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Análise das Demonstrações Contábeis

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
	ABNER QUADROS MONTEIRO
SUMÁRIO
OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS	3
AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS	14
PROCESSO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS	37
ANÁLISE FINANCEIRA	46
ANÁLISE DE RENTABILIDADE	56
ANÁLISE DO CICLO DA EMPRESA	65
41
1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Como é possível determinar se uma empresa está dando lucro ou prejuízo? Será que ela tem recursos financeiros para pagar suas dívidas? A companhia apresenta crescimento nas vendas? Qual empresa apresenta maior retorno para os acionistas? As respostas para essas e outras perguntas são possíveis por meio da análise das demonstrações contábeis.
Nesse bloco você vai aprender os objetivos da análise das demonstrações contábeis, quem são os seus usuários e quais informações são necessárias para realizá-la. Além disso, vai conhecer a importância da análise das demonstrações contábeis para a administração financeira das entidades, e entender a necessidade de conhecer o cenário econômico e o fluxo das informações das empresas.
1.1 Utilização das demonstrações contábeis
As empresas registram todas as suas operações (compras, vendas, recebimentos, pagamentos, etc.) na contabilidade, e esses dados se transformam em informações, que serão fundamentais para a tomada de decisão pelos usuários das demonstrações contábeis.
Vendas
Compras
Pagamentos
Demonstrações Contábeis
Figura 1.1 – Funil de Demonstrações Contábeis
Essas demonstrações são apresentadas por meio de relatórios que seguem princípios e normas, com objetivo de refletir a real situação financeira da empresa.
Com base nas informações dos relatórios, o gestor da empresa consegue analisar determinada situação e tomar uma decisão. Exemplo: por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), é possível verificar as receitas e despesas da empresa no período total ou segregadas por departamentos. Você como gestor, caso tivesse que escolher onde investir ou onde cortar custos, ter que abrir ou fechar um setor, como faria se não tivesse essa demonstração contábil? Uma decisão incorreta poderia levar a empresa a uma crise financeira.
Dessa maneira, as demonstrações contábeis têm o objetivo de fornecer informações para melhorar a gestão das empresas.
Os usuários das informações contábeis são todos os indivíduos que, internamente ou externamente, possuem interesses na empresa e precisam das demonstrações contábeis para guiarem suas análises. Entre eles, é possível identificar dois grupos: os shareholders e os stakeholders.
Os shareholders são aqueles que possuem ações ou quotas das empresas, como acionistas, donos e proprietários. Já os stakeholders são todos que possuem interesses na empresa, como os gestores, bancos, governos, fornecedores, empregados, clientes, concorrentes etc.
Acionistas
Bancos
Gestores
Governo
Usuários das
informações contábeis
Fornecedores
Empregados
Clientes
Concorrentes
Figura 1.2 – Usuários das informações contábeis.
Mas como eles utilizam as informações contábeis?
Os acionistas precisam acompanhar a situação financeira da empresa e as decisões dos administradores, as demonstrações contábeis ajudam nesse controle. Além disso, os acionistas conseguem comparar as demonstrações contábeis entre empresas distintas, auxiliando na decisão em qual empresa investir. Por exemplo: se você comparar os lucros das empresas, em qual delas você aplicaria seus recursos? Provavelmente na empresa que tem o maior lucro. E depois, como você acompanharia a evolução dessa aplicação? Utilizando as demonstrações contábeis, você conseguiria verificar se as receitas da empresa estão aumentando, se ela está investindo em tecnologia, seu nível de endividamento, entre outros.
Os gestores, com base nas demonstrações contábeis, realizam previsões para o futuro das empresas e controle por meio do orçamento das receitas e gastos. As empresas realizam o orçamento anualmente, prospectando os resultados futuros; os gestores acompanham a realização mensalmente e, caso não consigam atingir os resultados esperados, estratégias podem ser criadas ou alteradas para que as metas ainda sejam alcançadas no período. Tudo isso não seria possível sem as demonstrações contábeis.
Os bancos utilizam as demonstrações contábeis para determinar linhas de créditos, oferecer aplicações financeiras e produtos bancários para as empresas. Caso na análise das demonstrações contábeis for verificado um nível alto de endividamento da companhia, o banco saberá que existe risco de inadimplência se conceder empréstimos ou limites para essa empresa. Além disso, se verificar que a empresa está com dinheiro parado na conta corrente, poderá propor opções de aplicações financeiras.
O governo utiliza as demonstrações contábeis para fazer a gestão e controlar os recolhimentos dos tributos, determinar políticas tributárias e realizar planejamentos, já que os impostos recolhidos pelos contribuintes são as receitas dos órgãos governamentais. Por exemplo: o ISS (Imposto sobre Serviços), incide sobre o faturamento dos serviços prestados, exceto de transporte intermunicipal e interestadual e de comunicação, tributo recebido pelos Municípios. O ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) é o principal tributo dos governos Estaduais; já o IRPJ (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas) é de competência do Governo Federal, e incide sobre o lucro tributável das empresas.
Os fornecedores determinam o limite de crédito de venda para a empresa e analisam a situação financeira delas pelas demonstrações contábeis. Assim, o fornecedor, por exemplo, pode determinar qual prazo máximo de pagamento pode conceder e a quantidade de vendas limite para a empresa em análise.
Os empregados, por meio das demonstrações contábeis, conseguem verificar se a empresa está com muitas dívidas, se está gerando lucro ou prejuízo, e poderão prever se aquela empresa tem condições para arcar com futuras promoções de cargos, com expansões.
Os clientes solicitam as demonstrações contábeis para cadastro, para verificar se a empresa terá condições de honrar com seus compromissos. Será que a empresa terá condições de entregar as mercadorias ou prestar o serviço até o final do contrato? Pela análise das demonstrações, o cliente pode verificar a situação financeira da empresa.
Os concorrentes comparam as demonstrações contábeis para verificar as estratégias das empresas. Por estarem inseridas no mesmo mercado, se o concorrente está com lucro bruto maior que o da empresa, então a estratégia de venda ou de custos devem ser revistas.
Cada usuário das demonstrações contábeis realiza uma análise específica, de acordo com suas necessidades e intenções. Percebe-se que todos somos usuários desses relatórios, cabendo a nós aprender a analisá-los e interpretar os resultados.
1.2 A empresa e sua estrutura
Uma empresa industrial é diferente de uma empresa comercial que, por sua vez, é diferente de uma empresa prestadora de serviços, assim como uma indústria de álcool tem características diferentes de uma indústria de automóveis. Ao analisar as demonstrações contábeis das empresas, precisamos primeiramente conhecê-las, qual o segmento da sua atuação, qual o setor a qual pertence.
E por que saber todas essas informações?
Fazendo uma analogia, quando estamos doentes, o médico precisa das informações dos exames laboratoriais e da descrição dos sintomas do paciente para diagnosticar e prescrever remédios. No caso da análise das demonstrações contábeis, os exames laboratoriais são as demonstrações, e os sintomas são as operações da empresa. Por isso, precisamos conhecer essas operações da empresa para entender os números das demonstrações contábeis. É possível a análise das informações contábeis em conjunto com o conhecimento prévio da empresa.
Por exemplo: em uma determinada loja de vestuário, o valor dos estoques de mercadorias é alto, já em uma loja que vende produtos perecíveis,não. Se analisarmos somente o número na conta de estoques, pode parecer que a loja de roupa compra muito ou não consegue vender, e que a loja de produtos perecíveis vende muito ou não compra em alta escala. Percebe-se que somente com esses números não é possível analisar correta e completamente as empresas.
Para conhecermos as empresas, vamos verificar em três aspectos abordados por Assaf Neto (2018): aspecto econômico, aspecto administrativo e aspecto jurídico.
No aspecto econômico, classificamos as empresas pelos setores da economia: Setor Primário, Setor Secundário e Setor Terciário.
	Setores
	Definição
	Exemplos
	
Primário
	Empresas de exploração do solo, extração de matérias-primas e combustíveis.
	
Petrobrás e Vale
	
Secundário
	Empresas de transformação, ou seja, industriais.
	
Ambev e BRF
	
Terciário
	Empresas de comércio e prestação de serviço.
	
Magazine Luiza e Banco Itaú
No aspecto administrativo, classificamos as empresas de acordo com o controle societário em: estatais, mistas e privadas.
	Grupo
	Definição
	Exemplos
	Estatal
	Empresas controladas pelo poder público
	Caixa Econômica e Correios
	
Privada
	Empresas controladas por iniciativa totalmente privada.
	
Samsung e Renner
	
Mista
	Empresas cujo controle é dividido entre o poder público e o privado
	
Petrobrás e Banco do Brasil
No aspecto jurídico, classificamos as empresas de acordo com a constituição jurídica, como empresa individual e empresa societária.
	Sociedade
	Definição
	Exemplos
	
Empresa Individual
	Empresa pertencente a uma só pessoa, que responde por meio de seus bens pessoais em casos adversos que possam a vir acontecer.
	
Pequeno comércio, simples prestação de serviço
	Empresa Societária
	Empresa constituída por sociedade de pessoas tendo como objetivo o lucro.
	As demais empresas que não são individuais
É importante destacar que as principais classificações das empresas societárias no Brasil são: Sociedade por cotas de responsabilidade limitada, Sociedade anônima, Microempresas e empresas de pequeno porte.
Empresa de pequeno porte
Microempresa
Sociedade Anônima
Sociedade por cotas de responsabilidade limitada
Empresas societárias
Figura 1.3 – Principais classificações das empresas societárias no Brasil
Na Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada, o capital social é dividido em cotas, pertencentes aos sócios, chamados de cotistas, com responsabilidade limitada até o valor total do capital social da empresa.
A Sociedade Anônima é aquela empresa com capital social dividido em ações, e a responsabilidade dos acionistas é limitada a elas. Esse tipo de sociedade é subdividido em sociedade anônima de capital aberto e sociedade anônima de capital fechado. A diferença entre elas é que, na primeira, as ações são negociadas no mercado financeiro, já na segunda, não são.
A Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte seguem a chamada Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, a Lei Complementar nº 123/2006, que estabelece como microempresa a sociedade com receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00; e a Empresa de Pequeno Porte, a sociedade com receita bruta anual superior a R$ 360.000 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00.
A classificação do aspecto jurídico da empresa auxilia na análise das demonstrações contábeis, porque não podemos comparar uma empresa de pequeno porte com uma empresa de sociedade anônima de capital aberto, já que as estruturas das empresas são diferentes. Além disso, as análises de acordo com o aspecto jurídico da empresa determinam as diferentes linhas de créditos dos bancos e fornecedores aos seus clientes.
Essas classificações ajudam na separação das empresas em blocos, possibilitando melhor interpretação dos indicadores financeiros.
1.3 Decisões estratégicas
Ao constituir uma empresa, os donos, sócios, proprietários estabelecem objetivos para maximizar o valor econômico do empreendimento.
Todas as decisões na empresa giram em torno de seus objetivos e, para atingi-los, a empresa determina as estratégias. Elas são classificadas em estratégia operacional, de investimento e de financiamento.
Essas estratégias funcionam como engrenagens da empresa, trabalhando em conjunto e refletidas nas demonstrações contábeis das entidades.
Estratégia de
financiamento
Estratégia de
investimento
Estratégia Operacional
Figura 1.4 – Estratégia operacional, de investimento e de financiamento
A estratégica operacional da empresa determina como serão realizadas as vendas, a produção, qual produto será lançado, qual produto e serviço serão o foco nas vendas, o público alvo, ou seja, tudo relacionado com a atividade operacional da empresa. Os frutos dessas estratégias aparecem, por exemplo, no resultado da empresa, com aumento das despesas de marketing ou aumento da receita de vendas.
A estratégia de investimento demonstra as decisões de aplicação dos recursos financeiros da empresa. Por exemplo, a abertura de novas fábricas ou compra de máquinas e equipamentos, impactando o aumento da conta de ativo imobilizado no Balanço Patrimonial da empresa.
Já que a estratégia de financiamento revela a origem dos recursos da empresa, será que compensa a empresa solicitar empréstimo (recursos de terceiros) ou solicitar aumento de capital dos sócios (recursos próprios)? Por exemplo: os empréstimos vão refletir no aumento de obrigações no Balanço Patrimonial e, consequentemente, haverá impacto na demonstração do resultado do exercício, com as despesas de juros.
Quais são as origens das receitas nas empresas? Onde elas refletem nas demonstrações contábeis? As respostas dessas perguntas ajudarão na interpretação dos números dos relatórios.
Todas as transações que ocorrem nas empresas devem refletir na contabilidade, por meio dos chamados lançamentos contábeis. Por exemplo: se a empresa comprar mercadorias, a contabilidade deve registrar o lançamento dessa compra; se a empresa vender mercadorias, a contabilidade deve registrar essa operação; se a empresa pagar os salários dos empregados, um lançamento também deverá ocorrer na contabilidade. Dessa maneira, todas as operações devem ser espelhadas nas demonstrações contábeis.
Vamos analisar alguns fluxos das informações do supermercado fictício Ômega, que realizou as seguintes operações:
a) Compra de mercadoria:
Compra de mercadoria
Contabilidade registra essa operação
Débito – Estoque Crédito – Fornecedores
Reflexos nas demonstrações contábeis
b) Venda de mercadoria:
Venda de mercadoria
Contabilidade registra essa operação
Débito – Cliente Créditos – Receitas de Vendas Débito – Custo da Mercadoria
Crédito – Estoque
Reflexos nas demonstrações contábeis
c) Pagamento ao fornecedor
Pagamento ao Fornecedor
Contabilidade registra essa operação
Débito – Fornecedores Créditos – Bancos
Reflexos nas demonstrações contábeis
d) Recebimento de clientes
Recebimento de Clientes
Contabilidade registra essa operação
Débito – Bancos Créditos – Clientes
Reflexos nas demonstrações contábeis
Esses fluxos mostram o importante papel da contabilidade no fornecimento de dados reais da empresa para a tomada de decisão.
Conclusão
Neste primeiro bloco foi apresentado o objetivo da análise das demonstrações contábeis para a tomada de decisão pelos usuários desses relatórios, como os bancos, acionistas, gestores etc., cada um com seus objetivos e interesses específicos. Verificou-se que para a interpretação dos números é necessário também o conhecimento prévio dos aspectos econômicos, administrativos e jurídicos das empresas. As estratégias operacionais, de investimentos e de financiamentos refletem nas demonstrações contábeis, assim como todas as operações da empresa que a contabilidade deve registrar por meio dos lançamentos que resultam como informações nas demonstrações contábeis.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São Paulo: Atlas, 2018.
BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembrode 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Brasília, 14 dez. 2006. 185º da Independência e 118º da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em 6 jun. 2020.
2 AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Será que cada empresa possui um tipo de demonstração contábil? A contabilidade é diferente entre as empresas? Essas perguntas serão respondidas neste bloco. Os relatórios contábeis precisam seguir princípios e normas para os usuários conseguirem analisar e comparar as informações.
As demonstrações contábeis têm o objetivo de explicar os dados necessários e relevantes para a tomada de decisão. Por exemplo: a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) detalha por atividades as movimentações dos fluxos, as entradas e saídas de recursos financeiros na empresa em um determinado período. Por meio dela é possível verificar se as atividades operacionais apresentaram maiores entradas de dinheiro do que as atividades de financiamento. Por isso a importância de conhecer as demonstrações contábeis, para saber onde localizar as informações e analisar de maneira correta a situação patrimonial da empresa.
2.1 Normas contábeis
Com a globalização, as operações entre as empresas se tornaram internacionais, então as operações que eram apenas locais passaram a se expandir pelos países. Dessa maneira, a contabilidade brasileira também precisou evoluir para acompanhar esse desenvolvimento dos mercados, já que ela é uma ferramenta fundamental na tomada de decisão nas empresas.
Foi necessário que as normas contábeis brasileiras adotassem as normas internacionais de contabilidade, conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS). A contabilidade no Brasil iniciou uma convergência das normas contábeis nacionais para as normas internacionais. O principal marco dessa mudança e da visão do contador nas empresas ocorreu a partir do ano de 2007, com a publicação da Lei 11.638, que alterou a Lei das Sociedades Anônimas, a Lei 6.404 de 1976.
Antigamente, o contador era visto como um agente de atendimento para a arrecadação do fisco brasileiro. As empresas realizavam os registros contábeis, visualizando apenas o ponto de vista do agente tributário brasileiro, sem levar em consideração a essência das operações. O profissional contábil era visto como um executor da legislação fiscal, ligado à burocracia e isolado dos outros departamentos.
Com as alterações impostas pela Lei 11.638/2007, o profissional contábil precisou se reinventar, sua função original nunca foi atender somente ao fisco, mas auxiliar os usuários da informação contábil na tomada de decisão.
O departamento contábil precisou se envolver com as estratégias da empresa e transmiti-las de maneira correta nas demonstrações contábeis.
No final de 2005, tendo por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações, para permitir a emissão de normas, visando à centralização e uniformização do processo de produção e levando em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Ele é formado pelas seguintes entidades contábeis:
· Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA);
· Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC Nacional);
· B3 Brasil Bolsa Balcão;
· Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
· Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON);
· Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI);
· Entidades representativas de investidores do mercado de capitais.
Esse comitê emite pronunciamentos contábeis que orientam a contabilidade nos registros das operações das empresas. Atualmente constam 50 pronunciamentos contábeis, todos disponíveis no site do CPC:
Tabela 2.1 – Pronunciamentos Contábeis.
	Pronunciamento
	Descrição
	CPC 00
	Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro
	CPC 01
	Redução ao Valor Recuperável de Ativos
	CPC 02
	Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis
	CPC 03
	Demonstração dos Fluxos de Caixa
	CPC 04
	Ativo Intangível
	CPC 05
	Divulgação sobre Partes Relacionadas
	CPC 06
	Arrendamentos
	CPC 07
	Subvenção e Assistência governamentais
	
CPC 08
	Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários
	CPC 09
	Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
	CPC 10
	Pagamento Baseado em Ações
	CPC 11
	Contratos de Seguro
	CPC 12
	Ajuste a Valor Presente
	
CPC 13
	Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida Provisória nº. 449/08
	CPC 14
	Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação (Fase I) - Transformado em OCPC 03
	CPC 15
	Combinação de Negócios
	CPC 16
	Estoques
	CPC 17
	Contratos de Construção (revogado a partir de 1º/01/2018)
	CPC 18
	Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto
	CPC 19
	Negócios em Conjunto
	CPC 20
	Custos de Empréstimos
	CPC 21
	Demonstração Intermediária
	CPC 22
	Informações por Segmento
	
CPC 23
	Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro
	CPC 24
	Evento Subsequente
	CPC 25
	Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes
	CPC 26
	Apresentação das Demonstrações Contábeis
	CPC 27
	Ativo Imobilizado
	CPC 28
	Propriedade para Investimento
	CPC 29
	Ativo Biológico e Produto Agrícola
	CPC 30
	Receitas (revogado a partir de 1º/01/2018)
	
CPC 31
	Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada
	CPC 32
	Tributos sobre o Lucro
	CPC 33
	Benefícios a Empregados
	CPC 34
	Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (Não editado)
	CPC 35
	Demonstrações Separadas
	CPC 36
	Demonstrações Consolidadas
	CPC 37
	Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade
(Continua...)
(...Continuação)
	Pronunciamento
	Descrição
	CPC 38
	Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (revogado a partir de 1º/01/2018)
	CPC 39
	Instrumentos Financeiros: Apresentação
	CPC 40
	Instrumentos Financeiros: Evidenciação
	CPC 41
	Resultado por Ação
	CPC 42
	Contabilidade em Economia Hiperinflacionária
	CPC 43
	Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15 a 41
	CPC 44
	Demonstrações Combinadas
	CPC 45
	Divulgação de Participações em outras Entidades
	CPC 46
	Mensuração do Valor Justo
	CPC 47
	Receita de Contrato com Cliente
	CPC 48
	Instrumentos Financeiros
	
CPC 49
	Contabilização e Relatório Contábil de Planos de Benefícios
de Aposentadoria
	
CPC PME
	Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com Glossário de Termos
Fonte: Adaptado de CPC, 2019.
Observe que o CPC00 é a base para a elaboração dos Relatórios Financeiros. De acordo com esse pronunciamento, os relatórios contábeis são para fins gerais, o que significa que o padrão estabelecido é para atender as principais necessidades dos usuários da informação, e as demandas específicas não estão contempladas nos pronunciamentos. Por exemplo, se a administração da empresa, para fins gerenciais, quiser visualizar o estoque no Balanço Patrimonial, levando em consideração o valor de venda dos produtos, terá que elaborar internamente esse relatório, pois, de acordo com a norma de estoque CPC16, essa não é a regra padrão de contabilização.
As demonstrações contábeis evidenciam a capacidade da geração de riqueza da empresa; por isso, o regime de competência é um método que deve ser utilizado para registrar os lançamentos contábeis. Mas o que é o regime de competência?
O regime de competência determina que os lançamentos contábeis ocorram no momento em que acontecem as operações, independentemente da entrada ou saída de recursos financeiros na empresa. Por exemplo: quando a empresa realiza venda no mês de fevereiro e o prazo de recebimento é abril, a contabilidade deve registrar a receita pelo regime de competência no momento da venda, em fevereiro, e não no recebimento financeiro do cliente em abril.
Já o regime de caixa determina o registrodos lançamentos contábeis apenas no momento da entrada ou saída dos recursos financeiros das empresas. No caso anterior, a receita deveria ser reconhecida se fosse pelo regime de caixa, somente em abril, que é o momento do recebimento financeiro do cliente.
Observa-se que o regime de competência demonstra uma base melhor para determinar o desempenho da empresa, no passado e no futuro.
Como saber quais informações demonstrar aos usuários?
Para essa questão, o CPC00 orienta sobre as características qualitativas das informações financeiras úteis, que são classificadas em dois grupos: características qualitativas fundamentais e as características qualitativas de melhoria.
As características qualitativas fundamentais são a base para determinar se a informação deve ser demonstrada ou não. Elas são denominadas de Relevância, Materialidade e Representação Fidedigna.
· Relevância: informações relevantes farão diferença na tomada de decisão dos usuários, elas ajudam nas análises sobre a empresa. Por exemplo: a queda da receita liquida é relevante para os usuários da informação.
· Materialidade: o impacto dessa informação provoca alterações nas análises dos usuários. Por exemplo: a variação de R$ 1,00 não é material, mas uma variação de R$ 100.000,00 é material se for na receita da empresa. Não existe um valor fixo para a materialidade, cada empresa saberá se o valor ou natureza da informação é relevante para os usuários das demonstrações contábeis.
· Representação fidedigna: a informação precisa ser demonstrada de maneira completa, neutra e sem erros. Completa, no sentido de detalhar informações relevantes e úteis para os usuários na tomada de decisão. Ser neutra é uma informação sem viés, sem causar favorecimento. “Sem erros” significa que a informação representa a realidade da empresa. Por exemplo: no caso do rompimento de barragem de rejeitos em Brumadinho/MG em 2019, a Vale
precisou detalhar em suas demonstrações contábeis os impactos desse desastre, mostrando a informação de forma completa, sem favorecimentos e sem erros.
Para melhorar as informações úteis, existem as características qualitativas de melhoria da informação, que são: Comparabilidade, Capacidade de verificação, Tempestividade e Compreensibilidade.
· Comparabilidade: para analisar uma informação, ela precisa ser comparável. Por exemplo: para comparar se uma empresa teve aumento de receita, ela precisa conseguir comparar as informações desse período com as informações de um período anterior, ou com outra empresa do mesmo segmento.
· Capacidade de verificação: a origem da informação deve estar disponível para verificação. Por exemplo: Se a conta de bancos está demonstrando um saldo de R$ 5.000,00, deverá ser possível verificar se ela está correta confrontando com as informações do extrato bancário.
· Tempestividade: informação útil é aquela demonstrada no momento certo para a tomada de decisão. Por exemplo: os chamados eventos subsequentes, que não impactaram as demonstrações contábeis da empresa naquele período, mas certamente afetarão no próximo exercício e são relevantes para a tomada de decisões dos usuários.
· Compreensibilidade: os dados das demonstrações contábeis precisam ser organizados e apresentados de maneira clara, sem complicação, visando a compreensão dos usuários das informações.Representação Fidedigna
Materialidade
Relevância
Comparabilidade
Capacidade de verificação
Tempestividade
Compreensilbilidade
Características qualitativas fundamentais
Características qualitativas de melhoria
Figura 2.1 – Características qualitativas fundamentais e de melhoria.
Essas características qualitativas são a base para a elaboração das demonstrações contábeis, e servem como uma bússola para orientar sobre a divulgação das informações financeiras.
Quais são as demonstrações contábeis gerais?
De acordo com a CPC 26-R1 (2011), o conjunto completo das demonstrações contábeis incluem: Balanço Patrimonial ao final do período, Demonstração do Resultado do período (DRE), Demonstração do Resultado Abrangente do período (DRA), Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido do período (DMPL), Demonstração do Fluxo de Caixa do período (DFC), Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e Notas explicativas.
Notas
explicativas
Balanço
Patrimonial
Demonstração do
Valor Adicionado (DVA)
Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE)
Demonstração
do Fluxo de Caixa (DFC)
Demonstração
do Resultado Abrangente (DRA)
Demonstração
da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL)
Figura 2.2 – Conjunto das demonstrações contábeis
2.2 O Balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício
O Balanço Patrimonial demonstra o Patrimônio da empresa em um determinado período. A figura a seguir demonstra a estrutura base do Balanço Patrimonial, do lado direito temos o Ativo da Empresa, e do lado esquerdo do balanço, o Passivo e o Patrimônio Líquido.
Figura 2.3 – Estrutura base do Balanço Patrimonial: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.
O Ativo é formado pelos chamados Bens e Direitos da empresa, são as aplicações de recursos da empresa. Exemplos: Bancos, Clientes, Veículos, Estoques. O Passivo é formado pelas obrigações, por exemplo: Contas a pagar, Fornecedores, Empréstimos. O Patrimônio Líquido é formado pelos recursos próprios da empresa, como: Capital Social, Reserva de Lucro etc.
O Balanço Patrimonial funciona como uma balança em equilíbrio, onde o valor total do Ativo deve sempre ser igual à soma do Passivo com o Patrimônio Líquido. Por exemplo: Se uma empresa possui um total de R$ 100.000,00 no ativo, então a soma do Passivo mais o Patrimônio Líquido deve totalizar também R$ 100.000,00. Se o valor do Ativo for igual à soma do Passivo com o Patrimônio Líquido, este deve ser o resultado da diferença entre o valor do Ativo menos o valor do Passivo.
Figura 2.3 – Balança Patrimonial.
A ordem das contas contábeis no balanço patrimonial da empresa deve demonstrar o grau de liquidez e exigibilidade para os usuários das informações.
E o que isso significa?
O grau de liquidez é a capacidade de transformação em dinheiro no tempo e a exigibilidade é o grau de cobrança da obrigação no tempo. Por exemplo: para o cliente que paga no curto prazo, o grau de liquidez é maior do que o cliente que paga no longo prazo; logo, essa informação deve ser mostrada no balanço patrimonial. Da mesma forma, a conta de fornecedores de curto prazo deve ser separada dos fornecedores de longo prazo.
Para realizar essa separação o ativo e o passivo, são divididos em dois grandes grupos: circulante e não circulante. No grupo circulante, encontram-se os direitos e obrigações de curto prazo, que serão realizados no exercício social seguinte (nos próximos 12 meses), e no grupo não circulante, os direitos e obrigações que serão realizados após o exercício social seguinte (maior que 12 meses).
O exercício social da empresa tem duração de um ano, mas pode ocorrer exceções, quando o ciclo operacional da empresa for maior que 12 meses, como, por exemplo, estaleiros e atividades agrícolas. Assim, o ciclo operacional deve prevalecer para separar o que é de curto e de longo prazo.
Figura 2.4 – Estrutura base do Balanço Patrimonial: Ativo Circulante e Não Circulante, Passivo Circulante e Não Circulante e Patrimônio Líquido
Como classificar um ativo?
Os ativos são aplicações de recursos da empresa, com objetivo de geração de benefícios futuros. Por exemplo: o Estoque é um ativo porque a empresa compra materiais com o objetivo de revender e gerar entrada de dinheiro no futuro.
As principais contas do ativo são:
Tabela 2.1 – Ativo circulante.
	Ativo
	Descrição
	Caixa e equivalente de caixa
	Formada pelas contas de Caixa, bancos, cheques recebidos, títulos e aplicações de liquidez imediata.
	Clientes e outros recebíveis
	Valor a receber de curto prazo
	
Estoques
	Formados pelos estoques de matéria-prima, produtos em
elaboração, produtos acabados. Em empresas comerciais são as mercadorias para revenda.
	Tributos a recuperar
	De acordo com a legislação tributária, os valoresque a empresa tem direito de recuperar na apuração dos tributos.
Tabela 2.2 – Ativo não circulante.
	Ativo
	Descrição
	Ativo realizável a longo prazo
	Todos os valores a receber de longo prazo
	Investimentos
	Participações acionárias em outras empresas
	Imobilizado
	Bens tangíveis que se destinam ao funcionamento da empresa. Exemplos: imóveis, terrenos, veículos.
	Intangível
	Bens e direitos intangíveis que se destinam ao funcionamento da empresa. Exemplos: marcas, patentes, ágio.
O imobilizado e o intangível da empresa são demonstradas no Balanço Patrimonial pelo valor líquido após depreciação e amortizações. Eles também podem sofrer o processo de Impairment, que é o teste para verificar se o valor daquele ativo se deteriorou no período, e caso se confirme a perda, poderá haver impacto nas demonstrações contábeis.
O passivo e o patrimônio líquido são as origens dos recursos financeiros da empresa. O passivo representa os recursos adquiridos de terceiros e o patrimônio líquido os recursos próprios da empresa.
Em relação ao passivo, as principais contas são:
Tabela 2.3 – Passivo circulante.
	Passivo
	Descrição
	Fornecedores
	Obrigações a pagar de curto prazo para terceiros.
	Empréstimos e Financiamentos
	Valores adquiridos de empréstimos e financiamento a curto prazo.
	Tributos a pagar
	De acordo com a legislação tributária, os valores que a empresa tem obrigação de pagar na apuração dos tributos.
	Salários a pagar
	Valores relacionados com os empregados. Exemplos: férias, salários, 13º, encargos.
Tabela 2.4 – Passivo não circulante.
	Passivo
	Descrição
	Fornecedores
	Obrigações a pagar de longo prazo para terceiros.
	Empréstimos e Financiamentos
	Valores adquiridos de empréstimos e financiamento a longo prazo.
O patrimônio líquido é composto principalmente pelas seguintes contas:
Tabela 2.5 – Patrimônio Líquido.
	Patrimônio Líquido
	Descrição
	Capital social
	Valores investidos pelos sócios ou acionistas na empresa.
	Reservas de Lucros
	Lucros retidos pela empresa com objetivos específicos como constituição de reserva para contingências, reservas legais.
	Prejuízo acumulado
	Prejuízos apurados
	Ações em tesouraria
	Ações adquiridas da própria empresa.
Exemplo de Balanço Patrimonial das lojas Renner (2019):
Fonte: Lojas Renner, 2019, p. 21.
Figura 2.5 – Balanços Patrimoniais Lojas Renner: Ativo Circulante e Não Circulante.
Fonte: Lojas Renner, 2019, p. 22.
Figura 2.6 – Balanços Patrimoniais Lojas Renner: Passivo Circulante e Não Circulante.
A demonstração do resultado do exercício tem o objetivo de mostrar o lucro ou prejuízo em um período da empresa. Ela demonstra a capacidade de empresa em gerar resultado econômico, já que pelo regime de competência as empresas apuram suas despesas e receitas no momento da operação, não dependendo do recebimento ou pagamento.
A DRE é estruturada da seguinte maneira:
	Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)
	RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS
	(-) Descontos concedidos, devoluções
	(-) Impostos sobre vendas
	(=) RECEITA LÍQUIDA
	(-) Custos dos produtos vendidos e ou serviços prestados
	(=) RESULTADO BRUTO
	(-) Despesas operacionais
	(-) Despesas gerais e administrativas
	(-) Despesas de vendas
	(+) Outras receitas operacionais
	(=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO
	(+) Receitas Financeiras
	(-) Despesas Financeiras
	(=) RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
	(-) Imposto de renda e contribuição social corrente e diferido
	(=) RESUTADO LÍQUIDO DO PERÍODO
Exemplo de DRE das Lojas Renner (2019):
Fonte: Lojas Renner, 2019, p. 23.
Figura 2.6 – Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) Lojas Renner.
2.3 A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e outras demonstrações contábeis
A demonstração do fluxo de caixa é elaborada pelo regime de caixa e tem o objetivo de mostrar as entradas e saídas de dinheiro por atividade na empresa. Por exemplo: Em janeiro, uma determinada empresa realizou uma venda no valor de R$ 100.000,00 a prazo de 30 dias, o qual na DFC aparecerá somente no próximo mês, quando o dinheiro entrar na conta da empresa. Se considerarmos hipoteticamente apenas essa
operação de venda, a DRE (que é elaborada pelo regime de competência) de janeiro ficaria com a receita do faturamento R$ 100.000,00, mas a DFC (regime de caixa) sem movimentação, porque não teve entrada ou saída de dinheiro. Já em fevereiro, a DRE estaria zerada, porque não teve faturamento, mas a DFC teria a entrada dos R$ 100.000,00 referente a venda de janeiro.
Existem dois métodos para elaborar a demonstração do fluxo de caixa, pelo método direto e pelo método indireto. A diferença é que no indireto a DFC parte do lucro líquido do período para justificar as entradas e saídas operacionais.
A DFC demonstra a movimentação dos recursos financeiros da empresa por três atividades: operacionais, de investimentos e de financiamento. Dessa maneira, os usuários conseguem verificar detalhadamente as atividades que estão impactando positivamente ou negativamente no fluxo de caixa da empresa.
Seguem abaixo modelos de fluxo de caixa pelo método direto e pelo método indireto.
Dentre as outras demonstrações contábeis obrigatórias, estão a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA), a Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL), a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e as Notas Explicativas.
A Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) detalha para os usuários os ajustes que aconteceram no patrimônio líquido da empresa e não impactaram o resultado do período, por causa do regime de competência e normas específicas de contabilidade, que orienta e autoriza a contabilização de operações específicas direto no Patrimônio Líquido. Por exemplo: ajustes de avaliação patrimonial, onde as modificações do valor justo dos ativos e passivos não afetam a DRE. Dessa maneira, o objetivo da DRA é apresentar o lucro econômico mais próximo da realidade da empresa, que poderão afetar a DRE futuramente.
Seguem exemplos de operações que afetam a DRA:
· Efeitos de correção de erros e mudanças de políticas contábeis apresentados como ajustes de exercícios anteriores;
· Ganhos e perdas provenientes da conversão de demonstrações contábeis de operação no exterior;
· Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão;
· Ganhos e perdas na avaliação a valor justo de ativos financeiros disponíveis para venda; e
· Parcela efetiva de ganhos ou perdas advindas de instrumentos de hedge em operação de fluxo de caixa.
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 12.
Figura 2.7 – Demonstrações dos resultados abrangentes da Magazine Luiza.
A Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) tem como objetivo apresentar as movimentações que aconteceram no patrimônio líquido da empresa. Demonstrar para o usuário, por exemplo, porque o grupo patrimônio líquido do balanço patrimonial aumentou ou diminuiu. Exemplos de movimentações que podem afetar o patrimônio líquido da empresa: aumento de capital social, constituição de reservas, distribuição de dividendos etc.
No exemplo abaixo, observa-se que a empresa teve um aumento de R$ 50.000,00 no capital social, um lucro líquido de R$ 25.000,00, sendo R$15.000,00 distribuídos em forma de dividendos aos acionistas e R$ 10.000,00 aumentando as reservas, sendo R$1.000,00 em reserva legal, R$ 500 em reserva estatutária e R$ 8.500 em reserva de expansão.
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) tem por objetivo apresentar a origem e a aplicação dos recursos da empresa, onde foram gerados e distribuídos valores. De acordo com o CPC 09 – Demonstração do valor adicionado (2011), a distribuição da riqueza deve ser entre: (a) pessoal e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições; (c) juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; (e) lucros retidos/prejuízos do exercício.
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 15.
Figura 2.8 – Demonstrações dos valores adicionados da Magazine Luiza.
Percebe-se, até o momento, que as demonstrações contábeis revelaram apenasnumericamente a situação patrimonial e econômica da empresa, sem muitos detalhes. Por isso, existem as Notas Explicativas, que fazem parte das demonstrações contábeis, para apresentar os detalhes importantes dos números e descrevem as políticas e procedimentos adotados pela empresa.
Por exemplo: A linha caixa e equivalente de caixa, no balanço patrimonial da Magazine Luiza referente 2019, foi em milhares de reais de 305.746 (consolidado). Observe que a nota explicativa 7 apresentará os detalhes dessa linha:
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 9.
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 9 e 26.
Figura 2.9 – Linha caixa e equivalente de caixa no balanço patrimonial da Magazine Luiza.
Conclusão
Cada demonstração contábil possui uma estrutura com dados específicos, além de ajudar na interpretação, conhecê-los nos guia para uma melhor tomada de decisão. As principais demonstrações contábeis são: o Balanço Patrimonial; a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA); a Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL); a Demonstração do valor adicionado (DVA) e as Notas explicativas. Esse conjunto de demonstrações apresentam a situação da empresa em um determinado período de maneira transparente para ganhar confiança dos stakeholders.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São Paulo: Atlas, 2018.
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, 28 dez. 2007. 186º da Independência e 119º da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em 7 jun. 2020.
LOJAS, Renner. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2019 e 2018. Disponível em: <https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/13154776-9416-4fce-8c46- 3e54d45b03a3/1d069648-7325-cbd8-eec5-4d14e50b1b4e?origin=1>. Acesso em: 07 jun. 2020.
MAGAZINE, Luiza. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2019 e 2018. Disponível em: <https://ri.magazineluiza.com.br/Download/ITR- DFP?=EDjHO0Z4QwPGXaBjhVLPhw==>. Acesso em: 07 jun. 2020.
PRONUNCIAMENTOS. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 2019. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos- Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em 7 jun. 2020.
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 00 (R2) – Estrutura conceitual para Relatório Financeiro. Comitê De Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 30 out. 2018. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso em: 07 jun. 2020.
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 30 out. 2018. Disponível em: < http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/175_CPC_09_rev%2014.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2020.
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) – Apresentação das demonstrações contábeis. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Brasília, 02 dez. 2011. Disponível em:
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2014.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2020.
3 PROCESSO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Após conhecer as principais demonstrações contábeis, como realizar a análise desses dados e chegar a uma conclusão?
O objetivo deste terceiro bloco é apresentar as ferramentas para o processo de análise das demonstrações contábeis, como utilizar os índices financeiros, realizar a análise horizontal e vertical, e como interpretar os resultados.
3.1 Utilização de índices financeiros
As demonstrações contábeis apresentam informações gerais, estruturadas de acordo com as normas contábeis. Como conseguir extrair as informações desses relatórios? Isso é possível por meio dos índices financeiros.
Os analistas das demonstrações contábeis conseguem, com base nesses índices financeiros, verificar a situação financeira da empresa e quais as estratégias operacionais, de investimento e financiamento da empresa.
Operações
da empresa
Registro 
Contábil
Dados
Demonstrações
Contábeis
Informação		Índices financeiros
Por meio desses índices financeiros é possível, por exemplo, verificar a liquidez, o endividamento, a margem de lucro, a rentabilidade da empresa entre outras informações que ajudam no processo de decisão. Abaixo, os principais índices financeiros:
· Alavancagem Financeira
· Endividamento
· Dependência Financeira
· Participação de capital de terceiros
· Imobilização do capital próprio
· Capital Circulante líquido
· Liquidez Imediata
· Liquidez seca
· Liquidez corrente
· Liquidez geral
· Ciclo operacional
· Ciclo financeiro
· Giro do Ativo
· Retorno sobre investimento
· Retorno sobre Patrimônio Líquido
· Margens de vendas
· EBITDA
Muitas vezes alguns ajustes devem ser efetuados nos dados das demonstrações contábeis para melhorar a interpretação das informações. De acordo com Padoveze e Benedicto (2010), os principais ajustes de Balanço Patrimonial são:
Observa-se que os ajustes devem ser realizados com o objetivo de refletir a real situação da empresa.
3.2 Análise horizontal
Ao analisar um dado, é preciso uma base de comparação para verificar a evolução dele ao longo de um período. Esse mecanismo de acompanhar o mesmo dado ao longo do tempo é chamado de análise horizontal.
A análise horizontal possibilita ao usuário verificar, ao longo de um período, se a empresa aumentou seu ativo imobilizado, se o lucro diminuiu. É importante destacar que essa análise pode ser realizada com dados extraídos das demonstrações contábeis e dos índices financeiros. O objetivo é estabelecer a data base e comparar ao longo do tempo qual foi o comportamento das informações. Além disso, ao compará-las, os cenários econômicos também devem ser levados em consideração.
Por exemplo: lojas de brinquedos normalmente têm maiores vendas em determinadas datas, como dia das crianças e Natal. Ao comparar a conta de receita dessa empresa em novembro com dezembro, com certeza haverá um aumento significativo. Dessa maneira, é interessante comparar a receita de dezembro com a receita de dezembro do ano anterior.
Com essa análise, a empresa também consegue prever tendências e tomar uma ação. Exemplo: ao acompanhar as receitas de vendas mensalmente, os gestores podem alterar os planos de ações para que a meta seja alcançada até o final do ano.
Qual é o cálculo da análise horizontal?
Exemplos:
a)Período
2019
2018
Lucro Líquido
200.624
150.468
Análise horizontal = ((200.624 ÷ 150.468) -1) x 100 Análise horizontal = 33,333%
Mas o que significa esse resultado?
Esse resultado revela que a empresa teve um aumento no lucro líquido em 2019 de 33,333%, se comparado ao período de 2018.
b)Período
Fevereiro
Janeiro
AH
Vendas
188.085
376.170
-50%
Lucro líquido
15.547
25.078
-38%
Análise horizontal das vendas = ((188.085 ÷ 376.170) -1) x 100
Análise horizontal das vendas = -50%
Análise horizontal do lucro líquido = ((15.547 ÷ 25.078) -1) x 100
Análise horizontal do lucro líquido = -38%
Observe que na análise horizontal comparamos o mesmo dado ao longo do período. Nesse exemplo, essa empresa teve uma queda nas vendas de 50% em fevereiro comparada com janeiro, e também uma diminuição no lucro líquido de 38%.
Se você fosse o gestor dessa empresa, como interpretaria esses dados? E se você fosse um usuário externo da empresa?
Provavelmente, com esse acompanhamento, o gestor iria investigar o que aconteceu nesse período e elaboraria uma nova estratégia para aumentar as vendas para o mês de março. Se fosse um usuário externo, iria questionar os motivos que levaram as quedas nas vendas.
A análise horizontal é aplicada para todas as demonstrações contábeis, nas linhas do balanço patrimonial, na demonstração do resultado do exercício, na demonstração do fluxo de caixa etc.Exemplo de análise horizontal de Balanço Patrimonial e DRE:
	DRE
	2018
	2019
	AH
	Receita de Vendas
	2.490.000
	3.780.000
	52%
	(-)CMV
	(1.572.501)
	(2.521.500)
	60%
	Lucro Bruto
	917.499
	1.258.500
	37%
	(-)Despesas Operacionais
	(418.500)
	(570.000)
	36%
	Resultado antes do resultado financeiro
	498.999
	688.500
	38%
	(-)Despesas Financeiras
	(264.000)
	(165.000)
	-38%
	Resultado antes do Imposto de renda e contribuição social
	234.999
	523.500
	123%
	(-)Provisão de IR/CSLL
	(93.999)
	(107.400)
	14%
	Resultado líquido
	141.000
	416.100
	195%
Algumas conclusões da análise desse Balanço e DRE são:
· A empresa diminuiu os recursos de caixa e equivalente em 48,96%;
· Ocorreu um aumento de 115,56% em empréstimos e financiamentos;
· As despesas financeiras diminuíram em 38%;
· As vendas aumentaram em 52%;
· Mas os custos aumentaram em 60%;
· E o Lucro Líquido aumentou 195%.
As principais análises em relação ao balanço é acompanhar a evolução dos investimentos (ativos) e financiamentos (passivos), e as mudanças da estrutura de capital (recurso próprios ou recursos de terceiros). Já na DRE, pode ser verificado se ocorreu aumento ou diminuição das receitas, custos e despesas.
3.3 Análise vertical
A análise vertical demonstra a representatividade de um item sobre uma base de comparação. No balanço patrimonial da empresa, qual é o item do ativo que tem maior representatividade? E na Demonstração de resultado, em relação a receita de vendas, qual é o item de maior impacto? As respostas para essas perguntas são possíveis com a análise vertical. E qual é o cálculo da análise vertical?
Exemplo:
Análise vertical da conta caixa e equivalente de caixa de 2019:
(305.746 ÷ 19.791.073) x 100
Análise vertical da conta caixa e equivalente de caixa de 2019 = 1,54%
Observe que a análise vertical é a participação de um item do Balanço em relação a uma base. No caso do item base do ativo, é o seu valor total. O grupo de caixa e equivalente de caixa representa 1,54% do ativo em 2019, e em 2018 a representatividade era de 6,81%.
Já os fornecedores são o grupo que tem maior participação no passivo em 2019, com 35,81%.
Em relação à DRE, a base de comparação é a receita de vendas, já que ela é a receita principal da empresa, e se compararmos os outros itens com ela podemos ter indicadores de corte de gastos. Observe que o item com maior impacto sobre a receita é o custo. Dessa maneira, se a empresa negociar com os fornecedores melhores preços, pode melhorar seu custo.
Para analisar as demonstrações contábeis, os usuários utilizam as duas análises: horizontal e vertical em conjunto. O acompanhamento ao longo do tempo dos itens que têm maior representatividade no grupo auxilia aos usuários na tomada de decisão.
Observe o balanço patrimonial abaixo:
Pode-se observar um aumento de 115,56% em empréstimos e financiamentos de curto prazo, e 245,37% no capital social, para aplicação desses recursos no ativo imobilizado e intangível da empresa, que aumentaram 320,65% e 337,92%, respectivamente. A empresa obteve recursos de terceiros com o objetivo de aplicar no ativo imobilizado (móveis, máquinas e equipamento, informática). Além disso, o item que apresentou maior impacto nas contas do ativo são contas a receber (37,20%) em 2019 e estoques (31,95%) em 2018, e, no passivo, a conta de fornecedores (35,81%). Aconteceu também um aumento no capital social da empresa, crescendo a sua representatividade na estrutura de capital, em 2018 era de 19,55% e em 2019 foi para 30,01%. Observe a DRE:
Como gestor dessa empresa, quais seriam suas ações ao fazer essa análise horizontal e vertical?
O item de maior impacto na DRE nos dois anos é o custo da mercadoria vendida, que apresentou um crescimento de 60% entre o período analisado. Seria importante negociar com os fornecedores os preços das mercadorias. Além disso, a empresa apresentou um aumento nas despesas operacionais de 36%, que representam 16,81% das vendas.
Conclusão
A análise das demonstrações contábeis é possível com ajuda de ferramentas como os indicadores financeiros, e com as técnicas de análise horizontal e vertical.
Somente um dado não é suficiente para transmitir a informação de maneira correta para a tomada de decisão, é preciso analisar por conjuntos de indicadores a evolução das informações e quais impactos elas representam para a empresa.
A análise horizontal possibilita acompanhar os dados entre períodos, e pela análise vertical a sua representatividade, e ambas ajudam os usuários da informação na interpretação do cenário econômico e financeiro da empresa.
REFERÊNCIAS
PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, Gideon C.B. Análise das demonstrações financeiras. 3.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
4 ANÁLISE FINANCEIRA
O objetivo da análise financeira da empresa é saber como ela administra as entradas e saídas especificamente dos recursos financeiros. Como saber se uma empresa honra com seus compromissos? Como saber o grau de endividamento? A estrutura do capital de giro demonstra uma empresa com folga financeira ou não?
Essas análises serão possíveis com os indicadores nos subtemas a seguir.
4.1 Análise de liquidez
A análise de liquidez da empresa ajuda na identificação de como a empresa conseguirá cumprir com seus compromissos. Dentre os principais indicadores financeiros para essa análise, estão: liquidez imediata, liquidez seca, liquidez corrente e liquidez geral.
Vamos considerar as informações do balanço abaixo como exemplo para a análise dos indicadores de liquidez:
· Liquidez Imediata: Revela quanto a empresa consegue pagar imediatamente, em relação às dívidas de curto prazo. Esse índice normalmente é baixo, porque as empresas habitualmente aplicam os seus recursos, sem deixar grandes valores parados em caixa.
Fórmula:
Observação: “Disponível” corresponde aos valores em caixa, em bancos e aplicações
financeiras de curto prazo disponíveis para resgate.
Considerando os dados do Balanço utilizado como exemplo, temos:
Liquidez imediata de 2019 = 500 ÷ 7400
Liquidez imediata de 2019 = 0,06756
Liquidez imediata de 2019 = 6,76%
Interpretação: Esse indicador revela que essa empresa consegue em 2019 liquidar imediatamente 6,76% das suas dívidas de curto prazo.
· Liquidez Seca: mostra o quanto a empresa consegue pagar as dívidas de curto prazo, utilizando itens monetários de maior liquidez do ativo, ou seja, desconsiderando itens como estoques e despesas antecipadas.
Fórmula:
Exemplo:
Liquidez Seca de 2019 = (15.820 – 9200)
7.400
Liquidez Seca de 2019 = 0,89
Liquidez Seca de 2019 = 89%
Interpretação: Esse indicador revela que essa empresa, em 2019, consegue liquidar 89% das suas dívidas de curto prazo com itens monetários de maior liquidez do ativo circulante.
· Liquidez Corrente: Indica a quantidade de recursos de curto prazo (ativo circulante) para pagar as obrigações de curto prazo (passivo circulante).
Fórmula:
Esse índice deve ser superior a 1, porque demonstra a capacidade da empresa de cumprir as obrigações de curto prazo com os recursos de curto prazo.
Exemplo:
Liquidez Corrente de 2019 = 15.820
7.400
Liquidez Corrente de 2019 = 2,14
Interpretação: Esse indicador revela que para cada $1,00 de dívidas de curto prazo, a empresa possui $2,14 em seu ativo circulante.
· Liquidez Geral: Demonstra a capacidade da empresa de pagar suas obrigações de curto e longo prazo, com o ativo circulante e o realizável a longo prazo.
Fórmula:
Exemplo:
Liquidez Geral de 2019 = 15.820 + 4.200
7.400 + 10.200
Liquidez Geral de 2019 = 20.020
17.600
Liquidez Geral de 2019 = 1,14
Interpretação: Esse indicador revela que, em 2019, para cada $1,00 de dívidas de curto e longo prazo, a empresa possui $1,14 em seu ativo circulante e realizável a longo prazo.
4.2 Análise da estrutura de capitais e Indicadores de avaliação do passivo
A análise da estrutura de capitais tem por objetivo demonstrar a participação dos grupos de contas contábeis em relação ao Patrimônio Líquido da empresa. Os principais indicadores são: Imobilização do PatrimônioLíquido e Participação de capital de terceiros.
· Imobilização do Patrimônio Líquido: mostra quanto a empresa investiu em ativo permanente (investimento, imobilizado e intangível), em relação aos recursos próprios. Esse indicador revela, por exemplo, que maiores investimentos em ativo permanente, reduzem os recursos próprios para o ativo circulante (por exemplo: estoques), dependendo de capital de terceiros para financiá-lo.
Fórmula:
Exemplo: Uma empresa tem um patrimônio líquido de R$ 2.000.000,00. E uma estrutura de Ativo permanente detalhada a seguir.
	Investimento
	599.000,00
	Imobilizado
	2.336.100,00
	Intangível
	59.900,00
	TOTAL
	2.995.000,00
Imobilização do capital próprio = 2.995.000
2.000.000
Imobilização do capital próprio = 1,50
Interpretação: esse indicador revelou que a empresa investe 150% do patrimônio líquido no Ativo Permanente.
· Participação de capital de terceiros: apresenta a porcentagem de recursos de terceiros que financiam as operações da empresa.
Fórmula:
Exemplo:
Participação de capital de terceiros 2019 = 7.400 +10.200
33.520
Participação de capital de terceiros 2019 = 0,53 Participação de capital de terceiros 2019 = 53%
Interpretação: esse indicador revelou que 53% dos investimentos da empresa estão sendo financiados por capital de terceiros e 47% por capital próprio.
A avaliação do passivo da empresa tem por objetivo analisar a estrutura das dívidas da empresa. Seus principais indicadores são: endividamento e dependência financeira.
· Endividamento: revela a porcentagem de capital de terceiros em relação ao capital próprio da empresa. É um indicador que apresenta a cobertura de dívidas pelo capital próprio da empresa. Por isso, a evolução desse indicador maior que 1, por vários períodos, é um indício de problemas financeiros.
Fórmula:
Exemplo:
Endividamento = (7.400+10.200)
15.920
Endividamento = 1,11
Interpretação: esse indicador revelou que as dívidas representam 111% do capital próprio da empresa.
· Dependência Financeira: esse indicador demonstra a porcentagem de capital de terceiros investido nos ativos da empresa.
Fórmula:
Exemplo:
Dependência Financeira = (7.400+ 10.200)
33.520
Dependência Financeira = 0,53 Dependência Financeira = 53%
Interpretação: 53% do ativo da empresa está sendo financiada por recursos de terceiros, e 47% pelo capital próprio.
Um detalhe importante na análise do passivo da empresa é a classificação desse item em passivo oneroso e passivo de funcionamento. Existem dívidas que são necessárias para a empresa continuar operando; esse tipo de passivo é denominado passivos de funcionamento, e sobre eles não incidem despesas financeiras. Exemplos: salários, tributos, contas a pagar, fornecedores.
Por outro lado, existem obrigações que geram despesas financeiras, como juros, esse tipo de passivo é denominado passivo oneroso. Exemplos: empréstimos e financiamentos.
4.3 Alavancagem financeira e Capital circulante líquido (CCL)
A alavancagem financeira está associada à estrutura de capital da empresa, mais especificamente aos recursos de terceiros. A empresa precisa saber qual o impacto da captação de recursos de terceiros no resultado líquido.
Fórmula do Grau de alavancagem financeira:
Onde: LOP = Lucro operacional; DF = Despesa financeira.
Exemplo: Se uma empresa possui um lucro operacional de R$90 e despesa financeira de R$24, O GAF dessa empresa é:
GAF = _90_
90-24
GAF = 1,36
Interpretação: Cada 1% de aumento no lucro operacional resulta um acréscimo de 1,36% no lucro líquido. A alavancagem financeira é possível porque muitas vezes o retorno de um investimento supera o custo da dívida.
A dinâmica da gestão financeira gera em torno de pagar e receber, por isso a importância do indicador Capital Circulante Líquido, que é o excedente dos valores do Ativo Circulante (aplicações da empresa de curto prazo) menos as obrigações de curto prazo (passivo circulante). O CCL revela se a empresa está com folga ou aperto financeiro para honrar seus compromissos, com ativos de curto prazo.
Fórmula:
Exemplo:
CCL = 15.820 – 7.400
CCL = 8.420
Interpretação: Esse capital circulante líquido revela que $ 8.420 são financiados por recursos de longo prazo. Isso demonstra folga financeira da empresa, que ela paga as dívidas de curto prazo e sobra 8.420.
CCL > 0
CCL = 0
CCL < 0
· Folga financeira
· Não existe folga financeira
· Desequilíbrio financeiro
· Capital Circulante Líquido positivo (CCL>0): indica que a empresa aplica em ativos de curto prazo com recurso de curto e longo prazo. Ela tem folga financeira, já que consegue liquidar dívidas de curto prazo e sobra valor para pagar as dívidas de longo prazo.
· Capital Circulante Líquido igual a zero (CCL=0): indica que a empresa não tem folga financeira, já que o ativo de curto prazo não supera o passivo de curto prazo e não sobra valores.
· Capital Circulante Líquido negativo (CCL=0): indica que a empresa tem desequilíbrio financeiro, porque ativos de curto prazo não são suficientes para liquidar as dívidas de curto prazo.
Conclusão
No bloco 4 vimos os indicadores relacionados com a parte financeira da empresa e o controle em relação às obrigações de curto e longo prazo.
Pela análise de liquidez, os usuários das informações conseguem verificar a capacidade da empresa de cumprir seus compromissos financeiros. Pelos indicadores de estrutura de capitais, é possível analisar a participação de capital de terceiros na estrutura financeira da empresa, e indicadores como imobilização do capital próprio mostram os investimentos em ativo permanente em relação ao capital próprio da empresa.
A avaliação do passivo possibilita a análise do endividamento da empresa em relação ao seu capital próprio. E o grau de alavancagem financeira ajuda ao usuário analisar o resultado dessa captação de recursos de terceiros, oneroso, no lucro líquido da empresa.
O capital circulante líquido (CCL) demonstra para os analistas se a empresa apresenta folga financeira, desequilíbrio ou está sem folga financeira, relacionando o ativo com o passivo, ambos de curto prazo.
Com esses indicadores financeiros, os usuários conseguem analisar como está a situação financeira da empresa.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São Paulo: Atlas, 2018.
5 ANÁLISE DE RENTABILIDADE
Como saber se uma empresa é rentável? Em quais linhas das demonstrações conseguimos verificar o retorno dos investimentos? Este bloco tem por objetivo responder essas perguntas.
Antes de tomar uma decisão, os usuários das informações contábeis verificam a rentabilidade do investimento para aplicar ou não em uma empresa. Companhias com rentabilidade e bem administradas normalmente são mais competitivas, e conseguem cumprir com suas obrigações.
Este bloco abordará os indicadores: giro do ativo, retorno sobre investimento, retorno sobre o patrimônio líquido e margens de vendas.
5.1 Giro do Ativo
Ao comprar uma máquina, qual é a receita gerada por esse investimento? O giro do ativo demonstra a velocidade que os ativos são operacionalizados e transformam os insumos em vendas.
Fórmula:
Exemplo:
	
