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A Música na Escola

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A MÚSICA NA ESCOLA 
 
 
 
RESUMO- A música está presente no dia-a-dia de todas as pessoas, em diferentes situações, nas 
quais expressamos sentimentos, sensações e pensamentos. Nos espaços educacionais, percebemos 
a dificuldade em lecionar devido a diversos fatores. Visto que a música permeia o desenvolvimento 
cognitivo, afetivo e expressivo, uma pergunta se faz: Como a música pode ajudar na relação ensino e 
aprendizagem? A música como elemento lúdico, pode ser utilizada para trabalhar as habilidades da 
língua e os componentes do sistema linguístico, bem como para promover interação, motivação e 
criar uma atmosfera de aprendizagem mais prazerosa e descontraída. Por ser uma linguagem comum 
a todos, a música permite a professores e estudantes, independente do domínio da técnica musical, a 
possibilidade de trabalhá-la em sala de aula. E, por ser uma linguagem tão expressiva, torna-se 
indispensável na educação como um todo e, de forma especial. Considerando a importância da 
música como parte da cultura popular e, portanto, como conhecimento a ser trabalhado no contexto 
da educação da criança e conceituar os meios de amplificar essa musicalização. Com isso, a música 
ajuda na autoestima da criança que cresce mais autônoma, capaz de expressar sua vontade e de 
liberar sua criatividade. Os benefícios que a música gera são inúmeros e de fundamental importância 
para o pleno desenvolvimento da criança. 
 
 Palavras-chave: Criança. Ensino. Música. 
 
 
 
ABSTRACT- Music is present in the daily lives of all people, in different situations, in which we 
express feelings, sensations and thoughts. In educational spaces, we realize the difficulty in teaching 
due to several factors. Since music permeates cognitive, affective and expressive development, one 
question is: How can music help in the teaching and learning relationship? Music as a playful element 
can be used to work with language skills and language system components, as well as to promote 
interaction, motivation and to create a more enjoyable and relaxed learning atmosphere. Being a 
common language for all, music allows teachers and students, regardless of the field of musical 
technique, the possibility of working in the classroom. And because it is such an expressive language, 
it becomes indispensable in education as a whole and in a special way. Considering the importance of 
music as part of popular culture and, therefore, as knowledge to be worked on in the context of child 
education and conceptualize the means of amplifying this musicalization. With this, music helps in the 
self-esteem of the most autonomous growing child, able to express their will and unleash their 
creativity. The benefits that music generates are numerous and of fundamental importance for the full 
development of the child. 
 
 Keywords: Child. Teaching. Music. 
 
