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Apostila - Comportamento Verbal CBI

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1 
CBI of Miami 
 
 
2 
CBI of Miami 
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3 
CBI of Miami 
Comportamento Verbal I 
Iara Carvalho 
 
Aula 1- Definição de Comportamento Verbal 
 Em 1957, Skinner publicou o livro Verbal Behavior (Comportamento 
Verbal), no qual ele propõe uma análise operante para os fenômenos até então 
estudados através de conceitos como fala e linguagem, os quais já estavam 
comprometidos com diferentes epistemologias, como por exemplo, o 
estruturalismo. O termo fala, por exemplo, apresentava conotação de ser 
estritamente vocal e linguagem, conforme sugere Skinner, se refere muito mais 
às práticas de uma comunidade verbal específica do que ao comportamento do 
falante em si. Nesse sentido, a proposta de Skinner era inovadora, pois o foco 
de análise desses fenômenos passa a ser a função e não simplesmente a forma, 
ou seja, sua explicação se detinha em identificar as variáveis ambientais, 
antecedentes e consequentes, que tinham influência sobre a emissão dos 
operantes verbais e que mantinham sua ocorrência. 
 Desse modo, ao propor uma concepção externalista, Skinner afasta sua 
explicação de processos que ocorreriam dentro do indivíduo como a causa do 
comportamento, bem como evita vínculos com outras propostas e concepções. 
 Ele afirma que sua proposta, embora não testada experimentalmente, é 
uma interpretação que tem por base os achados experimentais do paradigma 
operante. 
Portanto, dado que o comportamento verbal é operante, ou seja, é um 
comportamento que produz uma mudança no mundo e é selecionado por essas 
consequências, os conceitos já aplicados ao estudo dos demais operantes, tais 
como: reforçamento, controle de estímulos (discriminação e generalização), 
extinção, esquemas de reforçamento, dentre outros, se aplicam também ao seu 
estudo. Todavia, ele possui características específicas que requerem atenção e 
uma terminologia própria. 
 Uma das características definidoras do comportamento verbal e que o 
distingue do comportamento não verbal, é a mediação do reforço. Enquanto no 
comportamento não verbal a ação da pessoa sobre o ambiente é direta e 
mecânica, no comportamento verbal ela é indireta e mediada por outra pessoa, 
 
4 
CBI of Miami 
que foi treinada dentro daquela comunidade verbal para fornecer o reforço, o 
ouvinte. Por exemplo, se você está com fome e prepara um sanduíche para si, 
esse comportamento não é mediado, ele é uma ação direta sobre o ambiente. 
 Por outro lado, se você está com fome, pede comida a um amigo e ele te 
traz um sanduiche, esse reforço foi mediado. Vale ressaltar que, é necessário a 
emissão de uma resposta verbal que funcione como estímulo discriminativo para 
o comportamento do ouvinte de mediar o reforço. Desse modo, nem todo 
comportamento mediado é verbal. 
 A definição de comportamento verbal como comportamento cujo reforço 
é mediado por um ouvinte especialmente treinado por uma comunidade verbal 
teve como consequências: tornar o comportamento verbal objeto de estudo da 
Psicologia, mudar a concepção de significado, o qual agora deve ser buscado 
nas variáveis de controle da resposta verbal, bem como, e estabelecer como 
unidade de análise do comportamento verbal a contingência de reforçamento. 
 Nesse sentido, comportamento verbal não necessariamente é vocal, mas 
abrange linguagem de sinais e outras formas alternativas. 
 
Aula 2 - Introdução aos Operantes Verbais 
 Partindo da definição operante de comportamento verbal, dois de seus 
aspectos merecem ser destacados: (1) ele é adquirido e mantido por suas 
consequências, logo (2) ele pode ser analisado pela identificação de suas 
variáveis controladoras antecedentes e consequentes, ou seja, por uma análise 
funcional. Visto que, a definição é funcional, essa análise deve ocorrer 
considerando o comportamento do falante e do ouvinte, bem como, os aspectos 
do ambiente físico e social relacionados à emissão desse comportamento. 
 Nesse sentido, a unidade de análise é a contingência de reforçamento, ou 
seja, engloba qualquer resposta controlada por estímulos antecedentes, 
podendo ser um fonema, uma palavra ou frase, cujo reforço seja mediado 
(BARROS, 2003). 
É com base nessas descrições funcionais do comportamento verbal, suas 
fontes de controle e seus efeitos sobre o comportamento do ouvinte, que Skinner 
elencou alguns tipos de operantes verbais primários: ecoico, tato, mando, 
intraverbal, ditado, cópia e textual. Todavia, antes de partirmos para as 
 
