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Demonstrações Financeiras Básicas Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Prof.ª Me. Selma Aparecida Cesarin 5 • Fluxos e ciclos: o giro operacional; • Encerramento das contas de resultado; • Um caso prático. Nesta Unidade, iremos estudar a “apuração do resultado do exercício” ou a “conta ARE”, que também é conhecida no jargão contábil como o “fechamento contábil”. O procedimento de apuração do resultado do exercício é rápido de explicar: é o encerramento das contas de resultado, a apuração do resultado (lucro e prejuízo) e sua “transferência” para o balanço patrimonial, no patrimônio líquido”. Mas... realizar esse procedimento não é tão fácil! É necessário, exercitar! Por isso, nesta Unidade iremos realizar em detalhes e passo a passo a apuração do resultado do exercício. A recomendação é a que você não apenas leia o conteúdo, mas reproduza com calma e sem ansiedade os procedimentos passo a passo em seu caderno, em folhas de sulfite ou em planilhas de excel, o que julgar mais confortável para seu estudo. Nesta Unidade, iremos estudar a (para muitos, indecifrável) “apuração do resultado do exercício” ou a “conta ARE”, que também é conhecida no jargão contábil como o “fechamento contábil”. O procedimento de apuração do resultado do exercício é rápido de explicar: é o encerramento das contas de resultado, a apuração do resultado (lucro e prejuízo) e sua “transferência” para o balanço patrimonial, no patrimônio líquido”. Mas... realizar esse procedimento não é tão fácil! É necessário, exercitar! Por isso, nesta Unidade iremos realizar em detalhes e passo a passo a apuração do resultado do exercício. Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) 6 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) Contextualização Gastronomia de Rua em Nova York Para iniciarmos esta Unidade, convido você a conhecer como surgiu a iniciativa dos “food Trucks” em Nova York, com base na matéria da jornalista Luciana Guimarães para a Globo News, programa Mundo S/A.”. Vídeo disponível em: http://youtu.be/rR1z6xX5hSk. 7 Fluxos e Ciclos: O Giro Operacional Eficiente é fazer as coisas certo Eficaz é fazer as coisas certas. Uma das maiores dúvidas dos usuários da conta- bilidade (tanto os internos, como os externos) é se a empresa, em sua operação de rotina, consegue ou é capaz de ser eficiente e eficaz. Não importa muito se uma empresa consegue um excelente resultado esporadicamente (em- bora isso seja muito bom), o interesse é que a empresa mantenha certa constância, regularidade em seus resultados. Em comparação, esse sentimento não é muito diferente do que vemos no esporte, por exem- plo: quando um fã torce por um time ou por um atleta, seu interesse é que esse atleta “ganhe todas”. O fã até reconhece que em alguns momentos é benéfico para um time ou um atleta não ser o campeão, mas quer sempre que seja “um dos melhores”, esteja sempre no pódium. Mas como saber se um time ou um atleta tem bons resultados? Certamente, você dirá que para responder essa pergunta é necessário apurar os rankings, ou seja, o seu cartel, a sua posição entre os outros atletas ou seus “índices”. E quem é fã, costuma acompanhar constantemente cada novo passo de seu time e/ou atleta. A cada novo jogo, partida ou apresentação, um atleta é minuciosamente avaliado. Se os seus resultados forem bons, dentro do esperado, será elogiado e consagrado; mas se o seu desempenho não for o esperado, será criticado e cobrado, às vezes veemente ou até exageradamente. Nessas situações, o que vemos como resposta é o time ou atleta reafirmarem que vão continuar campeões ou vão se superar e fazer o que for possível para serem campeões. Em ambas as situações, algo terá de ser feito para que esse objetivo seja alcançado. Nas entidades/empresas não é diferente. No atual ambiente competitivo dos negócios, é necessário sempre buscar a excelência. A Demonstração dos Resultados do Exercício auxilia os usuários da contabilidade a realizarem suas análises e observar qual está sendo o desempenho das empresas. Mas, diferente de um jogo de futebol ou vôlei, no qual a pontuação é registrada momento a momento, em uma empresa é necessário realizar uma apuração periódica para ter a posição do desempenho. Isso