Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÚSICA PARA EDUCADORES CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Música para Educadores – Profª. Ms. Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima Olá! Meu nome é Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima. Sou mestre pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP – Franca. No mestrado, desenvolvi meu trabalho sobre Cotas: uma política de inclusão, trabalhando educação e inclusão escolar. Sou graduada em Pedagogia e em Educação Artística pela Universidade de Franca. Sou pianista de formação, estudei no Instituo Musical “ARS NOVA” em Franca, sob a orientação da professora Lúcia Helena Garcetti Ribeiro. Atuei como professora de música, mas me encontrei profissionalmente na área de administração escolar. Fui diretora do Instituto Musical ARS NOVA, onde dirigia as atividades dos cursos profissionalizantes de piano, violão e ballet. Atualmente, sou integrante da equipe editorial da revista on line CAMINE: Caminhos da Educação = Camine: Ways of Education, na UNESP de Franca, e Coordenadora Pedagógica do Colégio Pessoa, também, em Franca. E-mail: reginaarrudalima@claretiano.edu.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação MÚSICA PARA EDUCADORES Caderno de Referência de Conteúdo Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 780 L696m Lima, Regina Luzia Marcondes de Arruda Música para educadores / Regina Luzia Marcondes de Arruda Lima – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 234 p. ISBN: 978-85-67425-51-1 1. Educação musical. 2. Música e educadores musicais. 3. Música e sua estrutura. 4. Fontes sonoras. 5. Grupos musicais. 6. Música brasileira: erudita, popular e folclórica. 7. Música na sala de aula. I. Música para educadores. CDD 780 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 9 3 E-REFERÊNCIA .................................................................................................... 24 UNIDADE 1 – PERCORRENDO OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO MUSICAL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 25 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 25 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 26 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 26 5 O CAMINHO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASI-LEIRA ...................................... 27 UNIDADE 2 – MÚSICA E EDUCADORES MUSICAIS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 41 2 CONTEÚDO ........................................................................................................ 41 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 42 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 42 5 MUSICALIZAÇÃO ................................................................................................ 43 6 PENSADORES MUSICAIS DA ATUALIDADE .......................................................... 48 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 56 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 56 9 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 57 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 57 UNIDADE 3 – MÚSICA E SUA ESTRUTURA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 59 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 59 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 60 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 60 5 LINGUAGEM MUSICAL ....................................................................................... 61 6 SIGNOS SONOROS .............................................................................................. 63 7 PROPRIEDADES DO SOM .................................................................................... 68 8 MELODIA ............................................................................................................ 71 9 RITMO ................................................................................................................ 72 10 ANDAMENTO ..................................................................................................... 79 11 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................... 81 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 87 13 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 88 14 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 88 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 89 UNIDADE 4 – MÚSICA: FONTES SONORAS E GRUPOS MUSICAIS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 91 2 CONTEÚDOS .......................................................................................................91 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 92 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 92 5 FONTES SONORAS .............................................................................................. 93 6 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 141 7 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 142 8 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 143 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 146 UNIDADE 5 – MÚSICA BRASILEIRA: ERUDITA, POPULAR E FOLCLÓRICA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 147 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 147 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 148 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 148 5 DEFINIÇÃO DE MÚSICA ERUDITA, POPULAR E FOLCLÓRICA .............................. 148 6 MÚSICA ERUDITA DO BRASIL ............................................................................. 150 7 NOSSA MÚSICA POPULAR .................................................................................. 159 8 NOSSA MÚSICA FOLCLÓRICA ............................................................................. 196 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 199 10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 200 11 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 200 UNIDADE 6 – COMO TRABALHAR MÚSICA NA SALA DE AULA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 203 2 CONTEÚDO ........................................................................................................ 203 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 204 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 204 5 PRÁTICA DOS CONTEÚDOS ESTUDADOS ............................................................ 204 6 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 231 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 233 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 234 EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Música na Educação Infantil: a criança pequena cientista do som. Os brinquedos musicais. O som e suas propriedades. Os sons, os silêncios e os ruídos. Re- pertório da educação infantil. Música no Ensino Fundamental: os instrumentos Musicais. A música de todos os tempos e lugares. Compositores brasileiros e os ritmos daqui. Produzir e cantar. Escutar. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo ao estudo de Música para Educadores! É um prazer recebê-lo. Acredito que este Caderno de Referência de Conteúdo lhe trará enorme prazer, pois a música sempre nos envolve e deixa marcas em nossas vidas. O presente Caderno de Referência de Conteúdo está dividido em seis unidades. Durante os estudos você deverá participar dos Fóruns e Portfólios com seus colegas de sala e seu tutor. Participe de todas as atividades e ouça todas as músicas solicitadas, pois precisamos aprender a escutar. © Música para Educadores8 Estudaremos música como uma linguagem e sua importância na vida e na formação de nossas crianças. Veremos que a criança que vivencia e experimenta a prática musical se torna um cidadão mais engajado perante um mundo que se torna cada vez mais sensível e mais crítico. Precisamos de adultos comprometidos na sociedade em que vivemos. Por meio da história da legislação educacional brasileira, entenderemos o percurso e as dificuldades que os professores e a disciplina Música enfrentaram na escolarização brasileira até que, em 2008, foi finalmente aprovada a Lei n. 11.769, que altera da LDB n. 9.394/96 no seu artigo 26, dispondo sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação Básica. É realmente uma grande vitória esse apoio legal, pois os estudiosos em aprendizagem já comprovam os benefícios que a música apresenta no decorrer da aprendizagem. Você, como um futuro educador, pode estar pensando: como vou aprender música e, ainda mais, ensinar música para meus alunos? Estudaremos música como uma linguagem! Assim como aprendemos a linguagem gramatical e a linguagem matemática, aprenderemos a linguagem musical. Através de sons, melodias, ritmos, compassos, instrumentos musicais, músicas folclóricas, descobriremos um extenso e rico material para ser trabalhado em nossas salas de aulas. A música está relacionada com a cultura de seu povo, seus gostos e épocas, portanto, faz parte integral de nossa cultura. Esses ensinamentos são apenas um começo para um logo caminho que se inicia. Não tenha medo, mergulhe nesse novo conhecimento. Vença tabus, quebre barreiras, estude, conheça, ouça. Aproveite o material humano que temos em nossas escolas. Sempre teremos muitos alunos que se destacarão na linguagem musical. O brasileiro é extremamente musical. Aproveite essa Claretiano - Centro Universitário 9© Caderno de Referência de Conteúdo qualidade. Não deixe que a mídia, sufoque e apague o conhecimento na escuta musical que podemos oferecer para nossas crianças. Temos que desenvolver a sensibilidade, o belo e a crítica em nossos alunos. Nosso objetivo é educacional e não podemos omitir os benefícios que a música realiza na formação dos alunos. Esperamos que a partir da leitura e estudo deste material, a música esteja sempre presente em sua formação e na formação de seus alunos. Sucesso! 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu- dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis- são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi- lidade social. Percorrendo os caminhos da educação musical Nessa primeira unidade, estudaremos o histórico que a disciplina Música percorreu até os dias de hoje na Educação Brasileira. Para tanto, começaremos com a catequese dos Jesuítas. Foram eles que introduziram a música como uma ferramenta a ser usada na catequese dos índios. Por meio da música, ensinavam a fé católica, o trabalho educativo, a moral, os costumes e a © Música para Educadores10 religiosidade europeia. A linha pedagógica era intolerante e autoritária, porém, foi responsável pela unificação do pensamento brasileiro. No Período Colonial, a Educação continuava vinculada à Igreja que se preocupava com a catequese, pois a população era agrária e escravista, não se interessando pela Educação, daí uma grande massa de analfabetos. A música que os Jesuítas ensinavam era simples e singela, porém, ganharam admiração dos nativos desde o início da colonização. Com a vinda da Família Realpara o Brasil, as artes recebem um tratamento especial e vislumbram o começo de um novo período. A cidade do Rio de Janeiro foi “preparada” e teve que se adequar para receber a Família Real. A cidade ostentou suntuosidade, luxo, diversão, cultura e prazeres para se tornar sede da Coroa. Segundo Ana Mae (1998, p. 31): Quando D. João VI aportou no Brasil, para daí governar Portugal, criou as primeiras escolas de educação superior: Faculdade de Medicina, para preparar médicos para cuidar da saúde da Corte; Faculdades de Direto, para preparar a elite política local; Escola Militar para defender o país de invasores e uma Academia de Belas- Artes. Portanto, o ensino das Humanidades começou no Brasil pela arte. O Brasil recebeu uma grande influência europeia, principalmente francesa, que na época era modelo de modernidade. A atividade artística inseriu-se no país e grande parte de nossa formação cultural desenvolveu-se com sotaque estrangeiro, no caso francês. No período que a Família Real esteve no Brasil, a música não se limitou à Igreja, pois com a construção do Teatro São João o Brasil recebeu, continuadamente, companhias estrangeiras que traziam seu repertório europeu, principalmente a música italiana que estava em voga. Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo Com a Independência veio, também, a primeira Constituição Brasileira que, em seu artigo 179, garantia a educação primária gratuita a todos os brasileiros e previa a criação de colégios e Universidades. Música foi incluída como disciplina no currículo escolar em 1851, por meio do decreto nº 630. O artigo 6 desse decreto, dispunha que na classe de 1ª série deveria ser ministrado a língua nacional, aritmética, álgebra, geometria, leitura dos evangelhos, história sagrada, geografia, história nacional, desenho linear, música e canto. A partir dessa data, a Música foi inserida como disciplina nas escolas brasileiras, apesar de ter um percurso muito tumultuado e pedregoso. No período da Primeira República, a legislação foi diferente em cada região e cada qual seguia as necessidades de sua região, com suas características próprias. Com o final da primeira Guerra Mundial e as mudanças impostas pela industrialização, o Brasil também foi se adequando e fazendo as adaptações necessárias que o mundo moderno suscitava. Essas mudanças no Brasil culminam com a Semana de Arte Moderna em 1922. Baseados nos princípios igualitários, em 1932, um grupo de estudiosos da educação, liderados por Anísio Teixeira e Fernando Azevedo, expressam um manifesto, conhecido historicamente como O manifesto dos pioneiros da educação nova. É nesse período que foram criadas as universidades. Na década de 1930, um importante projeto educacional, comandado por Villa-Lobos desenvolveu-se em todo Brasil. Foi o Projeto do Canto Orfeônico que implantou o Canto-Coral nas escolas públicas do país. © Música para Educadores12 Em 1946, uma Nova Constituição de cunho democrático e liberal, determinava a obrigatoriedade do ensino primário e determinava que a União deveria responder pela legislação das diretrizes e bases da educação nacional. Com a nova Constituição, ficou garantido a todos os brasileiros o direito de educação. Em 1961, foi aprovada a LDB nº 4.024. Nela, a educação musical substituiu o Canto Orfeônico. Educação Artística substituiu Educação Musical na LDB nº 5.692/71. Música deveria compor uma das quatro áreas de Educação Artística, ou seja, música, artes plásticas, artes cênicas e desenho. Outra mudança dessa lei: Educação Artística passou a ser atribuída como atividade obrigatória e não como disciplina. Em 1996, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394, que norteou e reforçou os direitos à educação. Seu artigo 21 diz a respeito à educação escolar, que ela se compõe de Educação Básica (formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e Educação Superior. Descentralizou, portanto, a responsabilidade da educação escolar. A partir dessa lei vemos o surgimento da atividade musical nas escolas como componente curricular. A área Arte refere-se às linguagens artísticas: Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança. Na LDB, a Arte é tratada como componente curricular e é obrigatória na Educação Básica. Em 1998, para dar cumprimento a LDB e dar uma maior unidade na amplitude e base nacional, o MEC publica os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais abordam as áreas de conhecimento obrigatórias no Ensino Fundamental: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física. Os três últimos tratam dos cinco Temas Transversais: Meio Ambiente, Saúde, Ética, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Arte deixa de ser uma atividade e volta a ser considerada como componente curricular. Essa conscientização que a nova Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo legislação trouxe foi muito importante para a educação musical, pois conscientizou