5 
CBI of Miami 
definições dessas categorias, precisamos retomar alguns conceitos introdutórios 
que auxiliam na definição desses operantes verbais. 
Embora Skinner tenha dado uma definição funcional, ele também se 
baseou na identificação de características formais das variáveis controladoras 
antecedentes da reposta verbal (estímulos verbais, estímulos não verbais e 
operações estabelecedoras ou motivadoras) e em como elas se relacionam com 
os produtos das respostas, se mantém similaridade formal e correspondência 
ponto-a-ponto. Similaridade formal ocorre quando tanto o evento antecedente 
quanto a resposta são da mesma modalidade formal, por exemplo, auditiva, 
motora. Já a correspondência ponto-a-ponto se refere à quando o primeiro 
componente do estímulo deve controlar o primeiro componente da resposta, mas 
eles não têm necessariamente similaridade formal, por exemplo, a palavra 
escrita GATO e a palavra falada “gato”. Dados esses conceitos preliminares, 
passemos as definições dos operantes. 
Mando (mandar): são respostas verbais sob controle de uma operação 
motivadora (estados motivacionais ou afetivos), nas quais o falante determina 
especificamente qual o reforçador desejado e a obtenção desse reforço 
específico é a consequência que altera a ocorrência futura de respostas da 
mesma classe. No mando não há correspondência ponto-a-ponto e nem 
similaridade formal. Pedidos, ordens e conselhos são formas de mandos. 
Tato (tatear): corresponde a respostas verbais cujos antecedentes são 
estímulos discriminativos não-verbais (objetos, eventos ou propriedades desses, 
externos e internos à nossa pele) e que tem como consequência reforço social, 
quando identificado haver correspondência entre o que o falante diz e os 
estímulos discriminativos. Nomear, descrever e categorizar são formas de tato. 
Ecoico (ecoar): é um comportamento verbal sob controle de um estímulo 
discriminativo verbal auditivo ou motor (por exemplo, gestos) produzido por outra 
pessoa e mantido por reforço social generalizado. Apresenta similaridade formal 
e correspondência ponto-a-ponto. Por exemplo: Ao ouvir alguém dizer a palavra 
“gato “o falante repete “gato”. Desse modo, ecoar consiste em repetir uma 
resposta verbal modelada por outra pessoa, seja vocal ou motora, de maneira 
idêntica. 
 
6 
CBI of Miami 
Intraverbal (intraverbalizar): são respostas verbais, vocais ou escritas, 
controladas por estímulos verbais produzidos pelo próprio falante ou pelo 
comportamento verbal de outra pessoa, cujo fluxo o falante está acompanhando 
e que tem como consequência o reforço social generalizado. São exemplos de 
respostas intraverbais, responder perguntas, completar frases ditas por outras 
pessoas e até mesmo montar uma linha de raciocínio, em casos onde o falante 
e o ouvinte são a mesma pessoa. Por exemplo, quando você diz para a si mesmo 
as coisas que precisa fazer no dia. 
Textual: Consiste em respostas vocais que tem como antecedentesestímulos verbais escritos ou impressos e cujo reforço para a sua emissão é 
social. Cabe ressaltar que deve haver correspondência formal arbitrária 
(estabelecida pelas práticas culturais) entre o estímulo escrito e a resposta vocal. 
Por exemplo, ao ver a palavra escrita GATO, a resposta reforçada será vocalizar 
a palavra “gato”. O comportamento textual não implica em leitura com 
compreensão, mas um estágio anterior. 
Transcrição ou ditado: Consiste em respostas escritas controladas por 
estímulos discriminativos verbais vocais, com correspondência ponto-a-ponto. 
Por exemplo, quando o professor dita a palavra “gato” e o aluno escreve. 
 Além dos operantes verbais primários citados acima, Skinner também 
propôs um operante verbal de segunda ordem, o autoclítico. Esse operante 
verbal, diferente dos outros já citados, é controlado por aspectos do 
comportamento verbal do falante, de modo que ele edita o seu comportamento 
verbal para produzir diferentes efeitos no ouvinte. Por isso que o autoclítico é 
chamado de operante verbal de segunda ordem, pois ele age sobre o 
comportamento verbal do próprio falante e, portanto, sempre é emitido 
juntamente com outro operante verbal. 
 