significa que, em determinados momentos, existe uma cegueira, sabe-se que está sendo feito o melhor, mas ainda não se sabe se isso será o suficiente. É como nos mostra Kaplan (HBS Case # 9-130-039, p.6-7) apud Atkinson et al (2000, p. 55): Para entender o problema da informação atrasada e agregada, você deve imaginar um gerente de departamento como sendo um jogador de boliche, atirando uma bola nos pinos, a cada minuto. Porém, não permitimos que o jogador veja quantos pinos derrubou em cada arremesso. Ao final do mês, apuramos os resultados, calculando a quantidade total de pinos derrubados 8 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) durante o mês, comparamos esse total com um padrão, e reportamos o total e a variância ao jogador. Se a quantidade total estiver abaixo do padrão, solicita- mos ao jogador uma explicação e o encorajamos a fazer melhor no próximo período. Começamos a entender que não nos tornaremos jogadores de catego- ria internacional com esse tipo de sistema de relatório. Figura 1: Analogia do professor Robert Kaplan ao processo contábil de encerramento periódico das contas de resultado com o boliche. Thinkstock/G etty Im ages Observe que esse autor mostra enorme preocupação quanto às informações que os gestores recebem da contabilidade das em- presas em que atuam e faz uma crítica cons- trutiva a respeito. De fato, o costume de acumular dados que somente serão apurados ao final de um período para somente depois saber o que ocorreu vem sendo muito criticado. Saramelli (2010) mostra que, com a evolução natural das necessidades competitivas, o que levou, em consequência, a uma crescente informatização da contabilidade, cada vez mais foram sendo criados artefatos contábeis capazes de fornecer dados precisos aos gestores. Os modernos sistemas integrados de ERP (Enterprise Resource Planning – Planejamento integrado de Recursos) são capazes de apresentar dados em tempo real (online); porém, fazem isso usando dados padrões. Em alguns casos, os dados padrões, formados a partir de estudos precisos sobre as operações do passado e futuras da empresa, são base para lançamentos contábeis reais. Trocando Ideias Exemplos de sistemas integrados ERP são os sistemas da SAP, Totvs, Sage, entre outros. Os dados e custos-padrões (se bem preparados) são tão precisos que praticamente são idênticos aos reais e ajudam os gestores a diminuir a cegueira por dados durante suas ações. São normalmente apresentados na forma de atraentes e práticos dashboards. Trocando Ideias Dashboards são painéis informativos (interação homem-máquina) nos quais os dados financeiros são apresentados com medidores, como se fossem os de um painel de carro ou de um avião. Pesquise a respeito na Internet. Atualmente, há muito interesse sobre esse assunto e até competições entre estudantes e profissionais para escolher quem prepara o melhor dashboard! 9 Isso leva os usuários internos da contabilidade (gestores e funcionários) a uma falsa impressão de que dados reais não são necessários Porém, o encerramento das contas e o ajuste de eventuais variações entre os padrões e real continuam sendo imprescindível. É o que diz, entre vários autores, Eliseu Martins (2003, p. 317) ao expor a necessidade de dados reais na contabilidade de custos: [Custo-padrão nunca foi uma forma de simplificar a vida da empresa. Essa é uma ideia errônea, nascida de uma visão parcial do que seja um Sistema].[O Custo-padrão não elimina o Real, nem diminui sua tarefa; aliás, a implantação do Padrão só pode ser bem sucedida onde já exista um bom sistema de Custo Real]. Trocando Ideias Em alguns países, é muito comum o “fechamento contábil”, ou seja, o procedimento de apuração real das contas ser realizado uma vez por ano ou poucas vezes por ano. No Brasil, devido a exigências, principalmente, da contabilidade tributária, o costume é que seja realizado um fechamento contábil mensalmente. Ao mesmo tempo, para o usuário externo da contabilidade, a única fonte de dados para suas análises são as demonstrações financeiras, que são preparadas com base em dados reais. Os usuários externos da contabilidade costumam observar a empresa como um sistema, ou como dizem Atkinson et al (2000, p. 77): uma “sequência de atividades ou Cadeia de Valores”, ou seja: Uma empresa pode ser definida pela forma como ela se organiza e gerencia sua sequência de atividades. Uma sequência de atividades que cria um bem ou serviço pode ser vista como uma cadeia de valores desde que cada elo seu na cadeia de valores, possa acrescentar algo, no produto, que o cliente valorize. Esses autores prepararam um quadro no qual mostram elementos-chave da cadeia de valores: Quadro 1: Elemento-chave da cadeia de valores. (4) Atividades Administrativas Pessoal, finanças, legal contábil, pesquisa (1) Atividades de Entrada Desenho do produto, desenho do processo, compras, treinamento (2) Atividades de Processamento Desenho do produto, desenho do processo, compras, treinamento (3) Atividades de Saída Desenho do produto, desenho do processo, compras, treinamento Fonte: Atkinson et al (2000, p.78). 10 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) Assim, entende-se que uma entidade tem um ciclo de operações, com um começo, um meio e um fim. Em qualquer empresa, sempre veremos essas quatro atividades com maior ou menor ênfase. Se em uma partida de futebol ou de vôlei, ou qualquer outra competição esportiva, sabemos ver com clareza onde ela começa, desenvolve-se e termina, em uma empresa isso, na maioria das vezes, não é claro, mas há um ciclo. Fim Começo Meio Figura 2: Representação do “Giro Operacional” No mercado financeiro, é costume chamar esse ciclo de operações – ou, como disseram Atkinson et al (2000, p. 77): uma “sequência de atividades ou Cadeia de Valores”, de “Giro operacional”. É o que po- demos ver na figura a seguir: Assim, os usuários externos entendem que o giro operacional é um “corte” imaginário nas operações (às vezes frenética) das empresas, que dá a oportunidade ou a conveniência para dar uma “parada” para avaliação. A divulgação das demonstrações contábeis nas chamadas “temporadas de balanço” promove a oportunidade para que todos façam isso, o que torna o giro operacional um momento real de avaliação, mesmo que as operações de uma empresa estejam em ritmo frenético e “a pleno vapor”. Você Sabia ? As demonstrações de empresas do setor sucroalcooleiro, que dependem do ciclo da cana de açúcar, costumam ser publicadas de acordo com as safras: para coincidir o momento de avaliação do desempenho com o fim real das operações daquele período. Contadores de outras áreas que tem ciclos de atividades mais lentos e que se estendem por vários anos, como na silvicultura, na área de construção civil e imobiliária, ou ainda na construção naval, costumam reclamar que os investidores acabam por avaliar injustamente a empresa com ciclos mais rápidos, como na indústria de alimentação ou da moda. Na busca de modelos e processos para a melhoria das atividades de uma empresa para aumentar sua eficiência e eficácia, muitos profissionais no mercado costumam propor processos baseados no giro operacional da empresa. Um dos modelos mais conhecidos é o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) do estatístico William Edwards Deming que, segundo Paladini (2004), em uma atitude inovadora, propôs um modelo de gestão da qualidade na qual as atividades são planejadas, executadas, avaliadas e corrigidas em ciclos contínuos. P C D A P C D A Figura 3: Representação do ciclo PDCA de Deming. É o que podemos ver na figura ao lado. A Demonstração do Resultado do Exercício e o encerramento periódico das contas de resultado dá a oportunidade para que tanto usuários internos como usuários externos possam avaliar as operações e propor soluções aos problemas identificados, o que em muitos casos alavanca inovações. No próximo item, iremos estudar como é realizado o procedimento de encerramento das contas. 