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TEATRO PARA EDUCADORES CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Teatro para Educadores – Prof.ª Dra. Eneila Almeida dos Santos e Prof.ª Ms. Melissa dos Santos Lopes Olá! Meu nome é Eneila Almeida dos Santos. Sou doutora em Educação pela PUC-SP; mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; graduada em Educação Artística: Artes cênicas (Licenciatura) e Pedagogia: Administração escolar; além disso, sou professora de Artes da rede pública de São Paulo e do sistema privado de Ensino Superior, no qual atuo no curso de Licenciatura em Artes – EaD. E-mail: eneila@uol.com.br Meu nome é Melissa dos Santos Lopes. Sou mestre em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bacharel em Teatro pela mesma instituição; coordenadora e professora da Escola Superior de Artes Célia Helena, na qual leciono as disciplinas Jogos Teatrais e Improvisação Corporal; sou, ainda, uma das fundadoras do Grupo Matula Teatro, onde atuo como atriz e arte-educadora. Já ministrei, também, diversas oficinas para não atores, além de já ter lecionado em diversas escolas de Ensino Infantil, Fundamental e Médio. E-mail: melslopes@gmail.com As autoras agradecem a preciosa colaboração de Alice Possani, atriz e arte-educadora, formada em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professora de interpretação do Curso Técnico de Teatro do Conservatório Carlos Gomes, em Campinas, pela contribuição da criteriosa revisão técnica do conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo. Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação TEATRO PARA EDUCADORES Caderno de Referência de Conteúdo Eneila Almeida dos Santos Melissa dos Santos Lopes Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 792 S233t Santos, Eneila Almeida dos Teatro para educadores / Eneila Almeida dos Santos, Melissa dos Santos Lopes – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 174 p. ISBN: 978-85-67425-54-2 1. O Teatro e a escola. 2. Por uma educação mais sensível. 3. Jogo Teatral. 4. Ensino do Teatro. 5. Plano de Aula. I. Lopes, Melissa dos Santos. II. Teatro para educadores. CDD 792 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 10 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 27 UNIDADE 1 – O TEATRO E A ESCOLA 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 29 2 CONTEÚDOS .................................................................................................... 29 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 30 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 30 5 BREVE PANORAMA DA HISTÓRIA DO TEATRO OCIDENTAL .......................... 31 6 TEATRO NA ESCOLA ......................................................................................... 38 7 O ENSINO DO TEATRO...................................................................................... 41 8 EXPERIÊNCIA CRIATIVA .................................................................................... 44 9 O TEATRO EM ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ................................. 48 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 49 11 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 50 12 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 50 UNIDADE 2 – POR UMA EDUCAÇÃO MAIS SENSÍVEL 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 51 2 CONTEÚDOS .................................................................................................... 51 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 52 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 53 5 POR UMA EDUCAÇÃO MAIS SENSÍVEL .......................................................... 53 6 O SENTIDO DO APRENDIZADO ....................................................................... 56 7 A ARTE COMO SABER SENSÍVEL ..................................................................... 58 8 CONTRIBUIÇÕES DO TEATRO PARA A FORMAÇÃO DE INDIVÍDUOS AUTÔNOMOS ....................................................................... 65 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 68 10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 68 11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 69 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 69 UNIDADE 3 – O JOGO TEATRAL 1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 71 2 CONTEÚDOS .................................................................................................... 71 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 72 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ..............................................................................73 5 JOGO TEATRAL .................................................................................................. 74 6 UMA EXPERIÊNCIA DE ENCENAÇÃO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR ................. 93 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 97 8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 97 9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 98 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 98 UNIDADE 4 – O ENSINO DO TEATRO PARA CRIANÇAS 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 99 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 99 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 100 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 100 5 CHILD DRAMA .................................................................................................. 101 6 O JOGO COM CRIANÇAS ................................................................................. 103 7 TEXTOS COMPLEMENTARES ........................................................................... 107 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 111 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 111 10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 112 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 112 UNIDADE 5 – O ENSINO DE TEATRO PARA ADOLESCENTES 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 113 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 113 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 114 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 114 5 O ENSINO DE TEATRO PARA ADOLESCENTES ................................................ 115 6 A POSTURA DO EDUCADOR ............................................................................ 116 7 A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES ........................................................................ 118 8 A ESCOLHA DOS TEMAS ................................................................................... 120 9 O TEATRO COMO ARTE DO ENCONTRO ........................................................ 122 10 OS ELEMENTOS TEATRAIS .............................................................................. 126 11 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 133 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 135 13 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 135 14 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 136 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 136 UNIDADE 6 – PLANO DE AULA E CONSIDERAÇÕES FINAIS 1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 137 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 137 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 138 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 138 5 PLANO DE AULA E CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................. 139 6 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO DO EDUCADOR ......................................... 142 7 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................. 143 8 PROPOSTA PEDAGÓGICA DE VIVÊNCIAS TEATRAIS NA FORMAÇÃO DOCENTE .............................................................................. 145 9 REGISTROS E AVALIAÇÕES ............................................................................... 