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BARISCH, Eron José de Abreu. Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar): livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2014. 
p. 39-99.
2
Objetivos de aprendizagem
 � Conhecer os procedimentos imediatos e orientações 
básicas após um pouso forçado na selva. 
 � Identificar as ações necessárias durante uma 
sobrevivência em regiões hostis à vida.
 � Conhecer a selva e alguns de seus habitantes. 
 � Distinguir o tratamento mais indicado nas possíveis 
relações com os indígenas.
 � Reconhecer a importância dos conhecimentos básicos 
de sobrevivência na selva.
Seções de estudo
Seção 1 Ações iniciais dos sobreviventes
Seção 2 Fazendo coisas básicas na selva
Seção 3 Conhecendo a selva e alguns de seus habitantes
Seção 4 O trato com os indígenas
UNIDADE 2
Conhecimentos básicos de 
sobrevivência na selva
40
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta Unidade, vamos tratar dos conhecimentos básicos de 
sobrevivência na selva, compondo uma série de procedimentos, 
conselhos e orientações para o caso de um pouso forçado em uma 
área de selva. 
Em nossa vida, como tripulantes ou passageiros, em alguma 
viagem aérea que sobrevoe a selva Amazônica, se tivermos que 
enfrentar uma emergência de um pouso forçado na selva:
 � Quais seriam as providências mais urgentes? 
 � Que possíveis dificuldades terão que ser enfrentadas? 
 � O que poderemos fazer para vencer essas dificuldades e 
demais carências, que nos obrigarão a sobreviver até que 
sejamos socorridos e resgatados? 
 � Quais cuidados teremos quanto à manutenção da saúde 
física e mental, quanto aos alimentos, quanto aos animais 
da selva? 
 � E se encontrarmos índios, como tratá-los e recebermos 
ajuda?
Será possível responder a essas e outras perguntas no decorrer 
desta Unidade, conhecendo os procedimentos imediatos mais 
indicados após um pouso forçado e as ações recomendadas 
durante a permanência nesse meio hostil à vida humana. 
Conheceremos um pouco da selva e de seus habitantes, 
destacando aqueles animais e vegetais que possam causar danos 
à nossa saúde. É importante reconhecer a importância de possuir 
tais conhecimentos em nossa bagagem intelectual, tendo em vista 
a possibilidade de, algum dia, termos de usá-los em nossas vidas. 
41
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Seção 1 – Ações iniciais dos sobreviventes
Numa situação de sobrevivência na selva, as pessoas precisam 
enfrentar as dificuldades com rapidez. Quanto mais rápido 
for esse enfrentamento, maior a condição de reunião dos 
meios disponíveis para utilização imediata ao acidente, e 
utilização posterior, bem como aplicar os primeiros socorros aos 
necessitados. 
Vale lembrar que as equipagens aéreas, compostas de pilotos e 
comissários de voo das diversas companhias de transporte aéreo, 
realizam cursos teóricos e treinamentos práticos de sobrevivência 
na selva e no mar, primeiros socorros, combate a incêndios 
e demais procedimentos de emergências em aeronaves, para 
cumprirem as exigências da Agência Nacional de Aviação Civil - 
ANAC. 
O treinamento anterior das equipagens, neste momento de real 
emergência na selva, será agora necessário e muito bem-vindo, 
tanto que facilitará a sobrevivência do grupo em todo o tempo de 
permanência neste meio hostil e de sofrimento aos sobreviventes, 
enquanto aguardam socorro e resgate.
Figura 2.1 - Treinando a sobrevivência
Fonte: Kometani (2012).
42
Universidade do Sul de Santa Catarina
1.1 - Orientações gerais imediatas ao acidente
O site Via Radical Brasil ([200-]), oferece uma boa orientação 
sobre os primeiros procedimentos após um pouso forçado em área 
de selva.
Se a necessidade de sobreviver for decorrente de um pouso 
forçado, após a evacuação da aeronave, as condições que cercarão 
os sobreviventes serão possivelmente muito sofríveis. São várias 
as possibilidades. Pode haver mortos e feridos (alguns sem 
condições de locomoção), o que agrava o problema de todos. 
As tripulações devem possuir treinamento específico e 
linhas de ação previstas para essas situações.
Se a aeronave não se incendiar, mesmo que toda destruída, 
provavelmente fornecerá muitas coisas a serem aproveitadas pelos 
que se salvarem, particularmente: alimentos, medicamentos, 
bússola, armas, ferramentas, espelhos, cordas, fios elétricos etc. 
Tudo isso será alentador, mesmo diante do provável quadro 
adverso. É preciso saber aproveitar o que for possível. 
É certo que a aeronave decolou de algum lugar e com um destino 
previsto; a dúvida ficará na hora e no local do pouso forçado. 
Portanto, a base de partida para as buscas, tanto a inicial, quanto 
outras suplementares montadas como prováveis, será baseada 
nos processos específicos das ações de busca e salvamento, e, 
enquanto isto estiver ocorrendo, os que se salvaram terão de lutar 
pela própria sobrevivência. Seus pensamentos e esperanças serão 
conduzidos para o socorro, e este, em casos semelhantes, virá 
pelos ares, na grande maioria das vezes. Mas será preciso haver 
cooperação, mesmo em situação precária. Será agora, então, o 
momento em que a sinalização de terra para o ar representará 
papel importantíssimo.
