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6
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Contextualização
A contextualização desta unidade é de caráter geral para se entender o contexto local através 
do documentário “A Doutrina do Choque”. 
Abaixo você encontrará o link para assistir ao documentário baseado no livro da jornalista 
Naomi Klein e refletir sobre o contexto do conteúdo teórico desta unidade. Tente perceber 
a ocorrência, no Brasil, de algumas das iniciativas propugnadas pelos “Chicago boys”. Após 
um momento de crise e caos político-econômico, guardando suas devidas proporções, foram 
aplicadas medidas econômicas no nosso país que só fizeram aprofundar as diferenças entre 
ricos e pobres. Na atual conjuntura, ainda de crise internacional, o país tenta se levantar, com 
avanços e recuos, das imposições do neoliberalismo e implantar uma política econômica um 
pouco menos selvagem, apesar da insatisfação dos que sempre ganharam com as crises.
A Doutrina do Choque - Naomi Klein
https://youtu.be/Y4p6MvwpUeo
A doutrina do choque
Naomi Klein, Ed. Nova Fronteira
O filósofo italiano Giorgio Agamben já demonstrou como a política trabalha secretamente 
na produção de emergências. Só que faltava um ponto de vista jornalístico, apurado e certeiro, 
sobre a natureza e as dimensões do fenômeno. Essa parece ser a proposta de Naomi Klein nesse 
livro. Logo no primeiro capítulo, ao entrevistar Gail Kastner, remanescente das experiências da 
CIA com eletrochoques nos anos 1950, Klein define a obra como “um livro sobre o choque”, ou, 
se preferirmos, sobre como o capitalismo lucra com a dor dos outros diante da desgraça. O livro 
descreve inicialmente como os países ficam impactados por causa de guerras, ataques terroristas, 
golpes de Estado e desastres naturais, e, em seguida, são submetidos a novos choques políticos 
e econômicos, por meio de desregulamentações, privatizações e cortes dos programas sociais – 
doutrina neoliberal desenvolvida pelo economista Milton Friedman (1912-2006), professor da 
Escola de Economia de Chicago. E quem ousar resistir às medidas impostas corre o risco de ser 
torturado com novos choques (elétricos). Como disse Eduardo Galeano, muito citado no livro, 
“Friedman ganhou o Nobel e o Chile ganhou Pinochet”.
O complexo político-econômico gerado por esse estado de choque contínuo é o capitalismo 
de desastre, “incapaz de distinguir entre destruição e criação, entre ferir e curar”, conforme 
atestam os exemplos analisados no livro. Parte-se do mito do milagre chileno, a primeira 
aventura dos “Garotos de Chicago” nos anos 1970, passando pela terapia de choque em vários 
países da América Latina na década de 1980. Seguem-se crises na China, Polônia, África do 
Sul e Rússia; a “pilhagem” da Ásia nos anos 1990; a doutrina militar do “choque e pavor” no 
Iraque pós-11/9; o tsunami de 2004 no Oceano Índico e as privatizações que ocorreram no 
7
rastro do furacão Katrina, em 2005. A doutrina do choque é altamente recomendável a todos 
que esbravejam contra os desmandos do regime chinês, sem se darem conta de que a Cisco, 
a General Electric, a Honeywell e o Google, entre outras empresas, vêm trabalhando de mãos 
dadas com os governos locais para permitir o monitoramento remoto da internet e fornecer a 
infraestrutura para um dos maiores complexos policialescos do planeta.
Silvio Miele
Jornalista e professor do Departamento de Jornalismo da PUC-SP
Fonte: http://www.diplomatique.org.br/resenhas.php?edicao=15
 
8
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Introdução
A democracia começou a ser forjada entre os anos de 1979 e1981 e não foi feita pelos 
partidos políticos coalhados de setores da elite brasileira aliada ao capital internacional. A 
luta pela democracia começou com os movimentos sociais. Para a elite, a ditadura estava 
“muito bem obrigado” até seus ganhos astronômicos serem reduzidos. Apesar de ganharem 
com a inflação, a elite queria mais; a elite quer sempre mais. Qualquer política que favoreça 
a classe média baixa e os miseráveis une a elite. Como ela se uniu no passado. Foram os 
“Mesquitas” e “Marinhos” os apoiadores de tentativas de golpes desde 1954 e do golpe “bem 
sucedido” em 1964. Para saber mais sobre esse tema, é imprescindível recorrer às análises de 
Thomas Skidmore, Brasil de Getúlio a Castelo, ou aos documentos da “Comissão Verdade”, 
que revelam a participação do mandatário da Rede Globo, Roberto Marinho, na articulação 
que manteve o Golpe em 1964. Porém a sociedade pressionou pela abertura:
Os movimentos sociais desdobram-se. De 1979 a 1981, houve uma primeira 
onda grevista, atingindo todos os estados da Federação. Os trabalhadores 
tentavam preservar seus ganhos frente à inflação descontrolada. Em agosto 
de 1981, realizou-se a I Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras – 
Conclat. [...] Em agosto de 1983, fundou-se a Central Única dos Trabalhadores 
– CUT. Os que dela divergiam, articularam uma alternativa: a Confederação 
Geral dos Trabalhadores- CGT. Não poucos imaginaram que ali se formava 
um sindicalismo autônomo em relação aos partidos e ao Estado, organizado 
pela base. E o batizaram de “novo sindicalismo”. [...] O maior movimento 
do período teve caráter político: as Diretas Já. Objetivavam aprovar pelo 
Congresso Nacional o restabelecimento das eleições diretas para a presidência 
da República, marcadas, de forma indireta, para janeiro de 19851.
Feridos, mas não vencidos, os movimentos sociais foram se articulando; alguns se uniram aos 
partidos de esquerda. O candidato governista do PDS foi derrotado. E a história dos avanços e recuos 
da democracia adormecida pela longa ditadura começou a ser contada com Sarney, Collor, FHC, 
Lula e, ainda, procura se firmar nos dias de hoje e, ainda, com avanços e recuos... 
Em telegrama ao Departamento de Estado Norte-Americano, embaixador Lincoln Gordon 
relata interlocução do dono da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e 
endurecimento do regime: Confira o artigo original no Portal Metrópole: 
1 REIS, Daniel Aarão. A vida Política. In, REIS, Daniel Aarão (Coord.). v. 5, Modernização, Ditadura e Democracia 1964-2010. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 106.
9
Fonte: portalmetropole.com
[...] a atual experiência em Guanabara, com a nomeação do marechal Lott do PTB, 
numa franca plataforma antirrevolução e com o apoio comunista, bem ilustrou 
os perigos. [...] Marinho estava definitivamente satisfeito ao final da conversa 
com o fato de que Castello não seria mais firme oposição e iria até cooperar 
[...] deslocaria a eleição presidencial de 1966 da forma direta para a indireta no 
Congresso. Isto relata a conversa altamente confidencial no almoço de sexta-feira 
com Roberto Marinho, editor do Globo, sobre o problema da sucessão presidencial. 