11 Encerramento das Contas de Resultado Conforme ensinam Iudícibus et al (2010 p. 172), no início de um exercício social, as contas patrimoniais (as contas do balanço patrimonial) iniciam com saldos, mas as contas de resultado (as contas da demonstração do resultado do exercício) iniciam o período com o saldo nulo, dando a impressão de que jamais teriam sido usadas. É o que esses autores expõem: As contas patrimoniais permanecem com seus respectivos saldos no início de um novo período contábil; podemos, inclusive, concluir que o saldo de qual- quer conta Patrimonial é o saldo acumulado de todos os lançamentos efetuados nessa conta desde o início das atividades da empresa. As contas de Resultado começam cada período contábil (no máximo o exercício social – que é de um ano, como regra) com saldo nulo, como se a conta ainda não tivesse sido movimentada. Para que essas contas comecem cada período com saldo nulo, é necessário que no último dia do exercício anterior o saldo existente seja encerrado) Assim, esquematizando esse processo, temos a seguinte figura: Figura 4: Representação do comportamento dos saldos das contas patrimoniais e de resultado durante um exercício contábil. Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Receitas Despesas Giro Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Giro Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Giro DespesasReceitas Receitas Despesas 12 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) Ao final do exercício contábil, é realizada a Apuração do Resultado do Exercício (ARE). Nessa ocasião, o contador apura o Balancete de Verificação com todos os saldos das contas contábeis. Você Sabia ? No passado, até as décadas de 1960 e 1970 e, em alguns casos, até a década de 1980, era muito comum um fechamento contábil durar cerca de três meses nas grandes empresas, que tem um grande volume de fatos a serem processados. Com a introdução da Tecnologia da Informação, gradativamente esse tempo foi sendo reduzido e há empresas que conseguem apresentar suas demonstrações contábeis já devidamente analisadas internamente e pela auditoria externa por volta do terceiro ou quinto dia útil. A redução do tempo de fechamento contábil sempre foi um argumento de venda para a promoção de sistemas de TI. Mas, mesmo com toda a tecnologia empregada atualmente e os mais velozes computadores, não raramente o processo de fechamento contábil costuma levar horas para ser processado. Atualmente, muitos usuários consideram que o fato de uma empresa demorar em publicar suas demonstrações financeiras é sinal de graves problemas e existe até certa competição entre as empresas nesse sentido. A empresa Alcoa Alumínio S. A. é conhecida por ser sempre a primeira a publicar suas demonstrações financeiras na Bolsa de Nova York, por exemplo. Com o Balancete de Verificação em mãos, transferem-se todos os saldos das contas de resultado para uma conta que existe exclusivamente para esse fim: ARE, Apuração do Resultado do Exercício. Posteriormente, essa conta “ARE” é transferida para o Balanço Patrimonial. Esquematizando artisticamente esse processo, temos a seguinte figura: Figura 5: Representação do processo de encerramento das contas patrimoniaise de resultado ao final de um exercício contábil. ReceitasReceitasDespesasDespesasReceitasDespesasReceitas Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Receitas Despesas Giro Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Giro Balanço Patrimonial Ativo Demonstrações do Resultado do Exercício Giro Passivo 13 Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Receitas Despesas Giro Balanço Patrimonial Ativo Passivo Demonstrações do Resultado do Exercício Giro Balanço Patrimonial Ativo Demonstrações do Resultado do Exercício Giro Passivo Iudícibus et al (2010, p.173) ensinam que essas transferências são processadas por meio de lançamentos contábeis nos Livros Diário e Razão. Observe a tabela a seguir: Tabela 1: Processamento do encerramento das contas de resultado pelo método das partidas dobradas nos livros Diário e Razão. 1º) Debita-se a conta Resultado do Exercício Creditando-se Cada uma das contas de resultado, com saldo devedor, por seu respectivo saldo. 2º) Debita-se Cada uma das contas de resultado, com saldo credor, por seu respectivo saldo, Creditando-se a conta Resultado do Exercício. 3º) Debita-se a conta Resultado do Exercício Creditando-se As contas do Passivo: - Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social; e - Participações e Contribuição a Distribuir. Fonte: Adaptado de Iudícibus et al (2010, p. 173-4). Após o encerramento das contas de resultado e a apuração da conta Participações e Contribuições a Distribuir, torna-se necessário distribuir o resultado líquido para a conta “Lucros e Prejuízos Acumulados”. 