De imediato, não se deverá abandonar as proximidades 
do local do pouso forçado do avião pela fonte de recursos 
que a aeronave poderá representar e porque, geralmente, 
43
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
a ação da queda destrói a vegetação e abre uma clareira, o 
que poderá ser uma ótima referência para quem sobrevoa 
a área. Outra razão é porque a própria aeronave poderá 
servir de abrigo, particularmente contra a chuva. E 
ainda por que: “ir para onde?”. É mais fácil localizar 
do ar os destroços da aeronave do que um grupo de 
pessoas no interior de selva. O máximo que se poderá 
tentar, no caso de decidido um deslocamento, será a 
busca de uma clareira, um lago, ou um curso de água, 
locais que facilitarão a sinalização terra-ar; ainda assim, 
a tentativa deverá revestir-se de todas as medidas de 
segurança possíveis, com a preocupação sempre presente 
de que esses locais deverão estar a céu aberto, porquanto, 
avistar, do ar, um homem ou um grupo perdido na 
floresta, mesmo bem sinalizando, será tarefa dificílima. 
(BRASIL, 1999, 4-10/4-11). 
Conforme a Portaria Instrutiva (BRASIL, 1999, 4-10/4-11), hoje 
em dia, quase todas as
[...] aeronaves possuem transmissores localizadores 
de emergência que foram desenvolvidos para auxiliar 
a localização daquelas em caso de acidentes aéreos e 
pousos forçados. Um dos sistemas – o NARCO ELT 
-10 - emite sinais por sete dias nas frequências de alerta 
internacional 121,5 MHz e 243,0 MHz e cobertura 
mundial na frequência 406 MHz. Normalmente [o 
transmissor] é localizado na altura da cabeça do copiloto 
e parece com um pequeno transmissor portátil. Seu sinal 
somente será ouvido no local se o receptor da aeronave 
estiver funcionando, porém será captado por satélite que 
o devolverá a uma estação terrestre do INSTITUTO 
NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, com 
informações das prováveis coordenadas do local emissor 
do sinal, bem como poderá ser captado pelas aeronaves de 
busca. 
1.2 - Procedimentos após o pouso forçado na selva
A seguir, veremos alguns procedimentos básicos e imediatos, 
recomendados após um pouso forçado na selva. Após a 
evacuação da aeronave e respeitados os treinamentos e linhas 
de ação previstas para as tripulações num desastre aéreo onde 
44
Universidade do Sul de Santa Catarina
os sobreviventes se encontram em lugar ermo e inóspito, sem 
sinais de civilização, os procedimentos iniciais indicados são os 
seguintes:
a) verifique [...] se há pessoas inconscientes, feridas e a 
gravidade das lesões; geralmente, os que gritam estão em 
melhor estado aos que se apresentam inconscientes; tome 
muito cuidado com o combustível da aeronave, e só tenha 
certeza da segurança quando o combustível derramado 
evaporar-se por completo;
b) providencie os primeiros socorros; as vítimas mais 
graves deverão ser atendidas prioritariamente(como as 
que apresentam grandes hemorragias). Procure deitar ou 
recostar os feridos em posição que lhes deem alívio ou 
conforto;
c) a remoção dos feridos do objeto do acidente (avião) 
será feita com todo o cuidado, principalmente tratando-
se de casos de traumas, quando deverá atentar-se para a 
integridade da coluna do acidentado;
d) providencie logo após proteção contra o vento, chuva, 
frio e insetos para todos, mas priorizando os feridos;
e) arme o mais rápido que puder, com o auxílio de outros 
integrantes da jornada, um abrigo temporário, onde 
poderão ser usados materiais do objeto do acidente ou 
bagagem dos passageiros, ou, na ausência deles, galhos 
ramados, pedras, madeira, etc.; procure indícios de 
civilização pelo local;
f) verifique o estado do rádio, GPS, bússola e baterias da 
aeronave;
g) procure e estoque todo tipo de provisão, como água e 
comida;
h) se necessário for, fazer uma fogueira, tomando os 
devidos cuidados com a mata e com os destroços da 
aeronave sinistrada, que ainda contém combustível;
i) [procure] organizar o acampamento; a cada [pessoa 
válida], dê um encargo ou encargos a cumprir (isto fará 
que se mantenham ocupados, amenizando o medo). 
Coloque toda a provisão de alimentos e o equipamento 
disponível a cargo de um só indivíduo;
j) procure juntar todo o material combustível que puder;
k) procure uma fonte d’água potável;
45
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
l) descubra se nas vizinhanças do local sinistrado existem 
animais ou plantas comestíveis;
m) [se possível, inicie] um diário. Registre a data, as 
condições do tempo e causas prováveis do acidente; o 
local estimado; nome dos integrantes do sinistro; as 
provisões existentes, assim como a água e equipamentos;
n) [monte] acampamento próximo ao objeto do sinistro 
é sempre a melhor opção, por ser mais fácil de ser 
encontrado por equipes de busca e salvamento. Só 
abandone o local quando tiver certeza de que se encontra 
a pouca distância (a pé) do socorro.
É muito difícil avistar do ar um homem ou um grupo 
[na selva fechada]. Por isso, os procedimentos de 
sinalização [são importantíssimos] para pessoas perdidas 
ou sinistradas. Sendo assim, procure [sempre sinalizar o 
local] sem perda de tempo. (TERRA, [200-]). 
A sinalização mais simples é feita por:
 � espelho;
 � fogueira; 
 � sinais terra-ar.
[...] sempre que uma aeronave de busca estiver com o sol 
atrás de si, é grande a possibilidade da equipe avistar o 
reflexo de um espelho emitindo sinais; na falta de um 
espelho, pode-se usar uma lata polida; [...] procure manter 
uma fogueira sempre acesa, para o caso de uma equipe de 
salvamento aparecer de repente, podendo avistá-lo durante 
o dia (fumaça) ou noite (chama); [...] os sinais deverão ser 
construídos em local aberto e, preferencialmente, livre de 
vegetação. Pode-se usar panos, madeira, destroços, sulcos 
na terra, etc. Ao dispor de sinais (símbolos) no chão, faça-
os em dimensões avantajadas, para poderem ser vistos do 
ar. (TERRA, [200-]).
Vejamos, a seguir, uma tabela que demonstra os sinais terra-ar 
representados por numeração, mensagens e símbolos:
46
Universidade do Sul de Santa Catarina
Tabela 2.1 - Tabela de sinais terra-ar
Fonte: Terra [200-]). 