A proteção da fonte é essencial. Por alguns meses, Marinho estava convencido de 
que a manutenção de Castello Branco como presidente para um novo mandato é 
indispensável para a continuidade das políticas do atual governo [...] com o grupo 
incluindo o general Ernesto Geisel, chefe da casa militar da presidência, general 
Golbery, chefe do serviço de informação nacional, Luís Vianna, chefe da Casa Civil 
[...] Marinho teve uma conversa em almoço privado com o presidente, na qual ele 
achou Castello fortemente resistente a qualquer forma de continuação do mandato 
ou à reeleição [...] ter Juracy Handy como possível candidato alternativo e melhorar 
o funcionamento deste ministério politicamente importante, cujo atual cabeça Milton 
Campos é altamente respeitável, mas um cavalheiro idoso totalmente fora de moda.
10
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Sarney: Presidente do Acaso
O presidente eleito pelo Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, foi o candidato da 
oposição, Tancredo Neves, pelo PMDB, que derrotou o candidato governista, Paulo Maluf, 
do PDS. Após a emenda constitucional Dante de Oliveira não ter conseguido maioria absoluta 
nas votações do dia 25 de abril de 1984, pois faltaram 22 votos para a aprovação da emenda,a oposição se articulou e saiu vitoriosa. A única coisa que não estava nesse script foi que, antes 
de assumir o posto para o qual foi escolhido, o presidente eleito faleceu, no dia 21 de abril, 
após sofrer uma intervenção cirúrgica. O país ficou comovido com a situação, mas, no dia 
15 de março, já havia assumido o posto o candidato a vice-presidente, o senhor José Sarney. 
Dessa vez não houve golpe na constituição!
O novo presidente assumiu um país afundado na inflação e com sérios problemas para 
pagar a dívida externa. Houve, em seu mandato, um pedido de moratória da dívida externa. 
Para driblar os problemas, a equipe econômica apelou para a edição do Plano Cruzado, uma 
nova moeda que deu momentos de sucesso ao governo Sarney. No início de 1986, houve 
congelamento de preços e salários, mas a euforia durou pouco tempo; antes das eleições para 
governadores e para o Parlamento Federal, que iria elaborar a nova constituição brasileira, a 
situação econômica já estava patinando. 
As eleições foram um verdadeiro sucesso para a “ex-oposição”, agora no comando do 
governo. O PMDB conseguiu eleger os governadores em quase todos os estados. A exceção 
foi o estado do Sergipe. Para a constituinte, o PMDB fez maioria absoluta no Congresso. O 
país todo estava com as atenções voltadas para o Congresso Nacional e para a elaboração da 
Carta Constituinte. Havia uma enorme pauta para ser votada. Os trabalhos foram comandados 
pelo político mais expressivo daquele contexto, o deputado Ulisses Guimarães, que, “numa 
extensa pauta, consagrou direitos políticos e sociais e as tradições corporativas e nacional-
estatistas, de profundas raízes históricas e que se haviam reforçado, com aspectos próprios, 
no período ditatorial”2. 
As ideias liberais prevaleciam no campo econômico. Margareth Thatcher, no Reino 
Unido, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos, davam impulso ao neoliberalismo selvagem. 
A “diplomacia” das potências seguia a cartilha militarista, mas a constituição brasileira optou 
pelo viés social. Infelizmente a Constituição nem sempre é respeitada quando se trata de 
interesses econômicos de mercados tão grandes, como é o caso do Brasil. Políticos de esquerda 
que, antes, lutavam pela igualdade social, pela liberdade e pela democracia desvirtuaram-se e 
passaram a seguir a cartilha neoliberal, como veremos. 
A “constituição-cidadã” – era assim que Ulysses Guimarães gostava de chamar nossa 
Constituição de 19883 -, vigente até os dias de hoje, ainda não conseguiu ser implantada 
como deveria: a questão indígena; a reforma agrária; a educação como direito do cidadão e 
dever do estado; a reforma política, entre outras reformas sociais patinam diante dos interesses 
do agronegócio, das grandes corporações e dos financistas que lucram com o “quanto pior 
melhor”, pois ganham com as crises econômicas. Com isso, aprofundam-se as desigualdades 
sociais em países como o Brasil, na América Latina, na África e na Ásia, mercados emergentes 
que fazem o jogo econômico ditado pelos países ricos. 
2 REIS, Daniel Aarão. A vida Política. In, REIS, Daniel Aarão (Coord.). v. 5, Modernização, Ditadura e Democracia 1964-2010. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 108-109.
3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
11
“O país estava na contracorrente do que 
se passava no mundo. De fato, os anos 1980 
assinalaram o triunfo do chamado neoliberalismo. 
[...] No fim da década, caiu o Muro de Berlim e, em 
1991, desintegrou-se a URSS. Na Europa Ocidental, 
núcleo histórico das propostas de estado de Bem-
Estar Social, os partidos socialistas recuavam sob a 
ofensiva das ideias liberais”4. 
O contexto econômico não ajudava muito a implantar no país as políticas sociais necessárias 
para diminuir as desigualdades, nem o mercado se esforçava para que isso fosse possível. O 
capitalista nunca esteve disposto a abrir mão de seus lucros em prol da diminuição da miséria. 
O Brasil, nos primeiros anos após a abertura democrática, capengava economicamente; a 
salvação da pátria nesses primeiros anos de abertura foi mesmo a elaboração da Constituição 
promulgada no ano de 1988.
Durante os trabalhos da Constituinte, entre 1987 e 1988, falido o Cruzado, 
outro plano veio à tona: o Plano Bresser (junho de 1987). Fracassou. Ainda 
haveria outro: Plano Verão (janeiro de 1989), com pífios resultados. A inflação 
alcançou, a taxas anualizadas, o patamar de 1.700%. Diante da liderança de 
Ulysses Guimarães, presidente do Congresso e da Constituinte e grande líder 
das Diretas Já, Sarney parecia diminuído. Só lhe restou a batalha – inglória 
– de manter a duração do mandato, podado de seis para cinco anos. Assim, 
desgastado e criticado por todos, passou a faixa presidencial ao sucessor, em 
março de 19905. 
Conturbado economicamente, Sarney deixou como legado positivo apenas a “Constituição-
Cidadã”. Foi mais de um ano e meio de trabalho – durou de 1º de fevereiro de 1987 a 5 
de outubro de 1988 – criando muitas expectativas na sociedade. Parecia que as pessoas 
esperavam uma constituição que resolvesse todos os problemas do país e não apenas os 
direitos dos cidadãos e das instituições do país. A carta foi muito criticada por tentar tratar de 
“tudo”. Para Boris Fausto, “por entrar em assuntos que tecnicamente não são de natureza 
constitucional, refletiu as pressões dos diferentes grupos da sociedade. Em um país cujas leis 
valem pouco, os vários grupos trataram de fixar o máximo de regras no texto constitucional”6. 