14 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) Iudícibus et al (2010, p.175) ensinam que: Na hipótese de se apurar lucro em determinado exercício, após ele ser transferido para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, será distribuído desta para outras contas, por meio de lançamentos contábeis (Livros Diário e Razão) de forma a atender ao seguinte: 1º) normas legais, pela constituição de Reserva Legal; 2º) normas estatutárias, pela constituição de Reservas Especiais, sem prejuízos dos dividendos normais; 3º) proposta de distribuição da administração, ad referendum dos proprietários (sócios, acionistas), no pressuposto de sua aprovação formal posterior por esses proprietários. A seguir, uma figura com uma representação artística desse processo de distribuição de resultados do exercício. Figura 6: Representação do processo de distribuição de resultados do exercício. T hinkstock/G etty Im ages Nos livros Diário e Razão, essas transferências são processadas da seguinte forma: Tabela 2: Processamento distribuição dos resultados do exercício pelo método das partidas dobradas nos livros Diário e Razão. Débito à conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados e Crédito às contas de Reservas e/ou Crédito à conta própria de “Lucros a Distribuir” ou “Dividendos Propostos” ou com outra denominação. Quando se trata de uma distribuição mandatória, como normalmente exigida pelo estatuto social de uma sociedade por ações, essa conta é já um Passivo. Quando depende de uma assembleia dos acionistas ou órgão equivalente, que pode ou não aprovar, a conta fica destacada no Patrimônio Líquido até a aprovação, quando é transferida para o Passivo. Como ensinam Iudícibus et al (2010, p. 176), no caso de resultado negativo, ou seja, prejuízo, se houver saldos nas contas de reservas, esses saldos vão obrigatoriamente reduzir o saldo da conta de Lucros e Prejuízos Acumulados. 15 Esses autores dizem que: “Se essa conta ficar com saldo devedor (Prejuízo Acumulado), obrigatoriamente são transferidos para ela saldos das Reservas de Lucros (a última a ser usada será sempre a Reserva Legal) até que seu saldo fique zerado”. Iudícibus et al (2010, p. 176) complementam dizendo que: A conta Lucros ou Prejuízos Acumulados somente pode ter saldo negativo (Prejuízo Acumulado) num Balanço se tiverem desaparecido todos os saldos de todas as Reservas de Lucros. Após isso podem (não é obrigatório) também ser usados saldos das Reservas de Capital para absorver os prejuízos acumulados. Você Sabia ? Antes da convergência das normas Internacionais de Contabilidade, admitia-se, no Brasil, o uso da conta contábil “Lucros Acumulados”. Entendeu-se que não é correto manter uma conta de lucros acumulados, se em um exercício contábil apura-se um resultado positivo, esse resultado deve ser distribuído. Apenas é coerente manter “Prejuízos Acumulados” porque, de fato, o resultado positivo de um período posterior amortiza um prejuízo anterior. O contador Antônio Lopes de Sá teceu interessantes críticas construtivas a essa decisão, que podem ser consultadas em: https://bit.ly/3mSg7DP. Assim, a conta “Lucros e Prejuízos Acumulados” é muito importante porque faz uma ligação, ou uma ponte, entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. A figura a seguir transmite essa importante característica da conta “Lucros e Prejuízos Acumulados”: Figura 7: Lucros e Prejuízos Acumulados: A conta que une o Balanço Patrimonial com a Demonstração dos Resultados do Exercício. Lucro líquido Lucro e prejuízos acumulados Balanço Patrimonial D.R.E Thinkstock/Getty Images Essa conta é tão importante que, conforme Iudícibus et al (2010 p. 175), é obrigatória ao término do exercício a preparação de uma demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, ou seja, uma demonstração financeira exclusiva para facilitar a sua análise! 