Seção 2 - Fazendo coisas básicas na selva
Após as primeiras ações, posterior ao pouso forçado na floresta, 
começa a rotina básica da sobrevivência na selva. Será necessário, 
entre muitas outras coisas, cuidar da saúde física e mental, das 
provisões (água e alimentos) e da segurança dos sobreviventes.
Não há regras rígidas para a sobrevivência em condições tão 
hostis, mas há muitas orientações que podem ajudar quanto ao 
comportamento e quanto aos esforços das pessoas para amenizar 
os efeitos de uma permanência forçada na selva.
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
2.1 - Conservação da saúde física
No cotidiano normal das pessoas, há uma série de recursos 
disponíveis de toda ordem como:
 � alimentação;
 � energia elétrica;
 � abastecimento de água;
 � serviços de saúde, e muitos mais. 
Mas numa situação real de sobrevivência isso não acontece. A 
conservação da saúde física é importantíssima e, para sobreviver 
nas melhores condições possíveis, as pessoas sós ou em grupos 
precisam observar várias medidas recomendadas, como as a 
seguir.
A fadiga em excesso deve ser evitada. Quando se está 
realizando algum trabalho que exija esforço físico ou um 
deslocamento através da selva, deverá ser estabelecido 
um tempo para descanso; 10 ou 15 minutos para cada 
hora de esforço físico poderá, em princípio, ser uma 
base de partida. Nas horas mais quentes do dia, o 
repouso deve realizar-se nos locais mais cômodos que se 
apresentarem no momento. Se possível, as pessoas devem 
se aliviar de toda carga que estejam transportando e deve 
deitar-se para repousar. Durante os repousos maiores, 
principalmente à noite, procure dormir. Mesmo que não 
consiga, a princípio, conciliar o sono, o simples ato de 
deitar e relaxar os músculos e a mente causará efeitos 
recuperadores aos sobreviventes. Não se deve permitir 
que a aflição com a situação por que se passa concorra 
para o desequilíbrio emocional; deve-se pensar com 
calma e pesar todas as possibilidades favoráveis. O calor 
na selva equatorial é constante e implica, para o ser 
humano, em suor excessivo. Em consequência, se não 
houver a observância de repouso frequente, juntamente 
com uma complementação abundante de água e sal, 
alguns efeitos poderão advir em prejuízo das pessoas.
48
Universidade do Sul de Santa Catarina
Esses efeitos são: 
Exaustão - Resulta da excessiva perda de água e de sal 
pelo organismo, consequência da forte transpiração. 
Seus sintomas são palidez, pele úmida, pegajosa e fria, 
náuseas, tonteiras e desmaios. O socorro a ser prestado 
será fazer com que a pessoa se deite em área sombreada, 
mantendo-lhe os pés em plano mais elevado que o resto 
do corpo e as roupas afrouxadas, dando-lhe de beber 
água fria e um pouco salgada. 
Para isso, dissolver 2 tabletes de sal ou um quarto 
de colher de chá, ou equivalente, de sal puro, em 
um recipiente de água (mais ou menos um litro), na 
quantidade de 3 a 5 litros no espaço de 12 horas. 
A solução salina deverá ser ministrada aos goles, a 
intervalos regulares (2 a 3 minutos entre cada gole ou 
ingestão), pois, se tomada de vez, poderá ocasionar 
vômitos, estabelecendo-se um círculo vicioso entre 
vômitos e desidratação.
Câimbras - Resulta de um esforço físico continuado que 
implique em demasiado suor, sem que, preventivamente, 
se tenha tomado uma quantidade suplementar de água 
e sal. Elas podem atingir qualquer parte muscular do 
corpo, sendo mais comuns nas pernas, nos braços e na 
parede abdominal. Frequentemente haverá vômitos e 
enfraquecimento. O socorro será o mesmo indicado para 
a exaustão, à base de ingestão de água salgada em grande 
quantidade.
Insolação e Internação - Os mecanismos de dissipação 
do calor não estão funcionando bem. Aumenta a 
temperatura corporal e isto acarreta risco de vida para a 
pessoa, se não for tratado com urgência. São situações 
graves, com alta taxa de mortalidade, além da elevação da 
temperatura do corpo, normalmente leva à inconsciência. 
Os sintomas são pele quente e seca, com ausência do suor, 
dor de cabeça, náuseas, rosto congestionado e possíveis 
delírios. 
O mais simples e importante objetivo no socorro 
é o resfriamento da temperatura do corpo, o mais 
rapidamente possível; o melhor modo de consegui-lo é 
mergulhá-lo em um banho de água fria, gelada inclusive, 
se possível; caso contrário, a pessoa deverá ser mantida 
à sombra, com a roupa removida, derramando-se então 
bastante água sobre ela. Este resfriamento deverá ser 
continuado, mesmo durante a evacuação. Se consciente, 
o indivíduo deverá beber água fria, salgada (como nos 
casos de exaustão ou câimbras); se inconsciente, idêntico 
procedimento deverá ser observado, tão logo volte a si.
49
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar)Unidade 2
Desses efeitos fisiológicos do calor, os mais comuns são 
a exaustão e as câimbras; a insolação e a intermação, 
apesar de mais perigosos, na selva equatorial quase não se 
fazem sentir porque o corpo, normal e constantemente, 
estará submetido a um processo de refrigeração, quer pelo 
próprio suor, quer pela água das chuvas, quer ainda pela 
água dos igarapés, igapós ou chavascais; será normal, 
pois, e mesmo agradável, o indivíduo permanecer, 
durante o dia, com o corpo molhado. A par disso, a 
elevada umidade do ar concorre para a proteção contra a 
insolação.
Para proteção contra aqueles efeitos, algumas regras 
podem ser observadas. Assim: 
(A) Beber bastante água. Mesmo que não se sinta sede, 
uma vez constatado o excesso de suor, deve-se beber água 
constantemente.