 
 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
A música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade 
desde as primeiras civilizações. Na Grécia Clássica o ensino da música era 
obrigatório e há indícios de que já havia orquestras naquela época. Pitágoras, 
____________________________ 
filósofo grego da Antiguidade, ensinava como determinados acordes musicais e 
certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. Pitágoras 
demonstrou que a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num 
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/historia
instrumento, pode mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura 
(BRÉSCIA, 2003). 
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 
n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, o ensino de Arte, incluindo a música, foi 
previsto no artigo 26, parágrafo segundo, como componente curricular obrigatório. 
Não foi especificado, porém, se esse ensino deveria ser ministrado de forma 
integrada ou não com as outras disciplinas artísticas. Também o documento dos 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), criado pela Secretaria de Ensino 
Fundamental do Ministério da Educação e do Desporto na década de 90, não deixou 
claro como o ensino das artes nas escolas deveria ser efetivado. O documento 
apenas previu o ensino da Música, Artes Visuais, Dança e Teatro como áreas 
distintas. 
Forquin e Gagnard (1982) consideram o ensino da música como um 
inestimável benefício para a formação, o desenvolvimento e o equilíbrio da 
personalidade da criança e do adolescente. E, seguindo essa abordagem, 
Hentschke (1995) menciona razões significativas para que a educação musical faça 
parte do currículo escolar, destacando-se o desenvolvimento da sensibilidade 
artística e estética, o desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, o 
desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor e o desenvolvimento da 
comunicação verbal e não-verbal. Nesse sentido, Swanwick explica: “...se não se 
contemplam as artes em relação com o desenvolvimento do pensamento (no sentido 
mais amplo do termo), não é possível entender sua função última nem seu papel na 
educação” (SWANWICK, 2000, p.42). 
Loureiro (2008) explica que o aprendizado de música deve ser um ato de 
desprendimento prazeroso, que comungue com as experiências da criança sem ser 
uma imposição ou que busque a qualquer custo que a criança domine um 
instrumento, o qual pode minar sua sensibilidade e criatividade. 
Sabendo que a música é uma forma de linguagem muito apreciada pelas 
crianças, fonte de estímulos e de diferentes possibilidades de expressão, o presente 
trabalho traz uma reflexão sobre o seu papel no contexto escolar verificando de que 
maneira a música tem sido vista e utilizada, se como parte do programa rotineiro ou 
como uma atividade que tem objetivos bem definidos visando à busca pelo 
desenvolvimento pleno da criança também pela musicalização. Ser professor não é 
tarefa fácil, pois iludir-se com a ideia de trabalhar apenas com aquilo que domina é 
um grande equívoco. O professor da atualidade precisa ser um pesquisador e estar 
se reinventando diariamente. O professor não precisa necessariamente ser formado 
em música, mas precisa querer fazer da música, seu objeto de pesquisa, já que a 
habilidade de fazer, apreciar ou conhecer música pode ser adquirida e aprendida. 
Existem muitas possibilidades de buscar as contribuições da música no 
desenvolvimento da criança, uma vez que ela se faz presente em suas vidas antes 
de sua alfabetização. A relação com a música, às vezes, já se inicia no ventre 
materno e segue no decorrer da sua infância. Nas brincadeiras infantis, as crianças 
usam a música como forma de expressão, também para estabelecer regras, 
relações sociais, diversão, alegria e aprendizagem. Esses exemplos dão um breve 
panorama da importância da música na educação, seja ela escolar ou na família. 
 