168 10 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 171 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 172 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 173 13 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 173 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 174 Claretiano - Centro Universitário CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O teatro em sala de aula. Uma ferramenta para a educação do sensível. O es- tudo do teatro sob um ponto de vista contemporâneo e crítico por meio dos con- teúdos que compõem a prática teatral: jogos de integração, jogos de confiança, improvisação com e sem palavras. Criação de personagens e montagem de ce- nas teatrais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo ao Caderno de Referência de Conteúdo de Teatro para Educadores! O assunto de que trataremos é fascinante! Iniciaremos nos- sos estudos abordando a importância da disciplina teatral no âm- bito escolar e descobriremos onde o binômio teatro-educação surgiu. Em um segundo momento, abordaremos a educação pelo sensível, mostrando como as atividades teatrais podem auxiliar no desenvolvimento humano de qualquer indivíduo, especialmente em seu processo de formação. © Teatro para Educadores10 Posteriormente, oferecemos a você, futuro educador, o es- tudo de algumas ferramentas que podem ser trabalhadas em ins- tituições de ensino formal e não formal, tais como jogos teatrais e práticas diferenciadas que devem ser adotadas com crianças e adolescentes em sala de aula. Por fim, estudaremos as possibilidades de aplicabilidade do teatro dentro do âmbito educacional e como essa atividade pode ser transformadora, não apenas para quem recebe as aulas de tea- tro (os alunos), mas também para quem as aplica. O teatro é a arte mais viva que existe, pois ela é capaz de renovar o indivíduo que atua no momento presente. Desejamos-lhe boa sorte e muita diversão neste instigante caminho. Bons estudos! 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Prof.ª Ms. Thaís Fernanda Martins Hayek Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu- dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá- sico necessário, a partir do qual você possa construir um referen- cial teórico com base sólida – científica e cultural –, para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Por meio do Caderno de Referência de Conteúdo de Teatro para Educadores, iniciamos nossos estudos pelo universo das ar- tes cênicas. 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Todos nós, um dia, já encenamos ou, ao menos, assistimos a uma peça teatral na escola e sabemos que, por meio do teatro, é possível transmitir conhecimentos a crianças e jovens de manei- ra lúdica. Sendo assim, esteCaderno de Referência de Conteúdo pretende instrumentalizar o educador para uma ênfase maior no processo de aprendizagem do aluno, ao invés dos resultados em si. Por meio dos conteúdos aqui tratados, você será capaz de conhecer, experimentar e avaliar a função do teatro como ins- trumento aplicativo no aprendizado do aluno, devendo utilizar o material didático, para que, munido dos elementos básicos, possa construir a sua própria visão a respeito do assunto em questão e aprender a utilizar o teatro como um instrumento em sala de aula. Para darmos início a este estudo, é necessário, antes, refletir sobre o fato de o teatro, muitas vezes, ser visto pela escola ape- nas como recreação; classificação esta dada por pais, professores e alunos. Portanto, é importante, inicialmente, entender qual é o es- paço que o teatro deve ocupar nas instituições de ensino e como o educador pode se servir dos elementos teatrais na formação do aluno. O binômio teatro-educação não foi uma novidade do século 20; a complexidade desses termos e a sua junção já tinham sido questionadas e consideradas em textos da Antiguidade Clássica por filósofos gregos como Aristóteles e Platão. O papel do teatro na educação escolar passou a ser explo- rado a partir da difusão das ideias do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, que defendia o jogo como fonte de aprendizado e des- tacava a importância da atividade da criança durante o processo educativo. Na metade do século 19, a possibilidade de uma pedagogia estética impulsionou uma maior compreensão sobre o papel que a arte desempenhava em nossa sociedade, e, então, começaram © Teatro para Educadores12 a surgir as primeiras propostas pedagógicas para as artes cênicas; muitas delas foram inspiradas nas pesquisas do artista russo Cons- tantin Stanislavski. Constatin observou que os grandes atores de seu tempo agiam de forma natural e intuitiva, mas não dispunham de nenhum método para registrar os conhecimentos que adquiriam. Devido a isso, ele resolveu, então, desenvolver um sistema para o trabalho do ator que se baseava na premissa de que toda emoção flui in- dependente da vontade – a menos que o ator possa, sobre ela, exercer total controle, assim como ele tem sobre o próprio corpo. Dominando-se emoção e vontade, esta passa a controlar emoções como os movimentos somáticos. Para tanto, são feitos exercícios em que a memória emocional é evocada, os quais Sta- nislavski desenvolveu como ferramenta de ensaio ou técnica de pesquisa. Ao final, há apenas o corpo, sob total controle. A atividade teatral, desde então, passou a ser utilizada como um método bastante efetivo de aprendizagem, estimulando não só a ação cultural, mas também o desenvolvimento de uma cons- ciência cidadã, surgindo, assim, o Movimento da Escola Nova. Esse movimento surgiu como uma iniciativa de alguns inte- lectuais que, percebendo o desenvolvimento industrial e a expan- são urbana, sentiram a necessidade de preparar o país para acom- panhar tal movimento, cujo ponto de partida foi a educação. O Movimento da Escola Nova apoiou-se nas ideias do artista alemão Bertold Brecht, que já tinha desenvolvido uma pedagogia teórica e prática. Definida como peça didática, o teatro passava a ser um jogo de aprendizagem no qual os jogadores ensinavam a si próprios e aprendiam por meio de experimentações e de atitudes focadas em um texto dramatúrgico. Um dos maiores divulgadores do escolanovismo no país foi o educador baiano Anísio Teixeira, que tinha entrado em contato com essas ideias por meio de John Dewey, do Teacher’s College, na 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Columbia University, e por um dos movimentos que rondavam o país, o Manifesto dos pioneiros pela Escola Nova, encabeçado por artistas do movimento modernista. As ideias da Escola Nova abriram a possibilidade de reformu- lação dos programas escolares por meio da inserção de atividades de trabalho livre e atividades lúdicas, como a inclusão de áreas artísticas no currículo escolar, o que possibilitou a introdução de atividades relacionadas à educação física, música, teatro, educa- ção artística, cinema e jogos educacionais. Assim, podemos entender que, ao considerar a Arte como área de conhecimento, a escola está desempenhando um impor- tante trabalho, ou seja, mostrar à criança e ao jovem a importância da Arte. O teatro é a arte do presente, onde acontece uma comunica- ção direta entre o ator e o espectador. No teatro, existe o universo ficcional, em que a vida é inven- tada, reinventada e revisitada quando quiser pelos seus partici- pantes, que criam e recriam o tempo todo, baseados em objetos, fantasias, músicas e histórias; nada precisa ser original, mas tudo precisa ser recriado. A peça Sonho de uma noite de verão, por exemplo, do Pro- jeto Shakespeare para Crianças, feito em Curitiba, pela Cia. do Abração, tem como ideia central proporcionar aos pequenos um primeiro contato com a boa literatura, partindo dos princípios da arte-educação. O texto foi adaptado para o público infantil, a partir da obra de William Shakespeare. Lembre-se de que o objetivo do teatro na escola é oferecer uma vivência teatral que, de alguma forma, estimule um apren- dizado humano, ou seja, é fazer que o indivíduo, por meio da re- presentação, possa se expor, confrontando o seu mundo com o mundo que o rodeia. © Teatro para Educadores14 Desse modo, o teatro na escola deve ter como fim propor- cionar ao aluno a vivência dessa linguagem artística, para que ele possa ter subsídios suficientes para integrá-la ao seu universo cul- tural. A melhor forma de realizar esse trabalho depende do tempo disponível à disciplina. O espetáculo não deve ser uma condição para quem traba- lha com teatro na escola, pois, nem sempre, o tempo é suficiente; nesses casos, devemos reforçar a experiência em sala de aula, por meio de jogos e improvisações. Contudo, se há tempo hábil e desejo dos alunos, é de grande importância concluir um processo de trabalho teatral com aquilo que verdadeiramente caracteriza essa arte: o espetáculo. Este não deve ser apenas visto como um resultado estético em si, mas, sim, como um processo de aprendizagem. O teatro é uma arte coletiva e do tempo presente, por isso, podemos afirmar que a escola é o espaço ideal para o desenvol- vimento dessa linguagem artística. Assim, é fundamental que a escola ofereça aos grupos de crianças e adolescentes um espaço adequado e que possua professores capacitados para trabalharem os elementos inerentes à prática teatral. Atualmente, vivemos em um contexto educacional que, mui- tas vezes, divide o aprendizado, separando o sentir e o pensar. Desde a infância, separamos os saberes: pensamento e sen- sibilidade, raciocínio e trabalhos corporais e prazer e aprendizado. O teatro dentro da escola pode surgir como um espaço para rein- tegrarmos essas partes segmentadas; o corpo em movimento nos jogos e nos exercícios teatrais é pensamento, é uma forma de co- nhecimento fundamental para a vida cotidiana. O teatro, coletivo em sua essência, recupera a dimensão de que somos seres sociais vivendo em comunidades e que, por isso, precisamos do outro, com o qual aprendemos e crescemos. 