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CONCEITOS BÁSICOS
É importante começarmos o estudo abordando, conceitualmente, dois termos que trazem dúvidas tanto no ambiente acadêmico como no cenário de prática – em estágios ou no ambiente profissional. Esses termos são:
Biomecânica
Cinesiologia
É comum encontrarmos, nos currículos dos cursos de Educação Física e Fisioterapia, as disciplinas de Biomecânica e Cinesiologia, ambas essenciais para uma adequada análise de movimento. A grande confusão ocorre quando o senso comum confere a mesma definição e a mesma função às duas disciplinas. Tal confusão é frequentemente apontada por pesquisadores e professores.
Vamos, a seguir, entender a diferença entre esses dois termos.
Cinesiologia
A nomenclatura de cinesiologia pode ser explorada de duas maneiras (veja na imagem logo abaixo).
1
A primeira maneira aborda a cinesiologia como o estudo científico do movimento humano. Nesse caso, o termo é relativamente abrangente e utilizado para descrever qualquer forma de avaliação anatômica, fisiológica, psicológica ou mecânica do movimento humano.
2
A segunda maneira aborda a cinesiologia como uma descrição do conteúdo de uma classe em que o movimento humano é avaliado pelo exame de sua origem e suas características (HAMILL et al., 2016).
Ambas as análises fazem parte do contexto histórico da inclusão da cinesiologia nos currículos das universidades brasileiras. Nesse contexto, enfatiza-se as características que tangem o sistema musculoesquelético em seu ponto de vista anatômico, suas ações articulares e ações musculares durante qualquer tipo de movimento, muitas vezes sendo chamadas de anatomia funcional do corpo humano.
Representação esquemática da cinesiologia e da biomecânica.
Biomecânica
Hamill et al. (2016) trabalham o termo biomecânica de forma abrangente para descrever o conteúdo previamente tratado pela cinesiologia, bem como os conteúdos resultantes do crescimento e desenvolvimento da área de estudos em biomecânica (imagem acima).
A biomecânica, em termos conceituais, é o estudo da estrutura e da função dos sistemas biológicos por meio de métodos de análise específicos. De forma aplicável, a biomecânica estuda as forças geradas e as suas resultantes no interior do corpo que a produz, bem como os efeitos dessas forças nos tecidos ou materiais presentes naquele corpo.
A biomecânica, portanto, avalia o movimento de qualquer organismo vivo e o efeito de diversas forças que atuam sobre ele.
Cinemática
Existe uma área, no contexto da biomecânica, direcionada ao estudo do movimento, sem a preocupação com as causas que levaram a esse movimento. Essa área recebe o nome de cinemática ou análise cinemática.
Atenção
Os processos de aquisição de imagens que, posteriormente, serão utilizadas para análise deverão ser previamente demarcados de acordo com as variáveis de interesse durante a aquisição pontual. É necessário, nesse caso, instrumentalizar o avaliador de modo que ele consiga operacionalizar e melhorar sua acurácia.
Para que aconteça uma compreensão integral do movimento humano, é necessária a utilização de recursos. São exemplos de recursos, nesses casos, instrumentos para aquisição de imagens, como câmeras de alta frequência ou, dependendo da aplicação, câmeras de smartphone, desde que tenham boa resolução.
Variáveis cinemáticas para aquisição das imagens
Uma diversidade de variáveis cinemáticas pode ser utilizada para aquisição das imagens, devendo ser processadas e analisadas até que se possa chegar a alguma conclusão parcial. De modo geral, há 11 tipos de variáveis:
Clique nas setas para ver o conteúdo.
Tempo
O controle do tempo de aquisição de qualquer tipo de sinal deve ser registrado, pois é o pontapé inicial para calcular qualquer variável em qualquer circunstância. Existem inúmeras unidades de medidas de tempo – hora, minutos, segundos, mês, anos, séculos. Para o sistema internacional de medidas, no entanto, fica padronizada a unidade segundos para expressar o tempo.
É importante, com isso, ter o controle dos segundos gastos em qualquer atividade, em qualquer tipo de sinal, para posterior registro e análise.
Posição linear
Relaciona-se a posição em que um corpo ocupa no espaço e, provavelmente, o seu deslocamento seguirá a mesma linearidade. A posição linear é exatamente o espaço ocupado pelo corpo.
Por exemplo, ao analisarmos uma flexão de cotovelo no instante 90° de flexão, a posição ocupada pelo segmento corporal é a sua posição linear. Essa posição linear está relacionada à linearidade com que o deslocamento desse corpo acontecerá.
Deslocamento linear
Refere-se a qualquer tipo de modificação posicional linear, e esse deslocamento se dá pela distância em linha reta entre a posição inicial e final do deslocamento. Trata-se de uma grandeza vetorial que possui direção e sentido.
Ao utilizarmos uma pista de atletismo de 400 metros, por exemplo, e considerando que um atleta deu uma volta completa, saberemos que seu deslocamento linear será de 0m, pois a posição inicial é igual à posição final.
Distância linear
Refere-se à totalidade do percurso realizado por qualquer corpo no espaço. O percurso não precisa, necessariamente, ser em linha reta, tendo em vista se tratar de uma grandeza escalar.
A distância linear é a totalidade do deslocamento em metros. Utilizando a mesma pista de atletismo como exemplo, ao realizar uma volta completa, um atleta irá percorrer uma distância de 400 metros.
Velocidade linear
Deriva do deslocamento pelo tempo, tendo o controle da velocidade em que o corpo se desloca. A velocidade linear é expressa em metros por segundo (m/s) e indica o quão rápido foi o deslocamento.
Aceleração linear
Deriva da velocidade pelo tempo, mas só existirá caso a velocidade linear não seja constante. A aceleração indica o quanto a velocidade variou para realizar um deslocamento de qualquer corpo.
Posição angular
Similar à posição linear, mas reflete diretamente a posição de algum corpo ou segmento que realizará um deslocamento angular, assumindo um desenho de parábola.
Deslocamento angular
Similar ao deslocamento linear, mas reflete o deslocamento com variações angulares.
Velocidade angular
Similar à velocidade linear, mas reflete a inclusão de derivações das posições angulares.
Trajetória
Desenho esquemático e tridimensional da parte de qualquer corpo que se desloca no espaço. Se um ponto luminoso for fixado em qualquer parte do segmento (proximal ou distal), será formado um caminho luminoso no espaço ao realizar o deslocamento (capturado por sequências de imagem). Esse caminho luminoso reflete a trajetória de deslocamento desse corpo.
