, p. 629).
O sujeito ativo do crime ambiental, via de regra, pode ser qualquer 
pessoa, mas há casos extraordinários em que a lei estabelece qualidades 
específicas do agente, como nos crimes contra a administração ambiental, 
especialmente nos artigos 66 e 67, nos quais o sujeito ativo somente pode 
ser funcionário público. Nos termos do art. 225, parágrafo 3° da Constituição 
Federal e do art. 3° da Lei n° 9.605/1998 as pessoas jurídicas serão 
responsabilizadas penalmente nos casos em que a infração seja cometida 
por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. A responsabilidade 
das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras 
ou partícipes do mesmo fato e poderá ser desconsiderada a pessoa 
jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de 
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente (art. 3°, parágrafo único 
e art. 4° da referida lei).
As penas aplicadas às pessoas físicas são: pena restritiva de 
liberdade (detenção ou reclusão); multa (art. 18); restritivas de direitos (art. 
8°). Já às pessoas jurídicas são aplicadas penas de: multa, restritivas de 
direitos (art. 22) e prestação de serviços à comunidade (art.21).
Direito Penal
18
IMPORTANTE:
Há ainda a chamada “pena de morte da pessoa jurídica” 
(ANDREUCCI, 2017, p. 362), posta pelo art. 24 da referida lei, 
segundo o qual a pessoa jurídica constituída ou utilizada, 
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou 
ocultar a prática de crime definidos na lei terá decretada 
sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado 
instrumento do crime e como tal perdido em favor do 
Fundo Penitenciário Nacional.
Os crimes contra o meio ambiente foram classificados da seguinte 
maneira: crimes contra a fauna (artigos 29 ao 37); crimes contra a flora 
(artigos 38 ao 53); crimes de poluição e outros crimes ambientais (artigos 
54 ao 60); crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural 
(artigos 62 ao 64); e crimes contra a administração ambiental (artigos 66 
ao 69-A).
Fauna deve ser entendida como o conjunto de animais de qualquer 
espécie que viva naturalmente fora do cativeiro; flora como o conjunto de 
plantas de determinado local; poluição como a degradação da qualidade 
ambiental no que tange a pureza e a limpeza da água, do ar e do solo 
(ANDREUCCI, 2017). 
NOTA:
A doutrina moderna entende que os crimes contra a 
flora são de crimes de lesão, uma vez que a relação 
ambiental contra a flora é atingida, inclusive, nos artigos 
38, 39 e 40 pressupõe-se a efetiva ocorrência de dano 
(ANDREUCCI, 2017).
Direito Penal
19
RESUMINDO:
E então? Gostou do que aprendemos até aqui? Só para 
resumir tudo o que vimos é importante ter em mente que o 
art. 5°, inciso XLIII da Constituição Federal determina que a lei 
considerará os crimes hediondos como crimes inafiançáveis, 
insuscetíveis de graça ou anistia, devendo por eles responder 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem. Desse modo, como a Constituição adota o critério 
legal, a Lei n° 8.072/1990, tratou de dispor sobre os crimes 
hediondos. Portanto, apesar de o termo “hediondo” significar 
abominável, bárbaro, cruel, aquilo que nos causa profunda 
repulsa; em termos jurídicos, “crime hediondo” não deve ser 
entendido como crime praticado com extrema violência 
ou com requintes de crueldade, mas sim como o que a lei 
estabelece expressamente como tal, ou seja, crime hediondo 
é um dos crimes expressamente previsto na Lei n° 8.072/1990. 
Quanto aos crimes de trânsito, aprendemos que eles estão 
tipificados nos artigos 302 a 312 Lei n° 9.503/1997 e que, ante 
a nova redação do art. 291 do Código de Trânsito Brasileiro 
(promovida pela Lei n° 11.705/2008), não se aplica o rito do 
juizado especial criminal aos seguintes crimes: homicídio 
culposo na direção de veículo automotor (art. 302); lesão 
corporal culposa (art. 303), nas hipóteses dos incisos I, II, e III 
do parágrafo 1° do art. 291; embriaguez ao volante (art. 306); 
participação em “racha” (art. 308). E, por fim, vimos que no 
que tange os crimes ambientais, eles foram classificados da 
seguinte maneira pela Lei n° 9.605/1998: crimes contra a fauna 
(artigos 29 ao 37); crimes contra a flora (artigos 38 ao 53); crimes 
de poluição e outros crimes ambientais (artigos 54 ao 60); 
crimes contra o ordenamentourbano e o patrimônio cultural 
(artigos 62 ao 64); crimes contra a administração ambiental 
(artigos 66 ao 69-A). 
Também é importante ter em mente que, nos termos do art. 
225, parágrafo 3° da Constituição Federal e do art. 3° da Lei 
n° 9.605/1998, as pessoas jurídicas serão responsabilizadas 
penalmente nos casos em que a infração seja cometida por 
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu 
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Direito Penal
20
Crimes contra a ordem econômica e 
tributária 
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender os 
aspectos mais importantes em relação aos crimes contra a 
ordem econômica, tributária e de lavagem de dinheiro. Isso 
será fundamental para que você compreenda a aplicação 
prática desses crimes. E então? Vamos juntos desenvolver 
mais esta competência? Avante!
Crimes contra a ordem econômica
No que tange os crimes contra a ordem econômica, destacamos a 
Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990; e a Lei n° 8.176, de 8 de fevereiro 
de 1991, vez que a Lei n° 1.521, de 26 de dezembro de 1951 teve a grande 
maioria de seus crimes absorvidos pelas legislações posteriores. A tutela 
penal da ordem econômica é supraindividual, pois tem como objetivo a 
proteção da atividade econômica, seja do Estado, seja do indivíduo (livre 
iniciativa), garantindo um equilíbrio na produção, circulação e distribuição 
de riqueza dentro da sociedade; visando, assim, à proteção da coletividade.
Um dos fundamentos constitucionais dos crimes contra a ordem 
econômica reside no disposto do art. 173, parágrafo 4° da Constituição 
Federal, que determina que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico 
que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e o 
aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988, p. 110).
Nesse sentido, o art. 4° da Lei n° 8.137/1990 criminaliza a conduta 
de quem: i) de forma genérica, abusa do poder econômico, dominando o 
mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante 
qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; ii) formar acordo, 
convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: a) à fixação artificial 
de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; b) ao controle 
regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; c) ao 
Direito Penal
21
controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de 
fornecedores. E a tais condutas impõe pena de reclusão de dois a cinco 
anos, e multa.