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo No teatro, há uma série de jogos que trabalham a coordena- ção motora, a expressão individual, o uso não cotidiano do corpo e da voz, a criação de sons diferentes, jogos de imaginação e jo- gos de criatividade. Além disso, ao mesmo tempo em que o teatro trabalha com a conscientização de si, pode contribuir para que o cuidar do nosso próprio corpo adquira importância maior. Na medida em que o teatro trabalha, em médio e longo pra- zos, com encontros regulares, preparando e ensaiando os indiví- duos para apresentarem algo, ele pode contribuir com a capacida- de destes em projetar o futuro. A sensibilidade é a fonte para o ato de imaginar e criar, queé uma necessidade constante da vida do homem. A imaginação está diretamente ligada à sensibilidade; ela é a matéria-prima da arte e a capacidade que difere os seres humanos dos outros animais. É essencial, para possibilitar ao indivíduo o di- reito de escolha, o poder de inventar outras formas de existir, de negar o que está estabelecido e de gerar algo novo. As atividades de teatro-educação pretendem, mais do que formar, transformar indivíduos, por meio do contato com os pró- prios sentimentos, com o próprio corpo, da percepção das histó- rias pessoais de cada aluno, afirmando seu potencial criativo e sua capacidade de tornarem-se, cada vez mais, donos de seus próprios caminhos. O teatro, na condição de arte coletiva, recupera o sentido do res- peito pelo outro, na medida em que precisamos dele para fazer teatro. A riqueza de possibilidades que encontramos no que é dife- rente é um valor que está na contramão de um mundo que tende a marginalizar e excluir os que não se enquadram nele. A afirmação das identidades individuais, justamente a partir da alteridade e da relação com o diferente, é material para o teatro. Outro ponto importante em nossos estudos são os jogos tea- trais. Eles surgiram nos Estados Unidos, na década de 1960, e sua criação é atribuida à diretora norte-americana Viola Spolin, para a © Teatro para Educadores16 qual os jogos teatrais são estruturas operacionais que procuram sintetizar a interpretação teatral dentro da forma de jogos. Cada jogo é construído a partir de um foco específico e de- senvolvido a partir de instruções que levam o jogador a desenvol- ver questões específicas da prática teatral; além disso, ele parte da experiência prática de grupo e do ator, na qual são analisadas suas possíveis experiências. Seu método propõe que o teatro seja feito por qualquer pessoa que possa aprender a atuar e ter uma experiência criativa por meio do teatro, afirmando que este não tem nada a ver com talento. Os jogos teatrais são fortemente fundamentados nas técni- cas de interpretação de Stanislavski e Brecht. Mas como se constrói o jogo teatral? Para trabalhar com os jogos, é necessário que o educador mergulhe nos referenciais culturais, nos preceitos religiosos e no repertório de jogos tradicionais que fazem parte da vida de cada um dos participantes. A aplicação múltipla dos jogos teatrais traz a possibilidade de sua própria evolução como método. Nesse contexto, Viola Spolin (2001, p. 20) acrescenta que: Jogos teatrais, experimentados em sala de aula, devem ser reco- nhecidos não como diversões que extrapolam necessidades curri- culares, mas sim como suportes que podem ser tecidos no coti- diano, atuando como energizadores e/ou trampolins para todos. Inerente a técnicas teatrais são comunicações verbais, não-verbais, escritas e não escritas. Habilidades de comunicação, desenvolvidas e intensificadas por meio de oficinas de jogos teatrais com o tempo abrangem outras necessidades curriculares e a vida cotidiana. O mais importante é despertar no jogador o interesse de explorar as diversas formas de fazer, e não a busca pela resposta correta. Existem infinitas possibilidades de jogos, cada uma com um objetivo determinado; por exemplo: integração, escuta, confiança, criação de imagem, sensibilidade, explorações sonoras, ativação 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo dos cinco sentidos, percepção, contação de histórias, coordenação motora, dinâmica com objetos, observação, improvisação, entre outras. O ensino de teatro para crianças Antes de falarmos sobre o ensino de teatro para crianças, precisamos inseri-lo como forma de expressão para esse público, pois é necessário compreender e refletir sobre o universo infantil e as possibilidades de jogo para crianças. Quando observamos o universo infantil, percebemos que o jogo dramático é parte vital na vida da criança; não se trata de um estímulo sugerido por alguém, como no caso dos jogos teatrais, mas, sim, de um direito que se faz necessário, que acontece por instinto e que deveria ser, ao mesmo tempo, respeitado e desen- volvido. O curta-metragem Vincent (1982), de Tim Burton, é um bom exemplo da relação de sensibilidade, imaginação e criação no uni- verso infantil; nele, há duas maneiras de jogo dramático, isto é, o projetado e o pessoal. No primeiro momento do filme, as crianças brincam com os objetos e fazem-nos criar vida; no segundo, elas transformam-se em pessoas, animais ou coisas imaginadas. Todas as crianças, sem exceção, são criativas. Elas podem, por exemplo, “transformar” uma sala de aula em muitos lugares: montanhas, florestas, parques de diversão, castelos etc.; fazer ca- deiras virarem barcos e carros e algumas partes de fantasias (cha- péus, saias, fitas, entre outras) tornarem-se “personagens” quan- do utilizadas. Quando o jogo teatral é praticado por crianças nessa faixa etária, o educador deve trabalhar com as respostas delas, acei- tando-as de forma que o tema principal da atividade teatral seja a criação. As invenções de jogos também são bem- vindas, pois, nesses momentos, as crianças compartilham, muitas vezes, seus segredos pessoais. © Teatro para Educadores18 O ensino de teatro para adolescentes Ao trabalhar teatro com adolescentes, é necessário atentar- mos para o significado da adolescência, tendo em vista que esse conturbado período de transição da infância para a vida adulta, de transformações físicas, emocionais e sociais, de morte e renasci- mento, em que um tanto de coisas se perde e outro tanto se ganha. Dessa forma, entender as mudanças que caracterizam a ado- lescência é essencial para o professor que pretende trabalhar com jovens, os quais passam por esse período “singular” da vida. Dentre as coisas que se perdem nesse processo, estão a ino- cência com relação ao mundo e aos outros; os amigos de infân- cia, que, muitas vezes, se afastam; a espontaneidade de dizer o que se pensa e sente, sem preocupação com os julgamentos dos outros; as brincadeiras; e, especialmente, a sensação de proteção dos adultos. Em contrapartida, dentre as coisas que se iniciam, estão a responsabilidade e o planejamento para o trabalho ou para os es- tudos; a necessidade de dinheiro para comprar roupas, passear com os amigos; a capacidade de discernimento, de ter opiniões próprias sobre o mundo e sobre as atitudes alheias; a capacidade de enfrentar desafios sozinhos; as intensas e rápidas transforma- ções físicas; a sexualidade e todas as questões e inseguranças li- gadas aos adolescentes; e, ainda, a necessidade de aceitação pelo grupo e pelos amigos. O trabalho com o teatro, nessa fase da vida, pode surgir como um espaço de encontro diferenciado e de ressignificação dos valores encontrados no cotidiano dos adolescentes, isto é, lugar de encontro em um mundo que prima pelo individualismo e espaço de afetos com estímulo para processos criativos em um mundo que privilegia a ausência de vínculos e a padronização dos com- portamentos. Os jogos e trabalhos criativos apresentam-se como exercícios de elaboração e expressão de pontos de vista sobre o mundo. 