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Ética e Humanização na Atenção às UrgênciasÉtica e Humanização na Atenção às Urgências A ética é requisito essencial para a convivência, sendo fundamento básico para a humanização da assistência na saúde e a atenção às urgências. Enquanto ciência da moral, norteia a vida em sociedade e acompanha o juízo de valor, desde o início da civilização. A ética profissional, por sua vez, além de regras de convivência social, abrange o conjunto de princípios e normas que regem o exercício da profissão, sendo definida como uma reflexão crítica das atividades profissionais e da ação pautada nos valores da categoria profissional, estabelecida por códigos de ética, conjunto de normas, deveres e responsabilidades profissionais, que se comprovado descumprimento ou dolo, os profissionais envolvidos estarão sujeitos à ação penal e punitiva. Tomar uma decisão ética depende de fatores como conhecimento técnico-científico, sensibilidade e raciocínio moral, considerados a partir de princípios como autonomia, beneficência, não maleficência, fidelidade, justiça, veracidade e confidencialidade. Nos serviços de urgência e de emergência, por diversas vezes o profissional se vê a frente de situações delicadas e graves, cabendo a equipe analisar o potencial de sobrevivência do indivíduo, garantindo a melhor assistência com princípios de equidade, cabendo à instituição prover recursos para a manutenção da vida dos pacientes, não transferir essa responsabilidade ao profissional que os assiste ou à família. No âmbito da gestão, também constitui responsabilidade ética, por parte do gestor, assegurar a qualidade do trabalho e o acesso à capacitação profissional e o aprimoramento científico da equipe de atendimento, para fundamentar rotinas e protocolos assistenciais, previamente aprovados e regularmente revisados. Alinhadas aos direitos do paciente, as ações também são pautadas: no direito ao acolhimento e escuta resolutiva, tratamento isento de discriminação, preservação da identidade, sigilo das informações, orientações claras e objetivas sobre a situação de saúde e procedimentos a serem realizados, consentimento ou recusa da intervenção e se está em condições de tomar uma decisão. Os códigos de ética dos profissionais de saúde e demais legislações consideram a necessidade e o direito de assistência à saúde da população, os interesses dos profissionais e da organização. Em síntese, tratam dos direitos dos profissionais de saúde, das responsabilidades e deveres e das proibições, nas seguintes relações: com os profissionais da categoria e as demais, com a pessoa, família e coletividade, com as organizações de sua categoria (conselhos de classe, sindicatos), com as organizações empregadoras (públicas ou privadas); e também quanto ao sigilo profissional, ao ensino, à pesquisa e à produção técnico-científica, à publicidade, às infrações e penalidades e às aplicações das penalidades éticas. @jennifer.futuraenf Ética e Reanimação CardiopulmonarÉtica e Reanimação Cardiopulmonar Pressupõe-se que todo paciente em parada cardiorrespiratória deve ser reanimado, entretendo, antes de tal assistência cabe ao profissional considera autonomia do paciente e família sobre tal procedimento. Em alguns países, o paciente oficializa, previamente, a sua decisão individual quanto à realização ou não das manobras de reanimação. Esse direito legalmente constituído deve ser respeitado pela equipe multiprofissional, sendo, então, judicialmente amparada pela decisão expressa da pessoa. Os conselhos de Ética dão respaldo ao profissional em situações onde o paciente apresenta alteração do nível de consciência ou quando a equipe dispõe ou pouco ou nenhum tempo ou condições para discutir com o familiar sobre qual é a vontade do paciente, como em circunstâncias emergenciais e APH, onde há risco iminente de morte, e o principal objetivo é a garantia de vida do cliente, necessitando de uma tomada de decisão da equipe para definição procedimento a ser realizado. Ética, Cuidados Paliativos e o potencial DoadorÉtica, Cuidados Paliativos e o potencial Doador Em 2002, a Organização Mundial de Saúde (OMS) redefiniu o conceito de Cuidados Paliativos, com ênfase na prevenção do sofrimento: “cuidados paliativos são abordagens que aprimoram a qualidade de vida, dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”. Na atenção às urgências, a qualificação da equipe multiprofissional de saúde permite desenvolver o trabalho multidisciplinar para promover assistência integrada aos indivíduos e famílias – respeitando a diversidade, crenças, modos de enfrentamento e decisões – nesse momento da vida. Compartilhar conhecimento, analisar condutas possíveis e esclarecer sobre as possibilidades terapêuticas disponíveis amenizam o sofrimento e desgaste dos envolvidos, otimizando a qualidade e a segurança no atendimento às urgências. Os profissionais de saúde que atuam nas diferentes realidades de urgência e emergência podem contribuir na identificação de potenciais doadores. Atualmente, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas falecidas depende da autorização da família. Assim, é muito importante a identificação do desejo do possível doador e o preenchimento dos requisitos necessários para que seja considerado como tal. A abordagem cuidadosa e respeitosa junto aos familiares sobre a doação é um momento bastante delicado, requer conhecimentos técnicos, mas também relacionados aos valores e cultura do núcleo familiar. @jennifer.futuraenf Ética e as Questões ReligiosasÉtica e as Questões Religiosas Segundo a ética profissional, não é permitido efetuar qualquer procedimento sem o consentimento do paciente e/ou responsável direto, exceto diante do risco iminente de morte, quando a legislação em vigor entende como sendo criminosa a não prestação de assistência às pessoas nessa situação. Isso se aplica também às questões relacionadas à religião, o que requer da equipe multiprofissional compreensão e respeito para evitar confronto com as convicções religiosas do paciente. A equipe deve prestar assistência à saúde sem cometer qualquer ato de discriminação, fundamentando suas ações e relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade de opiniões e posições ideológicas. Em situações emergenciais, a transfusão de sangue, por exemplo, pode tornar-se um dilema em relação aos pacientes de determinada religião; por isso, recomenda-se ponderar sobre a possibilidade de utilizar outros recursos que não sejam a transfusão propriamente dita, para amenizar o conflito, fornecendo ao paciente toda assistência possível bem como esclarecimento a ele e seus familiares em relação ao processo de saúde e doença. Percebe-se que a ética não é uma simples questão de certo ou errado e o grande desafio enfrentado no atendimento, principalmente nas situações de emergência, reside em como atender o paciente de maneira competente, considerando, sem exceção, os aspectos humanos, éticos e legais. A assistência dentro dos princípios éticos e humanos na área da saúde e principalmente no atendimento de emergência remete a reflexões importantes, como ser flexível, porque convivemos com pessoas muito diferentes umas das outras. Portanto, faz-se necessário aprender a conviver e a trabalhar em grupo, porque a diversidade de especialidades e a atuação das equipes multiprofissionais exigem uma atuação conjunta. @jennifer.futuraenf
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