Cadência
Similar à velocidade, mas diretamente relacionada a um ritmo ou a uma frequência constante. Em outras palavras, a cadência é similar à realização de um movimento durante uma velocidade constante, sem que exista aceleração, variação.
Movimento
Movimento é, tradicionalmente, uma mudança de local ou mudança de postura que ocorre ao longo do tempo e sempre em relação a algum ponto no ambiente ou no próprio corpo. Nesse sentido, a cinesiologia classifica o movimento em duas caracterizações. Sempre que existe movimento, deve haver, necessariamente, um tempo gasto para executá-lo. Desse modo, vejamos as duas classificações.
Clique nas barras para ver as informações.
MOVIMENTO LINEAR
A primeira classificação estabelece o movimento linear, também chamado de movimento translacional ou de translação. É caracterizado pelo movimento ao longo de um trajeto específico que respeita uma linearidade ou não curvilíneo. Dessa maneira, todos os pontos do corpo ou objeto avaliado cobrem a mesma distância exatamente no mesmo intervalo de tempo, caracterizando a linearidade.
Habitualmente, é utilizado o centro de massa do corpo ou o centro de gravidade, referido como ponto-chave para análise. Geralmente, esse ponto incide na região inferior do tronco, próximo à cicatriz umbilical (entre as vértebras lombares, L3 a L5).
MOVIMENTO ANGULAR
A segunda é chamada de movimento angular e, habitualmente, acontece em torno de algum ponto específico,de modo que as diferentes regiões desse corpo ou objeto não se movimentam na mesma distância e no mesmo intervalo de tempo, sem linearidade. Os movimentos angulares sempre ocorrerão em torno de um eixo de rotação imaginário, sendo posteriormente associado ao movimento linear.
Por exemplo, ao flexionar o cotovelo, ocorre o movimento em torno da articulação do cotovelo (eixo de rotação imaginário). Nesse contexto, para realizar a análise do movimento humano, é importante identificar todas as contribuições dos movimentos angulares e dos movimentos lineares, assim como suas interações.
O principal objeto de interesse no movimento linear é a trajetória e a velocidade de deslocamento desse corpo imediatamente após ele perder o contato com a superfície e iniciar o movimento.
Anatomia
No cenário prático, outra discussão constante diz respeito à ideia clássica do estudo e da análise da anatomia e, mais recentemente, da sua aplicabilidade prática quando relacionada com o movimento.
Para Hamill et al. (2016), a anatomia tradicional é a ciência que estuda a estrutura do corpo estático, sendo considerada a mãe das demais ciências do movimento. Em outras palavras, essa definição nos remete ao estudo originado na época do Renascimento e se relaciona diretamente com a genealogia do termo anatomia.
A preocupação da anatomia tradicional, portanto, é o estudo das estruturas de modo estático, por meio da utilização de peças anatômicas (cadáveres).
Hamill et al. (2016) também apresentam o contexto da anatomia funcional, como vimos no fluxograma sobre representação esquemática da cinesiologia e da biomecânica. Trata-se de um estudo mais simplificado e funcional, como o termo sugere. Essa funcionalidade se dá uma vez que, diferentemente do conceito clássico, a anatomia funcional possui a totalidade de sua visão na descrição do movimento, estudando os componentes necessários para que ele aconteça.
O conhecimento da anatomia funcional é útil em diversas circunstâncias, como no momento de organização de um tratamento com a utilização de cinesioterapia ou mecanoterapia, ou na prescrição de um programa de treinamento físico ou esportivo.
ARTROCINEMÁTICA DA COLUNA VERTEBRAL
A artrocinemática é vista como uma área de estudo da cinemática cujo principal objetivo é investigar os movimentos acessórios que ocorrem entre superfícies durante movimentos fisiológicos. Em outras palavras, a artrocinemática avalia os movimentos intra-articulares.
O fato de diferentes especialistas utilizarem os mesmos termos confunde o real significado da terminologia do movimento acessório.
Desse modo, existem dois tipos de movimentos acessórios, que iremos descrever a seguir:
Movimentos componentes
Movimento acessório
Movimentos componentes
Os movimentos componentes são aqueles que que acompanham o movimento ativo, mas que não estão sob controle voluntário de quem o faz. Por exemplo, no cíngulo do membro inferior (articulação do quadril), o fêmur precisa deslizar (anterior, posterior, superior e inferiormente) dentro da fossa do acetábulo.
Clique na Imagem para visualizar o conteúdo.
Articulação do quadril
Os movimentos componentes acontecem internamente na articulação e, nesse caso, não refletem exatamente o mesmo movimento que vemos externamente. Esse jogo articular consiste em movimentos caracteristicamente passivos entre as facetas articulares, realizados por uma aplicação de força externa e que não estão sob domínio neuromotor voluntário.
Movimento acessório
O segundo tipo de movimento é o acessório. É importante destacar que eles são extremamente necessários para a mobilização da articulação, ou seja, sem eles não existiriam os movimentos.
Atenção
Essa mobilização articular, na maioria das vezes, é descrita como um movimento acessório passivo ou como um alongamento sustentado, realizado pela aplicação de uma força externa em velocidade lenta, a qual permite que o sujeito pare o movimento quando quiser.
Tipos de movimentos
Existem basicamente três tipos de movimentos na artrocinemática, que são:
Rolamento
Deslizamento
Rotação
Desse modo, a maioria dos movimentos articulares é originada da combinação desses três movimentos.
Rolamento
O rolamento é caracterizado pelo movimento de uma face articular sobre a outra, como se fosse o deslizamento de uma bola (imagem abaixo). As articulações sinoviais esferoides são exemplos de articulações que realizam esse movimento, por possuírem uma cabeça em uma das extremidades.
Movimento artrocinemático de rolamento.
Deslizamento
O movimento de deslizamento é considerado como um movimento linear de uma face articular em paralelo à face adjacente (imagem abaixo).
Movimento artrocinemático de deslizamento.
Rotação
O movimento de rotação é caracterizado como um giro da faceta articular móvel sobre a faceta articular “fixa” (adjacente), conforme a imagem a seguir.
Movimento artrocinemático de rotação.
Regra do côncavo-convexo
A regra do côncavo-convexo é importante para o entendimento dos movimentos artrocinemáticos e osteocinemáticos. A maioria das articulações possui duas faces articulares, sendo uma face côncava e outra convexa. Dependendo das características dessas faces, elas ditarão a direção do movimento.