 
2- A MÚSICA NO BRASIL 
 
O ensino da música teve seu início no ensino religioso, ministrado pelos 
jesuítas e cujo registro data de 1554. Anchieta, nas Cartas (1988), refere-se a uma 
escola em Piratininga, onde os meninos são ensinados a ler e a escrever e a cantar. 
Durante todo o império brasileiro, os decretos de ensino incluíram a música nos 
programas escolares e, desde a fundação do Colégio Pedro II (1838), era obrigatória 
a frequência à classe de música, como revela Barreto (1938). 
O início dos registros históricos da música no brasil são as dos padres 
jesuítas, que tinham a intenção exclusiva de atrair fiéis para a religião catolicista do 
que promover o ensino ou manifestações musicais por meio da arte executada com 
seus instrumentos musicais. 
A Música no Brasil (1953, p.7): 
O coral Gregoriano mágico instrumento de 
conversão de que se utilizou o jesuíta José de 
Anchieta, aquela magnifica figura de 
evangelizador. E com ele os jesuítas Aspicuelta 
Navarro e Manuel de Nóbrega. Este dizia que: 
“com a música e a harmonia, atrevo-me a atrair 
para mim todos os índios da América”. 
Apesar de haver apresentações de diversos instrumentos e letras de cantosdesconhecidas para os indígenas, não havia ali nenhuma intenção educativa para 
com eles e sim uma necessidade de pessoas que pudessem espalhar a fé dos 
padres para os demais índios em suas aldeias. 
Somente no século XVII a música tornou-se popular no Brasil ganhando força 
com ajuda de manifestações culturais africanas. Aos escravos trazidos da África 
deve-se muito o enriquecimento da cultura e formação da música popular brasileira. 
Com a vinda dos imigrantes europeus no fim do século XIX e início do século 
XX, são abertas novas fronteiras e com o fim da escravidão chegam às terras 
brasileiras trabalhadores de diversos lugares para as lavouras de café e algodão. 
Com eles uma bagagem riquíssima de ritmos de suas terras e culturas. 
A música é uma forte presença no povo brasileiro em todas as suas classes 
sociais, Mário de Andrade (1980, p. 163) diz: “[...] o estudo científico da música 
popular brasileira ainda está por fazer. Não há sobre ela senão sínteses mais ou 
menos fáceis derivadas da necessidade pedagógica de mostrar aos estudantes a 
evolução histórica da música brasileira”. Com isso vemos que antes de tudo tem-se 
a necessidade de compreender e estudar a música antes de levá-la as escolas com 
propriedade. 
No ano de 1854 o ensino da música no Brasil foi regulamentado por decreto 
real, mas como não havia formação por parte dos educadores a música era usada 
para manifestações artísticas e controle dos alunos em sala de aula. 
As críticas à polivalência e ao esvaziamento da prática pedagógica em 
Educação Artística vão se fortalecendo, e difunde-se, consequentemente, a 
necessidade de se recuperar os conhecimentos específicos em cada linguagem 
artística. Isso acarreta, inclusive, o repúdio à denominação “Educação Artística” em 
prol de “Ensino de Arte”- ou melhor, Ensino de Música, de Artes Plásticas etc., o que 
se reflete na nova LDB – Lei 9394/96, após um longo processo de elaboração -, que 
também “dispensa aquela expressão”, conforme destaca Penna (2010, p.128 ). 
 A atual LDB 9394/96 (BRASIL, 1996) estabelece que “o ensino da arte 
constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação 
básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (Art. 26, 
Parágrafo 2º). Isso garante um espaço para as artes na escola, como já estabelecido 
em 1971, com a inclusão da Educação Artística no currículo pleno, e delega aos 
estabelecimentos de ensino “elaborar e executar sua proposta pedagógica” 
(BRASIL, 1994, Art. 12), o que é reafirmado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais 
para o Ensino Fundamental (BRASIL, 1998). Isso leva os projetos a incluir (ou não) 
um trabalho específico de música. 
Toda essa situação é alterada, em agosto de 2008, a partir da aprovação da 
Lei 11.769/08 (BRASIL, 2008). Esta Lei altera a atual LDB, no que diz respeito ao 
acréscimo de um novo parágrafo ao seu Artigo 26, o qual explicita ser a música um 
conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do “ensino da arte” na educação básica. 
No entanto, o Artigo 3º da referida Lei prevê um prazo de três anos letivos para que 
os sistemas de ensino se adaptem à exigência, projetando a sua implantação, a 
princípio, até agosto de 2011. (BRASIL, 2008). A lei tem como finalidade propor que 
as escolas ensinem música dentro de um contexto formativo e abrangente. 
 