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Nesse período da adolescência, em que todos os referen- ciais estão sendo reconstruídos, os jovens precisam testar, o tem- po todo, seus novos limites; e colocar limites, mesmo que estes gerem reações de desconforto nos alunos, em médio prazo, trará a eles sensação de segurança. O limite é uma forma de amor e cria um espaço de acolhimento diferenciado; logo, definir as regras do espaço e das aulas e respeitar essas regras é fator determinante para isso. A adolescência, período de transição para a vida adulta, é um terreno fértil para plantarmos as sementes do adulto que virá. Portanto, a escolha do tema ou texto a ser desenvolvido com os alunos representa um momento importante; por isso, é impor- tante conhecer a turma, para que essa escolha estejaem sintonia com o grupo e com o desejo dos alunos. Os estímulos para a criação das cenas podem surgir de te- mas levantados em conversas, músicas, fatos acontecidos, vistos ou vividos pelos alunos, poesias, reportagens de jornal, contos, frases, enfim, de qualquer lugar! Você, como professor, poderá usar a imaginação e criar infinitas maneiras de estimular a criação. O teatro é a arte do encontro, uma vez que não se faz teatro sozinho: é preciso a presença de quem assiste para se efetivar a cena teatral. É, pois, na construção coletiva que está a grande difi- culdade e o grande prazer de fazer teatro. O prazer do fazer teatral, isto é, o prazer de descobrir o pró- prio corpo, de despertar sensibilidades adormecidas, de viver no- vas relações, de abrir-se para o encontro, de imaginar e inventar outros mundos possíveis, de exercitar a criatividade e a capacida- de de ler e interpretar o mundo, de divertir-se com sonoridades e movimentos surpreendentes, é fundamental para as atividades que estão sendo mencionadas neste Caderno de Referência de Conteúdo. © Teatro para Educadores20 Em suma, tudo o que caracteriza o trabalho com o teatro deve ser entendido de maneira lúdica e prazerosa, mostrando que é possível unir coisas que, às vezes, parecem distintas: sensibilida- de e razão, corpo e pensamento, trabalho e prazer, aprendizado e diversão, crescimento sem ter, necessariamente, a dor. Chegamos ao final da Abordagem Geral de Teatro para Edu- cadores. Esperamos ter despertado em você a vontade de ler mais sobre o assunto e fazer teatro. Bons estudos! Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Comédia: as Comédias Gregas, além da função de di- vertir a população que se posicionava no Théatron, criticava autoridades da época de forma criativa, en- volvendo sempre, como afirma Aristóteles, alguns tipos de erros ou feiúras que não causavam dor ou desastre. O principal autor das comédias foi Aristó- fanes. 2) Ditirambo: deu origem ao teatro grego antigo. Diti- rambo eram hinos em homenagem à Dionísio, deus do vinho, da fertilização e do teatro. 3) Elementos teatrais: são as partes que compõem o todo da arte teatral: texto, cenografia, figurino, ilu- minação, maquiagem, sonoplastia, adereços, perso- nagens/atuação, plateia etc. 4) Jogo: uma ação que propicia o envolvimento e a li- berdade pessoal de um coletivo com regras, tempo e espaço estabelecidos. 5) Jogos teatrais: surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960, quando novas formas de teatro se tornaram 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo independentes das convenções dos shows business (grandes produções da Brodway). Viola Spolin (2001) sistematizou os jogos teatrais para o desenvolvimen- to de habilidades de concentração e para a resolução de problemas, estimulando a participação e integra- ção dos grupos, interligando os objetivos propostos à intenção de cada um dos participantes, levando em consideração as diversidades existentes. 6) Jogo dramático infantil: Peter Slade, que foi pioneiro no campo do teatro para crianças, desenvolveu um conceito sobre jogo dramático infantil que ele defi- niu de “child drama”, ou drama Infantil. Tal conceito é “[...] uma forma de expressão que diz respeito à natureza humana inteira. As crianças tornam-se con- fiantes e obedientes usando o drama e os adultos, sábios, observando-os, podem ver até onde uma criança chegou na vida” (SLADE, 1978, p. 25). Exis- tem duas maneiras de jogo dramático: o projetado e o pessoal. No primeiro, as crianças brincam com os objetos e os fazem criar vida; no segundo, elas transformam-se em pessoas, animais ou coisas ima- ginadas. 7) Lúdico: do latim “ludus”, que significa “brincar”, “jo- gar”, “divertir-se”, tratado neste Caderno de Referên- cia de Conteúdo com o sentido de prazer, da mesma emoção do brincar, porém, com intencionalidade, diversões com funções, com propostas definidas na construção do conhecimento. 8) Sensibilidade: conjunto de sensações e sentimentos; nosso modo de experimentar e demonstrar o que sentimos. 9) Teatro-educação: campo de estudo do Teatro liga- do à educação. Segundo Japiassu (2001, n. p.), “[...] o papel do teatro na educação escolar passou a ser explorado a partir da difusão das idéias do filósofo Jean-Jacques Rousseau, que defendia o jogo como fonte de aprendizado e destacava a importância da atividade da criança durante o processo educativo”. © Teatro para Educadores22 10) Théatron: palavra de origem grega usada para deno- minar o “lugar de onde se vê”; auditório dos teatros antigos. 11) Tragédia: um drama; oriunda da combinação das palavras gregas “tragos” (bode) com “odé” (canto), que resultou em “tragoidia” (canções dos bodes). Os principais autores das tragédias são: Sófocles, És- quilo e Eurípides. Aristóteles definia a tragédia como uma imitação representada e não narrada, por meio da piedade, do horror e da compaixão, a qual tem como resultado à catarse dessas emoções. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito deste Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 23 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponívelem: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon- ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). © Teatro para Educadores24 ARTES Teatro Educação Teatro-educação Raciocínio Jogos Jogos Jogos Teatrais Produção C Indivíduos Autônomos Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave – Teatro para Educadores. Como você pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir 25 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo o seu processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, o concei- to “teatro-educação” implica em conhecimentos anteriores sobre a história do teatro como área de conhecimento; sem o domínio conceitual desse processo explicitado pelo Esquema, pode-se ter uma visão confusa da temática do ensino do teatro no contexto es- colar proposta por vários autores apresentados no decorrer desta apostila. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de teatro para educadores, pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será disser- tativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. As questões de múltipla escolha são as que têm como respos- ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res- posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. © Teatro para Educadores26 Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui- lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce- bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. 27 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JAPIASSU, R. Metodologias do ensino de teatro. Campinas: Papirus, 2001. SLADE, P. O jogo dramático infantil. São Paulo: Summus, 1978. SPOLIN, V. Improvisação para o teatro. 4. ed. Tradução de Ingrid Koudela e Eduardo Amos. São Paulo: Perspectiva, 2001. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D O Teatro e a Escola 1. OBJETIVOS • Conhecer a história do teatro ocidental. • Identificar o surgimento do teatro na instituição escolar. • Conhecer historicamente a trajetória das atividades tea- trais na formação escolar. • Identificar e compreender o teatro como área de conhe- cimento. • Conhecer algumas ferramentas para identificar a melhor maneira de inserção das práticas teatrais em sala de aula. 2. CONTEÚDOS • A entrada do teatro na instituição escolar. • A formação do arte-educador. • Teatro na sala de aula. • Teatro: a arte do presente. © Teatro para Educadores30 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) É importante que você atente ao conceito de “teatro”, o qual se originou na Grécia Antiga: “uma obra de arte social e comunal”, uma multidão que se reunia para par- ticipar ativamente de um ritual. A partir desse conceito, você poderá compartilhar de ideias e conhecimentos para entender todo o processo de inserção do teatro na educação escolar. 2) No livro História mundial do teatro, de Margot Berthold (2001), você poderá acompanhar todas as etapas da his- tória do teatro, desde o período primitivo até as grandes experimentações que trouxeram novas formas de fazer, sentir e estudar o teatro. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Para darmos início aos estudos de Teatro para Educadores, é necessário antes conhecermos um pouco da história do teatro e depois refletirmos sobre o fato de o teatro, muitas vezes, ser visto na escola como recreação, ou seja, como atividade supérflua e de lazer. Tal classificação é dada pelos próprios pais, professores e alunos. O teatro na educação é um campo de estudo considerado novo no Brasil, que investiga os aspectos teóricos e práticos da área teatral no processo de ensino e aprendizagem nas institui- ções educacionais: formal ou informal. É importante primeiramente entender qual é o espaço que o teatro deve ocupar nas instituições de ensino e como o educador pode se servir dos elementos teatrais na formação do aluno, no processo de aprendizagem e no desenvolvimento crítico, criativo e sensível. 31 Claretiano - Centro Universitário© U1 - O Teatro e a Escola Assim, nesta primeira unidade, conheceremos a relação tea- tro-escola, veremos pontos principais sobre a entrada do teatro na escola e o papel que o professor desempenha na trajetória pessoal e profissional do aluno. Além disso, veremos como se dá o conhe- cimento por meio da arte. Bons estudos! 5. BREVE PANORAMA DA HISTÓRIA DO TEATRO OCI- DENTAL A origem do teatro acompanha a evolução humana. O uso de máscaras, as imitações e os rituais religiosos formaram a base para o que foi denominado, a partir do século 6 a.C., de theatron, vocábulo grego que significa “lugar aonde se vai para ver”. Os gregos participavam ativamente dos rituais sagrados em homenagem a Dionísio, o deus do vinho, da embriaguez e da ferti- lidade. Depois, com o aparecimento da tragédia e da comédia, ele tornou-se, também, o deus do teatro. Veja, na Figura 1, a representação do deus Dionísio. Figura 1 Dionísio. © Teatro para Educadores32 Essas festas, isto é, rituais religiosos conhecidos por ditiram- bos, aconteciam na primavera, período da colheita das uvas e da preparação do vinho, e duravam dias, com muitas comemorações, danças, recitações e cantos. O aprimoramento dessas procissões se deu quando surgiu o primeiro ator grego: Téspis. Este foi um moço corajoso que, com o uso de uma máscara e de uma túnica preta, ousou, pela primeira vez, representar o outro, interpretar um deus, Dionísio, dando o impulso inicial para a função de ator. Téspis foi um protagonista de diálogos que deu origem à arte de representar que conhecemos hoje. Vários teatros foram construídos ao ar livre nessa época, ten- do como suporte as montanhas e as colinas, que favoreciam a boa acústica do ambiente. Como exemplo, podemos citar o Anfiteatro de Epidauro (Figura 2), um dos maiores de seu tempo. Figura 2 Antigo teatro na Grécia Antiga – Epidauro. A multidão reunia-se no grande semicírculo do theatron para participar como plateia ativa dos grandes espetáculos, que duravam dias. Muitas peças foram escritas e encenadas, sendo os gêneros do drama teatral a tragédia e a comédia; seus principais autores foram Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes. Os temas da tragédia estavam ligados à religião, e os da comédia, voltados aos costumes, inspirados na vida do povo de Atenas. O teatro romano O teatro romano foi desenvolvido nos moldes do teatro gre- go, mas exagerou-se na brutalidade de alguns espetáculos apre- 33 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola sentados, na obscenidade, nos jogos de gladiadores, nas lutas de animais; nas arenas, reuniam-se multidões, que aplaudiam os campeões ou os atores de mimos e de pantomimas. Assim, “[...] era muito mais um show business organizado do que um lugar de- dicado às artes” (BERTHOLD, 2001, p. 140). A Igreja cristã, não satisfeita com o politeísmo herdado dos gregos e com as comédias apresentadas, resolveu proibir as ence- nações, tornando o teatro uma prática pagã e deixando-o extinto por muito tempo. Em algumas pesquisas sobre a história mundial do teatro, consta que, no século 6 d.C., houve a última apresenta- ção de um espetáculo. Observe, na Figura 3, a representação do teatro romano de Emerida Augusta (Mérida). Figura 3 Teatro romano de Emerida Augusta (Mérida). © Teatro para Educadores34 O teatro na Idade Média Na Idade Média, o renascimento do teatro deu-se, parado- xalmente, pela própria Igreja, com a intenção de convencer ho- mens e mulheres da existência de um único Deus. Do século 10 ao início do século 15, houve encenações dos ciclos bíblicos com temas da Páscoa e da Paixão que aconteciam no interior das igre- jas, sendo representadas não por atores, mas por pessoas comuns. Como as encenações se tornaram cada vez mais longas, foi preciso mais espaço, então, o teatro voltou às ruas das cidades, das al- deias, tornando-se de cunho popular. O teatro desenvolvido nesse período utilizou-se de muitos elementos usados no teatro hoje, como maquiagem, que substi- tuiu a máscara, iluminação para efeitos de aparições de santos, anjos, além de figurinos de luxo e cenários multicoloridos. De acordo com Berthold (2001, p. 185): O teatro na Idade Média é tão colorido, variado e cheio de vida e contrastes quanto os séculos que acompanha. Dialoga com Deus e o diabo, apóia seu paraíso sobre quatro singelos pilares e move todo o universo com um simples molinete. O teatro na Renascença Na Renascença, houve um rompimento com as práticas me- dievais. O teatro, aos poucos, saiu do domínio da Igreja e ressurgiu dos clássicos, imitando os modelos gregos e romanos. Na Itália do século 16, surgiu o teatro conhecido como com- media dell’ arte, que muito colaborou para o teatro moderno, realizando uma prática coletiva com textos improvisados, cujos personagens eram sempre estereotipados: Colombina, Pantalone, Polichinelo, Arlequim e o Capitão Matamoros. Nessa época, no teatro considerado tradicional, havia duas correntes distintas no que diz respeito à preparação do ator e à encenação: uma era ligada à arte do bem falar e bem dizer, que era a arte do declamador e das narrativas, na qual a estrutura teatral 35 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola era o texto e os clássicos bem escritos; a outra corrente, commedia dell’ arte, condenava a arte de declamar e iniciava a do intérprete, que, a partir das interpretações, chegava ao texto, inspirando teó- ricos e teatrólogos na busca por novas formas de atuação. Veja, na Figura 4, a representação de uma companhia de teatro. Figura 4 Companhia I Gelosi? (1580 d.C.). O teatro no Naturalismo O teatro no Naturalismo passou a reproduzir no palco a reali- dade da vida humana, buscando sua essência e reprodução exata, e não mais a ficção. O principal encenador de peças naturalistas na França foi An- dré Antoine (1858-1943). Em seu teatro livre, esse ator vivia a ação cênica e não representava; os gestos, a voz eram os mesmos da vida diária. Ele criou a quarta-parede, ou seja, uma cortina invisí- vel entre atores e plateia, sendo essa última ignorada na estrutura teatral. Os atores atuavam de perfil, de costas, sem a tradicional interpretação frontal. © Teatro para Educadores36 Outro grande colaborador, um dos mais conhecidos no Bra- sil, foi Constantin Stanislavski (1863-1938), que sistematizou um teatro na Rússia contra os princípios tradicionais do artificialismo, dos movimentos fáceis, dos clichês, para experimentar um teatro com exatidão histórica, com