A descrição da regra do côncavo-convexo diz respeito às diferenças anatômicas dessas extremidades ósseas. Nesse sentido, tais diferenças ditarão a direção tanto do movimento artrocinemático quanto do movimento osteocinemático.
A face articular côncava se move sobre uma face articular convexa fixa na mesma direção do segmento do corpo que está se movendo.
(LIPPERT, 2011, p. 28)
Em outras palavras, a faceta articular que possui característica côncava sempre se moverá na mesma direção do movimento que está sendo produzido pela articulação. Por outro lado, a faceta articular com característica convexa sempre se moverá na direção oposta do movimento que está sendo produzido.
Articulações da coluna vertebral
É possível identificarmos as seguintes articulações na coluna vertebral:
Uncovertebrais
Conexão entre os corpos vertebrais das vértebras cervicais. Vejamos:
Clique na Imagem para visualizar o conteúdo.
Articulações uncovertebrais.
Zigoapofisárias (facetas)
São articulações sinoviais que conectam as facetas articulares superiores e inferiores. Possuem a função de facilitar os movimentos de flexão e extensão da coluna cervical e torácica, além de permitirem os movimentos de rotação da coluna torácica. Vejamos:
Clique na Imagem para visualizar o conteúdo.
Articulações zigoapofisárias.
Craniovertebrais
As articulações craniovertebrais são divididas em atlantoccipital e atlantoaxial. A atlantoccipital é formada pela massa lateral do atlas e os côndilos occipitais do crânio, e possui a função de permitir a flexão, extensão e inclinação lateral da cabeça. É essa articulação que permite, por exemplo, que seja feito o movimento de sim com a cabeça. Já a articulação atlantoaxial está localizada entre as vértebras C1 e C2, e permite a realização do movimento de rotação da cabeça (quando dizemos não, por exemplo).
Clique na Imagem para visualizar o conteúdo.
Articulações craniovertebrais.
Costovertebrais
São articulações sinoviais que conectam as vértebras torácicas e as costelas.
Articulação costocorporal
É a conexão da cabeças das costelas com as facetas costais e permite que as costelas se movimentem (rotacionem, subam e desçam) durante os movimentos respiratórios.
Articulação costotransversa
É formada pela conexão entre o tubérculo costal e o processo transverso de sua vértebra correspondente entre T1 e T10.
Intervertebrais
São representadas pela conexão entre os corpos vertebrais adjacentes das vértebras e têm a função de manter a coluna vertebral unida como uma única unidade.
Sacroilíaca
É formada pela conexão entre o sacro da coluna vertebral e os ossos ilíacos. Tais estruturas são conectadas entre as superfícies auriculares e as tuberosidades dos respectivos ossos.
Atenção
É uma articulação de baixa mobilidade, responsável pela transmissão do peso dos segmentos superiorespara os segmentos inferiores do corpo.
OSTEOCINEMÁTICA DA COLUNA VERTEBRAL
É comum trazer o movimento para o imaginário da contração muscular que gera um deslocamento de um osso sobre o outro e, por consequência, externa os movimentos articulares voluntários que conhecemos – flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial, rotação lateral e circundução.
Esses movimentos voluntários são controlados por todo o sistema neuromuscular e denominados como clássicos, fisiológicos ou osteocinemáticos.
Em uma definição simplificada, observamos que os movimentos osteocinemáticos são aqueles que observamos externamente. Para que esses movimentos ocorram, são necessárias contrações musculares, uma vez que não existe movimento sem contração.
As contrações musculares podem ser classificadas como:
Dinâmicas (concêntrica e excêntrica)
Estáticas (isométricas)
Quando os músculos realizam contrações dinâmicas, eles puxam os ossos, que estão fixados e modulam a amplitude de movimento daquela articulação. Os movimentos osteocinemáticos são realizados inúmeras vezes ao longo do dia, sempre quando realizamos qualquer tipo de movimento, desde as atividades da vida diária, passando pelas atividades exercidas no trabalho, até as atividades físicas esportivas.
Sensação final do movimento
A sensação final do movimento é um tipo de avaliação com característica subjetiva da sensação percebida quando é aplicada uma discreta pressão ao final de uma mobilização passiva de uma articulação.
Dito de outra maneira, representa o quanto de pressão o sujeito acredita que estão impondo nele, em uma escala de 0 a 10.
Essa sensação final do movimento pode ser classificada como normal ou anormal.
Normal
A sensação normal acontece quando a amplitude de movimento da articulação – por exemplo, durante a flexão da coluna vertebral – é ampla, sendo interrompida fisiologicamente pelas estruturas anatômicas daquela articulação – como ossos, componentes articulares intracapsulares e componentes articulares extracapsulares.
Anormal
A sensação final do movimento anormal é caracterizada por essa limitação fisiológica abrupta. Esse fato ocorre, principalmente, porque as duas estruturas ósseas (proximal e distal) que compõem a articulação entram em contato. Por exemplo, o bloqueio articular fisiológico que o processo espinhoso impõe ao movimento de extensão de tronco (imagem a seguir).
Sensação final do movimento anormal.
Por outro lado, a sensação final do movimento anormal é caracterizada pela mesma interrupção abrupta, mas essa interrupção costuma ser percebida antes do arco completo do movimento. Usando o mesmo exemplo de extensão de tronco, caso o movimento encontre qualquer tipo de bloqueio tecidual antes do arco completo, é caracterizado como sensação final do movimento anormal.
Algumas estruturas possibilitam que aconteça esse tipo de restrição, como as estruturas passivas (cápsula articular) e as estruturas ativas (ligamento, tendões, músculos e fáscia). Esse entendimento de avaliação é importante para entender se o indivíduo está realizando o movimento fisiologicamente amplo ou se está restrito.
Caso o movimento esteja restrito, o que está causando a restrição?
Resposta
Essa resposta dá aos profissionais de Educação Física e Fisioterapia subsídios para contornar a restrição por meio da aplicação de diferentes técnicas, como liberação miofascial, alongamentos, técnicas de músculo energia, cinesioterapia, treinamento de força, entre outras.
COMPORTAMENTO DAS REGIÕES DA COLUNA VERTEBRAL
O especialista Thiago Matassoli Gomes demonstrará em detalhes o comportamento segmentar e em conjunto das regiões que constituem a coluna vertebral através de imagens.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Qual articulação da coluna vertebral tem a função de facilitar os movimentos de flexão e extensão da coluna cervical, além de permitir os movimentos de rotação da coluna torácica?
