AULA 6 Pesquisa e prática em educação - projeto

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PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO - 
PROJETO
O DELINEAMENTO METODOLÓGICO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Analisar o que é a metodologia de uma pesquisa, diferenciar a pesquisa teórica/empírica, pesquisas
exploratórias/descritivas/ explicativas, identificar alguns modelos de pesquisa de acordo com o delineamento
metodológico;
2. ser orientado a elaborar e redigir a metodologia da pesquisa, indicando os procedimentos e técnicas que serão
adotados, bem como as fontes empíricas e documentais a serem utilizadas.
O desenvolvimento da sua pesquisa está sendo orientado passo a passo. Criamos um modelo de orientação on-
line que procura provocar reflexões e aproximações sucessivas ao seu objeto e campo de investigação. Assim,
você pode a cada leitura ir pensando sobre o que vai pesquisar, e na elaboração e reelaboração de suas ideias ir
construindo o seu objeto de estudo. Em PPE-Projeto, você teve a oportunidade de iniciar seu TCC. Agora você
está diante de um novo desafio. Nós estamos propondo que você reveja esse texto do Memorial para repensar a
sua proposta de investigação de modo a avançar para além da reflexão sobre o que você quer estudar. Nós
queremos nesta aula que você comece a pensar em como vai fazer esse estudo.
“No começo eu achei que ia fazer apenas uma pesquisa bibliográfica sobre as ideias do educador Darci Ribeiro
acerca do fracasso escolar das crianças pobres e de sua proposta de criação dos Centros Integrados de Educação
Popular (Cieps). Mas, agora com o estágio em um Ciep, fiquei chocada com o que eu encontrei. Parece que tudo
que estava no papel, todas aquelas ideias incríveis que ele tinha e que ganharam vida na década de 80 foram
deixadas de lado. O que aconteceu? Preciso saber por que o projeto se perdeu. Será que agora não é melhor eu
falar com os professores pra entender isso melhor?”
"Eu ia fazer uma pesquisa incrível. Eu ia passar um questionário pra mais de 100 professoras. E agora essa! Por
que será que eu não posso saber como se sentem as professoras sobre como conciliar a sua vida e as demandas
do trabalho com um questionário? A gente vive preenchendo questionários em revistas...”
“Eu pensei que ia ser fácil. Mas, agora que eu já sei o que eu quero pesquisar, estou com dúvidas sobre como eu
vou fazer a pesquisa. É que eu fico pensando... Já que eu vou investigar se o uso do vídeo pode ajudar o professor
na sua prática e eu li essa coisa do videoprocesso eu queria usar isso na pesquisa, sabe. Gravar os professores em
sala, depois mostrar pra eles e ver o que eles acharam. Mas isso não ‘tá’ em nenhum manual de pesquisa. O que
eu faço?”
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Essas são inquietações frequentes de alunos que estão começando a delinear os procedimentos metodológicos
de seu projeto de pesquisa, porque, afinal, a problematização de uma realidade, fenômeno, é algo que
eventualmente fazemos em nosso cotidiano. Mas como fazer isso a partir de uma abordagem científica é o que
muitas vezes um aluno de graduação nunca vivenciou.
Frequentemente, definimos o conhecimento científico, saberes superiores, em oposição ao senso comum, aos
saberes da experiência. Mas essa é uma falsa oposição, pois, segundo Perrenoud (2001), se saberes que toda
ordem pode ser concebida como representações da realidade, assim como o senso comum, os conhecimentos
científicos estão fundados na experiência e a ela retornam. Não é propriamente o vínculo ou não com a
experiência que os distinguem, mas a forma própria como são concebidos.
Os processos intelectuais e técnicos que envolvem sua elaboração é que os fazem diferentes. Se senso comum se
constitui de uma resposta imediata, constituída a partir de nossas impressões e concepções mais ou menos
compartilhadas, os saberes científicos são aqueles frutos de ação metódica, rigorosa, precisa, constituída a partir
de procedimentos intelectuais e técnicos, testados e sistematicamente discutidos em uma comunidade
intelectual.
O delineamento metodológico de uma pesquisa diz respeito, portanto, à definição dos procedimentos
intelectuais e técnicos, das etapas de trabalho envolvidas no processo de investigação e também sobre a lógica
que as organiza. Ele define uma metodologia de pesquisa, organiza o como, quando, onde e com quem se
realizará a pesquisa.
Na formulação do desenho metodológico da pesquisa, a primeira definição necessária é quanto ao tipo de
pesquisa que é mais adequada ao estudo.
Podemos classificar as pesquisas quanto: ao objeto de estudo, quanto à abordagem e quanto aos procedimentos
técnicos adotados.
• Quanto ao objeto: teórico ou empírico.