composições dos personagens, a par- tir do desencadeamento de emoções verdadeiras, sem truques, levando os atores e a plateia a confundirem o que viam com a pró- pria vida. O teatro no Simbolismo O teatro no Simbolismo surgiu no fim do século 19, com o intuito de combater as modas naturalistas, as realistas em voga. Os representantes comportavam-se como literatos que queriam um teatro invisível, dando ênfase à poesia pura. O corpo dava espaço aos mistérios da alma, ficando quase estatizado. Esse movimento se traduziu em experiências para artistas de várias artes e em am- bientes de convívio social, como casas de café. O teatro no Expressionismo O teatro no Expressionismo consistiu-se em outra forma de reação ao teatro naturalista, apresentando o comportamento de toda uma geração no pós-guerra, principalmente na Alemanha. Podemos citar, como exemplo, o teatrólogo e encenador Bertolt Brecht (1898-1956), que questionou o conceito de “teatro traba- lhado”, em especial no Expressionismo, e concentrou a atenção em um tipo de teatro que educasse e formasse a geração do ama- nhã a partir de temas sociais, como a inflação, a guerra, a família e a religião. Brecht adotou o teatro épico, que narra uma situação já ocorrida, não sendo um teatro de ilusão com histórias de amor e final feliz. No teatro épico, as cenas são fragmentadas e dialoga-se com o espectador, sem surpresas. O ator, nesse tipo de teatro, é uma testemunha, narrandouma situação sem sentimentalismo, apenas com descrições históricas e distanciamento. 37 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola O teatro contemporâneo O teatro contemporâneo configura-se de várias formas e es- tilos, especialmente na volta das ideias de companhia, de coletivo, de trabalho, com objetivos comuns, buscando novas formas de en- cenações, de relacionamento com o espectador, sem a hierarqui- zação do autor, encenador, ator e espectador. Dessa forma, todos participam da concepção do trabalho cênico. No que diz respeito ao ator, a autora Odette Aslan (2003, p. 346) destaca que: Ator continua sendo aquele que propõe essa troca, que dá ao ou- tro, que recebe e se oferece de novo, qualquer que seja sua men- sagem. Ator-poeta, trovador falando ou cantando, veremos sem dúvida por muito tempo ainda nas estradas esse eterno sonhador para quem o prazer de atuar se confunde com o prazer de viver, para quem o mal de viver se traduz pela dor que se canta e repar- tindo o que se encanta. A chegada do teatro no Brasil Os jesuítas, em 1549, iniciaram um trabalho no Brasil de con- versão, isto é, de catequização dos índios, por meio da linguagem teatral. Para tanto, aproveitaram-se das riquezas já existentes, dos costumes e de acessórios como máscaras e plumagens para mon- tar produções teatrais, com a finalidade de aproximação. Com a vinda da família real para o Brasil, várias mudanças e melhorias ocorreram, dentre elas, o Decreto de 28 de maio de 1810, que estimulava a criação de vários teatros. Mas, somente com o João Caetano, deu-se o primeiro passo para a criação de um teatro nacional, acabando com o absolutismo das companhias portuguesas de teatro que vinham para o Brasil. Após esse período, vários tipos de teatro foram vivenciados e encenados em nosso país. Conforme afirma Peixoto (1983, p. 67): São infindáveis as tendências do teatro contemporâneo. Há uma permanência do realismo e, paralelamente, uma contestação do © Teatro para Educadores38 mesmo. As tendências muitas vezes são opostas, mas freqüente- mente se incorporam umas as outras. Na segunda metade do século 20, no âmbito da educação, chamou atenção de estudiosos, professores e alunos a inserção do teatro na educação. 6. TEATRO NA ESCOLA O binômio teatro-educação não foi uma novidade do século 20. A complexidade desses termos e a sua junção já tinham sido questionadas em textos da Antiguidade Clássica. Filósofos gregos, como Aristóteles e Platão, e romanos, como Horácio e Sêneca, já haviam produzido escritos tecendo observações a respeito da pos- sível ligação entre teatro e educação. Nesse contexto, Santana (2000, p. 22-23) comenta que: Contudo, desde Aristóteles tem-se pensado muito sobre o poten- cial reflexivo que permeia o fazer e o fruir, o pensar e o sentir con- tidos na arte dramática. A palavra drama vem de dromenon, refe- rindo-se à ação, ao passo que teatro, vocábulo que também veio do grego, significa lugar de onde se vê. Essa capacidade de ver-se em ação, criticando e apreciando seus próprios gestos e atitudes, constituiu-se num recurso vital para o processo de humanização da natureza e, sendo inerente à atividade artística, tem implicações ontológicas no campo da educação. A possibilidade de uma pedagogia estética impulsionou uma maior compreensão sobre o papel que a arte desempenha em nossa sociedade, e, na metade do século 19, começaram a surgir as primeiras propostas pedagógicas para as artes cênicas. Muitas dessas propostas foram inspiradas nas pesquisas do artista russo Constantin Stanislavski, que desenvolveu um sistema para o traba- lho do ator. Posteriormente impulsionadas pelos progressos vin- dos da área de Psicologia da Educação, inspirados em Rousseau, Pestalozzi, entre outros, surgiram outras propostas de pensadores como Piaget e Vygotsky, que passaram a ver o indivíduo como um ser em desenvolvimento e que, quando estimulado, é capaz de amadurecer suas potencialidades criativas e sensíveis. 39 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola Observe a afirmação de Japiassu (2001, p. 18): De acordo com Courtney, o papel do teatro na educação escolar passou a ser destacado só a partir da difusão das idéias de uma educação “pedocêntrica”, inspirada no pensamento filosófico e educacional de Jean-Jacques Rousseau. Nessa trajetória em que a atividade teatral foi utilizada como um método bastante efetivo de aprendizagem, estimulando não só a ação cultural, como o desenvolvimento de uma consciência cidadã, começaram a ser apresentadas ideias e métodos de apren- dizagem calcados no Movimento da Escola Nova. Esse movimento surgiu como uma iniciativa de alguns inte- lectuais que perceberam a necessidade de preparar o país para acompanhar o desenvolvimento industrial e a expansão urbana, sendo o ponto de partida a educação. O Movimento da Escola Nova apoiou-se nas ideias do artista alemão Bertolt Brecht, que já tinha desenvolvido uma pedagogia teórica e prática, por ele definida como Peça Didática. Na proposta da Peça Didática, o teatro passava a ser um jogo de aprendiza- gem, no qual os jogadores ensinavam a si próprios e aprendiam por meio de experimentações e de atitudes centralizadas em um texto dramatúrgico. Vale destacar que –––––––––––––––––––––––––––––––––––– Uma das expressões mais utilizadas de Bertolt Brecht, e que foi adotada pe- los autores vinculados à Escola Nova, foi o termo “learning play”, que significa “aprender fazendo”. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Se, na Europa e nos Estados Unidos, os princípios que regiam a Escola Nova tomaram dimensão no início do século 20, no Brasil, esse movimento só se tornou intenso nos anos 1930 e 1940. Um dos maiores divulgadores do escolanovismo no país foi o educador baiano Anísio Teixeira, que tinha entrado em contato com essas ideias por meio de John Dewey do Teacher’s College, da Columbia University, e por um dos movimentos que rondavam o país, o Manifesto dos pioneiros da Escola Nova, encabeçado por © Teatro para Educadores40 artistas do Movimento Modernista. Dentre eles, destacam-se Ani- ta Malfatti e Mário de Andrade, que já produziam textos destacan- do a importância da arte infantil em jornais da época. O Movimento da Escola Nova não se referia a um só tipo de escola ou sistema didático determinado, mas a todo um conjunto de princípios que tendiam a rever as formas tradicionais de ensino. Até o século 19, os educadores preocupavam-se com os fins da educação, mas, com o surgimento do escolanovismo, o foco pas- sou a ser o processo de aprendizagem. Com base nessa trajetória de estratégias criadas pela Escola Nova, a pesquisadora de arte e educação Koudela (1992, p. 18) defende a ideia de que: A pedagogia contemporânea leva em conta a natureza própria da criança e apela para as leis da constituição psicológica do indivíduo e de seu desenvolvimento. A idéia evolucionista do desenvolvimento infantil e o fato de que a mente da criança é qualitativamente dife- rente da mente adulta, desenvolvida anteriormente por Rousseau e articulada por Pestalozzi e Froebel, considera a infância como es- tado de finalidade intrínseca e não só como condição transitória, de preparação para a vida adulta. Institui-se assim o respeito à criança, à sua atividade pessoal, aos seus interesses e necessidades. As ideias da Escola Nova possibilitaram a reformulação dos programas escolares, por meio da inserção de atividades de traba- lho livre e lúdicas, com a inclusão de áreas artísticas no currículo escolar, tais como educação física, música, teatro, educação artís- tica, cinema e jogos educacionais. Assim, quando nos referimos à inserção da disciplina Teatro nas escolas de ensino formal, devemos ter consciência de que, nes- se novo modo de pensar a educação, incitado pela Escola Nova, se acreditava no desenvolvimento natural da criança, de forma que o professor passou a atuar como um guia, umaespécie de orienta- dor. Isso quer dizer que, na prática, o professor não devia ensinar teatro, mas libertar a criatividade da criança, fornecendo-lhe um ambiente propiciador de iniciativa, contribuindo, com isso, para o desenvolvimento da autonomia dos alunos. 