(B) Aclimatar-se. Essa regra não terá aplicação para 
a pessoa que, de uma hora para outra, por acidente, 
se encontrar numa selva equatorial; haveria, no caso, 
uma aclimatação forçada, independente da vontade. O 
processo de aclimatação possui quatro características 
principais:
1) começa no 1º dia e poderá estar bem desenvolvido no 
4º;
2) haverá um aumento na quantidade de suor, 
aumentando assim a perda de sal;
3) poderá ser acelerado com a realização de exercícios 
físicos;
4) as condições de aclimatação poderão ser retidas pelo 
organismo por cerca de uma ou duas semanas após a 
saída da área afetada pelo calor.
(C) Usar sal, em quantidade extra, nos alimentos e na 
água. 
(D) Não se alimentar em excesso.
(E) Vestir-se adequadamente. É uma regra difícil de 
ser seguida na selva. Se o tecido for leve, estará sujeito 
a ser rasgado pela vegetação e, se grosso, aumentará a 
sudação, embaraçará os movimentos e criará sensação de 
desconforto; se a vestimenta proteger em demasia, dos 
pés à cabeça, dificultará a ventilação e, caso contrário, 
facilitará o ataque dos animais miúdos (formigas, 
mosquitos e outros) e os arranhões pela vegetação; 
enfim, será, em última instância, um problema a mais de 
adaptação. (LOSS, 2014). 
50
Universidade do Sul de Santa Catarina
Não se desfaça de qualquer tipo de roupa ou pano. A roupa pode 
proteger do frio, do calor, da chuva, de queimaduras pelo sol e de 
insetos. Mantenha sua roupa sempre limpa, pois assim ela durará 
mais e terá maior poder de isolamento.
Continuamos com outras medidas essenciais:
(F) Trabalhar à sombra. Regra fácil de seguir, pois a selva 
é sombreada.
(G) Compreender o calor. É uma regra para não se 
esquecer, que trará benefícios psicológicos com reflexos 
imediatos no corpo humano. O conhecimento dos efeitos 
que o calor poderá produzir e dos processos para evitá-los 
ou, no mínimo, atenuá-los, pode salvar vidas e é de muita 
importância para a sobrevivência na selva.
(H) O frio nas selvas equatorial, por mais estranho que 
pareça, também [pode ocorrer e] se [fazer] sentir. Não 
requer, entretanto, medidas especiais adotadas em regiões 
de clima frio. Na Selva Amazônica há o fenômeno da 
friagem, que atinge algumas regiões e em outras não 
acontece. São comuns as quedas de temperatura à noite. 
(LOSS, 2014). 
2.2 - Conservação do equilíbrio mental
Assim como a saúde física é fundamental numa sobrevivência 
real, a manutenção da saúde mental é outra meta a ser buscada 
constantemente pelos sobreviventes. Mesmo em situações 
rotineiras da vida, às vezes ela nos dá “limões”, mesmo com 
todo o nosso esforço, luta e persistência. Numa sobrevivência 
serão muitos limões e caberá às pessoas fazer careta diante deles 
ou uma bela e deliciosa limonada. Assim, vejamos algumas 
considerações, a seguir.
A sensação de medo é normal em pessoas que se 
encontram em situação de perigo. E o perigo sempre 
existe na selva. [Contudo, é bom não esquecer] que 
outros já sentiram medo e, a despeito disso, conseguiram 
51
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
sair-se bem das dificuldades e perigos da selva. [...] 
A fadiga e o esgotamento físico [provocados pelas] 
grandes privações poderão, muitas vezes, conduzir a 
distúrbios mentais, que se manifestam sob as formas 
de temores graves, cuidados excessivos, depressão ou 
superexcitamento. [A melhor maneira] de evitá-los será 
procurando dormir e descansar o máximo possível. [...]. 
Maiores atenções deverão ser dedicadas àqueles que se 
encontrarem física ou fisiologicamente doentes, a fim 
de evitar o trauma emocional. Um mau discernimento 
da situação, causado por distúrbio mental, poderá ser 
tão fatal quanto o [ataque de uma onça] ou uma picada 
de serpente [venenosa]. Para quem quer sobreviver, será 
fundamental evitar o pânico, e este, na selva, representará 
o pior inimigo a vencer. (BRASIL, 1999, 2-4). 
A luta pela sobrevivência sempre existiu e faz parte do ciclo da 
vida. No reino animal, encontramos dois grupos com instintos 
distintos: 
 � os que não querem morrer de fome; 
 � os que não querem virar alimento. 
Além dos instintos, o ser humano conta ainda com outros 
atributos que o diferencia dos animais, principalmente a 
inteligência lógica. E essa lucidez precisa ser mantida para se 
enfrentar as dificuldades de sobrevivência em ambientes hostis ao 
ser humano.
2.3 - Outras medidas de proteção na selva
Quase tudo que fazemos está associado ao uso dos pés, como 
ficar de pé, andar, correr, exercitar-se etc. Leonardo Da Vinci 
referiu-se ao pé como o melhor dispositivo de engenharia do 
mundo: ele contém cerca de um quarto dos ossos do corpo e 
absorve três vezes o peso do corpo a cada passo. Eles serão 
extremamente usados durante uma sobrevivência na selva. Sendo 
assim, algumas orientações devem ser observadas.
52
Universidade do Sul de Santa Catarina
Na selva, em princípio, só será possível andar a pé. 