Aula 3 - O Papel do Ouvinte. 
 Qual o papel do ouvinte na concepção de Skinner? 
 Skinner definiu comportamento verbal como aquele cujo reforço é 
mediado por um ouvinte especialmente treinado por uma comunidade verbal. 
Nesse sentido, temos que o primeiro papel do ouvinte é o de mediador do 
reforço. Mas para poder exercê-lo, ele passa por uma história de 
 
7 
CBI of Miami 
condicionamento. Esse processo evolve tanto pareamento de estímulos verbais 
com estímulos não verbais, quanto reforçamento diferencial e discriminação de 
estímulos. 
No primeiro caso temos que, desde muito cedo, a criança é exposta 
continuamente ao pareamento de palavras a objetos, situações ou eventos etc., 
por exemplo, quando alguém mostra uma banana (estímulo não-verbal) para 
uma criança e simultaneamente fala a palavra “banana”. Como, geralmente, o 
comportamento de ouvinte é adquirido primeiro, é possível que a criança comece 
a apontar uma banana quando solicitado como resposta a esse pareamento 
(responder de ouvinte) e, posteriormente, passe a imitar o comportamento de 
nomear o estímulo não-verbal “banana” (tato) emitido pelo adulto. Essas 
respostas passam a ser reforçadas de modo generalizado, por exemplo, com a 
atenção dos pais e outras pessoas. 
Partindo do conceito de discriminação de estímulos, quando uma resposta 
é reforçada em um dado contexto, este passa a ser discriminado como a ocasião 
na qual é mais provável que respostas da mesma classe sejam reforçadas se 
forem emitidas. Desse modo, diante do estímulo verbal “Mostre a banana”, a 
resposta de escolher corretamente a banana será reforçada e outras não. Isso 
faz com que essa solicitação se torne o estímulo discriminativo que controla a 
ocorrência da resposta. Assim, por meio dessa história prévia de aprendizado 
que vai se complexificando, o ouvinte é capaz de compreender o que falante diz 
e se comportar mediando reforçadores. 
 O segundo papel do ouvinte também se constitui por meio da 
discriminação de estímulos. Como o ouvinte é o mediador do reforço, ele está 
presente em todas as ocasiões em que o comportamento verbal do falante foi 
reforçado e se torna estímulo discriminativo para a emissão de novas respostas 
verbais. Nesse caso o termo utilizado para definir a função do ouvinte é 
audiência. Cabe ressaltar que o ouvinte só é audiência quando ele estimula o 
falante antes da emissão da resposta. Além de servir como estímulo 
discriminativo que evoca respostas verbais, uma audiência também modula o 
tipo de resposta a ser emitida, um exemplo é a linguagem técnica de grupos 
profissionais ou mesmo como as pessoas adequam o discurso para tratar com 
amigos. 
 
8 
CBI of Miami 
 Todos os operantes verbais, exceto o mando, beneficiam principalmente 
o ouvinte na medida em que entra em contato com aspectos do ambiente através 
do comportamento verbal do falante, também pelo fato de ter acesso a regras 
que descrevem formas de agir de modo imediato e sem a necessidade de passar 
pelas contingências. Além disso, o falante reforça a reação do ouvinte com novas 
verbalizações. 
 Desse modo, o ouvinte é uma variável muito importante no episódio 
verbal, pois ele faz parte do contexto antecedente e fornece a consequência ao 
comportamento do falante contribuindo na instalação e manutenção dos 
repertórios verbais dele. Cabe salientar que, durante uma troca verbal, uma 
mesma pessoa alterna os papéis de ouvinte e falante. Esse processo faz com 
que uma ela aprenda a ser ouvinte de si mesma, por exemplo, quando é capaz 
de elencar para si uma série de tarefas que vai fazer no dia. 
 Para Skinner, os papéis de ouvinte e falante não são duas faces da 
mesma moeda, ou seja, duas formas de linguagem. Para ele, o comportamento 
do ouvinte, embora esteja sob controle de estímulos verbais, é um 
comportamento operante não-verbal pois atua direto sobre o ambiente, visto que 
sua ação de fornecer o reforço é direta e mecânica. Essa posição é alvo de 
algumas críticas e reformulações dentro da própria Análise do Comportamento 
e muito tem se discutido a respeito. (Para mais detalhes consultar DAHÁS, 
GOULART e SOUZA, 2008). 
 