41 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola Contudo, devemos pensar essa autonomia não como ma- nifestações espontâneas, mas como potencial criativo da criança, que é capaz de criar e recriar a partir de estímulos exteriores e interiores. A autora e diretora teatral norte-americana Viola Spolin (1906-1994) foi uma das grandes responsáveis por esse movimen- to, que visava à iniciativa espontânea dos participantes em suas oficinas teatrais. Influenciada por Stanislavski e Brecht, ela desen- volveu um sistema de jogos teatrais e improvisacionais que já foi publicado em diversos livros, todos já editados no Brasil, os quais influenciam e orientam, até hoje, uma geração de artistas e pro- fessores de arte. Na Unidade 3, veremos mais detalhes sobre o sistema de- senvolvido por Viola Spolin. Assim, ao considerar a arte como área de conhecimento, a escola está desempenhando um importante trabalho: mostrar à criança e ao jovem a importância da arte. 7. O ENSINO DO TEATRO O teatro é a arte do presente, e o cinema é a arte do tempo. Não se pode reproduzir o teatro que foi visto ontem, nem hoje, nem amanhã; já um filme que foi produzido há 20 anos pode ser visto hoje exatamente como ele foi produzido. No teatro, o que acontece é uma comunicação direta entre o ator e o espectador. No teatro, existe o universo ficcional, em que a vida é inven- tada, reinventada e revisitada pelos seus participantes, que criam e recriam o tempo todo, com base em objetos, fantasias, músicas e histórias. Nada precisa ser original, mas tudo precisa ser recria- do. Ao brincarmos de refazer, lembramos, refletimos e damos nos- sa opinião, ou seja, revemos nossas posições diante da vida. © Teatro para Educadores42 Nessa realidade ficcional, criamos e representamos perso- nagens e, dessa maneira, podemos experimentar o cotidiano de outras pessoas, além de desenvolver histórias, reais ou metafóri- cas, que falem de nós, de amigos, de parentes ou, até mesmo, de nosso país. Ao colocarmo-nos no papel do outro, é possível que nos conheçamos melhor e que percebamos melhor as pessoas à nossa volta, com isso, podemos aprender muito com as diferenças, ao invés de tentar ignorá-las ou afastá-las de nós. Vale destacar que –––––––––––––––––––––––––––––––––––– Por meio da arte de representar os outros, podemos refletir sobre o papel que ocupamos no mundo. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Desse modo, qual seria o objetivo da inserção do teatro na estrutura escolar? Formar atores, cenógrafos, diretores, figurinis- tas? Se você pensou dessa forma, acredite, seu conceito pode es- tar equivocado. O objetivo do teatro na escola não é formar ato- res, cenógrafos, diretores e figurinistas, mas, sim, oferecer uma vivência teatral que, de alguma forma, estimule um aprendizado humano, ou seja, fazer que o indivíduo, por meio da representa- ção, possa se expor, confrontando o seu mundo com o mundo que o rodeia. Para complementar o estudo desta unidade, leia o texto a seguir, extraído dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do ensino de Arte para o Ensino Fundamental. Objetivos gerais do teatro no Ensino Fundamental –––––––– II Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs Ao longo dos terceiro e quarto ciclos espera-se que o aluno seja capaz de: • Compreender o teatro em suas dimensões: artística, estética, histórica e socio- lógica. • Compreender os conflitos na organização dos papéis sociais, em relação aos gêneros (masculino e feminino) e contextos específicos como etnias, diferen- ças culturais, de costumes, crenças e hábitos, para a construção da linguagem teatral. • Improvisar com os elementos da linguagem teatral. • Pesquisar e otimizar recursos materiais disponíveis na própria escola e na comu- nidade como prática das atividades. 43 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola • Desenvolver e empregar vocabulário adequado para a apreciação e caracteriza- ção dos próprios trabalhos, dos trabalhos de colegas e de profissionais do teatro. • Acompanhar, refletir, relacionar e registrar a produção teatral realizada na escola e na comunidade e as diferentes manifestações dramáticas veiculadas pelas mídias. • Reconhecer a prática do teatro como tarefa coletiva de desenvolvimento da soli- dariedade social e, ao participar da atividade teatral na escola, estabelecer rela- ção de respeito e compromisso com o trabalho de todo o grupo e com o próprio trabalho. • Conhecer sobre as profissões e seus aspectos artísticos, técnicos e éticos, e sobre os profissionais do teatro. • Conhecer a documentação existente nos acervos e arquivos públicos sobre o teatro e sua história. • Conhecer e distinguir diferentes momentos da história do teatro brasileiro e uni- versal, os aspectos estéticos predominantes, a tradição dos estilos e a presença dessa tradição na produção teatral contemporânea. • Conhecer a documentação existente nos acervos e arquivos públicos sobre o teatro, sua história e seus profissionais. • Acompanhar, refletir, relacionar e registrar a produção teatral construída na es- cola, a produção teatral local, as formas de representação dramática veiculadas pelas mídias e as manifestações da crítica sobre essa produção. • Estabelecer relação de respeito, compromisso e reciprocidade com o próprio trabalho e com o trabalho de colegas na atividade teatral na escola. • Conhecer sobre as profissões e seus aspectos artísticos, técnicos e éticos, e sobre os profissionais da área de teatro. • Reconhecer a prática do teatro como tarefa coletiva de desenvolvimento da soli- dariedade social (BRASIL, 1998, p. 90-91). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– No entanto, é preciso tomar cuidado com o modo de inserir a linguagem teatral na escola, pois, por se tratar de uma atividade interativa e prática, que se realiza diante do outro, o teatro pode ser alvo de grandes constrangimentos, tanto para a criança quanto para o adolescente, se não lhe for atribuída a devida seriedade. Assim, devemos evitar que o aluno seja alvo de gozações, risos e piadas durante a realização dos exercícios. O educador deve mostrar aos participantes que é necessário que todos se sintam confortáveis para criar e se colocar em cena; para tanto, é preciso colaboração mútua entre os alunos. Como sabemos, ainda hoje, o teatro é encarado como algo pouco sério, que não pode ser visto como uma escolha profissional futura. Mas, independentemente disso, o teatro pode contribuir © Teatro para Educadores44 para o desenvolvimento do aluno por meio do aprendizado da vi- vência em grupo, da criação coletiva e da troca de diversos pontos de vista. O professor que vai trabalhar a lógica teatral no Ensino Fun- damental e Médio tem a responsabilidade de intermediar a rela- ção do aluno com as tantas profissões existentes, que poderão ser escolhidas por este no futuro. Além disso, o professor deve pensar que, por meio de suas aulas, poderá contribuir para a formação de um público para as artes cênicas, o que também é muito importan- te no desenvolvimento humano dos alunos. Além de estimular os alunos a assistirem a um espetáculo de teatro, o professor deve traçar algumas considerações que os estimulem à reflexão sobre essa experiência, avaliando o que as- sistiram. Portanto, na escola, o teatro deve ter o objetivo de propor- cionar ao aluno a vivência dessa linguagem artística, para que ele possa ter subsídios suficientes para integrá-la ao seu universo cul- tural. Nas próximas unidades, veremos uma metodologia teatral direcionada para públicos distintos, como crianças e adolescentes, exemplificada por meio de diversos elementos. 