o reconhecimento da música na formação do conhecimento e desenvolvimento de nossos alunos. Em agosto de 2008, temos a aprovação da Lei nº 11.769 que altera a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, dispondo sobre a obrigatoriedade do ensino da música na Educação Básica. A notícia ganhou aplausos e adeptos entre os educadores. Vejamos a legislação: Art. 1º O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o: “Art. 26. § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (NR). Art. 2º (VETADO) Art. 3º Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei (BRASIL, 2012). Segundo a legislação, a partir de 2011, todas as escolas deveriam incluir música como componente obrigatório, porém, até agora, as dificuldades em cumprir essa legislação são inúmeras, devido à falta de professores habilitados para a disciplina. Não podemos, contudo, deixar de reconhecer que a aprovação da lei é uma grande vitória para a Educação Brasileira. Música e educadores musicais Na segunda unidade, estudaremos a temática da Musicalização, os principais educadores musicais e metodologias da atualidade. A musicalização favorece e desenvolve a vivência musical em nossos alunos, tornando-os mais sensíveis e críticos. Dentro da musicalização, existem alguns pedagogos com metodologia própria, tais como: Carll Orff, Dalcroze, Willems, Delalande. © Música para Educadores14 Edgar Willems nasceu em Lanaken, na Bélgica, em 1890, e morreu em 1978 em Genebra. Considera a música como a expressão mais profunda do ser humano e não um prazer superficial. Carll Orff nasceu em Munique, em 1895, e morreu, também, em Munique em 1982. Foi compositor, mas seu nome ficou marcado no círculo dos músicos por sua contribuição na área da pedagogia musical, com o Método Orff de ensino de música para crianças, baseado em canto e percussão. Émile Henri Jacques adotou o nome artístico de Dalcroze. Nasceu em 1865 em Viena e morreu em Genebra no ano de 1950, mas é considerado um músico suíço. Foi criador de um método rítmico de ensino musical por meio dos passos da dança. Delalande, compositor e pesquisador francês, mostra-nos que sempre devemos, como educadores, observar e respeitar o universo sonoro e musical de nossos alunos. Ele afirma que os educadores devem proporcionar às crianças sempre o acesso à experiência musical. Segundo Delalande, a experiência sonora musical deve sempre passar por três etapas: a exploração, a expressão e a construção. Música e a sua estrutura Na Unidade 3, vamos estudar a parte estrutural da música, ou seja, vamos falar de som, ruído, silêncio, timbre, altura, ritmo, melodia, pulsação, compasso. Começaremos pela definição de música e faremos uma reflexão sobre ela enquanto linguagem musical. Ao estudarmose definirmos o som, você entenderá, por meio de estudos comprovados pela física, como o som é emitido e como ele se propaga. Muito interessante, também, é o estudo feito por Murray Schafer, um estudioso canadense, que se preocupou com o ato de escutar. Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo Terminaremos essa terceira unidade com algumas canções folclóricas, que são marcadas coma a pulsação e o compasso. Esse é um ótimo exemplo de material para se exercitar o ritmo em sala de aula. Música: fontes sonoras e grupos musicais Na quarta unidade, estudaremos e escutaremos as fontes sonoras, ou seja, os instrumentos musicais. Nessa unidade, é imprescindível escutar todas as músicas que serão indicadas. Começaremos com a tradicional divisão dos instrumentos que são usados para a formação de uma Orquestra. Dentro dessa Organologia, veremos os instrumentos de corda, de sopro, de percussão e os elétricos ou eletrônicos. Conheceremos, também, os naipes musicais que formam uma Orquestra. Para cada instrumento, será indicada uma música. Escute todas! Assim, você irá formando o seu repertório musical. Não podemos estudar música sem escutar música. Estudaremos, ainda, nessa unidade, a divisão dos instrumentos Hornbostel-Sachs através da maneira que produzem os sons. Nessa classificação, os instrumentos são divididos em: Idiofones, Membranofones, Aerofones, Cordofones e Eletrofones. Toda essa classificação será abordada detalhadamente na unidade. Para finalizar, estudaremos os instrumentos folclóricos nas diversas regiões do Brasil. Música brasileira: erudita, popular e folclórica Agora conheceremos a história musical brasileira, como foi o seu início, as fases pelas quais seus músicos e compositores passaram, quais as influências que recebemos e a quem influenciamos, quais as fontes sonoras mais usadas no Brasil, nosso folclore, nossa bagagem popular, nossa cultura, enfim, como a nossa música se desenvolveu durante esses 500 anos de formação do nosso país. © Música para Educadores16 Definiremos o que se entende por música erudita, folclórica e popular. Estudaremos a nossa história musical. Dentro da música erudita, estudaremos a música na época do descobrimento e do Brasil Colônia. A música do nativo, do europeu que colonizava, do negro que veio ajudar na mão de obra. Quando D. João VI veio morar no Brasil com toda a corte portuguesa, as cidades que o recebiam foram transformadas rapidamente. O Rio de Janeiro, por exemplo, sofreu muitas adaptações, como a construção da Capela Real e da Biblioteca e o Teatro que sofreu reformas. A vida artística borbulhava com shows e espetáculos, óperas italianas em um cenário que antes era considerado pacato. Mas foi no período da proclamação da República que a música brasileira começa a surgir com características próprias. Dentre os representantes do nacionalismo musical, temos o maior músico erudito do Brasil: Heitor Villa-Lobos. Com relação à música popular, abordaremos os dois primeiros séculos de colonização e como a nossa música foi se formando na diversidade racial da população. Nossas primeiras músicas surgem no final de 1800, resultado do amálgama de culturas, costumes e raças. Nesse período, as cidades estavam se formando e com o comércio, surgiram os primeiros fonógrafos e gramofones, que foram os responsáveis pela divulgação de nossa música. As músicas dessa época eram as mazurcas, os schottisch, a polca, o lundu, a modinha, o maxixe, os choros, tocados pelos chorões. Surgiu, também, nessa época, o samba, que tão magnificamente representa o Brasil. A música de carnaval invadiu as casas no início do século 19. O povo brasileiro ficou extasiado com os novos ritmos, com o carnaval e com o samba. A partir de 1920, na fase ouro da MPB, o músico brasileiro começou a ocupar a rádio, as gravações de disco, portanto, começou a sua profissionalização. Foi uma época com grande número de músicos de altíssima qualidade, fazendo florescer a criatividade e a musicalidade do povo brasileiro. Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo Na década de 1960, a Bossa Nova nasceu entre os novos músicos nos apartamentos da classe média do Rio de Janeiro num movimento egresso das universidades. Após esse movimento, que reuniu a nata dos intelectuais brasileiros, a cultura brasileira passa a ser admirada e respeitada em todo o mundo. Nessa mesma década, outro movimento aconteceu paralelamente com a Bossa Nova, o advento do Iê-iê-iê ou Jovem Guarda. Wanderléia, Erasmo Carlos e Roberto Carlos estavam no comando do movimento que revolucionou a música, os costumes e os hábitos dos adolescentes. O Tropicalismo, décadas de 1970, 1980 e 1990, também será estudado e ouvido nessa unidade. Terminaremos a Unidade 5 falando um pouco sobre nossa música folclórica, tão rica e tão cheia de influências. Conhecendo o folclore de um país, podemos dizer que conhecemos a cultura de seu povo. As cantigas, as brincadeiras, os mitos e as lendas, os objetos de ornamentação, as cerâmicas, os tecidos em tear, os objetos de madeira e couro, os rituais de trabalho, as rendas, os bordados, todos fazem parte do folclore. Você perceberá que o panorama do folclore brasileiro é muito vasto e rico. Como trabalhar música na sala de aula Na última unidade, apresentaremos algumas sugestões de como trabalhar a música em sala de aula. Daremos alguns exemplos de como trabalhar o som, o ruído, a altura, a intensidade, o compasso, a pulsação, o ritmo e a melodia. As crianças gostam muito das atividades que envolvem a construção de instrumentos musicais. É uma atividade muito rica, com a qual podemos explorar a interdisciplinaridade e a música em muitas visões. Abordaremos a construção de muitos instrumentos, inclusive alguns feitos de sucatas, que podem ter a inter-relação com o meio ambiente. Acreditamos que você, como futuro educador, poderá formar, explorar e vivenciar a música, o belo e o sensível. Bom estudo! © Música para Educadores18 Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Auto: “[...] peça dramática – religiosa ou profana repre- sentada no Brasil nos primeiros séculos da colonização. [...] a forma compreende música cantada e instrumental e partes declamadas. O Padre Anchieta compôs vários em português e Tupi” (ANDRADE, 1989, p. 47). 