IMPORTANTE:
O dumping consiste na operação de uma determinada 
empresa abaixo das condições habituais de mercado, com 
o objetivo de eliminar os concorrentes menores. Portanto, 
é uma prática que lesa a livre concorrência. Apesar de o 
dumping, atualmente, não ser objeto de um dispositivo 
penal específico, em alguns casos, é possível enquadrá-
lo nos termos do art.° 4, inciso I (VASCONCELOS, 2016). A 
formação de cartel é criminalizada pelo art. 4°, inciso II e 
consiste na ação conjunta de empresários que objetivam 
o ajuste de preços, quantidades de mercadorias a serem 
produzidas e comercializadas, bem como o controle de 
mercado, a fim de dividir o mercado entre si (MAIA, 2008, 
p. 12). O monopólio, enquanto domínio de uma só pessoa 
quanto ao fornecimento de um determinado bem ou 
serviço em certa localidade; por si só, não constitui crime.
O art. 1° da Lei n° 8.176/1991, por sua vez, constitui como crime 
contra a ordem econômica o ato de: i) adquirir, distribuir e revender 
derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool 
etílico hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, 
em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei; e ii) usar gás 
liquefeito de petróleo em motores de qualquer espécie, saunas, caldeiras 
e aquecimento de piscinas, ou para fins automotivos, em desacordo com 
as normas estabelecidas na forma da lei. Tais condutas têm pena de 
detenção de um a cinco anos.
A objetividade jurídica do referido artigo é a política econômica 
do Estado no que tange à normalidade do abastecimento nacional de 
petróleo, combustíveis derivados, álcool para fins carburantes e de outros 
combustíveis líquidos carburantes, bem como o Sistema Nacional de 
Estoque de Combustíveis (ANDREUCCI, 2017). 
Direito Penal
22
A consumação do crime ocorre com a efetiva aquisição, 
distribuição e revenda dos derivados do petróleo, gás natural e suas 
frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais 
líquidos carburantes, que observem as normas estabelecidas por lei; bem 
como, com a utilização de gás liquefeito de petróleo (GLP) em motores, 
independentemente de sua espécie, em desacordo com as normas 
editadas em lei (ANDREUCCI, 2017).
Desse modo, vale lembrar que estamos diante de uma norma 
penal em branco, pois o tipo penal, para ser caracterizado, depende de 
complementação ditada por outra norma.
Crimes contra a ordem tributária
É sabido que não é exagero afirmar que, de livre e espontânea 
vontade, dificilmente alguém pagaria um tributo. Além do mais, o Estado 
sabe que os desvios na seara tributária não são suficientemente sancionados 
por intermédio de medidas de cunho meramente administrativo. Desse 
modo, é exatamente daí que surge a ideia de tipificação dos crimes contra 
a ordem tributária, uma vez que o legislador se vale do Direito Penal, a 
mais drástica e agressiva forma de intervenção do Estado na esfera de 
direitos do cidadão, para preservar a ordem tributária.
REFLITA: Em que consiste a ordem tributária? 
A ordem tributária é um bem jurídico supraindividual, com relevância 
constitucional (artigos 145 a 169 e art. 170), que pode ser compreendida 
como a atividade administrada pelo Estado, personificado na Fazenda 
Pública dos distintos entes Estatais (União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios), dirigida à arrecadação de ingressos e à gestão de gastos em 
benefício da sociedade (BITENCOURT; MONTEIRO, 2013). Desse modo, 
a tutela penal é justificada pela necessidade de resguardar esse bem 
jurídico transindividual de fundamental importância para a sociedade, 
uma vez que consiste nos recursos auferidos das receitas tributárias do 
país que promoverão a realização das atividades destinadas a atender às 
necessidades sociais.
Direito Penal
23
No que tange à tipificação dos crimes contra a ordem tributária, 
destacamos a Lei n° 4.357, de 16 de julho de 1964; a Lei n° 8.137/1990 e o 
os tipos previstos no Código Penal.
A Lei n° 4.357/1964 tipificou o crime de apropriação indébita do 
imposto de renda, imposto sobre o consumo e o imposto do selo, então 
existentes (art. 11). A Lei n° 8.137/1990 tipifica o crime de sonegação fiscal 
e classifica os crimes contra a ordem tributária em duas modalidades, 
quais sejam crimes praticados por particulares (artigos 1° e 2°) e crimes 
praticados por funcionários públicos (art. 3°).
NOTA:
Sonegação fiscal é a ocultação dolosa, mediante fraude, 
astúcia ou habilidade, do reconhecimento de tributo devido 
ao Poder Público (MORAES; SMANIO, 2004).
O Código Penal também traz inúmeros artigos que visam à tutela 
da ordem tributária, como o crime de apropriação indébita previdenciária 
(art. 168-A); excesso de exação (art. 316, parágrafo 1°); facilitação de 
contrabando ou descaminho (art. 318); descaminho (art. 334) e sonegação 
de contribuição previdenciária (art. 337-A).
Crime de lavagem de dinheiro 
A expressão “lavagem de dinheiro” não tem um conceito firme 
no Direito brasileiro, a doutrina costuma utilizar-se de caracterizações 
do processo para definir o crime, uma vez que mais importante que o 
nome do delito é a sua delimitação. Desse modo, a lavagem de capitais 
pode ser definida como o processo no qual os bens de origem ilícita são 
integrados ao sistema econômico legal com nova roupagem, ou seja, 
com aparência de ter sido obtido de forma lícita (CALLEGARI; WEBER, 
2014 apud CORDERO, 2002). 
Direito Penal
24
Figura 2 -A teoria predominante relativa à origem da expressão “lavagem de dinheiro” remonta 
à época em que os gângsteres norte-americanos utilizavam lavanderias para ocultar o dinheiro 
proveniente das suas atividades ilícitas, em meados de 1920 (CALLEGARI; WEBER, 2014)
Fonte: Freepik
No Brasil, a definição do tema está vinculada à tipicidade penal 
posta no art. 1°, caput, da Lei n° 9.613, de 3 de março de 1998. Segundo 
o referido dispositivo, lavagem de dinheiro deveria ser entendida 
como o ato de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, 
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores 
provenientes, direta ou indiretamente, de crime de: tráfico ilícito de 
substâncias entorpecentes ou drogas afins; terrorismo; terrorismo e seu 
financiamento; de contrabando ou tráfico de armas, munição ou material 
destinado à sua produção; de extorsão mediante sequestro; contra a 
Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta 
ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para 
a prática ou omissão de atos administrativos; contra o sistema financeiro; 
praticado por organização criminosa; praticado por particular contra 
a Administração Pública estrangeira (artigos 337-B, 337-C e 337-D do 
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal).