 
3- A MÚSICA E A EDUCAÇÃO 
 
Na primeira fase a educação era dada através da leitura, escrita, da música e 
da educação física. A música estava presente em todas as manifestações da vida 
social e acreditava-se que ela colaborava na formação e caráter do cidadão. 
Desde a antiguidade busca-se um lugar para a música na educação. “Em 
Esparta, em seu sistema de educação para jovens e para o povo, Licurgo exigia que 
a música fizesse parte da educação da infância e da juventude, e que fosse 
supervisionada pelo estado” (FONTERRADA, 2005, p.18). 
Embora o conceito de artes liberais seja originário da Antiguidade, foi na 
Idade Média que elas foram sistematizadas em duas categorias: o trivium e o 
quatrivium. O trivium referia-se a gramática, retórica e dialética e o quatrivium a 
geometria, aritmética, astronomia e música. 
Durante o século XVIII a figura de Jean Rosseau é destacada com a 
concepção do naturalismo pedagógico. Fonterrada enfatiza a importância do 
educador para a presença da música na escola: 
"Rosseau é o primeiro pensador da educação a 
apresentar um esquema pedagógico 
especialmente voltado para a educação musical. 
De acordo com ele, as canções devem ser simples 
e não dramáticas, e seu objetivo é assegurar a 
flexibilidade, sonoridade e igualdade às vozes" 
(FONTERRADA, 2005, p.51). 
A música tem um grande poder de interação e desde muito cedo adquire 
grande relevância na vida de uma criança despertando sensações diversas, 
tornando-se uma das formas de linguagem muito apreciada por facilitar a 
aprendizagem e instigar a memória das pessoas. 
Ao longo dos tempos vários foram os olhares de estudiosos e pensadores 
sobre a importância da música para o indivíduo, influenciando educadores musicais 
de diferentes épocas e nacionalidades, como: Dalcroze, Kodaly, Willmens, Orff, 
Martenot, Suzuki, Paynter, Schafer, Koelreutter, Swanwick, entre outros. Todos eles 
contribuíram de modo direto ou indireto para que tivésemos a visão atual sobre a 
educação musical. 
Segundo a educadora Marisa Fonterrada, (2005) a igreja, como 
disseminadora do conhecimento e responsável pelo aprendizado musical, 
desenvolvia práticas musicais com crianças, embora o objetivo fosse o louvor a 
Deus e não o desenvolvimento musical, lembrando que nesse período a criança era 
explorada e violentada em vários aspectos, sendo vista como um adulto em 
miniatura. 
Essa visão é modificada na renascença com “a aceitação da criança como um 
ser que necessita de cuidados especiais, de saúde, educação e lazer” 
(FONTERRADA, 2005, p.38), mas a prática musical continuava a ser vista apenas 
como uma forma de louvor. 
“(...) a escola pode contribuir para que os alunos 
se tornem ouvintes sensíveis, amadores 
talentosos ou músicos profissionais, incentivando 
a participação em shows, festivais, concertos, 
eventos da cultura popular e outras manifestações 
musicais, ela pode proporcionar condições para 
uma apreciação rica e ampla, onde o aluno 
aprende a valorizar os momentos importantes em 
que a música e inscreve no tempo e na história”. 
(PCN – artes. 1997, p.77) 
Pestalozzi e Froebel também abriram espaço para a música na escola. 
Pestalozzi defendia a ideia de que a educação deveria ser ordenada para os 
sentidos através de atividades de música, artes, linguagem oral, geografia, 
aritmética e o contato com a natureza. 
Para as escolas ainda é mais importante que o aluno venha a ler e escrever 
com maior rapidez para assim acompanhar os planos escolares e suas atividades 
diárias, facilitando assim o trabalho de acompanhar as fases individuais dos alunos, 
que quase sempre não são respeitadas, pois estes alunos que não acompanham 
essa norma (ler e escrever) no tempo determinado pelo sistema educacional são 
taxados como lentos e necessitados de reforço em suas atividades. 
Sabendo que as aulas de educação artística, onde a música está inserida, 
não tem um papel de grande destaque no currículo escolar uma vez que as 
disciplinas seguem uma regra hierárquica, onde as que são tidas como as mais 
importantes para o desenvolvimento escolar do aluno tem um enorme destaque e 
são consideradas como as de mais necessidade para a vida escolar e social do 
aluno, enquanto as demais disciplinas que estão presentes no currículo são levadas 
em “banho-maria” nas salas de aula como é o caso da disciplina de Artes. 
As aulas de educação artística há muito tempo vêm sendo relegadas ao 
segundo plano, os alunos só dedicam-se as atividades artísticas dentro da escola 
apenas quando o professor ou a instituição tem atividades específicas ouprojetos, 
apresentações, amostras, recitais, encontros, etc. Assim não sendo a arte fica 
sempre em segundo plano. 
 