No governo Sarney formou-se um grupo denominado “Centro Democrático”, composto 
principalmente pelos partidos aliados – PMDB, PFL, PTB, PDS – e coalhado de conservadores. 
Esse grupo ficou conhecido como “Centrão”, que teve forte influência nos trabalhos da 
constituinte. “[...] o centrão foi apoiado pelo poder executivo, eles barganhavam apoio político 
como, por exemplo, o aumento em um ano do mandato presidencial, e recebiam em troca 
desse apoio político: cargos públicos ou concessões de canais de televisão e emissoras de 
rádio. Durante o mandato do presidente Sarney, a imprensa registra numerosos casos de 
corrupção e Nepotismo”. (Priori & Venâncio, 2001, p.379)
4 REIS, Daniel Aarão. A vida Política. In, REIS, Daniel Aarão (Coord.). v. 5, Modernização, Ditadura e Democracia 1964-2010. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 109.
5 REIS, Daniel Aarão. A vida Política. In, REIS, Daniel Aarão (Coord.). v. 5, Modernização, Ditadura e Democracia 1964-2010. Rio 
de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 110.
6 FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2001, pp. 288-289.
Fonte: Wikimedia Commons
12
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Como estava indo na contramão do mundo neoliberal, a Constituição consagrou medidas 
em que o Estado monopolizava diversos setores, como energia elétrica, telecomunicações, 
portos e transporte rodoviário. Essas medidas, em um país em crise, travou o fornecimento 
de bens e serviços. Foram necessárias várias emendas constitucionais para soltar as travas da 
economia. No campo social, houve grandes avanços que, até o presente momento, evoluíram 
pouco ou quase nada. É o caso dos povos indígenas, da reforma agrária e do direito das 
minorias. Neste último caso, muito se deve ao conservadorismo que vem apresentando a 
política brasileira dos últimos anos. 
Fato a se comemorar e bastante simbólico para colocar um ponto final ao autoritarismo 
do estado ditatorial foi à criação do “Habeas data”, recurso jurídico que garante ao cidadão 
acesso aos dados e informações sobre ele nos arquivos de entidades governamentais ou a 
possibilidade de corrigir informações incorretas a seu respeito. Com suas qualidades e defeitos, 
a Constituição de 1988 colocou uma pedra sobre o período ditatorial no Brasil. Para finalizar 
o período governado pelo maranhense de Pinheiro, José de Ribamar Ferreira de Araújo 
Costa, do PMDB, e prosseguir com o estudo do período democrático é interessante notar a 
análise de Boris Fausto sobre a abertura política no Brasil.A transição brasileira teve a vantagem de não provocar grandes abalos sociais. 
Mas teve também a desvantagem de não colocar em questão problemas que 
iam muito além da garantia de direitos políticos à população. Seria inadequado 
dizer que esses problemas nasceram com o regime autoritário. A desigualdade 
de oportunidades, a ausência de instituições do Estado confiáveis e abertas 
aos cidadãos, a corrupção, o clientelismo são males arraigados no Brasil. 
Certamente esses males não seriam curados da noite para o dia, mas poderiam 
começar a ser enfrentados no momento crucial da transição. O fato de que 
tenha havido um aparente acordo geral pela democracia, por parte de quase 
todos os atores políticos, facilitou a continuidade de práticas contrárias a uma 
verdadeira democracia7. 
Concordo com Boris Fausto, no ponto em que ele salienta que o país passou para uma 
“situação democrática”, pois, nos moldes como foi realizada a transição política, construída 
por atores políticos apartados da sociedade, a democracia foi algo novo para grande parcela 
da sociedade brasileira, que não estava acostumada a respeitar o estado de direito de seus 
oponentes e ou das instituições democráticas. Para que haja democracia de fato, é necessário 
à consciência político-social da população um ambiente propício à construção social da 
democracia. Por isso vê-se, na atualidade, grupos que, quando são contrariados em seus 
projetos de poder, partem para o enfrentamento, em vez de partir para a oposição e, através 
de seus projetos, conquistar democraticamente seu espaço como atores políticos de relevância 
para mudar a situação que não lhes agrada. 
7 FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2001, p. 290.
13
O Poder do Voto: Eleições Presidenciais de 1989 
A expectativa após a finalização dos trabalhos constituintes era a possibilidade de se eleger, 
de forma direta, o presidente da República, inclusive com o voto dos analfabetos. Enfim, o 
movimento “Diretas Já” tornara-se realidade. A lei que dispôs as normas para as eleições 
foi a Lei n. 7.773, de oito de junho de 1989. Antes disso, porém, as eleições de 1988 
reservaram uma primeira surpresa: a população elegeu a paraibana Luiza Erundina de Sousa 
para comandar a cidade com o maior colégio eleitoral do país. A petista venceu pela vontade 
popular e contrariou as elites paulistanas.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, FIESP, que já havia apoiado os ditadores, 
ressuscitou o discurso anticomunista e ameaçou uma debandada de empresários do país, caso 
outro petista conseguisse seu intento. O alvo era Luís Inácio da Silva, Lula, que era candidato à 
Presidência da República em disputa acirrada com Fernando Collor de Melo. Erundina, mulher 
de esquerda, governando a capital da Locomotiva do país, era demais para endinheirados, 
principalmente, após ter derrotado o empresário e candidato a “qualquer coisa” Paulo Maluf, 
PDS, e o engenheiro João Leiva, PMDB.
A ameaça do empresariado paulista e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, aliados à 
“Grande Imprensa”, que não tinha ainda a concorrência das mídias sociais, derrotou os “comunistas”. 
O sucessor de Sarney, Fernando Collor de Mello, foi favorecido pela polarização direita – esquerda, 
mas, antes da batalha eleitoral do segundo turno, contou com outros pesos pesados da política 
brasileira. Concorreram, no primeiro turno das eleições: Ulysses Guimarães (PMDB), Mário Covas 
(PSDB), Paulo Maluf (PDS), Leonel Brizola (PDT), Roberto Freire (PCB), Guilherme Afif Domingos 
(PL), Aureliano Chaves (PFL), Affonso Camargo (PTB). No total foram 22 candidatos à Presidência 
da República, conforme tabela abaixo. 