A Lei n° 12.683, de 9 de julho de 2012 alterou a lei original, eliminando 
o rol de crimes ditos como antecedentes ao crime de lavagem de dinheiro, 
adequando a legislação brasileira às mais modernas existentes. Nesse 
sentido, alterou o art. 1° da Lei n° 9.613/1998, que passou a definir o crime 
Direito Penal
25
de lavagem de dinheiro somente como o ato de ocultar ou dissimular a 
natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade 
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de 
infração penal.
IMPORTANTE:
A doutrina aponta as principais características e fases 
da lavagem de dinheiro. As características visíveis no 
processo de lavagem de dinheiro são: somente a partida é 
perfeitamente identificável; profissionalização do processo 
(alta complexidade dos métodos utilizados); e movimentação 
de um elevado volume financeiro. E as fases desse processo 
são três: fase da ocultação ou colocação; estratificação 
ou escurecimento; e a fase da integração ou lavagem 
propriamente dita (CALLEGARI; WEBER, 2014).
A fase da ocultação ou colocação é a fase inicial da lavagem, nela 
os agentes fazem desaparecer as grandes somas que suas atividades 
ilegais geraram, separando os ativos da ilegalidade. Durante essa fase, 
os delinquentes valem-se dos canais de vazão aos capitais para transferir 
o dinheiro para além das fronteiras nacionais. Os principais canais de 
vazão são: instituições financeiras tradicionais, como os bancos e as 
empresas de crédito; instituições financeiras não tradicionais, como 
as grandes empresas, bares, casas noturnas, restaurantes e cassinos; 
inserção nos movimentos financeiros diários e outras atividades que 
transferem o dinheiro para outros países, como o contrabando de dinheiro 
(a transferência física do dinheiro para fora do país por meio do transporte 
marítimo, ferroviário, aéreo e até mesmo rodoviário).
A fase de estratificação, escurecimento ou mascaramento é a 
fase que transforma o dinheiro advindo de atividade ilícita, já inserido 
no mercado, em dinheiro aparentemente lícito. Nessa fase, os agentes 
tentam, por meio de complexas operações, afastar de forma definitiva o 
dinheiro das atividades ilícitas que o originaram, dando ao dinheiro uma 
aparência de licitude disfarçando sua origem e dificultando a reconstrução, 
pelas agências estatais de controle e repressão, da trilha ou caminho do 
Direito Penal
26
dinheiro, também chamada de trilha do papel (paper trail), é o que elucida 
Maia (2004, p. 38-39). 
Na fase de escurecimento do dinheiro os agentes buscam 
movimentar o dinheiro de todas as formas possíveis entre instituições 
bancárias, em diferentes moedas e distintos investimentos dentro dos 
bancos. Em detrimento da técnica de fracionamento, uma vez que o 
dinheiro é transferido para várias contas, todo o dinheiro de todas essas 
contas é transferido para um centro de offshore, garantindo anonimato e 
protegendo a identidade do lavador.
IMPORTANTE:
Nessa fase de mascaramento são os centros de offshore 
que se destacam, servindo como base para inúmeras 
transferências que promovem a conversão do dinheiro 
em instrumentos financeiros. O offshore pode ser 
entendido como uma país com jurisdição que oferece 
segredo financeiro a fim de atrair negócios de fora do 
país, oferecendo, além de confidencialidade absoluta, 
um sistema bancário bem-estruturado, nenhum tratado 
de cooperação antilavagem e uma mínima exigência de 
identificação. 
E, por fim, a fase de integração ou reinversão é o momento no qual 
os lavadores aplicam mecanismos de reinversão para que o dinheiro 
advindo da lavagem se torne investimentos corriqueiros e necessários 
em diversos setores da economia. Nessa fase, o dinheiro é incorporado 
efetivamente ao sistema financeiro e, a partir daí, às áreas regulares da 
econômica. Portanto, os lavadores sacam o dinheiro lícito nos bancos, 
compram bens, emprestam a indivíduos, realizando registros contábeis e 
tributários, os quais justificam o capital de forma legal. É nesse momento 
que o dinheiro é colocado novamente na economia com aparência de 
legalidade.
Direito Penal
27
NOTA:
Cumpre destacar que as fases são teoricamente 
divididas para fins de estudo, mas na prática não ocorrem 
necessariamente de forma separada, ou podem correr 
concomitantemente. 
Nesse sentido, é importante ressaltar que a Lei n° 9.613/1998, 
alterada pela Lei n° 12.683/2012, determina o crime de lavagem (art. 1°); 
quem pode incorrer na mesma pena por ocultar, dissimular, utiliza bens 
provenientes de atividade ilícita, bem como quem participa de grupo, 
associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade 
principal ou secundária é dirigida à lavagem (art. 1, parágrafo 1° e parágrafo 
2°); as disposições processuais especiais (artigos 2° ao 6°); os efeitos da 
condenação (art. 7°); o procedimento das medidas assecuratórias sobre 
os bens, direitos ou valores oriundos de crimes praticados no estrangeiro 
(art. 8°); institui as pessoas físicas e jurídicas sujeitas aos mecanismos de 
controle antilavagem (art. 9°) e define como deverão realizar a comunicação 
de suas operações (art. 11); bem como dispõe sobre o Conselho de 
Controle de Atividades Financeiras — Coaf (art. 14).
Direito Penal
28
RESUMINDO:
E então? Gostou do que aprendemos até aqui? Para 
resumir o que foi visto é importante lembrar que a tutela 
penal da ordem econômica é supraindividual, pois tem 
como objetivo a proteção da atividade econômica, seja 
do Estado, seja do indivíduo (livre iniciativa), garantindo 
um equilíbrio na produção, circulação e distribuição de 
riqueza dentro da sociedade; visando, assim, à proteção 
da coletividade. Um dos fundamentos constitucionais dos 
crimes contra a ordem econômica reside no disposto no 
art. 173, parágrafo 4° da Constituição Federal, que determina 
que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à 
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e 
o aumento arbitrário dos lucros” (BRASIL, 1988, p. 110). 
A ordem tributária também é um bem jurídico 
supraindividual, com relevância constitucional, que pode 
ser compreendida como a atividade administrada pelo 
Estado, personificado na Fazenda Pública dos distintos 
entes Estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), 
dirigida à arrecadação de ingressos e à gestão de gastos em 
benefício da sociedade. Portanto, a tutela penal da ordem 
tributária é justificada pela necessidade de resguardar esse 
bem jurídico transindividual de fundamental importância 
para a sociedade, uma vez que consiste nos recursos 
auferidos das receitastributárias do país que promoverão 
a realização das atividades destinadas a atender às 
necessidades sociais. 
E, por fim, é importante ter em mente que a lavagem de 
dinheiro pode ser definida como o processo no qual os bens 
de origem ilícita são integrados ao sistema econômico legal 
com nova roupagem, ou seja, aparentam ter sido obtidos 
de forma lícita. 