 
4- REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
 
O professor ideal é alguém que deve conhecer os conteúdos da disciplina e o 
programa e deve possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e 
à pedagogia para que possa desenvolver um saber prático baseado em sua 
experiência cotidiana com os alunos (TARDIF, 2002, p.68). 
Nóvoa (1997, p. 25) afirma que a mesma deve estimular uma perspectiva 
crítico-reflexiva que forneça ao professor “os meios de um pensamento e que facilite 
as dinâmicas de auto formação participada”. Assim, torna-se possível ao professor 
desenvolver as habilidades necessárias para atuar em sala de aula junto aos alunos 
no sentido de formá-los, sem deixar, no entanto, de considerar que estar em 
formação implica em um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os 
percursos e os projetos próprios, com vistas à construção de uma identidade. 
Além disso, ainda de acordo com o autor, o desenvolvimento profissional do 
professor pode ser estimulado através de sua formação, com o desenvolvimento de 
uma autonomia contextualizada da profissão docente. 
Na formação, seja inicial e ou continuada, o professor necessita ter 
consciência do objetivo específico da educação musical que é musicalizar. Ou seja, 
tornar um indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, instrumentalizando 
com eficácia os processos espontâneos e naturais necessários para que a relação 
homem música se estabeleça de uma maneira direta e efetiva. 
Assim, a formação do professor deve valorizar paradigmas que possam 
promover a preparação de professores reflexivos, no sentido de assumirem a 
responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e de participarem na 
implementação das políticas educativas (NÓVOA, 1997). 
No entanto, a ênfase na racionalidade técnica tem ocultado a possibilidade de 
um desenvolvimento profissional do docente mais adequado à sua prática 
pedagógica, pois, “a lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao 
desenvolvimento de uma práxis reflexiva” (NÓVOA, 1997, p. 26). 
Por isso, ainda de acordo com o autor, é necessário que se trabalhe no 
sentido de diversificar os modelos e as práticas de formação, instituindo novas 
relações dos professores com o saber científico e pedagógico, sem deixar de se 
considerar que a formação é constituída pela experimentação, inovação e ensaio de 
novos modos de trabalho pedagógico, além de uma reflexão crítica sobre sua 
utilização. 
O conhecimento do professor é construído no seu próprio cotidiano, contudo 
ele não é apenas fruto da vida na escola, visto que ele também provém de outros 
âmbitos e, muitas vezes, exclui de sua prática elementos pertencentes ao próprio 
domínio escolar. 
Assim, é possível concluir que, como é explicitado por Tardif (2002), o 
principal desafio para a formação de professores encontra-se no estabelecimento de 
um espaço maior para os acontecimentos dentro do próprio currículo, uma vez que o 
saber dos professores entendido aqui como conhecimentos, habilidades, 
competências e atitudes dos docentes não pode estar desvinculado das outras 
dimensões do ensino e nem do estudo do trabalho realizado diariamente pelos 
professores. 
 