Aula 4: A Análise Funcional do Comportamento Verbal 
 Skinner (1957), sintetizou o que posteriormente viria a ser conhecido 
como o estudo do comportamento verbal. Ao categorizar os tipos de 
comportamento verbal, ele priorizou a relação funcional entre seus diferentes 
componentes como forma de diferenciá-los. Assim, para classificarmos um 
operante verbal é necessário atentar para eventos ambientais (estímulos 
antecedentes e consequência) e comportamentais (resposta), o que permite que 
se verifique suas relações funcionais (PASSOS, 2003; CHIESA, 2006) e a 
manipulação destas. 
 Os estímulos antecedentes são variáveis que estão presentes no 
ambiente antes da emissão da resposta. Em circunstâncias passadas onde 
 
9 
CBI of Miami 
estas variáveis estavam presentes, o organismo emitiu uma resposta e obteve 
uma alteração no ambiente, ou seja, uma consequência. Quando ele se depara 
novamente com condições ambientais semelhantes é extremamente provável 
que ele emita a mesma resposta, caso estas consequências de exposições 
anteriores tenham sido reforçadoras. Dizemos então que os estímulos 
antecedentes evocam uma determinada resposta, ou seja, aumentam a 
probabilidade de ela acontecer. 
 A resposta é a ação que o organismo executa, normalmente com a 
capacidade de produzir alguma alteração no ambiente ao seu redor. Para um 
observador realizar uma análise funcional é essencial que ele tome alguns 
cuidados ao selecionar a resposta que deseja analisar: 1) ela precisa ser 
observável; 2) ela não pode ser uma “não-ação”, pois desta forma ela não vai 
acontecer e não poderá ser adequadamente medida para avaliar se está 
aumentando ou diminuindo de frequência. 
 A resposta do organismo produzirá alterações no ambiente, as 
consequências. Dizemos que as consequências são reforçadoras quando elas 
aumentam a probabilidade do comportamento acontecer no futuro na presença 
das mesmas variáveis antecedentes. Dizemos que as consequências são 
punidoras quando elas diminuem a probabilidade do comportamento acontecer 
no futuro na presença das mesmas variáveis antecedentes. Atente então que 
para sabermos se determinada consequência é reforçadora ou punidora 
precisamos medir sua ocorrência (frequência) em diferentes intervalos de tempo, 
visando comparar se está ocorrendo um aumento ou diminuição. Em um 
contexto de ensino, estamos na maior parte do tempo, tentando aumentar a 
frequência de comportamentos adaptativos, então daremos mais ênfase a 
planejar e produzir consequências reforçadoras. 
 A seguir, discutiremos cada umdos operantes verbais básicos e 
aprenderemos como classificar um episódio verbal dentro destas diferentes 
categorias a partir das relações funcionais entre os componentes do 
comportamento. 
De acordo com sua definição, o Mando é uma resposta verbal emitida em 
um contexto em que o falante está sob efeito de uma operação motivadora, seja 
 
10 
CBI of Miami 
ela aversiva ou de privação, e específica em sua resposta qual o reforçador 
necessário para cessar a operação motivadora. 
 Observe que nesta definição nós temos os elementos característicos do 
mando definidos de acordo com suas relações funcionais: 
1. Estimulação antecedente (contexto): operações motivadoras de privação 
ou aversivas; 
2. Resposta: vocal, gestual ou de outra forma em que se especifica uma 
consequência reforçadora. Normalmente possui formato de solicitação, pedido, 
ordem, comando; 
3. Consequência: acesso ao reforçador ou condição reforçadora 
especificada pela resposta. 
 
 Quando Ed vai em uma pizzaria e pede ao garçom “uma pizza grande de 
calabresa, por favor”. Ele está emitindo uma resposta verbal que especifica um 
reforçador. Esta resposta está acontecendo em um contexto específico, no qual 
Ed está com fome ou com vontade de comer pizza. Estar em uma pizzaria e não 
em uma hamburgueria, bem como, a presença do garçom são contexto para o 
mando. Provavelmente, ao ir em pizzarias e emitir esta resposta verbal 
anteriormente, ele foi atendido e recebeu uma pizza deste sabor. Desse modo, 
a resposta foi reforçada. 
 No Tato, o falante emite uma resposta verbal sob controle de uma 
propriedade física do ambiente e tem como consequência reforçadores 
generalizados. Pormenorizadamente, temos: 
1. Estimulação antecedente: propriedades físicas do ambiente; 
2. Resposta: verbal, consistindo em descrições do ambiente que o falante 
acessou através de seu sistema perceptivo; 
3. Consequência: reforçadores generalizados, por exemplo, a concordância 
do ouvinte. 
 