Direito Penal
29
Crimes de preconceito e contra o estatuto 
do idoso
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender quais 
são os crimes resultantes de preconceito e os crimes 
do Estatuto do Idoso. Isso será fundamental para que 
você saiba identificar na prática quais são as espécies de 
condutas que atentam contra os bens jurídicos tutelados 
por cada um desses delitos. E então? Entusiasmados para 
desenvolver essa competência? Vamos juntos!
Crimes de preconceito de raça, cor, etnia, 
religião ou procedência nacional
Institui o art. 5°, inciso XLII, da Constituição Federal, que todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, sendo a 
prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei. Esse dispositivo está precipuamente ligado 
a um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, qual 
seja promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3°, inciso IV, da 
Constituição Federal).
Direito Penal
30
Figura 3 - Racismo, preconceito e discriminação não se confundem, mas é o racismo e o 
preconceito que levam à discriminação
Fonte: Freepik
REFLITA: Qual é a diferença entre racismo, preconceito e discriminação?
O termo “racismo” expressa o conjunto de teorias e crenças que 
estabelecem uma hierarquia entre as raças, de modo que uma raça ou 
etnia é considera superior em relação às outras. O termo “preconceito” pode 
ser entendido como conceito ou opinião formados de forma antecipada, 
que a pessoa carrega em si, sem maior ponderação ou conhecimento dos 
fatos, geralmente intolerantes. E o termo “discriminação” pode ser definido 
como ato de distinguir, estabelecer diferença ou separar. Portanto, 
via de regra, é o racismo e o preconceito que levam à discriminação 
(ANDREUCCI, 2017, p. 163).
Nesse sentido, a Lei n° 7.716, de 5 de janeiro de 1989, parcialmente 
alterada pela Lei n° 9.459, de 13 de maio de 1997, define os crimes 
resultantes de preconceito. Desse modo, serão punidos os crimes 
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião 
ou procedência nacional (art. 1° da referida lei).
Raça pode ser definida como um dos grupos em que se subdividem 
algumas espécies animais, com características próprias e diferenciais que 
se conservam por meio das gerações; cor indica a coloração da pele, em 
geral são elas: branca, preta, vermelha, amarela e parda; etnia consiste 
na coletividade de indivíduos diferenciados por sua especificidade 
sociocultural; religião é a crença ou culto praticados por um grupo social, 
Direito Penal
31
manifestada por meio de doutrinas e rituais próprios; e procedência 
nacional significa o lugar de origem da pessoa (ANDREUCCI, 2017).
IMPORTANTE:
Recentemente, entrou em vigor outro importante diploma 
legal, a Lei n° 12.984, de 2 de junho de 2014, que definiu 
o crime de discriminação dos portadores do vírus da 
imunodeficiência humana (HIV) e doentes de AIDS.
Urge salientar que o Brasil é o país onde mais se assassina 
homossexuais no mundo (BORTONI, 2018), contudo, a vedação 
constitucional de preconceito em razão do sexo, que culmina na 
discriminação por orientação ou identidade sexual, segue sem uma 
legislação específica, a homofobia continua sem norma penal que a 
criminalize.
Entretanto, diante da postura omissiva do legislador, em decisão 
de 13 de junho de 2019, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu 
pela criminalização da homofobia e da transfobia, por equiparação aos 
dispositivos da Lei n° 7.716/1989, especialmente no que tange o art. 1° e o 
art. 20, com a clara possibilidade de aplicação de reclusão de um a três 
anos, além de multa.
SAIBA MAIS:
Clique aqui para saber mais sobre a decisão que criminalizou 
a homofobia e a transfobia no Brasil, leia o informativo n° 931 
do Supremo Tribunal Federal.
Feitas tais considerações, analisaremos agora alguns dos crimes 
tipificados na Lei n° 7.716/1989. Contudo, antes disso, é importante 
destacar que, embora não conste expressamente da descrição típica 
de cada um desses ilícitos, eles devem ser considerados em razão da 
discriminação ou preconceito, como disposto no art. 1°; e que os tipos 
Direito Penal
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo931.htm
32
penais da presente lei têm como objetividade jurídica a tutela do direito à 
igualdade, o respeito à personalidade e a dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, o art. 3° tipifica o ato de impedir ou obstar o acesso 
de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração 
Direta ou Indireta e das concessionárias de serviços públicos; bem 
como o de, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência nacional, obstar a promoção funcional. A pena cominada foi a 
de reclusão de dois a cinco anos. O referido dispositivo pode ser praticado 
por qualquer pessoa e o objeto material do crime é o acesso a qualquer 
cargo da administração direta ou indireta, bem como das concessionárias 
de serviços públicos (ANDREUCCI, 2017).
O art. 4° impõe pena de reclusão de dois a cinco anos àquele que 
negar ou obstar emprego em empresa privada; por motivo de discriminação 
de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência 
ou origem nacional ou étnica:   deixar de conceder os equipamentos 
necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais 
trabalhadores, impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar 
outra forma de benefício profissional, e proporcionar ao empregado 
tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto 
ao salário.
O parágrafo 2° do art. 4 impõe penas de multa e de prestação de 
serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade 
racial, a quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de 
trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para 
emprego cujas atividades não justifiquem essas exigências.
O art. 5° comina pena de reclusão de um a três anos para quem 
recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a 
servir, atender ou receber cliente ou comprador. E o art. 6° impõe pena 
de reclusão de três a cinco anos para quem recusar, negar ou impedir a 
inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou 
privado de qualquer grau; e determina que a pena será agravada de um 
terço se o crime for praticado contra menor de dezoito anos.
Direito Penal
33
Os artigos 7° ao 14 são crimes dolosos e comuns, o sujeito passivo é 
o Estado e a pessoa discriminada, secundariamente, o objeto material do 
crime varia de acordo com cada tipo penal, podendo ser a hospedagem 
em hotel, pensão ou estalagem; atendimento em restaurantes, bares, 
confeitarias; atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de 
diversões ou clubes sociais abertos ao público; atendimento em salões 
de cabeleireiros, barbearias, termas, casas de massagem etc.; acesso às 
entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou 
escada de acesso aos mesmos; acesso ou uso de transportes públicos, 
como aviões, navios, barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer 
outro meio de transporte concedido; acesso ao serviço em qualquer 
ramo das Forças Armadas; e casamento ou convivência familiar e social 
(ANDREUCCI, 2017).