• Quanto aos objetivos: exploratório, descritivo ou explicativo (correlacional).
• Quanto aos procedimentos: bibliográfico, documental, levantamento, estudo de caso, experimental, ex-
post fato, etnográfico, pesquisa-ação, etc.
Meu estudo é teórico ou empírico?
A pesquisa teórica é aquela voltada para a análise de um conceito ou teoria.
Ela não se refere diretamente a uma realidade. Nela, o pesquisador quer compreender melhor, analisar e
comparar “teorias, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar
fundamentos teóricos" (DEMO, 2000, p. 20). Embora não objetive responder a um problema concreto, mas
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especialmente a uma inquietação intelectual ela, no entanto, não é menos importante que a pesquisa empírica.
Afinal, em qualquer modalidade de pesquisa, é a teoria que vai nos ajudar a ler de forma mais crítica e
consistente os fenômenos estudados.
Obviamente, constitui-se em pesquisa bibliográfica, posto que conceitos e teorias podem ser encontrados nas
diferentes publicações científicas.
Nos estudos acadêmicos, ela cumpre um importante papel: leva o pesquisador iniciante a apropriar-se dos
paradigmas de seu campo de formação, permitindo que ele aprofunde a sua compreensão e reflexão sobre temas
/conceitos de relevância, de forma a elaborar criticamente o posicionamento pessoal, desenvolvendo sua
autonomia intelectual.
Por exemplo: Se o quero compreender em minha pesquisa a diferença entre o conceito de aprendizagem em
Piaget e Vigotski, não vou precisar ver como as crianças aprendem. Meu estudo vai exigir apenas uma análise
desse conceito na obra desses autores, comparando as suas concepções, ou seja, é um estudo eminentemente
teórico.
A pesquisa empírica é aquela voltada para a análise de fenômenos e realidades concretas, ou seja, para a
compreensão da experiência vivida pelos sujeitos.
Nela, os dados são colhidos de fontes diretas, ou seja, junto às pessoas que vivenciaram ou tem conhecimento
sobre o tema, fato ou situação estudada. Elas respondem a questões de natureza prática e, portanto, podem dar
importante contribuição para a solução de problemas reais com os quais nos defrontamos. Nos estudos
acadêmicos, ela também cumpre um importante papel: permite que o pesquisador articule as contribuições
teóricas estudadas e as observações ou os dados construídos nas realidades vivenciadas.
Por exemplo: Se eu quero analisar em minha pesquisa e as dificuldades de aprendizagem das crianças em
processo de alfabetização, não basta estudar os conceitos de aprendizagem de Piaget e Vigotski. Dessa vez, vou
precisar ver como as crianças aprendem, meu estudo vai exigir ir a campo, ou seja, ir ao encontro da realidade
concreta onde as crianças estão vivenciando a alfabetização para observar e conversar com elas sobre suas
dificuldades, ou seja, é um estudo eminentemente empírico.
Os estudos empíricos podem ser desenvolvidos a partir de objetivos e abordagens distintas assumindo, portanto,
um caráter mais exploratório, descritivo ou explicativo.
Meu estudo é exploratório, descritivo ou explicativo?
Estudo exploratório
Quando estamos diante de uma realidade desconhecida ou problema/tema pouco estudado, sobre o qual ainda
se tem muitas dúvidas, com uma primeira aproximação, explorando um campo de investigação, faremos um
estudo exploratório.
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Nesses tipos de estudos,geralmente o delineamento metodológico é bastante flexível, envolvendo basicamente:
a) revisão bibliográfica; b) entrevistas com pessoas que têm alguma vivência do problema estudado; c) análise
de exemplos que “estimulem a sua compreensão” (SELTIZ et al apud GIL, 1991).
Os estudos exploratórios permitem nos familiarizarmos com temas/problemas/teorias que ainda pouco
conhecemos. Na maioria das vezes, eles não se constituem um fim em si mesmos mas são expressão do
movimento inicial do pesquisador na busca de informações que lhe ajudem a ver melhor uma problemática de
modo a analisar a possibilidade de desenvolver um estudo mais completo sobre o assunto.
Nos estudos acadêmicos, no entanto, ele cumpre uma finalidade pedagógica importante: a de iniciação científica
do estudante. Dada a sua flexibilidade metodológica e reduzida exigência quanto a resultados mais substantivos,
ele acolhe melhor os tempos e as necessidades próprias do processo de aprendizagem.
Estudo descritivo
Quando nosso objetivo num estudo é identificar as características de uma população ou situação, localizar
/mapear um fenômeno, quando nos voltamos para a descrição de uma determinada realidade, estamos fazendo
um estudo descritivo.