16 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) A seguir, iremos estudar um caso fictício, com a apuração passo a passo do processo de encerramento do exercício. Será um caso simplificado, para auxiliar neste estudo. Um Caso Prático O Sr. Luís Carlos é Chef de Cozinha formado em uma conceituada escola de gastronomia francesa e decidiu abrir um restaurante sobre rodas na cidade de São Paulo. No primeiro dia do mês de fevereiro, o Sr. Luís Carlos, que já havia tomado as primeiras providências para abrir a sua empresa, o “Restaurante Rosa e Silva Ltda.” mantinha o seguinte Balanço Patrimonial: Durante o mês de fevereiro de 20XX, o Sr. Luís Carlos, para sua decepção, mesmo tendo toda a documentação e licenças, não teve autorização da Prefeitura para atuar, conforme decisão do prefeito. Ele poderá entrar em ação em março ou em abril. Porém, por causa de sua proposta, do seu chamativo e charmosíssimo caminhão adaptado food truck e da ajuda de amigos, foi contratado para fornecer alimentação em um encontro em um centro de convenções, dois casamentos e uma festa de aniversário, o que lhe deu bons contratos! Além disso, teve a oportunidade de ambientar o caminhão, ver a reação das pessoas e treinar seus dois funcionários. 17 Durante o mês de fevereiro teve os seguintes fatos contábeis: a) Dia 2 de fevereiro de 20XX No livro diário Compra de combustível para abastecer o food truck D – Despesas com combustíveis R$ 1.000,00 C – Caixa R$ 1.000,00 No livro razão Caixa 1.000,00 294.000,00SI a) Despesas com Combustíveis 1.000,00a) b) Dia 3 de fevereiro de 20XX No livro diário Pagamento de salários e encargos para três funcionários D – Despesas com salários R$ 7.000,00 C – Caixa R$ 7.000,00 No livro razão Caixa 1.000,00 7.000,00 294.000,00SI a) b) Despesas com Salários e Encargos 7.000,00b) c) No dia 10 de fevereiro de 20XX No livro diário Pagamento de despesas com site na internet D – Despesas com divulgação R$ 600,00 C – Caixa R$ 600,00 18 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp)No livro razão Caixa 1.000,00 7.000,00 600,00 294.000,00SI a) b) Despesas com divulgação 600,00c) d) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Ao final do mês, o contador apurou um valor de depreciação para as máquinas e equipamentos, sendo que a conta Estimativa sobre Depreciação é redutora do Ativo Imobilizado. D – Despesas com Depreciação R$ 1.200,00 C – Depreciação Acumulada R$ 1.200,00 No livro razão Depreciação Acumulada 1.200,00 d) Despesas com depreciação 1.200,00d) e) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Ao final do mês, o contador apurou um gasto com limpeza e descarte do lixo. D – Despesas com Limpeza R$ 1.000,00 C – Caixa R$ 1.000,00 No livro razão Caixa 1.000,00 7.000,00 600,00 1.000,00 294.000,00SI a) b) c) e) Despesas com limpeza 1.000,00e) 19 f) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Registro do consumo de 30% dos estoques D – Custo dos Produtos Vendidos R$ 30.000,00 C – Estoques R$ 30.000,00 No livro razão Estoque – Saldo Inicial 30.000,00 100.000,00(SI) f) Custo dos Produtos Vendidos 30.000,00f) g) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Pagamento de uma parcela de financiamento do Food Truck D – Financiamentos Passivo Circulante R$ 6.000,00 C – Caixa R$ 6.000,00 No livro razão Caixa 1.000,00 7.000,00 600,00 1.000,00 6.000,00 294.000,00SI a) b) c) e) g) Financiamentos PC 6.000,00g) 66.000,00 SI h) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Passagem de uma parcela de financiamentos a longo prazo para curto prazo, para representar o período de 12 meses de exigibilidades. D – Financiamento (Passivo Não Circulante) R$ 6.000,00 C – Financiamento (Passivo Circulante) R$ 6.000,00 20 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) No livro razão Ficanciamentos PNC 528.000,00 6.000,00h) SI Financiamentos PC 6.000,00g) 66.000,00 6.000,00 SI h) i) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Recebimento de Receita de Vendas de Serviços de Alimentação durante quatro eventos, um encontro em um centro de convenções, dois casamentos e uma festa de aniversário. Cada evento teve a receita de vinte mil reais. D - Caixa R$ 80.000,00 C – Vendas em eventos R$ 80.000,00 No livro razão Caixa 1.000,00 7.000,00 600,00 1.000,00 6.000,00 294.000,00 80.000,00 SI i) a) b) c) e) g) Vendas em eventos 80.000,00 i) j) No dia 28 de fevereiro de 20XX No livro diário Pagamento de uma parcela da compra de estoques ao Empório Amigão Ltda. D - Fornecedores R$ 5.000,00 C – Caixa R$ 5.000,00 No livro razão Caixa 1.000,00 7.000,00 600,00 1.000,00 6.000,00 5.000,00 294.000,00 80.000,00 SI i) a) b) c) e) g) j) Fornecedores 5.000,00 j) 50.000,00 SI 21 Trocando Ideias Para simplificar nosso estudo, não estão sendo demonstrados os