E, por fim, temos oart. 20, que determina como crime o ato de 
praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional, e a ele comina pena de reclusão 
de um a três anos, e multa. O parágrafo 1° do referido artigo, por sua vez, 
determina que aquele que fabricar, comercializar, distribuir ou veicular 
símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos, propaganda que utilizem a 
cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo, amargará 
pena de reclusão de dois a cinco anos, e multa.
Crimes contra o Estatuto do Idoso
O Estatuto do Idoso, Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003, modificou 
alguns tipos penais já existentes, além de criar figuras incriminadoras, 
implementando tipos penais autônomos destinados à proteção da vida, 
integridade corporal, saúde, liberdade, honra, imagem e patrimônio do 
idoso (pessoa com idade igual ou superior a sessenta anos). O Estatuto do 
Idoso também modificou vários artigos do Código Penal e da legislação 
especial, objetivando uma proteção integral ao idoso. 
Direito Penal
34
Figura 4 - Ante as alterações propostas pelo Estatuto do Idoso, alguns crimes serão mais graves 
se forem cometidos contra idoso, pois terão sua pena aumentada, como o crime de furto 
ilustrado na figura a seguir. É o que determina o artigo 61, inciso III, alínea h, do Código Penal
Fonte: Freepik
NOTA:
É acrescido no parágrafo 4° do art. 121 do Código Penal, 
por exemplo, uma causa de aumento de pena quando 
o homicídio doloso é praticado contra pessoa maior de 
sessenta anos. E o mesmo ocorre em relação aos crimes 
de abandono de incapaz (art. 133); injúria (art. 140, parágrafo 
3°), sequestro e cárcere privado (art. 148) e exportação 
mediante sequestro (art. 159).
Contudo, na presente oportunidade estudaremos apenas alguns 
aspectos importantes sobre os crimes tipificados no Capítulo II, do Título 
VI, do Estatuto do Idoso, dos crimes em espécie.
No que se refere às novas figuras típicas incorporadas à legislação 
criminal, destacamos os artigos art. 96 (discriminação bancária, em meio 
de transporte, ao direito de contratar ou meio de exercício da cidadania); 
art. 103 (negativa de acolhimento ou permanência); art. 104 (retenção de 
documento); art. 105 (exibição ou veiculação injuriosa); art. 106 (induzimento 
à outorga de mandato), e art. 108 (lavratura irregular de ato notarial).
Direito Penal
35
O art. 97 (omissão de socorro); art. 98 (abandono de idoso); art. 99 
(maus tratos); art. 101 (desobediência); art. 102 (apropriação indébita) e art. 
107 (constrangimento ilegal), são espécies de delitos já existentes que 
trataram apenas de acrescentar a condição de ser a vítima pessoa idosa 
ou de cuidar de assuntos a ela relacionada.
Merece destaque, ainda, o art. 100, que não tem qualquer 
denominação específica. É o único em seu gênero, e traz uma série de 
condutas que dizem respeito à discriminação profissional ao idoso, a 
recusa de atendimento médico, a desobediência à decisão proferida em 
ação civil pública que verse sobre direito do idoso e, ainda, à recusa em 
atender requisição do Ministério Público à respeito de informações que 
sejam imprescindíveis à propositura de ação civil pública (RAMOS, 2018).
Ao adotar o rito da Lei n° 9.099/95 (art. 94), o Estatuto do Idoso 
possibilita a transação penal, a composição de danos e a suspensão 
condicional do processo, que não deixam de beneficiar diretamente o 
idoso, pois além de ser um rito mais ágil e rápido quanto ao julgamento 
dos agentes, alcança a conciliação entre as partes, por meio, por exemplo, 
do ressarcimento do dano.
O art. 95 do referido Estatuto estabelece que todos os crimes 
praticados contra pessoa idosa deverão ser apurados mediante ação 
penal pública incondicionada, desse modo, dispõe no sentido de retirar 
a necessidade de o idoso representar contra seus agressores. Outro 
importante avanço consagrado pelo referido artigo foi a determinação da 
não aplicação da escusa absolutória do art. 181 do Código Penal aos crimes 
praticados contra idoso; e a retirada do impedimento, antes existente 
(previsto no art. 182 do Código Penal), de que os crimes patrimoniais 
cometidos contra idoso por seus familiares seriam punidos somente se 
presente a representação do idoso contra seus próprios familiares. 
Direito Penal
36
RESUMINDO:
E então? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste Capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você 
deve ter aprendido que a Lei n° 7.716/1989, parcialmente 
alterada pela Lei n° 9.459/1997, define os crimes resultantes 
de preconceito. Desse modo, serão punidos os crimes 
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional (art. 1° da referida lei). 
Ante a postura omissiva do legislador, em decisão de 13 
de junho de 2019, o Plenário do Supremo Tribunal Federal 
decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, 
por equiparação aos dispositivos da Lei n° 7.716/1989, 
especialmente no que tange o art. 1° e o art. 20, com a clara 
possibilidade de aplicação de reclusão de um a três anos, 
além de multa. No que tange o Estatuto do Idoso, Lei n° 
10.741/2003, é importante ter em mente que a referida 
legislação modificou alguns tipos penais já existentes, além 
de criar figuras incriminadoras, implementando tipos penais 
autônomos destinados à proteção da vida, integridade 
corporal, saúde, liberdade, honra, imagem e do patrimônio 
do idoso (pessoa com idade igual ou superior a sessenta 
anos). 
O Estatuto do Idoso também modificou vários artigos do 
Código Penal e da legislação especial, objetivando uma 
proteção integral ao idoso. Quanto às novas figuras típicas 
incorporadas à legislação criminal, podemos apontar: art. 
96 (discriminação bancária, em meio de transporte, ao 
direito de contratar ou meio de exercício da cidadania); art. 
103 (negativa de acolhimento ou permanência); art. 104 
(retenção de documento); art. 105 (exibição ou veiculação 
injuriosa); art. 106 (induzimento à outorga de mandato) e art. 
108 (lavratura irregular de ato notarial).
Direito Penal
37
Lei de drogas, do pacote anticrime e de 
abuso de autoridade
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender os 
principais pontos da Lei de Drogas, Pacote Anticrime e 
Abuso de Autoridade. Analisaremos os mais recentes 
temas discutidos pela doutrina e aqueles que serão 
fundamentais para uma correta compreensão dos crimes 
trazidos por essas leis. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos juntos!
Lei de Drogas
A lei que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre 
Drogas — Sisnad, prescreve medidas para prevenção do uso indevido, 
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico 
ilícito de drogas e define crimes às drogas relacionados à Lei n° 11.343, de 
23 de agosto de 2006. 
Figura 5 - A Lei de Drogas é uma Lei penal em branco, pois a definição de droga, 
atualmente, é posta por uma portaria da Vigilância Sanitária, periodicamente atualizada
Fonte: Freepik
Direito Penal
38
REFLITA: O que devemos entender por droga?