	Empresa Alpha
	Empresa Beta
	Empresa Gama
	Receita de vendas
	500.000,00
	1.500.000,00
	2.000.000,00
	Valor do ativo (investimento)
	500.000,00
	500.000,00
	500.000,00
	Giro
	1,00
	3,00
	4,00
Giro empresa Alpha = 500.000 = 1,00
500.000
Giro empresa Beta = 1.500.000 = 3,00
500.000
Giro empresa Gama = 2.000.000 = 4,00
500.000
Interpretação: A empresa Alpha apresenta o menor giro do ativo, enquanto a empresa Gama, o maior. Observe que as empresas tiveram valores de investimento idênticos ($500.000), mas a empresa Gama consegue produzir uma maior receita de vendas. Dessa maneira, ela tem a maior produtividade do investimento.
A empresa Alpha tem giro de 1, isso significa que seu imobilizado se transformou em vendas 1 vez. A empresa Beta demonstrou uma produtividade melhor que a empresa Alpha,já que seu investimento se transformou em vendas 3 vezes. E o investimento em Gama foi o melhor de todos, pois se transformou em vendas 4 vezes.
Percebe-se que o giro do ativo aponta o número de vezes que o investimento se transformou em dinheiro (giro) através das vendas.
5.2 Retorno sobre investimento (ROI) e Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE)
O retorno sobre investimento, mais conhecido como ROI, é um indicador que demonstra o retorno de um investimento no lucro da empresa. Esse indicador demonstra se a empresa ganhou ou perdeu dinheiro com o investimento realizado.
Fórmula:
Exemplo 1: uma empresa realizou um investimento, totalizando $27.836, e o lucro desse investimento foi de $4.146.
ROI = 4.146
27.836
ROI = 0,1489
ROI = 14,89%
Interpretação: A empresa obteve um retorno referente aos investimentos de 14,89%. A cada $1,00 investido na empresa, é gerado um valor de $0,14.
Exemplo 2: A empresa ABC obteve um investimento de $100.000 em uma máquina, e a receita gerada por ela foi de $300.000. Qual foi o retorno desse investimento?
ROI = (300.000 – 100.000)
100.000
ROI = 2
Interpretação: O retorno sobre esse investimento foi 2 vezes o investimento inicial, ou seja, a empresa obteve 200% de retorno.
O retorno sobre patrimônio líquido, conhecido como ROE (Return on Equity), mostra qual é o retorno a partir dos recursos próprios da empresa (Patrimônio Líquido).
Fórmula:
Exemplo: Em 2019, a empresa apresentou um lucro líquido de $369.705 e um patrimônio líquido de $2.000.000. Qual foi o ROE nesse período?
ROE = 369.705
2.000.000
ROE = 0,1849
ROE = 18,49%
Interpretação: O retorno do lucro sobre o patrimônio da empresa foi de 18,49% nesse período.
5.3 Margens sobre vendas e Ebtida
Ao analisar a demonstração do resultado do exercício (DRE), os usuários verificam qual foi a lucratividade das vendas no período. Para realizar essa análise, são utilizados os indicadores de margens, que são: a Margem Bruta, Margem Operacional e a Margem líquida.
Fórmulas:
Exemplos: Demonstração do resultado do exercício (DRE), da empresa Magazine Luiza, período de 2018 e 2019 (coluna Consolidado).
Fonte: Magazine Luiza, 2019, p. 11.
Figura 5.1 – Demonstrações dos Resultados da Magazine Luiza.
a) margem BRUTA
Margem Bruta 2018= 4.537.422
15.590.444
Margem Bruta 2018= 0,2910
Margem Bruta 2018= 29,10%
Margem Bruta 2019= 5.553.961
19.886.310
Margem Bruta 2019= 0,2793
Margem Bruta 2019= 27,93%
Interpretação: A margem bruta em 2018 foi de 29,10%, e isso reflete a porcentagem do lucro das vendas de mercadorias. Note que a margem bruta verifica a de venda sem considerar as despesas operacionais, o resultado financeiro. Aponta o lucro somente das vendas realizadas da empresa.
Conforme o cálculo de 2019, a margem bruta foi de 27,93%. Observe que a receita líquida aumentou de um ano para outro, mas o lucro dessas vendas foi menor, porque o custo foi maior em 2019.
b) MARGEM OPERACIONAL
Margem Operacional 2018 = 1.081.591
15.590.444
Margem Operacional 2018 = 0,06
Margem Operacional 2018 = 6%
Margem Operacional 2019 = 1.288.563
19.886.310
Margem Operacional 2019 = 0,07
Margem Operacional 2019 = 7%
Interpretação: A margem operacional em 2018 foi de 6%, e isso reflete a porcentagem do lucro das atividades operacionais sobre as vendas realizadas da empresa. Observe que esse lucro leva em conta as despesas de vendas, administrativas. Na evolução para 2019, a empresa apresenta aumento do lucro operacional, que passa a representar 7% da receita líquida de vendas.
c) MARGEM LÍQUIDA
Margem Líquida 2018 = 597.429
15.590.444
Margem Líquida 2018 = 0,04
Margem Líquida 2018 = 4%
Margem Líquida 2019 = 921.828
19.886.310
Margem Líquida 2019 = 0,05
Margem Líquida 2019 = 5%
Interpretação: A margem líquida apresenta a porcentagem do lucro total da empresa em relação às vendas realizadas. Em 2018, foi de 4% e em 2019, 5%, ou seja, mesmo depois da empresa deduzir todas as despesas e acrescentar outras receitas, obteve 5% de lucro em 2019.
	
	2018
	2019
	Margem Bruta
	29,10%
	27,93%
	Margem Operacional
	6%
	7%
	Margem Líquida
	4%
	5%
Pela análise das margens, é possível verificar o impacto das despesas gerais, administrativas, de vendas, na estrutura da empresa. Após a dedução desses gastos, a margem da empresa diminuiu 23% em 2018 e 21% em 2019. Esses dados permitem que o usuário faça comparações entre empresas do mesmo segmento para avaliar, por exemplo, qual é a mais rentável, ou avaliar a margem dos produtos e traçar estratégias.
A sigla EBITDA, derivada do inglês Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, é o lucro antes dos juros, impostos sobre o lucro, depreciações e amortizações.
Esse importante indicador é utilizado nas empresas para verificar o desempenho operacional. Observe que o EBITDA mostra o lucro gerado somente pela atividade da empresa, já que desconsidera itens que não dependem da operação da empresa como despesas com juros e depreciação.
Exemplo:
OU
OU
O cálculo do EBITDA origina da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), com objetivo de anular o efeito dos juros, impostos sobre o lucro, depreciação e amortização, para chegar-se ao Lucro da operação da empresa.
De acordo com Assaf Neto (2018), existe também o EBITDA Ajustado, quando algumas despesas e receitas não recorrentes são desconsideradas, para medir efetivamente o resultado operacional da empresa. As despesas e receitas não recorrentes são operações que não ocorrem com frequência, não estando vinculadas à atividade da empresa, como créditos fiscais, multas.
Exemplo:
EBITDA = 827,40 + 82,40
EBITDA = 745,00
Para o cálculo do EBITDA Ajustado, precisamos da informação dos valores de despesas e receitas não recorrentes. Se considerarmos que nesse período as despesas não recorrentes totalizaram $11,40, qual seria o valor do EBITDA Ajustado?
EBITDA AJUSTADO= 745,00 + 11,40
EBITDA AJUSTADO= 756,40
Conclusão
Os indicadores de rentabilidade possibilitam as análises de retorno da aplicação de recursos na empresa. Os principais indicadores são: Giro do ativo, Retorno sobre investimento, Retorno sobre o patrimônio líquido, Margens de vendas e EBITDA.
O indicador giro do ativo aponta o retorno do investimento da empresa em relação as vendas do período. Já o retorno sobre investimento possibilita a análise da rentabilidade da aplicação de recursos comparado ao custo desse investimento.
Para calcular o retorno que a empresa gera em relação ao patrimônio líquido, utiliza-se o indicador ROE. E, para analisar o lucro, existem os cálculos da margem bruta, margem operacional e margem liquida, que mostram por meio dos dados da DRE qual é o lucro da empresa em relação às receitas de vendas.
O EBITDA calcula o Lucro operacional da empresa, desconsiderando operações que não derivam da sua atividade principal, como despesas de juros, depreciações e amortizações.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São Paulo: Atlas, 2018.
MAGAZINE, Luiza. Demonstrações contábeis 31 de dezembro de 2019 e 2018. Disponível em: <https://ri.magazineluiza.com.br/Download/ITR- DFP?=EDjHO0Z4QwPGXaBjhVLPhw==>. Acesso em: 07 jun. 2020.
6 ANÁLISE DO CICLO DA EMPRESA
Como o cálculo dos prazos médios de cada fase das atividades impactam no controle financeiro e operacional das empresas? Este bloco abordará onde iniciam e terminam os ciclos operacional e financeiro das companhias, e a importância dessas informações para a administração financeira da empresa.
6.1 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro
Compra de
materiais
Recebimento
Produção
Vendas
Figura 6.1 – Ciclo Operacional.
Ciclo operacional: etapas da atividade principal da empresa, como ela funciona em relação aos prazos. Ela é dividida entre compra de materiais, produção, vendas e recebimentos.
· Compra de materiais: é a fase de estocagem de matérias-primas para utilização do processo produtivo, quanto tempo permanecem no estoque.
· Produção:é o tempo necessário para fabricar o produto.
· Vendas: é a fase de estocagem do produto acabado, quanto tempo permanece no estoque até ser vendido.
· Recebimento: é a fase de cobrança do produto vendido, o tempo necessário para receber dos clientes.
Essas fases são importantes para uma administração financeira organizada, e a soma dessas etapas que determina o ciclo operacional da empresa. Quanto maior esse ciclo, mais recursos a empresa precisa para manter a operação. Por exemplo: se o processo produtivo da empresa é longo, ela demora para vender e consequentemente para receber. Percebe-se que a empresa precisa de alguma forma manter suas operações, uma maneira para contornar essa situação seria utilizar os passivos de funcionamento, como comprar dos fornecedores a prazo. E para saber o melhor prazo para negociar com os fornecedores, as empresas precisam antes conhecer o seu ciclo operacional.
Figura 6.2 – Ciclo Operacional: 115 dias.
Observe que, no exemplo, essa empresa tem um ciclo operacional de 115 dias.
Ciclo operacional = PME + PMF + PMV + PMC
PME = 25 dias
PMF = 35-25
PMF = 10 dias
PMV = 75-35
PMV = 40 dias
PMC = 115-75
PMC = 40 dias
CICLO OPERACIONAL = 25+10+40+40
CICLO OPERACIONAL = 115
O ciclo financeiro das empresas compreende o ciclo do fluxo de caixa, o tempo gasto no recebimento e pagamento financeiro.
Recebimentos
Pagamentos
Figura 6.3 – Ciclo Financeiro.
Organizar quanto tempo a empresa leva para receber de um cliente ajuda na determinação do prazo de pagamento com os fornecedores.
Receber antes de pagar é o ideal para uma melhor administração de caixa nas empresas. A falta de recursos financeiros para pagar seus compromissos levará a aquisição de passivos onerosos que aumentam as despesas financeiras da empresa e consequentemente as dívidas. Observe que o ciclo financeiro da empresa auxilia as empresas controlarem suas finanças.
Esse ciclo começa no pagamento aos fornecedores até o recebimento das vendas. Observe na figura abaixo que o ciclo operacional é o processo inteiro da operação da empresa, enquanto o ciclo financeiro é o intervalo entre o pagamento e recebimento.
Figura 6.4 – Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro.
6.2 Prazos médios dos estoques
Os índices relacionados aos estoques são:
· Prazo médio de estocagem de matéria-prima (PME)
· Prazo médio da fabricação (PMF)
· Prazo médio de vendas (PMV)
· Prazo médio de estocagem de matéria-prima: apura a permanência das matérias-primas nos estoques até o consumo no processo produtivo.
Fórmula:
Exemplo:
1º) Calcular o estoque médio de matérias-primas:
Estoque médio de matérias-primas = 70.000+112.000
2
Estoque médio de matérias-primas = 91.000
2º) Cálculo PME:
PME = 160,6 dias
GIRO = 360
160,6
GIRO = 2,2
Interpretação: Essa empresa leva em média 160 dias para consumir as matérias-primas no processo produtivo, o giro desse estoque revela que ele se renova 2,2 vezes durante o ano.
· Prazo médio de fabricação (PMF): apura a duração da fabricação de uma mercadoria.
Fórmula:
Exemplo:
1º) Calcular o estoque médio de produto em elaboração:
Estoque médio de produto em elaboração = 34.000+42.000
2
Estoque médio de produto em elaboração = 38.000
2º) Cálculo PMF:
PMF = 30,6 dias
GIRO = 360
30,6
GIRO = 11,7
Interpretação: essa empresa leva em média 30 dias para produzir seu produto, o giro desse estoque revela que ele se renova 11,7 vezes durante o ano.
· Prazo médio de venda (PMV): demonstra o período de tempo que uma empresa leva para vender seus produtos.
Fórmula:
Exemplo:
1º) Calcular o estoque médio de produto acabado:
Estoque médio de produto acabado = 74.600+105.000
2
Estoque médio de produto acabado = 89.800
2º) Cálculo PMV:
PMV = 96,2 dias
GIRO = 360
96,2
GIRO = 3,7
Interpretação: essa empresa leva em média 96 dias para vender seus produtos, o giro desse estoque revela que ele se renova 3,7 vezes durante o ano.
6.3 Prazo médio de cobrança (PMC) e Prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF)
O prazo médio de cobrança é o tempo médio para empresa receber dosclientes. Fórmula:
Exemplo:
1º) Calcular a média dos clientes:
Média dos clientes = 100.000+120.000
2
Média dos clientes = 110.000
2º) Cálculo PMC:
Sabendo que da venda anual de 2019, 80% foi venda a prazo. Então: Venda a prazo = 480.000 x 80%
Venda a prazo = 384.000
PMC = 103,13 dias
Interpretação: A empresa demora 103 dias para receber as vendas a prazo.
O prazo médio de pagamento a fornecedores é o tempo médio que a empresa paga os seus fornecedores.
Fórmula:
Exemplo:
1º) Calcular a média dos fornecedores:
Média dos fornecedores = 94.000+110.800
2
Média dos fornecedores = 102.400
2º) Cálculo PMPF:
PMPF = 121,26 dias
Interpretação: A empresa leva 121 dias para pagar os seus fornecedores.
Resumo dos prazos médios calculado:
	