 Eleições Presidenciais de 1989: Primeiro Turno / 1989 Presidential Elections: First Round
Candidato / Candidate Partido / Party Votos / Votes %
Fernando Collor de Mello PRN 22.611.011 28,52
Luís Inácio Lula da Silva PT 11.622.673 16,08
Leonel Brizola PDT 11.168.228 15,45
Mário Covas PSDB 7.790.392 10,78
Paulo Maluf PDS 5.986.575 8,28
Guilherme Afif Domingos PL 3.272.462 4,53
Ulysses Guimarães PMDB 3.204.932 4,43
Roberto Freire PCB 769.123 1,06
Aureliano Chaves PFL 600.838 0,83
Ronaldo Caiado PSD 488.846 0,68
Affonso Camargo PTB 379.286 0,52
Enéas Ferreira Carneiro PRONA 360.561 0,50
Marronzinho PSP 238.425 0,33
P.G. PP 198.719 0,27
Zamir PCN 187.155 0,26
Lívia Maria PN 179.922 0,25
14
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Eudes Mattar PLP 162.350 0,22
Fernando Gabeira PV 125.842 0,17
Celso Brant PMN 109.909 0,15
Pedreira PPB 86.114 0,12
Manuel Horta PDCDOB 83.286 0,12
Corrêa PMB 4.363 0,01
Eleições Presidenciais de 1989: Segundo Turno / 1989 Presidential Elections: Second Round
Candidato / Candidate Partido / Party Votos / Votes %
Fernando Collor de Mello PRN 35.089.998 49,94
Luís Inácio Lula da Silva PT 31.076.364 44,23
Votos em Branco / Blank Votes 986.446 1,40
Votos Nulos / Null Votes 3.107.893 4,42
Fonte: Instituto Inter-Americano de Direitos Humanos <http://pdba.georgetown.edu/Elecdata/Brazil/pres89.html>.
A campanha eleitoral à Presidência da República, em 1989, ao se afunilar no segundo 
turno, apresentou ao país dois candidatos representando anseios diversos: Collor de Mello 
(PRN), rico e “bem criado”, atacava os “marajás”; Lula (PT), metalúrgico e líder sindical que 
mobilizou greves contra o governo militar, assombrava a burguesia. Essa disputa mexeu com 
as elites de todo o país. O fantasma do comunismo nunca deixou de rondar aqueles que viviam 
do lado rico e fértil da Belíndia, (termo forjado por economistas das décadas de 1960 e 1970 
para marcar as profundas desigualdades socioeconômicas no país)8 . Os habitantes da Belíndia 
apoiaram Collor de Mello e, mais uma vez em nossa história, o poder econômico foi capaz 
de manipular as pessoas que ficam à margem da cidadania e de uma educação de qualidade, 
“Collor explora com muita habilidade esse meio de comunicação [televisão], conseguindo 
apoio das camadas mais pobres e sem escolaridade.”9
Tensão eleitoral:
Foi uma eleição tensa, com forte troca de acusações entre os candidatos, 
gritarias em debates e muita promessa de moralização. Collor fez campanha 
associando Lula ao mundo comunista, aproveitando-se da queda do Muro 
de Berlim, menos de uma semana antes do primeiro turno. No segundo 
turno, a campanha de Collor exibiu no horário eleitoral na TV o depoimento 
de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando o petista de tê-la 
pressionado para abortar a filha que esperava do então metalúrgico.10 
No país recém-alforriado, a liberdade negociada pelas velhas oligarquias, sempre sedentas 
pelo poder, e pela nova elite industrial e empresarial, afeita ao bordão anticomunista, contou 
com a contribuição da poderosa Rede Globo de Televisão para derrubar o candidato que as 
incomodava. O interessante é que essa empresa de mídia, que foi forjada pela ditadura para 
alavancar o regime, ajudou mais uma vez a elite a manipular a opinião pública e eleger o 
candidato que melhor lhe representava: Collor de Mello, que admitiu, em entrevista ao portal 
de notícias UOL, no ano de 2009: “Relação com a Globo ajudou bastante, lembra Collor; 
8 KLEIN, Herbert S.; LUNA, Francisco Vidal. População e Sociedade, in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 
1808-2010. v. 5. Modernização, Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p.31.
9 DEL PRIORI, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. História do Brasil do descobrimento à globalização. São Paulo: Ediouro, 2001, p. 381.
10 http://noticias.uol.com.br/especiais/eleicoes-1989/ultnot/2009/11/10/ult9005u1.jhtm
15
senador diz ter pensado na véspera que perderia a eleição”11. Podemos hoje confirmar as 
suspeitas da época, o debate foi manipulado12 , de acordo com as declarações recentes de seu 
(ex)“todo poderoso”, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. 
Em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, transmitida pela Globo 
News, José Bonifácio Sobrinho, o Boni, dá detalhes da noite do debate,cuja 
repercussão foi considerada fundamental para a vitória no segundo turno 
de Collor de Mello, uma vez que, antes do acontecimento, os dois políticos 
estavam em situação de empate técnico. Boni admitiu que a emissora assumiu 
o lado de Fernando Collor de Mello. Segundo ele, após ser procurado pela 
assessoria do ex-presidente, o superintendente executivo da Globo, Miguel 
Pires Gonçalves, pediu que ele palpitasse no evento. “Eu achei que a briga 
do Collor com o Lula nos debates estava desigual, porque o Lula era o povo 
e o Collor era a autoridade”, contou. “Então nós conseguimos tirar a gravata 
do Collor, botar um pouco de suor com uma ‘glicerinazinha’ e colocamos as 
pastas todas que estavam ali com supostas denúncias contra o Lula – mas as 
pastas estavam inteiramente vazias ou com papéis em branco”, disse Boni. 
“Todo aquele debate foi [produzido] – não o conteúdo, o conteúdo era do 
Collor mesmo -, mas a parte formal nós é que fizemos”13. 
Collor de Mello estava disputando as eleições pela coligação “Movimento Brasil Novo”, 
composta por seu partido, o Partido da Reconstrução Nacional (PRN) e pelos partidos: 
Social Cristão (PSC), Trabalhista Renovador (PTR) e Social Trabalhista (PST). Itamar Franco, 
vice-presidente eleito, estava no PRN até divergir da política econômica do governo Collor, 
retornando ao PMDB no início de 1992. Durante as eleições, os grandes partidos da época já 
demonstravam inclinação a apoiar o candidato do PRN. A intenção tornou-se apoio explícito 
na disputa do segundo turno das eleições vencidas por Collor. O petista Lula foi apoiado pelos 
partidos Socialista Brasileiro (PSB) e Comunista do Brasil (PCdoB). 
Collor e o colorido das ruas...
Collor surgiu no cenário político como uma liderança alternativa aos velhos políticos de 
sempre, que ou estavam alocados no PDS ou no PMDB. Com a abertura política, a divergência 
foi se realçando e criaram-se novos partidos com velhas figurinhas carimbadas. José Sarney era 
um desses casos e também não conseguiu mudar o cenário socioeconômico em seu governo; 
ao contrário, ao negociar com o “Centrão”, aprofundou a velha política do toma-lá-dá-cá. 