Longas caminhadas, por terreno permanentemente 
ondulado, será a regra mais comum. Daí a importância 
dos cuidados com os pés, que deverão ser mantidos 
limpos, lavando-os e secando-os com a frequência 
possível. [Contudo], andar na selva com os pés secos será 
praticamente impossível, pois o suor, a chuva e as águas 
dos igarapés, igapós e atoleiros não o permitirão; por isso, 
tais cuidados deverão ser observados, particularmente 
durante as paradas para descanso prolongado. [...]. [Se 
possível,] meias não deverão estar rasgadas nem cerzidas 
e o calçado deve estar sendo constantemente examinado; 
o uso de meias finas de algodão é recomendável, pois elas 
absorvem a umidade, permitem a evaporação, apresentam 
pouca deformação após secarem e, assim, protegem 
melhor os pés do que as meias grossas de algodão, de lã 
ou de nylon. 
Calos ou calosidades não deverão ser cortados, para evitar 
infecção; [Manter] as unhas limpas e curtas [pode] evitar 
a unha encravada e a proliferação de microrganismos 
entre elas e a pele. Caso haja atrito entre o calçado e a 
pele, deverá ser aplicado esparadrapo na parte afetada. Se 
houver formação de bolhas, estas deverão ser perfuradas 
na base, com o máximo de desinfecção possível e 
protegendo-se depois o local com esparadrapo ou gaze. 
(BRASIL, 1999, 2-4-2-5). 
Quanto ao ambiente que nos cerca, podemos percebê-lo e dele 
receber informações vendo, ouvindo, cheirando, apalpando e 
sentindo sabores. A visão, em importância, é o sentido que supera 
todos os demais, pois quatro quintos de todas as informações que 
nosso cérebro recebe chegam por meio dos olhos. As informações 
também nos chegam pela audição, complementando a visão. 
Dessa forma, olhos e ouvidos precisam ser protegidos. 
Os olhos estarão permanentemente sujeitos à ação de 
pequenos insetos e de partículas diversas. A proteção ideal 
seria com o uso de óculos de um tipo especial; entretanto, 
a capacidade de ver seria um pouco afetada, o que não é 
aconselhável na selva, onde é fundamental [ter uma boa 
visão]. Os ouvidos [sempre] estarão, do mesmo modo, 
sujeitos àquela mesma ação e uma boa proteção para 
eles seria a colocação de algodão; porém, isto reduziria a 
capacidade auditiva e, na selva, também é fundamental [ter 
uma boa audição]. (BRASIL, 1999, 2-5).
53Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
As infecções da pele são causadas pela presença e crescimento 
de bactérias que provocam danos no tecido da epiderme de 
um hospedeiro. Muitas bactérias residem na pele, mesmo com 
hábitos normais de higiene. Imagine na selva!
[Em nosso corpo,] a epiderme constitui a primeira 
linha de defesa contra as infecções. Por isso, qualquer 
arranhão, corte, picada de inseto ou queimadura, por 
menor e mais inofensivo que [possa parecer, merece 
muito] cuidado; qualquer antisséptico deverá ser aplicado, 
preventivamente. As mãos não deverão tocar a parte 
afetada; será suficiente a aplicação do curativo individual, 
se houver; se não, o ferimento deverá ser mantido 
protegido da melhor forma possível ou, em último caso, 
exposto mesmo ao ar livre. (BRASIL, 1999, 2-5).
Em condições extremas de sobrevivência, associadas a baixos 
padrões de higiene, muitas doenças infecto-contagiosas poderão 
ocorrer. Na rotina diária, uma simples diarréia já incomoda 
bastante. Imagine o quanto será pior num cenário sem 
medicamentos e/ou acesso à ajuda médica. 
A limpeza do corpo é a principal defesa contra os germes 
infecciosos. As unhas devem ser mantidas cortadas para 
evitar o desenvolvimento de parasitas entre elas e a pele. 
Um banho diário [é muito importante nessas situações], 
com sabão ou mesmo sem ele, dedicando-se especial 
atenção à higiene das partes dobradas, [como axilas 
e virilhas]. Se esse banho não for possível, a limpeza 
na maior parte do corpo deve ser sempre realizada, 
particularmente das mãos, rosto, axilas, virilhas e pés. 
[...] Após as refeições, dentes e boca deverão ser limpos. 
[...] As [roupas devem ser mantidas limpas. Elas ajudam] 
a proteger contra infecções cutâneas e parasitas, e, em 
caso de dificuldade de lavá-las, [devem ser] sacudidas 
e expostas ao ar livre, [sempre que possível]. O uso de 
cuecas justas deve ser evitado, pois [pode] provocar 
assaduras pela umidade acumulada que favorecem 
a ação de microrganismos. Esses procedimentos 
concorrerão para uma sensação de conforto. [...] No 
caso de um grupo, será interessante que os homens 
se inspecionem mutuamente, corpo e roupa. [...] Um 
local de [acampamento ou parada] na selva deverá ser 
naturalmente um lugar limpo, no qual não haja acúmulo 
das águas das chuvas ou da presença de animais e insetos. 
A manutenção desse estado será simples, bastando uma 
54
Universidade do Sul de Santa Catarina
fossa para lixo e outra para dejetos, suficientemente 
afastadas [do abrigo], sempre cobertas com terra após 
o uso e distantes da fonte de água, quando houver [nas 
proximidades]. Essa fonte será, normalmente, um igarapé 
e para sua boa utilização deverá ser dividido [em áreas. A 
primeira área,] água para beber e cozinhar. [A segunda 
área,] água para banho, água para lavagem de roupa e, 
por fim, água para qualquer outro uso, [na última área]. 
(BRASIL, 1999, 2-5/2-6).
Ao nos encontrarmos em uma condição extrema de sobrevivência 
na selva, quanto maiores os cuidados com as medidas de proteção 
a serem adotadas, maiores as chances de sustentação de nosso 
corpo e mente para enfrentar os obstáculos, e falar em saúde é o 
mesmo que falar em vida.
2.4 - Prevenindo doenças na selva
São inúmeros os tipos de doenças a que o ser humano está sujeito. 
Em ambientes com baixos padrões de higiene, como nas selvas 
tropicais, as doenças intestinais são bastante comuns. Vejamos, a 
seguir, algumas das suas características e maneiras de prevenção.