 Ainda na rua, Ed estava passeando com sua esposa e passa em frente 
de a um estabelecimento em que vê um garçom servindo pizza e outros 
estímulos que indicam que aquele lugar é uma pizzaria. Ele diz: “Olha, uma 
pizzaria”. Neste exemplo, a pizzaria serve como contexto ambiental, um estímulo 
 
11 
CBI of Miami 
não verbal. Ed realiza então uma resposta verbal no formato de uma descrição 
que é reforçada pela audiência de sua esposa. 
 O Ecóico é uma resposta verbal evocada por estímulos discriminativos 
verbais que tem como consequência reforçadores generalizados. Um detalhe 
importante neste operante verbal é que a resposta emitida e o estímulo 
antecedente correspondem ao mesmo padrão físico, o que chamamos de 
correspondência formal, (PASSOS, 2003). 
Vamos analisar esta definição: 
1. Estímulo antecedente: verbal que pode ser vocal ou motor (língua de 
sinais, por exemplo); 
2. Resposta: vocal ou motora que possui uma correspondência de suas 
características físicas com o estímulo antecedente; 
3. Consequência: reforços generalizados providos pela comunidade verbal. 
 
Imagine a seguinte situação: A mãe fala para a criança “mama” e ela 
repete a palavra da mesma forma dita pela mãe. A mãe então sorri e faz carinho 
no filho. 
Neste exemplo, o estímulo antecedente para o comportamento ecoico da 
criança é a fala de sua mãe e a resposta emitida por ela também é vocal. Já a 
consequência é a atenção social da mãe. 
O comportamento Textual é uma resposta vocal sob controle de um 
estímulo escrito que é mantida por reforçadores generalizados. Neste tipo de 
operante, dizemos que há uma correspondência ponto a ponto, visto que cada 
elemento do estímulo antecedente corresponde a outro elemento na resposta 
emitida. No entanto, eles não possuem características físicas entre si. Afinal, um 
corresponde a uma palavra escrita e o outro a sons emitidos por uma pessoa. 
Resumindo, no comportamento textual temos: 
1. Estímulos antecedentes: texto escrito; 
2. Resposta: de natureza vocal com correspondência ponto a ponto com o 
estímulo antecedente; 
3. Consequência: reforço generalizado da comunidade verbal. 
 
 
12 
CBI of Miami 
Uma criança pega um gibi e olha para seu título “Turma da Mônica”. Ele 
então diz em voz alta: “Turma da Mônica”. Seus pais o elogiam por ter acertado 
sua leitura e talvez o comprem o gibi. Neste exemplo, o título escrito na capa é 
o estímulo antecedente verbal. A leitura que a criança faz “Turma da Mônica” é 
a resposta textual. Embora ambos sejam estímulos de natureza física diferentes: 
um deles é uma grafia em um papel e o outro é um som emitido pela criança, 
dizemos que há correspondência ponto a ponto pois cada sílaba escrita 
corresponde a um determinado som de acordo com as convenções da 
comunidade verbal. Por fim, a interação com os pais garante o reforço 
generalizado, assegurando que esta criança, provavelmente, voltará a realizar 
comportamento textual no futuro quando ver outras palavras escritas. 
A Transcrição corresponde a uma resposta escrita evocada por um 
estímulo antecedente auditivo ou escrito, sob controle de reforçadores 
generalizados. Quando a pessoa vê a palavra escrita e então a repete 
escrevendo-a em outro local temos uma transição do tipo cópia. Já quando a 
pessoa escreve a forma gráfica o estímulo auditivo que ouviu, temos uma 
transcrição do tipo ditado. Podemos dizer que há correspondência ponto a ponto 
em ambos os tipos, conforme explicamos anteriormente no tópico de 
comportamento textual. Porém, no ditado não uma correspondência formal, pois 
são estímulos de natureza física diferentes (auditivo e escrito). Já no caso da 
cópia, o estímulo antecedente é escrito e a resposta escrita, porém, mesmo com 
modalidades de estímulos físicos semelhantes, nem sempre há correspondência 
formal, visto que as grafias podem variar, como quando vemos um texto 
impresso e escrevemos com letra cursiva. 
Sendo assim a transcrição se constitui por: 
1. Estímulo antecedente: verbal, escrito (cópia) ou auditivo (ditado); 
2. Resposta: escrita e com correspondência ponto a ponto com o estímulo 
antecedente. Pode haver correspondência formal no caso de uma cópia, mas 
não necessariamente; 
3. Consequência: reforçadores generalizados. 
 