 
5- A MÚSICA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 
 
Musicalizar não é ensinar teoria musical nem tocar instrumentos, essa é uma 
tarefa da escola de música. Na verdade, musicalizar é desenvolver a sensibilidade 
para a música, especialmente para a boa música, desenvolvendo senso estético, de 
beleza e de bom gosto. Portanto, para trabalhar a musicalização com os alunos é 
preciso acreditar naquilo que está sendo feito e ter vontade de ensinar, não sendo 
necessário estudar música em conservatório (DVD, CPT, curso de musicalização 
infantil). 
A música tem a função de ser um agente facilitador e integrador no processo 
educacional, desperta a criatividade, propicia que a criança se expresse, mas 
depende da maneira como ela é colocada. Não devemos levar tudo pronto, mas 
deixarmos que a criança invente, crie, cante da forma que ela sentir. Não temos uma 
sala de aluno homogêneo, mas sim, heterogêneo, portanto, o tipo de música que a 
criança vai se identificar depende da bagagem que ela já possui. Respeitar a 
vontade da criança é primordial para estimularmos o seu desenvolvimento e facilitar 
o seu prazer em fazer música. Para Bréscia, 
A musicalização é um processo de construção do 
conhecimento, que tem como objetivo despertar e 
desenvolver o gosto musical, favorecendo o 
desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, 
senso rítmico, do prazer de ouvir música, da 
imaginação, memória, concentração, atenção, 
autodisciplina, do respeito ao próximo, da 
socialização e afetividade, também contribuindo 
para uma efetiva consciência corporal e de 
movimentação (BRÉSCIA, 2003). 
A música é uma forma de comportamento humano. Muitos professores 
utilizam a música de maneira errada, quando demonstram não serem habilitados 
para tal função, mas esquecem que o ambiente da educação infantil é repleto de 
repertorio musicais, basta observarmos os sons da natureza, o silencio, que são 
componentes da música. 
Pontuar música na educação é defender a 
necessidade de sua prática em nossas escolas, é 
auxiliar o educando a concretizar sentimentos em 
formas expressivas; é auxiliá-lo a interpretar sua 
posição no mundo; é possibilitar-lhe a 
compreensão de suas vivências, é conferir 
sentido e significado à sua nova condição de 
indivíduo e cidadão (ZAMPRONHA, 2002, p. 120) 
Música não é questão de dom, mas sim de hábito, assim como a leitura é um 
hábito, também podemos fazê-los com a música. Produzir música, criar música é um 
aprendizado prazeroso, assim como construir seus próprios instrumentos musicais. 
O lúdico funciona como elemento motivador e de estímulos para o desenvolvimento 
da música, permitindo que ela crie seu som, sua música. 
 Segundo RCNEI, podemos articular e entoar um grande número de sons: 
Podem articular e entoar um maior número de 
sons, inclusive os da língua materna, reproduzindo 
letras simples, refrões, onomatopéias etc., 
explorando gestos sonoros, como bater palmas, 
pernas, pés, especialmente depois de conquistada 
a marcha, a capacidade de correr, pular e 
movimentar-se acompanhando uma música. No 
que diz respeito à relação com os materiais 
sonoros é importante notar que, nessa fase, as 
crianças conferem importância e equivalência a 
toda e qualquer fonte sonora e assim explorar as 
teclas de um piano é tal e qual percutir uma caixa 
ou um cestinho, por exemplo. Interessam-se pelos 
modos de ação e produção dos sons, sendo que 
sacudir e bater são seus primeiros modos de 
ação. Estão sempre atentas às características dos 
sons ouvidos ou produzidos, se gerados por um 
instrumento musical, pela voz ou qualquer objeto, 
descobrindo possibilidades sonoras com todo 
material acessível. (BRASIL, 1998, p. 51) 
A música se faz presente a todo instante na vida do ser humano, como forma 
de resgate do que vivemos em nossas vidas, interiorizando e reproduzindo-a nos 
momentos mais particulares (BRITO, 2003). 
 A música vem ainda contribuir para a formação do indivíduo como um todo. 
Por meio da música, a criança entrará em contato com o mundo letrado e lúdico. 
Observa-se sua importância como valioso instrumento, o qual deverá ser trabalhado 
e estimulado provocando no educando possibilidades de criar, aprender e expor 
suas potencialidades. 
 A música na educação pode envolver outras áreas de conhecimento. Na 
matemática a música também esteve presente: quando marcamos um ritmo, temos 
que saber quantidade para tocarmos. Além disso, há várias letras de músicas que 
facilitam a aprendizagem de números, quantidade, classificação e seriação. 
Facilitam também o processo ensino aprendizagem, e favorecea criança ensinando-
a apreciar o valor de uma peça musical, despertando na criança o gosto pela 
música, aquisição de novos conhecimentos, concentração, autonomia, criticidade, 
sendo um importante instrumento didático. 
Trabalhar usando a música como ferramenta de apoio é estimulante e ela dá 
condições de observar a percepção musical das crianças: melhora a sensibilidade, o 
raciocínio e sua expressão corporal. Como instrumento pedagógico traz 
contribuições nas disciplinas curriculares: Linguagem oral e escrita, Matemática, 
Natureza e Sociedade, Artes, Educação Física, brincadeiras e ainda estreita os 
laços de amizade. 
 Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI), 
volume 3 “Conhecimento de mundo”, apresenta o eixo música e destaca que 
linguagem musical tem estrutura e características próprias, devendo ser considerada 
como produção, apreciação e reflexão (BRASIL, 1998). 
 Em relação às atividades da música como linguagem própria, há muitas 
possibilidades: exploração do conceito de som e silêncio (brincadeiras de estátua); 
produção de vários tipos de sons com o corpo (arrastando os pés, batendo as mãos 
nas diferentes partes do corpo). 
 O estímulo ao desenvolvimento da linguagem falada por meio de canções 
ocorre através da: a) Linguagem gestual; 
b) Incentivo à composição de uma melodia pelas crianças (a partir de uma 
letra criada pelo grupo); 
c) Incentivo à criatividade; 
d) Concentração e memória - pela imitação de sons criados pelos colegas; 
e) Utilização de brinquedos de diferentes texturas, formas e tamanhos que 
produzam sons diferentes; 
f) Estímulos auditivos, visuais e motores por meio de canções interpretadas 
com gestos; movimentos rítmicos, explorando todo o esquema corporal. 
O acompanhamento das músicas pode ser com palmas ou percussão de 
algum objeto ao pulso ou pela dança. Em qualquer ambiente que a criança esteja 
exposta deverá ser estimulada a prestar atenção aos sons que estão acontecendo e, 
se possível, identificá-los relacionando e nomeando-os (MARSICO, 1982). 
Para os professores conseguirem motivar os alunos a gostarem de música, 
ele deve conhecer bem a vontade e o repertorio de seus alunos, para poderem 
tornar o seu plano de aula mais interessante. 
 O trabalho com música é de inúmeras possibilidades, basta que o professor 
use sua criatividade e sua percepção, tendo como base a experiência musical que 
as crianças vêm acumulando. O fazer musical, segundo (RCNEI); 
O fazer musical requer atitudes de concentração e 
envolvimento com as atividades propostas, 
posturas que devem estar presentes durante todo 
o processo educativo, em suas diferentes fases 
(BRASIL, 1998, p. 60) 
 Nesse caso, o professor e as crianças, juntos, poderão definir; 
Como representar sonoramente um bater de 
portas, o trotar de cavalos, a água correndo no 
riacho, o canto dos sapos e, enfim, a diversidade 
de sons presentes na realidade e no imaginário 
das crianças é atividade que envolve e desperta a 
atenção, a percepção e a discriminação auditiva 
(BRASIL, 1998, p. 63) 
 A música é essencial, pois através dela obtemos uma aprendizagem dinâmica, 
alegre e prazerosa, estimulando na criança a sua criatividade, sendo um estímulo 
atrativo. 
 