2) Bachianas Brasileiras: são composições escritas por Hei- tor Villa-Lobos no período de 1930 a 1945, totalizando uma série de nove composições. Villa-Lobos desenvol- ve as canções brasileiras, colhidas de suas viagens pelo Brasil de maneira belíssima e fantasticamente seguindo as formas do estilo Bach, daí o nome de Bachianas Brasi- leiras. São famosos dessa série de Bachianas, a Tocata do Trenzinho do Caipira e a ária da Bachiana nº 5. 3) Canto gregoriano: é uma das mais antigas manifestações da música ocidental e tem suas raízes nos cantos reli- giosos das sinagogas, tempos dos primeiros cristãos. As principais características do canto gregoriano, também conhecido como cantochão, são: melodias cantadas em uma só melodia (monódica), homofônicas, ou seja, todas as vozes uniformizadas, sem nenhum destaque; ritmo livre, não medido, seguindo apenas o fraseado das fra- ses litúrgicas; sem acompanhamento instrumental; letras sempre em latim, tiradas das liturgias católicas, principal- mente dos Salmos. O nome é uma homenagem ao Papa Gregório Magno (504-604), que coletou vários cânticos em dois livros O Antifonário e o Gradual Romano. 4) Cravo: instrumento musical de corda beliscada com for- mato semelhante ao piano de cauda. Seu som é suave e descontínuo, pois suas cordas são beliscadasao invés Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo de serem percutidas como a do piano. O cravo foi muito usado durante o período Barroco. 5) Escola espanhola: reforma do ensino espanhol, liderado por César Coll Salvador, em 1990. Também conhecido como Escola Nova. 6) Ostinato: em música, é uma célula ou frase musical ou que se repete persistentemente. 7) Rotare Cali: é um canto do tempo do Advento, sendo tradicional na liturgia da Igreja Católica. Inspirado no texto do profeta Isaías 45, apresenta louvores, enquanto espera a vindo do Salvador Jesus. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas © Música para Educadores20 em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs. br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo MÚSICA SENSIBILIDADE HUMANIZAÇÃO CRITICIDADE CONHECIMENTO Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave – Música para Educadores. Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. © Música para Educadores22 Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentar essas questões pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos © Música para Educadores24 para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual. Lembre-sede que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. E-REFERÊNCIA BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm>. Acesso em: 3 maio 2012. 1 EA D Percorrendo os Caminhos da Educação Musical 1. OBJETIVOS • Conhecer o histórico do ensino da música no Brasil. • Analisar criticamente os acontecimentos que influencia- ram o ensino da educação musical no Brasil. • Identificar os processos de sistematização do ensino da música e suas origens. • Identificar a legislação e os documentos oficiais que nor- teiam a Educação Musical no Brasil. 2. CONTEÚDOS • Histórico do ensino da música. • Transformações no ensino da música. • Espaço da música e sua inserção na educação como dis- ciplina. © Música para Educadores26 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Nesta unidade, vamos estudar a parte histórica que a disciplina Música percorreu na História da Educação Brasileira. Este estudo se faz necessário para que você, educador, entenda as dificuldades e precariedades que a disciplina, os educadores e mesmo os educandos trilha- ram até que a Música, finalmente em 2008, fosse inseri- da no currículo escolar da Educação Básica. 3) É importante, para um melhor entendimento do con- teúdo desta unidade, que você reveja nomes, fatos e legislações importantes da História da Educação. Alguns fatos históricos podem ser relembrados por meio das se- guintes legislações: a) Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. b) Constituição Federal de 1934, 1946, 1967, 1969, 1988, nos artigos sobre a Educação. c) Gestão Capanema. d) LDB nº 4.024/61. e) Lei nº 5.692/71. f) LDB nº 9394/96. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Vamos começar o nosso estudo sobre música conhecendo o seu percurso histórico desde o início da educação brasileira até os nossos dias. Esse trajeto ajudará você a compreender as dificuldades, as conquistas, enfim, como foi que a Música participou da educação dos brasileiros, na formação dos nossos Claretiano - Centro Universitário 27© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical estudantes como seres críticos, sensíveis, como cidadãos engajados e participantes. 5. O CAMINHO DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO BRASI- -LEIRA A Educação Musical no Brasil começou com os Jesuítas, que usavam a música como meio para catequizar os indígenas que aqui moravam. No Sul do Brasil, os Jesuítas construíram as Missões que além de alfabetizar os índios guaranis, ensinavam religião, procedimentos na agricultura, música vocal e instrumental, formando orquestras só de guaranis. Segundo Lima (2008, p. 25): Em 1549, foi fundada a cidade de Salvador, com a chegada ao Brasil do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, para servir como sede do governo. A comitiva trazia Padre Manuel da Nóbrega que chefiava o grupo dos padres jesuítas. Eles fundaram, em Salvador, a primeira escola elementar que seria, mais tarde, reconhecida como o marco inicial da História da Educação no Brasil. Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo, porém, trouxeram a moral, os costumes, a religiosidade europeia. A linha pedagógica era intolerante e autoritária, mas, mesmo assim, foi responsável pela unidade do pensamento brasileiro. Não podemos esquecer que herdamos dos europeus os instrumentos e a literatura musical e que, no nosso caso, a música era uma arma poderosa para evangelizar os nativos e atender às intenções da Coroa de Portugal. Os franciscanos e, ainda mais, os jesuítas desempenharam papel importante como os primeiros educadores musicais. A música que eles transmitiam era simples e singela, com linhas puras, porém, encantaram os nativos desde a primeira missa aqui celebrada. Com as caravelas de Cabral, desembarcaram dois músicos, um organista, o Padre Raffco, e um regente de coral, o Padre Pedro Mello. © Música para Educadores28 Durante o período colonial, a música continuava vinculada à Igreja, sendo que a prática musical e o canto seguiam as formas e os padrões europeus. Com a vinda de Dom João VI para o Brasil, foram necessárias muitas adaptações nas cidades para receber a família Real que aqui decidiu morar. O Brasil começava a experimentar um novo tempo e os brasileiros passaram a ter acesso a escolaridades diversas, possibilitando a formação de mão de obra especializada, além, é claro, do contato com outras áreas do conhecimento científico e acadêmico. O país se abriu para um novo tempo e uma nova época, repleta