Somente Lula e Collor poderiam mudar esse cenário? Talvez, mas ele não foi mudado. Collor, 
o caçador de marajás e implacável perseguidor de corruptos, caiu nas tentações da velha 
política corrompida. O empurrãozinho inicial para tumultuar o cenário político partiu do irmão 
do presidente, Pedro Collor:
11 http://noticias.uol.com.br/especiais/eleicoes-1989/ultnot/2009/11/15/ult9005u10.jhtm
12 Assista a declaração de Boni, feita em 2011, na GloboNews, reproduzida depois em alguns jornais: https://www.youtube.com/watch?v=VrpurEkmJkU 
13 http://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/11/apos-22-anos-boni-admite-que-globo.html
16
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
As acusações contra Collor ganharam força com a divulgação de duas 
entrevistas nas revistas Veja e Isto É. A primeira, publicada em maio de 1992, 
trazia o irmão do presidente, Pedro Collor, apontando a existência de um 
esquema de desvio de dinheiro para paraísos fiscais, montado por PC Farias. 
A entrevista levou à criação de uma CPI no Congresso. Na segunda, em junho, 
o motorista Francisco Eriberto França confirmou a Isto É que transportava 
cheques da empresa de PC Farias que pagavam as despesas pessoais de Collor 
e a mulher, Rosane Collor. Em julho, foi encontrada a prova definitiva da 
ligação entre Collor e PC Farias: um cheque-fantasma usado pelo presidente 
para comprar um carro Fiat Elba14. 
A crise econômica e a inflação alta, contornadas por Collor no início de seu governo, fez 
reviver a euforia do Plano Cruzado do governo Sarney. Com deflação, abertura de mercado 
e um plano de desestatização da economia, Collor viveu momentos de glória, o Congresso 
apoiava-o, aprovando suas medidas econômicas. O Plano Brasil Novo, popularizado como Plano 
Collor, era composto pela Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE) e pelo Programa 
Nacional de Desestatização (PND). A política econômica foi implantada pelos economistas 
Antônio Kandir, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Luís Otávio da Motta Veiga, Eduardo Teixeira 
e João Maio. Entre os ajustes realizados, o confisco da poupança foi recebido muito mal pela 
população. Zélia Cardoso de Mello era a Ministra da Fazenda. 
“[...] no dia seguinte à posse, em 16 de março de 1990, foi lançado o Plano Collor. 
A ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, anunciou que, a partir daquele dia, 
nenhum brasileiro poderia sacar mais do que 50 mil cruzeiros da poupança ou da 
conta corrente pelos próximos 18 meses. O valor era equivalente, na época, a 13,6 
salários-mínimos. O objetivo da medida, a mais drástica na história da economia 
do país, era reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, diminuindo o poder de 
compra e, assim, controlando os preços”15. 
No início do ano de 1991, “lançou-se o Plano Collor II, com medíocres resultados. Em 
agosto, o governo liberou o dinheiro sequestrado em março de 1990, mas a engrenagem 
inflacionária estava novamente em curso degradando a todos”. A crise política e econômica 
não tardou a chegar, a inflação retornou e a resistência à desestatização, com greves de 
funcionários públicos e de outros setores da economia, exigindo reajustes pelas perdas salariais, 
surgiu com força ainda em seu primeiro ano de governo.
O longo “Inferno Astral” vivido por Collor, durante o ano de 1992, começou com as 
denúncias de corrupção desde o início de seu governo. A esperança depositada no líder 
alternativo, “jovem, bom de verbo e de voto, empolgava as massas populares e seduzia as 
elites [...] pelas alianças políticas, pela posição social [...] e, sobretudo, pelas propostas de abrir 
o país para o mercado internacional e enfraquecer o Estado”16 , naufragou em seu segundo 
ano de governo. A população saiu às ruas para pedir o impeachment de Collor. Contra ele já 
havia denúncias comprovadas de envolvimento em corrupção feitas pelo irmão Pedro Collor.
14 http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/impeachment-de-collor--20-anos-corrupcao-e-plano-economico-
derrubaram-presidente.htm
15 http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/impeachment-de-collor--20-anos-corrupcao-e-plano-economico-
derrubaram-presidente.htm
16 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 113.
17
 O pivô do primeiro impeachment de um líder de governo na América Latina foi o tesoureiro 
da campanha de Collor à presidência, Paulo Cesar Siqueira Cavalcanti Farias, o PC Farias, 
assassinado em 1996 em condições até hoje mal resolvidas. Collor foi arrogante politicamente 
e afastou a maioria de seus apoiadores, inclusive a população que havia conquistado durante 
as eleições. Em uma última tentativa de sobreviver aos escândalos em que era envolvido, fez 
um apelo à população para que fosse defendido das acusações, “o resultado, oposto, foi o 
aparecimento nas ruas de movimentos estudantis contra sua permanência no cargo. Com os 
rostos pintados como índios, os “caras pintadas” exigiram, de agosto em diante, a deposição 
de Collor por meio de impeachment”17. 
Havia condições políticas e provas contra o presidente, que sucumbiu às denúncias e foi 
incriminado pela CPI. Em meio ao fogo cruzado das ruas e dos partidos políticos, Collor 
renunciou ao cargo no dia 29 de outubro de 1992. Mesmo assim perdeu seus direitos políticos 
por oito anos após o julgamento do Senado. Itamar Franco, que estava presidente interino, 
assumiu o cargo. 
Itamar Franco e o início da “estabilização” econômica do país.
O político mineiro, vice-presidente da República, voluntariamente afastado do governo 
Collor desde o início da gestão, por não concordar com a política econômica da equipe 
montada pelo presidente, ele se achegava mais ao ideário nacional-estatista. Em um cenário 
complicadode crise institucionalizada, Itamar Franco foi hábil o bastante para fazer um pacto 
político de “união nacional”. Apenas o PT ficou de fora, “por considerar obscuros o programa 
e a política de alianças de Itamar Franco. Foi no âmbito desse governo que se formulou, afinal, 
um plano efetivo de combate à inflação – o Plano Real”.
Para estabilizar a economia e domar a inflação, o presidente Itamar Franco nomeou para o 
ministério da Fazenda, no início de 1993, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A 
meta de controle inflacionário começou a se cumprir através da implantação da Unidade Real 
de Valor (URV), um indexador cuja função era corrigir, diariamente, os preços até a adoção 
da nova moeda, sem congelar preços e salários. Entre as medidas, um dos objetivos era o 
controle cambial para garantir o investimento de capitais estrangeiros. Dava-se início, com 
essa medida, à implantação do Plano Real. A equipe de economistas, oriundos principalmente 
da PUC-Rio, contava com: Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, 
Edmar Bacha, Clóvis Carvalho, Winston Fristsch, Fernando Henrique Cardoso, Rubens 
Ricupero, entre outros.