Como a própria definição indica, os estudos descritivos pretendem antes de qualquer coisa descrever, ou seja,
reconhecer elementos, atributos, variáveis, que permitam identificar uma determinada realidade. Procura-se
verificar como nosso problema se manifesta na realidade estudada (numa abordagem mais qualitativa) ou fazer
medições e previsões (numa abordagem mais quantitativa).
São estudos que, geralmente, oferecem uma visão mais ampla sobre o fenômeno estudado e assumem a forma de
estudos de levantamento (modalidade que vamos estudar na próxima aula).
Estudo explicativo
Quando nosso objetivo ultrapassa a mera descrição, mas quer compreender as origens e causas dos fenômenos
estamos diante de um estudo explicativo, ou seja, se o que queremos é identificar os fatores, as relações, os
processos constitutivos das problemáticas investigadas, se o que queremos não é apenas saber como se
comporta uma realidade, mas explicar por que se comporta dessa forma e não de outra, vamos precisar realizar
um estudo em profundidade. Esse tipo de estudo exige um exercício intelectual mais complexo, posto que nele o
pesquisador não pode se colocar como mero observador da realidade, mas precisa construir relações entre os
fatos observados e informações colhidas que lhe permitam elaborar explicações sobre o comportamento dos
fenômenos. É “o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o
porque das coisas”. Por isso, também é uma modalidade complexa cujo delineamento metodológico pode
assumir muitas formas: estudo de caso, experimental, ex-post fato, etnográfico.
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Meu estudo pode incluir elementos dessas diferentes modalidades de investigação?
Como a realidade humana é complexa, dificilmente uma pesquisa nos dias de hoje constitui-se exclusivamente de
uma única abordagem. Geralmente, os estudos nas Ciências Humanas e Sociais articulam elementos,
contribuições, de diferentes modalidades. Nos estudos explicativos, vamos tomar como referência para a
determinação das variáveis que devem ser investigadas mais a fundo, o mapeamento que uma análise descritiva
oferece. Em outros casos, numa pesquisa descritiva, quando o pesquisador vai além da identificação das relações
entre algumas variáveis e elabora algumas hipóteses para essas relações, temos uma pesquisa descritiva que se
aproxima de um estudo explicativo. Também em algumas pesquisas descritivas, de caráter mais qualitativo,
quando o pesquisador oferece uma visão geral sobre a realidade investigada, ele se aproxima das pesquisas
exploratórias.
Assim, como você pode ver, os limites entre esses modelos nem sempre estão muito claros. Mas então como
saber se a metodologia aplicada à pesquisa é adequada e respeita os critérios de cientificidade?
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a ciência não é um conhecimento absoluto, mas se faz a partir da
iniciativa de uma comunidade de estudiosos que procuram desenvolver mecanismos rigorosos para a produção
de saberes mais seguros sobre a realidade. Então, é preciso respeitar a experiência e o conhecimento acumulado
por essa comunidade e tomá-lo como referência em nossos estudos.
Em segundo lugar, é necessário garantir coerência na forma como vamos articular esses elementos, ou seja, fazer
escolhas e combinações conscientes e justificadas, de modo que eles possam ser complementares, levando-nos a
uma maior inteligibilidade sobre o fenômeno estudado.
Um modo de se conseguir isso é consultar a literatura acadêmico-científica e verificar como outros
pesquisadores que se debruçaram sobre temas/problemas semelhantes desenvolveram seus estudos: que
metodologias aplicaram? Que instrumentos de coleta e análise de dados utilizaram? Que dificuldades
encontraram? Como lidaram com essas dificuldades?
Uma boa revisão bibliográfica não pode se restringir a análise dos conceitos e teorias que podem contribuir para
nossa compreensão do objeto de estudo, mas deve revelar também as metodologias aplicadas.
Na próxima aula, vamos começar a ver os modelos de pesquisa mais usuais nas Ciências Sociais. No entanto,
antecipe-se. Reveja os artigos que você encontrou por ocasião da elaboração do “levantamento bibliográfico
preliminar” e identique as etapas de investigação, os instrumentos escolhidos, a forma como se deu a coleta de
dados, procure analisar porque os pesquisadores fizeram essas escolhas e não outras. Reflita como foram
delineadas metodologicamente essas pesquisas e comece a pensar como você acha que será a sua pesquisa.
Até lá!
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O que vem na próxima aula
•A pesquisa em Educação;
•Pesquisa de levantamento, experimental, ex-post facto
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• compreendeu o que é a metodologia de uma pesquisa, diferenciou a pesquisa teórica/empírica, 
pesquisas exploratórias/descritivas/explicativas, conheceu e identificou alguns modelos de pesquisa de 
acordo com o delineamento metodológico;
• foi orientado a elaborar e redigir a metodologia da pesquisa, indicando os procedimentos e técnicas que 
serão adotados, bem como as fontes empíricas e documentais a serem utilizadas.
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	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO