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Indaial – 2021 MaMografia e DensitoMetria Óssea Profa. Pamela Cristina Fagundes 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Profa. Pamela Cristina Fagundes Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F156m Fagundes, Pamela Cristina Mamografia e densitometria óssea. / Pamela Cristina Fagundes. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 237 p.; il. ISBN 978-65-5663-630-6 ISBN Digital 978-65-5663-629-0 1. Radiologia. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 apresentação Caro acadêmico de radiologia, esta obra foi desenvolvida com o intuito de guiar os seus estudos para a área de Mamografia e Densitometria Óssea. Essas duas especialidades da radiologia, assim como todas as outras, estão em constante evolução e, todos os dias, surgem novos estudos. Por esse motivo, é importante que, além de fazer o estudo da apostila, você busque sempre outras referências para estar atualizado. A mamografia é o único método de rastreamento de câncer de mama, por isso, é um exame de grande importância para a sociedade. Podemos evidenciar várias campanhas de combate ao câncer de mama durante o ano inteiro, e tudo isso porque, segundo o Inca (2019), o câncer de mama é o primeiro no ranking nacional de causas de morte entre as mulheres, e a prevenção e o diagnóstico precoce devem andar juntos. Acadêmico, para melhor conduzir os seus estudos, este livro está dividido em três unidades. Na Unidade 1, abordaremos a parte que dará a introdução à mamografia. Falaremos dos aspectos históricos e do câncer de mama. Nesta unidade, você conhecerá o equipamento de mamografia e a formação da imagem mamográfica, podendo entender melhor a diferença dos métodos de aquisição de imagens analógica e digital e os processos de controle de qualidade na mamografia. Em seguida, na Unidade 2, daremos início ao conteúdo principal, que trata da anatomia da mama, assim como as principais patologias que a acometem. Essa é uma unidade de grande importância para os estudos nesta disciplina, pois, aqui, falaremos das técnicas e dos posicionamentos mamográficos e outros procedimentos, importantes para o seu conhecimento. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos acerca do exame de densitometria óssea e das particularidades. Nesta unidade, você tomará conhecimento de assuntos, como a osteoporose e o crescimento e o remodelamento ósseos. Com os assuntos abordados nessas três unidades, você poderá desenvolver habilidades técnicas para as suas vidas acadêmica e profissional, podendo exercer os processos aqui descritos com segurança. Desejamos, a você, uma ótima leitura! Bons estudos! Profᵃ. Pamela Cristina Fagundes Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE suMário UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA ...................................................................... 1 TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA .......................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MAMOGRAFIA ......................................................................... 3 3 O CÂNCER DE MAMA ...................................................................................................................... 7 3.1 FATORES DE RISCO ...................................................................................................................... 8 4 PREVENÇÃO E RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA ............................................. 11 4.1 PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA ................................................................................. 11 4.1.1 Autoexame das mamas ....................................................................................................... 12 4.1.2 Exame clínico ........................................................................................................................ 12 4.1.3 Mamografia de rastreamento e diagnóstico .................................................................... 12 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM .................... 19 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 19 2 ACESSÓRIOS DO MAMÓGRAFO ............................................................................................... 20 3 FORMAÇÃO DA IMAGEM ........................................................................................................... 27 3.1 ETAPAS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM ................................................................................. 28 3.1.1 Efeito anódico na mamografia ........................................................................................... 29 3.2 REQUISITOS TÉCNICOS E DEFINIÇÕES DA IMAGEM ...................................................... 29 3.3 QUALIDADE DA IMAGEM ....................................................................................................... 32 3.3.1 Critérios médicos de qualidade da imagem .................................................................... 33 RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................35 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 36 TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO ............................ 39 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 39 2 MAMOGRAFIA ANALÓGICA ..................................................................................................... 39 2.1 COMPOSIÇÃO DO FILME RADIOGRÁFICO ....................................................................... 40 2.2 FORMAÇÃO DA IMAGEM LATENTE .................................................................................... 41 2.3 PROCESSAMENTO DO FILME RADIOGRÁFICO ................................................................ 42 2.3.1 Etapas do processo de revelação do filme ........................................................................ 43 2.4 CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS DA MAMOGRAFIA ANALÓGICA....................... 44 3 MAMOGRAFIA DIGITAL .............................................................................................................. 45 3.1 CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM DIGITAL ........................................................................ 46 3.1.1 Diferenças entre a mamografia convencional e a digital ............................................... 47 3.2 SISTEMA DE MAMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CR ................................................. 47 3.2.1 Vantagens e desvantagens da utilização do CR .............................................................. 48 3.2.2 Formação da imagem no CR .............................................................................................. 49 3.2.3 Funcionamento da leitora CR ............................................................................................ 49 3.3 SISTEMA DE MAMOGRAFIA DIGITAL DR ........................................................................... 50 3.3.1 Formação indireta ................................................................................................................ 51 3.3.2 Formação direta ................................................................................................................... 52 3.3.3 Vantagens e desvantagens da utilização do DR .............................................................. 52 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 54 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 55 TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA.......................................... 57 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 57 2 TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE ................................................................................ 57 2.1 RESPONSABILIDADES DA EQUIPE NO CONTROLE DE QUALIDADE ........................ 61 3 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O CONTROLE DE QUALIDADE ..................... 62 3.1 SIMULADOR RADIOGRÁFICO DE MAMA “PHANTOM” ................................................ 64 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 68 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 72 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 73 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 75 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS ............................................... 77 TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA ........................................................................................... 79 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 79 2 ANATOMIA EXTERNA DA MAMA ............................................................................................. 80 2.1 ANATOMIA INTERNA DA MAMA ......................................................................................... 82 2.1.1 Histologia da mama ............................................................................................................ 84 3 COMPOSIÇÃO GERAL DA MAMA ............................................................................................ 87 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 90 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 91 TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS ............................... 93 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 93 2 ALTERAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO DA MAMA ........................................................... 93 3 DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA ............................................................................................. 94 4 DOENÇAS MALIGNAS DA MAMA ............................................................................................ 95 4.1 CARCINOMA DUCTAL IN SITU E INVASIVO ...................................................................... 96 4.2 TIPOS HISTOLÓGICOS DE CARCINOMAS ........................................................................... 96 4.3 SINAIS RADIOLÓGICOS DO CÂNCER DE MAMA, DE ACORDO COM O BI-RADS .......................................................................................................................... 98 5 CLASSIFICAÇÃO BI-RADS ......................................................................................................... 106 5.1 CATEGORIAS DA CLASSIFICAÇÃO BI-RADS .................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 112 TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA .................................................................................. 115 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 115 2 FATORES ESSENCIAIS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA MAMOGRAFIA ................... 115 2.1 INTRODUÇÃO AO EXAME MAMOGRÁFICO ................................................................... 116 2.2 TIPOS DE MAMOGRAFIA ...................................................................................................... 118 2.3 PROCEDIMENTOS QUE PODEM CONSTAR NA ANAMNESE ..................................... 118 2.4 IDENTIFICAÇÃO MAMOGRÁFICA ..................................................................................... 120 3 POSICIONAMENTO E COMPRESSÃO .................................................................................... 121 3.1 CONTROLE DE EXPOSIÇÃO AUTOMÁTICO (CAE) ......................................................... 122 3.1.1 Escolha do receptor de imagem ...................................................................................... 123 3.2 QUADRANTES E REGIÕES DA MAMA ............................................................................... 123 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 126 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................127 TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS ...................................................................... 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS BÁSICAS ......................................................................... 129 2.1 CRANIOCAUDAL (CC) ............................................................................................................ 129 2.2 MEDIOLATERAL OBLÍQUA (MLO) ...................................................................................... 131 3 INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS ADICIONAIS OU COMPLEMENTARES ............... 135 3.1 CRANIOCAUDAL LATERALMENTE EXAGERADA (XCCL) ........................................... 135 3.2 CRANIOCAUDAL MEDIALMENTE EXAGERADA XCCM OU (CLEAVAGE – CV) ..................................................................................................................... 136 3.3 CAUDOCRANIAL (REVERSE CRANIOCAUDAL – RCC) ............................................... 137 3.4 MEDIOLATERAL (ML ou P) ................................................................................................... 138 3.5 LATEROMEDIAL (LM) ............................................................................................................ 138 3.6 AXILAR ....................................................................................................................................... 139 4 MANOBRAS E COMPRESSÕES ................................................................................................. 140 4.1 MANOBRA DE COMPRESSÃO SELETIVA ........................................................................... 140 4.2 MANOBRA DE AMPLIAÇÃO GEOMÉTRICA OU AMPLIAÇÃO VERDADEIRA ............................................................................................................................ 141 4.3 ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPRESSÃO SELETIVA E AMPLIAÇÃO GEOMÉTRICA ............................................................................................................................ 142 4.4 MANOBRA ANGULAR ............................................................................................................ 142 4.5 OBLÍQUAS PROGRESSIVAS .................................................................................................... 143 4.6 MANOBRA ROTACIONAL OU ROLADA ............................................................................ 144 4.7 MANOBRA TANGENCIAL ..................................................................................................... 146 4.8 MANOBRA DE EKLUND ......................................................................................................... 147 5 POSICIONAMENTO DA MAMA MASCULINA ................................................................... 149 6 RADIOGRAFIA DE PEÇA CIRÚRGICA ................................................................................... 150 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 152 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 153 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 155 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 157 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA .............................. 159 TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA .............................................................................................. 161 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 161 2 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA ............................................................................................ 161 2.1 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA: MÉTODO BIPLANAR .............................................. 162 2.2 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA: MÉTODO ESTEREOTÁXICO .................................. 163 2.3 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA ORIENTADA PELA ULTRASSONOGRAFIA ............ 165 2.4 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA: RESSONÂNCIA MAGNÉTICA .............................. 165 3 TIPOS DE BIÓPSIA ........................................................................................................................ 166 3.1 PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) ....................................................... 166 3.2 BIÓPSIA PERCUTÂNEA DE FRAGMENTOS COM PISTOLA AUTOMÁTICA (CORE BIOPSY) ............................................................................................. 167 3.3 BIÓPSIA PERCUTÂNEA DE FRAGMENTOS ASSISTIDA A VÁCUO (MAMOTOMIA) ......................................................................................................... 167 3.4 SISTEMA DE ESTEREOTAXIA NO AUXÍLIO DOS PROCEDIMENTOS INVASIVOS DA MAMA ........................................................................................................... 169 4 DUCTOGRAFIA OU GALACTOGRAFIA................................................................................. 170 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 172 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173 TÓPICO 2 — NOVAS TECNOLOGIAS NA MAMOGRAFIA ................................................. 175 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 175 2 TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA ...................................................................................................... 175 3 MAMOGRAFIA COM CONTRASTE ......................................................................................... 178 4 ESTUDO DA MAMA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ................................................. 180 5 IMAGEM MOLECULAR MAMÁRIA ........................................................................................ 182 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 183 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184 TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA .................................................. 187 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 187 2 TECIDO ÓSSEO .............................................................................................................................. 187 2.1 ORGANIZAÇÃO MACROSCÓPICA ...................................................................................... 187 2.2 ORGANIZAÇÃO MICROSCÓPICA ....................................................................................... 189 2.2.1 Osteócitos ............................................................................................................................ 189 2.2.2 Osteoblastos ........................................................................................................................ 189 2.2.3 Osteoclastos ........................................................................................................................ 190 2.3 REMODELAMENTO ÓSSEO .................................................................................................. 190 2.3.1 Ativação ...............................................................................................................................191 2.3.2 Reabsorção .......................................................................................................................... 191 2.3.3 Formação ............................................................................................................................. 191 2.3.4 Mineralização ..................................................................................................................... 191 2.3.5 Repouso ............................................................................................................................... 191 3 OSTEOPOROSE............................................................................................................................... 192 3.1 SUBSTÂNCIAS QUE INFLUENCIAM NA REGULAÇÃO DO METABOLISMO ÓSSEO ........................................................................................................... 194 3.1.1 Vitamina D .......................................................................................................................... 194 3.1.2 Estrógenos e testosterona ................................................................................................. 194 3.1.3 Hormônio da paratireoide ................................................................................................ 194 3.1.4 Calcitonina ......................................................................................................................... 194 3.2 DIAGNÓSTICO DA OSTEOPOROSE ..................................................................................... 195 3.2.1 Medidas quantitativas ....................................................................................................... 196 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 199 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 200 TÓPICO 4 — MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA ................... 201 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 201 2 EVOLUÇÃO DAS TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO DA OSTEOPOROSE........................ 201 2.1 TÉCNICAS DE ABSORCIOMETRIA ....................................................................................... 202 2.1.1 Single Photon Absorptiometry (SPA) ................................................................................ 202 2.1.2 Dual Photon Absorptiometry (DPA) ................................................................................... 203 3 ABSORCIOMETRIA POR DUPLA EMISSÃO DE RAIOS X (DXA) .................................... 204 3.1 FORMAÇÃO DA IMAGEM NO DXA .................................................................................... 205 3.1.1 Aparelhos com feixe penil bam e fan bam ......................................................................... 206 3.2 COMPONENTES PRINCIPAIS DO EQUIPAMENTO DXA ................................................ 206 4 OUTRAS TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DA DENSIDADE ÓSSEA ..................................... 208 4.1 ULTRASSOM QUANTITATIVO DE CALCÂNEO (QUS) .................................................... 208 4.2 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA QUANTITATIVA (QCT).................................... 208 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 210 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 211 TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA............................................................... 213 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 213 2 CONTROLE DE QUALIDADE ..................................................................................................... 213 2.1 CUIDADOS COM O EQUIPAMENTO ................................................................................... 215 3 EXAME DE DENSIOMETRIA ÓSSEA ....................................................................................... 216 3.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES PARA O EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA ........................................................................................................ 216 3.1.1 Indicações clínicas.............................................................................................................. 217 3.1.2 Contraindicações................................................................................................................ 218 3.2 SÍTIOS DE INTERESSE OU ROIs ............................................................................................. 218 3.3 REALIZANDO O EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA ................................................ 220 3.3.1 Posicionamento .................................................................................................................. 222 3.3.2 Posicionamento de coluna lombar .................................................................................. 222 3.3.3 Fêmur proximal .................................................................................................................. 225 3.3.4 Antebraço ............................................................................................................................ 227 3.3.5 Corpo total .......................................................................................................................... 228 4 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA EM DENSITOMETRIA ÓSSEA E MAMOGRAFIA ......... 230 4.1 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA EM DENSITOMETRIA ÓSSEA ........................................... 230 4.2 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA MAMOGRAFIA ............................................................. 231 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 233 RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 235 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 236 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 237 1 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os aspectos históricos da mamografia, a importância e o desenvolvimento ao longo do tempo; • saber a respeito do câncer de mama, da taxa de incidência, como preve- nir e diagnosticar precocemente; • conhecer os princípios físicos e básicos de formação da imagem mamo- gráfica, assim como o equipamento de mamografia e os acessórios; • saber a diferença entre os métodos de aquisição das imagens mamográ- ficas analógica e digital. • compreender os processos e os objetivos do controle de qualidade em mamografia. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA TÓPICO 2 – EQUPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM TÓPICO 3 – SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO TÓPICO 4 – CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA 1 INTRODUÇÃO A mamografia é um método de diagnóstico por imagem que vem se destacando, desde o início, como um método muito importante para questões de saúde pública. Ao contráriodo que algumas pessoas pensam, a mamografia não é um método que trata ou que evita o aparecimento de doenças na mama, pois é utilizada para diagnósticos precoces de câncer de mama. Como é uma área que está em constantes crescimento e desenvolvimento, é importante que os profissionais estejam sempre atualizados em questão de novas tecnologias e devem estar sempre buscando informações de qualidade nos posicionamentos e no atendimento aos clientes, pois, nesse meio, é comum atendermos pessoas com o estado psicológico mais fragilizado, e o profissional precisa saber lidar com cada situação. Acadêmico, além dos aspectos históricos da mamografia e dos breves relatos de câncer de mama, abordaremos muitos outros assuntos que darão base de estudos necessária para que você possa seguir para as outras unidades, como os princípios básicos de formação da imagem mamográfica, os equipamentos e os acessórios utilizados na mamografia e, também, as mamografias digital e analógica, além do controle de qualidade. 2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA MAMOGRAFIA Os estudos relacionados ao método da mamografia tiveram início em 1913, com os estudos radiográficos da mama realizados pelo médico-cirurgião Albert Salomon, da Alemanha. Salomon avaliou mais de três mil amostras de tecidos de mamas mastectomizadas e comparou os achados macroscópicos nas imagens com os sinais microscópicos das doenças mamárias (INCA, 2019). Logo em seguida, foram desenvolvidos outros trabalhos de vulto, com Kleinschmidt, Warren, Vogel, Seabold, Gerson-Cohen, Leborgne, Egan, Gallagher, Martin, Dodd, Strax e seus colegas. UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 4 A década de 1920 já se iniciou com novas pesquisas e aplicações. Foi, nesse período, que se começou a tentar diagnosticar doenças na mama por meio de radiografias, mas, somente 40 anos depois, o diagnóstico do câncer de mama por meio de radiografias foi estabelecido (INCA, 2019). Acadêmico, a seguir, você poderá visualizar uma figura datada de 1927. Representa a imagem de uma radiografia da mama. FIGURA 1 – RADIOGRAFIA DA MAMA ADQUIRIDA EM MEADOS DE 1927 FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. Um nome muito importante nessa história foi o de Leborgene, que, em 1949, começou a dar um novo rumo para os estudos da mamografia, chamando a atenção para a necessidade de qualificação técnica para o posicionamento e os parâmetros radiológicos utilizados. Foi um dos grandes precursores em relação à qualidade da imagem, dando a importância adequada para o diagnóstico diferencial entre calcificações benignas e malignas. Foi ele quem descobriu a importância e a necessidade da compressão da mama, concluindo que a compressão gera uma melhor qualidade da imagem. Quem, também, fez grandes contribuições nessa área foi Robert Egan, o qual ajudou a desenvolver e a padronizar técnicas de alta miliamperagem, com baixa quilovoltagem, além do desenvolvimento de filmes especiais para mamografia pela Kodak. Nessa mesma época, por volta de 1960 e 1970, segundo o Inca (2019), os equipamentos e as técnicas mamográficas começaram a evoluir. Isso trouxe, como resultado, padronizações dos parâmetros técnicos de exposição, além do posicionamento dos pacientes, chegando a obter imagens com qualidade para o diagnóstico. Em 1965, na França, Charles Gross desenvolveu a primeira unidade, especialmente para a mamografia. Era um aparelho com um tubo de raios-X de molibdênio, com 0,7 mm de ponto focal. Com ele, era possível adquirir alto TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA 5 contraste e diferencial entre parênquima, gordura e microcalcificações, sendo que possuía sistema de compressão. Gross trabalhou com grande dedicação e sempre chamando a atenção para o grande potencial da mamografia na detecção de câncer oculto. Price e Butler, em 1970, utilizaram écrans de alta definição e filmes industriais e, como resultado, obtiveram muito sucesso na redução dos níveis de radiação, tudo isso com a ajuda da Kodak e da Dupont. Em 1974, Myron Moskowitz e seus colaboradores apresentaram resultados preliminares do rastreamento mamográfico e chamaram a atenção da comunidade médica a respeito da capacidade da mamografia de diagnosticar câncer minimante invasivo. Em 1977, Sickles, Kunio Doi e Genant conseguiram publicar trabalhos acerca da magnificação mamográfica, deixando evidente que eram necessários novos acessórios para os equipamentos de mamografia. Sickles viu as necessidades de capacitação e de aprimoramento da parte técnica. Enfatizou o diagnóstico de tumores malignos não só pelos sinais já conhecidos, mas, também, por sinais indiretos e menos evidentes. Nessa mesma época, ficou popular o conceito da unidade móvel de mamografia. Em 1976, Frank, Ferris e Steer apresentaram a marcação pré-operatória com agulhamento metálico de lesões não palpáveis na mamografia e, em 1980, Kopans e DeLuca deixaram o método mais simples, aprimorando-o. Atualmente, as agulhas utilizadas recebem o nome de agulhas de Kopans. László Tabár e colaboradores, em 1985, obtiveram resultados com rastreamento de 134.867 mulheres entre 40 e 79 anos com a execução do posicionamento oblíqua-mediolateral, verificando redução de 31% de mortalidade. A mamografia passou a ser conhecida como o melhor método de exame de imagem para rastreamento do câncer de mama no início de 1970, quando surgiram os primeiros equipamentos de raios-X dedicados para o exame radiográfico da mama (INCA, 2019). Acadêmico, a seguir, você verá ilustrações dos mamógrafos das fases supracitadas. Primeiramente, o mamógrafo. Protótipo de 1965 chamado de Treipied, primeiro modelo comercial do Senographe, lançado em 1966 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 6 FIGURA 2 – (A) PRIMEIRO MAMÓGRAFO - PROTÓTIPO DE 1965, CHAMADO DE TREIPIED; (B) PRIMEIRO MODELO COMERCIAL DO SENOGRAPHE, LANÇADO EM 1966 FONTE: < https://bit.ly/3gQT6MJ >. Acesso em: 18 abr. 2021. Acadêmico, como você pode perceber, o uso da mamografia como método de diagnóstico por imagem só evoluiu com o passar dos anos. Veremos como foi essa evolução nas décadas seguintes. A utilização da mamografia para rastreamento do câncer de mama aconteceu na década de 1980, com vários outros programas. Segundo o Inca (2019), o resultado obtido foi mais que satisfatório. Logo após cinco a sete anos, houve uma redução da taxa de mortalidade em cerca de 20% a 35% em mulheres de 50 a 69 anos, e um pouco menos nas mulheres na faixa etária entre 40 e 49 anos. Já por volta de 1990, tivemos um grande avanço na tecnologia utilizada para aquisição de imagens mamográficas que eram adquiridas de forma convencional no sistema tela-filme, passando a ser estudado um novo método, já utilizado na radiologia digital. Essa tecnologia passou a se chamar de mamografia digital de campo total (FFDM, do inglês, Full-Field Digital Mammography). Nos anos 2000, a mamografia digital começou a ser utilizada no rastreamento mamográfico para mulheres assintomáticas e para mulheres com sinais e sintomas da doença como método de diagnóstico. Esse foi um grande avanço para a mamografia, que trouxe um benefício em questão da qualidade das imagens e, concomitantemente, resultados mais precisos. TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA 7 3 O CÂNCER DE MAMA Segundo o Inca (2019), o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama que, no fim, formam um tumor. Existem vários tipos de tumores de mama, sendo que cada um pode se desenvolver de formas diferentes. Alguns com crescimento/desenvolvimento mais rápido e, outros, mais lentos. Isso ocorre de acordo com cada célula que compõe o tumor. O câncer de mama é o tipo de neoplasia que mais acomete as mulheres no Brasil e no mundo, sendo, de acordo com o Inca (2020), a causa mais frequente de morte por câncer nas mulheres, representando 29,7% em relação a todos os tipos de câncer que mais as acometem. O câncer de mama também pode acometer a classemasculina, mas a incidência nem se compara com a população feminina. Nos homens, a doença representa apenas 1% do total dos casos. Neste ponto, paramos para nos perguntar: por que a incidência de câncer de mama entre as mulheres só aumenta? Alguns especialistas explicam que os fatores de riscos são as causas mais prováveis e, dentre eles, está o envelhecimento da população, pois a expectativa de vida tem aumentado muito. A estimativa da OMS é a de que ocorre mais de um milhão de casos novos de câncer ao ano no mundo. Nas últimas décadas, foi evidenciado um aumento na taxa de detecção do câncer de mama, principalmente, em países europeus e norte-americanos, sendo acompanhado pela redução da taxa de mortalidade. Esse episódio tem sido explicado pela mamografia, por ser um ótimo método de rastreamento. Isso, alienado à detecção precoce da doença, trouxe um grande benefício em relação à eficiência dos tratamentos. Contudo, no Brasil, esse panorama se apresentou um pouco diferente. O aumento da incidência do câncer de mama veio acompanhado pelo aumento da taxa de mortalidade em, aproximadamente, 20%, entre 1995 e 2005 (INCA, 2019). Acadêmico, você pode aprofundar um pouco mais os estudos a respeito desses aspectos históricos e da contribuição que cada um teve na evolução da mamografia, acessando o link a seguir, de um artigo muito importante: https://www.scielo.br/pdf/rb/ v47n4/0100-3984-rb-47-04-0VII.pdf. DICAS https://www.scielo.br/pdf/rb/v47n4/0100-3984-rb-47-04-0VII.pdf. https://www.scielo.br/pdf/rb/v47n4/0100-3984-rb-47-04-0VII.pdf. UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 8 De acordo com o Inca (2020), segue a estimativa de novos casos: 66.280 (2020 - INCA). Número de mortes: 17.763, sendo 17.572 mulheres e 189 homens (2018 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). NOTA De acordo com o Inca (2020), a incidência do câncer de mama tende a crescer, progressivamente, a partir dos 40 anos de idade, assim como a mortalidade por essa neoplasia. Na população feminina abaixo de 40 anos, ocorrem menos de 10 óbitos a cada 100 mil mulheres, já na faixa etária a partir de 60 anos, o risco é 10 vezes maior. FIGURA 3 – TAXAS DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE MAMA FEMININAS, ESPECÍFICAS POR FAIXAS ETÁRIAS, POR 100.000 MULHERES - BRASIL, 1990 A 2018 FONTE: <https://bit.ly/2Rhcrf8>. Acesso em: 18 abr. 2021. 3.1 FATORES DE RISCO Os fatores de risco são baseados em estudos realizados de acordo com a parte da população mais acometida pela doença que, nesse caso, estamos falando do câncer de mama. Existem vários fatores que podem aumentar as chances de um indivíduo ser acometido por essa neoplasia, fazendo com que possamos compreender melhor o desenvolvimento. TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA 9 De acordo com o Inca (2020), a idade é um dos grandes fatores de risco para o câncer de mama, sendo que, a cada cinco casos, quatro deles ocorrem após os 50 anos. Acadêmico, a seguir, você verá um quadro que evidenciará os fatores de riscos em relação ao câncer de mama. Você também pode ver um pouco mais desse assunto em https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama e https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/conceito-e-magnitude. FIGURA 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER DE MAMA FONTE: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama>. Acesso em: 18 abr. 2021. Precisamos lembrar de alguns pontos importantes quando falamos dos fatores de risco, por exemplo: não é porque uma mulher possui um ou mais fatores de risco supracitados que ela deve ter o câncer de mama, mas, com certeza, as chances são mais elevadas de ter a doença. Acadêmico, é importante que você saiba que o fato de não ter amamentado não é um fator de risco, mas as mulheres que amamentam por mais tempo possuem um fator de proteção. Assim, o não aleitamento promove a perda de um fator de proteção, sendo diferente de representar um fator de risco (INCA, 2020). IMPORTANT E https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-de-mama/conceito-e-magnitude UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 10 Agora, falaremos um pouco de alguns dos fatores citados anteriormente, e outros, que ainda não foram abordados, de acordo com Dronkers (2003): • Envelhecimento: O avanço da idade é um dos maiores fatores de risco para as neoplasias de mama que não possuem relação com a hereditariedade. Após os 25 anos, a taxa de incidência aumenta significativamente. • Diagnóstico prévio de câncer de mama: Para mulheres com histórico anterior de câncer de mama, o risco de ter um segundo tumor primário na mama contralateral ou na mama afetada, após cirurgia conservadora, aumenta em torno de três a quatro vezes. • Predisposição genética: Esse, possivelmente, é um dos fatores que mais assusta as mulheres, e com toda a razão, pois a hereditariedade é um componente que está presente em cerca de 10% de todos os casos de câncer de mama, sendo ainda mais presente em 25% dos casos diagnosticados antes dos 40 anos de idade. A predisposição genética aumenta, significativamente, para indivíduos com histórico familiar de câncer de mama em mulheres com parentesco de primeiro grau, sendo, esse risco, aumentado, em torno de quatro a seis vezes quando há duas ou mais mulheres na família que tiveram a neoplasia, (contando sempre com parentes de primeiro grau). A maior parte dos casos genéticos é atribuída a mutações nas linhas germinativas dos genes supressores de tumor BRCA1 e BRCA2. • Dominância do estrogênio: Existem fatores que estão associados à estimulação hormonal do tecido glandular mamário, ou seja, à dominância do estrogênio. Menarca prematura e menopausa tardia também aumentam os riscos. A nuliparidade e a primeira gestação tardia também aumentam as chances de neoplasias na mama, assim como o uso de contraceptivos orais (estrogênio- progesterona) e terapia de reposição hormonal pós-menopausa. • Fatores psicológicos: Existe uma pequena correlação entre o desenvolvimento do câncer de mama e a perda do comportamento emocional adequado, mas não se tem evidência da correlação do aparecimento da doença com eventos estressantes na vida. • Fatores ambientais e comportamentais: Segundo o Inca (2019), os fatores comportamentais/ambientais bem estabelecidos incluem ingestão de bebida alcoólica, sobrepeso e obesidade na pós-menopausa, e exposição à radiação ionizante. Já o tabagismo, fator estudado ao longo dos anos com resultados contraditórios, é, atualmente, reconhecido, pela International Agency for Research on Cancer (IARC), como agente carcinogênico com limitada evidência de aumento do risco de câncer de mama em humanos. O risco de câncer de mama, devido à exposição à radiação ionizante, é proporcional à dose e à frequência. Doses altas ou moderadas de radiação ionizante (como as que ocorrem nas mulheres expostas a tratamento de radioterapia no tórax em idade jovem) ou, até mesmo, doses baixas e frequentes (como as que ocorrem em mulheres expostas a dezenas de exames de mamografia) aumentam o risco de desenvolvimento do câncer de mama. TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA 11 4 PREVENÇÃO E RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA Já está comprovado que o melhor método para se prevenir o câncer de mama é evitar ou eliminar os fatores de risco, além de adotar um estilo de vida melhor e mais saudável, com hábitos alimentares mais “adequados”. Já foi evidenciado que o excesso de gordura na alimentação aumenta os riscos da doença. Nos dias atuais, percebemos que as campanhas de prevenção têm sido adotadas e aceitas pela população, pois o câncer de mama se tornou um grande problema de saúde pública. Infelizmente, mesmo com todos os programas que giram em torno da prevenção da doença, os médicos, hoje, têm passado mais tempo tratando do que prevenindo. É claro que sabemos que a prevenção do câncer de mama não é algo fácil de se fazer, por ser uma doença baseada em múltiplos fatores etiológicos (de origem), como ambientais e endógenos. 4.1 PREVENÇÃODO CÂNCER DE MAMA Para Santos (2010), existem três tipos de prevenção das doenças ou da morte: • Primária: eliminamos a causa, evitando que a doença aconteça. • Secundária: impedimos a evolução da doença com o diagnóstico precoce. • Terciária: prevenimos, reduzimos ou eliminamos as complicações, aumentando a qualidade e o tempo de vida. Na prevenção primária, o principal objetivo é identificar, além de remover os fatores de risco ou, até mesmo, inibir a ação. Essa prevenção pode ser realizada com quimiopreventivos ou cirurgias redutoras de risco. Acadêmico, neste momento, focaremos nas prevenções primária e secundária, pois a terciária será abordada mais adiante, como tratamento do câncer de mama. ESTUDOS FU TUROS UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 12 Como já citado, o principal objetivo da prevenção secundária é impedir a evolução da doença com o diagnóstico precoce, como exames mamográficos de rastreamento, e acompanhamento clínico. Esses métodos não impedem que a doença aconteça, mas o diagnóstico precoce do câncer na fase in situ (fase inicial) é essencial para a aplicação de um tratamento eficaz, assim, há a chance de impedir a evolução do câncer e, possivelmente, a cura do paciente. 4.1.1 Autoexame das mamas Atualmente, o autoexame das mamas não é recomendado como técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de mama. Os estudos a respeito desse assunto demonstraram baixa efetividade e possíveis danos associados a essa prática. Contudo, as mulheres devem ter conhecimento do próprio corpo e reconhecer alterações suspeitas, procurando um serviço de saúde o mais breve possível, mantendo a conscientização acerca do assunto e que essa prática continua sendo importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Toda mulher deve ser incentivada a conhecer o próprio corpo e, através da observação e da palpação, poder identificar qualquer alteração suspeita que fuja à normalidade, sem a necessidade de periodicidade e de técnicas padronizadas, como acontecia com o método do autoexame das mamas, que já não é mais indicado pelo Ministério da Saúde (INCA, 2019). 4.1.2 Exame clínico O exame clínico é a inspeção e a palpação da mama realizado por um profissional capacitado, mastologistas, ginecologistas, enfermeiros etc., mas nunca excluindo a realização de exames, como a mamografia, utilizada para o rastreamento do câncer de mama. Você sabe o que são quimiopreventivos? São compostos naturais ou sintéticos utilizados para prevenir, inibir, desacelerar ou reverter a carcinogênese, antes mesmo que o evento clínico aconteça (SANTOS, 2010). NOTA TÓPICO 1 — ASPECTOS HISTÓRICOS E O CÂNCER DE MAMA 13 4.1.3 Mamografia de rastreamento e diagnóstico A mamografia, para rastreamento e para diagnóstico, ainda é considerada o melhor método para detecção precoce do câncer de mama. Tem a capacidade de identificar lesões que não são palpáveis em exames clínicos, aumentando as chances de um ou de mais tratamentos eficazes, assim, reduzindo, significativamente, a taxa de mortalidade pela doença. Como qualquer outro método, a mamografia também possui limitações. Nem todas as lesões suspeitas de malignidade podem ser detectadas em um primeiro momento, apenas pela mamografia, principalmente, quando falamos de pacientes com a mama mais densa. Exames complementares também têm um papel muito importante na avaliação de pacientes de alto risco para câncer de mama, com mutação no gene supressor do câncer mamário BRCA1 e 2. Por esse motivo, a ultrassonografia e a ressonância das mamas têm sido utilizadas como métodos complementares em casos específicos, para um diagnóstico mais preciso. Para o Inca (2019), os fundamentos para o controle do câncer de mama se baseiam na prevenção, na detecção precoce e no tratamento. Para que isso aconteça, é necessário que sejam realizadas estratégias de conscientização da população, como realizar exames clínicos e obter imagens com técnicas adequadas, de modo que não venham a interferir no diagnóstico do paciente. • Mamografia para diagnóstico: É utilizada em pacientes com sinais e sintomas do câncer de mama, com os objetivos de diagnosticar e de investigar a doença. • Mamografia para rastreamento: Esta é utilizada em pacientes assintomáticas, como método de diagnóstico precoce do câncer de mama. O rastreamento mamográfico tem, como principal objetivo, reduzir a incidência de mortes pelo câncer de mama, em mulheres entre 40 e 74 anos. De acordo com o CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia), os estudos realizados mostram uma redução de 10% a 35% na taxa de mortalidade de pacientes rastreadas. O rastreamento é realizado em pacientes assintomáticas, com mamografias periódicas. Além da redução da taxa de mortalidade pela doença, objetiva, também, diminuir a probabilidade de mastectomias, quimioterapias, aumentando a taxa de sobrevida. Existe uma grande discussão em relação à idade do início do rastreamento mamográfico. A indicação, como já citado anteriormente, é que seja realizado a partir dos 40 anos de idade, mas vários estudos foram realizados e comparam a relação dos efeitos adversos que podem ser causados pela mamografia e a redução da taxa de mortalidade em pacientes entre 40 e 49 anos. Mesmo ainda não sendo comprovado, estudos mostram que, em muitos casos, os efeitos adversos, como exposições à radiação, resultados falso-positivos e overdiagnosis (tratamentos sem qualquer benefício), podem ser maiores nessa faixa etária, entre 40 e 49 anos. UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 14 Observe o que o CBR menciona acerca do rastreamento mamográfico: As principais sociedades médicas no Brasil e no mundo são unânimes em recomendar o rastreamento mamográfico para as mulheres assintomáticas, iniciando a partir dos 40 anos ou 50 anos (dependendo do país), com uma periodicidade anual ou bienal (também variando em alguns países). No Brasil, as sociedades médicas recomendam o rastreamento mamográfico anual para as mulheres entre 40 a 75 anos. A ultrassonografia e a ressonância magnética são utilizadas para o rastreamento complementar, sempre após a mamografia, devendo ser reservadas para alguns grupos específicos de mulheres, como as de alto risco ou com mamas densas. FONTE: https://bit.ly/3ubaiAr. Acesso em: 18 abr. 2021. NOTA Acabamos de ver o que o CBR fala do rastreamento mamográfico. Aqui, no Brasil, o INCA (Instituto Nacional do Câncer), com o Ministério da Saúde, recomenda a realização do rastreamento mamográfico para mulheres de 50 a 69 anos com a periodicidade a cada dois anos. As informações acerca do rastreamento do câncer de mama são de fontes atualizadas, CBR (2020) e Inca (2019). • Mesmo que a dose de radiação nos exames mamográficos seja extremamente baixa, o risco aumenta, relativamente, com o número de exposições, levando a uma preocupação maior em relação ao risco da indução do câncer de mama pela radiação. • Para os resultados falso-positivos, o risco se refere, principalmente, à paciente com a mama mais densa, existindo um número maior de reconvocações para realização de exames adicionais, como ultrassom, levando, muitas vezes, à realização de biopsias com um resultado benigno. • Em questão da overdiagnosis, esses estudos mostram que os tratamentos que não dão resultados podem ocorrer em qualquer faixa etária. De acordo com o InRad (2017), isso pode acontecer quando o câncer diagnosticado não é progressivo ou apresenta progressão lenta, e o paciente pode morrer por outras causas. Em outros casos, a doença poderia regredir sozinha. Todos esses estudos ainda geram diversas discussões, pois tratar um câncer envolve identificar a função e o comportamento biológico. É evidente que não se discute a realização do rastreamento mamográfico, mas existe um intenso questionamento em relação à idade de início, término e periodicidade. 15 Acabamos de ver o que o CBR fala do rastreamento mamográfico. Aqui, no Brasil, o INCA (Instituto Nacional do Câncer),com o Ministério da Saúde, recomenda a realização do rastreamento mamográfico para mulheres de 50 a 69 anos com a periodicidade a cada dois anos. As informações acerca do rastreamento do câncer de mama são de fontes atualizadas, CBR (2020) e Inca (2019). Para saber um pouco mais acerca das recomendações de rastreamento mamográfico, leia a nota de esclarecimento do Colégio Brasileiro de Radiologia e a nota publicada pelo INCA e o Ministério da Saúde: https://bit.ly/3ubhlZz. DICAS 16 Neste tópico, você aprendeu que: • A história da mamografia teve início em 1913, e, nesse período, não existiam mamógrafos, então, eram realizadas radiografias da mama. • Com o passar do tempo, médicos e estudiosos começaram a se preocupar mais com as técnicas mamográficas, padronizando os posicionamentos e adquirindo imagens com potencial de diagnóstico do câncer de mama. • O câncer de mama é o tipo de neoplasia que mais acomete as mulheres no Brasil e no mundo, sendo a causa mais frequente de morte por câncer nas mulheres. • Atualmente, o autoexame das mamas não é recomendado como técnica a ser ensinada às mulheres para rastreamento do câncer de mama. • O rastreamento mamográfico tem, como principal objetivo, reduzir a incidência de mortes pelo câncer de mama em mulheres entre 40 e 74 anos, de acordo com o CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia). • No Brasil, o Inca (Instituto Nacional do Câncer), com o Ministério da Saúde, recomenda a realização do rastreamento mamográfico para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Os estudos relacionados ao método da mamografia tiveram início em 1913, com os estudos radiográficos da mama realizados pelo médico-cirurgião Albert Salomon, da Alemanha. Salomon avaliou mais de três mil amostras de tecidos de mamas mastectomizadas, e comparou os seus achados em microscópio com os sinais radiográficos das imagens. Contudo, não foi apenas ele que contribuiu para o crescimento e o desenvolvimento da mamografia. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, acerca das principais contribuições de Leborgene: a) ( ) Padronizou as técnicas de alta miliamperagem, com baixa quilovoltagem, com a Kodak b) ( ) Revitalizou o interesse pela mamografia, chamando a atenção para a necessidade de qualificação técnica para o posicionamento e os parâmetros radiológicos utilizados. c) ( ) Incluiu avaliação da mama e variações, de acordo com a idade e o estado menstrual, além das correlações radiológicas micro e macroscópica, com técnica de cortes histológicos seccionais da mama. d) ( ) Descreveu o aprimoramento de imagem obtido com a técnica de xeromamografia. 2 Os fatores de riscos são baseados em estudos realizados de acordo com a parte da população mais acometida pela doença, nesse caso, estamos falando do câncer de mama. Existem vários fatores que podem aumentar as chances de um indivíduo ser acometido por essa neoplasia, fazendo com que possamos compreender melhor o desenvolvimento. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir, acerca dos corretos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama: I- Alteração nos genes BRCA 3 e BRCA4, uso contínuo de anabolizantes; II- Obesidade, sedentarismo, não ter tido filhos. III- Exposições à radiação, menarca precoce, menopausa tardia. IV- Histórico familiar de câncer de mama em mulheres, com grau de paren- tesco de primeiro e segundo graus. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 18 3 Nos dias atuais, percebemos que as campanhas de prevenção têm sido adotadas e aceitas pela população, pois o câncer de mama se tornou um grande problema de saúde pública. Infelizmente, mesmo com todos os programas que giram em torno da prevenção da doença, os médicos, hoje, têm passado mais tempo tratando do que prevenindo. Acerca desse assunto classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Primária: impedimos a evolução da doença, com o diagnóstico precoce. ( ) Secundária: eliminamos a causa, evitando que a doença aconteça. ( ) Terciária: prevenimos, reduzimos ou eliminamos as complicações, aumentando a qualidade e o tempo de vida. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A mamografia, para rastreamento e para diagnóstico, ainda é considerada o melhor método para a detecção precoce do câncer de mama, detectando lesões que não são palpáveis em exames clínicos. O aumento das chances de um tratamento mais eficaz reduz, significativamente, a taxa de mortalidade pela doença. De acordo com esse assunto, descreva o principal objetivo da mamografia para o rastreamento, e a classificação utilizada no Brasil. 5 Já sabemos que a prevenção é o principal foco e o objetivo dos órgãos públicos e privados para a redução da taxa de mortalidade pelo câncer de mama, apesar de sabermos que essa prevenção não é algo fácil, pois existem fatores que não podem ser controlados. Acerca desse assunto, descreva quais são as recomendações feitas para a realização do autoexame das mamas. 19 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 1 INTRODUÇÃO A introdução da mamografia com emissão de raios-X foi aceita para uso clínico quando o alvo e o filtro de molibdênio foram introduzidos em 1966, e com a chegada do sistema tela-filme com emulsão em apenas um lado do filme, em 1972. Alguns acessórios e técnicas introduzidos em 1990 fizeram com que o exame de mamografia se tornasse uma técnica considerada excelente. São o estabelecimento da compressão mamaria, as técnicas mais estabelecidas, os geradores de alta frequência e o Controle Automático de Exposição (CAE) (BUSHONG, 2010). Por ser um exame desconfortável, os equipamentos de mamografia são projetados de forma que possamos posicionar os pacientes de maneira adequada, realizando a compressão necessária. FIGURA 5 – EXEMPLOS DE MAMÓGRAFOS - A, SENOGRAPH, DA GENERAL ELECTRICS; B, MAMMOMAT, DA SIEMENS FONTE: Adaptada de Bushong (2010) Acadêmico, além de falarmos dos acessórios do equipamento de mamografia, neste tópico, abordaremos o assunto de formação da imagem e algumas definições que nos ajudam a estabelecer a qualidade da imagem que adquirimos, pois, na mamografia, qualquer detalhe pode interferir nos resultados. 20 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 2 ACESSÓRIOS DO MAMÓGRAFO Acadêmico, no decorrer deste tópico, você verá os principais componentes e acessórios do aparelho de mamografia, mas, para que possamos entender como esses acessórios ficam dispostos no equipamento, veremos um breve resumo. De acordo com o Inca (2019), o mamógrafo possui um gerador de alta tensão; uma torre mecânica ou estativa, com um braço em forma de arco em “C”; e um painel de controle. Na extremidade superior do arco, fica alocado o cabeçote blindado com o tubo de raio-X. Na extremidade inferior, há o bucky, dentro dele, fica alocada a grade antidifusora, e, na parte inferior do bucky, há o CAE. No centro do braço em “C”, entre o tubo e o bucky, surge a bandeja de compressão da mama. O braço pode ser rotacionado sobre um eixo horizontal, permitindo a realização das diversas incidências. A altura do braço também pode ser ajustada para acomodar pacientes de diferentes alturas. FIGURA 6 – EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E PRINCIPAIS COMPONENTES FONTE: <https://bit.ly/3vzI9Do>. Acesso em: 18 abr. 2021. Os equipamentos de radiografia convencional são desenhados para que o campo de imagem seja centralizado abaixo da fonte de raios-X. Contudo, na mamografia, isso precisa ser diferente. Então, para os mamógrafos, a geometria do sistema é montada de forma que uma linha vertical imaginária saia da fonte de raios-X, passe rente à parede torácicae cruze, ortogonalmente, a borda do receptor de imagem mais próxima do paciente. Se deixássemos o feixe de raios-X centralizado sobre a mama, alguma parte do tecido próximo à parede torácica poderia ser projetada para o interior do corpo da paciente, não podendo ser registrada (INCA, 2019). https://docplayer.com.br/83894866-Avaliacao-da-dose-glandular-e-qualidade-da-imagem-de-pacientes-submetidas-a-mamografias-com-processamento-de-imagem-digital-marcio-alves-de-oliveira.html%3e. Acessado TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 21 FIGURA 7 – GEOMETRIA BÁSICA DO FEIXE DE RAIOS-X - EM A, GEOMETRIA PARA MAMOGRA- FIA; EM B, GEOMETRIA NÃO ADEQUADA PARA MAMOGRAFIA, POIS PODE CAUSAR PERDA DA PORÇÃO POSTERIOR DA MAMA FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. A seguir, você verá os principais componentes e acessórios que compõem um mamógrafo, além das funções: • Gerador de Alta Tensão: De acordo com Bushong (2010), o gerador de alta tensão está presente em todos os mamógrafos. Aceita uma entrada monofásica, que é retificada e suavizada por um capacitor para produzir uma forma de onda de tensão de corrente contínua (DC). A energia DC alimenta um circuito inversor, que converte a energia em um sinal de alta frequência (em geral, entre 5 e 10 kHz), que é novamente suavizado por um capacitor. A oscilação na voltagem aplicada ao tubo de raios-X é de, aproximadamente, 1% – um potencial praticamente constante. Quando comparados aos geradores antigos monofásicos e trifásicos, os geradores de alta frequência são menores e possuem um custo de produção menor. Conseguem fazer uma real reprodução da exposição, contribuindo para a aquisição de uma imagem de boa qualidade. O limite máximo de 600 mAs foi padronizado para prevenir doses de radiação excessivas para muitos pacientes. • Tubo de Raio-X: Conhecido, também, como ampola, possui um invólucro de vidro ou alumínio com vácuo. No interior, de um lado, há o ânodo, que é o lado positivo do tubo, chamado, também, de alvo, e, no outro lado, o cátodo, lado negativo do tubo que contém o filamento. Diferentemente dos aparelhos de raios-X convencionais, o mamógrafo possui um tubo projetado especialmente 22 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA para esse tipo de exame. De acordo com o INCA (2019), na parte interior do tubo, existe um filamento aquecido, que permite que elétrons sejam emitidos e acelerados por um campo elétrico e focados para atingir um alvo carregado positivamente, chamado de ânodo. FIGURA 8 – PRODUÇÃO DE FÓTONS DE RAIOS-X NO TUBO FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. • Composição do alvo: O alvo do tubo de mamografia é feito de tungstênio (W), molibdênio (Mo) ou ródio (Rh). Segundo Bushong (2010), os mamógrafos produzidos atualmente têm combinações alvo/filtro de Mo/Mo. Alguns, também, são equipados com Mo/Rh e Rh/Rh. Os raios-X incidem na parte do ânodo que chamamos de alvo ou ponto focal. De acordo com o material escolhido (molibdênio, ródio ou tungstênio), é obtido um espectro de raios-X diferente. O espectro é composto de radiações-características (específicas do material-alvo) e de freamento (bremsstrahlung). No espectro, os fótons, que fazem parte da distribuição contínua de energia (radiação de freamento), e os que formam os picos monoenergéticos (radiação-característica), são denominados de fótons de raios-X. O alvo de molibdênio produz grande quantidade de raios-X com energias entre 18 e 20 keV, e, de ródio, entre 20 e 22 keV (INCA, 2019). • Ponto focal: Na mamografia, necessitamos de alta resolução espacial, principalmente, quando falamos de visualizar microcalcificações. Para que esse objetivo seja alcançado, é necessário que os mamógrafos tenham um ponto focal menor. Quanto menor o ponto focal, melhor a qualidade da imagem. Normalmente, os tubos de raios-X dos equipamentos de mamografia possuem pontos focais entre 0,1 e 0,3 mm de diâmetro. O formato do ponto focal também é muito importante. É preferível um ponto focal circular, mas podemos encontrar retangulares também. Para que tenhamos uma intensidade ideal de raios-X em toda a mama e um ponto focal pequeno, de acordo com o Bushong (2010), os fabricantes utilizam o princípio foco-linha e inclinam o tubo de raios-X para se obter um ponto focal efetivo, entre 0,1 e 0,3 mm. É necessário um ângulo de, aproximadamente, 23° TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 23 para o anodo e de 6° de inclinação para o tubo de raios-X. Normalmente, o catodo é posicionado do lado da parede torácica, para facilitar o posicionamento do paciente, além da utilização do efeito anódico. FIGURA 9 – QUANDO SE INCLINA O TUBO DE RAIOS-X NO CABEÇOTE, O PONTO FOCAL EFICAZ É PEQUENO, A INTENSIDADE DE RAIOS-X É MAIS UNIFORME E O TECIDO DA PAREDE TORÁCICA APARECE FONTE: Adaptada de Bushong (2010) • Filtro: Na mamografia, utilizamos baixo kVp, por isso, precisamos que a janela do tubo de raios-X não atenue o feixe de raios-X significativamente. Por esse motivo, os tubos de raios-X, para mamógrafos, têm uma janela de berílio (Z=4) ou uma fina janela de vidro de borosilicato. A maioria dos tubos de raios-X, para a mamografia, tem uma filtração inerente na janela equivalente a 0,1 mm de Al. Além da janela, deve-se instalar filtros de raios-X de tipo e espessura apropriados. Quando utilizamos um tubo de raios-X com alvo de tungstênio, é necessário ter um filtro de molibdênio ou de ródio, pois os filtros reduzem a emissão de radiação bremsstrahlung de alta energia. As combinações recomendadas de alvo/filtro são Rh/Rh, Mo/Mo ou Mo/Rh. O uso do Rh como alvo ou filtro é indicado para mamas mais densas e mais espessas, quando o alvo for de tungstênio. É importante que o tecnólogo em radiologia saiba fazer a escolha mais apropriada, de acordo com as características da mama do paciente. • Estativa: A estativa está presente nos equipamentos de raio-X convencional e nos mamógrafos. O objetivo dessa parte do equipamento é servir de suporte para o braço em “C”. Possibilita que o braço deslize para cima e para baixo, podendo ajustar a altura de acordo com o paciente, fazendo rotações de -180° a +180°. A estativa traz mobilidade para o sistema tubo-detector, o que possibilita realizar, com facilidade, todas as incidências exigidas na mamografia. 24 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA • Controle Automático de Exposição (CAE): É muito difícil que um técnico ou tecnólogo consiga calcular a dose de exposição exata para a mama apenas pela inspeção visual, até mesmo porque depois de comprimida, a mama adquire outras espessuras. Por isso, o CAE foi criado para diminuir as chances de hipo, ou de hiperexposição. Esse é um dispositivo que se localiza abaixo do receptor de imagem e tem a capacidade de medir a radiação que atravessa a mama e o chassis. Assim que a quantidade suficiente de fótons atinge o sensor, a exposição é interrompida. A principal finalidade do CAE é garantir exposição uniforme e reprodutível e penetração dos tecidos mamários, independentemente da espessura ou da composição. FIGURA 10 – POSICIONAMENTO DO DISPOSITIVO PARA O CONTROLE AUTOMÁTICO DE EXPOSIÇÃO (CAE) FONTE: Adaptada de Bushong (2010) • Dispositivo de ampliação: O objetivo da ampliação é aumentar o tamanho da estrutura a ser analisada para melhorar a identificação de pequenos detalhes e lesões que são registrados na imagem. Essa ampliação é realizada com a distância da mama do receptor de imagem, podendo ser feita com ou sem compressão localizada. Obtemos essa distância com a utilização de um espaçador radiotransparente, chamado de dispositivo de ampliação. TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 25 Com a ampliação da estrutura, causamos um borramento das bordas da mama, perdendo resolução espacial, mas conseguimos compensar esse efeito com um ponto focal de 0,1 mm (para exames, utiliza-se ponto focal de 0,3 mm). O que chamamos de tamanho real do pontofocal, normalmente, é maior do que o definido pelos fabricantes, que é chamado de tamanho nominal do ponto focal (INCA, 2019). FIGURA 11 – DISPOSITIVO DE AMPLIAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. • Grades antidifusoras: Apesar do contraste das imagens mamográficas ser bom por causa da utilização de baixo kVp, a grade antidifusora ajuda a melhorar um pouco mais essa situação. A maior parte dos mamógrafos possui uma grade móvel com razão de grade entre 4:1 e 5:1, focalizada na DFR, para aumentar o contraste da imagem. Isso pode aumentar a dose para o paciente, mas ainda é aceitável, e a melhora no contraste é significativa. A (GCAT), Grade Celular de Alta Transmissão, é desenvolvida, especificamente, para a mamografia. As grades cruzadas reduzem a radiação espalhada em duas direções em vez de apenas uma, como no caso das grades de linhas paralelas. As linhas da GCAT são feitas de cobre, não há qualquer material nos espaços intermediários, e as dimensões físicas geram uma razão de grade de 3, 8:1 (BUSHONG, 2010). 26 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA • Receptor de imagem: Na mamografia, existem filmes de exposição direta, tela-filme e detectores digitais. Os filmes e as telas intensificadoras são desenvolvidos especialmente para a mamografia. Os filmes possuem emulsão em apenas um dos lados, que fica emparelhado com a tela intensificadora. • Dispositivo de compressão: A compressão mamária é necessária para que possamos garantir a qualidade do exame de mamografia. A compressão pode trazer um certo desconforto para a paciente na hora de realizar o exame, por esse motivo, vários profissionais acabam não realizando a compressão da forma correta, o que gera a perda da qualidade do exame, e borramento da imagem, muitas vezes, causado pelo movimento do paciente. De acordo com o Inca (2019), a força de compressão aplicada na mama deve ser de 11 kgf e 18 kgf (108 N e 177 N). Podemos observar que a compressão é realizada de forma correta quando o tecido mamário está bem espalhado, firme e uniforme. Segundo o Inca (2019), o objetivo de realizarmos a compressão da mama é: • Imobilizar a mama, reduzindo o movimento da paciente. • Reduzir a espessura da mama, contribuindo para a redução da dose. • Aproximar a mama do filme, contribuindo para aumentar o contraste e a nitidez, assim como reduzir a radiação espalhada. • Diminuir a superposição de estruturas da mama, reduzindo a possibilidade de lesões falsas e permitindo que lesões suspeitas sejam detectadas com mais facilidade. Acadêmico, mais adiante, abordaremos os tipos de sistemas e a aquisição de imagem, analógica e digital. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 27 FIGURA 12 – PLACA OU BANDEJA DE COMPRESSÃO USADA PARA A REALIZAÇÃO DA MAMOGRAFIA FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. 3 FORMAÇÃO DA IMAGEM A formação da imagem na mamografia acontece como na radiografia convencional, a única diferença que temos é o tipo de estrutura que pretendemos radiografar. No geral, sabemos que o feixe de raios-X proveniente do tubo incide sobre a estrutura. Parte desse feixe atravessa a estrutura, registrando as informações no receptor de imagem, outra parte se torna radiação secundária e o restante é absorvido pelo tecido. FIGURA 13 – PROCESSO DE PRODUÇÃO DA IMAGEM NA MAMOGRAFIA FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. 28 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 3.1 ETAPAS DE FORMAÇÃO DA IMAGEM A mama é composta por estruturas de densidades e espessuras diferentes. Esse tecido sofre atuação diferenciada da radiação no momento da interação do feixe de raio-X e, com esse processo, temos a formação da imagem. • Formação dos raios-X: A produção dos raios-X ocorre dentro do tubo, após ser aplicada uma voltagem entre o catodo e o ânodo. A voltagem do tubo, o material do ânodo e o tipo de espessura do filtro determinam a transparência do tecido mamário na imagem. As configurações geométricas, o tamanho e o formato do ponto focal determinam a resolução da imagem (DRONKERS, 2003). • Formação da imagem pela radiação: A imagem é formada após sofrer interação com o tecido mamário. Como citado anteriormente, alguns fótons interagem com a estrutura e a atravessam, carregando as informações, registradas no receptor. • Papel da grade antidifusora: O objetivo da grade antidifusora é absorver ou modificar o feixe de radiação secundário antes que ele atinja o receptor de imagem, fazendo com que apenas os feixes primários ou mais energéticos cheguem no receptor. Como consequência, há uma imagem com mais qualidade e contraste. • Absorção da radiação no detector: O receptor de imagem absorve o quanta dos raios-X de forma parcial, e transfere as informações da imagem para uma tela intensificadora, que emite a luz quanta em forma de luminescência, podendo ser detectada por um filme ou chip (CCD), enquanto alguns detectores digitais diretos emitem elétrons. Quanto mais luz quanta nas telas intensificadoras ou elétrons nos dispositivos digitais diretos, maior a cadeia de informações gerada da imagem (DRONKERS, 2003). • Transformação da imagem no detector: Neste processo, possuímos a “imagem latente ou imagem não visível”. As informações geradas precisam ser transferidas ou processadas para tornarmos estas em uma “imagem visível”. Nos dispositivos tela-filme, é necessária a distribuição dos grãos ativos na emulsão do filme, que acontece no processo de revelação. Nas imagens digitais, precisa ocorrer a distribuição dos valores numéricos para cada pixel na memória do processador de dados (DRONKERS, 2003). • Processamento da imagem: No sistema tela-filme, para que possamos adquirir a imagem visível, é necessário o processo de revelação na processadora. Nos sistemas digitais, a imagem latente precisa ser armazenada na memória do computador, antes de ser exibida no monitor. Após esse processo, podemos visualizar a imagem no negatoscópico (tela-filme), ou na tela do computador (digital). TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 29 3.1.1 Efeito anódico na mamografia A mama possui um formato cônico, o que faz com que seja necessária uma intensidade de radiação maior próxima à parede torácica do que do lado no qual fica o mamilo e, por esse motivo, o efeito anódico gera um bom resultado na mamografia, para que possamos ter uma exposição radiográfica uniforme. De acordo com Bushong (2010), o efeito anódico pode ser realizado posicionando o catodo na direção da parede torácica, mas isso não seria totalmente necessário, porque a compressão mamária garante que o tecido fique em uma espessura uniforme. FIGURA 14 – EFEITO ANÓDICO APLICADO POR MEIO DO POSICIONAMENTO DO CATODO DO LADO DA PAREDE TORÁCICA FONTE: Adaptada de Bushong (2010) 3.2 REQUISITOS TÉCNICOS E DEFINIÇÕES DA IMAGEM Todos os exames de imagem que realizamos necessitam de alguns requisitos que devem estabelecer se uma imagem está dentro dos padrões necessários para se ter um laudo adequado. Assim, existem fatores físicos e técnicos que devem ser avaliados para que possamos considerar se uma imagem possui uma boa qualidade: contraste, ruído, resolução espacial e nitidez. • Contraste: Podemos avaliar o contraste da imagem mamográfica como sendo a diferença de atenuação do feixe de raios-X entre os diferentes tipos de tecidos que compõem a mama, que possuem densidades diferentes, como tecido adiposo e em relação ao tecido glandular. Quanto maior for o contraste 30 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA na imagem, mais evidentes são as áreas escuras e claras. De acordo com Dronkers (2003), o contraste é influenciado pela gradação do sistema tela- filme e pelo ajuste do nível da janela e largura da imagem digital. FIGURA 15 – ESCALAS DE CONTRASTE FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 18 abr. 2021. • Ruído: O ruído é um dos componentes da densidade óptica ou brilho da imagem que possui informaçõesindesejadas e que não são úteis. Podemos reconhecer o ruído em tecidos homogêneos pelas flutuações estatísticas na densidade óptica ou no brilho. O ruído é considerado a fonte de degradação de uma imagem, podendo ser causado por várias fontes. Na imagem radiográfica, é causado pelos próprios raios-X. Não uniformidade ou mosqueamento na imagem é uma função da qualidade do feixe de raios-X (kVp e mA) que influencia na quantidade de fótons de raios-X que atinge o detector (mosqueamento quântico). A imagem radiográfica pode ser interpretada como se fosse pintada por uma série de pontos, cada um produzido por um fóton de raios-X. Quando temos uma quantidade insuficiente desses fótons, a imagem fica “ruidosa”, com heterogeneidades e baixa definição das estruturas. Quanto maior for o número de fótons que constitui a imagem e quanto mais próximos estiverem, mais nítida esta deve ser. TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 31 FIGURA 16 – EXEMPLO DE RUÍDO NA IMAGEM POR REDUÇÃO DO NÚMERO DE FÓTONS FONTE: A autora • Resolução espacial: De acordo com Bushong (2010), a resolução espacial se refere à habilidade de mostrar a imagem de pequenos objetos que possuem alto contraste, como interface osso-tecido, microcalcificações nos seios ou calcificações no pulmão. Menciona, ainda, que a resolução em espaço é a medida de como um pequeno objeto pode ser visto em uma imagem. Nas imagens radiográficas, pode significar a “frequência espacial” (O conceito fundamental de frequência espacial não se refere a classificar segundo o tamanho, mas por pares de linhas) (BUSHONG, 2010). FIGURA 17 – INTERPRETAÇÃO DA RESOLUÇÃO ESPACIAL DOS PONTOS PRETOS NO QUADRO BEGE FONTE: Adaptada de Bushong (2010) 32 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA • Borramento: O borramento da imagem pode ser causado por diversos fatores, mas o mais importante é quando falamos da movimentação do paciente, principalmente, por falta de compressão da mama. Outro fator que pode ajudar a reduzir o borramento é o tempo de exposição. Sabemos que, quanto menor o tempo, menores são as chances de captar o movimento, mas, como na mamografia utilizamos kVp baixo e mAs alto, temos que cuidar muito no posicionamento e na compressão da mama para evitar movimentos do paciente. A distância do objeto para o detector também interfere no grau do borramento da imagem, assim como também pode existir borramento relacionado com a espessura do fósforo do écran, que converte os fótons de raios-X em luz. O tamanho das partículas do fósforo e o contato entre o filme e o écran também podem interferir. O grau de barramento interfere na capacidade de detectar detalhes finos. 3.3 QUALIDADE DA IMAGEM As informações que compõem a imagem são determinadas pela visibilidade dos detalhes dos tecidos representados que são importantes para que tenhamos um diagnóstico preciso. Na mamografia, podemos considerar esses detalhes, como sendo microcalcificações, nódulos, assimetrias, e outras patologias que devem ser possíveis de visualizar. Acadêmico, é preciso entender como os fatores interferem na imagem que adquirimos, para que possam ser trabalhados de forma correta, e em casos em que não conseguimos chegar no resultado esperado, é necessário saber como reverter o processo. • Para visualizar as microcalcificações, precisamos de imagens com alto contraste. Devem aparecer como pontos brilhantes no plano de fundo para serem visíveis. TÓPICO 2 — EQUIPAMENTO DE MAMOGRAFIA E FORMAÇÃO DA IMAGEM 33 FONTE: <https://bit.ly/3ubIADw>. Acesso em: 18 abr. 2021. Algumas estruturas, como massas e detalhes com baixo contraste, precisam ser adquiridas com resolução de contraste menor, para que possam ser visíveis no plano de fundo da imagem. 3.3.1 Critérios médicos de qualidade da imagem De acordo com Dronkers (2003), os critérios da imagem são baseados nas estruturas anatômicas que precisam ser visualizadas em uma mamografia para que se obtenha um diagnóstico preciso. Esses critérios dependem do posicionamento correto e da cooperação do paciente, assim como do desempenho técnico do sistema para a aquisição da imagem. Alguns detalhes são de grande importância e fornecem informações quantitativas do tamanho mínimo de estruturas anatômicas de grande relevância e que devem ser detectáveis ou diferenciadas na imagem. De acordo com InRad (2017), listamos alguns critérios para a avaliação da qualidade das imagens mamográficas: • Presença de identificação do paciente, da data do exame e da lateralidade. • Imagens simétricas. • Ausência de dobras cutâneas. • Ausência de artefatos de movimento. • Papila mamária vista em perfil. • Prega inframamária deve aparecer aberta. FIGURA 18 – FIGURA DE ALTO CONTRASTE NA QUAL É POSSIVEL VISUALIZAR AS MICROCALCIFICAÇÕES 34 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA • A medida do comprimento de uma linha imaginária perpendicular entre a papila e o músculo peitoral deve variar, no máximo, 1 cm entre as incidências craniocaudal e mediolateral oblíqua. • O músculo peitoral deve ser visto em cerca de 30% dos exames na incidência craniocaudal; na incidência mediolateral oblíqua, deve ser visto sempre, no mínimo, até a altura da papila. • A gordura retromamária deve ser vista em todos os exames, em ambas as incidências, demonstrando que toda a parte glandular da mama é radiografada. 35 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Nos mamógrafos, a geometria do sistema é montada de forma que uma linha vertical imaginária saia da fonte de raios-X, passe rente à parede torácica e cruze, ortogonalmente, a borda do receptor de imagem mais próxima do paciente. • A principal finalidade do CAE é garantir exposição uniforme, reprodutível e a penetração dos tecidos mamários, independentemente da espessura ou da composição. • Na mamografia, existem filmes de exposição direta, tela-filme e detectores digitais. Os filmes e as telas intensificadoras são desenvolvidos especialmente para a mamografia. Os filmes possuem emulsão em apenas um dos lados, que fica emparelhado com a tela intensificadora. • A compressão mamária é necessária para que possamos garantir a qualidade do exame de mamografia. A compressão pode trazer um certo desconforto para a paciente na hora de realizar o exame e, por esse motivo, vários profissionais acabam não realizando da forma correta, o que gera a perda da qualidade do exame, e o borramento da imagem, muitas vezes, causado pelo movimento do paciente. • Na mamografia, a formação da imagem acontece como na radiografia convencional, a única diferença é o tipo de estrutura que pretendemos radiografar. • A mama é composta por estruturas de densidades e espessuras diferentes. Esse tecido sofre atuação diferenciada da radiação no momento da interação do feixe de raio-X. Com esse processo, há a formação da imagem. • Existem fatores físicos e técnicos que devem ser avaliados para que possamos considerar se uma imagem possui uma boa qualidade, como contraste, ruído, resolução espacial e nitidez. • As informações que compõem a imagem são determinadas pela visibilidade dos detalhes dos tecidos representados que são importantes para que tenhamos um diagnóstico preciso. Na mamografia, podemos considerar esses detalhes como microcalcificações, nódulos, assimetrias e outras patologias que devem ser possíveis de serem visualizadas. 36 1 A introdução da mamografia com emissão de raios-X foi aceita para uso clínico, quando o alvo e o filtro de molibdênio foram introduzidos em 1966, além da chegada do sistema tela-filme com emulsão em apenas um lado do filme, em 1972. Com base nos estudos que realizamos dos acessórios que pertencem ao mamógrafo, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) CAE, grade antidifusora, bandeja de compressão, gerador de alta tensão, bucky. b) ( ) Bobina de gradiente, grade antidifusora, braço em C, CAE. c) ( ) Gerador de alta tensão, pedais de posicionamento, gantry, bucky. d) ( ) Braço em C, bobina dealta frequência, gerador de alta tensão. 2 O mamógrafo é um equipamento desenhado de uma forma totalmente diferente dos equipamentos de raio-X convencionais, mas a base de funcionamento e a aquisição de imagens são as mesmas. Acerca dos acessórios que compõem o mamógrafo e as funções, analise as sentenças a seguir: I- O CAE foi criado para diminuir as chances de hiperexposição na mama. Esse é um dispositivo que se localiza abaixo do bucky e em cima do receptor, e tem a capacidade de medir a radiação que atravessa a mama e o chassi. II- A estativa está presente nos equipamentos de raio-X convencional e nos mamógrafos. O objetivo dessa parte do equipamento é servir de suporte para o braço em “C”. III- Apesar do contraste das imagens mamográficas ser bom por causa da utilização de baixo kVp, a grade antidifusora ajuda a melhorar um pouco mais essa situação. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Todos os exames de imagem que realizamos necessitam de alguns requisitos, que devem estabelecer se uma imagem está dentro dos padrões necessários para se ter um laudo adequado. Assim, existem fatores físicos e técnicos que devem ser avaliados para que possamos considerar se uma imagem possui uma boa qualidade, como contraste, ruído, resolução espacial e nitidez. A respeito desse assunto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: AUTOATIVIDADE 37 ( ) Podemos avaliar o contraste da imagem mamográfica como sendo a diferença de atenuação do feixe de raio-X entre os diferentes tipos de tecidos que compõem a mama, que possuem densidades diferentes, como tecido adiposo e em relação ao tecido glandular. Quanto maior for o contraste na imagem, mais evidentes são as áreas escuras e claras da imagem. ( ) O ruído é interferido apenas pelo brilho da imagem, que possui informações indesejadas e que não são úteis. Podemos reconhecer o ruído em tecidos homogêneos pelas flutuações estatísticas na densidade óptica ou no brilho. ( ) A resolução espacial se refere à habilidade de mostrar a imagem de pequenos objetos que possuem alto contraste de objeto, como interface osso-tecido, microcalcificações nos seios ou calcificações no pulmão. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A mama é composta por estruturas de densidades e espessuras diferentes. Esse tecido sofre atuação diferenciada da radiação, no momento da interação do feixe de raio-X. Com esse processo, surge a formação da imagem. O efeito anódico é um importante fator que pode ajudar na formação da imagem de mamografia. Nesse contexto, explique a função e o objetivo desse efeito nos exames mamográficos. 5 Os critérios da imagem são baseados nas estruturas anatômicas que precisam ser visualizadas em uma mamografia, para que se obtenha um diagnóstico preciso. Esses critérios dependem do posicionamento correto e da cooperação do paciente, assim como do desempenho técnico do sistema para a aquisição da imagem. De acordo com esse assunto, descreva esses critérios médicos para a avaliação da qualidade da imagem. 38 39 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, como você pode ver até aqui, os equipamentos de mamografia só evoluíram e, com isso, trouxeram grandes benefícios para a população, como imagens com mais qualidade e diagnósticos mais precisos e equipamentos modernos de alta performance que só facilitaram o trabalho dos técnicos e dos tecnólogos. Neste tópico, você poderá compreender um pouco mais acerca de todos os sistemas de aquisição de imagem disponíveis para a mamografia e que também são utilizados na radiologia convencional. Além de abordarmos as etapas que pertencem a cada um desses processos, falaremos das vantagens e das desvantagens de se trabalhar com cada tipo de tecnologia. 2 MAMOGRAFIA ANALÓGICA O sistema analógico de aquisição de imagens, na mamografia, é composto por um sistema filme-écran. É utilizada a combinação de um chassi ou cassete com um écran intensificador de tela única que fica em contato com um filme radiográfico de emulsão única. Segundo Bushong (2010), inicialmente, os filmes de mamografia eram iguais aos de classe industrial, possuíam dupla emulsão e exposição direta. Contudo, as doses de radiação acabavam sendo muito elevadas pelo emprego dessa técnica e, por esse motivo, foram desenvolvidos filmes especiais. Por isso, o filme de mamografia possui uma única emulsão, projetado para ser exposto com tela intensificadora única. Toda mamografia, atualmente disponível, usa sistemas de tela de oxidossulfídio de gadolínio dopado com térbio e filme sensível à luz verde. O écran é responsável pela absorção das radiações e pela conversão em luz visível. Já o filme fica responsável pela formação da imagem latente que, após todo o processo físico-químico (processamento), torna a imagem visível. 40 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA Para o sistema analógico de aquisição de imagem, o filme radiográfico é responsável por capturar, registrar e armazenar a imagem, passando a ser objeto de exibição a longo prazo. Quando bem processado, o filme radiográfico pode durar de 20 a 30 anos (SANTOS, 2010). O sistema analógico possui um alcance dinâmico menor, pois não oferece uma resposta linear à exposição recebida. Isso significa que existe um limite entre as diferenças de contraste por causa da baixa latitude do filme, mostrando menos tons de cinza. Em comparação com o sistema digital, oferece uma resposta mais linear dos fótons e mostra uma densidade uniforme em todo o filme, que vai desde a pele até a parede torácica (SANTOS, 2010). 2.1 COMPOSIÇÃO DO FILME RADIOGRÁFICO De acordo com Santos (2010), o filme radiográfico é constituído por uma folha plástica flexível de poliéster, transparente e com tom azulado, que serve de suporte para a emulsão de gelatina. A transparência é uma característica muito importante, pois deve ser capaz de transmitir a luz. • Base: A base do filme radiográfico é feita de poliéster e dá a estrutura rígida do filme radiográfico para que possa ser colocada a emulsão. Também é resistente e flexível, possibilitando o manuseio fácil, porém, rigidez adequada para ser colocada no negatoscópio (BUSHONG, 2010). • Emulsão: Segundo Bushong (2010), é o material com o qual os raios-x ou fótons de luz das telas intensificadoras interagem e transferem a informação. A emulsão é formada por uma mistura homogênea de gelatina e cristais de haletos de prata, possuindo uma camada de 3-5 μm de espessura. Precisa ser clara e transmitir luz suficiente para que as substâncias químicas do processamento consigam penetrar nos cristais de haletos de prata, que são componentes ativos da emulsão. A emulsão também deve fornecer apoio mecânico para suporte e distribuição uniforme dos cristais de haletos de prata. Na emulsão típica, 98% do haleto de prata está na forma de brometo de prata, o restante é, usualmente, iodeto de prata. A interação dos raios-X e dos fótons de luz com esses átomos de elevado Z, finalmente, gera a formação de imagem latente na radiografia (BUSHONG, 2010). • Camada adesiva: Essa camada fica alocada entre a base e a emulsão e garante adesão uniforme da emulsão à base do filme. A camada adesiva permite que a emulsão e a base mantenham um contato e fiquem íntegras durante o processamento (BUSHONG, 2010). • Camada de revestimento: Segundo Bushong (2010), essa é a camada que cobre a emulsão e que é feita de gelatina. Serve para proteger a emulsão de arranhões, pressão e contaminação durante manuseio, processamento e armazenagem. TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 41 2.2 FORMAÇÃO DA IMAGEM LATENTE Os raios-x, que emergem do pacientepara formar a imagem e incidem na tela intensificadora, depositam a energia da luz visível na emulsão. Como efeito primário, temos a interação fotoelétrica com átomos do cristal de haletos de prata. A energia é depositada em uma configuração representativa do objeto ou parte anatômica que está sendo radiografada. Após esse processo, não podemos visualizar nem uma imagem, pois já temos a imagem latente. Somente após o processamento químico, temos a imagem visível (BUSHONG, 2010). De acordo com Santos (2010), a primeira etapa na formação da imagem latente é a exposição do filme pelos fótons de raios-X. Esses fótons provocam a cintilação do fósforo do écran, que deve emitir luz de forma intensificada, ativando os íons de brometo de prata. As interações que acontecem no filme, após este ser exposto, fazem com que os fótons interajam com o brometo de prata, que faz a expulsão dos elétrons, deixando o átomo ionizado e liberando os íons de bromo. Quando a luz atinge os microcristais de haletos de prata, a energia retira um elétron do átomo do cristal de brometo de prata e decompõe as moléculas de haletos, ioniza os cristais em diferentes intensidades, forma um íon de prata e um átomo de brometo e libera elétrons. O elétron, por ter carga negativa, é atraído para a parte central, na qual existe um excesso de carga positiva. Durante o processamento, os átomos de prata, que perderam elétrons, recapturam esses e formam a prata metálica, tornando o filme escuro. Então, os sais de prata ficam depositados no filme com pontos pretos, formando a imagem latente (SANTOS, 2010). De acordo com Bushog (2010), a formação da imagem latente e a conversão da imagem latente em imagem visível requerem vários passos simultâneos: • A, A interação da radiação libera elétrons. • B, Esses elétrons migram até centros de sensibilidade. • C, No centro de sensibilidade, a prata atômica é formada pela atração de íon intersticial de prata. • D, Esse processo é repetido várias vezes, gerando o crescimento dos átomos de prata. • E, O haleto de prata restante é convertido em prata durante o processamento. • F, O resultado é um grão de prata. 42 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA FIGURA 19 – PROCESSO DE FORMAÇÃO E CONVERSÃO DA IMAGEM LATENTE FONTE: Adaptada de Bushong (2010) 2.3 PROCESSAMENTO DO FILME RADIOGRÁFICO De acordo com o Inca (2019), o processamento deve ser realizado em processadora automática, específica para mamografia. Esse processo inicia com a revelação, após, o filme passa por um processo de fixação da imagem e, depois, por lavagem e secagem. É necessário fazer a troca adequada dos químicos para manter a estabilidade da revelação ao longo do tempo. Em processadoras automáticas, o tempo entre a entrada do filme exposto e a saída do filme revelado varia entre 90 e 120 segundos, dependendo das características operacionais. FIGURA 20 – ETAPAS DO PROCESSAMENTO DO FILME RADIOGRÁFICO FONTE: <https://bit.ly/3gQT6MJ>. Acesso em: 11 abr. 2021. TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 43 2.3.1 Etapas do processo de revelação do filme O processo de revelação do filme radiográfico é composto, basicamente, por quatro etapas: revelação, fixação, lavagem e secagem. Agora, veremos o passo a passo desse processo. Revelação: De acordo com o Inca (2019), a revelação possui cinco etapas: • Primeiramente, o filme é imerso no tanque com uma solução química que chamamos de revelador, para tornar visível a imagem latente contida na emulsão do filme, formando, assim, a imagem radiográfica. • No segundo passo, a solução reveladora possui agentes redutores, que convertem os cristais de prata sensibilizados em prata metálica enegrecida. • No terceiro passo, o agente ativador incha e amolece a emulsão, para que os agentes redutores tenham melhor acesso aos cristais de prata. • No quarto passo, essa solução contém, ainda, um agente, para moderar a ação dos redutores, e outro preservativo, para evitar a oxidação. É muito importante observar a temperatura do revelador e o tempo que o filme permanece no tanque com a solução reveladora, essencial para assegurar a qualidade da imagem e evitar uma super ou uma sub-revelação. • Por último, no quinto passo, após a revelação, o filme é transferido automaticamente para um tanque, que contém a solução fixadora. Fixação: De acordo com o Inca (2019): • O fixador possui um agente neutralizador, que interrompe o processo de revelação (impedindo o velamento do filme) e um agente fixador, que remove os grãos de prata que não sofrem a ação do revelador do filme para fixar a imagem radiográfica na película. • A prata acumulada na solução fixadora pode ser recuperada posteriormente, antes de alcançar o meio ambiente. • O revelador e o fixador usam água como solvente. • O fixador possui um agente que impede a oxidação e um que recupera a rigidez da película. • A concentração e a atividade do fixador, além do tempo de fixação, também devem ser controladas. Quando são insuficientes, os cristais de prata não revelados, não sendo removidos na totalidade. Quando estão em excesso, os grãos de prata revelados são removidos da emulsão. Nos dois casos, há uma degradação da qualidade da imagem. Lavagem e secagem: De acordo com o Inca (2019): • Após a fixação, o filme precisa passar pela lavagem, que tem, como função, remover todos os resíduos químicos do fixador, que ainda permanecem na emulsão, para impedir a degradação da imagem ao longo do tempo (semanas/ meses). Nas processadoras automáticas, após a lavagem, o filme é submetido a um processo de secagem com ar quente, para possibilitar, rapidamente, o manuseio. 44 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 2.4 CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS DA MAMOGRAFIA ANALÓGICA Mesmo com os avanços tecnológicos, a mamografia analógica ainda é muito utilizada, principalmente, em regiões do país que são menos desenvolvidas e em instituições que possuem poucos recursos financeiros, mas, como toda técnica, possui vantagens e desvantagens. É isso que veremos a seguir. Vantagens do sistema analógico de imagem, de acordo com o Inca (2019): • Grande resolução espacial de até 12 pares de linhas por milímetro, que permite mostrar estruturas finas espiculares e microcalcificações. • Alto contraste, permitindo a visualização de tecidos com diferenças muito sutis de densidades. • Negatoscópios de alta luminosidade que melhoram a visualização de áreas de alta DO (escuras) da imagem. • Facilidade para a visualização dos filmes no negatoscópio, possibilitando a apresentação simultânea de imagens das incidências básicas e adicionais. • Filmes de 18 cm x 24 cm e 24 cm x 30 cm, utilizados de acordo com o tamanho da mama a ser radiografada. • Tecnologia de baixo custo, firmemente consolidada na prática da mamografia há mais de 30 anos. • Meio duradouro de armazenamento da imagem, também, com custo baixo. Limitações do sistema analógico de imagem, de acordo com o inca (2019): • Faixa de tons de cinza ou intervalo dinâmico reduzido (intervalo dinâmico – número de tons de cinza para uma mesma faixa de exposição). • Balanço entre o intervalo dinâmico e a resolução de contraste para as regiões do filme que recebem exposições intermediárias do contraste é alto; e baixo para as regiões que recebem pouca ou muita exposição. Por esse motivo, para as regiões muito densas, a pele e a camada adiposa são representadas com baixo contraste na imagem. Se o sistema for otimizado para a região densa da mama, posicionando-se o sensor do CAE sob a região da glândula, as áreas adiposas e a pele devem ter DO (enegrecimento) na parte superior da curva de resposta do filme (tons de cinza mais escuros), dificultando a visualização das regiões. • Perda da qualidade de imagem causada por processamento inadequado do filme e artefatos de imagem: a impossibilidade de modificar a imagem após o processamento inadequado do filme ou a apresentação de artefatos, muitas vezes, pode levar à repetição dealgumas incidências ou de todo o exame. Isso gera exposições desnecessárias da paciente aos raios-X. • Ruído em razão da granulosidade da combinação SFT, pois o filme atua como o único meio para aquisição, apresentação e armazenamento da imagem. Se a tela intensificadora não for adequada ao tipo de filme utilizado (filme e TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 45 tela intensificadora do mesmo fabricante), pode ocorrer aumento do ruído, que prejudica a qualidade da imagem e, consequentemente, o objetivo da mamografia. 3 MAMOGRAFIA DIGITAL Na mamografia, a introdução de tecnologia digital de aquisição direta teve início em 1995. Primeiramente, foram utilizados detectores com campos de visão (FOV) menores para procedimentos intervencionistas guiados por mamografia, como biópsias e localizações pré-cirúrgicas. De acordo com Santos (2010), era utilizado um sistema de chips com base em CCD (dispositivo de carga acoplada), e possuía alta resolução, muito bom para campos menores, mas, na mamografia, era necessária uma tecnologia de campo total. Contudo, não demorou muito para que esse sistema evoluísse. Em 2000, foi aprovada a primeira mamografia digital de campo total FFDM Full Field Digital Mammograby (Senographe 2000D GE). Possui detector de césio que fornece uma imagem digital panorâmica totalmente digitalizada, com mais detalhes e qualidade. Com essa tecnologia, os monitores utilizados também foram substituídos por monitores de alta resolução. Segundo Santos (2010), ainda em 2000, o FDA aprovou a mamografia digital para o exame de rastreamento. Nesse mesmo ano, foi lançado o CAD receptor de painel plano e, logo depois, o LCD monitores de cristal líquido. A mamografia digital obteve grandes resultados pelo Processo de Estudo da Imagem da Mamografia Digital (PEIMD) – (Digital Mammography Imaging Study Trial – DMIST), publicados no fim de 2005. Essa investigação envolveu a imagem mamográfica de quase 50.000 mulheres com sistemas convencionais e MDs, interpretadas por meio de uma estação de visualização devidamente projetada. O objetivo do PEIMD era determinar se a mamografia digital era tão boa quanto a mamografia convencional. Ainda, tinham-se muitas dúvidas porque a resolução espacial da MD (5 pl/mm) era muito menor do que a mamografia convencional (15 pl/mm). Com base nas interpretações dos radiologistas, os resultados mostraram que a mamografia digital não só foi igual à mamografia Acadêmico, na unidade seguinte, abordaremos, de forma mais detalhada, o que são as biópsias e as localizações pré-cirúrgicas. ESTUDOS FU TUROS 46 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA convencional para todos os pacientes, mas foi melhor para imagem densa e para o tecido glandular mamário. Essa descoberta sugere que a resolução de contraste seja mais importante do que a resolução espacial para mamografia e, possivelmente, para todas as imagens médicas (BUSHONG, 2010). Existem dois tipos de mamografia digital, o DR (digital direto) e o CR (digital indireto). Nesse método digital, o sistema SFT, usado como receptor da imagem na mamografia convencional, é substituído por um detector eletrônico (sistema DR), ou uma placa de imagem (IP, image plate) de fósforo fotoestimulável (sistema CR) (INCA, 2019). 3.1 CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM DIGITAL De acordo com o Inca (2019), aquisição, apresentação, interpretação e armazenamento da imagem digital são processos independentes, o que permite otimizá-los. A formação da imagem digital é constituída por uma matriz bidimensional de elementos de imagem (pixels) de tamanho fixo, da ordem de 40 μm a 100 μm. Por esse motivo, a mamografia digital é uma representação do padrão de transmissão dos raios-X através da mama, por meio de uma matriz de elementos de imagem. Em cada pixel, a imagem tem um único valor que representa o brilho nesse ponto, obtido por meio da intensidade dos raios-X na área da mama representada por esse pixel. A intensidade dos raios-X, no sistema DR, ou a intensidade da luminescência, no sistema CR, em cada pixel da imagem, é transformada por um conversor analógico-digital em um número finito (2n) de níveis, em que n é o número de bits com o qual a imagem é digitalizada. Normalmente, é usada a digitalização de 12 a 14 bits, produzindo de 4.096 a 16.384 níveis de intensidade ou de tons de cinza. Depois de ser armazenada na memória do computador, a imagem digital pode ser apresentada para visualização com um contraste independente das características do detector e que pode ser ajustado pelo médico. Essa é uma vantagem da imagem digital que supera a maior limitação da mamografia convencional, como a escala de tons de cinza definida pela curva- característica da resposta do filme, a técnica radiográfica, a composição da mama e o processamento (INCA, 2019). Acadêmico, abordaremos cada um dos sistemas de imagem digital de forma mais detalhada nos tópicos a seguir. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 47 3.1.1 Diferenças entre a mamografia convencional e a digital Na mamografia convencional, a quantidade de radiação usada para produzir a imagem é totalmente influenciada pela capacidade da tela intensificadora de absorver energia do feixe de raios-X, suficiente para transformá- la em luz e expor o filme, alcançando a DO desejada. Na mamografia digital, o sistema de aquisição da imagem pode ser controlado eletronicamente, o que permite que a quantidade de radiação seja ajustada em função da razão contraste-ruído mais adequada ao exame. Esse é um fator que se refere à otimização na seleção das técnicas radiográficas que fornece possibilidade de melhoria da qualidade da imagem e de redução da dose de radiação, quando comparada com a mamografia convencional (INCA, 2019). Vantagens importantes da mamografia digital quando comparada com o sistema analógico, de acordo com o INCA (2019): • Resposta linear em faixa ampla de intensidades de raios-X e baixo ruído do sistema. • Alcance dinâmico da ordem de 1.000:1 comparado com o da mamografia convencional, da ordem de 40:1. • Desacoplamento das etapas de aquisição, apresentação e armazenamento da imagem. • Possibilidade de manipulação no pós-processamento da imagem, que permite aumentar a visualização dos achados radiológicos de interesse. Além de serem impressos em filmes, a interpretação da imagem em monitor (soft- copy) e o diagnóstico, auxiliado por computador, são outras possibilidades de melhorar todo o processo da mamografia. • Eliminação do processamento da imagem em câmara escura e utilização de químicos. • Possibilidade de armazenamento das imagens no Sistema Digital de Armazenamento e Comunicação (PACS). • Possibilidade de telerradiologia por causa do armazenamento de imagens em formato DICOM, permitindo a transferência e a visualização das imagens em sistemas iguais ou diferentes daqueles em que as imagens foram adquiridas. 3.2 SISTEMA DE MAMOGRAFIA COMPUTADORIZADA CR A tecnologia CR é um dos métodos mais utilizados, pois não é necessária a implementação de equipamentos de mamografia novos, apenas a aquisição de cassetes novos para a substituição dos chassis, leitora CR e uma impressora Dry View para impressão dos exames. Como não é necessário fazer a troca dos equipamentos, torna-se um investimento com ótimo custo-benefício em relação à tecnologia digital direta. 48 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA O CR é um sistema de conversão indireto, que é composto por uma placa de fósforo fotoestimulável, uma leitora para a placa e um monitor de alta resolução. É um método de formação indireta da imagem, obtendo uma radiografia computadorizada pela sensibilização de uma película de fósforo especial que é inserida no chassi. Esse método trabalha com uma imagem analógica que é convertida em imagem digital por um conversor analógico-digital, para ser lida pelo processador, que só faz a leitura das informações digitais. Depois de processadas, as informaçõessão armazenadas no computador em forma de números, com base no sistema binário. O computador só é capaz de armazenar bits com um valor de 0 ou 1 (SANTOS, 2010). FIGURA 21 – MODELOS DE LEITORAS MONO E MULTICASSETES FONTE: <http://www.medinstall.com.br/crs.html>. Acesso em: 29 dez. 2020. 3.2.1 Vantagens e desvantagens da utilização do CR Para a utilização de qualquer tecnologia, podemos observar alguns benefícios e desvantagens que cada instituição deve avaliar, de acordo com as necessidades e a demanda. Vantagens: • Geração de uma imagem digital, dispensando o uso de químicos de processamento, facilitando o transporte e o armazenamento e permitindo o pós-processamento das imagens. Desvantagens: • Doses de radiação mais altas para a realização do exame e o aumento do ruído da imagem, quando os parâmetros de operação do mamógrafo e da leitora não estão perfeitamente ajustados. TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 49 3.2.2 Formação da imagem no CR Para a detecção da imagem no CR, utilizamos o IP image plate, que pode ser chamada de PAF - Placa de Armazenamento em Fósforo. Essa placa é composta de fósforo fotoestimulável e haletos de flúor brometo de bário, com pequenas quantidades de európio como ativador (BaFBr:Eu ou BaFI:Eu). Quando realizada a incidência mamográfica, ocorrem interações compton e fotoelétrica com elétrons das camadas externas, dos átomos de flúor brometo de bário, enviando-os para um estado de excitação definido como estado metaestável. Quando esses elétrons retornam ao estado fundamental, uma luz visível é emitida. Os elétrons metaestáveis vão retornando ao estado fundamental, sendo que esse retorno pode ser acelerado ou estimulado, expondo o fósforo à luz infravermelha intensa de um laser, por isso, o termo luminescência fotoestimulável para o fósforo fotoestimulável (FFE) (BUSHONG, 2010). A presença do európio, misturado em pequenas quantidades no cristal, é uma impureza que serve como “armadilha”, sendo o ativador que mantém os elétrons “presos” no estado metaestável por mais tempo, até que haja colocação na leitora do CR. Os ativadores de európio do IP fazem o papel dos centros de sensibilidade (F-centros) da emulsão da película radiográfica, sendo que a imagem latente do sistema CR é formada nesses ativadores. Quando o cassete é inserido na leitora do CR, é aberto, e ventosas puxam o IP para dentro da leitora, na qual a imagem latente é transformada em imagem visível e, depois, digitalizada. A leitora do CR age como um escâner, sendo, o CR, considerado um método indireto de obtenção de imagem digital. 3.2.3 Funcionamento da leitora CR A leitora possui fendas para entrada de cassetes de vários tamanhos, podendo ser utilizada para mamografia e raios-x. O cassete exposto é introduzido em uma das fendas, e a leitora puxa o IP e faz a leitura por meio do laser infravermelho. A energia armazenada dos elétrons excitados, contidos na estrutura do IP, é liberada, ponto a ponto, por meio de estimulação a laser, produzindo uma luminescência proporcional à intensidade dos raios-X que atingiram cada ponto. A luminescência emitida é detectada e amplificada por um tubo fotomultiplicador que produz um sinal elétrico de saída proporcional à luminescência emitida pelo ponto estimulado da IP. Do mesmo modo, em comparação ao sistema DR, esse sinal é convertido em um formato digital e armazenado em memória de computador para formar a imagem por meio de um programa. Durante o processo de escaneamento da IP na unidade digitalizadora, a imagem registrada, até então, de modo contínuo, é convertida para o formato digital na forma de um mapa de pixels (INCA, 2019). 50 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA Após a leitura do IP, é feito um processamento, no qual a imagem residual é apagada e o cassete já está pronto para ser utilizado novamente. FIGURA 22 – LEITURA DA IMAGEM ANALÓGICA PELO SISTEMA CR FONTE: Adaptada de Santos (2010) 3.3 SISTEMA DE MAMOGRAFIA DIGITAL DR A radiologia digital faz a utilização de um detector eletrônico de painel plano, que recebe um sinal digital direto da fonte emissora pelo feixe de raios-x, ultrapassando o objeto radiografado, com a geração de uma imagem, primeiramente, digital. Contudo, com a introdução dessa tecnologia, existe a necessidade da utilização de um bucky próprio por causa dos detectores, o que faz com que o custo de implementação seja muito mais alto e, para instituições menores, muitas vezes, inviável. Dentro do sistema de aquisição de imagens DR, existem dois tipos de aquisição de imagem, na qual todos são digitais, mas alguns diretos (selênio amorfo- a-Se) e/ou indiretos (iodeto de césio (CsI), o oxissulfeto de gadolínio). Em todos os métodos, a imagem aparece diretamente na tela do computador, mas o método de transformação do sinal em imagem muda. • Segundo Bushog (2010), são três os processos que compõem o sistema para adquirir as imagens no DR: elemento de captura, elemento de acoplamento e elemento de detecção. • O elemento de captura é aquele a partir do qual os raios-X são capturados. Na RD, o elemento de captura pode ser o iodeto de césio (CsI), o oxissulfeto de gadolínio (GdOS) ou o selênio amorfo (a-Se). • O elemento de acoplamento é aquele que transfere o sinal gerado pelos raios-X para o elemento de detecção. O elemento de acoplamento pode ser uma lente, uma montagem com fibra óptica, uma camada de contato ou a-Se. TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 51 • O elemento de detecção pode ser um fotodiodo, um Dispositivo De Carga Acoplada (DCA), ou um Transistor De Filme Fino (TFF). O fotodiodo e o DCA são dispositivos sensíveis à luz que detectam fótons. O TFF é um dispositivo sensível à carga, que coleta elétrons. 3.3.1 Formação indireta Os receptores digitais indiretos são constituídos por uma fina camada de fósforo cintilador à base de iodeto de césio, colocada na superfície de uma placa de silício, considerado um tipo de painel plano. A luz visível que o fósforo emite é convertida em sinal elétrico através dos milhares de transistores finos, ou diodos de silicone amorfo (TFT). Ainda, com fibras óticas no CCD (dispositivo de carga acoplada), formando a imagem digital (SANTOS, 2010). Esse silicone amorfo é um detector sensível à luz que, quando recebe o feixe elétrico, fornece um sinal para cada pixel da imagem. Segundo Santos (2010), os raios-X são capturados pelo cintilador de césio (fósforo) e convertidos em luz visível, que se espalha no interior do detector. O detector TFT, ou CCD, transforma essa luz em sinal elétrico. Esse sinal é processado pelo computador, que gera uma imagem digital de alta qualidade. Esse é um processo considerado indireto pois, apesar da imagem ser adquirida de forma digital, passa pelo processo intermediário, formando a luz visível. FIGURA 23 – CONVERSÃO INDIRETA COM FORMAÇÃO DE LUZ FONTE: Adaptada de Santos (2010) 52 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA 3.3.2 Formação direta No método direto de formação da imagem, o processo é realizado em apenas uma única etapa, sendo utilizada uma placa de selênio amorfo como fotocondutor que converte os fótons de raios-X diretamente em sinal eletrônico, com processamento e formação da imagem. De acordo com Santos (2010), o receptor de selênio amorfo é um tipo de conversão direta com campo de visão de 25X29cm, munido por um flat panel, sendo revestido por uma camada fina de selênio amorfo, que absorve os raios-X, gerando um sinal elétrico direto por meio de transistores. Essa conversão direta é baseada no arranjo de finas camadas de transistores na matriz TFT, que faz a captura dos fótons. Esse sinal eletrônico é processado e forma uma imagem digital, que é apresentada no monitor de alta resolução. As funções, como aquisição, armazenamento, e exibição, são executadas por fontes independentes, que permitem o manuseio da imagem, alterando parâmetros de brilho e contraste de forma individual (SANTOS, 2010). O selênioamorfo é um detector direto que oferece alguns benefícios, como baixo nível de ruído e menor dose, aumentando a precisão do diagnóstico, pois também melhora a visibilidade de estruturas menores, fornecendo alta resolução espacial. FIGURA 24 – AQUISIÇÃO DIRETA COM DETECTOR DE SELÊNIO AMORFO FONTE: Adaptada de Santos (2010) 3.3.3 Vantagens e desvantagens da utilização do DR Vantagens: • Otimização do tempo de exame, pois não temos mais a necessidade de utilizar chassis e as imagens aparecem no computador em segundos. • Não é mais necessário o processamento da imagem na câmara escura, o que também deixa o trabalho do técnico mais rápido. TÓPICO 3 — SISTEMAS DE MAMOGRAFIA DIGITAL E ANALÓGICO 53 • Segundo o INCA (2019), o sistema DR supera o sistema convencional e o sistema CR por causa da menor dose de radiação para a paciente. Isso acontece por causa da utilização de detectores mais eficientes, mantendo a qualidade da imagem. • O sistema DR também tem grande capacidade de melhorar a relação contraste- ruído, muito melhor do que no sistema CR. Desvantagens: • A maior desvantagem que podemos observar no sistema DR em relação aos outros é o alto custo de instalação, pois é necessário fazer a substituição do mamógrafo. • O sistema de detectores é muito sensível, assim, é necessário manter a sala refrigerada para evitar possíveis danos, pois a troca dos detectores tem um custo muito elevado. 54 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • O sistema analógico de aquisição de imagens é composto por um sistema filme-écran, utilizada a combinação de chassis ou cassete com um écran intensificador de tela única ou dupla, que fica em contato com um filme radiográfico de emulsão única ou dupla. • O filme radiográfico é constituído por uma folha plástica flexível de poliéster transparente e com tom azulado, que serve de suporte para a emulsão de gelatina. A transparência é uma característica muito importante, pois deve ser capaz de transmitir a luz. • Os raios-x, que emergem do paciente para formar a imagem e incidem na tela intensificadora, depositam a energia da luz visível na emulsão. Como efeito primário, há a interação fotoelétrica com átomos do cristal de haletos de prata. • O processo de revelação do filme radiográfico é composto, basicamente, por quatro etapas: revelação, fixação, lavagem e secagem. • Existem dois tipos de mamografia digital, o DR (digital direto) e o CR (digital indireto). Nesse método digital, o sistema SFT, usado como receptor da imagem na mamografia convencional, é substituído por um detector eletrônico (sistema DR), ou uma placa de imagem (IP, image plate) de fósforo fotoestimulável (sistema CR). • Na mamografia convencional, a quantidade de radiação usada para produzir a imagem é totalmente influenciada pela capacidade da tela intensificadora de absorver energia do feixe de raios-X suficiente para transformá-la em luz e expor o filme, alcançando a DO desejada. • A tecnologia CR é um dos métodos mais utilizados, pois não é necessária a implementação de equipamentos de mamografia novos, apenas a aquisição de cassetes novos para a substituição dos chassis, leitora CR e uma impressora Dry View para impressão dos exames. • Dentro do sistema de aquisição de imagens DR, existem dois tipos de aquisição de imagem. Todos são digitais, mas alguns diretos (selênio amorfo- a-Se) e/ou indiretos (iodeto de césio (CsI), oxissulfeto de gadolínio). Em todos os métodos, a imagem deve aparecer diretamente na tela do computador, mas o método de transformação do sinal em imagem muda. 55 1 O sistema analógico de aquisição de imagens na mamografia é composto por um sistema filme- écran, utilizada a combinação de um chassi ou cassete com um écran intensificador de tela única, que fica em contato com um filme radiográfico de emulsão única. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, em relação à função do écran no processo de formação da imagem: a) ( ) O écran é responsável pela formação da imagem latente. b) ( ) O écran é responsável por armazenar a imagem. c) ( ) O écran é responsável pela absorção das radiações e conversão em luz visível. d) ( ) O écran é responsável por capturar e registrar a imagem. 2 De acordo com Santos (2010), o filme radiográfico é constituído por uma folha plástica flexível de poliéster, transparente e com tom azulado que serve de suporte para a emulsão de gelatina. A transparência é uma característica muito importante, pois deve ser capaz de transmitir a luz. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir: I- Base: a base do filme radiográfico é feita de poliéster, dá a estrutura rígida do filme radiográfico, para que possa ser colocada a emulsão. II- Camada adesiva: é formada por uma mistura homogênea de gelatina e cristais de haletos de prata, possuindo uma camada de 3-5 μm de espessura. III- Emulsão: é o material com o qual os raios-x ou fótons de luz das telas intensificadoras interagem e transferem a informação. IV- Camada de revestimento: cobre a emulsão, que é feita de gelatina. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Existem dois tipos de mamografia digital, o DR (digital direto) e o CR (digital indireto). Nesse método digital, o sistema SFT, usado como receptor da imagem na mamografia convencional, é substituído por um detector eletrônico (sistema DR) ou uma placa de imagem (IP, image plate) de fósforo fotoestimulável (sistema CR). Acerca dessas duas modalidades, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: AUTOATIVIDADE 56 ( ) A tecnologia DR é um dos métodos mais utilizados, pois não é necessária a implementação de equipamentos de mamografia novos, apenas a aquisição de cassetes novos para a substituição dos chassis, leitora CR e uma impressora Dry View para a impressão dos exames. ( ) A intensidade dos raios-X, no sistema CR, ou a intensidade da luminescência, no sistema CR, em cada pixel da imagem, é transformada por um conversor analógico-digital em um número finito (2n) de níveis, em que n é o número de bits com o qual a imagem é digitalizada. ( ) O CR é um sistema de conversão indireta, composto por uma placa de fósforo fotoestimulável, uma leitora para a placa e um monitor de alta resolução. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A radiologia digital é uma tecnologia avançada, e que permite obter imagens de alta qualidade, sem que tenhamos que fazer todo o processamento de imagem, que acontece no sistema analógico. São várias as vantagens que podemos observar na implementação desse sistema. De acordo com esse assunto, descreva as vantagens e as desvantagens do sistema DR de aquisição de imagens. 5 Existem dois tipos de mamografia digital, o DR digital direto e o CR digital indireto. Cada modalidade possui vantagens, mesmo assim, não podemos deixar de observar que a maior vantagem vista nesses dois métodos é a aquisição de uma imagem digital. Acerca da tecnologia CR, descreva por que é um dos métodos mais utilizados. 57 TÓPICO 4 — UNIDADE 1 CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 1 INTRODUÇÃO Em todas as áreas que utilizam equipamentos com tecnologia mais avançada, faz-se necessário um controle de qualidade que garanta que o equipamento trabalhe obtendo resultados desejáveis. Na mamografia, não seria diferente, pois, para que tenhamos imagens com qualidade, os equipamentos devem estar funcionando adequadamente. De acordo com o Inca (2019), o Programa de Qualidade em Mamografia (PQM) foi iniciado com um projeto desenvolvido pelo INCA, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). De março de 2007 a agostode 2008, foram avaliados 53 serviços de mamografia do SUS no estado da Paraíba (11 serviços) e nas cidades de Belo Horizonte (18), Goiânia (13) e Porto Alegre (11). Nas visitas de avaliação aos polos do projeto, foram capacitados 126 técnicos em radiologia e 57 radiologistas, além da capacitação dos técnicos das vigilâncias sanitárias locais. No fim do projeto, foi identificada a necessidade de seguir com as ações realizadas de controle da qualidade da mamografia em todo o país, como um programa nacional. Assim, foi instituído, em 2012, o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM), através de uma Portaria do GM/MS, atualizada em 2013. Simultaneamente ao (PQM), a Portaria n° 453/98 trazia alguns requisitos que deveriam ser seguidos também, mas, com a desatualização, tínhamos a DIVS nº 002, de 2015, que era vigente no estado de Santa Catarina. No cenário atual, temos a nova legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que revogou a antiga Portaria 453/98, a RDC n° 330, que está vigente desde 20/12/2019. Essa legislação trouxe informações e diretrizes mais atualizadas para a área do radiodiagnóstico. Com a RDC n° 330, foram criadas IN (Instruções Normativas), publicadas separadamente, uma para cada área do radiodiagnóstico. Para a mamografia, há a IN nº 54. 2 TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE O controle de qualidade nada mais é que uma série de testes que devem ser realizados para que se mantenha a eficácia do equipamento utilizado, de acordo com os padrões de qualidade de imagem necessários. 58 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA O objetivo desse programa é obter imagens de qualidade para um diagnóstico preciso, reduzindo a dose desnecessária nos pacientes com a redução do número de repetições dos exames. Para que esse programa seja implementado de forma eficaz, são necessários alguns requisitos a serem seguidos por toda a equipe, como: • A equipe de profissionais técnicos deve ser treinada e especializada para atuar na área e, também, deve ser conscientizada quanto ao papel dentro desse programa. • As responsabilidades devem ser definidas e formalizadas para a participação da equipe envolvida. • Realizar auditoria médica para coleta de dados, avaliando taxas de acertos e erros. • É necessária a contratação de um físico especializado para assegurar que os equipamentos estejam em condições perfeitas para uso e, também, para fazer os testes de qualidade necessários. O Art. 1º, da IN n° 54, estabelece os requisitos sanitários para a garantia da qualidade e da segurança de sistemas de mamografia, assim como a relação mínima de testes de aceitação e de controle de qualidade que devem ser realizados pelos serviços de saúde, determinando respectivas periodicidades, tolerâncias e níveis de restrição. Também estabelece a periodicidade, de acordo com os testes que devem ser realizados e o tipo de equipamento, como: C: Mamografia Convencional; CR: Mamografia CR; DR: Mamografia DR; G: Geral. Para fins de avaliação da força de compressão, deve ser considerado 9,8 N = 1 kgf. Os testes de qualidade dos receptores de imagem devem ser realizados para todos os dispositivos disponíveis. QUADRO 1 – TESTES DE ACEITAÇÃO E DE CONTROLE DE QUALIDADE PARA SERVIÇOS DE MAMOGRAFIA APLICABI- LIDADE* TESTES PERIODICIDA- DE TOLERÂNCIA NÍVEL DE RESTRIÇÃO C Sensitometria da processadora Teste de aceitação, diário ou após reparos Base + véu £ 0,25 DO Desvio do valor de referência para cada passo de densidade£0,1 DO Gradiente total > 2,8 DO - C Temperatura do sistema de processamento Teste de aceitação, diário ou após reparos Conforme recomendação do fabricante - TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 59 G Qualidade da imagem Teste de aceitação, mensal ou após reparos Fibra £ 0,75 mm; Microcalcificação£0,32 mm; Massa£0,75 mm; Avaliados com ferra- menta de teste especí- fica para mamografia Não cumprir os requisitos C/CR Integridade dos chassis e cassetes Teste de aceitação e semestral Chassis e cassetes íntegros - G Valor representativo de dose glandular média Teste de aceitação, anual ou após reparos Anexo II desta Instrução Normativa - G Exatidão do indicador da tensão do tubo Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 2 kV > 4 kV G Reprodutibili- dade da tensão do tubo Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 1 kV > 2 kV G Tempo de exposição Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 1,5 s para um simulador de 4,5 cm de PMMA > 2 s G Reprodu- tibilidade do Controle Automático de Exposição (CAE) Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 10 % > 15% G Compensação do CAE para diferentes espessuras Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 15% > 20% G Rendimento do tubo Teste de aceitação, anual ou após reparos ³100 mGy/mAs a 50 cm, medido a 28 kV com combinação Mo/ Mo - G Camada Semirredutora (CSR) Teste de aceitação, anual ou após reparos (kVp/100)+0,03 £ CSR(mmAl) £ (kVp/100) + c c é igual a: 0,12 para Mo/Mo; 0,19 para Mo/ Rh; 0,22 para Rh/Rh; 0,30 para W/Rh; 0,32 para W/Ag; 0,25 para W/Al CSR(mmAl) £ (kVp/100) 60 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA G Resolução espacial Teste de aceitação, anual ou após reparos ³ 12 pl/mm < 10 pl/mm G Exatidão do sistema de colimação Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 5 mm > 10 mm G Sistema de compressão automático Teste de aceitação, anual ou após reparos 110 N* £ Força de compressão £ 180 N > 300 N ou < 90 N G Alinhamento da bandeja de compressão Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 5 mm > 10 mm G Indicação da espessura da mama comprimida Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 5 mm > 10 mm C Contato tela-filme Teste de aceitação, anual ou após reparos Sem perda de uniformidade - G Artefatos na imagem Teste de aceitação, anual ou após reparos Imagens sem artefatos - C Vedação da câmara escura Teste de aceitação, anual ou após reparos Sem entrada de luz externa Velando filme CR/DR Uniformidade da imagem Teste de aceitação, anual ou após reparos Desvio máximo do valor médio do pixel £ 15% > 25% CR Diferença de sensibilidade entre as placas de fósforo Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 10% > 15% CR/DR Razão contraste ruído (CNR) Teste de aceitação, anual ou após reparos Anexo III desta Instrução Normativa - CR/DR Efetividade do ciclo de apagamento Teste de aceitação, anual ou após reparos Ausência de imagem residual - G Integridade dos acessórios e equipamentos de proteção individual Teste de aceitação, anual ou após reparos Íntegros - TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 61 C Luminância do negatoscópio Teste de aceitação, anual ou após reparos Luminância ³ 3000 cd/ m2 £ 2500 cd/m2 CR/DR Luminância dos monitores para diagnóstico Teste de aceitação, anual ou após reparos ³ 350 cd/m2 - G Uniformidade da luminância Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 20% - G Iluminância da sala de laudos Teste de aceitação, anual ou após reparos £ 50 lx > 100 lx G Levantamento radiométrico Teste de aceitação, quadrienal ou após modificações nas salas, equipamentos ou procedimentos Área Livre: £ 0,5 mSv/ ano; Área Controlada:£5,0 mSv/ano Área Livre: > 1,0 mSv / ano; Área Controlada: > 10,0 mSv / ano. G Radiação de fuga do cabeçote Teste de aceitação, quadrienal ou após modificações nos equipamentos £ 1,0 mGy/h a 1m > 2,0 mGy/h a 1m FONTE: <https://bit.ly/2SfdDQB>. Acesso em: 4 fev. 2021. 2.1 RESPONSABILIDADES DA EQUIPE NO CONTROLE DE QUALIDADE A equipe responsável pelo controle de qualidade do serviço de mamografia é composta pelo tecnólogo em radiologia, médico radiologista e físico médico. O tecnólogo em radiologia tem um papel importante no programa de controle de qualidade, pois deve cuidar diariamente dos mamógrafos, manter os outros equipamentos da sala emdia, assim como a limpeza, mesmo sabendo que algumas tarefas não estão ao seu alcance, mas deve ter a sensibilidade de sempre reportar ao supervisor. 62 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA Compete, ao tecnólogo em radiologia: • Limpeza diária da câmara escura para evitar artefatos nas imagens, assim como a limpeza e a organização da câmara clara. • Avaliação de entrada de luz na câmara escura. • Controle da processadora, verificação do químico e da temperatura em casos de equipamentos analógicos. • Limpeza semanal dos écrans ou sempre que tiver algum artefato. • Cuidar dos EPIs, vestimentas plumbíferas. • Avaliação da imagem do simulador de mama, avaliando as propriedades fotográficas da imagem, como densidade, contraste e definição da imagem. • Análise mensal de filmes rejeitados, avaliando a quantidade e as causas das repetições. • Teste da bandeja de compressão. Compete, ao médico radiologista: • De acordo com Bushong (2010), a principal função do médico radiologista é supervisionar todo o programa de controle de qualidade. • Responsável por toda equipe técnica e pelas atividades exercidas. Compete, ao físico médico, de acordo com Bushong (2010): • Visita ao serviço para avaliação anual do equipamento • Inspeção do mamógrafo, avaliação da colimação. • Avaliação da resolução espacial, acurácia da reprodutibilidade do kVp. • Avaliação da qualidade do feixe, avaliação de desempenho e reprodutibilidade do controle automático de exposição. • Uniformidade da velocidade da tela intensificadora. • Dose de entrada na mama, dose média glandular. • Avaliação da qualidade da imagem e dos artefatos. • Intensidade da saída de radiação e medidas das condições de visualização. 3 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O CONTROLE DE QUALIDADE Existem alguns acessórios/equipamentos que são necessários para a realização dos testes de controle de qualidade dos mamógrafos, principalmente, no que diz respeito a equipamentos analógicos, pois demandam um cuidado maior por causa da câmara escura, processadora, químicos, velamentos de filmes e artefatos gerados pelo manuseio inadequado dentro da câmara escura ou, até mesmo, por falta de limpeza do ambiente. Abordaremos, de forma breve, a função de cada acessório, focando um pouco mais no simulador radiográfico de mama, o Phantom. TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 63 • Sensitômetro: Este equipamento digital controla o sistema de processamento dos filmes radiológicos e avalia o contraste da imagem. De acordo com Santos (2010), o sensitômetro expõe o filme com diferentes intensidades de luz, já conhecido em várias áreas de um filme, permitindo medir a densidade óptica e obter a curva-característica do filme. • Funcionamento: O sensitômetro emite uma luz que possui o mesmo comprimento de onda da luz que é emitida pelo écran. Segundo Santos (2010), possui 21 áreas pequenas retangulares com fontes luminosas, que possuem filtros que modulam, de forma crescente, a intensidade de luz que chega no filme. O primeiro degrau não recebe nenhuma luz e, o último, recebe a luz máxima, gerando 21 degraus de tons de cinza diferentes, que, de forma gráfica, formam uma curva que vai do branco quase que total até o preto absoluto, passando por uma escala de tonalidades de cinza. FIGURA 25 – SENSITÔMETRO, E A CURVA SENSITOMÉTRICA, SENDO A RELAÇÃO ENTRE A EXPOSIÇÃO RECEBIDA PELO FILME E A DENSIDADE ÓPTICA FONTE: Adaptada de Inca (2019) e Santos (2010) • Densitômetro: É um equipamento digital ou eletrônico que serve para medir a densidade óptica ou o grau de enegrecimento dos filmes radiográficos. Possui uma luz na parte inferior e um sensor na parte de cima. O objetivo é comparar a quantidade de luz que entra com a intensidade de luz que sai, medindo, também, a quantidade de luz que atravessa o filme (SANTOS, 2010). Após ser exposto a um sensitômetro de luz, o filme é revelado e levado a um densitômetro, a partir do qual podemos medir a densidade óptica ou o grau de enegrecimento em cada degrau. 64 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA FIGURA 26 – DENSITÔMETRO FONTE: <https://bit.ly/3e6kYKR>. Acesso em: 4 fev. 2021. • Termômetro digital: Serve para avaliar a temperatura do revelador; não se deve usar termômetro de mercúrio, pois pode estourar e danificar a processadora. • Fotômetro: É um dispositivo que serve para avaliar a intensidade de luz emitida pela superfície do negatoscópio ou da luz-ambiente. • Lupa: Deve ter um aumento de cinco a oito vezes para avaliar a resolução espacial. • Espuma de alta densidade: Para avaliar o alinhamento da placa de compressão. • Tela ou malha de cobre: Para avaliar o contato do filme com o écran. • Balança de piso: Para poder avaliar a força de compressão do mamógrafo. • Cronômetro digital: Para avaliar, com exatidão, a reprodutibilidade do tempo de exposição, e medir o tempo de processamento do filme. • Negatoscópio: Para visualizar as estruturas do simulador. • Conjunto de cassetes com caixa de filmes virgens: Para reprodução dos testes. 3.1 SIMULADOR RADIOGRÁFICO DE MAMA “PHANTOM” Na mamografia, a qualidade da imagem deve ser avaliada pelo simulador radiográfico, o “Phantom”, sendo determinado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). O principal objetivo desse teste é avaliar o contraste e a definição da imagem. De acordo com Aguillar (2009), simula a mama comprimida entre quatro e cinco cm, possuindo, no interior, detalhes que produzem imagens radiograficamente semelhantes a estruturas normais e anormais presentes na mama (microcalcificações, fibras, áreas de baixo contraste e massas tumorais). TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 65 FIGURA 27 – A, O SIMULADOR DE ACREDITAÇÃO DO COLÉGIO AMERICANO DE RADIOLOGIA (ACR); B, RADIOGRAFIA DO SIMULADOR FONTE: Adaptada de Bushong (2010) Segundo Aguillar (2009), para se realizar esse teste, o mamógrafo deve ser ajustado nas seguintes condições: • Kilovoltagem no tubo de raios-X: 28 kY. • Bandeja de compressão: em contato com o simulador de mama. • Simulador de mama: 50 mm de espessura e posicionado como uma mama. • Grade antidifusora: presente. • Controle automático de exposição (A EC): ligado. • Câmara sensora do AEC: na 2ª posição mais próxima da parede torácica. • Controle da densidade óptica: posição central. Nesse estudo de qualidade da imagem, devem ser avaliados, na imagem obtida do simulador radiográfico: definição da imagem ou resolução espacial, detalhes de alto contraste, limiar de baixo contraste, detalhes lineares de baixo contraste ou tecido fibroso, massas tumorais e densidade óptica de fundo, com frequência mensal. 66 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA FIGURA 28 – SIMULADOR RADIOGRÁFICO PARA MAMA, CONTENDO AS ESTRUTURAS: MASSAS (A), MICROCALCIFICAÇÕES (B), DISCOS DE BAIXO CONTRASTE (C), FIBRAS (O), ESCALA DE CONTRASTE (E) E GRADES METÁLICAS DE ALTO CONTRASTE (F) FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Método de realização do teste, de acordo com Aguillar (2009): • Deve-se expor o simulador com a técnica de 28 kV, usando o controle automático de exposição. Revelar e posicionar o filme no negatoscópio. • Utilizar a lupa de ampliação de oito vezes, observando se as quatro grades metálicas com as resoluções espaciais aproximadas de 4,6,8 e 12 pares de linhas por milímetro (pl/mm) são vistas com definição. Observar, também, se são vistos os quatro grupos de microcalcificações de 0,45 mm, 0,35 mm, 0,30 mm e 0,25 mm de diâmetro. • Devem ser vistos os sete discos de poliéster com diâmetro de 6,0 mm e espessuras de 0,8 mm, 0,7 mm, 0,6 mm, 0,5 mm, 0,4 mm, 0,3 mm e 0,2 mm, que simulam áreas ou lesões com baixo contraste em relação à região vizinha. • Devem ser vistos quatro fios de nylon com 1 cm de comprimento e diâmetros de 1,4 mm, 1,2 mm, 0,8 mm e 0,7 mm, que simulam extensões do tecido fibroso. Devem ser vistas quatro calotas esféricas de nylon de diferentes diâmetros e espessuras, com 0 10,0 x 2,0 mm, 08,0 x 1,5 mm, 0 7,0 x 1,0 mm e 0 6,0 x 0,75 mm,que simulam massas tumorais. • Deve-se fazer a leitura das densidades ópticas das cinco regiões da escala de contraste, além de construir um gráfico das leituras da densidade óptica de cada degrau em função do número do degrau. • Medir a densidade óptica de fundo em um ponto da imagem do Phantom, situado a 6 cm da parede torácica e centrado lateralmente no filme. Verificar se o valor da densidade óptica está entre 1,30 e 1,80. TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 67 FIGURA 29 – LIMITES DE ACEITAÇÃO PARA VISIBILIZAÇÃO DOS OBJETOS DE TESTE NO PHAN- TOM PARA AVALIAÇÃO DOS LIMIARES DE DEFINIÇÃO E CONTRASTE DA IMAGEM FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 68 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA LEITURA COMPLEMENTAR INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 54, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019 Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Diretoria Colegiada INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 54, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019 Dispõe sobre requisitos sanitários para a garantia da qualidade e da segurança de sistemas de mamografia, e dá outras providências. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das atribuições que confere o Art. 15, III e IV, aliado ao Art. 7º, III e IV, da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e ao Art. 53, VI, nos §§ 1º e 3º do Regimento Interno aprovado pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC n° 255, de 10 de dezembro de 2018, em reunião realizada em 17 de dezembro de 2019, resolve: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS Art. 1º Esta Instrução Normativa estabelece requisitos sanitários para a garantia da qualidade e da segurança de sistemas de mamografia, além da relação mínima de testes de aceitação e de controle de qualidade que devem ser realizados pelos serviços de saúde, determinando respectivas periodicidades, tolerâncias e níveis de restrição, conforme Anexo I desta Instrução Normativa. Parágrafo único. O rol de testes do Anexo I desta Instrução Normativa deve ser complementado pelos testes de aceitação e de controle de qualidade estabelecidos pelo fabricante do sistema avaliado e pelas demais normativas aplicáveis. Seção I Das características dos equipamentos Art. 2º Todo equipamento de mamografia deve possuir: I - blindagem no cabeçote, de modo a garantir nível mínimo de radiação de fuga, restringida à taxa de kerma no ar de 1 mGy/h (um miligray por hora) a 1 (um) metro do ponto focal, quando operado em condições de ensaio de fuga, comprovada com certificado de adequação emitido pelo fabricante na instalação do tubo de raios-X; TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 69 II - o requisito de que trata o inciso I deste artigo se aplica à radiação de fuga através do sistema de colimação; III - filtração total permanente mínima do feixe útil de radiação equivalente a 0,03 mm (três centésimos de milímetro) de molibdênio; IV - dispositivo para manter compressão firme na mama para assegurar espessura uniforme na porção radiografada, de modo que: a) a placa de compressão produza atenuação de, no máximo, o equivalente a 2 mm (dois milímetros) de Polimetil-Meta-Acrilato (PMMA), comprovada com certificado de adequação emitido pelo fabricante na instalação do tubo de raios-X; b) o sistema automático garanta força de compressão do dispositivo entre 110 (cento e dez) e 180 (cento e oitenta) Newtons (N), indicando o valor da compressão. V - suporte de receptor de imagem com transmissão menor que 1mGy (um microgray) por exposição a 5 cm (cinco centímetros), sem a presença da mama, para valores máximos de kVp e mAs empregados, comprovado com certificado de adequação emitido pelo fabricante na instalação do tubo de raios-X; VI - tubo de raios-X especificamente projetado para mamografia; VII - gerador de alta frequência; VIII - controle automático de exposição; IX - distância foco-pele não inferior a 50 cm (cinquenta centímetros); X - tamanho nominal do ponto focal não superior a 0,4 mm (quatro décimos de milímetro); e XI - sistema para indicar a espessura da mama comprimida, para equipamentos comercializados após a publicação desta Instrução Normativa. Art. 3º O painel de controle deve possuir indicação clara de quando se utiliza o controle automático de exposição. Art. 4º No painel de controle do equipamento, a terminologia e os valores dos parâmetros de operação devem estar exibidos em linguagem ou simbologia internacionalmente aceita, compreensível para o usuário. Art. 5º A emissão de raios-X, enquanto durar a exposição, deve ser indicada por sinal sonoro e luminoso no painel de controle do aparelho. Seção II Dos requisitos de desempenho e aceitação Art. 6º São condições dos procedimentos e equipamentos de mamografia que inabilitam seu uso: I - equipamento sem sistema de colimação ou sistema sem funcionar; II - equipamento sem filtração adicional; III - equipamento sem indicação, no painel de controle, dos parâmetros básicos (Tensão (kVp), Corrente (mA) e Tempo (s) ou o produto corrente x tempo (mAs)); 70 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MAMOGRAFIA IV - equipamento sem sistema automático de compressão; V - equipamento sem bandeja de compressão, com bandeja danificada ou sem fixação; VI - equipamento sem Controle Automático de Exposição (CAE) ou com CAE sem funcionar; VII - equipamento com distância foco-pele menor que 50 cm (cinquenta centímetros); VIII - suporte de receptor de imagem (bucky) sem grade antidifusora, exceto sistemas de magnificação; IX - revelação manual; X - mais de 1 (um) equipamento instalado na mesma sala; XI - utilizar negatoscópios que não sejam específicos para mamografia, quando o serviço realizar diagnóstico e laudo por meio de filme; XII - utilizar monitor para diagnóstico e laudos que não sejam específicos para mamografia; e XIII - utilizar processadora não específica e exclusiva para mamografia convencional, quando o serviço utilizar essa modalidade. Art. 7º Os testes de controle de qualidade devem ser realizados com as respectivas periodicidades, tolerâncias e níveis de restrição estabelecidos no Anexo I desta Instrução Normativa, e em conformidade com as demais normativas aplicáveis. § 1º Para serviços de mamografia em unidades itinerantes, os testes do Anexo I desta Instrução Normativa devem ser realizados, no máximo, semestralmente, com exceção da avaliação da qualidade da imagem, que deve ser realizada diariamente. § 2º A avaliação diária da qualidade da imagem pode ser realizada por profissionais do próprio serviço, desde que treinados e legalmente habilitados para tais funções. CAPÍTULO II DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 8º Os serviços de saúde abrangidos por esta Instrução Normativa terão o prazo de 12 (doze) meses contados da data da sua publicação para adequação ao disposto nesta Instrução Normativa. Art. 9º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. WILLIAM DIB Diretor-Presidente ANEXO I (Disponível na apostila pg.61 da apostila) ANEXO II TÓPICO 4 — CONTROLE DE QUALIDADE EM MAMOGRAFIA 71 DOSE GLANDULAR MÉDIA (DGM) PARA MAMOGRAFIA ANEXO III RAZÃO CONTRASTE RUÍDO (CNR) Espessura (cm) DGM (mGy) PMMA Mama equivalente Referência Tolerância 2 2,1 0,6 < 1,0 3 3,2 1,0 < 1,5 4 4,5 1,6 < 2,0 4,5 5,3 2,0 < 2,5 5 6 2,4 < 3,0 6 7,5 3,6 < 4,5 Espessura de PMMA (cm) Níveis de tolerância de CNRrel (%) Níveis de restrição CNRrel (%) 2 ³ 115 < 105 3 ³ 110 < 100 4 ³ 105 < 95 4,5 ³ 103 < 93 5 ³ 100 < 90 6 ³ 95 < 85 7 ³ 90 < 80 72 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que: • O controle de qualidade nada mais é que uma série de testes que devem ser realizados para que se mantenha a eficácia do equipamento utilizado, de acordo com os padrões de qualidade de imagem necessários. • O objetivo do programa de controle de qualidade é obter imagens de qualidade para um diagnóstico preciso, reduzindo a dose desnecessária nos pacientes com a redução do número de repetições dos exames. • Na mamografia, a qualidade da imagem deve ser avaliada pelo simulador radiográfico,o “Phantom”, sendo determinado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR). O principal objetivo desse teste é avaliar o contraste e a definição da imagem. • O Art. 1º, da IN 54, estabelece os requisitos sanitários para a garantia da qualidade e da segurança de sistemas de mamografia, assim como a relação mínima de testes de aceitação e de controle de qualidade que devem ser realizados pelos serviços de saúde, determinando respectivas periodicidades, tolerâncias e níveis de restrição. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 73 1 A equipe responsável pelo controle de qualidade do serviço de mamografia é composta pelo técnico ou tecnólogo em radiologia, médico radiologista e físico médico. Cada um possui responsabilidades diferentes dentro do programa. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, acerca da responsabilidade que compete ao técnico em radiologia: a) ( ) A principal função do técnico em radiologia é supervisionar todo o programa de controle de qualidade. b) ( ) Avaliação da resolução espacial, acurácia da reprodutibilidade do kVp. c) ( ) Avaliação da imagem do simulador de mama, avaliando as propriedades fotográficas da imagem, como densidade, contraste e definição da imagem. d) ( ) Avaliação da qualidade do feixe, avaliação de desempenho e reprodutibilidade do controle automático de exposição. 2 Em todas as áreas que utilizam equipamentos com tecnologia mais avançada, faz-se necessário um controle de qualidade, que garante que o equipamento trabalhe obtendo resultados desejáveis. Na mamografia, não seria diferente, pois, para que tenhamos imagens com qualidade, os equipamentos devem estar funcionando adequadamente. Para que tudo isso aconteça, existem normativas vigentes, para que todos os serviços possam se basear. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir: I- O Art. 1º, da IN 54, estabelece os requisitos sanitários para a garantia da qualidade e da segurança de sistemas de mamografia. II- O Art. 1º, da IN 54, também estabelece a periodicidade, de acordo com os testes que devem ser realizados, e tipo de equipamento. III- O Art. 1º, da IN 54, estabelece a relação mínima de testes de aceitação e de controle de qualidade que devem ser realizados pelos serviços de saúde, determinando respectivas periodicidades, tolerâncias e níveis de restrição. IV- O Art. 1º, da IN 54, estabelece requisitos sanitários para a garantia da qualidade e da segurança em sistemas de densitometria óssea médica, além da relação mínima de testes de aceitação e de controle de qualidade, que devem ser realizados pelos serviços de saúde. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 74 3 Existem alguns acessórios/equipamentos que são necessários para a reali- zação dos teste de controle de qualidade dos mamógrafos, principalmente, no que diz respeito a equipamentos analógicos, pois demandam um cuida- do maior por causa da câmara escura, processadora, químicos, velamentos de filmes e artefatos gerados pelo manuseio inadequado dentro da câmara escura, ou, até mesmo, por falta de limpeza do ambiente. O Phantom é um dos acessórios utilizados em todos os tipos de equipamentos, assim, a res- peito dele, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) O Phantom é um equipamento digital ou eletrônico que serve para medir a densidade óptica ou o grau de enegrecimento dos filmes radiográficos. ( ) O Phantom serve para avaliar o alinhamento da placa de compressão. ( ) O principal objetivo do Phantom é avaliar o contraste e a definição da imagem. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Em todas as áreas que utilizam equipamentos com tecnologia mais avançada, faz-se necessário um controle de qualidade, que garante que o equipamento trabalhe, obtendo resultados desejáveis. Na mamografia, não seria diferente, pois, para que tenhamos imagens com qualidade, os equipamentos devem estar funcionando adequadamente. Para que esse programa seja implementado de forma eficaz, são necessários alguns requisitos a serem seguidos por toda equipe, cite-os. 5 Para realizar os testes de controle de qualidade dos equipamentos de mamografia, são necessários alguns dispositivos, o principal seria o Phantom, ou simulador radiográfico de mama. Na mamografia, a qualidade da imagem deve ser avaliada por esse simulador, sendo determinado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia. De acordo com esse assunto, descreva o principal objetivo e a função desse simulador. 75 REFERÊNCIAS AGUILLAR, V. L. N. Diagnóstico por imagem: mamografia, ultrassonografia, ressonância magnética. Rio de Janeiro: Ed. Revinter,2009. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos: física, biologia e prote- ção. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. BRASIL. Colégio Brasileiro de Radiologia. Nota de esclarecimento do CBR, SBM e FEBRASGO sobre publicações falsas a respeito da mamografia. São Paulo: Ed. CBR, 2020. Disponível em: https://cbr.org.br/wp-content/uplo- ads/2020/09/Nota-de-esclarecimento-do-CBR-SBM-e-FEBRASGO-sobre-publi- ca%C3%A7%C3%B5es-falsas-a-respeito-da-mamografia.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020. BRASIL. Resolução RDC nº 330. 2019. 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Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ANATOMIA MAMÁRIA TÓPICO 2 – PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS TÓPICO 3 – EXAME DE MAMOGRAFIA TÓPICO 4 – INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 78 79 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, iniciaremos este tópico com uma breve introdução acerca da anatomia da mama, que será o nosso foco principal. Esse estudo é de grande importância, pois não temos como entender técnicas e patologias sem conhecer a estrutura básica da mama. A mama é uma glândula sudorípara modificada, formada por parte glandular, gordura, elementos fibrosos e uma rede vascular. Elas são responsáveis pela produção de leite e são consideradas órgãos sexuais assessórios. Desenvolvem- se a partir da crista mamária no embrião e têm, como principal função, a secreção de leite, para nutrir o recém-nascido. A mama é envolvida por uma rede de nódulos linfáticos que faz parte do sistema imunológico. Os linfonodos axilares atuam como uma série de filtros entre a mama e a circulação venosa. A glândula mamária é, também, chamada de parênquima, e possui ductos e lobos que não são diferenciados na mamografia. A gordura recobre toda a mama e é dividida em camada adiposa anterior e camada adiposa posterior. Os elementos fibrosos sustentam a mama e, para isso, circundam e atravessam-na (INCA, 2019). O desenvolvimento mamário começa na 5º semana do período embrionário. Entre a 7º e 8º semana, ocorre uma invaginação do mesênquima da parede torácica. Na 16º semana, desenvolvem-se e se ramificam os ramos epiteliais. Da 20º a 32º semana, os hormônios sexuais placentários, que entram na TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA Acadêmico, a glândula sudorípara é um tipo de glândula exócrina, ou seja, libera a secreção por meio de ductos na superfície livre do corpo (superfície do corpo ou luz de órgãos). NOTA UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 80 circulação fetal, induzem à canalização das gemas epiteliais, formando os ductos mamários. Entre a 32º e a 40º semana, há a diferenciação do parênquima, com a formação dos lóbulos. Ao nascer, a mama está completa e as glândulas mamárias rudimentares de ambos os sexos são idênticas, permanecendo subdesenvolvidas até a puber- dade. Nas meninas, a mama começa a crescer entre 9 e 11 anos, devido ao desenvolvimento glandular e ao acúmulo de gordura. O estrógeno estimula o crescimento do sistema ductal, cujo desenvolvimento se completa por volta dos 20 anos. Nos meninos, durante a puberdade, também pode ocorrer desenvolvimento com aumento da mama, mas é temporário, e deve desaparecer em um ou dois anos. 2 ANATOMIA EXTERNA DA MAMA A mama está situada na porção anterior do tórax, sobre o músculo peitoral e se origina na altura da clavícula, entre o 2º e 3º arco costal. Tem, como limite medial, a margem lateral do esterno e, lateralmente, a linha axilar anterior (AGUILLAR, 2009). A junção da porção inferior da mama e da parede anterior do tórax é chamada de prega ou de sulco inframamário, e o conjunto de tecidos, envolvendo a lateral do músculo peitoral, é denominado de cauda ou prolongamento axilar (BONTRAGER, 2015). Veja, a seguir, cada uma das limitações: • Lateral: linha axilar anterior. • Medial: borda lateral do esterno. • Superior: terceiro arco costal, próximo à clavícula. • Inferior: sexto e sétimo arcos costais. TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA 81 FIGURA 1 – ESTRUTURAS EXTERNAS, LIMITES E DIÂMETRO DA MAMA FONTE: O autor Na maioria das mulheres, o diâmetro mediolateral do tórax é maior do que o diâmetro craniocaudal e pode variar entre 12 e 15 centímetros na parede da mama. O tecido mamário se sobrepõe à cartilagem costal próxima ao esterno, estendendo-se até a axila. Na porção central da mama, encontramos o mamilo ou a papila, que apresenta uma forma cilíndrica e contém de 15 a 20 aberturas correspondentes a ductos lactíferos de glândulas secretoras presentes no interior da mama. O corpo da papila é formado por fibras de músculo liso, organizadas de forma circular e longitudinal. Quando elas se contraem, provocam a ereção da papila, causando o esvaziamento dos duetos galactóforos. Em volta do mamilo, fica a aréola, que corresponde a uma área circular de pigmentação escura e apresenta de 10 a 15 pequenos nódulos subcutâneos, chamados de tubérculos de Morgagni. Durante o período de lactação, passam a se chamar de tubérculos de Montgomery e atuam, aumentando a lubrificação e facilitando a sucção do leite. A aréola se torna mais escura durante a gestação, servindo de guia visual para o recém-nascido. Acadêmico, a maior mobilidade da mama é inferior para superior e lateral para medial (Consideração essencial no posicionamento da mama para o exame). NOTA UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 82 A pigmentação da aréola e da papila está relacionada com o nível de estrógenos. Esses hormônios estão presentes de forma mais acentuada em mulheres jovens e, por isso, a pigmentação pode se tornar mais clara na menopausa, assim como pode se tornar mais intensa com a administração de estrógenos em qualquer idade (AGUILLAR, 2009). FIGURA 2 – PAPILA, ARÉOLA MAMÁRIA E ESTRUTURAS FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 2.1 ANATOMIA INTERNA DA MAMA Acadêmico, segue um corte sagital. Podemos avaliar a parte interna da mama com as estruturas macroscópicas e a relação da glândula mamária com as estruturas subjacentes da parede do tórax. FIGURA 3 – CORTE SAGITAL DA MAMA, COM VISUALIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS MACROSCÓPICAS FONTE: O autor TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA 83 Conseguimos observar o músculo peitoral maior sobrepondo a parede torácica e uma camada de tecido fibroso recobrindo, e se estendendo até abaixo da superfície da pele, envolvendo o tecido mamário. A área que separa o músculo peitoral da glândula mamária é chamada de espaço retromamário. Na figura anterior, também podemos visualizar a localização do tecido glandular e adiposo. As quantidades dos tecidos glandular e adiposo variam de pessoa para pessoa, tendo, como fatores determinantes, a genética e a idade. Sabemos que a mama é uma estrutura glandular com tecidos fibrosos que estão em sua volta e a atravessam. Segundo Aguillar (2009), é totalmente envolvida por uma fáscia, a qual se origina da fáscia subcutânea e que, na mama, divide-se em fáscias superficial e profunda. É responsável por envolver os elementos estromais, epiteliais e glandulares. O tecido conjuntivo entra em cada lobo, dividindo-o em lóbulos e envolvendo cada unidade secretora. Assim, o tecido mamário é formado de estromas fibroso e adiposo, que sustentam as unidades secretórias fisiológicas da mama e os condutos, os lóbulos e os ductos. Esse tecido estromal fibroso envelopa estruturas que são denominadas de ligamento de Cooper. Esses ligamentos, quando estão no espaço adiposo subcutâneo, fixam as estruturas à subderme, passando a ser chamados de cristas de Duret. De acordo com Aguillar (2009), o tecido mamário, por estar fixado à pele pelas cristas de Duret, não apresenta separação completa de pele pelo espaço adiposo subcutâneo, sendo que o epitélio ductal pode ser encontrado logo abaixo.Isso impede que a mastectomia subcutânea possa ser completa, não eliminando, totalmente, o risco de câncer. Isso também acontece com o espaço retromamário. Ele é composto por tecido adiposo que separa a glândula mamária do plano muscular na parede anterior do tórax. É, também, denominado de bolsa adiposa de Schassagnac. A fáscia peitoral não isola a mama do músculo peitoral e o câncer pode se estender através dos linfáticos e penetrar na parede torácica (AGUILLAR, 2009). Acadêmico, elementos estromais são tecidos adiposos e tecidos conjuntivos que envolvem ductos e lobos, vasos sanguíneos e vasos linfáticos. NOTA UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 84 Acadêmico, no subtópico a seguir, você entenderá um pouco mais a respeito da subdivisão e da função dessas estruturas menores da mama e que fazem parte do estudo histológico e que muitas vezes não podem ser diferenciadas nos exames de mamografia. ESTUDOS FU TUROS Antes de seguirmos para o próximo subtópico, veja figuras que apresentam cada uma das estruturas citadas. FIGURA 4 – ESTRUTURAS INTERNAS DA MAMA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) A primeira figura corresponde a uma vista lateral, que mostra o tecido adiposo retromamário e a musculatura peitoral. A segunda apresenta a arquitetura normal da mama, e os lobos se estendem da papila em um padrão radial e os ductos seguem esse mesmo padrão. 2.1.1 Histologia da mama A mama é formada por ductos, ácinos ou dúctulos que formam os lóbulos, elementos de sustentação, tecido adiposo, vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Acadêmico, a partir de agora, entenderemos como se dão a formação e a localização das estruturas que formam a mama. TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA 85 Iniciaremos entrando na mama através da papila: estamos na papila, entrando em um ducto principal. Esse ducto apresenta, próximo à papila, uma dilatação, chamada de ampola ou seio lactífero, que é recoberto por epitélio escamoso. Quando a mama está em repouso, a ampola está preenchida por restos epiteliais que obstruem a abertura dos ductos na superfície da papila, prevenindo a saída de pequenas quantidades de líquidos produzidos pelos ductos e lóbulos, o que ajuda a prevenir, também, a entrada de material externo dentro das estruturas (AGUILLAR, 2009). Depois da ampola, os ductos começam a se ramificar em ramos de comprimentos diversos que se estendem, posteriormente, na mama, em ductos menores, e terminam em dúctulos ou ácinos. De acordo com Aguillar (2009), o ramo final do segmento do ducto, antes de entrar no lóbulo, é chamado de ducto terminal extralobular, assim como a porção final do ducto dentro do lóbulo é chamada de ducto terminal intralobular. O ducto terminal extralobular e o lóbulo correspondente, com o ducto terminal intralobular, são chamados de Unidade Ductal Lobular Terminal (UDLT), considerada a estrutura mais importante da mama. Para Aguillar (2009), o conjunto de ductos, que se ramifica da papila até a UDTL, define um território de drenagem. O volume drenado por cada grupo de ramificações é considerado lobo ou segmento da mama. O lobo é composto por 10 a 100 lóbulos. O número e o tamanho dos lóbulos variam muito, e, normalmente, são maiores e mais numerosos na juventude. Podemos observar algumas das estruturas já citadas a seguir: FIGURA 5 – ESTRUTURAS E UNIDADES INTERNAS DA MAMA FONTE: O autor UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 86 Agora, falaremos dos ácinos, que são as unidades secretórias da mama. Durante a gestação, essas unidades ficam dilatadas e ocupam uma grande parte da mama, secretando leite, o qual é levado aos ductos maiores. Após a gestação e a lactação, voltam ao tamanho normal e sofrem apenas alterações sutis, dependendo da fase dos ciclos menstruais. Os ductos e os lóbulos são revestidos por uma única camada de células epiteliais cuboides ou cilíndricas, ductais ou lobulares. Envolvendo-as, há uma camada de células mioepiteliais, que têm a função de se contrair para facilitar a mobilização de secreções. De acordo com Aguillar (2009), o revestimento mioepitelial é envolvido por uma fina camada de colágeno ou membrana basal. O tecido conjuntivo intralobular é composto por muitas células e contém poucas fibras colágenas e um pouco de gordura. Apesar de ter origem fibrosa, é considerado uma porção do parênquima, pois se distende quando ocorre a hipertrofia do epitélio glandular durante a gestação e a lactação, apresentando variação, de acordo com as alterações hormonais. A divisão anatômica que temos entre o estroma e o parênquima é a membrana basal, porém, como o tecido conjuntivo intralobular acompanha as alterações hormonais, é considerado parênquima. O estroma consiste no tecido colagenoso denso interlobular e possui grandes vasos sanguíneos, nervos, vasos linfáticos e quantidades variadas dos tecidos adiposo e conjuntivo, produzindo as limitações pouco definidas entre os lóbulos e os lobos da glândula (AGUILLAR, 2009). FIGURA 6 – UNIDADE TERMINAL DUCTO-LOBULAR FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA 87 O ducto principal se ramifica em ductos menores e os ductos terminais extra e intralobular terminam em "dedos de luva", constituindo os dúctulos ou ácinos. 3 COMPOSIÇÃO GERAL DA MAMA A descrição da composição geral da mama é uma avaliação geral do volume do tecido (epitelial e conjuntivo) que atenua os feixes de raios-X. A composição mamária sugere a possibilidade de uma lesão ficar oculta pelo tecido normal. A densidade do tecido mamário pode comprometer a sensibilidade do exame. Algumas áreas menores de concentração de tecido denso podem estar presentes em mamas adiposas, e também podemos evidenciar 10% de tecido adiposo em uma mama com 90% de tecido denso (COLÉGIO BRASILEIRO DE RADIOLOGIA, 2016). Como já citado na unidade anterior, os achados mamográficos não devem ser ignorados e devem ser avaliados, com mais cautela, em mamas densas. Existem quatro tipos de categorias para classificarmos o tecido mamário, de acordo com o sistema BI-RADS e o ACR (Colégio Americano de Radiologia), sendo determinados pela quantidade de tecido fibroglandular estimado visualmente nas mamas. Essas categorias são listadas em A, B, C e D, para que não sejam confundidas com o sistema de categorias de avaliação do BI-RADS, que veremos no tópico a seguir, com representação por números. Segundo o BI-RADS (2016), nos casos em que as mamas da mesma paciente possuírem densidades diferentes, a mama mais densa deve ser utilizada para a classificação. De acordo com esse sistema de condutas, a sensibilidade da mamografia em detectar lesões não calcificadas diminui, à medida que a categoria da densidade da mama aumenta. Quanto mais densa a mama, maiores são as chances de não ser detectada uma lesão oculta. Vejamos, a seguir, a classificação do tecido mamário e as categorias de composição da mama, de acordo com o BI-RADS (2016): • A- Mamas predominantemente adiposas. • B- Mamas com densidades fibroglandulares esparsas. • C- Mamas heterogeneamente densas, o que pode ocultar pequenos nódulos. • D- Mamas extremamente densas, o que diminui a sensibilidade da mamografia. • A- Mamas predominantemente adiposas: Nessa ocasião, a mamografia é extremamente sensível, a menos que uma área contendo lesão não esteja incluída no campo de imagem. UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 88 FIGURA 7 – MAMA PREDOMINANTEMENTE ADIPOSA FONTE: Adaptada de Colégio Brasileiro de Radiologia (2016) • B- Mamas com densidades fibroglandulares esparsas: Podem ser úteis para distinguir as mamas que apresentam poucas áreas de tecido com densidades fibroglandulares daquelas que apresentam um número moderado dessas áreas. FIGURA 8 – MAMA COM DENSIDADES FIBROGLANDULARES ESPARSAS FONTE: Adaptada de Colégio Brasileiro de Radiologia (2016) • C- Mamas heterogeneamente densas, o quepode ocultar pequenos nódulos: Não é raro que algumas áreas, nesse tipo de mama, sejam relativamente densas, enquanto outras sejam, principalmente, adiposas. Quando isso ocorre, pode TÓPICO 1 — ANATOMIA MAMÁRIA 89 ser útil que os médicos radiologistas possam descrever os locais de tecido mais densos em uma segunda leitura, para que o médico solicitante fique informado de que essas são áreas nas quais pequenas lesões não calcificadas podem estar ocultas. FIGURA 9 – MAMA HETEROGENEAMENTE DENSA, O QUE PODE OCULTAR PEQUENOS NÓDULOS FONTE: Adaptada de Colégio Brasileiro de Radiologia (2016) • D- Mamas extremamente densas, o que diminui a sensibilidade da mamografia: A sensibilidade da mamografia é menor nessa categoria de densidade. FIGURA 10 – MAMA EXTREMAMENTE DENSA, O QUE DIMINUI A SENSIBILIDADE DA MAMOGRAFIA FONTE: Adaptada de Colégio Brasileiro de Radiologia (2016) 90 Neste tópico, você aprendeu que: • A mama é uma glândula sudorípara modificada, formada por parte glandular, gordura, elementos fibrosos e uma rede vascular. Desenvolvem-se a partir da crista mamária no embrião e têm, como principal função, a secreção de leite, para nutrir o recém-nascido. • A glândula mamária é, também, chamada de parênquima, e possui ductos e lobos, que não são diferenciados na mamografia. A gordura recobre toda a mama e é dividida em camada adiposa anterior e camada adiposa posterior. Os elementos fibrosos sustentam a mama e, por isso, circundam e atravessam-na. • A mama está situada na porção anterior do tórax, sobre o músculo peitoral e se origina na altura da clavícula, entre o 2º e 3º arcos costais. Apresenta, como limite medial, a margem lateral do esterno e, como limite lateral, a linha axilar anterior. • A mama é uma estrutura glandular com tecidos fibrosos que estão em sua volta e a atravessam. Ela é totalmente envolvida por uma fáscia, que se origina da fáscia subcutânea e que se divide em fáscias superficial e profunda, envolvendo os elementos estromais, epiteliais e glandulares. • Histologicamente, a mama é formada por ductos, ácinos ou dúctulos, que formam lóbulos, elementos de sustentação, tecido adiposo, vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. • Existem quatro tipos de categorias para classificarmos o tecido mamário, de acordo com o sistema BI- RADS e o ACR (Colégio Americano de Radiologia), sendo determinados pela quantidade de tecido fibroglandular estimado, visualmente, dentro das mamas. RESUMO DO TÓPICO 1 91 1 A glândula mamária é, também, chamada de parênquima, formada por ductos e lobos, que não são diferenciados na mamografia. A gordura recobre toda a mama e é dividida em camada adiposa anterior e camada adiposa posterior. Os elementos fibrosos sustentam a mama e, por isso, circundam e atravessam-na. Além das estruturas citadas, a mama é composta por? Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) parte glandular, gordura, elementos fibrosos e uma rede vascular. b) ( ) parte fibrosa, gordura, elementos cartilaginosos e uma rede extralobular. c) ( ) parte de gordura, elementos fibrosos e uma rede vascular de gordura. 2 A mama é uma estrutura muito sensível e que faz parte do corpo humano. Nas mulheres, além de servir para amamentação, também é considerada um órgão sexual acessório. De acordo com a função ou a localização de algumas estruturas presentes na mama, analise as sentenças a seguir: I- A área que separa o músculo peitoral da glândula mamária é chamada de espaço extramamário. II- Os tubérculos de Montgomery atuam, aumentando a lubrificação e facilitando a sucção do leite. III- A pigmentação da aréola e da papila está relacionada com o nível de estrógenos, hormônio que está presente, de forma mais acentuada, em mulheres jovens. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Podemos considerar que a mama possui alguns limites anatômicos que nos ajudam na hora de avaliá-la externamente, além de auxiliar nos posicionamentos mamográficos. De acordo com o que vimos acerca desses limites da mama, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Medial: linha axilar anterior. ( ) Lateral: borda lateral do esterno. ( ) Superior: do segundo ao terceiro arco costal, próximo à clavícula. ( ) Inferior: sexto e sétimo arcos costais. AUTOATIVIDADE 92 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – F – F. b) ( ) V – F – F – V. c) ( ) F – V – F - F. d) ( ) F – F – V – V. 4 A descrição da composição geral da mama é uma avaliação geral do volume de tecido que atenua os feixes de raios-X (epitelial e conjuntivo), e isso sugere a possibilidade de uma lesão ficar oculta pelo tecido normal. De acordo com as classificações do BI-RADS, cite as quatro categorias de classificação do tecido mamário. 93 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Patologias podem acometer a mama de várias formas, algumas vezes, com lesões benignas e malignas. Além das doenças, há, também, algumas alterações de desenvolvimento da mama que podem ser visualizadas desde o nascimento, e outras que acontecem durante a puberdade. 2 ALTERAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO DA MAMA As mamas podem apresentar uma gama de anomalias de desenvolvimento. Essas variações são alterações individuais e que não representam, necessariamente, uma doença. Vamos conferir alguns exemplos de anomalias de desenvolvimento, de acordo com o Inca (2019): • Hipoplasia: Nesse caso, a mama é menor e mais leve, pela redução da atividade formadora dos órgãos e dos tecidos. • Agenesia da musculatura peitoral (síndrome de Poland): É a ausência completa ou parcial da musculatura peitoral. Observe, a seguir, um caso de agenesia da musculatura peitoral à direita, caracterizando a síndrome de Poland. FIGURA 11 – SÍNDROME DE POLAND FONTE: Adaptada de Inca (2019) TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 94 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS • Parênquima mamário ectópico: Também chamado de mamas acessórias, são frequentemente consideradas como um problema estético. Por conterem glândulas mamárias, podem ser alvo de algumas alterações benignas ou malignas. Até mesmo, porque respondem às variações hormonais fisiológicas, estando sujeitas aos mesmos agentes carcinógenos. Um dos locais mais comuns do parênquima mamário acessório é a região axilar. Pode se apresentar como massa palpável, mas de consistência amolecida, assim como a mama. A localização do parênquima ectópico, no sulco inframamário, é menos frequente. É comum o parênquima ectópico aparecer na puberdade e aumentar durante a gestação. Segue um exemplo de parênquima ectópico: FIGURA 12 – EXEMPLO DE PARÊNQUIMA ECTÓPICO NA REGIÃO AXILAR FONTE: Adaptada de Inca (2019) • Amastia: Quando é evidenciada uma ausência completa da mama, que pode ser congênita ou por cirurgia. • Assimetria da mama: Nessa condição, as mamas se desenvolvem de maneira desigual, gerando uma importante diferença de tamanho. • Politelia: É caracterizada pela presença de papilas em número maior do que o de glândulas mamárias. A incidência da politelia, na população geral, varia entre 0,4% e 6%. 3 DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA Acadêmico, neste momento, abordaremos as lesões benignas que mais acometem a mama e que se apresentam de várias formas nos exames de imagem. A maior parte dessas lesões está relacionada com o estímulo hormonal e com o período pré-menopausa, e não está associada ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama subsequente. TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 95 De acordo com o Inrad (2017), o objetivo principal da mamografia é diagnosticar o câncer de mama e, por esse motivo,o assunto de lesões benignas não é tão abordado. O importante é que o médico radiologista saiba diferenciá- las de lesões malignas, para que possa evitar exames complementares e biópsias desnecessárias. Veremos, a seguir, alguns exemplos de doenças que são consideradas benignas, de acordo com o Inca (2019): • Alterações fibrocísticas: Caracterizadas pelo aparecimento de cistos nas mamas, muitas vezes, múltiplos e de tamanhos variados. • Doenças inflamatórias e infecciosas: Dentre as doenças infecciosas e inflamatórias mamárias, destacam-se a mastite e os abscessos que, no geral, são causadas por uma ruptura da interface do epitélio do complexo areolopapilar, com disseminação retrógrada de microrganismos. Clinicamente, apresentam- se como vermelhidão e aumento da mama, podendo cursar com febre e dor intensa. No caso de abscesso, pode haver drenagem espontânea de coleção purulenta. Alterações neoplásicas benignas representam proliferações celulares sem atipias, ou seja, com as mesmas características genéticas das encontradas nas células sadias da mama. De acordo com o Inca (2019), são exemplos de neoplasias benignas da mama: • Fibroadenoma: tumor benigno, caracterizado por proliferação de elementos estromais e glandulares. É um tumor muito comum na mulher jovem. • Fibroadenolipoma: proliferação benigna, contendo glândula, elementos fibrosos e adiposos. É um tumor encapsulado por fina camada conectiva e tem consistência macia. • Adenose: alteração benigna representada pela mudança das características histológicas de um determinado tecido. No caso da mama, corresponde ao aumento do volume dos lóbulos mamários pelo aumento do número de ácinos. • Lesão esclerosante radial: constituída de elemento fibroso circundado por elementos epiteliais (dúctulos ou túbulos). Também pode ser chamada de cicatriz radial. 4 DOENÇAS MALIGNAS DA MAMA O carcinoma de mama é uma neoplasia multifatorial genética, pois se inicia com a mutação de uma única célula da unidade ductulobular e, a partir dessa alteração inicial, a mama fica mais susceptível a novos danos no material genético e a alterações nos mecanismos de reparo dessas modificações. É um processo de alta complexidade e que se desenvolve gradualmente, podendo sofrer interação de fatores endócrinos, nutricionais e ambientais (INCA, 2017). 96 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 4.1 CARCINOMA DUCTAL IN SITU E INVASIVO Segundo Aguillar (2009), o carcinoma ductal in situ ou não infiltrativo é considerado um carcinoma pré-invasivo, sendo caracterizado como uma etapa da sequência de eventos que precede o aparecimento do carcinoma invasivo. É importante sabermos que nem sempre esse processo é contínuo. Isso significa que nem todo carcinoma in situ deve evoluir para a forma invasiva. Temos que ter em mente que o diagnóstico de carcinoma in situ é um grande indicador para o risco de câncer de mama. O Carcinoma Ductal In Situ (CDIS) se caracteriza pela proliferação de células com características malignas encontradas em ductos ou em lóbulos, sem sinais de ultrapassagem da membrana basal (membrana-base do ducto ou lóbulo), com risco de progressão para o carcinoma invasor. O carcinoma ductal invasivo apresenta células tumorais que se proliferam além dos ductos e do tecido que os circunda. Algumas características clínicas e radiológicas estão mais relacionadas a esse tipo de tumor, como nódulos espiculados, retração da pele ou do mamilo e microcalcificações dentro ou fora do nódulo. Os fatores que caracterizam o grau das lesões são: o comprometimento axilar, o tamanho do tumor, o grau histológico, o grau nuclear, o comprometimento vascular e os receptores hormonais (AGUILLAR, 2009). 4.2 TIPOS HISTOLÓGICOS DE CARCINOMAS De acordo com Aguillar (2009), a classificação histológica de uma lesão deve ser baseada em características celulares e padrão de crescimento das células neoplásicas, para isso, não é considerado o local de origem da neoplasia. Referências, como ductal ou lobular, não se referem ao local de origem da neoplasia, mas definem os padrões de apresentação morfológica com critérios definidos pela Organização Mundial da Saúde e pelo College of American Pathologists. A maior parte dos carcinomas mamários é do tipo ductal, seguido pelo carcinoma lobular. Esses dois tipos juntos somam mais de 70% dos carcinomas. Mesmo que alguns tipos histológicos mais raros estejam associados a um comportamento biológico distinto e, consequentemente, necessitem de uma abordagem terapêutica especial, outras características morfológicas devem ser adicionadas à tipagem para melhorar a caracterização da evolução, como a graduação histológica (AGUILLAR, 2009). Dentre os tipos histológicos especiais, alguns possuem um comportamento biológico mais favorável em relação ao tipo ductal, como os carcinomas tubular, mucinoso do tipo coloide, cribriforme infiltrativo, secretor e adenocístico, enquanto outros possuem um comportamento mais agressivo, como o TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 97 metaplásico e o micropapilar invasivo. Os carcinomas medular, lobular forma clássica e papilífero invasivo têm comportamento intermediário em questão do prognóstico e o carcinoma ductal, que é similar aos lobulares não clássicos. Acadêmico, agora, veremos alguns tipos histológicos de carcinomas, segundo Aguillar (2009): • Carcinoma Lobular In Situ: Manifesta-se pela proliferação em um ou mais ductos terminais ou ácinos de uma população de células frouxamente aderidas. Pode progredir para um câncer invasivo em 25% a 35% dos casos. Ambas as mamas apresentam igual risco. • Carcinoma Lobular Invasivo: Representa cerca de 5% a 15% de todos os cânceres invasivos, sendo o segundo carcinoma mais frequente. É um tumor que preserva a arquitetura original da mama e se infiltra em cordões finos ao longo dos ductos e vasos dentro do estroma mamário. • Carcinoma Medular: Ocorre em mulheres mais jovens do que a média. É responsável por 0,5% dos carcinomas mamários. O tamanho típico é de dois a três centímetros de diâmetro, porém, alguns produzem grandes massas tumorais de cinco centímetros ou mais. São mais acessíveis à palpação externa. • Carcinoma Coloide (Mucinoso): Essa variante incomum (1% de todos os carcinomas) tende a ocorrer em mulheres de idade mais avançada e cresce lentamente, no decorrer de muitos anos. O tumor é extremamente mole, possui consistência e o aspecto gelatinoso, é bem circunscrito e pode imitar lesões benignas no exame físico e na mamografia. • Carcinoma Tubular: São neoplasias pequenas com menos de um centímetro de diâmetro. Em geral, são detectados como massas espiculadas na mamografia. O desenvolvimento tende a ocorrer na quarta década de vida. Os tumores são multifocais no interior de uma mama em 20% dos casos, ou bilaterais, em 9% a 38%. Esses tumores, que consistem, exclusivamente, em túbulos bem formados, são, algumas vezes, confundidos com lesão esclerosante benigna. • Carcinoma Papilar Invasivo: São raros e representam cerca de 2% dos carcinomas invasivos. A apresentação clínica se assemelha àquela dos carcinomas sem tipo especial, porém, o prognóstico global é mais satisfatório. • Tumor Filoides: Podem ocorrer em qualquer idade, mas, geralmente, aparecem 10 a 20 anos após o surgimento do fibroadenoma. É maligno, de baixo grau, sofre recidivas locais, com raros casos de metastatizar. Cistossarcoma Filoidese é, alguma vezes, utilizado para se referir a essas lesões, entretanto, a maioria dos tumores se comporta de modo relativamente benigno. • Sarcomas: Manifestam-se da mesma maneira no restante do corpo. Ocorre, também, diferenciação dos sarcomas em tumores filoides (estroma tecido conjuntivo) e carcinomas. Em geral, manifestam-se na forma de massas volumosas palpáveis. • Tumores Epiteliaisou Papiloma de Grandes Ductos: São, geralmente, lesões solitárias e se encontram nos ductos principais lactíferos. São classificadas como verdadeiras neoplasias, pois representam a proliferação clonal papilar de células epiteliais ductais. Mais de 80% delas se manifestam na forma de secreção sanguinolenta ou serosa unilateral espontânea, através do mamilo 98 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS (em 7% das mulheres, essa característica está associada ao carcinoma, e não mais ao papiloma benigno), enquanto o restante aparece como pequenas massas palpáveis ou densidades mamográficas. • Doença de Paget: Câncer de mama raro que se desenvolve no mamilo, iniciando nos ductos mamários e se disseminando para a pele do mamilo e auréola. Representa de 1 a 3% de todos os cânceres mamários. 4.3 SINAIS RADIOLÓGICOS DO CÂNCER DE MAMA, DE ACORDO COM O BI-RADS Existem alguns sinais radiológicos que podem sugerir grande probabi- lidade de uma lesão ser maligna. Por esse motivo, a presença de calcificações, nódulos, assimetrias, distorção arquitetural e dilatação ductal isolada deve ser avaliada com atenção. A seguir, falaremos um pouco de cada um desses achados e das características mais importantes a serem observadas. Calcificações: A presença de calcificações na mamografia pode ser um sinal de benignidade ou um sinal suspeito para malignidade. Tudo depende da avaliação das características. As calcificações benignas, normalmente, são grandes, grosseiras e fáceis de identificar. Já as associadas a lesões malignas, são menores e necessitam de incidências adicionais com ampliação ou o uso da lupa para avaliação. As calcificações podem ser classificadas de acordo com a morfologia e a distribuição. Iniciaremos destacando as características morfológicas relacionadas à benignidade e as relacionadas aos achados suspeitos. Morfologia: Calcificações benignas • Calcificações cutâneas: são calcificações que podem estar relacionadas a glândulas sebáceas e verrugas. A incidência adicional tangencial ou tomossíntese pode confirmar a localização na pele. • Calcificações vasculares: estão presentes na camada íntimas das artérias. Cuidado para não confundir com as calcificações lineares, as quais estão mais relacionadas a achados suspeitos. • Calcificações grosseiras ou semelhantes a uma “pipoca”: apresentam grande relação com o fibroadenoma no processo de involução. • Calcificações em bastão ou secretórias: são formadas na luz do ducto e são secundárias à mastite de células plasmocitárias. • Calcificações anelares: também podem ser conhecidas como “em casca de ovo” e apresentam centro radiotransparente. • Calcificações em leite de cálcio: alteram a morfologia, de acordo com a incidência (craniocaudal x perfil). Representam cálcio sedimentado no interior TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 99 de cistos que se depositam na incidência em perfil. • Calcificações fios de sutura: muitas vezes, apresentam o próprio formato e aspecto do fio de sutura. • Calcificações distróficas: são secundárias a cirurgias, traumas ou, até mesmo, radioterapia. FIGURA 13 – EXEMPLO DE MICROCALCIFICAÇÕES BENIGNAS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Morfologia: calcificações suspeitas • Calcificações redondas e puntiformes: podem ter características benignas, como suspeitas. O determinante do BI-RADS é a distribuição. Exemplo: Calcificações redondas e puntiformes com distribuição difusa são consideradas benignas. Calcificações redondas e puntiformes com distribuição segmentar são consideradas suspeitas. • Calcificações amorfas: apresentam densidade tão baixa que não é possível determinar a morfologia. • Calcificações heterogêneas grosseiras: estão associadas, frequentemente, a áreas de fibrose, calcificações distróficas em desenvolvimento ou fibroadenomas. • Calcificações pleomórficas finas: são, geralmente, uma diferente da outra, têm menos de 0,5 mm de diâmetro e alta probabilidade de malignidade. • Calcificações lineares finas ou lineares finas ramificadas: a forma sugere o preenchimento da luz de um ducto acometido, de maneira irregular, pelo câncer de mama. 100 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS FIGURA 14 – EXEMPLOS DE MICROCALCIFICAÇÕES SUSPEITAS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Distribuição A distribuição, assim como a morfologia das calcificações, pode nos dar pistas importantes da probabilidade de malignidade. Descreve o arranjo espacial das calcificações na mama. • Difusa: Calcificações distribuídas aleatoriamente ao longo da mama. Denota benignidade. • Regional: São calcificações dispersas em grande volume de tecido mamário, envolvendo mais que dois centímetros, que não correspondem à distribuição ductal. • Agrupada: Quando, pelo menos, cinco calcificações estão agrupadas com menos de 1 cm entre si ou quando um padrão é identificado. • Linear: Calcificações dispostas em linha fina, sugerindo que estão em um ducto. • Segmentar: São calcificações preocupantes, pois sugerem depósitos em um ou mais ductos e ramos com disseminação em direção à papila, podendo ter a disposição linear ou forma tubular ou triangular, com ápice voltado para a papila, levando à possibilidade de um câncer mais extenso ou multifocal. FIGURA 15 – DISTRIBUIÇÃO DAS CALCIFICAÇÕES NA MAMA FONTE: Adaptada de Inrad (2017) TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 101 FIGURA 16 – EXEMPLO DE DISTRIBUÇÃO DE MICROCALCIFICAÇÕES FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Nódulo: O nódulo de mama é uma lesão expansiva, tridimensional e deve ser identificada nas duas incidências mamográficas. Os nódulos podem ser avaliados de acordo com a forma, margem e densidade. • Forma: os nódulos podem ser classificados de acordo com a forma: redondo (forma circular), oval (em forma de elipse) e irregular. Se eles não forem redondos ou ovais, são classificados como irregulares. FIGURA 17 – EXEMPLOS DE FORMAS DE NÓDULOS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) FIGURA 18 – EXEMPLOS DE FIGURAS DE NÓDULOS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) 102 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS • Margem: • Circunscrita: quando, pelo menos, 75% da superfície do nódulo se apresenta com boa definição, ou seja, apresentando uma transição abrupta entre a lesão e o tecido mamário circunjacente. • Obscurecida: quando menos de 75% das margens são bem definidas, devido ao parênquima mamário adjacente, que atrapalha a visualização das margens. • Indistinta: quando, mesmo sem parênquima adjacente ao nódulo, as margens são de difícil delimitação. • Microlobulada: apresenta pequenas ondulações circulares. • Espiculada: linhas que se irradiam a partir do nódulo. Esse achado indica alta suspeição de malignidade. FIGURA 19 – EXEMPLOS DE MARGENS DE NÓDULOS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) FIGURA 20 – EXEMPLOS DE MARGENS DE NÓDULOS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) • Densidade: os nódulos podem ser isodensos (densidade igual ao tecido fibroglandular), hipodensos (densidade menor do que o tecido fibroglandular) e hiperdensos (densidade maior em relação ao tecido fibroglandular). TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 103 FIGURA 21 – EXEMPLOS DE DENSIDADES DE NÓDULOS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Assimetria: as assimetrias são classificadas em assimetria, assimetria focal, assimetria global e assimetria em desenvolvimento. Podem representar superposição de tecido, tecido mamário assimétrico ou outras lesões. • Assimetria: achado com densidade de partes moles e com gordura entremeada, visualizada em apenas uma incidência, sem correspondência na mama contralateral e não palpável. • Assimetria focal: corresponde a uma lesão que pode ser localizada nas duas incidências, sem margens convexas, entremeada de gordura e que ocupa menos de um quadrante. • Assimetria global: ocupa áreamaior do que um quadrante. Torna-se suspeita quando acompanhada de sinais clínicos, como descarga papilar, espessamento cutâneo, distorção arquitetural, calcificações suspeitas ou, então, quando é palpável. • Assimetria em desenvolvimento: corresponde a uma assimetria focal nova ou, então, mais densa, ainda, maior na comparação com exame prévio. FIGURA 22 – EXEMPLOS DE ASSIMETRIAS FONTE: Adaptada de Inrad (2017) 104 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS Distorção arquitetural: uma distorção arquitetural é caracterizada, na mamografia, por espículas divergentes partindo de um ponto na forma clássica, sem efeito de massa, mas pode também se apresentar como a perda do contorno do parênquima ou a retificação da camada adiposa posterior (sinal da tenda). Em geral, a distorção focal é um achado sutil, só identificável se a imagem for de ótima qualidade e o radiologista tiver treinamento e larga experiência na interpretação da mamografia. As cicatrizes cirúrgicas, muitas vezes, causam pequena distorção, que pode ser confundida com uma lesão se a cirurgia não for informada pela paciente. Utilizar marcadores cutâneos nas cicatrizes e incidências adicionais da mama operada auxilia no diagnóstico diferencial. FIGURA 23 – EXEMPLOS DE DISTORÇÃO ARQUITETURAL FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Dilatação ductal isolada: é um único ducto com calibre aumentado na região retroareolar. É uma lesão pouco comum, mas que deve ser investigada. FIGURA 24 – EXEMPLO DE DILATAÇÃO DUCTAL ISOLADA FONTE: Adaptada de Inrad (2017) TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 105 Espessamento e retração da pele: representam, também, um sinal de malignidade, geralmente, encontrado nos casos de tumor localmente avançado, associado com outras lesões. FIGURA 25 – EXEMPLO DE RETRAÇÃO DE PELE APÓS CIRURGIA FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Alteração dos linfonodos axilares: os linfonodos axilares são ovalados ou reniformes, com hilo adiposo. Quando alterados, podem exibir aumento de tamanho, aumento de densidade, forma arredondada e perda do hilo adiposo. A alteração dos linfonodos axilares pode ser um sinal inicial de câncer de mama, mas, também, pode representar um sinal de câncer de origem não mamária (linfoma e leucemia), ou doença infecciosa (tuberculose, síndrome da imunodeficiência adquirida). 106 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS FIGURA 26 – EXEMPLO DE ALTERAÇÃO NOS LINFONODOS AXILARES FONTE: Adaptada de Inrad (2017) 5 CLASSIFICAÇÃO BI-RADS O BI-RADS é o Sistema de Laudos e Registros de Dados de Imagens da Mama, desenvolvido pelo Colégio Americano de Radiologia. Tem, como objetivos, garantir a qualidade e padronizar os laudos de mamografia, reduzindo a confusão nas interpretações de imagens da mama, recomendando condutas e facilitando o monitoramento dos resultados. Caro acadêmico, já citamos, na primeira unidade, acerca do exame de rastreamento e diagnóstico. Sabemos, então, que o papel principal da mamografia é diagnosticar o câncer de mama em mulheres assintomáticas. Contudo, nesse contexto, não abordamos os papéis da ultrassonografia (US) e da ressonância magnética (RM). Mesmo que a mamografia possa diagnosticar a maior parte dos cânceres de mama, existem alguns casos que acabam não sendo detectados, mesmo que se tenha um achado clínico relevante. Nesses casos, a US e a RM entram como exames complementares. Pacientes com achados clínicos sem correlação com a mamografia são encaminhadas para a realização de exames complementares. De acordo com o INCA (2018), a ultrassonografia e a ressonância magnética mamária são utilizadas como complemento, conforme os casos a seguir: TÓPICO 2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 107 Ultrassonografia: • Diagnóstico diferencial entre lesão sólida e lesão cística nos nódulos detectados no exame físico e/ou na mamografia. • Avaliação de lesão palpável sem expressão na mamografia. • Avaliação de lesão palpável nas pacientes jovens, abaixo de 30 anos. • Doença inflamatória e no abscesso. • Estudo, drenagem e acompanhamento das coleções. • Alterações da mama no ciclo gravido-puerperal. • Avaliação de linfonodos alterados no exame físico. Ressonância magnética: • Situações não conclusivas quando o exame clínico, a mamografia e/ou a ultrassonografia não conseguem esclarecer o problema. • Carcinoma oculto: situação em que a primeira manifestação do câncer de mama é a alteração do linfonodo axilar. • Planejamento terapêutico: após o diagnóstico de malignidade na biópsia, para planejamento cirúrgico, em especial, nas lesões pequenas. • Resposta à quimioterapia neoadjuvante: nos tumores localmente avançados, realizada antes e após a quimioterapia neoadjuvante, com as finalidades de medir o tumor e avaliar a redução, respectivamente. • Suspeita de recidiva: nas mulheres já tratadas de câncer de mama, quando o exame físico, a mamografia e/ou a ultrassonografia mostram lesão que pode representar recidiva. • Complicações de implantes mamários: se houver suspeita de deslocamento, ruptura ou coleção nos implantes mamários. 5.1 CATEGORIAS DA CLASSIFICAÇÃO BI-RADS A falta de padronização do laudo para diagnóstico e detecção do câncer de mama pode levar a alguns problemas de interpretação e no processo de escolha da conduta médica. De acordo com a FIOCRUZ, a padronização dos laudos e a utilização de sistemas de classificação trazem, como principais benefícios: • Obrigam-se a emitir uma impressão diagnóstica, tornando o laudo mais objetivo. • Aumentam a confiabilidade na interpretação das imagens e na transmissão das informações. • Facilitam o acompanhamento das pacientes, assim como uma comparação objetiva entre os achados do exame clínico, da mamografia e do exame anatomopatológico; • Melhoram o diálogo entre radiologistas e clínicos. • Criam uma ferramenta para a auditoria dos serviços de radiologia mamária. • Permitem a formação de um banco de dados para a elaboração de estudos epidemiológicos e de estudos retrospectivos. 108 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS • Possibilitam a avaliação da sensibilidade, a especificidade do método e uma autoavaliação. Os laudos elaborados no sistema BI-RADS devem conter a identificação da paciente, a descrição do exame, uma conclusão e a sugestão de conduta. De acordo com a FIOCRUZ, o laudo deve ser estruturado em quatro fases: 1 - Fase Clínica: Anamnese e exame clínico (não precisam constar no laudo). 2 - Fase Descritiva: Baseada no vocabulário do BI-RADS. 3 - Fase Diagnóstica: Conclusão diagnóstica, sem correlação histológica: • Categoria 0 – Avaliação incompleta. • Categoria 1 – Normal. • Categoria 2 – Achados benignos. • Categoria 3 – Achados provavelmente benignos. • Categoria 4 – Achados suspeitos. • Categoria 5 – Achados altamente sugestivos de malignidade. • Categoria 6 – Malignidade conhecida e comprovada por biópsia. 4 - Fase de Recomendação de Conduta: conforme as categorias: • Categoria 0: Necessita de exames complementares ou comparação com exames prévios. • Categorias 1 e 2: Acompanhamento anual ou bianual. • Categoria 3: Acompanhamento em seis meses. • Categorias 4 e 5: Sugestão/Indicação de investigação cito-histológica. FIGURA 27 – ESQUEMA DE ACOMPANHAMENTO DE LESÕES FONTE: Adaptada de Inrad (2017) Mamografia de rastreamento Categoria 0 Reconvocar paciente para avaliação adicional (incidências memográficas adicionais, ultrassonografia ou exames anteriores) Categoria 2 Rastreamento de rotina Lesão alterada-biópsia Categoria 4 ou 5 Lesão alterada-biópsia Categoria 4 ou 5 Estável – Categoria 3 Mamografia bilateral em 6 meses Estável Mamografia bilateral Categoria 3 por 2 Mamografia em 12 meses Categoria 3 Mamografia em 6 meses da mama envolvida Categoria 3 Biópsia Categoria 4 ou 5 TÓPICO2 — PATOLOGIAS DA MAMA E CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 109 Categorias de avaliação e condutas, de acordo com a FIOCRUZ: • Categoria 0: Incompleta. Requer avaliação por imagem adicional e/ou imagens anteriores para comparação. Por exemplo, nódulo visto pela primeira vez na mamografia sem correlação com ultrassonografia ou comparação com mamografias anteriores; diferenciação entre cicatriz cirúrgica e recorrência da doença em pacientes com cirurgia prévia de câncer de mama, situação na qual a ressonância magnética poderia definir melhor a conduta. A comparação com exames anteriores da mesma modalidade de imagem é necessária para avaliar estabilidade ou identificação de nova lesão. Após os novos exames, a imagem deve ser classificada em uma dentre as seis categorias seguintes. • Categoria 1: Negativa. Nenhuma lesão encontrada. O exame é normal. Seguimento de rotina, com rastreio mamográfico anual, a partir dos 40 anos. • Categoria 2: Achado benigno. Nenhuma característica maligna. Seguimento de rotina ou a critério clínico. Alguns exemplos são cistos simples, linfonodos intramamários, coleções líquidas pós-cirúrgicas, implantes mamários, cicatriz pós-cirúrgica estável, e cistos complicados/prováveis fibroadenomas sem modificações por, pelo menos, dois ou três anos. • Categoria 3: Provavelmente benigno. Seguimento em curto prazo é sugerido (controle em 6, 12, 24 e 36 meses). Não deve ser usada nos exames de rastreio. Após 24 ou 36 meses, não havendo modificação da imagem, pode-se classificar a lesão como Categoria 2. Um exemplo seria o achado de um nódulo sólido oval, palpável ou não, com margem circunscrita, orientação horizontal (paralela à pele), sugestivo de fibroadenoma, cisto complicado isolado ou microcistos agrupados, com menos de 2% de malignidade. • Categoria 4: Achado suspeito. Achados que não têm aparência clássica de malignidade, mas são suficientemente suspeitos para justificar uma recomendação de biópsia. Probabilidade intermediária de câncer de 3% a 94%. Uma opção descrita é estratificar essas lesões em baixo, intermediário ou moderado grau de suspeição, classificadas como 4A, 4B e 4C, respectivamente. • Categoria 5: Achado altamente sugestivo de malignidade. Probabilidade de malignidade maior que 95%. Realizar biópsia na ausência de contraindicação clínica. • Categoria 6: Malignidade comprovada por biópsia. Exames realizados após comprovação de malignidade por biópsia (exame de imagem após biópsia, mas antes da excisão cirúrgica), em que não há anormalidade que possa necessitar de avaliação adicional, exceto o câncer conhecido. Por exemplo, pacientes submetidas à quimioterapia neoadjuvante, que realizam novas ultrassonografias ou ressonância magnética para avaliar a regressão tumoral. A utilização correta das classificações aumenta as chances de um diagnóstico correto e o mais precoce possível. 110 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO RADIOLÓGICA DO BI-RADS FONTE: Adaptado de Inca (2019) 111 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Patologias podem acometer a mama de várias formas, algumas vezes, com lesões benignas e malignas. Além das doenças, há, também, algumas alterações de desenvolvimento da mama, que podem ser visualizadas desde o nascimento e outras que acontecem durante a puberdade, o que não caracteriza uma patologia. • As mamas podem apresentar uma gama de anomalias de desenvolvimento. Essas variações são alterações individuais e que não representam uma doença. • Parênquima mamário ectópico ou, também, chamado de mamas acessórias, são frequentemente consideradas como um problema estético. Por conterem glândulas mamárias, podem ser alvo de algumas alterações benignas ou malignas. • A maior parte das lesões benignas da mama está relacionada com o estímulo hormonal e com o período pré-menopausa, e não está associada ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama subsequente. • Alterações neoplásicas benignas representam proliferações celulares sem atipias, ou seja, com as mesmas características genéticas das encontradas nas células sadias da mama. • O carcinoma de mama é uma neoplasia multifatorial genética, pois se inicia com a mutação de uma única célula da unidade ductulobular e, a partir dessa alteração inicial, a mama fica mais susceptível a novos danos no material genético e a alterações nos mecanismos de reparo dessas modificações. É um processo de alta complexidade e que se desenvolve gradualmente, podendo sofrer interação de fatores endócrinos, nutricionais e ambientais. • O BI-RADS é o Sistema de Laudos e Registros de Dados de Imagens da Mama, desenvolvido pelo Colégio Americano de Radiologia. Tem, como objetivos, garantir a qualidade e padronizar os laudos de mamografia, reduzindo a confusão nas interpretações de imagens da mama, recomendando condutas e facilitando o monitoramento dos resultados. 112 1 Além das doenças benignas e malignas da mama, há, também, algumas alterações de desenvolvimento, que podem ser visualizadas desde o nascimento, e outras, que acontecem durante a puberdade, o que não caracteriza uma patologia. As mamas podem apresentar uma gama de anomalias de desenvolvimento. Essas variações são alterações individuais, e que não representam uma doença. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, que corresponde a anomalias de desenvolvimento da mama: a) ( ) Adenose, sarcoma, fibroadenoma, hipoplasia, politelia, amastia. b) ( ) Fibroadenoma, agenesia do músculo peitoral, parênquima mamário ectópico. c) ( ) Hipoplasia, agenesia do músculo peitoral, parênquima mamário ectópico, amastia, politelia, assimetria da mama. d) ( ) Sarcomas, doença de Paget, politelia, assimetria da mama, fibroadenoma. 2 A maior parte dessas lesões está relacionada com o estímulo hormonal e com o período pré-menopausa, e não está associada ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama subsequente. Acerca das lesões BENIGNAS da mama, analise as sentenças a seguir: I- Alterações neoplásicas benignas representam proliferações celulares com atipias, ou seja, com as mesmas características genéticas das encontradas nas células sadias da mama. II- Dentre as doenças infecciosas e inflamatórias mamárias, destacam-se a mastite e os abscessos, que, no geral, são causadas por uma ruptura da interface do epitélio do complexo areolopapilar, com disseminação retrógrada de microrganismos. III- Lesão esclerosante radial é constituída de elemento fibroso circundado por elementos epiteliais (dúctulos ou túbulos). Também pode ser chamada de cicatriz radial. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 O carcinoma de mama é uma neoplasia multifatorial genética, pois se inicia com a mutação de uma única célula da unidade ductulobular e, a partir dessa alteração inicial, a mama fica mais susceptível a novos danos no material genético e a alterações nos mecanismos de reparo dessas modificações. AUTOATIVIDADE 113 É um processo de alta complexidade e que se desenvolve gradualmente, podendo sofrer interação de fatores endócrinos, nutricionais e ambientais. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) O Carcinoma Ductal in Situ, ou não infiltrativo, é considerado um carcinoma pré-invasivo, sendo caracterizado como uma etapa da sequência de eventos que precede o aparecimento do carcinoma invasivo. ( ) O Carcinoma Ductal in Situ (CDIS) se caracteriza pela proliferação de células com características benignas encontradas apenas em ductos, sem sinais de ultrapassagem da membrana basal(membrana-base do ducto ou lóbulo), com risco de progressão para o carcinoma invasor. ( ) O carcinoma ductal invasivo apresenta células tumorais que se proliferam além dos ductos e do tecido que os circunda. Algumas características clínicas e radiológicas estão mais relacionadas a esse tipo de tumor, como nódulos espiculados, retração da pele ou do mamilo, e microcalcificações dentro ou fora do nódulo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) V – F – V. 4 A presença de calcificações na mamografia pode ser um sinal de benignidade ou um sinal suspeito para malignidade, tudo depende da avaliação das características. As calcificações benignas, normalmente, são grandes, grosseiras e fáceis de identificar. Já as associadas a lesões malignas, são menores e necessitam de incidências adicionais, com a ampliação ou o uso da lupa para avaliação. De acordo com esse assunto, cite e descreva a categoria morfológica das microcalcificações suspeitas. 5 O BI-RADS é o Sistema de Laudos e Registros de Dados de Imagens da Mama, desenvolvido pelo Colégio Americano de Radiologia. Tem, como objetivos, garantir a qualidade e padronizar os laudos de mamografia, reduzindo a confusão nas interpretações de imagens da mama, recomendando condutas e facilitando o monitoramento dos resultados. De acordo com esse assunto, descreva como é categorizado o BI-RADS de 0 a 6, na fase diagnóstica e na fase de conduta. 114 115 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, o objetivo deste tópico é fazer com que possamos reconhecer a importância do papel do tecnólogo em radiologia no processo de produção da mamografia, identificar o comportamento adequado e as responsabilidades, discriminar a dimensão técnica e a dimensão humana do trabalho do técnico e apontar os procedimentos que fazem parte da rotina. A dimensão técnica diz respeito à habilidade do profissional e ao conhecimento pleno do funcionamento, da operação, dos aspectos de segurança dos equipamentos e dos acessórios utilizados no exame (INCA, 2019). Dimensão humana corresponde à postura e à conduta do técnico ao receber a paciente e ao conduzir o exame. O técnico deve empregar as técnicas de forma correta para que possa produzir imagens de ótima qualidade, uma vez que, na mamografia, qualquer erro de posicionamento pode fazer com que uma lesão passe despercebida. Outro fator de grande importância é realizar o posicionamento e a compressão mamária, de acordo com a maneira tolerada pela paciente, tentando sempre seguir os conceitos básicos para compressão da mama. A equipe de técnicos e de tecnólogos em radiologia deve ser treinada e especializada na área de mamografia para que as imagens produzidas sejam de ótima qualidade. A boa comunicação é um quesito muito importante para quem pretende atuar nessa área, pois ter um bom diálogo com a paciente, antes e durante o exame, faz com que todo o processo seja mais fácil. Contar com a colaboração da paciente também gera um relaxamento e, por consequência, uma diminuição do desconforto durante a compressão da mama. Explicar o procedimento e tirar as dúvidas das pacientes geram uma confiança maior durante o exame e deixam a paciente mais tranquila e informada acerca do que deve acontecer. 2 FATORES ESSENCIAIS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA MAMOGRAFIA Existem alguns fatores que influenciam muito na realização de um exame de qualidade e, quando falamos disso, não estamos citando apenas fatores técnicos, mas, também, fatores relacionados a um bom atendimento e à empatia com a paciente. A seguir, falaremos um pouco mais desses fatores: TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA 116 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS • O tecnólogo em radiologia deve receber a paciente sempre com simpatia e educação, respeitando o momento e estado emocional, com o objetivo de fazer a paciente se sentir mais relaxada e, consequentemente, obter uma diminuição da tensão muscular e do desconforto, facilitando o posicionamento correto. • Durante a anamnese, coletar o maior número de informações essenciais para um laudo correto, como: histórico familiar, uso de hormônios, cirurgias mamárias prévias, história clínica etc. • Estar atento às limitações físicas de cada paciente, como deficiências físicas, acentuação da cifose, bursites, e outras particularidades, procurando a melhor forma de realizar a técnica. • Orientar a paciente corretamente acerca do exame e das particularidades, da eventual necessidade de incidências complementares, explicando que essas exposições adicionais não representam, necessariamente, a presença ou a suspeita de um câncer, mas há a possibilidade de desfazer imagens sobrepostas ou de um estudo mais detalhado de área específica não visualizada na incidência básica. • O tecnólogo em radiologia deve ser bem treinado e dominar as técnicas e as etapas do exame, conhecendo o equipamento, demonstrando conhecimento e domínio durante a realização para que a paciente se sinta segura e colabore durante o processo. • Informar a paciente que a compressão adequada gera uma imagem de qualidade, aumentando as chances de um diagnóstico preciso. • Manter a porta da sala de exames fechada durante o procedimento, a fim de manter a privacidade da paciente. • Manter uma boa higiene da sala, do equipamento e das peças adicionais e, se possível, realizar a higienização com pano e produto adequados na frente da paciente. Outro fator importante é a lavagem das mãos antes e após cada exame. • Conforme NR 32, manter uma boa aparência com o uso de vestimenta adequada para a área de trabalho, evitando saias e vestidos que podem atrapalhar durante o exame. Evitar adornos, principalmente, anéis, que podem machucar a paciente. Manter as unhas curtas e limpas, maquiagens leves e sapatos sem salto (ou baixos). Cabelos longos devem estar presos. 2.1 INTRODUÇÃO AO EXAME MAMOGRÁFICO Acadêmico, como você pode perceber, no tópico anterior, existem vários fatores que devem ser colocados em prática durante a realização do exame de mamografia. A seguir, veremos a sequência de passos que deve ser realizada no exame desde a chegada da paciente. Ao receber a paciente, a tecnóloga em radiologia deve se apresentar com gentileza e simpatia, iniciando a anamnese. Geralmente, já existe uma anamnese padrão dos serviços de mamografias, mas algumas perguntas são essenciais, como: TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA 117 • Idade, suspeita de gravidez, condição menstrual, uso de hormônios. • Data da última menstruação. • Menopausa: se afirmativo, anotar a idade que iniciou. • Primeiro exame: caso não seja, solicitar o último exame realizado para comparação. • Ponto doloroso ou nódulo palpável: em caso afirmativo, deve-se desenhar, no questionário, a localização (quadrante), fazendo uso dos símbolos, de acordo com o tipo de lesão. Veja a seguir: FIGURA 28 – SÍMBOLOS PARA ANOTAÇÃO DO ESQUEMA DE MAMA FONTE: Adaptada de Inca (2019) • Histórico de câncer de mama na família: se positivo, anotar o grau de parentesco. • Alguma alteração ou doença prévia da mama e se há acompanhamento no momento. • No caso de tumores conhecidos, período do diagnóstico e localização com registro no questionário. Nesse caso, também é importante solicitar exames anteriores. • Biópsia, cirurgia ou radioterapia prévia ou atual. • Perguntar se a paciente faz uso de desodorantes que podem simular falsas lesões na mama ou utiliza cremes que podem fazer com que a mama fique lisa, dificultando o posicionamento e causando desconforto na pele. • Questionar retração do mamilo e, se presente, investigar se corresponde a achado de longa data, uma vez que retração mamilar pode significar algum tipo de lesão. • Orientar as etapas do procedimento, necessidade de compressão adequada para a qualidade do exame e eventualnecessidade de incidências adicionais. • A tecnóloga em radiologia deve inspecionar a mama da paciente antes de realizar as incidências, buscando a presença de cicatrizes ou hematomas, secreções, retração da pele ou verrugas. As verrugas podem representar um falso nódulo no exame e, se grosseiras, devem ser marcadas na mama com chumbinhos, para evitar interpretação errônea por parte do radiologista. Qualquer secreção que ocorra durante a realização do exame deve ser anotada e informada com cor. É importante que a técnica revise mamografias anteriores, quando presentes, buscando o melhor posicionamento possível. 118 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 2.2 TIPOS DE MAMOGRAFIA Veremos, agora, como são classificados os tipos de mamografia, que podem constar na anamnese do paciente, de acordo com as especificações do Inca (2019): • Rastreamento: é a mamografia de rotina realizada em mulheres sem sinais ou sintomas de câncer de mama. • Avaliação antes do início da terapia hormonal: também é uma mamografia de rastreamento, específica para a paciente que deve iniciar terapia de reposição hormonal. • Pré-operatório de mamoplastia ou implantes mamários: também é uma mamografia de rastreamento, específica para a paciente que deve fazer cirurgia plástica (redução ou aumento). • Seguimento: também é uma mamografia de rastreamento, porém, esse termo é utilizado para as pacientes que já fizeram algum tratamento para câncer de mama (cirurgia, radioterapia, quimioterapia). • Diagnóstica: é a mamografia realizada nas mulheres com sinais e sintomas sugestivos de câncer de mama como nódulo, “espessamento” ou descarga papilar. • Controle radiológico: é um tipo de mamografia diagnóstica, realizada na paciente que já tem uma lesão detectada em mamografia anterior (controle de seis meses ou de um ano). • Mama masculina: geralmente, a mamografia é diagnóstica por alteração palpável. 2.3 PROCEDIMENTOS QUE PODEM CONSTAR NA ANAMNESE Muitas das pacientes que vêm ao serviço para a realização do exame já passaram por algum tipo de procedimento invasivo nas mamas. Por esse motivo, o profissional tecnólogo em radiologia deve conhecer os aspectos principais de cada procedimento para compreender como podem ser refletidos nas imagens radiográficas. De acordo com o Inca (2019), são procedimentos que podem constar na anamnese: Acadêmico, é sempre bom lembrarmos que a queixa de dor não caracteriza sintoma sugestivo de câncer de mama, e, nas pacientes com essa queixa, é preciso caracterizar como mamografia de rastreamento. NOTA TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA 119 • Core biópsia: representa um tipo de biópsia que retira pequenos fragmentos da mama através de um dispositivo de disparo. • Biópsia de fragmentos com dispositivo a vácuo: também chamada de mamotomia, adquire fragmentos maiores e é realizada com inserção única da agulha, com obtenção dos fragmentos de maneira contínua. • Biópsia cirúrgica: retirada de um nódulo ou de um fragmento da mama, através de uma incisão. Geralmente, é realizada em centro cirúrgico. No caso de lesão não palpável, é precedida de marcação, que pode ser um fio ou um roll (localização de lesões com radiofármaco). • Segmentectomia: retirada de parte da mama (quadrante/segmento), representando a cirurgia conservadora para tratamento do câncer de mama. • Adenectomia subcutânea: é a retirada da mama, preservando a pele e o complexo areolopapilar. É utilizada para reduzir as chances de câncer de mama nas pacientes de alto risco e, geralmente, associada com inclusão de implante. • Mastectomia radical: consiste na retirada da mama, de toda a pele, do complexo areolopapilar, dos linfonodos axilares e, em algumas técnicas, toda ou parte da musculatura peitoral. Nesse tipo de mastectomia, existe uma grande incisão. • Mastectomia simples: consiste na retirada da mama, de toda a pele, do complexo areolopapilar. • Mastectomia poupadora de pele: consiste na retirada da mama e do complexo areolopapilar, deixando a pele. Nesse tipo de mastectomia, existe uma pequena incisão em torno do complexo areolopapilar. • Mastectomia poupadora de pele e complexo: variação da adenectomia subcutânea e consiste na retirada da mama, preservando a pele e o complexo areolopapilar. • Linfadenectomia axilar: esvaziamento da axila, retirando todos os linfonodos. Pode ser feita isoladamente ou associada com segmentectomia ou mastectomia. • Biópsia do linfonodo sentinela negativo: consiste na retirada de apenas um ou dois linfonodos da axila (linfonodo sentinela representa o primeiro linfonodo acometido pelo câncer de mama, que é identificado por meio de técnicas especiais durante o ato cirúrgico). Se negativo, não há esvaziamento axilar e, se positivo, é realizado esvaziamento da axila. • Reconstrução imediata: representa a reconstrução da mama feita no dia da mastectomia. Pode ser realizada com expansor, com implante e/ou com retalhos (reto abdominal, grande dorsal). • Reconstrução tardia: realizada após a mastectomia, em outra data, utilizando as mesmas técnicas descritas anteriormente. • Retalho reto abdominal: retalho do abdome, utilizado para reconstrução da mama. Pode ser colocado com a pele para fazer a neomama ou sem a pele, nos casos de reconstrução após a mastectomia poupadora de pele. • Retalho grande dorsal: retalho da musculatura das costas, utilizado para reconstrução da mama. Geralmente, associado ao implante. • Implante: pode ser utilizado em cirurgias reconstrutoras ou estéticas. • Mastoplastia redutora: cirurgia plástica, para reduzir a mama. 120 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS Acadêmico, algumas das técnicas citadas serão abordadas com mais detalhes no tópico de procedimentos invasivos. ESTUDOS FU TUROS 2.4 IDENTIFICAÇÃO MAMOGRÁFICA Uma questão de grande importância durante a realização da mamografia por parte do tecnólogo é a identificação dos chassis ou cassetes. Após a anamnese, o próximo passo seria a identificação da placa, para não correr o risco de ser identificada incorretamente. Na mamografia digital, a identificação é feita diretamente no computador, após a aquisição das imagens, e deve ser colocada o mais longe possível da mama. De acordo com o Inca (2019), essa identificação deve incluir algumas informações mínimas, como: • Nome da instituição em que é realizado o exame. • Nome completo da paciente. • Número específico de identificação da paciente. • Data do exame. • Incidência mamográfica (por exemplo, CC, MLO). • Mama exposta à radiação (direita ou esquerda). • Técnica radiográfica usada (quantidade de kV, mAs, combinação alvo-filtro). • Ângulo de obliquidade, espessura da mama comprimida, força de compressão. • Iniciais do nome do tecnólogo que realiza o exame. Na mamografia convencional (analógica), os marcadores radiopacos de identificação devem ser colocados em correspondência com os quadrantes laterais nas incidências axiais e com os quadrantes superiores nas incidências laterais. FIGURA 29 – IDENTIFICAÇÃO MAMOGRÁFICA FONTE: Adaptada de Inca (2019) TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA 121 3 POSICIONAMENTO E COMPRESSÃO O posicionamento mamográfico adequado é, definitivamente, o fator que mais influencia no diagnóstico correto. A realização de um posicionamento e de exposição corretos requer conhecimento, longo treinamento, motivação e comprometimento. Deve ser realizado por um tecnólogo especializado, com consciência da sua importância (AGUILLAR, 2009). Além do posicionamento, a compressão da mama interfere, de forma importante, no resultado e na qualidade da imagem. A placa de compressão é confeccionada em material radiotransparente, sendo, a principal função, a de comprimir a mama. A força de compressão da mama deve ser definida por algunsfatores: quantidade de compressão suportada pela paciente e tipo de mama, buscando expor o tecido mamário de maneira uniforme. De acordo com a nossa legislação nacional, a força que deve ser aplicada na mama é de 11 a 18 kgf (108 e 117 N). É importante que a compressão não seja exagerada, para não causar dor na paciente e rejeição aos exames periódicos futuros, e nem mínima, para não interferir na qualidade da imagem. O profissional deve compreender a necessidade da compressão da mama, pois deve ser realizada de forma ideal, para obtermos um resultado confiável. A compressão tem os objetivos de: • Diminuir a espessura da mama, deixando-a mais uniforme e reduzindo o fator de exposição no tecido. • Diminuir a radiação secundária e, consequentemente, melhorar o contraste e a nitidez na imagem. • Diminuir a sobreposição de estruturas e de tecidos. • Fixar a mama, evitando que a paciente mexa e a imagem apresente artefatos de movimento. FIGURA 30 – PLACA DE COMPRESSÃO UTILIZADA NA MAMOGRAFIA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 122 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 3.1 CONTROLE DE EXPOSIÇÃO AUTOMÁTICO (CAE) Prezado acadêmico, este assunto já foi abordado na Unidade 1 e, agora, relacionaremos o assunto com o posicionamento mamográfico. O CAE está presente nos equipamentos de mamografia com dispositivo automático ou semiautomático de exposição. Consiste em uma fotocélula que se encontra abaixo do receptor de imagem. Mede a quantidade de radiação emitida pelo receptor e finaliza a exposição quando a dose atinge o valor preestabelecido correspondente à densidade óptica desejada no filme. Então, é o CAE que determina a dose de radiação quando a técnica manual não é utilizada (AGUILLAR, 2009). Segundo o Inca (2019), o posicionamento da fotocélula fica localizado abaixo do bucky. A maioria dos mamógrafos apresenta três ou mais opções de posicionamento da fotocélula. As meias-luas, na bandeja de compressão, representam as possibilidades de posicionamento da fotocélula. Para uma exposição ideal, a fotocélula deve ser posicionada sob uma parte representativa da mama, que, geralmente, fica no terço anterior. Nessa parte, costuma existir grande concentração de tecido glandular, pois a variação na distribuição do componente glandular e do gorduroso é maior nas áreas próximas da parede torácica. Isso aumenta o risco de a fotocélula ficar sob uma área não representativa da mama. Posicione a fotocélula de modo que a mama a cubra completamente, caso contrário, a fotocélula recebe uma dose de radiação bem maior do que a adequada, e corta a exposição muito precocemente, produzindo uma imagem subexposta. O posicionamento impróprio da fotocélula é a fonte de erro mais frequente das exposições incorretas. FIGURA 31 – POSIÇÃO DA FOTOCÉLULA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA 123 Em equipamentos mais antigos, o CAE é ajustado manualmente. Já nos equipamentos atuais, o ajuste é feito automaticamente, pelo sistema, porém, todos os equipamentos devem permitir o ajuste manual. Em casos de pacientes com implante de silicone, a técnica deve ser ajustada manualmente, caso contrário, a fotocélula faz uma leitura errônea, devido à alta densidade do implante, fazendo com que o parênquima mamário fique superexposto. Ao ajustar, manualmente, a exposição, o técnico seleciona o mAs, de acordo com a espessura da mama e a radiodensidade estimada. Se a paciente ainda não fez mamografia, o tecnólogo estima, essencialmente, a radiodensidade, de acordo com a consistência do tecido. Isso requer experiência. É útil a verificação, nos registros, dos valores de exposição dos exames precedentes. Por isso, é importante registrar a espessura e o grau de compressão, o produto mAs, o ajuste de kV e a combinação de alvo-filtro em cada exame mamográfico (INCA, 2019). Para o cálculo do kV, utiliza-se a equação kV = (espessura da mama comprimida x 2) + constante do aparelho (geralmente, 20 nos mamógrafos). 3.1.1 Escolha do receptor de imagem Antes de iniciarmos o posicionamento, deve ser feita a escolha do receptor de imagem adequado para o tamanho da mama. Na mamografia, utilizamos receptores 18 x 24 e 24 x 30 cm. Quando selecionamos um receptor menor do que a mama, as partes axilar e inferior da mama podem ser excluídas da imagem. No caso de um receptor maior do que a mama, pode acontecer sobreposição de outros tecidos do corpo entre o chassi, a grade e a mama, além de pouca separação das estruturas, artefatos de movimento, dificuldade de compressão adequada por causa da curvatura da mama na incidência MLO e exposição inadequada. Em mamógrafos de campo total (digital), não é necessário determinar o receptor que deve ser utilizado, pois apresentam um único receptor fixo no braço do mamógrafo (AGUILLAR, 2009). 3.2 QUADRANTES E REGIÕES DA MAMA A mama é dividida em quadrantes e essa divisão facilita o posicionamento e a localização de lesões. Podemos utilizar dois métodos para a localização de lesões na mama. O método mais utilizado é o sistema de quadrantes e, o outro, utiliza o mostrador de relógio como base de localização. 124 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS Quadrantes da mama: • QSE: quadrante superior externo/QSL: quadrante súperolateral. • QSI: quadrante superior interno/QSM: quadrante superomedial. • QIE: quadrante inferior externo/QIL: quadrante inferolateral. • QII: quadrante inferior interno/QIM: quadrante inferomedial. FIGURA 32 – SISTEMA DE QUADRANTES E SISTEMA DE RELÓGIO FONTE: O autor Ainda, existem as regiões da mama denominadas de retroareolar, central e prolongamento axilar. De acordo com o INCA (2019), por definição, a região retroareolar está abaixo do complexo areolopapilar, com extensão entre dois e três centímetros. A continuação da região retroareolar, na profundidade da mama, chama-se de região central. Ambas são bem identificadas na visão lateral da mama. O prolongamento axilar representa uma região entre o fim da mama e a axila. FIGURA 33 – REGIÕES DA MAMA FONTE: Adaptada de Inca (2019) TÓPICO 3 — EXAME DE MAMOGRAFIA 125 A seguir, veremos uma figura produzida pelo INCA, demonstrando a localização das lesões na mama direita e na mama esquerda, de acordo com as regiões. FIGURA 34 – LOCALIZAÇÃO DAS LESÕES NA MAMA FONTE: Adaptada de Inca (2019) 126 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Existem alguns fatores que influenciam muito na realização de um exame de qualidade, e, quando falamos disso, não estamos citando apenas fatores técnicos, mas, também, bom atendimento e empatia com o paciente. • Ao receber a paciente, a tecnóloga em radiologia deve se apresentar com gentileza e simpatia, iniciando a anamnese. Geralmente, já existe uma anamnese padrão dos serviços de mamografias, mas algumas perguntas são essenciais. • A tecnóloga deve inspecionar a mama da paciente antes de realizar as incidências, buscando a presença de cicatrizes ou hematomas, secreções, retração da pele ou verrugas. As verrugas podem representar um falso nódulo no exame e, se grosseiras, devem ser marcadas na mama com chumbinhos, para evitar interpretação errônea por parte do radiologista. • Os tipos de mamografia podem ser classificados de acordo com o que pode constar na anamnese do paciente, como rastreamento, avaliação antes do início da terapia hormonal, pré-operatório de mamoplastia ou implantes mamários, seguimento, diagnóstico, controle radiológico e mama masculina. • Muitas das pacientes que vêm ao serviço para a realização do exame já passaram por algum tipo de procedimento invasivo nas mamas. Por esse motivo, o profissional tecnólogo em radiologia deve conhecer os aspectos principais de cada procedimento, para compreender como podem ser refletidos nas imagens radiográficas.• De acordo com a nossa legislação nacional (BRASIL, 1998), a força de compressão que deve ser aplicada na mama é de 11 a 18 kgf (108 e 117 N). É importante que a compressão não seja exagerada, para não causar dor a uma paciente e rejeição aos exames periódicos futuros, e nem mínima, para não interferir na qualidade da imagem. • Após a anamnese, o próximo passo seria a identificação da placa para não correr o risco de ser identificada incorretamente. Na mamografia digital, a identificação é feita diretamente no computador, após a aquisição das imagens, e deve ser colocada o mais longe possível da mama. 127 1 Além do posicionamento, a compressão da mama interfere, de forma importante, no resultado e na qualidade da imagem. A placa de compressão é confeccionada em material radiotransparente, sendo, a principal função, a de comprimir a mama. A força de compressão da mama deve ser definida por alguns fatores: quantidade de compressão suportada pela paciente e tipo de mama, buscando expor o tecido mamário de maneira uniforme. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, acerca da força de compressão da mama: a) ( ) De acordo com a nossa legislação nacional, a força que deve ser aplicada na mama é de 11 a 18 kgf (108 e 117 N). b) ( ) De acordo com a nossa legislação nacional, a força que deve ser aplicada na mama é de 10 a 20 kgf (110 e 120 N). c) ( ) De acordo com a nossa legislação nacional, a força que deve ser aplicada na mama é de 9 a 21 kgf (109 e 121 N). d) ( ) De acordo com a nossa legislação nacional, a força que deve ser aplicada na mama é de 13 a 19 kgf (113 e 119 N). 2 Existem alguns fatores que influenciam muito na realização de um exame de qualidade, e, quando falamos disso, não estamos citando apenas fatores técnicos, mas, também, um bom atendimento e empatia com o paciente. Acerca desse assunto, analise as sentenças a seguir: I- Durante a anamnese, coletar o maior número de informações essenciais para um laudo correto, como histórico familiar, uso de hormônios, cirurgias mamárias prévias, história clínica etc. II- Estar atento às limitações físicas de cada paciente, como deficiências físicas, acentuação da cifose, bursites, e outras particularidades, procurando a melhor forma de realizar a técnica. III- O técnico não deve fazer muitas perguntas ao paciente, pois pode se sentir desconfortável, e, de maneira alguma, deve palpar a mama do paciente para a análise antes do exame. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças I e II estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 O CAE está presente nos equipamentos de mamografia com dispositivo automático ou semiautomático de exposição. Mede a quantidade de radiação emitida pelo receptor e finaliza a exposição quando a dose atinge o valor preestabelecido, correspondente à densidade óptica desejada no AUTOATIVIDADE 128 filme. Então, o CAE determina a dose de radiação quando a técnica manual não é utilizada. De acordo com esse assunto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) O posicionamento da fotocélula fica localizado abaixo do bucky. A maioria dos mamógrafos apresenta apenas uma opção de posicionamento da fotocélula. ( ) As meias-luas, na bandeja de compressão, representam as possibilidades de posicionamento da fotocélula. ( ) Para uma exposição ideal, a fotocélula deve ser posicionada sob uma parte representativa da mama, que, geralmente, fica no terço anterior. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – V. d) ( ) V – F – V. 4 A mama é dividida em quadrantes, e essa divisão facilita o posicionamento e a localização de lesões. Podemos utilizar dois métodos para a localização de lesões na mama. O método mais utilizado é o sistema de quadrantes e, o outro, utiliza o mostrador de relógio como base de localização. De acordo com esse assunto, cite e descreva as siglas e as nomenclaturas do sistema de quadrantes. 5 Na mamografia, são utilizados dois tamanhos de receptores, 18 x 24 e 24 x 30 cm. A escolha de um receptor de imagem adequado, nos exames mamográficos, é de suma importância, pois interfere na qualidade da imagem que adquirimos. De acordo com esse assunto, descreva o que pode acontecer caso façamos a escolha inadequada dos receptores de imagem. 129 UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Assim como na radiologia convencional, para o exame mamográfico, também temos incidências básicas e adicionais. As básicas são aquelas que realizamos em todas as ocasiões, enquanto as adicionais são realizadas de acordo com a necessidade de cada paciente. A seguir, veremos cada uma dessas incidências e os posicionamentos. 2 INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS BÁSICAS Existem incidências básicas que devem ser realizadas nos estudos mamográficos para estudos de rastreamento e para diagnóstico. As incidências básicas são a craniocaudal (CC) e a mediolateral oblíqua (MLO), sempre realizadas bilateralmente. 2.1 CRANIOCAUDAL (CC) Essa incidência inclui toda a glândula mamária desde a porção lateral até a medial, não incluindo a porção axilar. A mama é radiografada com o feixe de raios-X, indo da cabeça em direção aos pés. • O tubo deve estar em posição vertical, com o feixe perpendicular à mama. • A tecnóloga em radiologia deve se posicionar na face medial da mama a ser examinada para ter contato visual com a paciente. • Posicionar a paciente de frente para o receptor, com a cabeça virada para o lado oposto ao exame. • No lado examinado, o ombro é posicionado para trás e em rotação externa com o braço ao longo do corpo (ajuda a retirar as dobras de pele). • Elevar o sulco inframamário para permitir melhor exposição da porção superior da mama, próxima ao tórax. • Centralizar a mama no bucky com o mamilo paralelo ao filme. • Posicionar as mamas de forma simétrica. • Para melhorar a exposição dos quadrantes laterais, tracionar levemente a parte lateral da mama antes de aplicar a compressão. TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 130 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS • Tracionar a mama e, sem soltá-la, efetuar a compressão. • Fazer a suspensão e a tração com a mão espalmada, nunca com a ponta dos dedos, pois podem aparecer pregas inadequadas na imagem. • Se aparecerem pregas, puxar a pele para desfazer as dobras, mas sem soltar a mama. FIGURA 35 – POSICIONAMENTO PARA INCIDÊNCIA CRANIOCAUDAL FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Dicas para a realização da incidência CC, segundo o Inca (2019): • Não deixe os pés da paciente fora da linha do aparelho, para evitar que apareçam dobras e a papila fique invertida. • Posicione a cabeça da paciente para trás, ao longo do tubo. • Se possível, coloque o braço da paciente do lado não radiografado para frente, segurando na alça do braço do aparelho. • Suspenda a mama até o ponto de mobilidade máxima antes de efetuar a tração para frente e a compressão. Critérios de qualidade do posicionamento na incidência CC (AGUILLAR, 2009): • Porção lateral e porção medial da mama incluídas na radiografia, sem “cortar” a parte glandular. • Inclusão da camada adiposa posterior. • Inclusão do músculo grande peitoral (pode ocorrer em 30% a 40% das imagens, em virtude das diferenças anatômicas entre as pacientes). • Radiografias simétricas. TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 131 FIGURA 36 – INCIDÊNCIA CC BEM POSICIONADA FONTE: Adaptada de Inca (2019) Quando o músculo peitoral não estiver presente na incidência CC, deve- se realizar uma comparação com a incidência MLO para saber se é necessário repetir a incidência. A distância do mamilo para a porção posterior da mama na MLO, menos o valor da mesma distância na CC, deve ser menorou igual a um centímetro. A medida é obtida com a distância da papila até o vértice da musculatura peitoral na MLO, sendo comparada com a distância da papila até o ponto mais posterior do filme na incidência CC, como demonstrado a seguir. FIGURA 37 – ILUSTRAÇÃO DA DISTÂNCIA MAMILO-PORÇÃO POSTERIOR FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 2.2 MEDIOLATERAL OBLÍQUA (MLO) No posicionamento mamográfico, quando falamos de obliquidade, estamos citando o ângulo do equipamento, e não do paciente (INCA, 2019). Na incidência MLO, o tecido, a parede do tórax e a cauda axilar são mais bem 132 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS visualizados. As chances de visualização de todo o tecido mamário são maiores nessa incidência. O quadrante com grande probabilidade de não ser visualizado nessa incidência é o inferomedial. Passo a passo para o posicionamento da incidência MLO: • Deve-se iniciar o processo, girando o tubo de raios-X e deixando o receptor paralelo ao músculo grande peitoral. Esse ângulo pode variar, de acordo com as características físicas de cada paciente, de 30º a 60º. A maioria dos serviços trabalha com um ângulo de 45º para um posicionamento padronizado (INCA, 2019). • O ponto certo da axila deve ser posicionado no canto do bucky. Para isso, deve ser feita uma divisão da axila em três partes, localizando o terço posterior e, assim, apoiá-lo no canto do bucky. Prestar atenção na altura do bucky, pois, se muito alta, pode dificultar a tração da mama (INCA, 2019). Elevar o braço da paciente sem deixar que o ombro fique mais alto do que o braço, para que apoie a mão na lateral do aparelho, mantendo a musculatura relaxada. FIGURA 38 – POSIÇÃO DO BRAÇO NA INCIDÊNCIA MLO FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) • O próximo passo consiste em tracionar a mama da paciente para frente, com a mão espalmada e nunca com a ponta dos dedos, pois podem ficar dobras de pele. Caso apareçam pregas na região da axila, deve-se puxar a pele para desfazer a dobra sem soltar a mama. Manter a outra mão no ombro da paciente para que ela mantenha o braço relaxado sobre o bucky. O bucky deve ficar encostado nos quadrantes laterais (INCA, 2019). • Abra o sulco inframamário, localizado entre o vértice da mama e o abdome, e efetue a compressão. TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 133 FIGURA 39 – POSIÇÃO DA MAMA E DA REGIÃO AXILAR NA INCIDÊNCIA MLO FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Critérios de qualidade do posicionamento na incidência MLO (INCA, 2019): • O músculo peitoral maior deve ser visto, pelo menos, no nível da papila ou abaixo. Para verificação, traça-se uma linha imaginária da papila até o vértice do músculo peitoral, com um ângulo perpendicular ao músculo ou à borda do filme, o que atingir primeiro. • Os elementos posteriores e anteriores da mama devem estar bem separados, com boa identificação das estruturas adjacentes ao grande peitoral. • A prega inframamária deve ser incluída inferiormente. • A papila deve ficar paralela ao filme, sem se sobrepor à imagem. • Uma boa inspeção não deve mostrar evidência de borramento por movimento. • A angulação deve ser simétrica. • O músculo pequeno peitoral não deve estar incluído na imagem. FIGURA 40 – POSICIONAMENTO ADEQUADO DA INCIDÊNCIA MLO FONTE: Adaptada de Inca (2019) 134 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS Cuidados importantes durante o posicionamento das pacientes (AGUILLAR, 2009): • Cuidar para que a papila não fique rodada para cima ou para baixo. FIGURA 41 – ERRO DE POSICIONAMENTO DA PAPILA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) • Os pés da paciente devem ficar voltados para frente do aparelho. • Não deixar que a paciente fique de lado ou com os joelhos flexionados, quadril torto, pés afastados do aparelho e calcanhar elevado. FIGURA 42 – ERRO DE POSICIONAMENTO DAS PERNAS FONTE: Adaptada de Inca (2019) TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 135 • O abdome da paciente pode interferir no posicionamento correto da prega inframamária, assim, nesse caso, deve-se solicitar que a paciente encolha um pouco a barriga durante o posicionamento. • Observar alguns adornos que podem interferir no exame, como brincos grandes, cabelo comprido e solto, correntes etc. 3 INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS ADICIONAIS OU COMPLEMENTARES Sabemos que, ao realizar uma incidência adicional, a paciente pode ficar um pouco ansiosa, mas essas incidências não significam, necessariamente, a suspeita de alguma lesão ou câncer de mama. Muitas vezes são realizadas, pois alguma parte da mama não foi incluída nas incidências básicas. De acordo com o Inca (2019), as principais incidências complementares são: CC exagerada, CC medialmente exagerada (cleavage), caudocranial, mediolateral ou perfil (ML), lateromedial (ou contact) e axilar. 3.1 CRANIOCAUDAL LATERALMENTE EXAGERADA (XCCL) Incidência conhecida como craniocaudal exagerada. É uma incidência indicada para a inclusão do quadrante lateral da mama, incluindo cauda de Spence (glândula mamária que “invade” a axila, lateralmente à borda lateral do músculo grande peitoral) (INCA, 2019). Posicionamento de acordo com o Inca (2019): • Rotação do tubo de 5º a 10º, feixe de cima para baixo (os quadrantes laterais ficam um pouco mais altos). • Paciente posicionada como na CC, com ligeira rotação para centralizar os quadrantes laterais no bucky. • Elevar o sulco inframamário e manter o mamilo paralelo ao bucky. • Bucky próximo dos quadrantes inferiores. • Cleópatra: representa variação da XCCL, sendo realizada com o tubo vertical, feixe perpendicular à mama e a paciente bem inclinada sobre o bucky. A opção entre realizar a incidência XCCL ou Cleópatra depende apenas da facilidade de posicionamento da paciente, pois ambas as incidências possuem o mesmo objetivo e o mesmo resultado radiográfico. Como critério de avaliação para essa incidência, deve-se incluir uma pequena porção do músculo peitoral, conforme mostra a figura a seguir. 136 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS FIGURA 43 – POSICIONAMENTO DA TÉCNICA XCCL FONTE: Adaptada de Inca (2019) 3.2 CRANIOCAUDAL MEDIALMENTE EXAGERADA XCCM OU (CLEAVAGE – CV) Essa incidência serve para exposição adicional dos quadrantes mediais, sendo realizada com o feixe em craniocaudal. As duas mamas devem ser colocadas sobre o bucky. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Tubo vertical, feixe perpendicular à mama. • Posição da paciente é a mesma da CC, com os quadrantes mediais da mama a ser examinada centralizados no bucky (o sulco intermamário e a mama oposta também ficam sobre o bucky). • Elevar o sulco inframamário. • Mamilo paralelo ao filme. • Bucky próximo dos quadrantes inferiores. Uma incidência bem realizada deve incluir o sulco intermamário e parte da mama oposta na imagem. FIGURA 44 – POSICIONAMENTO DA MAMA NA INCIDÊNCIA CV FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 137 3.3 CAUDOCRANIAL (REVERSE CRANIOCAUDAL – RCC) É uma variação da incidência CC, com o feixe incidindo na parte caudal e saindo na parte cranial. É utilizado o aparelho de mamografia invertido, com o tubo para baixo e o bucky em cima. Deve-se incluir a maior parte possível da mama na radiografia. Essa incidência é indicada, no exame da mama masculina ou feminina, muito pequena (se houver dificuldade de realizar a CC, face ao pequeno volume da mama, pois, como a placa de compressão vem de baixo, essa incidência não exclui os tecidos fixos na região superior e pode mostrar mais o tecido posterior). Indicações (INCA, 2019): • Para pacientes com marca-passo ou com cifose acentuada. • Pacientes gestantes: nos raros casos, em que há indicação de mamografia em gestantes, o exame deve ser realizado com avental de chumbo no abdome. As incidências básicas CC e MLO são realizadas, podendo, a CC, ser substituída pela RCC se o volume do útero gravídico permitir. • Para marcação pré-cirúrgica delesões não palpáveis da mama, se a lesão estiver nos quadrantes inferiores e for a menor distância pele-lesão. • Essa incidência não é recomendada para pacientes com ascite ou abdome volumoso, independentemente do sexo. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Rotação do tubo a 180º, feixe perpendicular à mama. • Paciente de frente para o bucky, ligeiramente inclinada sobre o tubo. • Elevar o sulco inframamário além do limite normal. • Centralizar a mama, comprimir de baixo para cima. • Bucky próximo dos quadrantes superiores. FIGURA 45 – POSICIONAMENTO DA TÉCNICA REVERSE CRANIOCAUDAL – RCC FONTE: Adaptada de Inca (2019) 138 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 3.4 MEDIOLATERAL (ML ou P) É a incidência de perfil da mama. Nela, deve ser visualizada parte do prolongamento axilar. Essa incidência é indicada na manobra angular e na verificação do posicionamento do fio metálico após marcação pré-cirúrgica de lesões não palpáveis. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Rotação do tubo a 90º, feixe perpendicular à mama. • Paciente de frente para o bucky, braço do lado do exame relaxado e cotovelo dobrado. • Levantar e colocar a mama para frente; o ângulo superior do receptor atrás da margem lateral do grande peitoral. • Centralizar a mama e manter o mamilo paralelo ao filme. • Bucky próximo dos quadrantes externos. • Parte do músculo grande peitoral deve estar na radiografia. FIGURA 46 – POSICIONAMENTO DA MEDIOLATERAL ML OU P FONTE: Adaptada de Inca (2019) 3.5 LATEROMEDIAL (LM) Essa incidência, também chamada de perfil interno ou contact, deve incluir toda a parte do prolongamento axilar. É indicada em estudos de lesões nos quadrantes mediais, principalmente, nas localizadas próximas do esterno. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Rotação do tubo a 90º, feixe perpendicular à mama. • Paciente de frente para o bucky, braço do lado examinado elevado, fazendo 90º com o tórax e apoiado no bucky. • Centralizar a mama, manter o mamilo paralelo ao filme. • Bucky próximo dos quadrantes mediais. • Comprimir a partir da linha axilar posterior em direção à mama. TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 139 FIGURA 47 – POSICIONAMENTO DA TÉCNICA LATEROMEDIAL FONTE: Adaptada de Inca (2019) 3.6 AXILAR Representa a radiografia direcionada para a região axilar e é indicada para avaliação de lesões na região correspondente. Nessa incidência, deve ser feita a inclusão de grande parte do músculo grande peitoral, parte do músculo pequeno peitoral e linfonodos axilares. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Deve-se rotacionar o tubo a 90º. O feixe deve estar perpendicular à axila. • Posicionar o bucky próximo aos quadrantes laterais. • Incluir maior porção da axila, sem necessidade de incluir toda a mama. • Incluir parte do músculo pequeno peitoral. FIGURA 48 – POSICIONAMENTO DA TÉCNICA AXILAR FONTE: Inca (2019, p. 106) 140 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 4 MANOBRAS E COMPRESSÕES De acordo com o Inca (2019), manobras são posicionamentos especiais que podem ser feitos em qualquer incidência com a finalidade de resolver problemas específicos, porém, algumas combinações têm resultados mais eficientes em determinados casos. São manobras adicionais: compressão seletiva, ampliação geométrica ou verdadeira, associação compressão seletiva e ampliação, angular, oblíquas progressivas, rotacional, tangencial e Eklund. 4.1 MANOBRA DE COMPRESSÃO SELETIVA A manobra de compressão seletiva tem, como objetivo, tirar a sobreposição de estruturas com densidades semelhantes. Essa manobra também é conhecida como compressão focal e pode ser utilizada como complemento de qualquer incidência. É indicada para estudos de assimetrias e distorções focais (áreas mais densas). FIGURA 49 – DIFERENÇA DA COMPRESSÃO PADRÃO PARA A COMPRESSÃO SELETIVA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Encaixar o compressor pequeno (redondo ou retangular) para comprimir somente a área de interesse, com o feixe colimado nessa pequena área. Pode ser executada em qualquer plano de imagem. • Primeiramente, localize a imagem na mamografia. • Usando os dedos (ou medida com régua), meça a distância da imagem até a papila e transfira a medida para a mama da paciente, marcando o local com caneta. • Comprima a área marcada. TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 141 FIGURA 50 – ESQUEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE LESÃO PARA COMPRESSÃO SELETIVA FONTE: Adaptada de Inca (2019) 4.2 MANOBRA DE AMPLIAÇÃO GEOMÉTRICA OU AMPLIAÇÃO VERDADEIRA Esta incidência representa uma ampliação de qualquer parte da mama, podendo ser realizada como complemento de qualquer incidência. Deve-se cuidar para não confundir com ampliações feitas no monitor após a realização de uma incidência. É indicada para avaliar áreas suspeitas, principalmente, no estudo das microcalcificações. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Usar o dispositivo para a ampliação, de acordo com o aumento desejado. • Colocar o compressor para a ampliação. • Mudar para o foco fino (0,1 mm): em alguns aparelhos, quando a bandeja de ampliação é colocada, ocorre a mudança automática para o foco fino. FIGURA 51 – TÉCNICA DE AMPLIAÇÃO FONTE: Adaptada de Inca (2019) 142 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS 4.3 ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPRESSÃO SELETIVA E AMPLIAÇÃO GEOMÉTRICA A ampliação geométrica é utilizada, simultaneamente, com a compressão seletiva, permitindo obter os benefícios das duas manobras e a racionalização do uso de materiais. Pode ser feita em qualquer incidência e é indicada para avaliar detalhes de estruturas e dissociar áreas densas. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Usar o dispositivo para a ampliação. • Encaixar o compressor para a compressão seletiva e a ampliação (o braço do compressor é diferente do compressor focal simples). • Medir o local da lesão: mesmos passos da compressão seletiva. FIGURA 52 – TÉCNICA DE COMPRESSÃO SELETIVA COM AMPLIAÇÃO FONTE: <radioinmama.com.br>. Acesso em: 18 abr. 2021. 4.4 MANOBRA ANGULAR Esta manobra é mais empregada quando a imagem a ser estudada é visualizada na MLO e o tubo é angulado diretamente para 90º (ML), para permitir completa dissociação de estruturas. É indicada para estudos de áreas densas identificadas na incidência MLO, que podem representar superposição TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 143 de estruturas. É uma técnica mamográfica complementar à incidência MLO, aplicada quando não for possível a realização da compressão seletiva de forma satisfatória. 4.5 OBLÍQUAS PROGRESSIVAS Esta técnica tem, como objetivo, determinar se um achado mamográfico, visto, a princípio, em uma incidência padrão (craniocaudal ou mediolateral oblíqua), persiste em projeções anguladas, e, a partir daí, diferenciar a sobreposição de imagens de uma lesão real. É uma forma adequada de resolver os problemas de sobreposição, pois dissocia a lesão de alguma estrutura normal ou duas lesões distintas que apareçam sobrepostas. FIGURA 53 – TÉCNICA DE OBLÍQUAS PROGRESSIVAS FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Indicações: • Presença de assimetria não calcificada, identificada, primeiramente, em apenas uma projeção padrão para diferenciar sobreposição de tecidos de lesão real. • Ajuda a identificar a verdadeira posição de uma lesão. • Ocasionalmente, é útil para indicar a localização de mais de uma lesão na mesma mama, especialmente, se tais lesões exibem achados mamográficos semelhantes e apresentam distâncias equivalentes até a papila. 144 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS Posicionamento, de acordo com Aguillar (2009): • Oblíquas progressivas envolvem imagens adicionais com aumentos sequenciais de 15° em obliquidade. • Inicia-se a projeção, com a identificação do achado mamográfico, direcionando- se para a projeção, na qual o achadoem questão não é visível. • Todas as imagens devem ser obtidas com a mama na mesma orientação. • Evitar rodar a papila sobre a mama. • A paciente deve permanecer em pé, sem se curvar, já que o tubo de raios-X está angulado e pode levar a erros. FIGURA 54 – POSICIONAMENTO PARA OBLÍQUAS PROGRESSIVAS FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 4.6 MANOBRA ROTACIONAL OU ROLADA Esta incidência consiste em realizar a rotação da mama no próprio eixo, com a finalidade de dissociar estruturas. Também pode ser chamada de “rolada” e pode ser uma alternativa para substituir a compressão seletiva, quando esta TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 145 última não puder ser realizada de forma satisfatória. A manobra rotacional original consistia em mover os quadrantes superiores para um lado (lateral ou medial) e os quadrantes inferiores para o lado oposto. Atualmente, para facilitar a execução, utiliza-se apenas a rotação dos quadrantes que não estão em contato com o filme, antes de aplicar a bandeja de compressão. Essa incidência é indicada para a avaliação de áreas densas identificadas na incidência craniocaudal ou perfil, que podem representar superposição de estruturas (INCA, 2019). FIGURA 55 – TÉCNICA DA MANOBRA ROLADA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Algumas siglas utilizadas nessa manobra: • RM: rotação medial – na CC, rotação dos quadrantes superiores medialmente. • RL: rotação lateral – na CC, rotação dos quadrantes superiores lateralmente. • RS: rotação superior – no P, rotação dos quadrantes mediais superiormente. • RI: rotação inferior – no P, rotação dos quadrantes mediais inferiormente. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Na CC, deslocar, suavemente (em torno de um cm), os quadrantes superiores lateral ou medialmente. • No P, deslocar, suavemente (em torno de um cm), os quadrantes mediais superior ou inferiormente. • A escolha do sentido da rotação (lateral, medial, superior, inferior) depende da localização da lesão e, principalmente, do tipo de mama. • Essa manobra deve ser evitada nas mamas densas e predominantemente densas, uma vez que a glândula densa pode “esconder” a lesão. 146 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS FIGURA 56 – POSICIONAMENTO DA MANOBRA ROLADA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 4.7 MANOBRA TANGENCIAL É a incidência que consiste em fazer o feixe de raios-X tangenciar (passar apenas em um ponto) a região da mama onde está a lesão a ser estudada. É indicada para diagnóstico diferencial entre lesões cutâneas (cicatrizes cirúrgicas, verrugas, calcificações, cistos sebáceos, cosméticos contendo sais opacos) e lesões mamárias. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Para realizar a manobra tangencial, é necessário dispor de marcadores metálicos, representados por chumbinhos (encontrados dentro de projétil de arma de fogo), miçangas e fios metálicos. • Os marcadores são colocados na pele com fita adesiva transparente (não utilizar esparadrapo comum, pois é visualizado na radiografia). FIGURA 57 – EXEMPLO DE MARCADORES METÁLICOS FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 147 • Posicione a mama de maneira que o feixe de raios-X tangencie a marcação (pode-se realizar qualquer incidência, mesmo que não sejam padronizadas, desde que o feixe de raios-X tangencie a área com o marcador) e efetue a compressão. FIGURA 58 – MANOBRA TANGENCIAL FONTE: Adaptada de Inca (2019) 4.8 MANOBRA DE EKLUND Para mamas com implantes (normalmente, silicone), é necessário realizar incidências adicionais para deslocar o parênquima mamário e possibilitar a avaliação. Essa manobra é indicada como complementação do exame de pacientes com implantes. Posicionamento, de acordo com o Inca (2019): • Desloque o implante contra a parede torácica enquanto traciona o tecido mamário. • Posteriormente, aplique a compressão. • Realize a manobra nas incidências CC e MLO. • A realização é mais fácil nos implantes de localização retropeitoral. 148 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS FIGURA 59 – MANOBRA DE EKLUND FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Não realizar manobra de Eklund nas pacientes com contratura capsular (implantes endurecidos) ou nas pacientes com implantes volumosos, que ocupam grande extensão das mamas. NOTA TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 149 FIGURA 60 – TÉCNICA DE POSICIONAMENTO DA MANOBRA DE EKLUND FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 5 POSICIONAMENTO DA MAMA MASCULINA A mama masculina deve ser posicionada como a mama feminina. Na prática diária, pode-se obter incidência mamográfica mediolateral a 90° em substituição à mediolateral oblíqua. Ao realizar a mediolateral oblíqua, a fotocélula lê a musculatura peitoral, que, no sexo masculino, é muito proeminente, podendo deixar o tecido mamário (área de interesse) superexposto. Outra opção é obter a caudocranial ao invés da craniocaudal, com o objetivo de expor grande quantidade de tecido. As mesmas incidências complementares utilizadas para pacientes femininas podem ser indicadas para o sexo masculino, caso alguma anormalidade seja detectada nas incidências básicas (AGUILLAR, 2009). 150 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS FIGURA 61 – POSICIONAMENTO DA MAMA MASCULINA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 6 RADIOGRAFIA DE PEÇA CIRÚRGICA As lesões não palpáveis, identificadas na mamografia, e que necessitam de cirurgia, são localizadas no pré-operatório. Após o procedimento cirúrgico, as radiografias da peça são obtidas para confirmar a retirada da lesão para a análise histológica. Caso a lesão seja maligna (diagnóstico prévio através da biópsia percutânea), e com extensão até a margem da peça, ou com uma margem tumoral livre inferior a 10 mm, é necessário solicitar, ao cirurgião, excisão cirúrgica adicional na margem comprometida (AGUILLAR, 2009). São realizadas duas radiografias da peça cirúrgica com compressão seletiva ampliada (ampliada para peças com microcalcificações) em planos ortogonais, de frente e de lado. Compressão deve ser aplicada para diminuir a espessura, reduzindo a radiação espalhada e separando as estruturas sobrepostas (AGUILLAR, 2009). Como técnica mamográfica mais adequada, com base em instruções do INCA (2019), é recomendado que o profissional das técnicas radiológicas utilize uma ampliação. Se estiver utilizando um mamógrafo digital, a ampliação pode ser desnecessária e o médico utilizar a ampliação computacional. Deve ser utilizada a compressão para uma imagem mais uniforme da peça e aplicar parâmetros de exposição manual, em torno de 22kV, com 40mAs. Pode ser utilizada grade de acrílico específica, com marcação alfa numérica (radiopaca) para acomodar a peça e facilitar o trabalho do médico patologista. TÓPICO 4 — INCIDÊNCIAS MAMOGRÁFICAS 151 FIGURA 62 – MAMOGRAFIA DE PEÇA CIRÚRGICA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 152 UNIDADE 2 — ANATOMIA E TÉCNICAS MAMOGRÁFICAS LEITURA COMPLEMENTAR LESÕES MAMÁRIAS INCOMUNS: ENSAIO ICONOGRÁFICO Rogério Duarte et al. As lesões mamárias incomuns podem representar um desafio diagnóstico, sendo importantes para o radiologista estar familiarizado com o aspecto radiológico. Essas lesões incluem doenças sistêmicas (doença vascular do colágeno, vasculite, hiperparatireoidismo), tumores benignos (hamartoma, fibromatose, tumor de células granulares e tumor filoide), doenças malignas (linfoma, sarcoma, carcinossarcoma, carcinoma adenoide cístico) ou doenças metastáticas (melanoma, linfoma, sarcoma, carcinoma do pulmão, estômago, ovário e células renais) etc. O objetivo deste trabalho é demonstrar os aspectos radiológicos que são característicos das principais lesões mamárias incomuns. Analisamos, retrospectivamente, casos incomuns de lesões mamárias com e sem manifestação clínica, como hamartoma, lipoma retromamário,tumores filoides benigno e maligno, fibroadenoma atípico, ectasia ductal gigante, doença de Mondor, rabdomiossarcoma, carcinoma adenoide cístico e linfoma. Realizamos, em alguns desses casos, mamografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e investigação histológica. [...] Leia mais em: https://bit.ly/3vP8fm3 153 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que: • Existem incidências básicas que devem ser realizadas nos estudos mamográficos, para rastreamento e para diagnóstico. As incidências básicas são a craniocaudal (CC) e a mediolateral oblíqua (MLO), sempre realizadas bilateralmente. • A incidência CC inclui toda a glândula mamária, desde a porção lateral até a medial, não incluindo a porção axilar. A mama é radiografada com o feixe de raios-X, indo da cabeça em direção aos pés. • Quando o músculo peitoral não estiver presente na incidência CC, deve-se realizar uma comparação com a incidência MLO, para saber se é necessário repetir a incidência. A distância do mamilo para a porção posterior da mama na MLO, menos o valor da mesma distância na CC, deve ser menor ou igual a um centímetro. • No posicionamento mamográfico, quando falamos da obliquidade, estamos citando o ângulo do equipamento, e não da paciente. Na incidência MLO, o tecido, a parede do tórax e a cauda axilar são mais bem visualizados. As chances de visualização de todo o tecido mamário são maiores nessa incidência. O quadrante com maior probabilidade de não ser visualizado, nessa incidência, é o inferomedial. • Para mamas com implantes (normalmente, silicone), é necessário realizar incidências adicionais para deslocar o parênquima mamário e possibilitar a avaliação. Essa manobra é indicada como complementação do exame de pacientes com implantes. • A mama masculina deve ser posicionada como a mama feminina. Na prática diária, pode-se obter incidência mamográfica mediolateral a 90°, em substituição à mediolateral oblíqua. 154 Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA • As lesões não palpáveis, identificadas na mamografia, e que necessitam de cirurgia, são localizadas no pré-operatório. Após o procedimento cirúrgico, as radiografias da peça são obtidas para confirmar a retirada da lesão para a análise histológica. Caso a lesão seja maligna (diagnóstico prévio através da biópsia percutânea), e com extensão até a margem da peça, ou com uma margem tumoral livre inferior a 10 mm, é necessário solicitar, ao cirurgião, excisão cirúrgica adicional na margem comprometida. 155 1 Leia o texto a seguir para responder a uma pergunta: Essa incidência inclui toda a glândula mamária, desde a porção lateral até a medial, não incluindo a porção axilar. A mama é radiografada com o feixe de raios-X, indo da cabeça em direção aos pés. De que incidência o texto está se referindo? Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Incidência CC. b) ( ) Incidência MLO. c) ( ) Incidência XCCL. d) ( ) Incidência P. 2 Para mamas com implantes (normalmente, silicone), é necessário realizar incidências adicionais, para deslocar o parênquima mamário e possibilitar a avaliação. Essa manobra é indicada como complementação do exame de pacientes com implantes. De acordo com o assunto abordado, assinale a alternativa que representa a manobra que deve ser realizada em pacientes com implante mamário. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Manobra de Eklund. b) ( ) Manobra de Cleópatra. c) ( ) Manobra angular. d) ( ) Manobra rolada. 3 No posicionamento mamográfico, quando falamos da obliquidade, estamos citando o ângulo do equipamento, e não da paciente. Na incidência MLO, o tecido, a parede do tórax e a cauda axilar são mais bem visualizados. As chances de visualização de todo o tecido mamário são maiores nessa incidência. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir: I- O quadrante com maior probabilidade de não ser visualizado, nessa incidência, é o inferomedial. II- Deve-se iniciar o processo girando o tubo de raios-X, deixando o receptor paralelo ao músculo grande peitoral. Esse ângulo pode variar, de acordo com as características físicas de cada paciente, de 30º a 60º. III- A maior parte dos serviços trabalha com ângulos de 35º, pois encontramos a mama paralela ao bucky. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças I e II estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 156 4 A manobra tangencial é uma incidência que consiste em fazer o feixe de raios-X tangenciar (passar apenas em um ponto) a região da mama, onde está a lesão a ser estudada. É indicada para diagnóstico diferencial entre lesões cutâneas (cicatrizes cirúrgicas, verrugas, calcificações, cistos sebáceos, cosméticos contendo sais opacos) e lesões mamárias. De acordo com esse assunto descreva o passo a passo do posicionamento correto dessa manobra. 5 A técnica de oblíquas progressivas tem, como objetivo, determinar se um achado mamográfico, visto, a princípio, em uma incidência padrão (craniocaudal ou mediolateral oblíqua), persiste em projeções anguladas e, a partir daí, diferenciar a sobreposição de imagens de uma lesão real. É uma forma adequada de resolver os problemas de sobreposição, dissociação à lesão de alguma estrutura normal ou duas lesões distintas que apareçam sobrepostas. De acordo com esse assunto, descreva as indicações para a realização dessa técnica. 157 REFERÊNCIAS AGUILLAR, V. L. N. Diagnóstico por imagem: mamografia, ultrassonografia, ressonância magnética. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2009. BUSHONG, S. C. Ciência radiológica para tecnólogos: física, biologia e prote- ção. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. COLÉGIO BRASILEIRO DE RADIOLOGIA. Atlas BI-RADS. São Paulo: Ed 2. Manole, 2016. DRONKERS, D. J. Mamografia prática: patologia, técnicas, interpretação e mé- todos complementares. Rio Grande do Sul: Ed. Revinter, 2003. DUARTE, R. Lesões mamárias incomuns: ensaio iconográfico. 2005. Disponível em: file:///D:/APOSTILA%20MAMO%20UNIASSELVI/LIVROS%20E%20APOS- TILAS/les%C3%B5es%20mam%C3%A1rias%20artigo.pdf. Acesso em: 21 fev. 2021. INCA. Atualização em mamografia para técnicos em radiologia. Rio de Janeiro: Ed. Ministério da Saúde, 2019. INRAD. Tratado de radiologia volume 3. São Paulo: Ed. Manole, 2017. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema BI-RADS: condutas. 2018. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/. Acesso em: 21 fev. 2021. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. NR 32 - Segurança e saúde no tra- balho em serviços de saúde. 2005. Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/ portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-32.pdf. Acesso em: 21 fev. 2021. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/ 158 159 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o que são os procedimentos invasivos guiados por ima- gem; • conhecer as novas tecnologias referentes à área da mamografia; • entender os objetivos e os princípios físicos do exame de densitometria óssea; • compreender as técnicas de posicionamento do exame de densitometria óssea. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA TÓPICO 2 – NOVAS TECNOLOGIAS NA MAMOGRAFIA TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA TÓPICO 4 – MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA TÓPICO 5 – EXAME DE DENSITOMETRIAÓSSEA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 160 161 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, o exame de mamografia é uma tecnologia única e que ainda não foi substituída, apesar da busca incansável por uma técnica menos desconfortável para as pacientes. Existem vários procedimentos e tecnologias que auxiliam e complemen- tam o exame de mamografia, mas não o substituem. Os procedimentos invasivos, como as biópsias, servem para retirada de lesões para possíveis avaliações anato- mopatológicas. Esses procedimentos podem ser guiados por vários métodos de imagem e serão abordados nesta unidade. 2 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA O objetivo do método é direcionar o cirurgião para a lesão não palpável de interesse, de modo que essa lesão seja devidamente removida pela biópsia cirúrgica. A biópsia cirúrgica de uma lesão não palpável não deve ser realizada sem o conhecimento exato da localização na mama. Pode ser guiada por imagem mamográfica, ultrassonográfica ou pela ressonância magnética (AGUILLAR, 2009). De acordo com Aguillar (2009), o procedimento pode ser feito de três formas: • Colocação de um fio-guia metálico. • Radiofármaco tecnécio-99 associado a uma substância coloide (dextran ou fitato). • Injeção de carvão vegetal. Quando for guiada por mamografia, deve ser determinada por duas incidências ortogonais: craniocaudal e perfil em 90 graus (mediolateral ou lateromedial). Pode ser realizada pelo método biplanar ou pelo método estereotáxico (método que abordaremos mais à frente). Quando guiada pela ultrassonografia, é feita através da visualização da lesão pelo ultrassom em tempo real. Se realizada através da ressonância magnética, requer o uso de agulha sem propriedades ferromagnéticas e a injeção de meio de contraste paramagnético. TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 162 2.1 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA: MÉTODO BIPLANAR Preferencialmente, as pacientes devem ser posicionadas sentadas em uma posição confortável. Utilizando um compressor fenestrado e com marcação alfanumérica nas bordas, posiciona-se a lesão de interesse centralizada na fenestra. A compressão realizada deve ser a mínima necessária para manter a mama firme, sem desencadear dor. O fio utilizado para marcação deve percorrer a menor distância possível no interior da mama e, para isso acontecer, deve-se localizar a menor distância entre a lesão e a pele para a inserção da agulha. Como um exemplo prático, se tivermos uma lesão com calcificações localizadas no quadrante superolateral da mama esquerda, claramente, são mais “laterais” do que superiores, ou seja, estão mais próximas da pele do aspecto lateral da mama. Dessa forma, o menor percurso do fio, no interior da mama, se dá inserindo a agulha por via lateral. Para tanto, a mama deve ser posicionada em perfil lateromedial, ou seja, com o compressor fenestrado em contato com a pele lateral da mama. Com o posicionamento correto, é realizada a antissepsia local e, após traçar a posição alfanumérica exata da lesão, é feita a anestesia local nessa posição. A agulha é inserida nesse local, perpendicular ao plano do compressor. Após a inserção, uma nova incidência, ainda nessa posição, confirma a correta inserção da agulha na mama (sem dobras ou desvios). Alivia-se, então, a compressão com cuidado, para que a agulha não seja deslocada. O compressor fenestrado é trocado por um habitual e a paciente é reposicionada na incidência ortogonal. Uma nova imagem é adquirida, comprovando que a agulha está passando por meio da lesão e é realizada a ancoragem do fio. A incidência com o fio ancorado é usada para guiar o cirurgião. TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA 163 FIGURA 1 – PROCEDIMENTO DE LOCALIZAÇÃO COM A PLACA FENESTRADA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 2.2 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA: MÉTODO ESTEREOTÁXICO A localização pré-cirúrgica pelo método estereotáxico consiste no princípio da triangulação, em que o cálculo da quantidade de desvio de uma lesão em duas projeções, tomadas com angulação de 15 graus positivos e negativos, permite a localização precisa em três dimensões. Para a localização pré-cirúrgica da lesão não palpável, podem ser utilizados um ou mais fios-guia metálicos, o carvão vegetal (pouco comum now nosso meio) ou o radiomarcador (Tc-99), conforme a experiência dos profissionais envolvidos e a disponibilidade do material a ser utilizado (AGUILLAR, 2009). A primeira imagem é realizada com centralização da lesão na placa de compressão (scout) e, posteriormente, são obtidas imagens esterotáxicas. Para localizações esterotáxicas com aparelho adaptado ao mamógrafo, a paciente deve estar sentada, iniciando com uma angulação de -15º. Caso seja realizada na mesa dedicada ao procedimento, a paciente deve estar em posição prona, iniciando com a angulação de +15º. Após a obtenção das imagens, são obtidas as coordenadas x, y, e z, que fornecem a localização exata da lesão. É informado, ao equipamento, o comprimento da agulha para ajustar a profundidade (índice z). A agulha é introduzida a partir da superfície da mama, transfixando a lesão, de forma que a ultrapasse, não devendo estar mais de 1,0 cm distante da lesão. São realizadas duas incidências com o fio-guia, servindo como orientação para o cirurgião escolher a melhor via para acessar a lesão (AGUILLAR, 2009). UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 164 FIGURA 2 – DEMONSTRAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE LOCALIZAÇÃO POR ESTEREOTAXIA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) FIGURA 3 – FIGURA MAMOGRÁFICA DA ESTEREOTAXIA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA 165 2.3 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA ORIENTADA PELA ULTRASSONOGRAFIA Primeiramente, é realizada a localização da lesão pela ultrassonografia. Através dessa avaliação, é escolhido o menor trajeto até a lesão. Realiza-se a inserção da agulha paralelamente ao tórax. Faz-se necessário monitorar todo o procedimento através das imagens ultrassonográficas, visualizando a agulha no interior da lesão em cortes transversais e longitudinais. Quando a localização pré-cirúrgica é feita com o fio metálico, a agulha deve transfixar a lesão. Após a retirada da agulha, o fio-guia permanece na lesão, sendo removido apenas no momento da cirurgia. Durante o procedimento, só se deve retirar a agulha soltando o fio-guia após ser certificada a localização correta (AGUILLAR, 2009). FIGURA 4 – LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA PELO ULTRASSOM FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 2.4 LOCALIZAÇÃO PRÉ-CIRÚRGICA: RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Para este procedimento, é necessária uma bobina com abertura lateral e uma agulha de calibre 18G ou 20G, sem propriedades ferromagnéticas. Pode ser realizado por dois métodos, grade com coordenadas ou método à mão livre. UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 166 É realizada a fase com contraste para a localização correta da lesão. A velocidade do procedimento é muito importante, pois as lesões não realçam mais de 5 a 10 minutos após a injeção. É importante fazer uma mamografia em duas incidências ortogonais após o agulhamento orientado pela ressonância magnética, para auxiliar a orientação do cirurgião quanto à localização da lesão. Além disso, essas radiografias podem demonstrar uma lesão que não havia sido vista antes da ressonância e podem orientar no seguimento da paciente (AGUILLAR, 2009). 3 TIPOS DE BIÓPSIA Qualquer lesão mamária, palpável ou não, que possa ser alcançada com segurança por agulha, pode ser submetida à biópsia percutânea. Quando se detecta uma lesão suspeita não palpável através dos métodos de imagem da mama, temosum aumento do número e das possibilidades de realização de procedimentos invasivos mamários (AGUILLAR, 2009). Prezado acadêmico, entenderemos um pouquinho mais a respeito desses procedimentos a seguir. 3.1 PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) Essa técnica consiste em introduzir agulhas finas (18G, 20G ou 22G) no interior da lesão, com o principal objetivo de obterem células para determinar o diagnóstico citológico. É uma técnica simples, rápida e de custo reduzido, que não causa trauma e é bem tolerada pelas pacientes, virtualmente, sem complicações. FIGURA 5 – SISTEMA PARA PUNÇÃO ASPIRATIVA PAAF FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA 167 3.2 BIÓPSIA PERCUTÂNEA DE FRAGMENTOS COM PISTOLA AUTOMÁTICA (CORE BIOPSY) A biópsia percutânea mamária de fragmentos guiada por estereotaxia, pela ultrassonografia ou pela ressonância magnética, é um procedimento pouco invasivo, usado para o diagnóstico de lesões não palpáveis e suspeitas. É realizada quando o fragmento do tecido mamário tem tamanho e consistência suficientes para permitir a análise histológica. É um procedimento realizado com pistola automática e disparos curtos e longos (15 e 22 mm) (AGUILLAR, 2009). FIGURA 6 – SISTEMA PARA CORE BIOPSY FONTE: Adaptada de Aguillar (2009); <policlinicaitapua.com.br>. Acesso em: 18 abr. 2021. 3.3 BIÓPSIA PERCUTÂNEA DE FRAGMENTOS ASSISTIDA A VÁCUO (MAMOTOMIA) A mamotomia foi criada em 1994, por Parker, com o intuito de superar as limitações da biópsia percutânea com pistola automática, obtendo uma quantidade maior de tecido, minimizando os casos de concordância parcial na hiperplasia ductal atípica e no carcinoma ductal in situ diagnosticados com a biópsia com pistola automática. Esse método proporciona a excisão total de lesões com até 1,5 centímetro, podendo ser guiado por estereotaxia, ultrassom e ressonância magnética. O procedimento é realizado com cânula de calibre 11 ou 8, acoplada a um dispositivo https://policlinicaitapua.com.br/artigo-inter/core-biopsy UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 168 a vácuo. Atualmente, existem outros equipamentos de biópsia de fragmentos auxiliada pelo vácuo, com agulhas de calibre 9 e 12, com aberturas maior e menor da cânula, dependendo da espessura da mama (AGUILLAR, 2009). Alguns benefícios desse método são: • Obtenção de fragmentos maiores e por contiguidade. • Menos hemorragia. • Agilidade do procedimento. • Possibilidade de deixar, no local biopsiado, um clipe metálico para eventual retirada total da lesão com diagnóstico de malignidade. Contudo, esse método também possui desvantagens, pois não elimina os resultados histológicos "subestimados" e apresenta custo operacional significativamente mais elevado do que a core biopsy. FIGURA 7 – PROCEDIMENTO DE MAMOTOMIA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) Vantagens da biópsia por fragmentos: Core-biopsy/Mamotomia (AGUILLAR, 2009): • As biópsias de fragmentos são vantajosas pois são procedimentos pouco invasivos. • As cicatrizes e as lesões menores do que na biópsia cirúrgica. • São procedimentos rápidos e com recuperações quase que imediatas. • Não interfere na arquitetura do parênquima, não afetando a interpretação de mamografias futuras. • Há custo financeiro mais baixo do que uma biópsia cirúrgica. • Não há necessidade de internação hospitalar. TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA 169 FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 3.4 SISTEMA DE ESTEREOTAXIA NO AUXÍLIO DOS PROCEDIMENTOS INVASIVOS DA MAMA O equipamento de estereotaxia pode ser analógico ou digital, sendo, o digital, mais vantajoso, com todas as vantagens de um sistema digital. O equipamento de estereotaxia pode ser acoplado ao mamógrafo, assim, a paciente precisa realizar o procedimento sentada. O ideal é que o sistema tenha uma mesa de procedimentos intervencionistas, na qual a paciente fique posicionada em decúbito ventral. A seguir, será possível observar o procedimento com a paciente em decúbito lateral em um sistema adaptado em um mamógrafo. Na figura que vem depois, visualizaremos o procedimento em uma mesa específica para procedimentos intervencionistas na mama (AGUILLAR, 2009). FIGURA 9 – BIÓPSIA COM SISTEMA ESTEROTÁXICO ADAPTADO EM MAMÓGRAFO FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) FIGURA 8 – PROCEDIMENTO DE MAMOTOMIA UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 170 FIGURA 10 – BIÓPSIA COM SISTEMA ESTEROTÁXICO DEDICADO COM MESA DE PROCEDIMENTOS FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) No sistema dedicado, usa-se anestesia e é utilizada uma pistola automá- tica (core biopsy) para retirar, pelo menos, cinco fragmentos, sendo um central e outros quatro fragmentos nas posições 3h, 6h, 9h e 12h. Nos casos de calcifica- ções, pode ser necessário um maior número de fragmentos (AGUILLAR, 2009). 4 DUCTOGRAFIA OU GALACTOGRAFIA O procedimento define causas de fluxo papilar espontâneo unilateral de ducto único. A maior parte de fluxos papilares espontâneos pode ser causada por tumores benignos, como papilomas ou por carcinomas ductais in situ. Por isso, torna-se importante identificar as etiologias das anormalidades intraductais. Apesar de ser um procedimento deixado, muitas vezes, em segundo plano, a ductografia diagnóstica e a pré-operatória auxiliam a guiar intervenções cirúrgicas, evitando que excisões ductais centrais não removam o sistema ductal anormal ou removam somente uma parte dele. Quando os princípios fundamentais da ductografia são aprendidos, torna-se um procedimento fácil de ser realizado (AGUILLAR, 2009). TÓPICO 1 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM NA MAMA 171 FIGURA 11 – MATERIAIS E MÉTODO DA DUCTOGRAFIA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) FIGURA 12 – REALIZAÇÃO DO EXAME DE DUCTOGRAFIA FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) FIGURA 13 – FIGURAS MAMOGRÁFICAS EM PERFIL APÓS INJEÇÃO DO MEIO DE CONTRASTE FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 172 Neste tópico, você aprendeu que: • A localização pré-cirúrgica tem, como objetivo, direcionar o cirurgião para a lesão não palpável de interesse, de modo que essa lesão seja devidamente removida pela biópsia cirúrgica. • A localização pré-cirúrgica pelo método estereotáxico consiste no princípio da triangulação, no qual o cálculo da quantidade de desvio de uma lesão em duas projeções, tomadas com angulação de 15 graus positivos e negativos, permite a localização precisa em três dimensões. • Quando a localização pré-cirúrgica é feita com o fio metálico, a agulha deve transfixar a lesão. Após a retirada da agulha, o fio-guia permanece na lesão, sendo removido apenas no momento da cirurgia. • Qualquer lesão mamária, palpável ou não, que possa ser alcançada com segurança por agulha, pode ser submetida à biópsia percutânea. • A mamotomia foi criada em 1994, por Parker, com o intuito de superar as limitações da biópsia percutânea com pistola automática, obtendo uma quantidade maior de tecido, minimizando os casos de concordância parcial na hiperplasia ductal atípica e no carcinoma ductal in situ diagnosticados com a biópsia com pistola automática. • A ductografia é um procedimento que define causas de fluxo papilar espontâneo unilateral de ducto único. A maior parte de fluxos papilares espontâneos pode ser causada por tumores benignos, como papilomas, ou por carcinomas ductais in situ. RESUMO DO TÓPICO 1 173 1 A localização pré-cirúrgica tem o objetivo de direcionar o cirurgião para a lesão não palpável de interesse, de modo que essa lesão seja devidamente removida pela biópsia cirúrgica. A biópsia cirúrgica de uma lesão não palpável não deve ser realizada sem o conhecimento exato da localização na mama. Acerca da localização pré-cirúrgica, assinale a alternativa CORRETA: ( ) Quando for guiada por mamografia, deve ser determinada por duas incidências ortogonais: craniocaudal e perfilem 90 graus (mediolateral ou lateromedial). Pode ser realizada pelo método biplanar ou pelo método estereotáxico. ( ) Este método proporciona a excisão total de lesões com até 1,5 centímetro, podendo ser guiado por estereotaxia, ultrassom e ressonância magnética. ( ) Este procedimento define causas de fluxo papilar espontâneo unilateral de ducto único. ( ) Esta técnica consiste em introduzir agulhas finas (18, 20 ou 22G) no interior da lesão, com o principal objetivo de obter células para determinar o diagnóstico citológico. 2 Este método proporciona a excisão total de lesões com até 1,5 centímetro, podendo ser guiado por estereotaxia, ultrassom e ressonância magnética. O procedimento é realizado com cânula de calibre 11 ou 8, acoplada a um dispositivo a vácuo. Atualmente, existem outros equipamentos de biópsia de fragmentos auxiliada pelo vácuo, com agulhas de calibre 9 e 12, com aberturas maior e menor da cânula, dependendo da espessura da mama. Assinale a alternativa que representa o método a que o texto se refere: a) ( ) Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) b) ( ) Biópsia Percutânea de Fragmentos com Pistola Automática (CORE BIOPSY) c) ( ) Ductografia ou Galactografia d) ( ) Biópsia Percutânea de Fragmentos Assistida a Vácuo (MAMOTOMIA). 3 Qualquer lesão mamária, palpável ou não, que possa ser alcançada com segurança por agulha, pode ser submetida à biópsia percutânea. Quando se detecta uma lesão suspeita não palpável através dos métodos de imagem da mama, há um aumento do número e das possibilidades de realização de procedimentos invasivos mamários. De acordo com esse assunto, descreva o método de biópsia PAAF. 4 A localização pré-cirúrgica pelo método estereotáxico consiste no princípio da triangulação, no qual o cálculo da quantidade de desvio de uma lesão em duas projeções, tomadas com angulação de 15 graus positivos e negativos, permite a localização precisa em três dimensões. De acordo com esse assunto, descreva como deve ser realizado esse método. AUTOATIVIDADE 175 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A gravidade das doenças mamárias está relacionada com o tamanho, o grau histológico e a extensão da invasão tumoral no momento do diagnóstico. Por isso, imagens de alta qualidade são essenciais para o diagnóstico precoce, melhorando o prognóstico dessas pacientes. Nos últimos anos, percebemos uma grande preocupação com a melhora na tecnologia que envolve a qualidade da imagem em mamografia. Prezado acadêmico, por esse motivo, no Tópico 2, falaremos das novas tecnologias que estão disponíveis no mercado. Os profissionais que pretendem trabalhar com a mamografia precisam estar sempre se atualizando e saber quais são as técnicas e os equipamentos disponíveis. 2 TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA A tomossíntese mamária digital (DBT - Digital Breast Tomosynthesis), também chamada de mamografia 3D, é uma tecnologia atual, lançada no mercado há pouco tempo. Esse método foi desenvolvido a partir dos avanços da mamografia digital de campo total, combinada com as técnicas de reconstrução tridimensional de imagens (INCA, 2018). De acordo com o Inca (2018), na DBT, utiliza-se um mamógrafo digital em que o tubo de raios-X faz uma trajetória em forma de arco sobre a mama comprimida em um ângulo que pode variar de acordo com o fabricante, variando de -7,5° a +7,5° até -25° a +25°, obtendo-se projeções mamográficas com baixa dose de radiação. Essas projeções mamográficas são reconstruídas, utilizando a tecnologia digital similar à tomografia, exibindo a mama em cortes de 1,0 mm de espessura. Essas imagens são enviadas para monitores de alta resolução chamados de estação de trabalho, nos quais o radiologista pode: • Obter as incidências tradicionais em 2D. • Ver as imagens em cortes (“fatias”) de 1,0 mm de espessura. • Analisar as imagens de modo dinâmico cinematográfico em 3D. TÓPICO 2 — NOVAS TECNOLOGIAS NA MAMOGRAFIA 176 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA Essa ferramenta não tem o intuito de substituir ou alterar a maneira com que o tecnólogo e o radiologista realizam ou interpretam os achados mamográficos, mas acrescentar informações positivas para elevar a sensibilidade e a especificidade da mamografia como método de rastreamento e diagnóstico do câncer de mama (INCA, 2018). FIGURA 14 – FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA FONTE: Adaptada de Santos (2010) O equipamento de tomossíntese realiza as incidências mamográficas tradicionais 2D, então, pode ser utilizado na rotina de rastreamento do serviço de diagnóstico por imagem. A compressão da mama ocorre do mesmo modo praticado no exame de mamografia normal. A mama permanece estática durante todo procedimento, o que se movimenta é o tubo em ângulos determinados. O tubo se movimenta até 20º, produzindo uma imagem a cada 1º de movimentação, ou seja, durante o exame de tomossíntese, até 20 imagens podem ser produzidas. O tempo médio de aquisição é de cinco segundos e as imagens demoram um pouco mais para aparecer na tela, pois passam por um processo de reconstrução e tratamento para remoção de possíveis distorções ocasionadas pelo movimento do tubo. Quando se pensa em uma aquisição de cinco segundos, relaciona-se com a alta dose de radiação na paciente, mas não no sistema de tomossíntese. Nesse caso, estima-se que cada aquisição emita uma dose com cerca de 10% de radiação do total que seria utilizado em uma incidência de mamografia. Assim, um exame de tomossíntese 3D tem, na dose total da mama, o equivalente a duas incidências do exame mamográfico tradicional 2D. A imagem da tomossíntese vai do plano craniocaudal até o mediolateral obliquo. Mesmo avaliando a imagem em workstation com ferramentas de pós- processamento, não é possível fazer reconstruções multiplanares (axial, sagital TÓPICO 2 — NOVAS TECNOLOGIAS NA MAMOGRAFIA 177 e coronal). Ao contrário da TC, apesar da tomossíntese produzir imagens tridimensionais com cerca de 1mm de espessura, estas não são adquiridas com o tubo girando 360º em torno da mama da paciente. FIGURA 15 – FIGURAS ADQUIRIDAS EM UM EQUIPAMENTO DE TOMOSSÍNTESE FONTE: <radioinmama.com.br>. Acesso em: 18 abr. 2021. QUADRO 1 – COMPARATIVO DAS VANTAGENS E DAS DESVANTAGENS DA TOMOSSÍNTESE FONTE: <https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/atualizacao-em-mamografia-para-tecni- cos-em-radiologia>. Acesso em: 18 abr. 2021. http://www.radioinmama.com.br/tomossintese.html 178 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3 MAMOGRAFIA COM CONTRASTE A mamografia com contraste iodado endovenoso é um método que vem sendo lentamente introduzido na prática clínica fora do Brasil, com resultados iniciais comparáveis aos da ressonância magnética para detecção e avaliação da extensão do câncer de mama. É um método com potencial de crescimento, uma vez que a ressonância magnética é um procedimento de alto custo e alguns pacientes apresentam contraindicações. Esse método ajuda a confirmar a localização de uma lesão conhecida ou suspeita quando os resultados da triagem não são conclusivos. Pode ser realizada em menos de sete minutos, usando o mesmo equipamento de mamografia, na mesma sala, com a mesma equipe. É utilizado contraste iodado na mesma dose da tomografia (1 a 2 ml/kg), preferencialmente, com a bomba injetora, a um fluxo de 3ml/s. As contraindicações e os riscos são os mesmos da tomografia, necessitando de preparo semelhante (BARRA; BARRA; SOBRINHO, 2012). De acordo com o Barra e colaboradores (2012), a mamografia com contraste com técnica temporal é semelhante à angiografia. Uma imagem pré-contraste é adquirida, servindo como máscara para a subtração das imagens pós-contraste subsequentes. O agente de contraste iodado é administrado com a paciente sentada sem as mamas estarem comprimidas. Um par de imagens com baixa e alta energias é obtido em cada incidência, com duração médiade 10 segundos por incidência. As imagens são adquiridas entre dois e sete minutos, tomando, como base, os conhecimentos prévios da ressonância magnética, sendo que a prática dos profissionais de aplicação tem recomendado o tempo de cinco minutos depois da injeção do meio de contraste. A dose de radiação da imagem de alta energia equivale a cerca de 20% da obtida na mamografia convencional, assim, há um incremento total de apenas 20% na dose final do exame. Tem, como vantagem, a possibilidade de obtenção de imagens em diferentes planos, além de compressões e magnificações de ambas as mamas com uma única injeção de contraste. Comparando-se com a mamografia digital, a mamografia com contraste apresenta grande sensibilidade (93% vs. 78%) e boa especificidade (83%). TÓPICO 2 — NOVAS TECNOLOGIAS NA MAMOGRAFIA 179 FIGURA 16 – TEMPO ENTRE A INJEÇÃO DE CONTRASTE E A AQUISIÇÃO DAS IMAGENS FONTE: O autor Seguem dois casos descritos no artigo de revisão de Martins et al. (2014), apresentando algumas imagens mamográficas pré e pós-contraste, evidenciando lesões, demonstrando a acurácia do método de exame com o uso do meio de contraste. FIGURA 17 – EXAME MAMOGRÁFICO COM USO DE MEIO DE CONTRASTE - CASO 01 FONTE: Adaptada de Martins et al. (2014) 180 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA FIGURA 18 – EXAME MAMOGRÁFICO COM USO DE MEIO DE CONTRASTE – CASO 02 FONTE: Adaptada de Martins et al. (2014) 4 ESTUDO DA MAMA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A utilização da ressonância magnética (RM) tem, como grande vantagem, não utilizar radiação ionizante, além de não sofrer influência de mamas densas. As imagens da RM são resultado da interação de ondas de radiofrequência com o núcleo do átomo do hidrogênio. É necessária a administração venosa de contraste paramagnético (gadolínio) para a completa avaliação das lesões da mama (INCA, 2018). A ressonância magnética não está indicada como primeira opção para todas as pacientes. É indicada para o rastreamento em mulheres de alto risco e pode auxiliar na caracterização de lesões duvidosas, particularmente, quando não há possibilidade de biópsia. Mesmo que represente um papel importante no diagnóstico, sempre é utilizada com a mamografia. De acordo com o Inca (2018), a RM é indicada nos seguintes casos: • Situações não conclusivas: quando o exame clínico, a mamografia e/ou ultrassonografia não conseguem esclarecer o problema. • Carcinoma oculto: situação em que a primeira manifestação do câncer de mama é a alteração do linfonodo axilar. • Planejamento terapêutico: após o diagnóstico de malignidade na biópsia, para planejamento cirúrgico, em especial, nas lesões pequenas. • Resposta à quimioterapia neoadjuvante: nos tumores localmente avançados, TÓPICO 2 — NOVAS TECNOLOGIAS NA MAMOGRAFIA 181 realizada antes e após a quimioterapia neoadjuvante, com as finalidades de medir o tumor e avaliar a redução, respectivamente. • Suspeita de recidiva: nas mulheres já tratadas de câncer de mama, quando o exame físico, a mamografia e/ou a ultrassonografia mostram lesão que pode representar recidiva. • Complicações de implantes mamários: se houver suspeita de deslocamento, ruptura ou coleção nos implantes mamários. A RM permite o estudo detalhado da anatomia da mama, pois apresenta um ótimo resultado no contraste tecidual com as partes moles, versatilidade na geometria e obtém imagens nos planos axial, sagital e coronal, permitindo a diferenciação das diversas estruturas (AGUILLAR, 2009). Existem algumas contraindicações usuais da RM, que também se aplicam ao estudo da mama, como marca-passo cardíaco, clipe de aneurisma cerebral ferromagnético, válvula cardíaca do tipo Starr-Edwards e prótese coclear. Pacientes que utilizam dispositivo intrauterino (DIU) podem ser submetidas ao exame. Gestantes também podem realizar o exame com segurança, porém, nessas pacientes, não se utiliza o gadolínio (contraste paramagnético), devido à possibilidade remota de efeito teratogênico (AGUILLAR, 2009). Ao realizar a RM de mamas, é importante que a paciente seja tranquilizada para reduzir os efeitos de artefatos de movimento, como respiração e batimentos cardíacos. A paciente é posicionada em decúbito ventral, com apoio para a cabeça e os pés. O posicionamento dos braços pode variar, sendo mais confortável, na maioria dos casos, o posicionamento acima da cabeça. A bobina utilizada é específica para mamas. FIGURA 19 – POSICIONAMENTO E BOBINA PARA REALIZAR RM DE MAMAS FONTE: Adaptada de Aguillar (2009) 182 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 5 IMAGEM MOLECULAR MAMÁRIA A cintilografia mamária vem sendo utilizada desde os anos 90, quando iniciaram observações da captação em lesões mamárias pelo traçador Sestamibi, marcado com tecnécio, marcador utilizado em exames de cintilografia miocárdica. É um método que avalia muito bem lesões mamárias benignas e malignas, não sofrendo influência da densidade mamária. Contudo, apresenta uma desvantagem, pois existe uma grande distância entre o detector e a mama, diminuindo a sensibilidade para lesões próximas à parede torácica e em lesões menores que 10 mm (BARRA; BARRA; SOBRINHO, 2012). O procedimento é realizado com a paciente sentada e a mama imobilizada, com leve compressão, cerca de um terço a menos do que na mamografia. Podem ser obtidas imagens em qualquer incidência mamográfica, mas devem ser feitas as incidências de rotina craniocaudal e mediolateral oblíqua para que sejam correlacionadas com as imagens de mamografia. O exame pode ser realizado com a aquisição das imagens com cerca de 5 a 10 mm. A dose de radiação, na cintilografia, é diferente do exame de mamografia. Na mamografia, a radiação é apenas mamária e, na cintilografia, a dose é corporal, encontrando-se, principalmente, nos sistemas urinário e intestinal. Na maior parte das pesquisas, a dose de tecnécio utilizada é de 20-30 mCi, correspondente a cerca de 7 mSv (dose corporal), 2-7 vezes a radiação da mamografia (1-3 mSv). Exames com doses menores estão sendo realizados (8 mCi até 4 mCi) para se chegar à radiação final próxima à da mamografia. FIGURA 20 – CINTILOGRAFIA MAMÁRIA FONTE: Adaptada de Barra, Barra e Sobrinho (2012) Mama direita Craniocaudal Média dois detectores Mama esquerda Craniocaudal Média dois detectores Mama direita Obríqua mediolateral Média dois detectores Mama esquerda Obríqua mediolateral Média dois detectores 183 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A tomossíntese mamária digital (DBT - Digital Breast Tomosynthesis), também chamada de mamografia 3D, é uma tecnologia atual, lançada no mercado há pouco tempo. Esse método foi desenvolvido a partir dos avanços da mamografia digital de campo total, combinada com as técnicas de reconstrução tridimensional de imagens. • O equipamento de tomossíntese realiza as incidências mamográficas tradicionais 2D, então, pode ser utilizado na rotina de rastreamento do serviço de diagnóstico por imagem. • A mamografia com contraste iodado endovenoso é um método que vem sendo lentamente introduzido na prática clínica fora do Brasil, com resultados iniciais comparáveis aos da ressonância magnética para detecção e avaliação da extensão do câncer de mama. • A utilização da ressonância magnética (RM) tem, como grandes vantagens, não utilizar radiação ionizante e não sofrer influência de mamas densas. As imagens da RM são resultado da interação de ondas de radiofrequência com o núcleo do átomo do hidrogênio. • A cintilografia mamária vem sendo utilizada desde os anos 90, quando iniciaram observações da captação em lesões mamárias pelo traçador Sestamibi, marcado com tecnécio, marcador utilizado em exames de cintilografia miocárdica. 184 1 Um método que foi desenvolvido a partir dos avanços da mamografia digital de campo total, combinado com as técnicas de reconstrução tridimensionalde imagens, na DBT, utiliza-se um mamógrafo digital, em que o tubo de raios-X faz uma trajetória em forma de arco sobre a mama comprimida em um ângulo que pode variar, de acordo com o fabricante. De acordo com o enunciado, de que técnica estamos falando? Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Mamotomia. b) ( ) Core biopysia. c) ( ) Tomossíntese mamária. d) ( ) Mamografia contrastada. 2 As imagens da RM são resultado da interação de ondas de radiofrequência com o núcleo do átomo do hidrogênio. É necessária a administração venosa de contraste paramagnético (gadolínio) para a completa avaliação das lesões de mama. Acerca da ressonância de mama, analise as sentenças a seguir: I- A utilização da ressonância magnética (RM) tem, como grandes vantagens, não utilizar radiação ionizante e não sofrer influência de mamas densas II- A ressonância magnética não está indicada como primeira opção para todas as pacientes. É indicada como rastreamento em mulheres de alto risco e pode auxiliar na caracterização de lesões duvidosas, particularmente, quando não há possibilidade de biópsia. III- O procedimento é realizado com a paciente sentada e a mama imobilizada, com leve compressão, cerca de um terço a menos do que na mamografia. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e II estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A cintilografia mamária vem sendo utilizada desde os anos 90, quando iniciaram observações da captação em lesões mamárias pelo traçador Sestamibi, marcado com tecnécio, marcador utilizado em exames de cintilografia miocárdica. É um método que avalia muito bem lesões mamárias benignas e malignas, não sofrendo influência da densidade mamária. De acordo com esse assunto, descreva como esse procedimento deve ser realizado. AUTOATIVIDADE 185 4 A mamografia com contraste iodado endovenoso é um método que vem sendo lentamente introduzido na prática clínica fora do Brasil, com resultados iniciais comparáveis aos da ressonância magnética para detecção e avaliação da extensão do câncer de mama. É um método com potencial de crescimento, uma vez que a ressonância magnética é um procedimento de alto custo e alguns pacientes apresentam contraindicações. Acerca desse assunto, descreva como deve ser realizado esse método de imagem. 186 187 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A densitometria óssea é um método de diagnóstico por imagem que determina a densidade mineral óssea e que permite o diagnóstico de doenças ósseas metabólicas e endócrinas que envolvem alterações da regulação dos sais inorgânicos, cálcio e fósforo no corpo humano. A osteoporose é um exemplo de doença metabólica e, independentemente da causa, pode ser diagnosticada na densitometria. Esse método de diagnóstico ainda permite avaliar a resposta do tratamento de um paciente (ANIJAR, 2003). 2 TECIDO ÓSSEO O tecido ósseo é um tecido conectivo especializado e, com a cartilagem e o tecido muscular, forma o sistema esquelético. De acordo com Anijar (2003), possui três funções básicas: • Mecânica: sustentação e serve como local de inserção dos músculos para locomoção • Protetora: protege os órgãos vitais e a medula óssea. • Metabólica: serve como reserva de íons, principalmente, cálcio e fósforo, para a manutenção da homeostase sérica, essencial para a vida. 2.1 ORGANIZAÇÃO MACROSCÓPICA Podemos diferenciar os ossos que compõem o esqueleto humano de duas formas: TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA A principal indicação do exame de densitometria óssea é a avaliação da osteoporose e esse assunto será abordado mais à frente. ESTUDOS FU TUROS 188 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA • Ossos planos (crânio, escápula, mandíbula e esterno). • Ossos longos (tíbia, fêmur, úmero etc.). Derivam de duas fontes diferentes durante os desenvolvimentos intramembranoso e endocondral, respectivamente, embora os ossos longos intervenham dos dois processos (ANIJAR, 2003). Em um osso longo em crescimento, as epífises e as metáfises se originam em dois centros de ossificação independentes. Estão separadas por um revestimento cartilaginoso, a cartilagem epifisária (placa de crescimento). Desse revestimento de células proliferativas e da matriz cartilaginosa em expansão, provém o crescimento longitudinal do osso, que, até o fim do crescimento, calcifica-se por completo, sendo remodelado (ANIJAR, 2003). A parte externa do osso é denominada de cortical (osso compacto), densa, formada por tecido calcificado. Na diáfise, contém a cavidade medular, na qual se aloja a medula óssea hematopoiética. A cortical óssea é formada por lâminas ósseas paralelas e extremamente próximas entre si, constituindo uma substância dura e compacta que confere resistência ao osso e, também, pelo periósteo. Em direção à metáfise e à epífise, a cortical diminui progressivamente, e o espaço interno é ocupado por uma rede de trabéculas calcificadas e finas, denominada de osso esponjoso ou trabecular. O osso trabecular é muito menos espesso e é formado por lâminas ósseas irregulares e dispostas em vários sentidos, com espaços livres entre si, ocupados pela medula óssea, encarregada de elaborar as células sanguíneas. FIGURA 21 – CORTICAL ÓSSEA E OSSO TRABECULAR. FONTE: <https://bit.ly/3nGHXPL>. Acesso em: 18 abr. 2021. TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA 189 2.2 ORGANIZAÇÃO MICROSCÓPICA O tecido ósseo é constituído pela matriz extracelular e pelas células que interferem na formação e na reabsorção óssea. A matriz celular é calcificada por cristais de hidroxiapatita, associados à fibra de colágeno tipo 1 (90%) e às proteínas não colágenas. As células ósseas são: osteoblastos, osteoclastos e osteócitos. Veremos as funções a seguir. 2.2.1 Osteócitos Essa célula está localizada na profundidade do osso, em pequenas lacunas osteocíticas. Os osteócitos são células osteogênicas, os (osteoblastos) que ficam presos na matriz óssea que eles mesmo produzem, e que, mais tarde, calcificam-se. Ao fim de um período de vida ativa, os osteoblastos são envolvidos por uma matriz orgânica, sofrendo uma transformação das características morfológicas e funcionais, passando, então, a se chamar de osteócitos. Essas células novas mantêm contato entre si através de prolongamentos do citoplasma, formando uma verdadeira rede viva na qual as substâncias proteicas e minerais trafegam pelo interior dos ossos, promovendo trocas e sinalizações que são indispensáveis para o funcionamento dos ossos (ANIJAR, 2003). 2.2.2 Osteoblastos É a célula responsável pela produção dos componentes da matriz (colágeno e substância fundamental). Origina-se da célula-mãe mesenquimal local. São células pequenas, destinadas à síntese proteica (fabricação de proteínas), responsáveis pela síntese de colágeno tipo 1 e dos cristais de hidroxiapatita. Hidroxiapatita É a forma mineral organizada mais abundante now nosso organismo, fixada na matriz orgânica e produzida pelos osteoblastos. Esses cristais conferem, ao tecido ósseo, a dureza necessária para as funções, além de serem, em última análise, a forma de armazenamento de cálcio e de fósforo que o nosso organismo utiliza. NOTA 190 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA Nos ossos de adultos, após a destruição do tecido velho, realizada pelos osteoclastos, os osteoblastos promovem a substituição do osso removido por tecido novo, restaurando as propriedades naturais (ANIJAR, 2003). 2.2.3 Osteoclastos Também é uma célula de revestimento ósseo que é responsável pela reabsorção óssea. Fica em contato com a superfície óssea calcificada e dentro de lacunas, resultado da própria atividade reabsortiva (ANIJAR, 2003). São células grandes, multinucleadas, que possuem atividade proteolítica (destruição de proteínas), responsáveis peladestruição do tecido ósseo velho para possibilitar a renovação. 2.3 REMODELAMENTO ÓSSEO O crescimento ósseo acontece como modelamento ósseo (crianças), renovação da massa óssea e alteração no tamanho e na forma dos ossos. A saúde óssea é mantida pelo remodelamento ósseo, consistindo na substituição do osso velho pelo novo. Esse remodelamento é uma sequência coordenada de ativação, reabsorção e formação. As células responsáveis por esse processo são os osteoblastos e os osteoclastos, que já abordamos anteriormente. O osso consiste em células embutidas em uma matriz de fibras de colágeno e minerais. Alguns sinais estimulam as células precursoras mononucleadas, provenientes da medula óssea, a migrarem ao local de remodelação, e essas células se fundem, para formar osteoclastos (ANIJAR, 2003). De acordo com Anijar (2003), o processo de remodelação óssea consiste em cinco estágios: • Fase de ativação. • Fase de reabsorção. • Fase de formação. Os ossos, então, dependem da atividade dos osteoclastos, que identificam regiões de tecido velho e as destroem, iniciando o processo de renovação. NOTA TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA 191 • Fase de mineralização. • Fase de repouso. 2.3.1 Ativação A superfície do osso passa do estado de repouso para o estado ativado. Embora não se saiba, exatamente, como isso acontece, sabe-se que locais onde ocorrem danos microscópicos são selecionados para iniciar o processo de remodelação. 2.3.2 Reabsorção Os osteoclastos se unem, firmemente, à superfície óssea, e secretam enzimas e ácidos que degradam o osso. A atividade dos osteoclastos cria cavidades na superfície óssea. Na medida que o osso é reabsorvido, pequenas quantidades de cálcio são liberadas na corrente sanguínea e essa fase reflete o período de transição, a partir da qual ocorre o acoplamento crítico entre a reabsorção e a formação óssea. Os osteoclastos morrem e criam uma linha de cimento com cola, que liga o osso novo ao osso velho. 2.3.3 Formação A fase de formação dura, em média, três meses. Nessa fase, os osteoblastos reconstroem o osso, preenchendo as cavidades deixadas pelos osteoclastos. 2.3.4 Mineralização Na fase de mineralização, o cálcio e o fósforo se fixam às fibras deixadas pelos osteoblastos, iniciando a mineralização, o que faz com que o osso retorne ao estado pré-corrosão. 2.3.5 Repouso Nessa fase, a atividade celular, na superfície óssea, é interrompida até que o próximo ciclo de remodelação seja iniciado. Os osteoblastos ficam retidos no osso para formar os osteócitos. Assim, o osso é remodelado para garantir a força óssea continuamente. 192 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA FIGURA 22 – PROCESSO DE REMODELAMENTO ÓSSEO FONTE: <https://bit.ly/3e9dOWa>. Acesso em: 18 abr. 2021. 3 OSTEOPOROSE A osteoporose é uma doença caracterizada pela perda progressiva de massa óssea. É uma doença crônica e multifatorial que ocorre devido à destruição microarquitetural do tecido ósseo e tem, como consequência, a fragilidade óssea e o aumento da susceptibilidade à ocorrência de fraturas (ANIJAR, 2003). De acordo com Anijar (2003), a osteoporose representa um grande problema de saúde pública, apresentando um aumento cada vez maior, devido à melhora da expectativa de vida da população, uma vez que é uma doença relacionada ao envelhecimento e à diminuição do hormônio estrogênio, principalmente, nas mulheres. É interessante sabermos que, quando o equilíbrio se rompe na doença, ou como consequência normal do envelhecimento, há um aumento da reabsorção óssea, além de uma redução na formação de osso novo. Isso leva às perdas ósseas quantitativa e qualitativa, gerando a OSTEOPOROSE. De acordo com Anijar (2003), a osteoporose, de forma geral, pode ocorrer na forma primária ou associada a outras doenças: • Primária: quando não há uma patologia subjacente que justifique ocorrência. Resulta, a princípio, da diminuição de estrogênios após a menopausa e/ou da aquisição insuficiente de massa óssea durante a fase de crescimento do indivíduo. • Secundária: quando a perda óssea é secundária a uma doença, a um distúrbio alimentar ou à medicação, principalmente, corticoides. TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA 193 QUADRO 2 – FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE FONTE: <https://bit.ly/3eL2qiA>. Acesso em: 18 abr. 2021. Normalmente, as formas primárias da osteoporose evoluem de forma silenciosa, não se manifestando de forma clínica específica. Um dos primeiros achados da osteoporose é a fratura, que já representa um estágio mais avançado da doença. FIGURA 23 – FATORES PRECIPITANTES PARA FRATURAS FONTE: Adaptada de Anijar (2003) 194 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3.1 SUBSTÂNCIAS QUE INFLUENCIAM NA REGULAÇÃO DO METABOLISMO ÓSSEO O organismo humano depende de vários fatores para se manter em equilíbrio, sejam eles externos ou internos. Para mantermos o sistema esquelético, não é diferente e, por isso, a seguir, veremos algumas substâncias que interferem no metabolismo e na saúde dos ossos. 3.1.1 Vitamina D Além dos osteoclastos e dos osteoblastos se regularem entre si, mantendo o equilíbrio da saúde óssea, há várias outras substâncias que ajudam nesse processo. A vitamina D exerce um papel fundamental na regulação do metabolismo ósseo. A ação favorece a absorção do cálcio no intestino para a luz dos vasos sanguíneos, para os ossos e outros órgãos, sendo uma das substâncias mais importantes nesse processo. 3.1.2 Estrógenos e testosterona Os estrógenos estimulam diretamente os osteoblastos, assim como a produção de calcitonina, hormônio que controla a atividade dos osteoclastos, reduzindo a reabsorção óssea. A testosterona exerce papel fundamental sobre os osteoblastos, porém, de forma indireta. Os hormônios sexuais exercem importante papel sobre o tônus muscular, que estimula, positivamente, os osteoblastos. 3.1.3 Hormônio da paratireoide O PTH possui papel hipercalceminante, aumentando a taxa de cálcio no sangue. Quando não fazemos a ingestão de cálcio, a paratireoide se encarrega de produzir mais quantidade desse hormônio, que estimula os osteoclastos. 3.1.4 Calcitonina Hormônio produzido pela tireoide que tem atividade hipocalceminante. Quando a taxa de cálcio está alta no nosso organismo, além do normal, esse hormônio determina uma verdadeira “repressão” nos osteoclastos, fazendo com que parem de reabsorver osso. TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA 195 Além dos citados, existem outras substâncias que são importantes na regulação do metabolismo ósseo: • Vitamina K. • Fósforo. • Hormônio do Crescimento (hipófise). • Corticosteroides (esteroides produzidos pelas glândulas suprarrenais). • Outros. 3.2 DIAGNÓSTICO DA OSTEOPOROSE As radiografias simples não constituem uma técnica adequada para a avaliação da osteoporose, pois só conseguimos avaliar a doença em radiografias, de forma mais tardia. Para avaliação e diagnóstico precoces da osteoporose, temos a densitome- tria (DXA) e a tomografia computadorizada quantitativa (QCT), principalmen- te, a volumétrica (vQCT), sendo que o método de diagnóstico mais utilizado, considerado o mais preciso e validado em grandes estudos populacionais, é a densitometria óssea pelo método DXA, que permite diagnosticar a doença preco- cemente, avaliar o risco de fratura e monitorar o tratamento (BONNICK, 2012). Clinicamente, a doença é diagnosticada pela presença de fraturas de baixo impacto, sem causas secundárias, o que comprova a redução da resistência óssea, mesmo sem a baixa massa óssea evidente ou avaliada. A tomografia computadorizada quantitativa volumétrica (vQCT), a CT de alta resolução (hrCT) e a ressonância magnética de alta resolução (hrMR) podem ser realizadas para se estudar a microestrutura, principalmente, na área de pesquisa (BONNICK, 2012). A patogênese da osteoporose gira em torno da remodelaçãoóssea. As principais células do osso são: • OSTEOCLASTOS: responsáveis pela reabsorção óssea. • OSTEOBLASTOS: responsáveis pela formação óssea. NOTA 196 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3.2.1 Medidas quantitativas O diagnóstico da osteoporose é realizado mediante a ocorrência de fraturas que estão associadas à fragilidade óssea. O exame de densitometria óssea fornece a medida quantitativa da massa óssea, que é responsável por mais de dois terços da variação da resistência óssea. As medidas quantitativas da densidade óssea da coluna lombar, antebraço, quadril e calcanhar, de acordo com os estudos, mostraram ser eficientes para prever o risco de fratura (ANIJAR, 2003). As grandezas de Conteúdo Mineral Ósseo – BMC (do inglês, Bone Mineral Content), dado em g ou g/cm, e de Densidade Mineral Óssea – BMD (do inglês, Bone Mineral Density), dada em g/cm2, são os parâmetros medidos para a análise quantitativa da massa óssea presente. Esses valores são utilizados para monitorar as mudanças da massa óssea com o tempo. No entanto, a medida isolada da densidade mineral óssea de um indivíduo não oferece um diagnóstico específico de osteoporose. A BMD de um paciente deve ser comparada com valores normais de jovens do mesmo sexo e com indivíduos normais de mesmos sexo e idade e, em alguns casos, mesma etnia e peso. Os valores são expressos como porcentagem ou desvio padrão em relação a essa população. Para isso, são usados os índices T-score e Z-score. FIGURA 24 – ÍNDICES DE BMD FONTE: <https://bit.ly/3aZsXaO>. Acesso em: 18 abr. 2021. O índice T-score mede a diferença entre o BMD do paciente e o BMD médio da população jovem normal, calculado pela equação apresentada a seguir: FIGURA 25 – CÁLCULO EQUAÇÃO T-score FONTE: <https://bit.ly/3aZsXaO>. Acesso em: 18 abr. 2021. TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO À DENSITOMETRIA ÓSSEA 197 BMDpaciente é o BMD medido no paciente; BMDjovem é o valor médio de BMD da população jovem de mesmo sexo; e SDjovem é o desvio padrão. Os critérios de diagnóstico de osteoporose, usando o resultado de T-score, foram propostos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1994, e serão apresentados a seguir: FIGURA 26 – CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PROPOSTOS PELA OMS FONTE: <https://bit.ly/3u8YnTw>. Acesso em: 18 abr. 2021. Já o índice Z-score mede a diferença entre o BMD do paciente e o BMD médio da população de mesma idade, sexo e etnia, calculado pela equação demonstrada a seguir: FIGURA 27 – CÁLCULO DA EQUAÇÃO Z-SCORE FONTE: <https://bit.ly/3aZsXaO>. Acesso em: 18 abr. 2021. BMDpaciente é o BMD medido no paciente; BMDpares é o valor médio de BMD da população de mesma idade e sexo; e Sd pares é o desvio padrão. Resultados de Z-score iguais ou abaixo de -2,0 podem sugerir causas secundárias de osteoporose. Em crianças, o Z-score é usado para avaliação da massa óssea. Para mulheres na transição menopausal e menopausadas, assim como para homens com idade a partir de 50 anos, é utilizada a classificação T score. O diagnóstico de osteoporose pode ser feito se houver um T-score igual ou inferior a −2,5 (ANIJAR, 2003). 198 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA A osteoporose não pode ser diagnosticada em pacientes jovens saudáveis (homens com menos de 50 anos ou mulheres na pré-menopausa), utilizando apenas os dados de DMO. Z-score igual ou inferior a −2.0 de desvio-padrão é definido, nesses grupos populacionais, como “abaixo da faixa esperada para a idade”. Contudo, caso haja uma causa secundária, os termos osteoporose e osteopenia podem ser utilizados. 199 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • A densitometria óssea é um método de diagnóstico por imagem que determina a densidade mineral óssea do paciente e que permite o diagnóstico de doenças ósseas metabólicas e endócrinas que envolvem alterações da regulação dos sais inorgânicos, cálcio e fósforo no corpo humano. • Em um osso longo em crescimento, as epífises e as metáfises se originam em dois centros de ossificação independentes e estão separadas por um revestimento cartilaginoso, a cartilagem epifisária (placa de crescimento). • O tecido ósseo é constituído pela matriz extracelular, pelas células que interferem na formação e pela reabsorção óssea. A matriz celular é calcificada por cristais de hidroxiapatita, associados à fibra de colágeno tipo 1 (90%) e às proteínas não colágenas. • A osteoporose é uma doença caracterizada pela perda progressiva de massa óssea. É uma doença crônica e multifatorial, que ocorre devido à destruição microarquitetural do tecido ósseo e tem, como consequências, a fragilidade óssea e o aumento da susceptibilidade à ocorrência de fraturas. • Clinicamente, a osteoporose é diagnosticada pela presença de fraturas de baixo impacto, sem causas secundárias, o que comprova a redução da resistência óssea, mesmo sem a baixa massa óssea evidente ou avaliada. • O índice T-score mede a diferença entre o BMD do paciente e o BMD médio da população jovem normal. • O índice Z-score mede a diferença entre o BMD do paciente e o BMD médio da população de mesma idade, sexo e etnia. 200 1 A densitometria óssea é um método diagnóstico que permite o diagnóstico de doenças ósseas metabólicas e endócrinas, que envolvem alterações da regulação dos sais inorgânicos, cálcio e fósforo no corpo humano. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, que define o objetivo da densitometria óssea: a) ( ) Determinar a densidade cortical óssea. b) ( ) Determinar a densidade osteoporótica. c) ( ) Determinar a densidade mineral óssea do paciente. d) ( ) Determinar a densidade da massa cortical do osso. 2 O tecido ósseo é constituído pela matriz extracelular e pelas células que interferem na formação e na reabsorção óssea. A matriz celular é calcificada por cristais de hidroxiapatita, associados à fibra de colágeno tipo 1 (90%) e às proteínas não colágenas. As células ósseas são osteoblastos, osteoclastos e osteócitos. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir: I- Os osteoclastos estão localizados na profundidade do osso, em pequenas lacunas osteocíticas. II- Os osteoblastos são células de revestimento ósseo e produzem componentes da matriz (colágeno e substância fundamental). III- Os osteoclastos também são células de revestimento ósseo, responsáveis pela reabsorção óssea. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças II e III estão corretas c) ( ) Somente a sentença I está correta. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A BMD de um paciente deve ser comparada com valores normais de jovens do mesmo sexo e com indivíduos normais de mesmo sexo e idade e, em alguns casos, mesma etnia e peso. Os valores são expressos como porcentagem ou desvio padrão em relação a essa população. Para isso, são usados os índices T-score e Z-score. De acordo com esse assunto, descreva os índices de T-score e Z-escore. 4 O organismo humano depende de vários fatores para se manter em equilíbrio, sejam eles externos ou internos. Para mantermos o sistema esquelético, não é diferente. De acordo com esse assunto, cite as substâncias que interferem no metabolismo e na saúde dos ossos. AUTOATIVIDADE 201 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O diagnóstico da osteoporose é baseado na avaliação da densidade (massa) óssea. Atualmente, o método DXA é uma técnica considerada “padrão ouro” para avaliar a medida de massa óssea, sendo um meio não invasivo para avaliar pacientes com osteoporose, possibilitando um diagnóstico e um seguimento. Com esse método, é mensurado o conteúdo mineral ósseo ou a densidade mineral por área, que nada mais é que a quantidade mineral dividida pela área óssea estudada (ANIJAR, 2003). De acordo com Bonnick (2012), DXA significa Dual Emission X-Ray Absoptiometry, sendo a medida de absorção da radiação pelo corpo,que está sendo atingido por feixes de raios-X com duas energias diferentes, de 70 e 140 KeV. O princípio do DXA é baseado no fato de as características de atenuação dos tecidos ósseos e moles serem diferentes e, portanto, o emprego de dois feixes de energias distintas permite o estabelecimento desse diferencial. 2 EVOLUÇÃO DAS TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO DA OSTEOPOROSE De acordo com Bonnick (2012), as tentativas mais antigas para tentar diagnosticar a osteoporose eram realizadas com radiografias simples. Contudo, esse método é limitado para esse tipo de diagnóstico, pois a desmineralização do osso só se torna evidente nas radiografias após a perda de 40% ou mais da densidade óssea, por isso, é considerado um método ultrapassado. Características da radiografia simples na avaliação da osteoporose, de acordo com Bonnick (2012): • Com a baixa sensibilidade, podemos avaliar a perda de massa óssea apenas quando esta já for superior a 40%. • Há visualização do trabeculado vertical das vértebras, devido ao desaparecimento das trabéculas horizontais. • Ocorre diminuição do contraste da imagem radiográfica entre o interior do corpo vertebral e os tecidos moles adjacentes. • Existe acentuação dos contornos ou das molduras vertebrais. TÓPICO 4 — MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA 202 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA • Deformidades vertebrais podem ser totais ou colapsos, anteriores, acunhamentos ou, ainda, bicôncavos. • Há nódulos de Schmorl, que são hérnias do núcleo pulposo para dentro do corpo vertebral. 2.1 TÉCNICAS DE ABSORCIOMETRIA De acordo com Bonnick (2012), na radiologia, a atenuação se refere à redução do número e da energia de fótons em um feixe de raios-X. Nesse caso, a atenuação é a redução da intensidade do feixe de raios-X em grande escala, e essa atenuação é determinada pela densidade do tecido. Essas diferenças de densidades dos tecidos são responsáveis pela criação das imagens que visualizamos nos raios-X. As diferenças nas atenuações das energias dos fótons de raios-X pelos tecidos diferentes do nosso corpo são responsáveis pelo contraste, que permite que as imagens possam ser visualizadas. Se podemos quantificar o grau de atenuação, também podemos quantificar a densidade do tecido. Essa premissa fundamenta a medida da densidade óssea com técnicas de absorciometria fotônica (BONNICK, 2012). 2.1.1 Single Photon Absorptiometry (SPA) A absorciometria fotônica única foi criada em 1963, com o objetivo de determinar a densidade óssea, incidindo um feixe de fóton com energia única através dos ossos e das partes moles. A quantidade de mineral encontrada pelo feixe poderia ser quantificada, subtraindo a intensidade do feixe após a passagem do próprio feixe na região de interesse com a intensidade inicial. Após a quantificação da atenuação do fóton, era feita uma comparação com a atenuação do fóton, observada com um padrão da calibragem advindo do osso com padrões já conhecidos (BONNICK, 2012). Os feixes eram bem colimados e, originalmente, era utilizado iodo- 125 a 23 KeV ou amerício- 241 a 59,6 KeV. Essa técnica era considerada precisa, apesar dos parâmetros variarem discretamente, de acordo com o sítio (região) a ser avaliado (BONNICK, 2012). Observações da técnica SPA: • Criada em 1963. • Primeira técnica com uso da absormetria. • Utilização de fótons-gama de uma única energia I¹²5 e Am ¹4¹. • Muito artefato na imagem gerada, devido à atenuação, causada pelas partes moles. TÓPICO 4 — MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA 203 FIGURA 28 – EQUIPAMENTO SPA FONTE: <https://radiologykey.com/densitometry-techniques/>. Acesso em: 18 abr. 2021. 2.1.2 Dual Photon Absorptiometry (DPA) O princípio da absorciometria fotônica dupla é o mesmo da fotônica única. A diferença é que, nesse método com emissão de fótons duplos, é utilizado um isótopo com emissão de energia fotônica em dois picos fotoelétricos distintos, ou dois isótopos, emitindo energias fotônicas em picos fotoelétricos separados e distintos (BONNICK, 2012). Segundo Bonnick (2012), quando o feixe atravessa uma região do corpo, contendo osso e tecido mole, a atenuação do feixe de fótons ocorre nos dois picos de energia. Contudo, se um pico de energia for atenuado, com preferência, pelo osso, as contribuições das partes moles para a atenuação do feixe podem ser matematicamente subtraídas. A DPA permite quantificar a densidade óssea em regiões do corpo com maior quantidade de massa e partes moles. Essa técnica também é utilizada para quantificar a densidade óssea do corpo total. Utiliza o isótopo gadolínio-153, que emite energia fotônica em dois picos fotoelétricos de forma natural, 44 e 100KeV. Os feixes são detectados por detectores de cintilação NaI. A DPA foi considerada um avanço importante para a SPA, pois permitiu quantificar a densidade óssea da coluna vertebral e fêmur proximal. Ainda, possuía limitações. 204 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA Limitações da técnica DPA, de acordo com Bonnick (2012): • Manutenção de alto custo. • Fonte de gadolínio-153 trocada anualmente, com o valor em torno de US$5.000,00. • Com a decomposição da fonte, aumento dos valores obtidos em 0,6% ao mês, mesmo com cálculos feitos para compensação dos efeitos da decomposição da fonte. • Menor atenuação com os tecidos moles adjacentes. FIGURA 29 – EQUIPAMENTO DPA FONTE: <https://radiologykey.com/densitometry-techniques/>. Acesso em: 18 fev. 2021. 3 ABSORCIOMETRIA POR DUPLA EMISSÃO DE RAIOS X (DXA) Acadêmico, como já citado anteriormente, o DXA é um equipamento com duplo feixe de raios-X, utilizado, especificamente, para densitometria óssea e considerado “padrão ouro” no diagnóstico da osteoporose. Os princípios básicos do DXA são os mesmos da DPA, a diferença, aqui, é que substituímos a fonte de radioisótopo por um tubo de raios-X. De acordo com Bonnick (2012), nessa técnica, quanto maior a intensidade dos feixes produzidos pelo tubo, e quanto menor o diâmetro do foco, melhor a colimação do feixe, com pouca superposição da dose entre as linhas da imagem e, consequentemente, alta resolução. TÓPICO 4 — MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA 205 Vantagens do DXA em relação ao DPA, de acordo com Bonnick (2012): • Não há mais desgaste da fonte. • Não há oscilação nos valores de DMO por desgaste da fonte. • Ocorre menor atenuação dos tecidos moles. • São gerados exames mais rápidos e mais precisos. • Há baixa dose de radiação. FIGURA 30 – EQUIPAMENTO DXA FONTE: <https://bit.ly/3eSHaHL>. Acesso em: 18 abr. 2021. De acordo com Bonnick (2012), os tubos de raios-X produzem um feixe com ampla faixa de energia fotônica e, por isso, o feixe precisa ser estreitado para produzir os dois picos fotoelétricos necessários para separar o osso das partes moles. Atualmente, os principais fabricantes desse equipamento realizam isso de duas formas. A GE utiliza filtros de terras raras com limiar K para produzir dois picos fotoelétricos distintos. A Hológic utiliza uma fonte pulsátil de energia para o tubo de raios-X, criando o mesmo efeito. 3.1 FORMAÇÃO DA IMAGEM NO DXA Um tubo de raios-X emite fótons que são colimados em um feixe. Esse feixe de fótons passa através do paciente, assim, alguns fótons sofrem os efeitos de atenuação com a matéria, reduzindo a intensidade até alcançar o detector, sendo registrada a intensidade do feixe transmitido. O sistema fonte-colimador-detector é alinhado. O mecanismo se movimenta de um lado para o outro, formando as linhas de varredura que devem compor a imagem. Uma vez obtida a imagem, regiões de interesse (ROI – Region of Interest) são selecionadas, conforme a anatomia examinada, e os valores de BMD são calculados, assim como os índices T-score e Z-score. 206 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3.1.1 Aparelhoscom feixe penil bam e fan bam Nos equipamentos com feixe tipo pencil beam, um colimador, a forma de orifício, é colocado na saída da fonte emissora, produzindo um feixe na forma de lápis, transmitindo de forma que os movimentos do sistema fonte-detector precisem ser lineares de um lado para o outro (sentido lateral), seguidos por um movimento para frente (sentido longitudinal). Nos equipamentos que emitem um feixe no formato de leque (fan beam), o colimador tem a forma de uma fenda, e o sistema detector é composto por um arranjo de multielementos detectores, de forma que é possível fazer a varredura com o sistema se movendo em uma única direção (longitudinal), permitindo aquisições com tempos muito menores. FIGURA 31 – FEIXE PENCIL BEAM E FEIXE FAN BEAM FONTE: <https://bit.ly/3nHoGhg>. Acesso em: 18 abr. 2021. 3.2 COMPONENTES PRINCIPAIS DO EQUIPAMENTO DXA O DXA é composto da seguinte forma: • Há braço do aparelho com um conjunto tubo-detector e o feixe de laser. • Painel de controle manual de movimentos do scanner, que pode se localizar no braço do aparelho ou na mesa de exame. Os botões de posicionamento servem para mover o scanner até que o feixe do laser atinja a posição inicial para a aquisição do exame. • Tubo de raios-X e colimador, responsáveis pela formação e pelo controle do feixe de raios-x. Normalmente, localizam-se na parte inferior do braço do aparelho, sob a mesa de exame. • Trilhos para dar suporte e deslocar o braço do aparelho. • Mesa de exame para posicionamento do paciente. Possui, também, algumas ligações da fonte de raios-X e outros componentes eletrônicos. • Detector, responsável por detectar a radiação não absorvida que passa pelo paciente. Fica localizado na parte superior do braço do aparelho. TÓPICO 4 — MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA 207 • Feixe de laser, que ajuda a localizar a posição inicial da estrutura avaliada. O laser é emitido através de uma abertura no braço do scanner. • Estabilizador de voltagem, que protege o aparelho de oscilações na corrente elétrica. • Central de comando com computador, visor, teclado e mouse, para haver controle do aparelho. FIGURA 32 – COMPONENTES DO DXA FONTE: <https://bit.ly/3aZsXaO>. Acesso em: 18 abr. 2021. FIGURA 33 – COMPONENTES DO DXA FONTE: <https://bit.ly/3gXYYUm>. Acesso em: 18 abr. 2021. 208 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 4 OUTRAS TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DA DENSIDADE ÓSSEA De acordo com Bonnick (2012), todas as técnicas de diagnóstico precoce da osteoporose que vimos e que veremos a seguir, além do DXA, que é o mais utilizado, continuam sendo consideradas válidas, mas, algumas, como citamos, são consideradas ultrapassadas. A seguir, tomaremos conhecimento de duas técnicas que são utilizadas na atualidade, mas cada uma delas possui as próprias particularidades. 4.1 ULTRASSOM QUANTITATIVO DE CALCÂNEO (QUS) QUS avalia elasticidade e conectividade de trabéculas, enquanto o DXA estuda, principalmente, a massa. Funciona transmitindo ondas sonoras de alta frequência através dos ossos. A principal vantagem é a ausência de radiação ionizante, o que permite que os exames possam ser realizados em, praticamente, qualquer lugar, e por qualquer pessoa (com treinamento operacional mínimo) (BONNICK, 2012). FIGURA 34 – TÉCNICA DE ULTRASSOM QUANTITATIVA DE CALCÂNEO FONTE: <https://bit.ly/335Vg2Z>. Acesso em: 18 abr. 2021. 4.2 TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA QUANTITATIVA (QCT) Essa é a única técnica de avaliação de densidade mineral volumétrica (g/cm³) tridimensional e o único método que visualiza, isoladamente, a DMO cortical e trabecular. A técnica inicial utilizava Iodo-125 para obter medidas do rádio. Logo depois, a técnica foi aprimorada, possibilitando avaliação da coluna e, posteriormente, do fêmur proximal (BONNICK, 2012). TÓPICO 4 — MÉTODO DXA E EVOLUÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA 209 De acordo com Bonnick (2012), a exatidão da QCT, para medidas de densidade mineral óssea da coluna vertebral, pode ser afetada pela presença de gordura medular. Essa gordura aumenta com a idade, diminuindo, cada vez mais, a acurácia do exame. Posteriormente, foi desenvolvido um método que utilizava dupla energia DEQCT, reduzindo o erro, causado pela gordura medular. A QCT transforma a escala de HU em BMD, e, para isso, é necessário que o sistema tenha conhecimento da concentração do material de referência, somando com a medida da atenuação no scan do tomógrafo, gerando uma medida de atenuação que ocorre no osso trabecular e cortical, podendo ser convertida em BMD. FIGURA 35 – AVALIAÇÃO DO COLO FEMURAL PELA QCT FONTE: O autor 210 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você aprendeu que: • O diagnóstico da osteoporose é baseado na avaliação da densidade (massa) óssea. Atualmente, o método DXA é uma técnica considerada “padrão ouro” para avaliar a medida de massa óssea, sendo um meio não invasivo para avaliar pacientes com osteoporose, possibilitando um diagnóstico e um seguimento. • De acordo com Bonnick (2012), as tentativas mais antigas para tentar diagnosticar a osteoporose eram realizadas com radiografias simples. Contudo, esse método é limitado para esse tipo de diagnóstico, pois a desmineralização do osso só se torna evidente nas radiografias após a perda de 40% ou mais da densidade óssea, por isso, é considerado um método ultrapassado. • As diferenças nas atenuações das energias dos fótons de raios-X pelos tecidos diferentes do nosso corpo são responsáveis pelo contraste, que permite que as imagens possam ser visualizadas. Se podemos quantificar o grau de atenuação, também podemos quantificar a densidade do tecido. Essa premissa fundamenta a medida da densidade óssea com técnicas de absorciometria fotônica. • A absorciometria fotônica única foi criada em 1963, com o objetivo de determinar a densidade óssea, incidindo um feixe de fóton com energia única através dos ossos e das partes moles. A quantidade de mineral encontrada pelo feixe poderia ser quantificada, subtraindo a intensidade do feixe após a passagem do próprio feixe na região de interesse com a intensidade inicial. • Os princípios básicos do DXA são os mesmos da DPA, a diferença, aqui, é que substituímos a fonte de radioisótopo por um tubo de raios-X. De acordo com Bonnick (2012), nessa técnica, quanto maior a intensidade dos feixes produzidos pelo tubo, e quanto menor o diâmetro do foco, melhor a colimação do feixe, com pouca superposição da dose entre as linhas da imagem, consequentemente, há alta resolução. 211 1 A DPA permite quantificar a densidade óssea em regiões do corpo com maior quantidade de massa e de partes moles. Essa técnica também é utilizada para quantificar a densidade óssea de corpo total, com o uso do isótopo gadolínio-153. Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com as características corretas observadas no DPA: a) ( ) Nesse método com emissão de fótons duplos, é utilizado um isótopo com emissão de energia fotônica em dois picos fotoelétricos distintos, ou dois isótopos, emitindo energias fotônicas em picos fotoelétricos separados e distintos. b) ( ) Nesse método, substituímos a fonte de radioisótopo por um tubo de raios-X. c) ( ) Esse método é limitado para esse tipo de diagnóstico, pois a desmineralização do osso só se torna evidente, nas radiografias, após a perda de 40% ou mais da densidade óssea d) ( ) Um tubo de raios-X emite fótons que são colimados em um feixe. Esse feixe de fótons passa através do paciente, assim, alguns fótons sofrem os efeitos de atenuação com a matéria, reduzindo a intensidade até o alcance do detector. 2 Na técnica DXA, quanto maior a intensidade dos feixes produzidos pelo tubo, e quanto menor o diâmetro do foco, melhor a colimação do fixe, com pouca superposição da dose entre as linhas da imagem, consequentemente, alta resolução. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir, de acordo com as vantagens do DXA:I- Utilização de fontes de iodo-125. II- Menor atenuação dos tecidos moles. III- Exames mais rápidos e mais precisos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Acerca da QCT e da QUS, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) QUS avalia elasticidade e conectividade de trabéculas, enquanto o DXA estuda, principalmente, a massa. ( ) A QCT funciona transmitindo ondas sonoras de alta frequência, através dos ossos. AUTOATIVIDADE 212 ( ) A exatidão da QCT, para medidas de densidade mineral óssea da coluna vertebral, pode ser afetada pela presença de gordura medular. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 O DXA é um equipamento com duplo feixe de raios-X, utilizado, especificamente, para a densitometria óssea, considerado “padrão ouro” no diagnóstico da osteoporose. Os princípios básicos do DXA são os mesmos da DPA, a diferença, aqui, é que substituímos a fonte de radioisótopo por um tubo de raios-X. De acordo com esse assunto, cite os componentes que pertencem ao DXA. 213 UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, como já citamos anteriormente, a técnica DXA é considerada padrão ouro no diagnóstico precoce da osteoporose e é considerada uma técnica muito importante, pois se trata de um meio diagnóstico não invasivo. Com ela, podemos mensurar a densidade mineral óssea por área estudada. Neste tópico, além de falarmos do exame de densitometria óssea e das particularidades, abordaremos o controle de qualidade, os cuidados que devemos ter com o equipamento e as particularidades a respeito da proteção radiológica nos exames de mamografia e de densitometria óssea. 2 CONTROLE DE QUALIDADE Para manter o equipamento de densitometria óssea em ótimas condições, é necessário realizar uma rotina de cuidados, que inclui conhecimentos de contraindicações e limitações do equipamento, além de uma manutenção diária. Além da calibração inicial efetuada pelo fabricante, deve-se realizar testes diários para monitorar a performance do equipamento pontualmente, e, ao longo do tempo, outros testes com periodicidade semanal. Esses testes de controle de qualidade são necessários para que possamos monitorar, também, se o equipamento está calibrado, gerando valores de DMO corretos. A maior parte dos fabricantes de equipamentos de densitometria disponibiliza, com a máquina, dois phantoms. Um com o objetivo de garantir a exatidão dos testes de controle de qualidade diários e, o outro, com o intuito de simular uma região do esqueleto, geralmente, a coluna, para realizar os teste de controle de qualidade, com a finalidade de verificar flutuações nos valores medidos da densidade mineral óssea (BONNICK, 2012). Objetivos do phanton: • Verificar o desempenho geral do sistema. • Permitir a monitorização, em longo prazo, de desvios no desempenho. • Efetuar, pelo menos, uma vez por semana. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 214 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA • Verificar diferenças de atenuação máxima no osso e nos tecidos moles. • Verificar feixes de energia (alta e baixa energias). • Determinar contornos ósseos e espaços intervertebrais. FIGURA 36 – BLOCO DE TESTE DIÁRIO FONTE: O autor FIGURA 37 – PHANTOM SIMULADOR DE ESTRUTURA FONTE: O autor TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 215 FIGURA 38 – MODELO DE PHANTOM COM ÁGUA FONTE: O autor Esses objetos simuladores são posicionados no equipamento e uma varredura é efetuada. Valores de BMD da aquisição são computados, automaticamente, pelo equipamento, e o valor obtido é comparado com o valor esperado, determinado, previamente, pelo fabricante no momento da instalação. Se o valor obtido diferir em mais de 1,5% do valor esperado, deve-se repetir a medida e, mantendo a diferença, deve-se interromper o uso do equipamento, além de acionar a assistência técnica (ANIJAR, 2003). 2.1 CUIDADOS COM O EQUIPAMENTO A durabilidade e o funcionamento do equipamento dependem dos cuidados no manuseio e do ambiente de instalação. Para garantir o bom estado do equipamento, é recomendado: • Adequar a voltagem às especificações do aparelho, ficar atento às tomadas e à utilização do estabilizador compatível. • Evitar traumas na mesa e no braço do exame. • Controlar a temperatura-ambiente. O ideal de temperatura é de 18°- 27° C para os aparelhos GE-Lunar, e de 15°-32°C para aparelhos Hologic. • Controlar a umidade do ambiente, pois o excesso pode danificar o aparelho. Manter sempre de 20 a 80% de umidade relativa do ar. • Manter a limpeza do aparelho e do ambiente. 216 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3 EXAME DE DENSIOMETRIA ÓSSEA Antes de entrarmos no assunto de posicionamento, veremos outros fatores que podem interferir na realização deste e as indicações clínicas. Como já citado anteriormente, o objetivo do exame, de acordo com Anijar (2003), é: • Mensurar a DMO. • Estabelecer o diagnóstico de osteoporose. • Avaliar o grau de osteoporose. • Indicar a probabilidade de fraturas. • Detectar perdas mínimas de massa óssea, mesmo antes de a osteoporose se instalar. É uma técnica que possui muitas vantagens, como: • É um exame rápido e sensível. • Há alta precisão. • É moderno. • É o único método reconhecido pela OMS que permite o diagnóstico de osteoporose. • Ocorre baixa exposição à radiação. Como toda técnica, também possui limitações: • Avaliação de área e não volume: mais sensível a alterações degenerativas. • Artefatos na coluna lombar: calcificações de aorta, implantes cirúrgicos, fraturas vertebrais, osteófitos, escoliose. • Artefatos no fêmur proximal: fratura, parafuso, prótese de quadril. • Posicionamento e aquisição de imagem inadequados. • Obesidade ou estaturas extremas. 3.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES PARA O EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA Veremos, agora, algumas indicações e contraindicações para o exame de densitometria óssea. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 217 3.1.1 Indicações clínicas • Indicação do exame para mulheres, de acordo com Anijar (2003): • Todas as mulheres com idade superior a 65 anos. • Presença de um ou de mais fatores de risco para osteoporose em mulheres com idade inferior a 65 anos. • História prévia de fratura pós-menopausa com idade superior a 45 anos. • Mulheres com amenorreia secundária prolongada (por mais de um ano). • Mulheres com influência da realização na tomada de decisão terapêutica. • Mulheres com índice de massa corporal baixo (menor que 19 kg/m2). Indicação do exame para homens, de acordo com Anijar (2003): • Todos os homens com idade superior a 70 anos. • Homens com história prévia de fratura por fragilidade. • Homens com condições reconhecidas com risco de desenvolvimento de osteoporose, como uso de corticoides, etilismo, hipogonadismo, hiperparatireoidismo, gastrectomia prévia e uso de anticonvulsivante. Outras indicações, para Anijar (2003): • Todos os indivíduos com fratura por trauma mínimo ou atraumática. • Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais. • Indivíduos com perda de estatura (maior que 2,5 cm) ou hipercifose torácica. • Indivíduos em uso de corticoides por três meses ou mais (doses maiores que 5mg de prednisona). • Portadores de doenças ou uso de medicações associadas à perda de massa óssea. • Para monitoramento de mudança de massa óssea decorrente da evolução de uma doença e dos diferentes tratamentos. Indicações do exame para crianças, conforme Anijar (2003): • Problemas com hormônio do crescimento. • Osteogênese imperfeita. • Doenças metabólicas. • Obesidade infantil. • Monitoramento de dieta alimentar. A Portaria nº 1.327, do Ministérioda Saúde (novembro de 1999), passou a incluir a densitometria óssea no âmbito do Sistema Único de Saúde/SUS, estabelecendo, para a indicação, os seguintes critérios: • Evidências radiológicas de osteopenia ou fraturas vertebrais. • Diminuição de estatura, cifose torácica. • Fratura prévia por trauma mínimo ou sem trauma. • Uso prolongado de corticoides. 218 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA • Hipogonadismo em homens, incluindo mulheres na pós-menopausa, que apresentem fatores de risco. • História materna de osteoporose ou fratura de colo femoral. • Índice de massa corporal menor que 19, passado de estados prolongados de baixa ingestão de cálcio. • Monitoramento das mudanças da massa óssea decorrente da evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis da osteoporose. 3.1.2 Contraindicações As contraindicações para o exame de densitometria óssea, na maior parte das vezes, são consideradas temporárias. O paciente fica impossibilitado de realizar o exame por um período. São algumas contraindicações: • Ingestão de suplemento de cálcio no dia do exame. • Exame de medicina nuclear recente (cintilografia óssea, mapeamento de tiroide etc.). Recomenda-se um intervalo de, pelo menos, duas semanas. • Gravidez. • Ingestão recente de meio de contraste oral. • Impossibilidade da posição decúbito dorsal na mesa de exames sem movimentos. Alguns equipamentos com a opção de modos de scan rápidos (fast scan), com redução do tempo de aquisição. • Em casos de artefatos, como próteses e deformidades no sítio de interesse, realizado o lado contrário, ou sítio alternativo. 3.2 SÍTIOS DE INTERESSE OU ROIs Os sítios de interesse ou ROIs são as áreas a serem avaliadas. Na densitometria óssea, para avaliar pacientes adultos, a partir de 20 anos, os sítios avaliados são a coluna lombar e o fêmur proximal. Na coluna lombar em PA, devem ser utilizados os segmentos de L1-L4, com todas as vértebras avaliadas. Se for necessário, pode-se excluir uma ou mais vértebras que estejam afetadas por alterações estruturais focais (fraturas, cirurgias etc.) ou artefatos, porém, se restar apenas uma vértebra lombar para avaliação após excluídas as demais, o diagnóstico deve ser baseado em outro sítio de interesse válido (ANIJAR, 2003). No fêmur proximal, é recomendado o uso do colo femoral ou o fêmur total, e sempre se deve escolher o que apresentar Tscore mais baixo para o diagnóstico. A área de Ward (triângulo de Ward) não deve ser usada para diagnóstico ou monitoramento. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 219 FIGURA 39 – ILUSTRAÇÃO DO TRIÂNGULO DE WARD FONTE: O autor No antebraço, o rádio 33% (Rádio 1/3) deve ser avaliado no antebraço não dominante. Esse sítio de interesse é avaliado quando as outras áreas não podem ser avaliadas por causa de artefatos ou alterações estruturais. Das regiões de escolha para o diagnóstico, o rádio 33% é o que tem mais baixa precisão, sendo menos adequado para o monitoramento. De acordo com Bonnick (2012), a avaliação de corpo total é realizada em crianças e em adultos para avaliação da composição corporal. Trata-se da avaliação de distribuição de tecido adiposo e magro no corpo. FIGURA 40 – SÍTIOS DE INTERESSE FONTE: O autor 220 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA FIGURA 41 – SÍTIOS DE INTERESSE FONTE: O autor 3.3 REALIZANDO O EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA Ao receber o paciente, após a troca de vestuário, deve-se realizar o questionário, que tem o papel de o conhecer melhor, identificando contraindicações possíveis e comorbidades que possam interferir na densidade mineral óssea. Com relação aos cuidados com o vestuário, deve-se solicitar, ao paciente, para retirar qualquer vestimenta ou acessórios que possam causar artefatos na imagem, como: • Zíper. • Botões. • Enfeites em calça jeans. • Objetos em bolsos. Antes do questionário, é necessário (SILVA, s.d.): • Checar o pedido médico. • Verificar se a altura e o peso do paciente estão dentro dos limites do equipamento. • Não realizar a densitometria óssea depois de exames com contrastes radiográficos, pois gera artefatos no exame, alterando os valores de referência. • Verificar se o paciente ingeriu cálcio no dia do exame. • Na densitometria de corpo inteiro, é aconselhável o paciente suspender a ingestão de água três horas antes do exame. • Pacientes grávidas não devem realizar o procedimento. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 221 Checadas essas informações, podemos realizar o questionário. As informações contidas nele são de extrema importância para o médico radiologista, por isso, deve ser realizado com muito cuidado. • Indicar nome e idade. • Citar peso, altura e sexo. • Falar o motivo da realização do exame. • Se já fez algum exame de densitometria óssea. Se sim, no mesmo local (clínica) ou outro? Deixar os resultados anteriores, em caso positivo. • Tem hiperparatireoidismo ou exame com níveis de cálcio elevado no sangue? • Tem prótese de quadril? Se sim, em qual lado (direito ou esquerdo)? • Já se submeteu a alguma cirurgia? Qual? • Realizou algum exame com bário ou algum exame de medicina nuclear nas últimas duas semanas? Se sim, qual? • Informar as medicações em uso, atualmente, especialmente, hormônios da tireoide, anticoncepcionais orais e cálcio. Para pacientes do sexo feminino, acrescentar, ainda, as questões a seguir: • Há suspeita de gravidez? • Está na menopausa? Se sim, com que idade? Se não, informar a data da última menstruação. • Retirou, cirurgicamente, um ou dois ovários? Se sim, com qual idade? Questões relacionadas a fatores de risco, de acordo com SILVA (s.d.): • Já teve fratura óssea? Se sim, informar o local e se foi fratura espontânea ou por trauma. • Os pais já tiveram fratura espontânea de quadril? • É fumante? Se já foi tabagista, mas parou, informar há quanto tempo parou. • Já fez uso de corticoides? Se usa ou já fez uso, informar por quanto tempo, a dose diária (mg/dia) e o nome do medicamento. • Tem artrite reumatoide? Se sim, há quanto tempo foi diagnosticada (meses/ anos)? • Tem o hábito de ingerir bebida alcoólica diariamente? Se sim, informar as doses ao dia que costuma ingerir. O paciente tem alguma dessas patologias associadas à osteoporose secundária? • Diabetes tipo I (insulinodependente). • Osteogênese imperfeita (do adulto). • Hipertireoidismo (de longa data). • Menopausa precoce (<45 anos) ou deficiência de testosterona. • Deficiência nutricional (distúrbio de alimentação). • Síndrome de má absorção (doenças intestinais). • Insuficiência hepática crônica. 222 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3.3.1 Posicionamento Na densitometria, assim como em qualquer outro exame de imagem, o posicionamento do paciente é essencial. Por isso, a seguir, veremos os posicionamentos de cada sítio de avaliação. 3.3.2 Posicionamento de coluna lombar Paciente deve estar em posição supina na mesa de exame e com a parte inferior das pernas apoiadas em um suporte. O apoio das pernas tem a finalidade de: • Reduzir a lordose. • Alinhar os espaços entre os discos vertebrais com o feixe de raios-X. • Melhorar a visualização da separação das vértebras individuais na imagem. FIGURA 42 – POSICIONAMENTO INICIAL PARA COLUNA LOMBAR FONTE: O autor Puxar as pernas do paciente para ajudar a retificar a coluna (quando possível), ou levantar o quadril do paciente e ir alinhando a coluna. Ajustar a almofada, fazendo com que a coluna encoste bem na mesa. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 223 FIGURA 43 – APÓS O ALINHAMENTO DO PACIENTE, COLOCAR O APOIO DAS PERNAS FONTE: O autor De acordo com Silva (s.d.), deve-se posicionar o laser corretamente onde a varredura é iniciada e, além disso, a coluna deve ficar perfeitamente centralizada no campo de visão. A área de varredura deve iniciar 2,5-5,0 cmabaixo das margens anteriores da crista ilíaca, até cerca de 4 cm acima do processo xifoide. FIGURA 44 – ILUSTRAÇÃO DO POSICIONAMENTO DO LASER FONTE: O autor A espessura abdominal deve ser medida caso o paciente seja obeso ou excessivamente magro, quando a população sob estudo mostrar variação na composição corporal entre os exames (exemplo: pacientes com doença hepática, apresentando ou não ascite), e em pacientes seguindo dietas para reduzir peso. 224 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA Durante a varredura, a imagem formada vai sendo mostrada no monitor do equipamento e o operador deve interromper a varredura se os pontos de referência anatômicos não estiverem aparecendo ou se a coluna estiver fora de centro. Se isso ocorrer, o operador deve reposicionar o paciente e reiniciar a varredura. Ao término da aquisição, o software identifica as Regiões de Interesse (ROIs) que devem ser analisadas e apresenta os valores para essas regiões. Deve- se evitar alterar esses ROIs, mas, em alguns casos, podem ser necessários alguns ajustes. FIGURA 45 – EXEMPLO DE DOIS EXAMES ADQUIRIDOS FONTE: O autor FIGURA 46 – EXEMPLO DE EXAME COM FRATURA E ACHATAMENTO DE VÉRTEBRA FONTE: O autor TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 225 3.3.3 Fêmur proximal A avaliação do fêmur proximal é uma das mais comuns, devido à alta taxa de mortalidade associada à fratura nessa região anatômica. Na determinação do BMD do quadril, o correto posicionamento do paciente e, principalmente, dos membros inferiores, é de extrema importância para se obter uma medida de alta precisão (SILVA, s.d.). Paciente na posição supina com os membros inferiores esticados. O pé deve ser firmemente preso ao suporte específico. FIGURA 47 – POSICIONAMENTO DOS MEMBROS INFERIORES FONTE: O autor O suporte é necessário para que possamos garantir a rotação ideal da perna e a reprodutibilidade do posicionamento. É importante que todo o membro inferior do paciente seja rotacionado. O paciente deve ser alinhado com a linha média da mesa, assim como o centro do suporte de pé, para garantir a reprodutibilidade do ângulo nos exames (SILVA, s.d.). FIGURA 48 – POSICIONAMENTO DOS MEMBROS INFERIORES FONTE: O autor 226 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA A região de varredura deve incluir toda a cabeça femoral, o trocânter maior e a extremidade proximal da haste femoral, pelo menos, 1,5 cm abaixo do trocânter pequeno. FIGURA 49 – ILUSTRANDO O COLO FEMORAL FONTE: O autor As regiões de interesse quantificadas são: fêmur total, colo do fêmur, trocânter, região intertrocantérica e região de Ward. As regiões de fêmur total e colo do fêmur são as mais usadas no diagnóstico. As regiões do trocânter e do triângulo de Ward são mais usadas para fins de pesquisa (SILVA, s.d.). FIGURA 50 – ILUSTRAÇÃO DA REGIÃO DE COLO FEMORAL A SER AVALIADA FONTE: O autor TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 227 3.3.4 Antebraço A varredura do antebraço é utilizada quando não temos a possibilidade de utilizar o fêmur proximal ou a coluna por algum motivo específico. Nesse caso, fazemos a escolha do antebraço não dominante. Antes de iniciar o exame, é necessário medir o tamanho do antebraço, além de anotar no software do equipamento. Esse dado é utilizado na análise dos resultados. O laser deve ser centralizado entre o rádio e a ulna. A posição inicial da varredura depende de qual braço deve ser avaliado e do sentido de varredura do equipamento. É necessário que o paciente mantenha o punho relaxado e que fique com a mão fechada. FIGURA 51 – POSICIONAMENTO DO ANTEBRAÇO FONTE: <https://bit.ly/3ec8Xn4>. Acesso em: 18 abr. 2021. As regiões de interesse (ROIs), no exame de antebraço, são, tipicamente: ultradistal (UD), distal (rádio médio -MID) e um terço do rádio (1/3). FIGURA 52 – EXEMPLO DAS REGIÕES DE INTERESSE DO ANTEBRAÇO FONTE: O autor 228 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA 3.3.5 Corpo total O exame de corpo total é solicitado quando se pretende determinar o conteúdo mineral total do corpo. Essa informação pode ser útil para estudos de balanceamento de cálcio e estudos pediátricos (SILVA, s.d.). Posicionamos o paciente deitado em posição supina na mesa de exames, incluindo todas as partes do corpo dentro do campo de varredura do equipamento. Os pés devem estar ligeiramente rodados para dentro, e é aconselhável prendê- los com uma fita, para que não ocorra movimentação durante a varredura. As mãos podem estar pronadas ou a 90 graus (SILVA, s.d.). FIGURA 53 – EXEMPLO DE POSICIONAMENTO DE CORPO INTEIRO FONTE: O autor Os valores de BMC e de BMD médios são obtidos para todo o esqueleto, assim como de algumas sub-regiões, como crânio, braços, costelas, colunas lombar e torácica, pelve, abdome, tórax e membros inferiores. Além disso, a composição do tecido mole é quantificada em termos de gordura e tecido magro, a partir de medidas em áreas que não contêm osso (SILVA, s.d.). TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 229 FIGURA 54 – EXEMPLO DE AQUISIÇÃO DE EXAME DE CORPO INTEIRO EM ADULTO FONTE: O autor Para a realização de exames pediátricos, devem ser avaliadas algumas situações, como: • Se o equipamento possui um software específico. • Se a criança necessita de sedação prévia. • Se é necessário realizar uma imobilização. • As roupas devem ser livres de botões e enfeites. • Deve haver sala com luz e ventilação direcionadas para aquecimento do RN. • Pode ter acompanhante (mãe) ou enfermeira presente na unidade. 230 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA FIGURA 55 – EXEMPLO DE AQUISIÇÃO DE EXAME DE CORPO INTEIRO EM CRIANÇA FONTE: O autor 4 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA EM DENSITOMETRIA ÓSSEA E MAMOGRAFIA O objetivo de abordarmos a proteção radiológica na mamografia e densitometria óssea é somente para entendermos as diferenças que esses dois métodos possuem em relação à exposição dos profissionais e das pacientes. De maneira geral, já sabemos que toda a sala que possui um equipamento emissor de radiação precisa ser planejada, de acordo com a legislação vigente. 4.1 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA EM DENSITOMETRIA ÓSSEA No método DXA, a radiação espalhada é tão pequena que pode ser difícil de ser detectada. Em distâncias maiores que um metro da mesa do equipamento, a dose de radiação é, normalmente, insignificante (indiferente da radiação de fundo ambiental). As doses são pequenas se comparadas com a dose máxima de exposição ocupacional permitida, que é de 50mSv (50.000 µSv)/ano para o corpo inteiro, não ultrapassando 20mSv em cinco anos consecutivos (ANIJAR, 2003). Por esse motivo, na densitometria, o técnico fica dentro da sala de exames, com o comando posicionado a 1m de distância. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 231 Na paciente e nos operadores, a dose de exposição é muito menor quando comparada com os procedimentos radiológicos. Veja alguns riscos comparáveis a um estudo DXA do tipo pencil beam, levando em consideração que o paciente recebe uma dose efetiva de 1mili Sv: • Haver exposição média à radiação natural por 4h. • Fumar um décimo de cigarro. • Viajar 5km de carro. • Viajar 24km de avião. Comparando todos esses fatores, o risco da exposição à radiação tende a ser muito menor. Isso não significa que as exposições à radiação não precisam ser controladas. 4.2 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA NA MAMOGRAFIA Na mamografia, o desenho da sala tem que permitir que o técnico se movimente livremente e que tenha acesso ao paciente, por todos os lados do equipamento, durante o exame mamográfico. Essa distância, normalmente, é de, no mínimo, dois metros de distância do centro de rotação do braço em “C” do mamógrafo à parede mais próxima, permitindo uma folga adequada durante a projeção MLO. O comando, atrás do biombo, também precisa ter um espaçopara um tecnólogo e um observador (por exemplo: estagiário). De acordo com o Inca (2018), no sistema de mamografia convencional, a dose absorvida na mama sofre influência da quantidade de radiação necessária para se produzir a densidade óptica (DO) desejada. Dentre os fatores que afetam a dose absorvida na mamografia convencional, tem-se (INCA, 2018): • A eficiência na detecção de radiação da tela intensificadora. • A eficiência de conversão do material fosforescente da tela. • A sensibilidade do filme. • O processamento do filme (tempo, temperatura e atividade dos produtos químicos). • O nível de DO selecionado. • A composição do tecido mamário e a espessura. • O material do alvo do tubo de raios-X. • A filtração do feixe de raios-X. • A diferença de potencial (kVp) selecionada. • A eficiência da grade antidifusora. • O grau de ampliação da imagem. 232 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA Ainda, de acordo com o Inca (2018), na mamografia digital, o nível de dose é estabelecido para se obter uma razão sinal/ruído adequada para a imagem. Por exemplo, deve ser possível detectar, de um modo confiável, microcalcificações em um fundo glandular. Dentre os fatores que afetam a dose na mamografia digital, tem-se: • A eficiência do detector digital na detecção da radiação. • A composição do tecido mamário e a espessura. • O material do alvo do tubo de raios-X. • A filtração do feixe de raios-X. • A diferença de potencial (kVp) selecionada. • A eficiência da grade antidifusora. • O grau de ampliação da imagem. TÓPICO 5 — EXAME DE DENSITOMETRIA ÓSSEA 233 OSTEOPOROSE E DENSIDADE MINERAL ÓSSEA CBR, Harry K. G. et al. Resumo da Revisão da Literatura A densidade mineral óssea não invasiva (DMO) é uma técnica subutilizada que beneficia o paciente (como na mamografia, o exame de pressão sanguínea e a medição de colesterol) e a sociedade, devido ao potencial de redução da morbidade, mortalidade e custo da osteoporose, pela detecção e tratamento precoces. A densitometria óssea é a única tecnologia disponível para medição acurada da massa óssea ou predição do risco de fratura. As medições ósseas mostraram a capacidade de prever o risco de fratura da mesma forma, ou melhor, que a medição das taxas de colesterol prevê o risco de uma doença cardíaca (1) ou a medição da pressão sanguínea prevê o risco de um acidente vascular cerebral (2). Essa capacidade única da DMO, de prever o risco de fratura, faz, dela, uma importante ferramenta para a prevenção de doenças. Antes do advento, o diagnóstico de osteoporose dependia da presença de uma fratura por fragilidade. Com a capacidade de medir a massa óssea e o reconhecimento da relação entre redução da massa óssea e aumentos do risco de fratura, o diagnóstico da osteoporose pode e deve ser feito de acordo com o nível de massa óssea determinado pela DMO antes que a fratura ocorra. Então, etiologias apropriadas podem ser investigadas, intervenções adequadas podem ser aplicadas e o monitoramento adequado, ao longo do tempo, pode ser iniciado. A avaliação completa do risco de fratura e uma estimativa do benefício das intervenções planejadas para reduzi-lo devem ser baseadas no risco de fratura atual do paciente, determinado pela medida da densidade óssea e pela probabilidade de fratura no tempo de vida restante, o qual é influenciado não apenas pela massa óssea, mas, também, pela idade e pela expectativa de vida (3). Um quadro de graduação do risco, mostrando o risco atual de fratura no tempo de vida restante, baseado na idade, sexo, massa óssea e duração da exposição à baixa massa óssea, permite, ao clínico, estimar o benefício esperado das intervenções recomendadas em termos de redução de fraturas. Em circunstâncias clínicas específicas, a DMO pode fornecer informações necessárias ao processo clínico de tomada de decisões, que, de outra forma, não poderiam ser obtidas. Em 1989, um subcomitê do Corpo de Consultores Científicos da National Osteoporosis Foundation – NOF descreveu quatro situações clínicas, nas quais o conhecimento da massa óssea do paciente ou do LEITURA COMPLEMENTAR 234 UNIDADE 3 — PROCEDIMENTOS INVASIVOS GUIADOS POR IMAGEM, NOVAS TECNOLOGIAS E DENSITOMETRIA ÓSSEA risco de fratura poderia afetar as decisões clínicas de tratamento (4,5). Estas incluíam a deficiência de estrogênio, anormalidades vertebrais ou suspeita de osteopenia em radiografia simples, hiperparatireoidismo primário assintomático e corticoterapia prolongada. Um ajuste na dosagem poderia ser feito ou outro tratamento poderia ser iniciado para prevenir a perda óssea. Leia mais em: https://cbr.org.br/wp-content/uploads/2017/06/04_18.pdf. 235 RESUMO DO TÓPICO 5 Neste tópico, você aprendeu que: • Os testes de controle de qualidade são necessários para que possamos monitorar, também, se o equipamento está calibrado, gerando valores de DMO corretos. • A maior parte dos fabricantes de equipamentos de densitometria disponibili- za, com a máquina, dois phantoms. Um com o objetivo de garantir a exatidão dos testes de controle de qualidade diários e, o outro, com o intuito de simu- lar uma região do esqueleto, geralmente, a coluna. Ainda, para realizar os testes de controle de qualidade, com a finalidade de verificar flutuações nos valores medidos de densidade mineral óssea. • Os sítios de interesse, ou ROIs, são as áreas a serem avaliadas. Na densitometria óssea, para avaliar pacientes adultos a partir de 20 anos, os sítios avaliados são de coluna lombar e fêmur proximal. Na coluna lombar em PA, devem ser utilizados os segmentos de L1-L4, com todas as vértebras avaliadas. • O exame de fêmur proximal é um dos mais comuns, por causa da alta taxa de mortalidade associada à fratura nessa região anatômica. Na determinação do BMD do quadril, o correto posicionamento do paciente e, principalmente, dos membros inferiores, é de extrema importância para se obter uma medida de alta precisão. • O exame de corpo total é solicitado quando se pretende determinar o conteúdo mineral total do corpo. Essa informação pode ser útil para estudos de balanceamento de cálcio e estudos pediátricos. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 236 1 O correto posicionamento do paciente é imprescindível em qualquer exame de diagnóstico por imagem, e na densitometria não seria diferente. Para adquirirmos exames de qualidade, é necessário alinharmos algumas estruturas. De acordo com esse assunto, assinale a alternativa CORRETA, acerca do início da varredura no exame de coluna lombar: a) ( ) Iniciar 2,5-5cm abaixo das margens anteriores da crista ilíaca até cerca de 4 cm acima do processo xifoide. b) ( ) Iniciar 5cm abaixo das margens anteriores da crista ilíaca até cerca de 8 cm acima do processo xifoide. c) ( ) Iniciar 7cm abaixo das margens anteriores da crista ilíaca até cerca de 3 cm acima do processo xifoide. d) ( ) Iniciar 3,5cm abaixo das margens anteriores da crista ilíaca até cerca de 5 cm acima do processo xifoide. 2 Para manter o equipamento de densitometria óssea em ótimas condições, é necessário realizar uma rotina de cuidados, que inclui conhecimentos de contraindicações e limitações do equipamento, assim como uma manutenção diária. De acordo com esse assunto, analise as sentenças a seguir, acerca das funções do phantom: I- Verificar as diferenças de atenuação máxima no osso e nos tecidos moles. II- Permitir a monitorização, em longo prazo, de desvios no desempenho. III- Avaliar a atenuação do tecido mole com a gordura. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Assim como qualquer outra técnica ouexame de diagnóstico por imagem, a densitometria óssea também possui vantagens e limitações. De acordo com esse assunto, descreva as vantagens e as limitações do equipamento de densitometria. 4 O exame de corpo total é solicitado quando se pretende determinar o conteúdo mineral total do corpo. Essa informação pode ser útil para estudos de balanceamento de cálcio e estudos pediátricos. De acordo com essa informação, descreva como deve ser realizado o posicionamento do paciente em densitometria de corpo inteiro. AUTOATIVIDADE 237 REFERÊNCIAS AGUILLAR, V. L. N. Diagnóstico por imagem: mamografia, ultrassonografia, ressonância magnética. Rio de Janeiro: Ed. Revinter,2009 ANIJAR, J. R. Densitometria óssea na prática médica. 1. ed. São Pulo: Sarvier, 2003. BARRA, F. R.; BARRA, R. R.; SOBRINHO, A. R. Novos métodos funcionais na avaliação de lesões mamárias. Revista Radiologia Brasileira, v. 45, n. 6, p. 1, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi- d=S0100-39842012000600010. Acesso em: 18 abr. 2021. BONNICK, S. L. Densitometria óssea na prática clínica: aplicação e interpreta- ção. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 1.327, de 11 de novembro de 1999. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1999/ prt1327_11_11_1999.html. Acesso em: 18 abr. 2021. BUSHONG, S. C. 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