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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES As constituições podem ser classificadas de muitas formas, se analisados conteúdo, forma de elaboração, rigidez, ideologia etc. Paulatinamente, diante de novos critérios, a doutrina identifica classificações diversas. A seguir estão as principais classificações adotadas na doutrina brasileira e estrangeira. 1. Quanto à origem a) Democrática: igualmente denominada promulgada, popular ou votada, esta Constituição tem seu texto construído por intermédio da participação do povo, de modo direto ou indireto (por meio de seus representantes eleitos). Homenageia o princípio democrático na medida em que confirma a soberania popular, demonstrando que o governo legítimo é aquele que se constrói afirmando a vontade e os interesses de seus governados. Nos dizeres de José Afonso da Silva, são promulgadas “as constituições que se originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer”. b) Outorgada: considera-se outorgada (imposta, ditatorial ou autocrática) a Constituição que é construída e estabelecida sem qualquer resquício de participação popular, sendo imposta aos nacionais como resultado de um ato unilateral do governante. O povo não participa do seu processo de formação, sequer indiretamente. Nos dizeres de Kildare, “outorgada é a Constituição em que não há colaboração do povo na sua elaboração: o governo a concede graciosamente”. Historicamente, tal tipologia deriva de uma concessão de poder em que o governante (rei, imperador, ditador), em benefício do povo, se auto limita, desfazendo-se do seu poder, até então absoluto. c) Cesarista: similarmente a outorgada, a Constituição intitulada cesarista tem seu texto elaborado sem a participação do povo. No entanto, e diferentemente daquela, para entrar em vigor e aparentar legitimidade popular, dependerá de aprovação popular (por plebiscito ou referendo). Nada obstante a população ser chamada ao processo de formação do documento constitucional, não há que se falar em texto democrático exatamente porque tal integração se dá apenas formalmente. No mesmo sentido, José Afonso da Silva também afasta o caráter popular dessas constituições, vez que a participação dos indivíduos, nesses casos, não é realmente democrática – afinal, ocorre no intuito de conferir aparência de legítima (de roupagem democrática) à tirânica e autoritária vontade do detentor do poder. d) Dualista: também intituladas pactuadas, as constituições dualistas são formadas por textos constitucionais que nascem do estável compromisso entre forças opositoras, no caso entre o monarca e o poder legislativo, de forma que o texto constitucional se constitua alicerçado simultaneamente em dois princípios antagônicos: o monárquico e o democrata. Em resumo, as constituições dualistas são o produto desse precário diálogo entre monarquia enfraquecida de um lado e a burguesia em franca ascensão de outro, representando um texto que limita o poder do rei - já que o submetem aos esquemas constitucionais - e acaba por cristalizar as chamadas “monarquias constitucionais”, em claro abandono das monarquias absolutas. 2. Quanto à estabilidade a) Imutável: reconhecida também pelo termo intocável e permanente, é uma Constituição dotada de uma fantasiosa pretensão à eternidade. Não permite qualquer mudança de seu texto, pois não prevê procedimento de reforma, e baseia- se na crença de que não há órgão constituído com legitimidade suficiente para efetivar alterações num texto criado por uma entidade suprema superior (normalmente considerada divina). Atualmente está em completo desuso e é apenas uma reminiscência histórica - porquanto inimaginável na atualidade um documento constitucional que ignore, em absoluto, os influxos sociais e políticos. A doutrina enumera as leis fundamentais antigas, como Código de Hamurabi e a Lei das XII Tábuas, como exemplos de constituições imutáveis. b) Transitoriamente imutável: Visando preservar a redação original de seu texto nos primeiros anos de vigência, determinadas constituições impedem a reforma de seus dispositivos por certo período. Foi o que aconteceu com a Constituição Imperial de 1824, que estabeleceu que seu texto somente poderia ser modificado após 4 anos de sua vigência, portanto, nada mais é do que uma mera limitação temporal ao poder de reforma. c) Fixa: igualmente intitulada silenciosa - já que não há em seu texto o procedimento de modificação de seus dispositivos -, reconhece a possibilidade de seu texto sofrer reforma, porém apenas pelo órgão que a criou (poder constituinte originário). Hoje tidas por relíquias históricas, podem ser exemplificadas pelo Estatuto do Reino da Sardenha de 1848 (que depois vem a ser a Constituição da Itália) e a Constituição Espanhola de 1876. d) Rígida: a alteração desta Constituição é possível, mas exige um processo legislativo mais complexo e solene do que aquele previsto para a elaboração das demais espécies normativas, infraconstitucionais. Tais regras diferenciadas e rigorosas são estabelecidas pela própria Constituição e torna a alteração do texto constitucional mais complicada do que a feitura das leis comuns. A rigidez constitucional é um pressuposto da existência do controle de constitucionalidade das leis e atos normativos. e) Flexível: contrapõe-se a rígida, uma vez que pode ser modificada por intermédio de um procedimento legislativo comum, ordinário, não requerendo qualquer processo específico para a sua alteração. O impacto mais relevante da adopção de um texto classificado como flexível é a inexistência de supremacia formal da Constituição sobre as demais normas, afinal todas são elaboradas, modificadas revogadas por rito idêntico. Nesse sentido, a própria lei ordinária contrastante com o teor do texto constitucional, o altera. Tradicionalmente a doutrina aponta a Constituição Inglesa como exemplar de texto flexível. Outros textos flexíveis são os da Nova Zelândia, da Finlândia e da África do Sul. f) Transitoriamente flexível: possuidora de flexibilidade temporária, autoriza durante certo período a alteração de seu texto através de um procedimento mais simples baseado no rito comum; vencido este primeiro estágio, passa somente permitir a modificação de suas normas por intermédio de um mecanismo diferenciado, quando, então, passa a ser considerada rígida. g) Semirrígida: Conhecida também como semiflexível, este documento constitucional pode ser modificado segundo ritos distintos, a depender de que tipo de norma esteja para ser alterada. Nesse tipo de Constituição, alguns artigos do texto (que abrigam os preceitos mais importantes) compõem a parte rígida, de forma que só possam ser reformados por meio de um procedimento diferenciado e rigoroso, enquanto os demais (que compõem a parte flexível) se alteram seguindo o processo menos complexo, menos dificultoso. 3. Quanto à forma a) Escrita: escrita é a Constituição na qual todos os dispositivos são escritos e estão inseridos de modo sistemático em um único documento, de forma codificada - por isso se diz que sua fonte normativa é única. A elaboração do texto pelo órgão constituinte se dá num momento único. Segundo o autor português Gomes Canotilho, estas constituições são instrumentais e conferem ao documento constitucional vantajosos atributos, tais como efeito racionalizador, o efeito estabilizante, a segurança jurídica, a calculabilidade a publicidade das normas. b) Não escrita: é aquela Constituição na qual as normas e princípios encontram-se em fontes normativas diversas, todas de natureza constitucional e de mesmo patamar hierárquico, sem qualquer precedência de uma sobre as demais. Nas constituições não escritas, em razão das fontes normativas constitucionais serem múltiplas, as normas constitucionais estão esparsas e podem ser encontradas tanto nos costumese na jurisprudência dos tribunais, como nos acordos, convenções e também nas leis. Atenção, a Constituição não escrita não possui somente normas não escritas, ao contrário, é formada pela junção destas com os textos escritos. Como exemplo, além das Constituições de Israel e da Nova Zelândia, podemos mencionar a Constituição Inglesa. 4. Quanto ao modo de elaboração a) Dogmática: também denominada ortodoxa, traduz-se num documento necessariamente escrito, elaborado em uma ocasião certa, historicamente determinada, por um órgão competente para tanto. Retrata os valores e os princípios da sociedade naquele específico período de produção e os insere em seu texto, fazendo com que ganhem força jurídica de dispositivos cogentes, de observância obrigatória. Percebe-se que a inserção dos valores e princípios, que regulam a vida em sociedade em determinado momento histórico no texto maior, os transforma em dogmas - não por outra razão as constituições assim formadas recebem a denominação de dogmáticas. b) Histórica: sempre não escrita, é uma Constituição que se constrói aos poucos, em um lento processo de filtragem e absorção de ideais por vezes contraditórios; não se forma de uma só vez como as dogmáticas. Em verdade, é o produto da gradativa evolução jurídica e histórica de uma sociedade, do vagaroso processo de cristalização dos valores e princípios compartilhados pelo grupo social. Como exemplo contemporâneo de Constituição histórica, temos a inglesa. 5. quanto a extensão a) Analítica: igualmente apresentada como prolixa, sua confecção se dá de maneira extensa, ampla, detalhada, já que regulamenta todos os assuntos considerados relevantes para a organização e funcionamento do estado e muito mais. Referida Constituição não se preocupa em cuidar apenas de matérias constitucionais, essenciais à formação e organização do aparelho estatal e da vida em sociedade; ao contrário, descreve os pormenores da vida no estado, através de uma infinidade de normas de conteúdo dispensável à estruturação estatal. Segundo a doutrina, é uma Constituição que se desdobra numa infinidade de normas no afã de constitucionalizar todo o conjunto da vida social. Por resultado, temos uma Constituição inchada, com um número sempre volumoso de artigos. Em termos de prolixidade, a Constituição da Índia possui 146.385 palavras, e a da Nigéria, com 66.263. b) Concisa: sintética ou reduzida é a Constituição elaborada de forma breve, com a preocupação única de enunciar os princípios básicos para estruturação estatal, mantendo-se restrita aos elementos substancialmente constitucionais. Por ser um documento sucinto, elaborado de modo bastante resumido, seu texto se encerra após estabelecer princípios fundamentais de organização do estado e da sociedade. Tem-se como exemplo desse tipo de Constituição a dos Estados Unidos da América, de 1787, possuidora de apenas 7 artigos originais. A Constituição do Turcomenistão é outro exemplo: está redigida em 5.735 palavras. Da mesma forma, temos a do Japão, com 4.998 palavras, e a de Mônaco, com 3.814. 6. Quanto ao conteúdo a) Material: definida a partir de critérios que envolvam o conteúdo das normas, em uma Constituição desse tipo considera-se constitucional toda norma que tratar de matéria constitucional. A doutrina ainda não pacificou a definição do que seja ou não matéria constitucional, entretanto, é possível reconhecer que existem alguns assuntos indispensáveis ao texto constitucional, por serem essenciais à organização e estruturação do estado. Este rol mínimo seria formado, ao menos, pelos seguintes temas: estruturação da forma de estado, regime, sistema e forma de governo; repartição de atribuições entre os entes estatais; direitos e garantias fundamentais do homem. b) Formal: nesta acepção, constitucional são todas as normas inseridas no texto da Constituição, independentemente de versar ou não sobre temas tidos por constitucionais. Em outros termos, são constitucionais os preceitos que compõem o documento constitucional, ainda que o conteúdo de alguns destes preceitos não possa ser considerado materialmente constitucional. Assim, nas constituições formais teremos alguns dispositivos só formalmente constitucionais (estão inseridos no documento, mas no que se refere ao conteúdo não podem ser considerados constitucionais), enquanto outros serão formal e materialmente constitucionais, em razão de estarem no texto da Constituição e tratarem de matéria considerada constitucional. 7. Quanto a finalidade a) Garantia: esta Constituição restringe o poder estatal, criando esferas de não ingerência do poder público na vida dos indivíduos. Por possuir um corpo normativo repleto de direitos individuais oponíveis ao estado, disse que traz para os sujeitos liberdades negativas ou liberdade impedimentos, que estabelecem espaços de não atuação e não interferência estatal na vida privada. É uma Constituição que fixa direitos e garantias aos cidadãos, porém não se preocupa em fixar metas, objetivos e direções estatais. b) Balanço: é aquela que visa reger ordenamento jurídico do Estado durante um certo tempo, nela estabelecido. Transcorrido esse prazo, é elaborado uma nova Constituição ou seu texto é adaptado. c) Dirigente: contrapondo-se à constituição garantia, consagra um documento engendrado a partir de expectativas lançadas ao futuro, arquitetando um plano de fins e objetivos que serão perseguidos pelos poderes públicos e pela sociedade. É marcada, pois, pela presença de programas e projetos voltados à concretização de certos ideais políticos. Comum em seu texto é a presença de normas de eficácia programática, destinada aos órgãos estatais com a inequívoca finalidade de fixar os programas que irão guiar os poderes públicos na consecução dos planejamentos traçados. 8. Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico) a) Normativa: nesta Constituição a perfeita sintonia entre o texto constitucional e a conjuntura política e social do Estado, de forma que a limitação ao poder dos governantes e a previsão de direitos à população sejam estritamente observadas e cumpridas. O texto constitucional é de tal forma eficaz e seguido à risca que, na prática, vê-se claramente a harmonia entre o que se estabeleceu no plano normativo e o que se efetiva no mundo fático. O resultado é o reconhecimento de que há verdadeira correspondência entre o que está escrito na Constituição e a realidade, afinal, os processos políticos de poder se submetem às normas constitucionais, sendo por elas guiados. Um bom exemplo é a Constituição Americana de 1787. b) Nominalista: esta já não é capaz de reproduzir com exata congruência a realidade política e social do Estado, mas anseia em chegar a este estágio. Seus dispositivos não são, ainda, dotados de força normativa capaz de reger os processos de poder na plenitude, mas almeja-se um dia alcançar a perfeita sintonia entre o texto (de Constituição) e o contexto (realidade). Daí advém a virtude principal desse tipo de Constituição: na sua função prospectiva, de almejar num futuro próximo a adequação ideal entre normas e realidade fática, é bastante educativa. c) Semântica: é a Constituição que nunca pretendeu conquistar uma coerência apurada entre o texto e a realidade, mas apenas garantir a situação de dominação estável por parte do poder autoritário. Típica de estados ditatoriais, sua função única é legitimar o poder usurpado do povo, estabilizando a intervenção dos ilegítimos dominadores de fato do poder político. por essa razão é tida como um simulacro de Constituição, afinal trai o significado do vocábulo Constituição que é, necessariamente, um documento limitador do poder, com finalidade garantistas, e não um corpo de normas legitimadoras do arbítrio. 9. Quanto à ideologia (ou quanto à dogmática) a) Eclética (heterogênea): o convívioharmônico entre várias ideologias é a marca central de seu texto. Nesta tipologia constitucional, por não haver uma única força política prevalente, o texto constitucional é produto de uma composição variada de acordos heterogêneos, que denota a pluralidade de ideologias. b) Ortodoxa: esta Constituição é construída tendo por base um pensamento único, que afasta o pluralismo na medida em que descarta qualquer possibilidade de convivência entre diferentes grupos políticos e distintas teorias. Só há espaço para uma exclusiva ideologia - não há espaço para conciliação de doutrinas opostas. São exemplos a Constituição da China, de 1982, e da extinta União Soviética, em 1977. 10. Quanto à unidade documental (quanto à sistemática) a) Orgânica: a Constituição orgânica é aquela disposta em uma estrutura documental única, na qual todos os dispositivos estão articulados de modo coerente lógico. Não há espaço para identificação de normas constitucionais fora da Constituição - esta última exaure os dispositivos constitucionais, não sendo possível a existência de normas com valor constitucional que estejam fora de seu texto. b) Inorgânica: em contraposição à unitextual, temos a pluritextual (ou variada) que é formada por diversas estruturas documentais, ou seja, suas normas estão dispersas em variados documentos, pois diferentes textos irão compor o que denominaremos Constituição. A doutrina apresenta como exemplar desta tipologia a Constituição da França de 1875 - esta última concebida a partir da reunião de diferentes documentos, isto é, não apenas os 89 artigos do texto compõem as normas constitucionais, mas também seu preâmbulo, sendo que este remete para a declaração dos direitos de 1789 e ao preâmbulo da Constituição de 1946. 