No artigo 1°, parágrafo único, fica estabelecido que para fins da 
referida lei, consideram-se drogas as substâncias ou os produtos capazes 
de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados 
em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. 
Atualmente, a Lei de Drogas é complementada pela Portaria SVS/MS 
n° 344/1998 da Vigilância Sanitária, que define quais são as substâncias 
consideradas como drogas para fins penais. Desse modo, estamos diante 
de uma lei penal em branco, em sentido estrito, pois o complemento da 
lei tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que 
elaborou a lei penal (MASSON, 2020).
O art. 28 da Lei de Drogas traz a figura dousuário e a grande 
diferença do crime de adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou 
trazer consigo, drogas para consumo pessoal, é que, para esse delito, não 
há cominação de pena privativa de liberdade. Nesse sentido, entendeu o 
legislador que ao usuário de drogas deve ser imposta outras modalidades 
de pena, sendo elas: advertência sobre os efeitos das drogas; prestação 
de serviços à comunidade; e medida educativa de comparecimento à 
programa ou curso educativo. Insta salientar que às mesmas medidas 
submete-se quem, para consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe 
plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância 
ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica (art. 28, 
parágrafo 1°).
IMPORTANTE:
Cumpre-nos ressaltar que a quantidade de droga, por si 
só, não é fator indicativo para identificar se o crime é de 
posse para uso pessoal ou tráfico. O magistrado deverá 
realizar uma análise cautelosa e apurada das circunstâncias 
previstas no art. 28, parágrafo 2°.
No que tange à repressão à produção não autorizada e ao tráfico 
ilícito de drogas, o art. 31 traz a única exceção à regra de proibição de 
qualquer forma de preparação ou produção de drogas, qual seja a hipótese 
Direito Penal
39
de permissão, mediante licença prévia da autoridade competente, de 
produção e extração de drogas ou matéria-prima para a sua preparação. A 
referida licença trata-se de uma válvula de escape para que as indústrias 
farmacêuticas, por exemplo, possam empregar determinadas drogas 
na produção de remédios. O art. 32 dispõe sobre a destruição imediata 
das plantações ilícitas e, em seu parágrafo 4°, determina que as glebas 
cultivadas com plantações ilícitas serão expropriadas, conforme o 
disposto no art. 243 da Constituição Federal.
O caput do art. 33 da Lei de Drogas trata do tipo fundamental do 
tráfico de drogas, e o parágrafo 1° do art. 33, artigos 34 e 36, por sua vez, 
são considerados pela doutrina como modalidades de tráfico de drogas, 
sendo a ele equiparado. O referido artigo sofreu recente alteração com o 
advento da Lei n° 13.964, de 24 de dezembro de 2019, que acrescentou ao 
parágrafo 1° do art. 33, o inciso IV, com a seguinte redação:
Vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou 
produto químico destinado à preparação de drogas, sem 
autorização ou em desacordo com a determinação legal 
ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando 
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta 
criminal preexistente (BRASIL, 2019b).
O objetivo da inclusão do referido inciso buscou contornar a figura do 
crime impossível previsto no art. 17 do Código Penal, bem como evitar que 
o delito, na hipótese em que quem recebe a substância ilícita é o policial 
disfarçado, seja considerado apenas como uma tentativa (NUCCI, 2020). 
NOTA:
Com o advento do inciso IV do parágrafo 1° do art. 33, 
torna-se viável a prisão pela venda ou entrega ao policial 
disfarçado, não configurando crime impossível, permitindo, 
inclusive, o seu enquadramento como crime consumado 
(NUCCI, 2020, p. 133).
No mais, a lei penal em tela dispõe sobre o procedimento penal a 
ser seguido nos casos relativos aos processos por crimes de repressão à 
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas (artigos 48 ao 59); a 
Direito Penal
40
apreensão, arrecadação e destinação dos bens do acusado (artigos 60 ao 
64); e a cooperação internacional (artigos 65).
Lei do Pacote Anticrime 
A Lei n° 13.964/2019, lei que aperfeiçoa a legislação penal e 
processual penal (chamada de Lei do Pacote Anticrime), é o resultado de 
uma promessa do atual governo, que prometeu um pacote de medidas 
que fosse mais rigorosa no trato com os criminosos, especialmente 
àqueles pertencentes a organizações criminosas. 
NOTA:
A Lei do Pacote Anticrime promove uma série de 
mudanças na seara penal, processual penal, execução 
penal e leis penais especiais. Na presente oportunidade 
iremos discorrer sobre algumas delas, consideradas mais 
importantes e inovadoras.
Entre as mudanças provocadas no Código Penal destacamos a 
ratificação da legítima defesa de terceiro inserida pelo parágrafo único 
do art. 25, ao determinar que a legítima defesa deverá ser considerada no 
caso do agente de segurança pública que repele agressão ou risco de 
agressão à vítima mantida refém durante a prática de crimes; aumentou o 
tempo limite de cumprimento da pena para quarenta anos, em detrimento 
do tempo anterior, estipulado em de trinta anos (art. 75); o acréscimo de 
duas novas causas de suspensão da prescrição (art. 116, incisos III e IV); e a 
alteração do art. 122, incluindo, além do suicídio, o crime de induzimento, 
instigação ou auxílio à automutilação.
No que tange o Código de Processo Penal, urge salientar as 
mudanças no que diz respeito ao arquivamento do inquérito policial 
e outras peças informativas (art. 28); a instituição do novo artigo 28-A 
que dispõe sobre o acordo de não persecução penal atingindo quatro 
oportunidades para evitar a aplicação ou cumprimento da pena impondo, 
em seus incisos (I ao V), novas condições para o agente infrator; a edição 
do parágrafo 5° do art. 157, que determina o afastamento o juiz que 
Direito Penal
41
conhece o conteúdo de prova declarada inadmissível; a criação da cadeia 
de custódia (artigo 158-A e seguintes), enquanto procedimento que 
aponta, fase por fase, qual órgão é responsável pela prova produzida; e a 
nova redação do art. 492, relativa à sentença no Tribunal do Júri.
IMPORTANTE:
Uma das mais importantes mudanças postas pela Lei n° 
13.964/2019 foi a introdução da figura do juiz das garantias, 
responsável pelo controle de legalidade da investigação 
criminal e pela proteção dos direitos fundamentais do 
acusado (artigo 3°-A e 3°-B do Código de Processo Penal). 