Apesar da oposição dos economistas do PT e de Lula, o Plano Real não foi um desastre 
como previam. Os altos índices inflacionários tornaram-se uma história do passado, além de 
ter se iniciado no país uma relativa distribuição de renda. Esse evento gerou os dividendos 
políticos que alçaram FHC à Presidência da República nas eleições de 1994. O lançamento 
de uma nova moeda, em 10 de julho de 1994, enquanto era ministro da Fazenda de Itamar 
Franco, criou o mito de que FHC era o pai do Real. Para Daniel Aarão Reis, “Itamar não pôde 
aproveita-los. A constituição impedia então a reeleição. Quem se beneficiou foi o ministro 
da Fazenda e líder intelectual do Plano, Fernando Henrique Cardoso, a esta altura lançado à 
campanha presidencial como candidato do PSDB”18. 
17 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 115.
18 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. In, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
18
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Governo FHC: quatro anos que se multiplicaram...
O governo FHC conseguiu domar a inflação, graças ao Plano Real de Itamar Franco. Com 
isso, houve maior distribuição de renda e mais mobilidade social, coisa quase inexistente em 
governos passados. Mesmo durante o milagre econômico dos governos militares, o país não 
conseguiu fazer uma distribuição de renda como estava sendo feita com FHC. 
Outra medida que foi iniciada em outro governo, o de Collor de Mello, retomada e 
aprofundada no governo FHC, foi à abertura do mercado brasileiro para a atuação cada 
vez mais crescente das empresas multinacionais. Além de abrir mão da atuação do estado 
na economia, a privatização em seu governo foi imensa. A oposição protestava de forma 
veemente contra o entreguismo do Plano Nacional de Desestatização (PND) do governo FHC.
O programa liberal estava na pauta mundial. Até mesmo a antiga União Soviética sofreu 
o “entreguismo” após a abertura política no ano de 1985. Assim como no país comunista, o 
governo de FHC fez a sua perestroika (reestruturação), ou seja, diminuiu muito a participação 
do estado na economia, mas, em compensação, a glasnost (transparência) ficou a desejar.
Diversas facilidades foram concedidas aos compradores, principalmente a 
possibilidade de pagar as aquisições com moedas podres, na verdade, títulos antigos 
emitidos pelo governo que podem ser comprados por até 50% do valor nominal. 
As principais estatais, verdadeiros símbolos do nacionalismo econômico, foram 
negociadas não só com moedas podres, mas também com diversas vantagens 
(CSN, Telebrás, Vale do Rio Doce, Ferrovias, Bancos Estatais)19. 
Apesar do bom começo do governo FHC e de sua ampla maioria para governar, nem 
tudo saiu como previsto. Para a aprovação de algumas emendas constitucionais – como, por 
exemplo, a desregulamentação da economia, abrindo-a aos investimentos internacionais; a 
reforma da previdência, que visava reduzir gastos públicos com o pagamento de pensionistas; 
a reforma administrativa, na qual fosse permitida a demissão de funcionários públicos com 
estabilidade – precisou de alguns malabarismos até que fossem aprovadas. O governo precisou 
“negociar” com a oposição, loteando cargos públicos para garantir votos para as emendas e 
reformas que faria na constituição e em outras áreas de interesse do governo. 
Um episódio que flerta até hoje com as suspeitas de corrupção durante o governo de 
FHC foi sua luta vitoriosa pela emenda que garantiu a ele e a governos futuros, até hoje, a 
reeleição para todos os cargos executivos: Municipal, Estadual e Federal, “após acusações de 
compra de votos, uso de verbas públicas para convencer deputados indecisos e loteamento 
de cargos públicos, foi aprovada em quatro de junho de 1997, a Emenda Constitucional n. 
16, garantindo a reeleição”20. Após esse ato, o governo conseguiu aprovar outras medidas 
impopulares, como acabar com a estabilidade do funcionalismo público em 1998.
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 116
19 AQUINO, Rubim Santos Leão de. Sociedade Brasileira: Uma História. 4 ed. Rio de Janeiro: Record, 2005, pp. 858-859.
20 AQUINO, Rubim Santos Leão de. Sociedade Brasileira: Uma História. 4 ed. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 869.
19
 
Fonte: Folha de S.Paulo, 13 de maio de 1997
FHC governou o país durante oito anos, incentivou a abertura de capital para os mercados 
estrangeiros, praticamente estabilizou a economia e domou a inflação, mas “o país entrou 
em uma espiral de endividamento externo e de desemprego crônico. Definida genericamente 
como neoliberal, tal política tem gerado controvérsias e ácidas críticas”21. O governo de 
Fernando Henrique começou surfando sobre os dividendos do Plano Real do governo de 
Itamar Franco. Não satisfeito em governar o país conforme instituía a Constituição Federal de 
1988 e pela qual se pautou Itamar Franco para passar o governo adiante, 
FHC, governou o país por oito anos, pois conseguiu fazer aprovar, pelo Congresso 
Nacional, em junho de 1997, emenda constitucional autorizando a reeleição para 
presidente da República e de todos os cargos executivos. A mudança provocou 
protestos veementes contra o novo princípio, considerado antidemocrático e contra 
os métodos empregados para obter a maioria necessária à aprovação, denunciados 
como corruptos e fisiológicos, o que não impediu, mais tarde, que se disseminasse e 
fosse adotado por todas as forças políticas.22 
O primeiro mandato de FHC foi muito melhor avaliado que o primeiro; pagou o preço 
pela ambição de ficar mais tempo no cargo do que previu a Constituição de 1988. “[...] no 
último ano do segundo mandato, os índices de popularidade de FHC estavam tão baixos 
que o candidato do próprio PSDB às eleições de outubro de 2002, José Serra, preferiu não 
reivindicar seu legado”23. 
21 DEL PRIORI, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. História do Brasil do descobrimento à globalização. São Paulo: Ediouro, 2001, p. 384.
22 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 117.
23 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 118.
20
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Lula e o PT Chegam ao Poder
O metalúrgico Luís Inácio da Silva, o Lula, era uma das figuras políticas mais expressivas 
que surgiu no país no final da década de 1970. O político Lula ajudou a fundar o Partido dos 
Trabalhadores (PT) e a Central Única dos Trabalhadores(CUT) na década de 1980 e esteve 
engajado no processo de abertura democrática iniciado em 1984 com Ernesto Geisel. Lula 
participou ativamente do movimento Diretas Já, sendo um de seus protagonistas ao lado de 
políticos como Ulysses Guimarães, Eduardo Suplicy, Tancredo Neves e Fernando Henrique 
Cardoso, entre outros.