A professora solicita que todos copiem a rotina da sala de aula para a 
agenda. Ana abre sua agenda, olha para o quadro onde está escrita a rotina e 
 
13 
CBI of Miami 
começa a escrever precisamente o que vê escrito no quadro. Este é um exemplo 
de cópia. O estímulo antecedente é a própria anotação de sua professora. 
Em um momento posterior, a professora se dá conta que esqueceu de pôr 
a tarefa no quadro. Ela então pede para que os alunos abram sua agenda e 
então diz a eles o que eles precisam escrever: “Livro de Matemática, página 45”. 
Ana abre sua agenda e anota o que a professora lhe diz. A anotação de Ana é 
um exemplo de ditado. O estímulo antecedente é a fala de sua professora. 
O Intraverbal corresponde a uma resposta sob controle de um estímulo 
verbal auditivo ou visual, sem correspondência ponto a ponto e nem 
correspondência formal, mantido por reforço generalizado. Assim, os 
componentes do intraverbal são: 
1. Estímulo antecedente: verbal, auditivo ou visual; 
2. Resposta: verbal, sem correspondência formal ou ponto a ponto; 
3. Consequência: reforço generalizado. 
 
Em parquinho, estão brincando Gael e Pedro. Gael se aproxima de Pedro 
e pergunta “Você assistiu Patrulha Canina?” Pedro então responde: “Eu assisti 
ontem!”. A resposta verbal de Pedro tem como estímulo antecedente o 
comportamento verbal vocal de Gael e é reforçada pela audiência de Gael. 
Como pudemos ver neste texto, é preciso analisar a função e as 
características de cada episódio verbal para conseguirmos classificá-lo nos 
operantes verbais de Skinner. É sempre importante definir claramente qual 
resposta estamos tentando analisar, vistoque a os papéis de falante e ouvinte 
podem ser alternar em diálogos e as funções variam de acordo com o 
comportamento analisado. 
OPERANTE 
VERBAL 
ANTECEDENTE RESPOSTA CONSEQUENTE 
Mando 
Operação 
Motivadora 
afetando o falante; 
Resposta verbal 
que especifica seu 
reforçador 
Elemento 
especificado na 
resposta verbal, 
mediado pelo 
ouvinte 
 
14 
CBI of Miami 
Tato 
Característica 
física do ambiente; 
Resposta verbal 
descritiva da 
propriedade física 
do ambiente; 
Reforço 
generalizado. 
Intraverbal 
verbal (auditivo ou 
visual) 
Resposta verbal 
sem 
correspondência 
ponto a ponto 
Reforço 
generalizado. 
Ecóico 
Resposta verbal 
(vocal ou motora) 
de outra pessoa 
Resposta verbal 
com similaridade 
formal e 
correspondência 
ponto a ponto) com 
o estímulo 
antecedente. 
Reforço 
generalizado. 
Textual Texto Escrito 
Resposta verbal 
com 
correspondência 
ponto a ponto com 
o estímulo 
antecedente. 
Reforço 
generalizado. 
Transcrição 
Estímulo verbal 
escrito (cópia) ou 
auditivo (ditado); 
Resposta verbal 
com 
correspondência 
ponto a ponto com 
o estímulo 
antecedente. É 
possível haver 
correspondência 
formal, no caso de 
cópia. 
Reforço 
generalizado. 
Tabela 1: Resumo das relações funcionais nos operantes verbais 
 
 
15 
CBI of Miami 
Referências Bibliográficas 
 
BARROS, Romariz da Silva. Uma introdução ao comportamento verbal. 
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 5(1), 73-82. (2003). 
 
CHIESA, M. Behaviorismo radical: a filosofia e a ciência. Brasília: Editora 
Celeiro. (2006). 
 
DAHÁS, L. J. S.; GOULART, P. R. K.; SOUZA, C. B. A. Pode o Comportamento 
do Ouvinte ser Considerado Verbal? Revista Brasileira de Terapia 
Comportamental e Cognitiva. Belo Horizonte, v. X, n. 2, pp. 281-291. (2008). 
 
PASSOS, M. D. L. R F. A análise funcional do comportamento verbal em 
Verbal Behavior (1957) de BF Skinner. Revista Brasileira de Terapia 
Comportamental e Cognitiva, 5(2), 195-213. (2003). 
 
PETERSON, N. An introduction to verbal behavior. Grand Rapids, MI: 
Behavior Associates. (1978). 
 
SKINNER, B. F. Verbal behavior. New York: Appleton-Century-Crofts. (1957).

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