de inovações e novidades que vinham com facilidade da Europa, pois a Família Real Portuguesa aqui residia. A literatura, a pintura, a música, o comércio intensificavam-se a cada dia com muitas novidades e o Rio de Janeiro crescia aceleradamente. É importante saber que com Dom João VI nascia o Ensino Superior no Brasil, com a finalidade de educar a elite aristocrática e nobre que fazia parte da corte. O país, nessa época, recebeu as influências dos ideais iluministas da Independência dos EUA e da Revolução Francesa. Com a vinda da família real para o Brasil, as artes receberam um tratamento especial e a música também começava a vislumbrar um novo período. A cidade do Rio de Janeiro passou de uma cidade tranquila e pacata, à sede da Coroa, ostentando suntuosidade, diversão, cultura, luxos e prazeres. Para a Capela Real, foi indicado o Padre José Maurício Nunes Garcia, que rapidamente se tornou um dos maiores nomes da música brasileira, sendo considerado um dos maiores compositores daquela época. Ele foi responsável por três anos pelas atividades musicais da Corte no Rio de Janeiro. Transformações no ensino da música A música desse período não se limitou à Igreja. Com a construção do Teatro São João, o Brasil passou a receber Claretiano - Centro Universitário 29© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical companhias estrangeiras, porém o repertório continuava sob a influência europeia. A música estava sempre presente na vida dos brasileiros, entretanto não se tem referências de como se dava o ensino da música. Com a Independência do Brasil em 1822, foi necessária a criação de uma Constituição. Assim, em 1824, é outorgada a primeira Constituição Brasileira, inspirada no liberalismo da Constituição francesa. O seu artigo 179 garantia a instrução primária gratuita a todos os cidadãos e previa, para essa garantia, a criação de colégios e universidades. Foi convocada uma Assembleia Nacional Constituinte e Legislativa de 1823, que apontava, dentre suas propostas, a necessidade de uma legislação para a Instrução Pública, que só ocorreu em 1827 com a promulgação da primeira Lei de Instrução Elementar no Brasil. Em 1841, Francisco Manuel da Silva fundou o Conservatório do Rio de Janeiro, autorizado pelo Decreto nº 238/41. Em 1851, a partir do Decreto nº 630, a música é incluída nas Escolas Públicas de Instrução Primária, apenas nas primeiras séries, conforme podemos verificar no artigo 6º: [...] nas aulas de primeira classe o ensino deve, além disso, abranger a gramática da língua nacional, e aritmética, noções de álgebra e de geometria elementar, leitura explicada dos evangelhos,e notícia da história sagrada, elementos de geografia, e resumo da história nacional, desenho linear, música e exercícios de canto (BRASIL, 2012c). Com o Decreto Federal de 1854, chamado de “Reforma Couto Ferraz”, temos a inclusão de música também para a segunda série e na Instrução Secundária, como consta nos Artigos 47 e 80: Art. 47 – O ensino primário nas escolas públicas compreende [...] noções de música e exercícios de canto. A instrução pública secundária continuará a ser dada no Colégio de Pedro II e nas aulas existentes. [...] Art. 80 – Além das matérias das cadeiras mencionadas no Artigo antecedente, que formam o curso de bacharelado em letra, se © Música para Educadores30 ensinarão no Colégio uma das línguas vivas no meio da Europa, e as artes de desenho, música e dança. No período da Primeira República, a legislação foi diferente em cada região e seguiram as necessidades de cada Estado com características próprias da região, não apresentando uma unidade nacional. Em 1890, com a aprovação do Decreto Federal nº 891, pela primeira vez, passa-se a exigir a “formação especializada do professor de música”, iniciando, assim, o começo da profissão do professor de música. Após a primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a sofrer as mudanças próprias da industrialização. Gostos, comportamentos, referências foram mudando e se adaptando com a industrialização e o crescimento das cidades. O país necessitava realizar mudanças e investimentos na área da educação. Em 1922, acontece em São Paulo, a Semana de Arte Moderna, que introduz o país numa valorização da cultura nacional. O meio cultural e a sociedade vivem um burburinho de novas ideias. No final dos anos 30, Mário de Andrade, Magdalena Tagliaferro e Eros Volúsia apresentaram a Gustavo Capanema (Ministro da Educação de 1937 a 1945, que foi responsável por uma série de projetos importantes de reorganização do ensino no país, assim como pela organização do Ministério da Educação, em moldes semelhantes ao que ainda é hoje) vários projetos para possíveis reformas do ensino artístico no Brasil, porém, essas reformas nunca saíram do papel. Segundo Lima (2008, p. 28): Em 1932, um grupo de educadores liberais, entre eles Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, expressa um manifesto – O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, contendo princípios igualitários. O seu programa de reforma da educação incluía a criação de uma verdadeira universidade, gratuita, mantida pelo Estado. Surgem, assim, as Universidades oficiais do país: a Universidade do Rio de Janeiro (1920), a Universidade de Minas Gerais (1927) e a Universidade de São Paulo (1934). Claretiano - Centro Universitário 31© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical Espaço da música e sua inserção na educação como disciplina Entramos, agora, em um dos momentos mais ricos da educação musical no Brasil: as décadas de 1930/1940. Nesse período, foi implantado o ensino de música nas escolas em âmbito nacional, pois foi criado por Anísio Teixeira a Superintendência de Educação Musical e Artística (SEMA) e para a qual convidou Villa-Lobos para a direção. Villa Lobos foi uma das figuras mais importantes da Educação Musical, pois escreveu o Canto Orfeônico, responsável pela implantação do projeto conto-coral em todas as escolas públicas do país. Villa Lobos viajou pelo Brasil coletando músicas e canções nativas e folclóricas, resgatando a diversidade e a musicalidade brasileira. Seu trabalho, porém, foi muito criticado, pois sendo ligado ao Estado Novo de Getúlio Vargas, impunha ideias de moral e civismo. Esse trabalho de coleta desenvolvido por Villa Lobos, independentemente da questão política, deve ser reconhecido por todos educadores brasileiros. Ele foi responsável pelo resgate de muitas canções, versos, costumes, instrumentos, danças de regiões que dificilmente seriam conhecidos e, muitas vezes, teriam se perdido na cultura popular. Além desse regaste, esse trabalho deu unidade à nossa música nativa e folclórica. Villa Lobos promoveu no Rio de Janeiro duas grandes concentrações cívico-artísticas envolvendo, no primeiro evento, em 1931, 12 mil estudantes coralistas do curso primário e secundário de todo o Brasil e, no segundo, em 1935, 18 mil. Apesar de o projeto do Canto Orfeônico ser obrigatório, encontrou-se muitas dificuldades, principalmente com a falta de mão de obra especializada em música em todo o país. Com o fim do Estado Novo, uma nova Constituição (1946), de cunho liberal e democrático, foi promulgada no país. Na área da Educação, essa nova Constituição determinava a obrigatoriedade do ensino primário e determinava que a União deveria responder pela legislização das diretrizes e bases da educação nacional. Com a nova Costituição, ficou garantido a todos os brasileiros que a educação seria direito de todos. Esse fato deve-se aos princípios © Música para Educadores32 proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de 1930. Em 1961, após 13 anos de tramitação no Congresso, a Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024 é promulgada. A educação musical foi apresentada em substituição ao Canto Orfeôncio, provocando muitas mudanças no meio musical escolar. As concepções artístico estéticas dessa época, estavam embasadas nos ideais pós-moder- nistas. Surgem, assim, as oficinas de música, onde se desenvolviam a criação musical, explorando novos recursos sonoros e onde ha- via a preocupação com a educação auditiva, como componentes fundamentais da Educação Musical. Não podemos deixar de citar, também, dessa época, o Movimento de Cultura Popular em Per- nambuco, que é popularmente conhecido como “método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos”. O país sonhava por mudanças apoiadas na cultura popular e em movimentos sociais. Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional promulgada pelos militares, Lei nº 5.692/71, institui o curso de licenciatura em Educação Artística, substituindo o curso de Edu- cação Musical. Portanto, Educação Musical, foi substituída pela Educação Artística, disciplina que deveria compor-se das quatro áreas artísticas: música, artes plásticas, artes cênicas e desenho. Assim, Educação Artística foi instituída como atividade obrigatória (veja que não foi instituída como disciplina) no currículo do 1º e 2º graus, em substituição às disciplinas de música, artes industriais e desenho. Para se adequar ao profissional solicitado à Lei Federal nº 5.692/71, as escolas de cursos superiores em música passaram a oferecer a Licenciatura em Educação Artística de caráter poliva- lente, com habilitação em música, artes plásticas, artes cênicas ou desenho ou Bacharelado em Música, com habilitação em instru- mento, canto, regência ou composição. Baseada na Constituição de 1988, em 1996, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9.394, que norteou e reforçou os direi- tos à educação. Seu Artigo 21, dispõe a respeito da educação esco- Claretiano - Centro Universitário 33© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical lar, que ela se compõe de Educação Básica, (formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e Educação Superior. Descentralizou a responsabilidade da educação escolar. Aos Municí- pios, ficou a responsabilidade do Ensino Infantil e Fundamental; aos Estados e Distrito Federal, a responsabilidade pelo Ensino Médio. A partir da Lei nº 9.394/96, vemos o surgimento da ativida- de musical nas escolas como componente curricular. A área Arte refere-se às linguagens artísticas: Artes Visuais, Música, Teatro e Dança. Nessa referida Lei, especificamente em seu Artigo 26, Pará- grafo 2º, arte é tratada como componente curricular e é obrigató- ria na educação básica: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRA- SIL, 2012a). Nesse artigo,fica claro o reconhecimento da Arte como área do conhecimento. Nas quatro primeiras séries do Ensino Funda- mental, o ensino da música consta do conteúdo de Arte e é res- ponsabilidade do professor da sala, um só, polivalente, sem uma formação específica em música. O país necessitaria de um grande investimento para a formação desses professores. Do 5º ao 9º ano, as aulas de música são ministradas pelo professor de Educação Ar- tística, que pode também não ter a habilitação específica em mú- sica. Essa é a realidade do ensino público atual. Segundo Bréscia (2003, p. 81): Parece evidente que o ensino musical na escola pública não é uma prioridade para os responsáveis pela educação no Brasil, embora seja do conhecimento de todos que o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a ativi- dade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contri- bui para integrar socialmente o indivíduo. Em 1998, para reforçar a LDB e dar uma maior unidade na amplitude e base nacional, o MEC publica os Parâmetros Curricu- lares Nacionais (PCNs). Os PCNs são diretrizes elaboradas por uma © Música para Educadores34 equipe do Governo Federal, orientada por César Coll, professor de psicologia evolutiva e da educação, na faculdade de psicologia da Universidade de Barcelona, e que foi um dos pensadores que in- fluiu na reforma educacional da Espanha. Figurou, também, como um dos responsáveis pela reforma brasileira, sendo um dos seus consultores. Os Parâmetros Curriculares Nacionais passaram por um pro- cesso nacional em 1996 e 1997, do qual participaram docentes das universidades particulares e públicas, responsáveis das se- cretarias municipais e estaduais de educação, e pessoas ligadas à área de conhecimentos e educadores. Em 1997, o MEC publicou um conjunto de dez livros, lançados em 15/10/1997, destinados aos professores de 1ª a 4ª série. Enquanto os professores de 1ª a 4ª série trabalhavam com os dez primeiros livros editados, o MEC continuaria o trabalho para a elaboração dos livros destinados à 5ª até 8ª série. Os PCNs são subsídios para apoiar a escola na elaboração do currículo escolar e servem, também, como material de apoio para a formação continuada de professores. Os dez volumes dos PCNs trazem a seguinte divisão: o primeiro, de Introdução, explica as opções feitas e o porquê dos Temas Transversais. Do segundo ao sétimo, abordam as áreas de conhecimento obrigatórias no Ensino Fundamental: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física. Os três últimos tratam dos cinco Temas Transversais: Meio Ambiente, Saúde, Ética, Plura- lidade Cultural e Orientação Sexual. Temos, nos PCNs, que: O conjunto de documentos dos Temas Transversais comporta uma primeira parte em que se discute a sua necessidade para que a es- cola possa cumprir sua função social, os valores mais gerais e uni- ficadores que definem todo o posicionamento relativo às questões que são tratadas nos temas, a justificativa e a conceitualização do tratamento transversal para os temas sociais e um documento es- pecífico para cada tema: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, eleitos por envolverem problemáticas sociais atuais e urgentes, consideradas de abrangência nacional a até mesmo de caráter universal (BRASIL, 2001, p. 64). Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical Você consegue perceber a importância da legislação que nos apoia? Apesar de os PCNs terem limitações, serem às vezes mal interpretados, a educação brasileira conseguiu grandes conquis- tas com as novas legislações dos anos 90. Na área de música, por exemplo, o termo “interdisciplinaridade” tem um uso e um enfo- que muito grande. Não se pode pensar em arte, sem pensar em história, em etnias, em localização geográfica, em cultura local, em costumes. Portanto, “interdisciplinaridade”, “temas transver- sais”, “transdisciplinaridade”, “pluralidade cultural”, “multicultura- lidade” (termos e expressões usados nos PCNs), enfim, qualquer que seja o termo ou a expressão que você queira usar, existe uma postura e uma atitude assumida para com os diferentes. Voltamos a falar de diferentes etnias, costumes, locais, áreas geográficas, histórias. Esse novo olhar é proposto pelos PCNs nos temas trans- versais para que sejam objetos de estudo em todas as disciplinas. Com o estudo dos PCNs, será possível notar que nossas escolas se tornaram mais humanas. Esse ganho tem que ser comemorado e aplaudido. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte têm como objeti- vo levar as artes visuais, a dança, a música e o teatro para serem aprendidos na escola. Por muito tempo, essas práticas foram con- sideradas atividades importantes apenas para recreação, equilíbrio psíquico, expressão criativa ou simplesmente treino de habilidades motoras. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, entretanto, Arte é apresentada como área de conhecimento que requer espaço e constância, como todas as áreas do currículo escolar (BRASIL, 1998, p. 62-63). Temos que ressaltar algumas mudanças que aconteceram nas escolas e com os professores de arte, desde que Arte foi trans- formada em componente curricular e, no nosso caso, Música, que é uma das linguagens da Arte. Vejamos: 1) Um grande cuidado em situar os artistas em sua cultura e história, ou seja, local, época, pensamentos culturais. 2) Grande preocupação com o fazer, conhecimento da obra e contextualização. © Música para Educadores36 3) Preocupação com a aprendizagem do aluno em relação ao conhecimento da cultura de um país ou comunidade em conhecer a sua Música. 