	DIAS
	PRAZO MÉDIO DE ESTOQUE DE MATÉRIAS-PRIMAS
	160,6
	PRAZO MÉDIO DE FABRICAÇÃO
	30,6
	PRAZO MÉDIO DE VENDA
	96,2
	PRAZO MÉDIO DE COBRANÇA
	103,13
	PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO A FORNECEDORES
	121,26
Interpretação: A empresa recebe de seus clientes antes de pagar os fornecedores. O prazo para iniciar a produção é muito alto, em média 160 dias, e o prazo médio para realizar a venda também está alta, ou seja, 3 meses para realizar a venda do produto – produto em estoque é considerado dinheiro parado.
Observe que somente com esses indicadores os gestores já conseguem planejar melhor os prazos. Nesse exemplo, o prazo médio de venda pode ser melhorado com estratégias de vendas ou organizar melhor o processo de produção.
CICLO OPERACIONAL = 160,6 + 30,6 + 96,2 + 103,13 CICLO OPERACIONAL = 390,53
CICLO FINANCEIRO = 160,60 + 30,60 + 96,20 + 103,13 - 121,26 CICLO FINANCEIRO = 269,27
Conclusão
Com a determinação dos ciclos operacionais e financeiros, os gestores das empresas conseguem administrar melhor as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa.
É preciso conhecer os prazos médios de estocagem, para conhecer quanto tempo a empresa leva para produzir seus produtos, para negociar prazos de pagamentos com seus fornecedores, levando em conta o recebimento dos clientes.
Caso um descasamento ocorra entre o controle de recebimento e pagamentos, a empresa precisará muitas vezes solicitar empréstimos, que impactaria em aumento de dívidas e despesas financeiras.
Por isso, os controles desses prazos são a chave para a administração do fluxo de caixa da empresa.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro, comércio e serviços, indústrias, bancos comerciais e múltiplos. 11. ed. [3. reimpr.]. São Paulo: Atlas, 2018.

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