Craniovertebral
Intervertebral
Zigoapofisária
Sacroilíaca
Uncovertebral
Comentário
2. Na coluna vertebral, existe uma articulação responsável por conectar as costelas às vertebras torácicas e que tem uma importante função durante a respiração. Trata-se da articulação denominada:
Craniovertebral
Intervertebral
Costovertebral
Sacroilíaca
Uncovertebral
Comentário
MÓDULO 2
Identificar ações musculares na coluna vertebral
COLUNA VERTEBRAL
Anatomicamente, a coluna vertebral é uma estrutura composta por 33 vértebras de diferentes tamanhos, que possuem duas funções primordiais e importantes. Trata-se das funções de sustentação e flexibilidade. Há, ainda, a possibilidade de uma terceira função, se considerarmos a função protetora da medula espinhal e dos órgãos nobres, como o coração e os pulmões (imagem abaixo).
Coluna vertebral.
Em razão dessas funções, surge uma dúvida que sempre se repete:
Como é possível que uma estrutura rígida possua as funções de sustentação, proteção e, concomitantemente, seja móvel, permitindo grande amplitude de movimento?
Quando observamos anatomicamente as estruturas da coluna, podemos notar algumas características que permitem a existência dessas funções. Vejamos a seguir.
A coluna vertebral, além das vertebras, compreende outros componentes articulares, como ligamentos e os discos intervertebrais. Os discos intervertebrais são anéis fibrosos que se localizam entre uma vértebra e outra, principalmente na localização anatômica chamada de corpo. As principais funções dos discos intervertebrais são: não permitir o cisalhamento entre as extremidades ósseas, amortecer as forças e dar mobilidade à coluna vertebral.
Atenção
Estruturalmente, a coluna vertebral é considerada uma barra elástica modificada, que fornece suporte rígido com concomitante flexibilidade. Como dito, a coluna vertebral possui anatomicamente 33 vértebras. Entre elas, 24 possuem mobilidade característica e estão localizadas nas regiões cervical, torácica e lombar, contribuindo para os movimentos segmentados do tronco.
A divisão dessas 33 vértebras está disposta em diferentes regiões com diferentes estruturas de forma curvilínea, conforme apresenta a imagem acima. Fazem parte dessa divisão as regiões cervical, torácica, lombar e sacro/cóccix.
Na região cervical, encontramos 7 vértebras e uma curvatura convexa clássica, chamada de lordose. A lordose é considerada uma curvatura secundária por ser adquirida após o período gestacional.
Na região torácica, encontramos 12 vértebras, que se conectam com as costelas verdadeiras e uma curvatura côncava clássica, chamada de cifose. Diferentemente da lordose, a curvatura fisiológica da cifose é considerada uma curvatura primária, por ser adquirida durante o período gestacional, posição padrão do feto.
Já na região lombar, encontramos 5 vértebras que possuem maior tamanho e uma curvatura lordótica.
Por fim, observamos a região sacrococcígea, formada também por 9-10 vértebras fundidas e imóveis, sendo 5 vértebras do sacro e 4-5 vértebras do cóccix.
Mesmo com essa divisão didática, a imagem acima, da coluna vertebral, nos indica que essas regiões são contínuas, de forma que uma começa onde outra termina.
A união de duas vértebras adjacentes e um disco intervertebral que as separa – com exceção das vértebras Atlas (C1) e Áxis (C2) – recebe o nome de unidade funcional da coluna vertebral (segmento móvel). Esse segmento móvel ainda é dividido, didaticamente, em parte anterior e parte posterior.
A parte anterior da coluna vertebral contém discos intervertebrais e os ligamentos longitudinais anterior e posterior. A união entre os dois corpos vertebrais com o disco que as separam forma uma articulação cartilaginosa, que somente é encontrada ali, conforme mostra a imagem.
Flexão e extensão.
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA COLUNA VERTEBRAL
Corpo vertebral
Anatomicamente, a região frontal dos corpos vertebrais é mais espessa e, por esse motivo, é capaz de absorver uma maior quantidade de carga. O corpo vertebral é composto basicamente por tecido esponjoso, que é circundado por uma camada cortical rígida e possui uma borda mais elevada paraauxiliar a inserção do disco, de músculos e de ligamentos.
A superfície do disco é revestida com cartilagem hialina, auxiliando a inserção dos discos nas placas terminais. Veja, na imagem, como o corpo vertebral de vertebras lombares é desenvolvido e preparado para suportar cargas.
Corpo vertebral.
Disco intervertebral
O disco intervertebral está localizado entre duas vértebras e tem a principal função de separação dessas vértebras e a absorção de choque, principalmente de cargas compressivas axiais. Esse disco é capaz de suportar força, inclusive compressiva e de torção, auxiliando na manutenção da saúde e funcionalidade da coluna vertebral.
Os discos intervertebrais também possuem a importante função de distribuir as cargas ao longo da coluna.
Um disco recebe a carga total e vai reduzindo (distribuindo, dissipando) ao longo da coluna.
A carga “desce” para os discos subjacentes.
Disco intervertebral.
Núcleo pulposo
O núcleo pulposo é uma estrutura em forma de anel e com característica fibrosa, localizada dentro do anel fibroso. Possui formato esférico, consistência gelatinosa, está localizado nas regiões central – nas vértebras cervicais e torácicas – e posteriores – nas vértebras lombares. A constituição do núcleo pulposo é basicamente de água (80 a 90%) e de colágeno (15 a 20%), estando o núcleo preparado para resistir à pressão. No entanto, pode ser acometido por alguma condição clínica proveniente da desidratação do disco, como a famosa hérnia de disco. Vejamos, na imagem abaixo, uma coluna saudável e uma hérnia de disco.
Disco saudável e disco herniado.
A parte posterior desse segmento móvel contém arcos neurais, articulações intervertebrais, processos transversos, processos espinhosos e ligamentos. Veremos mais adiante, na tabela, os principais ligamentos da coluna vertebral, juntamente com suas inserções e ações.
Arco neural
O arco neural é formado por duas estruturas duplicadas, sendo dois pedículos e duas lâminas, que formam o forame vertebral da vértebra, ao somarem com o lado posterior desse corpo vertebral. O forame vertebral é um acidente ósseo extremamente importante, pois é por dentro dessa estrutura que passará a medula espinhal (estrutura do sistema nervoso central).
Saiba mais
Pelo fato de o osso ser rígido tanto nos pedículos quanto nas lâminas, a resistência que ele oferece às forças de tensão é relativamente alta. Adicionalmente, incisuras superiores e inferiores em cada pedículo dão origem ao forame intervertebral, por onde os nervos espinhais deixam a coluna vertebral e levam a informação para o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico.