4) A criatividade não está só com ênfase no belo. Incenti- va-se muito o fazer arte, as leituras, o conhecimento, a crítica, a construção, inserindo o aluno no mundo coti- diano. 5) A alfabetização visual por meio das linguagens artísticas e leituras dos signos. 6) O compromisso com as diversidades de linguagens em função das raças e etnias, tendo um grande zelo pela di- versidade cultural. Conforme consta nos PCNs: O conjunto de documentos de temas transversais discute a ne- cessidade de a escola considerar valores gerais e unificadores que definam seu posicionamento em relação à dignidade da pessoa, à igualdade de direitos, à participação e à co-responsabilidade de trabalhar pela efetivação do direito de todos à cidadania (BRASIL, 1998, p. 65). A conscientização da atual legislação em reconhecer arte na formação do conhecimento e desenvolvimento de nossos alunos é muito importante, pois mobiliza dentro e fora da escola a expres- são e a comunicação dos nossos alunos como cidadãos, e você, como educador, deve zelar por esse aspecto. A arte deixa de ser apenas uma atividade social e passa a ser um modo de praticar a cultura. Segundo Ana Mae (2008, p. 14): Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como fruidor de cultura e conhece- dor da construção de sua própria nação. A partir de 1990, o ensino das artes nas escolas foi mudando com esse “novo olhar” para a arte como formadora de um indiví- duo mais participante, mais crítico, mais sensível, mais humani- zado. Pesquisas, estudos, debates sobre o ensino da música nas escolas foram ganhando espaço e resultados positivos apareceram Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical entre os educadores. Aos poucos, foi-se comprovando a importân- cia da música na formação de nossos estudantes. Bréscia (2003, p. 75) comenta que: A grande massa de pesquisas e documentação disponíveis graças às contribuições de antropólogos, historiadores da educação e mu- sicólogos, deixa bem claro que a música faz parte da aprendizagem e do ensino desde tempos imemoriais. Estudiosos de sociedades pré-letradas asseveram que não existem grupos humanosdespro- vidos de música, ainda que sob formas extremante rudimentares, e tanto o canto como a confecção e o emprego de instrumentos musicais toscos são ensinados e aprendidos, garantindo-se, assim, a sua preservação de uma geração para outra. Em agosto de 2008, foi aprovada a Lei nº 11.769 que alte- ra a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, dispondo sobre a obri- gatoriedade do ensino da música na Educação Básica. Com essa aprovação, as discussões e os debates sobre o ensino da música tornaram-se temas em discussão nas principais reuniões e simpó- sios sobre educação. A notícia ganhou aplausos e adeptos entre os educadores. Confira a legislação: Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o: Art. 26. § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste ar- tigo. (NR). Art. 2o (VETADO) Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei (BRASIL, 2012b). Portanto, em 2011, todas as escolas de Educação Básica de- verão incluir música em seus conteúdos obrigatórios. É grande vi- tória a aprovação dessa Lei, pois os educadores que estudam esse tema já comprovaram os benefícios que a música traz no decorrer da aprendizagem. © Música para Educadores38 6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade, ou seja, Música: percurso histórico da Educação Musical. A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas. Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Elabore um texto, com suas palavras, relatando o ensino da música nos primeiros anos da colonização brasileira, ou seja, como os jesuítas procederam nesse ensinamento. 2) A cidade do Rio de Janeiro passou por uma grande transformação em 1808. Qual foi esse fato e quais os benefícios ocorridos para a área de música nesse período? 3) Qual a importância de Dom Pedro I no campo musical? Relate com suas palavras esse período. 4) Em 1922, acontece em São Paulo a Semana de Arte Moderna, que introduz o país numa valorização da cultura nacional. O meio cultural e a sociedade vivem um burburinho de novas ideias. Quais são essas ideias e quais os participantes da Semana? E no campo da música, quais os fatos que contribuíram para uma música moderna? 5) Redija um texto, com suas palavras, sobre a importância de Villa Lobos no programa do Canto Orfeônico. 6) Relate o estudo da música nas seguintes LDB: a) LDB 4.064/61. b) Lei no 5.692/71. c) LDB 9.394/96. 7) Qual a modificação que a Lei no 11.769/08 acarretou? Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Percorrendo os Caminhos da Educação Musical 7. CONSIDERAÇÕES Esperamos que, com o estudo dessa primeira unidade, você tenha entendido o caminho trilhado pela Arte na educação brasileira. Foram décadas e décadas de lutas feitas de pequenas conquistas que sempre foram se armazenando na vida escolar e nos educadores de Arte. Hoje, após essas transformações, ainda não chegamos à posição confortável de que quase todas as batalhas foram conquistadas, porém, conquistamos um lugar de contribuição do conhecimento teórico e prático, social e histórico de aprendizagem de aluno, de professor, escola e comunidade, de construções nos relacionamentos. Lembre-se de que a escola tem de estar sempre nesse estado de fecundidade permanente para que o conhecimento nela se realize. Como educadores, temos de lembrar que o processo ensino-aprendizagem só será possível se os conteúdos trazidos pelos alunos puderem estabelecer ligações para a construção do conhecimento elaborado nas salas de aulas por professores e alunos. Essa contextualização é que faz com que os professores, educadores, estudantes assumam uma postura de cidadãos participantes. Na próxima unidade, vamos estudar a musicalização infantil e a sua importância na formação dos educandos. Até lá! 8. E-REFERÊNCIAS Sites pesquisados BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 3 maio 2012a. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. © Música para Educadores40 Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm>. Acesso em: 3 maio 2012b. ______. Decreto nº 630 - de 17 de Setembro de 1851. Autoriza o Governo para reformar o ensino primario e secundario do Municipio da Côrte. Disponível em: <http://www6. senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=79595&tipoDocumento=DEC&tipo Texto=PUB>. Acesso em: 5 jun. 2012c. HISTEDBR. Coleção das Leis do Impe´rio do Brasil. Disponível em: <http://www.histedbr. fae.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/3_Imperio/artigo_004.html>. Acesso em: 5 jun. 2012. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, M. L. de A. História da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996. BARBOSA, A. M. (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2008. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: A Secretaria, 2001. ______. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: A Secretaria, 1998. BRÉSCIA, V. L. P. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. Campinas: Átomo, 2003. LIMA, R. L. M. A. Cotas: uma política de inclusão. Franca: UNESP, 2008. PALMA FILHO, J. C. Política educacional brasileira. São Paulo: Cte, 2005. ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil (1930/1973). Petrópolis: Vozes, 2003. EA D 2 Música e Educadores Musicais 1. OBJETIVOS • Sensibilizar o aluno em relação à Musicalização. • Reconhecer a música como uma linguagem de importân- cia singular na construção do conhecimento. • Fazer música, vivenciar e entender questões relativas à produção do som. • Identificar os educadores que criaram métodos de Musi- calização. 