Doenças intestinais são aquelas causadas por germes 
existentes nas fezes e urina ou por alimentos contaminados. 
Normalmente os seus agentes causais são eliminados do 
corpo pelas fezes e urina. Geralmente eles são transmitidos 
por alimentos e água contaminada, que, por sua vez, 
são levados pelas mãos ou utensílios de cozinha. As 
principais doenças intestinais são as disenterias [...], a 
diarreia, a cólera, as intoxicações e infecções alimentares, 
as infestações [por vermes] e as febres (tífica, paratífica e 
ondulante). (BRASIL, 1999, 2-6). 
Como prevenção a essas doenças, devemos ter um cuidado 
específico, por meio das seguintes medidas:
 � proteger e purificar a água;
 � inspecionar e proteger os alimentos;
 � ter o máximo de higiene nas refeições;
55
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
 � cuidar com o destino dos detritos;
 � controlar as moscas; 
 � cuidar dos doentes.
O que precisamos saber para termos condições de proteger e 
purificar a água?
De acordo com o documento de Instruções Provisórias, do 
Ministério da Defesa (BRASIL, 1999, 2-6):
Toda fonte de água deve ser cuidadosamente protegida 
da contaminação pelos detritos humanos ou animais. 
[...] As fossas ligadas às latrinas e cozinhas deverão ser 
localizadas de modo tal que a infiltração e drenagem 
se processem afastadas e sem perigo para as fontes 
de água. Normalmente, o igarapé será a fonte mais 
comum e, nesse caso, deverá ser dividido em seções. 
[...] . A purificação da água na selva raramente será feita 
como em outras áreas, a não ser que o grupo [possua] o 
material necessário e vá permanecer por espaço de tempo 
relativamente longo em um [acampamento]. Sempre que 
for possível, [deve-se purificar] a água [...] que for obtida 
no interior da selva, mesmo aquela colhida dos igarapés, 
pois estes, também são fontes de água para os animais 
que podem contaminá-los com fezes e urina. Além disso, 
vegetais em decomposição nas margens e no leito de rios 
e, ainda, o uso e permanência humana próxima a eles 
podem, também, contaminá-los. Ainda assim, caso [seja 
necessário] purificar essa água ou mesmo a proveniente 
de outras fontes, devem ser usados os comprimidos dos 
kits [de sobrevivência], os de Hipoclorito (Halazone e 
outros a base de cloro), na dose de um ou dois por litro 
de água, esperando-se cerca de 30 minutos para, então, 
poder ser bebida. Outro processo de purificação é o de 
ferver a água e depois fazer uma aeração; um minuto de 
ebulição e a passagem de um recipiente a outro, ao ar 
livre, serão o suficiente. Não só a água para beber, mas 
também a utilizada em bochechos e limpeza da boca 
(escovar os dentes) deverá ser purificada pela fervura ou 
pelo comprimido de Hipoclorito, [se houver]. Deve ser 
evitada a utilização de água obtida em fontes paradas, 
[sendo] um ambiente propício ao desenvolvimento de 
amebas de vida livre que não são combatidas pelos 
purificadores comuns, como o Hipoclorito [...].
56
Universidade do Sul de Santa Catarina
A ingestão de alimentos contaminados é coisa séria e pode causar 
a morte. Todos sabem o que uma simples salada de batatas 
com ovos, contaminada, pode provocar, por exemplo. Na selva, 
maiores cuidados são necessários com qualquer tipo de alimento 
disponível.
Os alimentos devem sofrer inspeção não só com aqueles que 
serão consumidos, mas também naqueles que, após terem 
permanecido guardados, venham a ser novamente utilizados. 
Quando guardados, os alimentos devem ser protegidos da melhor 
maneira possível, em sacos plásticos, por exemplo, é preciso 
ter um cuidado especial com aqueles alimentos que são mais 
perecíveis. 
Há várias maneiras de manter alimentos em bom estado de 
conservação: 
[...] imersos em água corrente, enterrados, pendurados 
em galhos de árvore, dependendo do tipo do alimento, 
do tempo de permanência no local, das condições de 
segurança contra animais e da quantidade ou volume dos 
alimentos. (BRASIL, 1999, 2-7). 
Ao caminhar pela selva, por exemplo, é normal cada pessoa 
carregar consigo algum alimento. Portanto, essas medidas não 
dizem respeito, necessariamente, a quem está indo para a selva 
por vontade própria, mas para o caso de grupos e, especialmente, 
quando houver permanência mais duradoura em locais de parada. 
Seja onde for, a higiene nunca pode ser de importância 
secundária, principalmente nas refeições. Nesse caso, trata-se 
do cuidado em lidar (preparar e distribuir) com os alimentos 
que serão compartilhados. Essa responsabilidadenão deve 
ser atribuída a pessoas com alguma doença transmissível ou 
com algum machucado, pois elas deverão ter um cuidado mais 
específico, como veremos adiante. Se forem usados utensílios 
de cozinha, como talheres e copos, deverão ser lavados antes de 
guardados. O que sobrar de alimento deve ser colocado junto aos 
demais detritos. 
57
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Os detritos podem atrair diversos tipos de insetos, 
principalmente moscas. Elas são fortes vetores transmissores de 
doenças. Nesse caso, medidas devem ser adotadas quanto aos 
detritos, como a seguir apresentado.
Dar destino adequado aos detritos, quaisquer que 
sejam suas origens, é medida [importantíssima], quando 
se tratar de um grupo em [parada e abrigo] mais ou 
menos estável. Na selva, entretanto, não será normal 
a execução dessa medida dentro do preceituado pelas 
regras de higiene, pelo simples fato de que faltará o 
material necessário, ainda mais em se tratando de 
sobrevivência numa selva. Será suficiente que os detritos 
sejam enterrados, evitando-se, assim, que insetos e 
outros pequenos animais tornem-se veículos de doenças 
intestinais. Os locais selecionados para enterrá-los 
devem ficar afastados daqueles em que a presença [e 
permanência das pessoas] será normal. (BRASIL, 1999, 
2-7, grifo nosso).
O controle de moscas tem uma relação direta com o local 
destinado aos detritos, pois esse é o local ideal para sua 
reprodução. Se dermos aos detritos um local também ideal – o 
melhor possível, que também iniba a produção de odor – esse 
controle será efetuado sem maiores problemas. Para manter o 
controle em relação aos que estão doentes, na selva, requer 
o dobro de cuidados com a higiene. Estamos falando, aqui, 
de casos de pessoas que venham a ter doenças intestinais 
com sintomas de diarréia, por exemplo. Para que não haja 
contaminação geral, segue uma lista procedimentos a serem 
realizados:
a) Defecar em lugar apropriado e o mais longe possível 
do local do [abrigo ou acampamento] e da fonte de água, 
cobrindo os dejetos com terra para evitar a contaminação 
por insetos [...]. b) Manter asseio corporal rigoroso. c) 
Ingerir bastante água, para evitar a desidratação e, caso 
seja disponível, utilizar remédio específico (soro para 
reidratação oral, tais como REIDRAT e outros) ou fazer 
a mistura de sal, açúcar e água na proporção de uma 
colher de açúcar e uma “pitada” de sal para cada [litro de 
água]. (BRASIL, 1999, 2-8). 
58
Universidade do Sul de Santa Catarina
Mas temos que saber cuidar das outras doenças, como as 
transmitidas por insetos parasitos, ou seja, que os têm como 
agentes transmissores. 
As parasitoses são transmitidas pelo contato entre as pessoas 
ou por compartilhar o uso de objetos pessoais. Também são 
transmitidas:
 � pelo consumo da água não purificada;
 � por alimentos contaminados;
 � pela precária higiene das mãos;
 � pela poeira;
 � pelo solo contaminado por larvas;
 � por moluscos e por muitos outros meios. 
A máxima higiene corporal e demais cuidados com alimentos e 
detritos são maneiras de se evitar as parasitoses na selva.
As mais comuns na selva equatorial são a malária, a 
filariose, a leishmaniose, protozooses e parasitoses. 
Elas não existirão se forem exterminados os mosquitos 
transmissores, mas este combate só pode ser feito, 
cuidadosa e frequentemente, em locais em que haja 
recursos para isso, o que não acontece na selva, onde 
a existência da água em abundância facilita a sua 
proliferação. [...]. O perigo da transmissão dessas doenças 
pelos insetos ronda as proximidades e interior dos núcleos 
populacionais e neles reside, pois os mosquitos não têm 
capacidade de voo além dos 1.500 metros, ou pouco mais, 
se ajudados pelo vento. [Contudo, tais fatores] não devem 
ser considerados com segurança total para quem está na 
selva, porque o ser humano pode ser apenas o portador da 
doença, abrigando-a e podendo transmiti-la, sem, contudo, 
apresentar os sintomas seus sintomas. Por outro lado, os 
animais da selva podem ser os hospedeiros intermediários, 
no lugar do homem. (BRASIL, 1999, 2-8). 
Malária, febre amarela, dengue, 
filariose, tularemia, febre 
recorrente, tifo, leishmaniose, entre 
outras. 
59
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Para evitar ser picado por algum inseto ou caso isso tenha 
ocorrer, em situação de emergência na selva, você deve tomar as 
seguintes providências:
O uso de mosquiteiros para dormir ou proteger as partes 
expostas do corpo será muito útil, assim como o de luvas 
e de repelentes. [...]. [Acampar] em locais altos, afastados 
principalmente de águas paradas. [...]. Dormir vestido, 
colocando as extremidades das calças para dentro dos 
canos das meias ou bocas do calçado, será mais um meio 
de evitar picadas. [...] Se forem utilizadas [barracas], 
cabanas, choças ou palhoças, deverá ser feita antes uma 
inspeção minuciosa nas frestas, onde costuma agasalhar-
se o “barbeiro”, transmissor da doença de Chagas. [...]. 
As picadas dos insetos provocarão [coceira] e será preciso 
muito controle para não coçá-las, o que é aconselhável 
para evitar sangrar e, desse modo, dificultar a propagação 
dos germes. [...] Os mosquitos, [comumente], atacam 
ao entardecer e durante a noite; mas na selva, quase 
sempre escura e sombria, eles atuam também durante 
o dia. Sendo assim, as medidas de proteção tendem 
naturalmente a ser relaxadas, se tiverem de ser cumpridas 
por espaços de tempo muito longos; primeiro, pela 
necessidade de grande estoque de repelentes; segundo, 
porque os mosquiteiros perturbam a visão e engancham 
na vegetação e as luvas diminuem a refrigeração das 
mãos, tiram o tato e gastam-se ou são extraviadas; 
permanecer sempre vestido, protegendo ao máximo o 
corpo, concorre para o aumento da sudação. (BRASIL, 
1999, 2-8/2-9). 
Num ambiente hostil, como a selva, as pessoas ficam muito 
expostas aos insetos que se alimentam de sangue. O mais 
indicado seria o uso de repelentes, mas na falta desses, outras 
alternativas devem ser buscadas.