lançamentos de apuração de Impos- to de Renda e outros impostos. Ao final de todas essas operações de rotina, o contador do Restaurante Rosa e Silva Ltda. apurou o seguinte balancete contábil: Com esse balancete de verificação, o contador dá início ao encerramento das contas de resultado, da seguinte forma: No livro diário Encerramento das contas de Resultado no Exercício Social de Fevereiro de 20XX D – Vendas em Eventos R$ 80.000,00 C – ARE (Apuração do Resultado do Exercício) R$ 80.000,00 D – ARE (Apuração do Resultado do Exercício) R$ 40.800,00 C - Custo dos Produtos Vendidos R$ 30.000,00 C - Despesas com Combustíveis R$ 1.000,00 C - Despesas com Salários e Encargos R$ 7.000,00 C - Despesas com Divulgação R$ 600,00 22 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) C - Despesas com Depreciação R$ 1.200,00 C - Despesas com Limpeza R$ 1.000,00 No livro razão, antes do encerramento das contas de resultado: Despesas com Combustíveis 1.000,00a) Despesas com Salários e Encargos 7.000,00b) Despesas com divulgação 600,00c) Despesas com depreciação 1.200,00d) Despesas com limpeza 1.000,00e) Custo dos Produtos Vendidos 30.000,00f) Vendas em eventos 80.000,00 i) No livro razão, após o encerramento das contas de despesas: Despesas com Combustíveis 1.000,00a) Despesas com Salários e Encargos 7.000,00b) Despesas com divulgação 600,00c) Despesas com depreciação 1.200,00d) Despesas com limpeza 1.000,00e) Custo dos Produtos Vendidos 30.000,00f) Vendas em eventos 80.000,00 i) 1.000,00 7.000,00 600,00 30.000,001.000,001.200,00 ARE - Apuração do Resultado do Exercício a 1.000,00 b 7.000,00 c 600,00 d 1.200,00 e 1.000,00 f 30.000,00 23 No livro razão, após o encerramento das contas de despesas e da conta de receita: Despesas com Combustíveis 1.000,00a) Despesas com Salários e Encargos 7.000,00b) Despesas com divulgação 600,00c) Despesas com depreciação 1.200,00d) Despesas com limpeza 1.000,00e) Custo dos Produtos Vendidos 30.000,00f) Vendas em eventos 80.000,00 80.000,00 i) 1.000,00 7.000,00 600,00 30.000,001.000,001.200,00 ARE - Apuração do Resultado do Exercício 1.000,00 7.000,00 600,00 1.200,00 1.000,00 30.000,00 1.000,00 80.000,00 Assim, a conta ARE fica com o saldo de R$ 39.200,00 a crédito, o que significa que, nesse período, o empresário auferiu um resultado positivo, um lucro, conforme é possível observar no livro razão: ARE - Apuração do Resultado do Exercício 1.000,00 7.000,00 600,00 1.200,00 1.000,00 30.000,00 40.800,00 80.000,00 80.000,00 39.200,00 Esse saldo será transferido para a conta “Lucro e Prejuízos Acumulados”, conforme segue: No livro diário Transferência da Apuração do Resultado do Exercício de Fevereiro de 20XX D – ARE (Apuração do Resultado do Exercício) R$ 39.200,00 C – Lucros e Prejuízos Acumulados R$ 39.200,00 Valor Referente as despesas Valor Referente as despesas 24 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) E como o empresário pretende manter esse valor como reservas de lucros, o contador irá realizar o seguinte lançamento de destinação do lucro: No livro diário Destinação do Lucro de Fevereiro de 20XX D – Lucros e Prejuízos Acumulados R$ 39.200,00 C – Reserva de Lucros R$ 39.200,00 Assim, agora a entidade passa a ter o seguinte Balancete de Verificação. Observe que não constam mais desse balancete as contas de Resultado; apenas as contas patrimoniais: E com esse balancete de verificação, poderemos levantar o Balanço Patrimonial do Exercício de fevereiro, conforme segue: 25 Obviamente, também é possível levantar a Demonstração do Resultado do Exercício, con- forme segue: Restaurante Rosa e Silva Ltda. Demonstração do Resultado do Exercício Período de 01/02/20XX a 28/02/20XX Em Reais Receita bruta de venda de bens e serviços 80.000,00 (-) Devoluções, abatimentos, descontos comerciais (-) Impostos sobre venda = Receita líquida 80.000,00 (-) Custo dos produtos e serviços vendidos 30.000,00 = lucro bruto 50.000,00 (-) Despesas de vendas - 600,00 (-) Despesas financeiras (+) Receitas financeiras (-) Despesas administrativas (-) Outras despesas operacionais - 10.200,00 (+) Outras receitas operacionais = lucro operacional39.200,00 = lucro antes do Imposto de Renda 39.200,00 (-) Provisão para Imposto de Renda (-) Participações e contribuições = lucro líquido do exercício 39.200,00 Observe, tanto no Balanço Patrimonial como na Demonstração de Resultado do Exercício, que o lucro líquido do exercício (que depois foi transferido para “Reserva de Lucro”) é evidenciado nas duas demonstrações financeiras: 26 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) É muito importante enfatizar que esse lucro não é um valor artificial, fruto de um cálculo burocrático. O lucro apurado de R$ 39.200,00 significa que esse empresário realmente obteve um aumento no patrimônio da sua empresa (o valor consta na conta de caixa!). Um usuário externo poderá, a partir daí, tecer análises de acordo com seus conhecimentos e expectativas. Para Pensar Se você fosse um investidor, faria negócio com o Sr. Luís Carlos do Restaurante Rosa e Silva Ltda.? Normalmente não é comum um empresário auferir lucro já no primeiro mês de trabalho! 27 Material Complementar Como material para ajudar no aprofundamento de seus estudos, indicamos a leitura do artigo a seguir: Revista Universo Contábil, vol. 4, núm. 3, julio-septiembre, 2008, p. 25-47, Universidade Regional de Blumenau, Brasil. Divulgação da informação contábil, governança corporativa e controle organizacional: Uma relação necessária Auster Moreira Nascimento, Luciane Reginato. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Resumo A informação contábil é uma fonte para tomada de decisões e, com base nisso, sua qualidade é essencial para aqueles usuários que estão interessados no desempenho econômico da empresa e em seu potencial futuro de lucro e geração de caixa. Neste contexto, apesar do fenômeno “assimetria da informação”, existente entre usuários internos e externos da informação, há o interesse comum na utilidade da informação para seus processos de tomada de decisão particulares. Diante disso, este estudo propõe, com base em pesquisa bibliográfica, uma reflexão sobre os mecanismos de redução da assimetria informacional entre os usuários externos da informação contábil e a alta administração de uma empresa e, ainda, a análise sobre os mecanismos que esta se utiliza para minimizar os possíveis riscos aos quais ela também se expõe por não participar da implementação de todas as decisões tomadas, bem como do registro dos resultados decorrentes. Ao final, o estudo propôs que se a empresa adotar os mecanismos sugeridos – governança corporativa, controle organizacional, principalmente os sistemas de informações e de controles internos, e se observar os atributos necessários para uma informação de qualidade, conforme os órgãos competentes, ela poderá minimizar a assimetria informacional entre os usuários, bem como garantir a qualidade da informação divulgada a eles. Palavras-chave: Informação contábil. Usuários. Governança corporativa. Controle organizacional. • Arquivo disponível em: https://bit.ly/3LzFG7f 28 Unidade: Integração da Demonstração do Resultado do Exercício (Dre) com o Balanço Patrimonial (Bp) Referências ATKINSON, Anthony A. et al. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. 812p. BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/ l11941.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014 ______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014 ______. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014 Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014 Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/ Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014 GRIFFIN, Michael P. Contabilidade e Finanças (Série Fundamentos Conhecimento real para o mundo real). Tradução de Giovanna Matte e Giuliana Castorino. São Paulo: Saraiva, 2012. 250p. IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al. Contabilidade introdutória. 10.ed. Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2010. KAPLAN, R.S. Texas Eastman Company, Harvard Business School Case # 9-130-039, p.6-7 MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo: Atlas. 2003. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SARAMELLI, Alexandre. Uma análise dos efeitos do módulo de controladoria do sistema SAP sobre os profi ssionais da área contábil: o método de custeio e contabilidade gerencial GPK. 154f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010.
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