2. CONTEÚDO • Musicalização segundo Carll Orff, Edgar Willems, Émile Henri Jacques (Dalcroze) e François Delalande. © Música para Educadores42 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade, vamos estudar como devemos iniciar nossos alunos no conhecimento musical, ou seja, na mu- sicalização. O que devemos fazer, como devemos fazer para que nossos alunos vivam a música em suas vidas e estabeleçam um modo de ser mais crítico e sensível diante do mundo que os cerca. Assim, é importante que você fique atento ao assunto abordado, releia-o se ne- cessário e faça pesquisas para aprofundá-lo. 2) Para aprofundar seu conhecimento, sugerimos que pes- quise um pouco mais sobre Carll Orff, Edgar Willems, Émile Henri Jacques (Dalcroze) e François Delalande; pensadores musicais da atualidade que nos orientam quanto ao modo de iniciar e ingressar nossas crianças no mundo musical, os quais estudaremos, também, nesta unidade. Identifique-se com algum dos métodos que se- rão citados, aprofunde seus estudos musicais que muito o ajudarána sua vida profissional. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, estudamos toda a legislação que ampa- rou a disciplina de Música na Educação Brasileira. Nesta segunda unidade, vamos estudar sobre Educação Musical, Música, Musicalização, enfim, independentemente da nomenclatura recebida, vamos refletir como a disciplina Música contribui no conhecimento, na formação, no equilíbrio, na fruição e na humanização de nossos alunos. Claretiano - Centro Universitário 43© U2 - Música e Educadores Musicais 5. MUSICALIZAÇÃO Vamos refletir um pouco sobre quais as mudanças comportamentais que a música gera nas pessoas. Sabemos que ela proporciona prazer para quem a ouve. Você já percebeu como a música une as pessoas, os relacionamentos? Quando se ouve uma boa música, passamos horas com os amigos e parentes apenas “curtindo” e “saboreando” os momentos que a música proporciona. Portanto, sabemos que é muito importante o acesso a música, pois ela não pode ser privilégios de poucos, ela deve estar acessível ao conhecimento de todos. Nesse sentido, falaremos de música, sobre a importância de sua presença na vida das crianças e na Educação Infantil e apontaremos a sua contribuição na formação de seres humanos, críticos, mais sensíveis, reflexivos, enfim, como um cidadão mais humanizado, participante e engajado na sociedade em que vive. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais (BRASIL, 1998, p. 47). Vamos refletir juntos e pensar no mundo sem música... Brincar de rodas sem música, churrasco com os amigos sem música, noite de Natal sem música, formatura sem música, namorar sem música, assistir a um filme sem música, ninar uma criança sem música, como seria? Perderia o encanto, a sensibilidade e as emoções do momento. A música “marca” com emoções, ocasiões, momentos, sentimentos, afeições, lugares e pessoas. © Música para Educadores44 Você já escutou uma música e lembrou-se de uma determinada pessoa? Ou de um determinado lugar? A musicalização é um trabalho que favorece uma rica expe- riência e uma vivência com as estruturas musicais, além, é claro, de facilitar as convivências entre as pessoas, desenvolvendo as expressões, os pensamentos e as emoções por meio de sua lin- guagem musical. A musicalização torna o indivíduo ou a criança re- ceptível ao mundo sonoro, respondendo de uma maneira musical. Segundo Bréscia (2003, p. 15): Temos hoje consciência de que é muito importante e, muito mais, sabemos que não deve ser privilégio de pouco, o acesso à música, mas antes, esta deve ser dirigida a todos. Um meio para que isto aconteça é o trabalho de musicalização, [...] que favorece uma rica vivência e um manuseio hábil de estruturas musicais, além de esti- mular o desenvolvimento dos meios mais espontâneos de expres- são, recuperando, assim, a música, a sua condição de linguagem natural, viva, de pensamentos e emoções. Assim como a criança utiliza as palavras para se comunicar, na musicalização, ela irá aprender por meio da linguagem musical, expressar seus sentimentos, suas angústias, sua felicidade, enfim, seus sentimentos. Aprenderá a usar mais uma ferramenta de co- municação que estará sempre ao seu alcance. Na musicalização, a criança vivencia a música e o universo sonoro, sem, no entanto, iniciar seu aprendizado em iniciação musical, ou teoria musical, ou manuseio técnico de um instrumento. Na musicalização, deve-se trabalhar o mundo sonoro com a coordenação motora, lateralida- de, lógica, estética, criatividade. Bréscia (2003, p. 15) salienta que: O trabalho de musicalização deve ser encarado sob dois aspectos: os aspectos intrínsecos à atividade musical, isto é, inerentes à vi- vencia musical: alfabetização musical e estética e domínio cogni- tivo das estruturas musicais; e os aspectos extrínsecos à atividade musical, isto é, decorrentes de uma vivência musical orientada por profissionais conscientes, de maneira a favorecer a sensibilidade, a criatividade, o senso rítmico, o ouvido musical, o prazer de ou- vir música, a imaginação, a memória, a concentração, a atenção, a auto-disciplina, o respeito ao próximo, o desenvolvimento psicoló- Claretiano - Centro Universitário 45© U2 - Música e Educadores Musicais gico, a socialização e a afetividade, além de originar a uma efetiva consciência corporal e de movimento. Nesse sentido, precisamos realizar um trabalho pedagógico musical que, segundo Brito (2003, p. 46), “[...] deve se realizar em contextos educativos que entendam a música como processo con- tínuo de construção, que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar, criar e refletir”. Temos que ter em mente que a musicalização é a construção do conhecimento e vivência musical, que contribui para o desen- volvimento da inteligência e integração social da pessoa. No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, consta que: Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desen- volvimento infantil e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do conheci- mento dessa linguagem ocorra de modo significativo. O trabalho com a Música proposto por esse documento fundamenta-se nesses estudos, de modo a garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressi- vo que também oferece condições para o desenvolvimento de ha- bilidades, de formulação de hipótese e de elaboração de conceitos (BRASIL, 1998, p. 48). Devemos, com a musicalização, desenvolver o gosto pela música e a experiência musical que nos ajuda na formação e equi- líbrio do ser humano. A musicalização, por meio da vivência mu- sical, faz com que a criança elabore a busca pelo belo, pelo pleno, pela satisfação. Conforme consta nos PCNs: O aluno aprende com mais sentido para si mesmo quando estabe- lece relações entre seus trabalhos artísticos individuais, em grupos e a produção social da arte, assimilando e percebendo correlações entre o que faz na escola e o que é e foi realizado pelos artistas na sociedade no âmbito local, regional, nacional e internacional. Aprender Arte envolve, além do desenvolvimento das atividades artísticas e estética apreciar e situar a produção da arte de todas as épocas nas diversas culturas (BRASIL, 1998, p. 63). © Música para Educadores46 A mídia de hoje impõe seus gostos e trabalha fortemente para que o indivíduo por ela envolvido seja tragado por suas opi- niões. Muitas vezes, não sabemos se gostamos ou não, se é um produto que nos traz prazer ou se é realmente um produto que “engolimos” por meio de tanta propaganda. Já a musicalização leva o aluno a entender esteticamente o belo, o artisticamente construído, vivenciando o sensível. Portan- to, esses alunos serão certamente adultos muito mais críticos, res- gatando o sentido do belo e modificando suas atitudes em relação à mídia e ao justo. Ainda segundo o Referencial Curricular Nacional para a Edu- cação Infantil: Há que se tomar cuidado para não limitar o contato das crianças com o repertório dito “infantil” que é, muitas vezes, estereotipado e, não raro, o mais inadequado. As canções infantis veiculadas pela mídia, produzidas pela indústria cultural, pouco enriquecem o co- nhecimento das crianças. Com arranjos padronizados, geralmente executados por instrumentos eletrônicos, limitam o acesso a um universo
Compartilhar