Entretanto, até o atual momento, a implantação do juiz das 
garantias encontra-se suspensa por tempo indeterminado 
por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal, proferida 
em Ações Diretas de Inconstitucionalidade ajuizadas pela 
Associação dos Magistrados Brasileiros e pela Associação 
dos Juízes Federais do Brasil, pelos partidos Podemos e 
Cidadania e pelo Partido Social Liberal.
No que tange à execução pena, Lei n° 7.210, de 11 de julho de 
1984, chamamos a atenção para os institutos do regime disciplinar 
diferido, da progressão de regime e da colheita de DNA. A Constituição 
Federal estabelece que o civilmente identificado não será submetido à 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Nesse sentido, 
a Lei do Pacote Anticrime criou mais uma hipótese de identificação 
criminal obrigatória, voltada para condenados por delitos graves, mediante 
extração do DNA, nos termos do art. 9°-A. No âmbito do regime disciplinar 
diferido, a Lei n° 13.964/2019 institui novas e mais rigorosas regras, dando 
nova redação ao art. 52 da Lei de Execução Penal. E, por fim, quanto à 
progressão de regime, preserva-se o sistema progressivo, contudo com 
prazos mais rígidos, ante a nova redação do art. 112. 
Direito Penal
42
NOTA:
A identificação criminal trata da segurança jurídica de não 
se processar uma pessoa no lugar de outra. Atualmente, 
a identificação criminal é regida pela Lei n° 12.037, de 1° de 
outubro de 2009, somada à Lei n° 12.654, de 28 de maio de 
2012 e à Lei n° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal).
Quanto às leis especiais, iremos estudar algumas das mudanças 
trazidas pelo Pacote Anticrime em relação à Lei de Interceptação Telefônica 
(Lei n° 9.296 de 24 de julho de 1996), Lei do Estatuto do Desarmamento 
(Lei n° 10.826/2003); e Lei da Organização Criminosa (Lei n° 12.850, de 2 de 
agosto de 2013).
A Lei n° 9.296/1996 ganhou um novo artigo, o art. 8-A, que determina 
que para investigar ou instruir processo-crime, a parte interessada 
(delegado ou Ministério Público) em obter o recurso de captação 
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, deve requererautorização judicial, demonstrando que aquela é a única via disponível, 
além de existirem elementos suficientes de autoria e participação em 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos.
NOTA:
Captação ambiental é a conversa ocorrida em certo local, 
possibilitando o contato pessoal entre interlocutores, 
enquanto uma delas colhe, por qualquer meio (gravação 
de voz, fotografias ou filmagens), o que se passa entre 
ambos. A interceptação pressupõe a existência de um 
terceiro que atravessa a conversa alheia e a grava ou 
registra de qualquer forma. A interceptação ambiental 
não deixa de ser uma forma de captação ambiental, pois 
significa que a conversa se realiza em recinto aberto. Assim 
como a captação, a interceptação, em nome do direito à 
intimidade, necessita de autorização judicial para que a 
prova seja validamente colhida e utilizada em juízo, desde 
que produzida em ambiente privado (NUCCI, 2020).
Direito Penal
43
A Lei n° 10.826/2003 sofreu alteração no art. 16, tanto na redação 
do caput quanto na disposição dos seus parágrafos, uma vez que a Lei 
do Pacote Anticrime inclui o parágrafo 2°, determinando que quando as 
condutas previstas no caput e no parágrafo 1° envolverem armas de fogo 
de uso proibido, a pena deverá ser elevada para reclusão de quatro a 
doze anos. Também sofreram alteração os artigos 17 e 18 no que tange 
os crimes de comércio ilegal de arma de fogo e tráfico internacional 
de arma de fogo, respectivamente; e o art. 20, que ganhou mais uma 
causa de aumento de pena, qual seja a hipótese de o agente reincidir 
especificamente em crimes da mesma natureza dos previstos nos artigos 
14 a 18 da mesma lei. Ressaltamos, ainda, a inclusão do art. 34-A, que 
dispõe sobre o Banco Nacional de Perfis Balísticos, que busca acomodar 
em um único local os dados relativos aos registros balísticos coletados.
A Lei n° 12.850/2013 — Lei da Organização Criminosa, foi uma das 
legislações que mais sofreram alterações com o advento da Lei do Pacote 
Anticrime. Entre as inúmeras alterações, destacamos o aumento de 
rigidez no cumprimento da pena de lideranças de organização criminosas 
armadas ou que tenham armas à disposição (art. 2°); inclusão dos artigos 
3°-A, 3°-B e 3°-C que regulam os termos da colaboração premiada e a 
nova redação do art. 7°, que determinou o sigilo da colaboração premiada 
até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime; a criação da figura do 
policial infiltrado virtual (art. 10-A); e as novas disposições em relação ao 
agente infiltrado (artigos 10-B, 10-C, 10-D).
Lei de Abuso de Autoridade 
A Lei n° 13.869, de 5 de setembro de 2019 é o diploma legal 
responsável por definir os crimes de abuso de autoridade, cometidos por 
agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a 
pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. Antes 
de adentrarmos propriamente no tema, responda a seguinte pergunta:
REFLITA: Em que consiste o abuso de autoridade?
O exercício da função pública deve estar de acordo com os 
preceitos constitucionais, respeitando princípios como o da legalidade, 
Direito Penal
44
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem como 
respeitar os direitos e as garantias fundamentais do cidadão usuário do 
serviço público. Desse modo, todos os excessos e as arbitrariedades 
cometidas pelo agente público devem ser punidas em todas as esferas 
(civil, administrativa e penal). É a traição funcional, por meio do abuso de 
autoridade, que faz com que todos tenhamos interesse na sua punição, 
pois todos nós somos afetados por ela, mesmo que indiretamente 
(GRECO; CUNHA, 2020).
Nesse contexto, a nova Lei de Abuso de Autoridade — Lei n° 
13.869/2019 surge, revisando a lei anterior editada durante o governo 
militar, tendo como finalidade modernizar a prevenção e a repressão 
aos comportamentos abusivos de poder, tendo como foco a conduta de 
autoridades e agentes públicos. Para tanto, a Lei de Abuso de Autoridade 
cria novos tipos penais, reforma outros e incrementa penas.
NOTA:
O bem jurídico tutelado pela Lei de Abuso de Autoridade 
são os direitos e as garantias do cidadão. Desse modo, um 
dos pontos mais importantes da nova lei foi a revisão das 
consequências do abuso de autoridade, pois ficava difícil 
de aceitar que comportamentos abusivos do agente estatal 
pudessem ser rotulados, sem exceção, como de menor 
potencial ofensivo (GRECO; CUNHA, 2020, p. 12).
É importante observar que o art. 1°, parágrafo 1, anuncia um especial 
fim de agir presente nos vários tipos incriminadores, determinando que:
As condutas descritas nesta Lei constituem crime de 
abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com 
a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar 
a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou 
satisfação pessoal (BRASIL, 2019a).
Desse modo, a existência do crime depende de o agente comportar-
se de maneira abusiva, tendo em vista prejudicar outrem ou beneficiar a 
si mesmo, a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
Direito Penal
45
O Capítulo dedicado à previsão dos crimes e das penas é o VI, artigos 
do 9° ao 38°. Ante a extensão desse rol de crimes não será possível analisar 
os artigos um por um, mas iremos tratar os aspectos mais importantes dos 
crimes mais relevantes e inovadores. 
O art. 10° prevê como crime o ato de decretar a condução coercitiva 
de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia 
intimação de comparecimento ao juízo, seja em um feito criminal ou 
extrapenal; e comina pena de detenção, de um a quatro anos, e multa. 
Uma questão importante é a de saber quem pode decretar a condução 
coercitiva. Os juízes são os principais alvos do tipo penal. Mas e o delegado 
de Polícia e o Ministério Público?
Pois bem, a doutrina diverge sobre o tema. Parte da doutrina 
entente que, por exemplo, regras restritivas de direito não comportam 
interpretação extensiva nem analógica, portanto, não cabe a autoridade 
policial, no curso do inquérito, conduzir coercitivamente a testemunha 
com base no art. 218 do Código de Processo Penal (COSTA; SILVA, 
2019, p. 172). E há quem defenda que a Autoridade Policial, no curso do 
inquérito, e o Ministério Público, no curso do inquérito, nos procedimentos 
investigatórios criminais e outras medidas e procedimentos administrativos 
(art. 26, inciso I, alínea a), da Lei n° 8.625, de 12 de fevereiro de 1993), 
determinem a condução coercitiva, sem qualquer intervenção do Poder 
Judiciário (GRECO; CUNHA, 2020).
O art. 13 tipifica uma modalidade especial de abuso de autoridade, 
entendendo como crime o comportamento daquele que constrange o 
preso ou detento, mediante violência, grave ameaça ou redução da sua 
capacidade de resistência, a: I) exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele 
exibido à curiosidade pública; II) submeter-se à situação vexatória ou à 
constrangimento não autorizado em lei; III) produzir prova contra si mesmo 
ou contra terceiro. A pena imposta foi a detenção, de um a quatro anos, e 
multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
O supracitado artigo tem como bem jurídico protegido os direitos 
e as garantias fundamentais do indivíduo, principalmente a dignidade 
da pessoa humana, bem como a Administração Pública, no sentido 
de que seus servidores devem atuar dentro da legalidade. Para tanto, 
Direito Penal
46
objetiva coibir comportamentos como: aqueles em que pessoas presas 
são forçadas a mostrar seus rostos após terem sido flagradas na prática 
de alguma infração penal, a fim de serem indevidamente expostas à 
imprensa; aqueles em que o preso em flagrante delito no dia de seu 
aniversário é obrigado a cantar com os policiais a cantiga de parabéns; 
ou, ainda, aqueles em que o preso ou o detento é forçado a confessar a 
prática de um crime ou a apontar o local onde se encontram os objetos 
por ele subtraídos etc. (GRECO; CUNHA,2020).
NOTA:
O art. 14 da lei proibia fotografar, filmar ou permitir que 
fotografassem ou filmassem, divulgassem ou publicassem 
fotografias ou filmagens de preso, internado, investigado, 
indiciado ou vítima, sem seu consentimento ou com 
autorização obtida mediante constrangimento ilegal, 
com o intuito de expor a pessoa a vexame ou execração 
pública. Ante o veto do referido artigo, a doutrina entende 
ser possível a utilização de imagens, principalmente pela 
polícia, na fase investigativa, que auxiliem na captura 
de presos foragidos; defendendo que não há nenhum 
dispositivo legal que impeça tal utilização dessas imagens 
(GRECO; CUNHA, 2020).
E, por fim, destacamos o art. 21, que criminaliza a manutenção de 
presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento. 
O artigo 21 aduz, ainda, que incorre na mesma pena quem mantém, na 
mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou 
em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei n° 8.069, de 13 de 
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Direito Penal
47
IMPORTANTE:
A Resolução Conjunta n° 1, de 15 de abril de 2014, editada 
pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
— CNPCP e pelo Conselho Nacional de Combate à 
Discriminação — CNCD/LGBT, estabelece, especialmente 
nos artigos 1° a 5°, os parâmetros de acolhimento de LGBT 
em privação de liberdade.
No mais, a lei em tela dispõe sobre os procedimentos do processo 
e do julgamento relativo e esses crimes (art. 39); os sujeitos do crime (art. 
2°); a ação penal cabível (art. 3°); os efeitos da condenação e das penas 
restritivas de direitos (art. 4° e art. 5°); e as sanções de natureza civil e 
administrativa (artigos 6° ao 8°).
RESUMINDO:
E então? Aprendeu mesmo tudinho? Para resumir o que 
aprendemos até aqui é importante ter em mente que 
a Lei de Drogas (Lei n° 11.343/2006) é o diploma legal 
responsável por instituir o Sisnad, prescrever medidas para 
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social 
de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas 
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito 
de drogas e define crimes a ela relativos. A Lei do Pacote 
Anticrime é resultado de uma promessa do atual governo, 
que prometeu um pacote de medidas que fossem mais 
rigorosas no trato com os criminosos, especialmente 
àqueles pertencentes a organizações criminosas. Nesse 
sentido, promove uma série de mudanças na seara penal, 
processual penal, execução penal e leis penais especiais. 
E a Lei de Abuso de Autoridade, Lei n° 13.869/2019, é o 
diploma legal responsável por definir os crimes de abuso 
de autoridade, cometidos por agentes públicos, servidor ou 
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de 
exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
Direito Penal
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SILVA, C. D. M. da. Lei de drogas comentada. 2. ed. São Paulo: 
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VASCONCELOS, D. dos S. Dumping e o Direito Penal. Revista 
Liberdades, n. 23, p. 20-49, set./dez. 2016.
Direito Penal
	Crimes hediondos, de trânsito e ambientais
	Crimes hediondos
	Crimes de trânsito 
	Crimes ambientais
	Crimes contra a ordem econômica e tributária 
	Crimes contra a ordem econômica
	Crimes contra a ordem tributária
	Crime de lavagem de dinheiro 
	Crimes de preconceito e contra o Estatuto do Idoso
	Crimes de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
	Crimes contra o Estatuto do Idoso
	Lei de Drogas, do Pacote Anticrime e de Abuso de Autoridade
	Lei de Drogas
	Lei do Pacote Anticrime 
	Lei de Abuso de Autoridade

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