Processo espinhoso
O processo espinhoso está localizado na parte posterior da vértebra e é responsável por sua comunicação com a vértebra abaixo. Também é no processo espinhoso que diversos músculos encontram ancoragem para se inserir e, posteriormente, avançar ao longo da estrutura da coluna vertebral.
Processo transverso
O processo transverso se localiza na parte lateral da vértebra e é responsável por limitar fisiologicamente os movimentos de flexão lateral do tronco. Com isso, impede um curvamento além do fisiológico. Vejamos:
Movimento de flexão lateral do tronco.
Ligamentos da coluna vertebral
Ligamento	Inserção	Ação
Alar	Ápice do dente ATÉ o occipital medial.	Limita a flexão lateral e a rotação da cabeça; mantém o dente do áxis no atlas.
Do ápice do dente	Ápice do dente ATÉ a região anterior do forame magno.	Mantém o dente do áxis no atlas e no crânio.
Longitudinal anterior	Sacro; corpo e discos vertebrais anteriores ATÉ o copo e o disco anterior acima; atlas.	Limita a hiperextensão da coluna vertebral; limita o deslizamento anterior da vértebra.
Costotransversário	Tubérculo das costelas ATÉ o processo transverso das vértebras.	Sustenta a fixação da costela às vértebras torácicas.
Cruciforme da Atlas	Osso odontoide ATÉ o arco do atlas.	Estabiliza o odontoide e o atlas; previne o movimento posterior do dente do áxis no atlas.
Iliolombar	Processo transverso das vértebras ATÉ o processo espinhoso das vértebras.	Limita o movimento da região lombar na flexão e na rotação.
Interespinal	Processo espinhoso das vértebras ATÉ o processo transverso das vértebras.	Limita a flexão do tronco e as forças de cisalhamento sobre as vértebras.
Intertransversário	Processo transverso das vértebras ATÉ o processo transverso das vértebras.	Limita a flexão lateral de tronco.
Amarelo	Lâmina da vértebra ATÉ a lâmina da vértebra seguinte.	Limita a flexão do tronco; auxilia na extensão do tronco; mantém tensão constante nos discos.
Nucal	Lâminas das vértebras ATÉ as lâminas das vértebras cervicais; conecta-se ao ligamento supraespinhal.	Limita a flexão cervical; auxilia na extensão; mantém constante a sobrecarga dos discos.
Longitudinal posterior	Copo e discos vertebrais posteriores ATÉ o corpo e discos vertebrais da vértebra seguinte.	Limita a flexão do tronco e a flexão lateral.
Radiado da cabeça da costela	Cabeça da costela ATÉ o corpo da vértebra.	Mantém as costelas ligadas às vértebras torácicas.
Supraespinal	Processo espinhoso ATÉ o processo espinhoso da vértebra seguinte.	Limita a flexão de tronco; resiste à força de cisalhamento anterior sobre a coluna vertebral..
Tabela – Ligamentos da coluna vertebral.
Adaptada de Hamill et al. (2016 p. 256).
SEGMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL
Segmento cervical
O segmento cervical da coluna vertebral possui sete vértebras em sua totalidade, sendo que as duas primeiras vértebras possuem grau de especialidade. A primeira vértebra (C1) é chamada de atlas e a segunda vértebra (C2) chamada de áxis.
Atlas
A C1 não possui corpo vertebral e possui um formato anelar com dois arcos – um anterior e outro posterior. Essa característica é marcante nessa vértebra, devido à sua função de se articular aos côndilos occipitais por meio da articulação atlantoccipital e de promover os movimentos de flexão e extensão de cabeça.
Áxis
A vértebra C2 também possui uma modificação em seu processo articular superiormente. A áxis possui uma proeminência óssea na direção cranial que permite que ela se articule com a C1, formando uma articulação conhecida como atlantoaxial. Essa articulação permite movimentos rotacionais amplos da nossa cabeça, justamente pelo fato de essa proeminência óssea funcionar como um pivô e girar no próprio eixo articular.
Segmento torácico
O segmento torácico da coluna vertebral possui doze vértebras em sua totalidade. Morfologicamente, as vértebras torácicas possuem um maior tamanho em relação às vértebras cervicais, pelo fato de que elas resistem a maiores cargas.
Conforme nos distanciamos da região cervical e nos aproximamos da região lombar, as vértebras vão ficando maiores. Com isso, observamos a relação de tamanho do corpo vertebral na região toracolombar e sua função de absorver e dissipar forças, principalmente de compressão.
Os principais movimentos permitidos por esse segmento são de flexão e extensão amplos, e inclinação lateral mais reduzidos.
Movimento de flexão e extensão da coluna.
Região da lombar
O último segmento móvel da coluna vertebral – a região da lombar – possui cinco vértebras. Morfologicamente, as vértebras lombares têm o maior tamanho entre todas as vértebras, possuindo um corpo extremamente volumoso, principalmente no segmento lateral.
Você sabia
Homens possuem um segmento lombar mais alto do que as mulheres, principalmente nas articulações entre L4-L5 e L5-S1 – regiões mais acometidas pelo quadro de hérnia de disco.
EIXOS DE MOVIMENTO DA COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral foi feita para se movimentar, principalmente nos eixos anteroposterior e laterolateral, mas com uma combinação de movimentos também no eixo funcional rotacional. Desse modo, a coluna realiza movimentos de flexão e extensão, inclinação lateral (flexão lateral) e rotação, respeitando os graus de liberdade típicos de cada segmento da coluna.
A coluna vertebral sempre permitirá movimentos mais amplos anteriormente do que posteriormente. Isso se dá pelos próprios bloqueios anatômicos que encontramosna região posterior da coluna, como os processos espinhosos. Vejamos, a seguir, o movimento de rotação da coluna, realizado em uma aula de Pilates.
Rotação da coluna.
PRINCIPAIS AÇÕES MUSCULARES DA COLUNA VERTEBRAL
Vimos que a coluna vertebral possui diversas estruturas que possibilitam um amplo grau de movimentação. Para que essa livre movimentação aconteça, é necessário que ocorram contrações musculares.
Atenção
A partir dos conceitos básicos da movimentação humana, para que aconteça qualquer tipo de movimento, é necessário que ocorra, primeiramente, uma contração muscular. A contração tracionará os ossos aos quais os músculos estão fixados e, com isso, o segmento se deslocará no espaço.