11. Quanto ao sistema a) Principiológica: Nesta os princípios ganham relevo, são as normas que preponderam. E como princípios possuem grau de abstração significativo, para serem concretizados necessitarão de mediação legislativa ou judicial. A confirmação da normatividade dos princípios os fez ser colocados no sistema jurídico com hegemonia na construção normativa, de maneira que passaram a centralidade da norma constitucional, como regente da ordem jurídica. b) Preceitual: constituído conferindo primazia às regras, o texto da Constituição preceitual possui normas com alto grau de precisão especificidade, o que permite uma imposição direta e coercitiva de seus dispositivos. Em virtude da predominância de normas com grau superior de determinabilidade, as constituições preceituais tendem a ser excessivamente detalhistas. Portanto, a Constituição preceitual possui mais regras do que princípios. 12. Quanto ao local da decretação a) Heteroconstituição: raras são as constituições que não se originam no Estado que irão viger, surgindo em estado diverso daquele em que o documento vai valer, ou então elaboradas por algum organismo internacional. A heteroconstituição é, por isso, bastante incomum e causa justificável perplexidade, afinal o documento constitucional vai ser feito fora do Estado onde suas normas produzirão efeitos e regerão normativamente a realidade fática. São exemplos de Constituição heterônoma as de países como Nova Zelândia, Canadá e Austrália, pois suas constituições foram aprovadas por leis do parlamento britânico. Igualmente pode ser citada a Constituição cipriota, produto de acordos feitos em Zurique, na década de 1960, entre Grécia, a Turquia e a Grã Bretanha. b) Homoconstituição: também intitulada autônoma, é a Constituição elaborada dentro do próprio estado que irá estruturar normativamente e reger. 13. Quanto ao papel da Constituição (ou função desempenhada pela Constituição) a) Constituição lei: inviável em documentos rígidos e consagradores do princípio da supremacia formal da Constituição, nesta acepção tem-se constituições equiparadas as demais leis do ordenamento, desprovidas de status hierárquico diferenciado. Nesse sentido, como as normas constitucionais estão em idêntico patamar da legislação ordinária, não possuindo superioridade em relação a estas, não são capazes de moldar a atuação do legislador e funciona unicamente como diretrizes não vinculantes. b) Constituição moldura: numa interessante metáfora, nesta concepção a Constituição é só a moldura de um quadro vazio, funcionando como limite à atuação do legislador ordinário, que não poderá atuar fora dos limites previamente estabelecidos. Assim como num quadro a pintura está restrita aos limites da moldura que o guarnece, também no ordenamento, a atuação legislativa estaria circunscrita ao perímetro estabelecido pela Constituição. Dessa forma, a preocupação da jurisdição constitucional seria, tão somente, a de verificar se o legislador agiu dentro dos contornos da moldura constitucional, isto é, se o desenho legislativo está dentro do quadro ou se extrapolou as bordas definidas. c) Constituição fundamento: esta Constituição diferencia as normas constitucionais das demais, na medida em que as situa num plano de superioridade valorativo que as torna cogentes para os legisladores e indivíduos. Nas palavras precisas de Virgílio Afonso da Silva “a Constituição é entendida como lei fundamental, não somente de toda a atividade estatal e das atividades relacionadas ao estado, mas também a lei fundamental de toda a vida social”. A atuação do legislador, neste caso, torna-se significativamente abreviada, vez que seu o papel está reduzido a interpretar as normas constitucionais e efetivá-las. O espaço de conformação do ordenamento jurídico do legislador fica, pois, encurtado, na medida em que sua atividade legislativa resume-se a um mero instrumento da realização da Constituição.
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