Lula comandou greves no ABC paulista, foi perseguido pela ditadura, preso na repressão 
aos grevistas durante o governo Figueiredo, quando o ministro do Trabalho, Murilo Macedo, 
ordenou a intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Candidatou-se ao governo de 
São Paulo no ano de 1982 e foi derrotado por Franco Montoro, do PMDB. Sua votação de 
1.144.648 votos deixou-o em quarto lugar. Em 1986, Lula foi o político que alcançou a maior 
votação para a Câmara Federal, representando São Paulo. Foi constituinte e comandou a 
oposição do Partido dos Trabalhadores ao governo Sarney. 
Candidato derrotado em três eleições presidenciais, Lula sofreu os revezes para Collor 
de Mello (1989) e Fernando Henrique Cardoso (1994 - 1998), e, finalmente, o petista saiu 
vitorioso nas eleições de 2002, ao derrotar o candidato José Serra (PSDB). Durante a década 
de 1980, o discurso de Lula era agressivo e não media palavras para atacar os adversários 
e o neoliberalismo. A plataforma anticorrupção era seu mote predileto, às vezes com toda 
razão. Sempre batendo nessa tecla, seu discurso não se restringiu a isso Lula e o partido, 
“criticavam as desigualdades sociais e as estruturas elitistas da institucionalidade política 
brasileira. Queriam melhoria das condições de vida e de trabalho e participação política, em 
suma, a plena cidadania”24. 
Enquanto o mundo globalizado aprofundava o liberalismo, Lula e o partido defendiam 
propostas pelas quais se deveriam retomar tradições nacional-estatistas, em que a soberania 
nacional e a justiça social são realizadas através de um Estado forte e propositor dessas 
políticas. Em suma, a agenda política do PT arrepiava as elites nacionais e internacionais que 
tinham negócios no país; vide a ameaça dos empresários paulistas de abandonar o país, caso 
Lula vencesse as eleições de 1989 contra Collor de Mello. A pressão funcionou e Lula foi 
derrotado, “no entanto, mesmo nos anos 1980, o PT e os movimentos sociais foram passando 
por mudanças. Embora com um discurso contundente, era cada vez maior o envolvimento do 
PT, e do próprio Lula, com as instituições políticas existentes”25. 
24 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 118.
25 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 118.
21
O interessante, nas disputas presidenciais em que Lula foi sendo derrotado, é o fato de 
que, a cada eleição, o candidato aumentava seu número de eleitores; parecia que seu discurso 
ganhava corpo na sociedade. E não era só o candidato Lula que crescia. O partido também 
ganhava corpo e representatividade no país. Por exemplo, nas eleições municipais de 1988, 
o PT conquistou 33 prefeituras, entre as quais São Paulo; nas eleições de 1992, o número 
foi ainda mais expressivo, 49. Apesar de perder em São Paulo, ganhou em Belém, Goiânia, 
Belo Horizonte e Rio Branco. Em 1996 as conquistas municipais somaram 111 cidades. Esse 
é apenas um exemplo de como o partido estava crescendo junto com Lula. O partido passou 
a eleger, em números cada vez mais expressivos, Deputados Estaduais e Federais, Senadores 
e alguns governadores,
Às vésperas de sua vitória, em 2002, o PT transformara-se. Dos núcleos iniciados 
em São Paulo, disseminara-se por todo o país. Em lugar do pequeno partido de 
militantes, surgira uma poderosa máquina formada por políticos profissionais. Em 
2001, tinha cerca de 500 mil filiados organizados em quase 4,1 mil municípios. 
Governava três estados e 187 cidades, entre elas as seis mais importantes. Atenuara-
se o discurso radical, dando lugar a propostas reformistas moderadas, onde se 
mantinha (sic), no entanto, compromissos de combate às desigualdades sociais, 
estímulo à participação política e incentivo a processos de ampliação da cidadania.26
O Partido dos Trabalhadores mostrou habilidade política para vencer. Uma estratégia 
inteligente de campanha foi a elaboração da “Carta aos Brasileiros”, na qual o partido e o 
candidato se comprometiam a respeitar os contratos firmados em governos anteriores, inclusive 
em relação às privatizações, criticadas pelos políticos do PT; a não fazer uma inquisição contra 
os adversários políticos; a manter a batalha contra a inflação, que estava domada; e a manter 
a meta do partido de inclusão social e cidadania, ou seja, o partido estava, com essa carta, 
comprometendo-se com a estabilidade política e econômica do país. A campanha eleitoral 
bem elaborada fez nascer o bordão “Lulinha paz e amor”. A vitória de Lula veio no segundo 
turno com a diferença de quase 20 milhões de votos sobre José Serra, do PSDB. 
O governo petista: entre conquistas e ameaças... 
O começo do governo de Lula foi conturbado. Parecia que não encontrava o “fio da meada”; 
oscilava entre a tradição partidária, que sempre esteve na oposição e estava aprendendo a 
governar, e a postura moderada que deveria seguir para poder governar para todos. Depois 
da desconfiança inicial dos mercados nacional e internacional, o governo de Lula (2003-
2010) conquistou bastante popularidade e transitou com desenvoltura nos círculos de poder. 
Isso após a “retomada vigorosa do crescimento econômico, acompanhado, desta feita, por 
amplos programas de distribuição de renda e inclusão social. Tais elementos legitimaram e 
incentivaram uma ação internacional do Brasil mais ativa e propositiva”27. 
26 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 118.
27 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 160.
22
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
O ponto mais crítico durante os oito anos de mandato de Lula foi protagonizado por um 
velho aliado e amigo do presidente, Roberto Jefferson (PTB), que, no ano de 2005, resolveu 
denunciar um esquema de corrupção. A alegação era a de que haveria um esquema, por 
meio do qual o governo pagava propina para a aprovação dos projetos apresentados no 
Congresso. “Instaurou-se uma CPI que se transformou num circo midiático. Embora não se 
tenha conseguido provar a existência do mensalão, evidenciaram-se práticas ilegais promovidas 
pelo PT para financiar suas próprias campanhas eleitorais e de aliados”28.
Fonte: Jornal O Globo Fonte: Revista Veja
Essa prática não é privilégio dos petistas; sempre houve corrupção na política brasileira. 
A diferença é que, para um partido que pregava o combate aos corruptos, esse escândalo 
repercutiu muito mal. Caso similar envolveu o PSDB, no “Mensalão Mineiro” (1998), ambos 
operados pelo publicitário mineiro Marcos Valério. 
Estamos falandoL de fatos ainda não solucionados pela justiça ou pela política brasileira. 
Durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (2011-2014), ocorreu o julgamento 
do “mensalão petista”, esquema no qual estão envolvidos diversos atores políticos, empresários 
e banqueiros do extinto Banco Rural. Foram condenados e presos vinte e cinco personagens 
do “mensalão petista” no ano de 2013. Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco 
do Brasil, único fugitivo da justiça, condenado há doze anos e sete meses por corrupção 
passiva, lavagem de dinheiro e peculato, fugiu para a Itália, mas está preso aguardando os 
transmites dajustiça para definir sua situação. 
Saiba mais sobre cronologia do caso “Mensalão do PT”
http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,cronologia-do-mensalao,9271,0.htm
No caso do “mensalão mineiro”, denunciado quase que na mesma época do mensalão 
petista, além de não ter a mesma cobertura da “Grande Imprensa”, motivo d as acusações 
dos petistas de “julgamento político”, esse processo arrasta-se na justiça de Minas Gerais, que 
teve concedido pelo STF o pedido de desmembramento do processo. Para um dos diretores 
da Revista Isto É, Paulo Moreira Leite,
28 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 120.
23
Os réus do mensalão PSDB-MG tiveram direito ao desmembramento, que não foi 
oferecido aos petistas. Só isso seria suficiente para definir um abismo – mas não é 
só. Sua apuração é tão vagarosa que acaba de ser anunciado, oficialmente, que o 
caso deve ser julgado em 201529. 
Não é tarefa fácil para o historiador fazer uma análise crítica de eventos que ainda estão 
acontecendo, mas que, de qualquer forma, merecem ser citados porque envolvem os governos 
de dois grandes estadistas brasileiros da atualidade: Lula e Fernando Henrique Cardoso. O 
complicador é que não são apenas petistas e peessedebistas envolvidos nesses escândalos. 
Outros partidos estão envolvidos em esquemas semelhantes.
Já tiveram os nomes citados nos inquéritos dos mensalões, por aparente envolvimento 
de integrantes das siglas, os partidos dos Trabalhadores (PT), Social Democracia 
Brasileira (PSDB), Democratas (DEM), Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), 
Popular Socialista (PPS), Trabalhista Brasileiro (PTB), República (PR), Socialista 
Brasileiro (PSB), Trabalhista Cristão (PTC), Republicano Progressista (PRP), Social 
Cristão (PSC) e Progressista (PP)30. 
A cada dia, novas denúncias e confissões públicas de corrupção e corruptos alimentavam os 
noticiários de jornais e telejornais. Nada era diferente do que já tinham feito outros partidos que 
gravitavam no poder. Em clima tenso, as oposições, prevendo as próximas eleições, tentaram 
capitalizar o prejuízo político que o PT estava enfrentando e cogitaram o impeachment do presidente, 
mas isso não aconteceu, e Lula reverteu a situação. “[...] desde 2006, as pesquisas mostraram notável 
recuperação do prestígio do presidente e de seu partido [...] como se as ilegalidades praticadas pelo 
PT, conforme assinalou um pesquisador, estivessem no DNA dos partidos”31.
Fonte: Folha de S.Paulo Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo
Outros fatores, porém, explicam melhor a popularidade do presidente. Não foi apenas o 
fato de a corrupção “estar no DNA dos partidos”. Fatores como as políticas públicas, que 
privilegiaram, de forma mais objetiva, a população pobre e miserável que, antes, ficava com 
as sobras, puderam reverter a complicada situação pela qual estava passando o governo Lula.
29 http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/326787_O+MENSALAO+PSDB+MG+E+LINDO
30 http://oab-ma.jusbrasil.com.br/noticias/2027976/doze-partidos-tem-historico-de-mensaloes
31 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 120.
24
Unidade: De Volta à Democracia (1989-2010)
Políticas públicas formuladas e aplicadas pelo governo com grande impacto social: o 
programa Bolsa Família, assegurando uma renda mínima aos mais desfavorecidos; 
o crédito consignado, direcionado aos assalariados da função pública; o aumento 
real do salário mínimo; a diminuição de impostos sobre alimentos básicos e materiais 
de construção. Além disso, o governo beneficiava-se de uma conjuntura econômica 
favorável, registrando-se curvas ascendentes da produção e do emprego.32 
Foram fatores mais econômicos do que políticos que também alavancaram as eleições do 
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O Plano Real reduziu a miséria social no país em 
18,47% e, entre os anos de 2003 e 2005, no governo Lula, a miséria chegou a ser reduzida 
em 19,8%. É interessante observar que foi durante o governo Lula que ocorreu uma redução 
sensível na diferença de salários entre homens e mulheres no Brasil. Os dados são da Relação 
Anual de Informações Sociais – Rais (2006). Também, nesse ano, houve aumento significativo 
do trabalho formal assim como o aumento médio do salário do trabalhador. 
Nessa festa da prosperidade, não podiam estar de fora os empresários brasileiros e 
estrangeiros. Afinal nenhum governo, neste mundo globalizado neoliberal, se sustenta sem 
a benção do mercado. O governo Lula, nesse sentido, foi bastante hábil, acendendo uma 
vela a deus e outra ao diabo. Para Reis, Lula estava sendo comparado a Getúlio Vargas no 
seu melhor momento, “o pai dos pobres e mãe dos ricos”. As áreas da cultura, ciência e 
tecnologia também não ficaram desamparadas pelo governo. Lula e o PT foram responsáveis 
pela expansão dos níveis de cidadania dos brasileiros.33 
Finalizando... 
Tudo isso favoreceu o ambiente para que Lula chegasse à sua segunda vitória em uma eleição 
presidencial. O presidente, candidato à reeleição, esteve próximo de vencer no primeiro turno. 
Foram 48,61% dos votos válidos contra 41,64% do candidato Geraldo Alckmin (PSDB). No 
segundo turno, a vitória veio tranquila; foram mais de 58,2 milhões de votos contra 37,5 
milhões do oponente. 
No segundo mandato de Lula (2007-2010), foi mantida a aliança com o PMDB, agremiação 
política com grande representatividade em todo o país, estando na vice-presidência, José 
Alencar, que era respeitado e cujos palpites repercutiam para o bem e para o mal. Não era 
homem de ficar calado e ajudou muito o presidente Lula na articulação política com a oposição. 
 As políticas econômicas e sociais que deram certo no primeiro governo petista foram 
mantidas e ou aprofundadas em seu segundo mandato. Com a crise econômica que se 
abateu sobre o mundo em 2008, o Brasil continuou apresentando razoáveis índices de 
desenvolvimento socioeconômico. A mobilidade social continuou existindo. Lula capitalizou 
seu prestígio político e fez seu sucessor, ou seja, uma sucessora, Dilma Rousseff, que fora 
Ministra de Minas e Energias e Chefe da Casa Civil durante os dois governos de Lula.
32 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 120.
33 REIS, Daniel Aarão. A Vida Política. in, REIS, Daniel Aarão (Coord.). História do Brasil Nação: 1808-2010. v. 5. Modernização, 
Ditadura e Democracia (1964-2010). Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 120.

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