Iremos analisar, a partir de agora, os principais grupamentos musculares responsáveis por realizarem os movimentos na coluna vertebral.
Extensão de tronco
Diversos grupamentos musculares, na maioria músculos com pouca dimensão, constituem a loja posterior da coluna vertebral e são responsáveis por permitir o movimento de extensão de tronco. Para um melhor entendimento, esses músculos podem ser divididos em dois grupos:
Músculos eretores da espinha
Iliocostal, longuíssimo e espinal.
Músculos posteriores profundos
Intertransversários, interespinais, rotadores e multífido.
Todos esses músculos fazem parte da loja posterior e percorrem longitudinalmente (direção craniocaudal) ao longo de toda a coluna vertebral. Caso esses músculos sejam ativados em pares, promovem o movimento de extensão de coluna. Caso sejam ativados unilateralmente, permitem os movimentos de rotação e flexão lateral de tronco.
Os músculos iliocostal, longuíssimo e espinal (eretores da espinha), quando em conjunto, são considerados os músculos mais volumosos (maior massa muscular somada) que realizam esse movimento.
Flexão de tronco
É importante destacar que o movimento de flexão é mais amplo nas regiões cervical e lombar. Lembre-se da discussão sobre a presença de processos espinhais diferenciados e a inclinação da região torácica.
Diferentemente dos músculos extensores, esse conjunto de músculos responsáveis por promover a flexão do tronco se localiza na loja anterior do tronco. Mais especificamente, os músculos flexores da região cervical ficam localizados na região anterior do pescoço e cruzam para a região posterior. Desse modo, são capazes de promover o movimento de flexão por meio de sua contração.
Somos capazes, portanto, de destacar os músculos esternocleidomastóideo, esplênio da cabeça, omo-hioide (ventre inferior) e escaleno. Por outro lado, os músculos flexores do tronco – região lombar – ficam localizados na região anterior do abdômen, com origem e inserção na região torácica e no quadril, respectivamente. Nesse sentido, somos capazes de destacar os músculos abdominais, principalmente o reto abdominal.
Músculos abdominais.
É necessário diferenciarmos os movimentos de flexão de tronco e flexão da coluna – objeto de muitas dúvidas no cenário prático. Conforme abordado, na flexão de coluna, o movimento ocorre envolvendo a região lombar. Por sua vez, a flexão do tronco possui menor amplitude, envolvendo somente as vértebras torácicas, conforme apresentado na imagem abaixo.
Flexão lateral de tronco
O movimento de flexão lateral da coluna é promovido por meio da contração bilateral dos músculos responsáveis por esse movimento. No entanto, há uma maior ação de contração dos músculos localizados no lado que será realizado o movimento.
A maior efetividade do movimento de flexão lateral de tronco ocorre pela ativação dos músculos eretores da espinha, dos músculos intertransversários profundos e interespinais, bem como dos músculos oblíquos abdominais.
Rotação de tronco
O movimento de rotação de tronco é o mais complicado para análise, no que diz respeito à ação muscular e, principalmente, ao plano e eixo do movimento em que ela acontece. Para que a rotação de tronco aconteça, é necessário o sinergismo, principalmente, de três músculos:
Músculos multífidos ipsilateral ao lado do movimento.
Músculos longuíssimos contralaterais ao lado do movimento.
Músculo iliocostal contralateral ao lado do movimento.
Em linhas gerais, é necessário que ocorra um movimento na região proximal e uma sustentação da posição da região distal. A decomposição desses vetores de força permite que aconteça o movimento de rotação.
AÇÕES MUSCULARES E MOVIMENTOS NA COLUNA VERTEBRAL
O especialista Thiago Matassoli Gomes demonstrará, em detalhes, as ações musculares e os movimentos da coluna vertebral por meio de imagens.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O movimento de flexão do tronco é realizado pelos músculos anteriores. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta o músculo relacionado a esse movimento.
Intertransversário
Interespinal
Reto abdominal
Iliocostal
Multífido
Comentário
2. Os movimentos de flexão do tronco e flexão da coluna são demasiadamente confundidos no âmbito prático da análise de movimento. Nesse sentido, assinale a alternativa que caracteriza o movimento de flexão do tronco.
É um movimento de grande amplitude.
Envolve toda a região lombar da coluna.
É um movimento de baixa amplitude que envolve a região torácica da coluna.
Possui grande atuação dos músculos multífidos.
Possui grande atuação dos músculos interespinhais.
Comentário
MÓDULO 3
Identificar os torques de força, resistência e articulares resultantes na coluna vertebral
TIPOS DE CARGA NA COLUNA VERTEBRAL
As cargas que são frequentemente aplicadas ao sistema musculoesquelético podem gerar alguns tipos de deformação tecidual e causar rupturas. Quando relacionamos a estrutura da coluna vertebral com essas cargas deformantes, observamos 5 principais cargas:
Tensão
Compressão
Cisalhamento
Torção
Forças combinadas
Vamos conhecer, a seguir, cada um desses tipos de carga.
Tensão
A força de tensão possui como principal característica o vetor de tração longitudinal. Em outras palavras, são dois vetores de força atuando de forma concorrente naquele segmento, gerando um aumento no espaço articular, quando pensamos na articulação como exemplo (Figura a seguir).
Exemplo
Imagine a realização de um alongamento ativo, em que o indivíduo se pendura em uma barra livre. O peso do corpo do indivíduo realizará uma carga axial com vetor de força craniocaudal, enquanto o eixo fixo (punho) somado à força de contração dos músculos dos membros inferiores resulta em uma estabilização do segmento.
A resultante dessa “briga de forças” gera um afastamento entre os discos vertebrais, aumentando o espaço intervertebral.
Representação esquemática da força de tensão sob um corpo.
Compressão
A força de compressão possui uma ideia similar às cargas de tensão, diferenciando-se apenas na direção dos vetores. Enquanto os vetores direcionais na tensão produzem uma resultante que permite o alongamento, os vetores direcionais na compreensão permitem uma redução do espaço (Figura abaixo).
Exemplo
Ao realizar o exercício de agachamento livre, a posição inicial com a barra na região posterior dos ombros é uma boa sinalização de como uma força de compressão pode atuar na coluna. A barra está exercendo uma carga axial em um vetor craniocaudal (direção da gravidade), enquanto a força de reação do solo somada à força muscular dos membros inferiores está realizando uma carga axial em um vetor caudal-cranial (contra a gravidade).