8. EXPERIÊNCIA CRIATIVAUma vez que já entendemos a importância da inclusão do teatro na escola formal, devemos organizar, agora, a melhor forma de realizar esse trabalho. Neste primeiro momento, vamos refletir sobre uma questão relacionada à experiência criativa: a montagem de um espetáculo no espaço escolar. O espetáculo não deve ser uma condição para quem traba- lha com teatro na escola, pois nem sempre o tempo cedido a essa 45 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola atividade é suficiente para o desenvolvimento de um trabalho sé- rio a ser apresentado para um determinado público. Nesses casos, deve-se reforçar que a experiência em sala de aula por meio de jogos e improvisações é, às vezes, mais interessante e mais provei- tosa do que ter de realizar uma apresentação teatral em determi- nada circunstância comemorativa só para justificar a presença do teatro. Contudo, se há tempo hábil e desejo dos alunos, professo- res e instituição, é importante concluir um processo de trabalho teatral com o que verdadeiramente caracteriza essa arte: o espe- táculo. Este espetáculo não deve ser o único objetivo do teatro na escola, pois pode gerar uma grande expectativa sobre a capacida- de artística do aluno, sobre seu talento e, até mesmo, estimular uma competitividade entre eles. Em contrapartida, por meio da apresentação do espetáculo, permitimos ao aluno confrontar-se com o espectador, apresentando-lhe o que ele realmente criou. Vale destacar que –––––––––––––––––––––––––––––––––––– Ao proporcionar ao aluno a oportunidade de apresentar um espetáculo, estimula- mos nele o exercício da comunicação no sentido mais amplo, pois, ao se expres- sar, ele deve encontrar meios de se fazer entender. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O espetáculo trata-se, portanto, de um grande desafio, pois o aluno terá de se relacionar com muitas pessoas ao mesmo tempo, além disso, ele é a conclusão de tudo aquilo que foi feito durante o curso. Ao mesmo tempo, no momento em que o espetáculo está realizando-se diante dos espectadores, o aluno terá a oportuni- dade de perceber o que a arte teatral pode provocar nas pessoas. O espetáculo estabelece um diálogo criativo entre seus vá- rios criadores, ou seja, cada uma das pessoas que integra o grupo de teatro na sala de aula contribuiu para a construção desse obje- to artístico. Todo espetáculo oferece um risco, pois não podemos ter cer- teza de que tudo sairá como planejado. No entanto, isso não é um © Teatro para Educadores46 problema, pois saber fazer algo inesperado também é um grande aprendizado, de forma que perceber que é possível agir sobre um problema a fim de resolvê-lo pode ser muito bom. Assim, o espetáculo teatral não deve ser visto como um resul- tado estético em si, mas, sim, como um processo de aprendizagem. E quanto à história a ser encenada? Há várias maneiras de criar um espetáculo teatral, uma delas é, por exemplo, recriar obras consagradas da dramaturgia mundial e nacional, tais como as de Shakespeare, Moliére, Brecht, Nelson Rodrigues, Jorge Andrade, entre outros. Pode-se também criar o próprio texto com base na realidade do grupo de atores, com te- mas trazidos por eles, podendo tais temas ser fundamentados em suas experiências pessoais. Montar um espetáculo com base no recurso de texto não é a única maneira de desenvolver uma história. O trabalho entre alu- no e professor pode ser mais produtivo se eles participarem juntos na montagem do espetáculo, pois, quando temos um texto que já delimita o campo de atuação com marcas e descrições de ambien- te, fica muito difícil estimular a imaginação dos participantes e a partilha de ideias entre eles. O ideal é que os alunos possam experimentar, nos exercícios, as relações teatrais, os instrumentos que constituem um repertó- rio para criação de uma cena, os figurinos, o cenário e os objetos de cena. No espetáculo, não precisamos utilizar somente o recurso da palavra falada. Quando falamos por meio de gestos, movimen- tos, deslocamentos pelo espaço, posturas corporais e expressões faciais, também obtemos resultados bem criativos em cena, que funcionam tanto quanto usar a palavra. Além disso, a história a ser contada no espetáculo não ne- cessita de uma sequência de fatos, com começo, meio e fim; ela pode ser fragmentada, desde que o tema faça sentido. 47 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola É possível concluir, então, que o teatro pode se servir de di- versos elementos para se concretizar. Mas, afinal, como podemos trabalhar a questão do tema? O professor e a escola devem sugerir? Qual é a melhor maneira de escolher o assunto que estimulará os alunos a construírem um espetáculo? Na verdade, deve-se agir em conjunto para a escolha do tema. O professor e a escola têm, sim, um papel muito importan- te: o de provocação, o que o aluno deve encarar como um estímu- lo para a sua criação. Devemos entender por provocação o estímulo externo que é capaz de fazer que o aluno experimente infinitas possibilidades em cada um dos exercícios propostos. Um bom recurso para que haja essa provocação é selecio- nar um conjunto de jogos teatrais e mudanças de dinâmica que proporcionem ao aluno desafios inteligentes e possibilidades ima- ginárias, para torná-lo capaz de enfrentar a diversidade do grupo, bem como jogos que envolvem o corpo, com o intuito de estimular a energia. O teatro é uma arte coletiva e do tempo presente, por isso, podemos afirmar que a escola é o espaço ideal para o desenvol- vimento dessa linguagem artística. Assim, é fundamental que ela ofereça aos grupos de crianças e adolescentes um espaço adequa- do, com professores capacitados para trabalhar os elementos ine- rentes à prática teatral. O mais importante no processo de criação de um espetáculo é que professores e alunos participem e decidam juntos o que será trabalhado. Veremos mais detalhes sobre encenações na Unidade 3 – Jo- gos teatrais. © Teatro para Educadores48 9. O TEATRO EM ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL Anteriormente, identificamos a importância do teatro na es- cola e vimos que esta é o espaço ideal para a prática dessa ativi- dade. No entanto, a escola formal tem deixado algumas lacunas, principalmente pela dificuldade de ajustar os conteúdos do ensino formal às necessidades e expectativas dos educandos. Assim, esse espaço vazio tem sido ocupado, sistematicamente, por atividades que se situam no campo da educação não formal, por meio de ati- vidades que são propostas por Organizações Não Governamentais – ONGs, em centros culturais etc. Paradoxalmente, é no campo da educação não formal que hoje encontramos metodologias consistentes e projetos de forma- ção que podem propor caminhos para nortear as transformações necessárias à escola, ressignificando o espaço do ensino e as rela- ções entre alunos e educadores. As organizações civis dotadas de estruturas administrativas mais flexíveis que as instituições públicas assumem, rapidamente, a função de pontes entre a comunidade e o governo, a escola e a família e entre o educando e o mundo que o cerca, apresentan- do-se, muitas vezes, como importante referência na formação de crianças e adolescentes. Para enfrentar as dificuldades encontradas, as Organizações Não Governamentais investiram, cada vez mais, na formação de seus educadores e na criação de metodologias de ensino e de ava- liação. Mas você deve estar se perguntando: por que falar sobre esse contexto em um Caderno de Referência de Conteúdo de for- mação de professores? Porque as instituições que trabalham no campo da educa- ção não formal têm nos trabalhos que aliam arte e educação seu principal repertório para o desenvolvimento dos jovens que par- ticipam desses projetos, oferecendo cursos como teatro, música, dança, oficinas de jornal etc. 49 Claretiano - Centro Universitário © U1 - O Teatro e a Escola Assim, atualmente, é mais comum encontrarmos atividades de teatro-educação
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