 
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O grande valor da Música na escola está no fato de ser uma solicitação 
natural das próprias crianças e adolescentes, que gostam de Música: gostam de 
cantar, tocar, marcar ritmos com os dedos, com lápis, ou com os pés. Todos se 
unem pela Música e são dominados por seu poder mágico. 
A educação musical necessita considerar que o ensino e a aprendizagem de 
música não ocorrem apenas na sala de aula, mas em circunstâncias mais ampla. 
Por isso, o professor não deve discutir a música na escola, mas refletir sobre em que 
a educação musical pode ajudar no dia a dia dos alunos, interesses e dificuldades, 
buscando sempre decifrar a realidade em que vivem e atuam e quais formas de 
conhecer e aprender. 
A música contribui para transformar as pessoas, no caso, crianças e jovens, 
em indivíduos que usam os sons musicais, “consomem” música, apreciam música e, 
finalmente, se expandem por meio da música. 
A utilização da música como recurso pedagógico contribui não apenas como 
entretenimento, na diferenciação das aulas que na maioria das vezes são pautadas 
somente no livro didático, mas também e, principalmente, na função de utilizar o 
conhecimento que os alunos adquirem em outros locais além da escola, para 
contribuir na construção do conhecimento histórico 
A música na escola traz para a criança inúmeros benefícios, tanto no aspecto 
social, cultural e cognitivo, pois é trabalhar com os sentimentos, com as 
potencialidades de cada criança, com a criatividade e estar aberto a novas 
descobertas para se tornar um ser livre e autônomo. 
 
 
 
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