O resultado dessas forças, quando diferentes, é uma redução no espaço intervertebral.
Representação esquemática da força de compressão sob um corpo.
Cisalhamento
A força de cisalhamento se caracteriza por ser uma carga em ângulo reto que atua em direções opostas. A grande característica da força de cisalhamento – isso é importante tanto aos profissionais de Educação Física como aos de Fisioterapia – é que ela produz uma força combinada chamada de torção. Essa resultante de torção é uma das principais causas de potencialização de lesões na coluna vertebral (imagem a seguir).
No cisalhamento, é possível observar o deslizamento entre duas superfícies ósseas. O gesto motorda braçada no nado crawl pode ser um exemplo para a observação dessa força. Durante o movimento, a cabeça do úmero realiza um deslizamento contra a cavidade glenoide da escápula.
Representação esquemática da força de cisalhamento sob um corpo.
Torção
A força de torção, assim como a força de cisalhamento apresentada anteriormente, é uma das principais causas de lesões na coluna vertebral. A força de torção se caracteriza pelo movimento de rotação de um corpo sobre o seu próprio eixo (imagem abaixo).
Representação esquemática da força de torção sob um corpo.
Classicamente, podemos observar esse tipo de força atuando em alguns exercícios que realizamos no dia a dia de treino. Por exemplo, o movimento de flexão diagonal de tronco, ao realizar o exercício de abdominal (oblíquos), é tipicamente um exercício que gera força resultante de torção no segmento Toracolombar da coluna vertebral.
Forças combinadas
As forças combinadas nada mais são do que combinações de diferentes forças agindo sobre o mesmo corpo e ao mesmo tempo. De modo geral, essas forças são a de compressão e a de tensão, resultado em um “achatamento” do corpo (imagem a seguir).
Representação esquemática das forças combinadas sob um corpo.
Atenção
Imagine uma bola de tênis. Ao pisarmos nessa bola, estamos promovendo uma carga axial no sentido cranialcaudal e, por consequência, gerando uma expansão laterolateral da bola. Essa combinação de deformações no corpo existe para balancear as cargas e, de certo modo, dissipá-las.
DETERMINAÇÃO DOS TORQUES DE FORÇA, RESISTÊNCIA E ARTICULARES RESULTANTES NA COLUNA VERTEBRAL
Torque
Vimos que o movimento humano pode ser classificado por sua linearidade e por sua angularidade. O movimento final produzido, quando for de rotação, independentemente se com maior ou menor potência, dependerá da força que o move assim como da força perpendicular a que essa força está do eixo de giro.
Essa esquematização representa o que conhecemos como análise de um torque. Para Carpenter (2005, p. 49), torque é:
Toda força aplicada em um sistema rotatório que depende da distância em que essa força está do eixo.
O torque nos fornece valores de cunho quantitativos de como a ação de uma força pode produzir movimentos rotacionais. Nesse ponto, é importante entender que a maioria dos movimentos do nosso dia a dia, inclusive gestos esportivos específicos, são movimentos que acontecem no eixo rotacional.
Por exemplo, girar o volante do carro, trocar o pneu de um carro, chutar uma bola de futebol, arremessar uma bola de beisebol. Esse contexto faz bastante sentido quando pensamos nos conceitos mais modernos de análise de movimentos, e incluímos, aqui, a análise ou produção de força por meio do sistema fascial.
Momento de força versus torque
Antes de prosseguirmos, é interessante destacarmos uma confusão física que acontece ao tentar explicar torque. Em grande parte dos momentos, ouviremos que momento de força é sinônimo de torque. No entanto, mesmo que sejam similares, não significam a mesma coisa.
Fisicamente, o momento de força dependerá apenas de uma força. Já o torque, obrigatória e minimamente, dependerá de duas forças atuantes.
Desse modo, usando os mesmos exemplos citados, quando giramos o volante do carro e trocamos o pneu, usamos ambas as mãos e estamos produzindo torque.
Em contrapartida, quando chutamos uma bola de futebol e arremessamos uma bola de beisebol (unilateralmente), estamos produzindo um momento de força.
Equação de torque
Carpenter (2005) indica que todo momento de força ou torque são interdependentes da distância para representar sua magnitude. Essa distância deverá seguir uma disposição perpendicular com angulação de 90° entre o eixo do movimento e o vetor de força. Tal informação se apoia na mecânica clássica, na obra de Sir Isaac Newton.
A 2ª Lei de Newton indica que a força resultante sobre qualquer corpo é necessariamente igual à variação de sua quantidade de movimento ou de momento anular em determinado espaço de tempo.
Com isso, a melhor equação representativa para torque é:
t = F1
Nesse caso, t (tau) representa fisicamente o torque, F representa a força aplicada e 1 representa o braço de alavanca do movimento. Conforme se tem mais forças atuantes, deve-se somá-las na equação – por exemplo F1+ F2 + ... Fx.
De acordo com o Sistema Internacional de Medidas, a unidade de medida para torque é newton-metro (n.m). Adicionalmente, como vimos, o torque é resultante de outros vetores, de forma que podemos dizer que ele é uma grandeza vetorial.
Atenção
Cabe observar o detalhe do sinal quando falamos de torque. Quando a resultante de torque é produzida no sentido anti-horário, leva um sinal positivo. Quando esse resultando é produzido no sentido horário, leva um sinal negativo.
Lembre-se de que o vetor de torque sempre será perpendicular (90°) ao plano formado pelos seus vetores e opostamente direcional ao vetor da força aplicada.
Resistência às cargas
As cargas aplicadas à coluna vertebral podem ser geradas por diversos meios, desde o peso corporal, passando pela força muscular e chegando às cargas externas impostas a esse segmento. Segundo Hamill et al. (2016), a coluna vertebral, passivamente – ou seja, sem que aconteça contração muscular –, suporta até cerca de 20N de força. A única exceção é a região lombar da coluna vertebral, que é capaz de suportar aproximadamente 100N sem que aconteça contração muscular, como já exploramos anteriormente.
A tensão muscular é dependente de dois fatores importantes: o primeiro é a posição do segmento corporal; o segundo, a carga externa imposta a esse segmento.
Estruturas de resistência
Quando falamos de coluna vertebral, as estruturas de sustentação desse segmento são os discos intervertebrais, as articulações dos processos articulares e os ligamentos intervertebrais. A coluna vertebral é um dos segmentos que mais recebem ação de forças compressivas ao longo do tempo, principalmente da força da gravidade.
Você sabia
As forças compressivas da gravidade agem em um vetor de força perpendicular ao solo, mas não totalmente perpendicular à estrutura da coluna vertebral, devido às curvaturas fisiológicas de lordose e cifose presentes nessa estrutura. Estima-se que apenas na região lombar, especificamente em L3 e L4, a força compressiva age perpendicularmente.
Essas forças de compressão recebem resistência de algumas estruturas. A primeira estrutura que oferece resistência à força de compressão é o disco intervertebral. Nos momentos em que ocorrem o movimento de flexão do tronco, cerca de 70% da resistência é oferecida pelos ligamentos intervertebrais, e os demais 30%, pelos discos intervertebrais em extensão.
Coluna lombar
Conforme discutimos, o segmento lombar da coluna vertebral foi feito para receber maior força, e não é à toa que, anatomicamente, sua estrutura foi feita para isso. Devido ao seu posicionamento no tronco, as vértebras lombares lidam com a maior carga. Para visualização, 18% da carga total é compreendido pelo peso da cabeça e do tronco.
Por mais que a contração muscular seja uma ação protetora por excelência, sua ação aumenta a força de compressão da estrutura da coluna. Essas forças compressivas são naturalmente aumentadas quando ocorre uma maior flexão lombar.
Exemplos simples do dia a dia podem ilustrar como esse aumento pode ocorrer a partir das variações de posições. O fato de cruzar as pernas pode aumentar entre 35 e 53% a força de compressão na lombar; realizar agachamento nos calcanhares pode aumentar entre 70 e 75%; levantar pesos no solo pode aumentar entre 70 e 100%, e movimentos rápidos a fundo podem aumentar entre 100 e 110% da força compressiva na região da coluna lombar.
Lembra quando comentamos que a força da gravidade é uma força atuante a todo o momento no nosso corpo?
A carga axial sobre a coluna vertebral incidida pela força da gravidade pode representar, dependendo da posição, um valor de 700N.
Esses valores já são relativamente elevados, mas podem aumentar para, aproximadamente, 3.000N quando levantamos umacarga extremamente pesada do solo.
A apresentação desses valores não é para indicar alardes ou creditar fragilidade à coluna lombar. Pelo contrário, a função dessa valorização é demonstrar que a coluna já recebe forças incididas sobre ela ao longo do tempo e que ela é uma estrutura extremamente forte, que foi “moldada” para receber e dissipar essas cargas.
Disco vertebral
É possível observar, em diversos movimentos normais realizados no dia a dia – considerando a posição anatômica do tronco –, que diferentes tipos de torques e forças são aplicados nos planos perpendiculares e paralelos em relação ao disco vertebral.
A capacidade de resistir ao torque aplicado tem relação direta com a capacidade viscoelástica, principalmente do componente elástico, do disco intervertebral. O disco é capaz de resistir a uma carga compressiva aplicada de igual magnitude à sua capacidade de deformação. Nesse sentido, sua altura inicial possui extrema importância, de modo que, quanto maior for a altura do disco antes da carga ser aplicada (pré-carga), maior será sua capacidade de absorção (ADAMS et al., 1994).
Dinâmica inversa da coluna vertebral
Ainda hoje, é um grande desafio para a biomecânica estimar a quantidade de força interna gerada por músculos e articulações durante movimentos da vida diária. Um simples movimento de levantar um objeto do chão pode ser analisado de diversas maneiras e, dependendo da posição do corpo, por exemplo, resultar na diferente aplicação de torques.
Para um simples levantamento de carga do solo, observa-se um aumento na sobrecarga da articulação intervertebral, especialmente em L5/S1, e a posição do corpo pode afetar a cinética e a cinemática da coluna vertebral (KINGMA; VAN DIEEN, 2004).
A dinâmica inversa é uma técnica biomecânica utilizada em larga escala para determinar a quantidade de força interna necessária para a realização de determinada tarefa motora (SOARES et al., 2004; LOSS et al., 2006). Dessa forma, La Torre et al. (2008) calcularam e compararam os resultados das forças articulares e musculares – utilizando a dinâmica inversa – para quatro diferentes técnicas de levantamento de pesos do chão.
As comparações envolveram as seguintes situações:
Articulações dos joelhos e cotovelos estendidas.
Articulações dos joelhos estendidas e cotovelos flexionados.
Articulações dos joelhos e quadril flexionadas e cotovelos estendidos.
Articulações dos joelhos, quadril e cotovelos flexionadas.
Por meio das análises antropométricas, cinéticas e cinemáticas obtidas, foi possível determinar o modelo biomecânico do movimento, em que os torques e as forças foram devidamente discriminados (imagem abaixo).
Desenho esquemático do modelo biomecânico.
A partir daí, pode-se desenvolver uma técnica muito comum na biomecânica para a realização da análise dos torques e forças, que é o diagrama de corpo livre (imagem a seguir).
Diagrama de corpo livre do modelo biomecânico.
Após a análise dos dados, os autores observaram que não houve diferença na força gerada pelos músculos e pelas articulações durante o levantamento. No entanto, observou-se que existe uma maior tendência (ver as próximas 2 imagens) de existirem maiores magnitudes de forças internas nas técnicas de levantamento com as articulações dos joelhos e quadril flexionados (técnica 3) e cotovelos estendidos, e articulações dos joelhos, quadril e cotovelos flexionados (técnica 4).
Média e desvio padrão das forças articulares em cada fase do levantamento nas quatro técnicas adotadas.
Média e desvio padrão das forças musculares em cada fase do levantamento nas quatro técnicas adotadas.
Conforme já demonstrado, a posição dos segmentos corporais possivelmente irá incidir em diferentes aplicações de forças internas. Esse ponto deve ser levado em consideração quando se for realizar a prescrição de um exercício, seja para a reabilitação seja para o desempenho.
TORQUES DE FORÇA, RESISTÊNCIA E ARTICULARES RESULTANTES NA COLUNA VERTEBRAL
O especialista Thiago Matassoli Gomes demonstra em detalhes as técnicas de determinação do torque na coluna vertebral.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A força aplicada na coluna vertebral que tende a causar um esmagamento é denominada:
Cisalhamento
Tração
Compressão
Combinada
Tensão
Comentário
2. Durante a contração muscular, a força é aplicada em um dos pontos de fixação do músculo tracionando um segmento ósseo em direção ao outro. Nesse sentido, podemos afirmar que a contração muscular aplica um tipo de carga sobre o osso denominada:
Cisalhamento
Deslizamento
Compressão
Combinada
Tensão
Comentário
CONCLUSÃO

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