Outras medidas [importantes] poderão também ser 
seguidas, como untar as partes expostas do corpo (mãos, 
rosto e pescoço) com lama (em casos extremos), em 
substituição a repelentes e luvas, e acender pequenas 
fogueiras no interior dos abrigos; poderão, inclusive, 
ser adotados os processos usados pelos habitantes da 
área para proteção contra mosquitos como a aplicação 
de óleo de copaíba, [se disponível]. [Em relação] 
à malária, atualmente, não se aplica mais o uso de 
pastilhas químicas à base de quinina, cloroquina, 
60
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primaquina e merfloquina como tratamento preventivo, 
devido aos efeitos colaterais para o organismo e pelo 
mascaramento durante o período de incubação provocado 
por “Plasmodiuns” de naturezas diversas, contra todos 
os quais nenhum dos produtos acima possui eficiência 
comprovada. [Identificar o mosquito] transmissor da 
malária poderá ser feito observando-se que ele pousa com 
a parte posterior bastante mais elevada que a anterior, 
formando com o plano de pouso um ângulo aproximado 
de 45º, e que em suas asas existem manchas escuras [...]. 
A doença é conhecida também com os nomes de maleita, 
impaludismo e febre intermitente. (BRASIL, 1999, 2-9).
Vejamos uma imagem do pouso do mosquito da malária:
Figura 2.2 - Mosquito da Malária
Fonte: Como ([200-]).
A seguir, uma imagem do mosquito da dengue:
Figura 2.3 - Mosquito da Dengue
Fonte: Pinheiro (2013). 
61
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Hoje em dia, se você for fazer uma viagem à região Amazônica, 
é a obrigatório tomar a vacina antiamarílica obrigatória, contra a 
febre amarela.
Outras doenças transmitidas por insetos também podem surgir 
na selva. Começamos pela tularemia e pelos diversos tipos de 
tifos.
A tularemia, a febre recorrente e os vários tipos de 
tifo constituem um grupo de doenças transmitidas 
pelos piolhos, pulgas, percevejos e carrapatos. [...]. 
Diagnosticadoo mal, o tratamento caberá ao médico. 
Preventivamente, o que se poderá fazer, será procurar 
destruir esses vetores. Assim, os piolhos, que transmitem 
o tifo epidêmico (ou exantemático), a febre das trincheiras 
e a febre recorrente - e que pertencem a três espécies: 
piolho do corpo (principal responsável pelas doenças), 
piolho da cabeça e piolho do púbis (chato) - deverão 
ser evitados e destruídos, se for o caso, pela execução 
de um conjunto simples de medidas que constituem o 
despiolhamento. Os homens tomarão banho com sabão, 
frequentemente; quando necessário, rasparão os cabelos 
das várias partes do corpo, além da utilização de pós-
inseticidas. A água para banho deverá ser misturada com 
querosene, gasolina ou vinagre. Pentes finos deverão ser 
passados na cabeça. O pó inseticida também deverá ser 
usado nas roupas, particularmente nas costuras e dobras. 
Quando não se dispuser desses materiais, o que será 
normal em sobrevivência, as medidas preventivas terão de 
se reduzir ao banho e às inspeções para a cata do piolho, 
quer nos homens, quer nas roupas ou equipamento. 
(LOSS, 2014). 
As pulgas podem causar alergias da pele, anemia, estresse e até 
transmissão de vírus, dependendo da quantidade de vírus que 
hospede e capacidade de infecção desse vírus.
As pulgas, vetores do tifo endêmico e da peste bubônica, 
têm por veículos o rato e outros roedores de pequeno 
porte, e mesmo o cão e o gato. Portanto, a primeira 
medida preventiva será a eliminação desses animais; se 
algum for considerado de estimação, deverá ser banhado 
frequentemente com água e querosene em mistura e 
sabão; no caso dos ratos, poderão eles ser apanhados por 
meio de armadilhas. As outras são semelhantes às do 
despiolhamento. (LOSS, 2014).
62
Universidade do Sul de Santa Catarina
Quanto a carrapatos, o maior potencial e risco para a transmissão 
de doenças para seres humanos ocorre em regiões de florestas, 
cerrados nativos, descampados e pastagens.
Os carrapatos são responsáveis pelo chamado tifo 
de carrapato ou tifo exantemático de SÃO PAULO, 
como também se denomina o mal. Sua destruição será 
difícil, se não impraticável, pois eles serão encontrados 
em grande número de animais silvestres, tais como 
esquilos, coelhos, antas, gambás, bem como nas áreas, 
particularmente nas trilhas, onde vivem esses animais. 
A vistoria da roupa e do corpo será o melhor modo 
de encontrar e destruir o carrapato. Caso ele já esteja 
encravado na pele, não deverá ser arrancado; a simples 
aproximação de uma brasa ou ponta acesa de cigarro será 
suficiente, ou ainda a aplicação no local de sal úmido, 
iodo, limão, querosene, álcool ou gasolina. Se o ferrão se 
separar do corpo, permanecendo na pele, para extirpá-lo 
bastará que se retire com qualquer objeto pontiagudo, 
previamente desinfetado. (LOSS, 2014).
Percevejos também são insetos muito comuns em florestas, 
cerrados e pastagens. Não transmitem doenças para o ser 
humano, mas causam muito desconforto, coceiras, alergias 
cutâneas, prurido, inflamação e inchaço.
Os percevejos poderão existir em quaisquer lugares em 
que possam viver em íntima associação com o homem. 
Escondem-se em locais que lhes possam oferecer 
proteção e disfarce; alimentam-se à noite e serão capazes 
de sobreviver por seis meses sem alimento algum. 
São responsáveis por um tipo de febre recorrente. A 
fumigação e o uso de inseticidas líquidos, gasolina, 
querosene, água fervente, serão processos para destruir 
o parasito; à falta destes, restarão as inspeções visuais. 
(LOSS, 2014). 
Além das doenças transmitidas por insetos e parasitas, é preciso 
ter cuidado especial com as doenças contagiosas, pois elas 
potencializam ainda mais a situação de emergência.
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Muitas doenças, como as venéreas, a difteria, a gripe 
comum, o sarampo, a tuberculose, a pneumonia, a 
varíola, a rubéola e a caxumba, são contraídas pelo 
contato com elementos enfermos portadores destas 
doenças. Deve-se, por isso, ter especial cuidado nos 
aglomerados humanos por onde se tenha de passar em 
busca da sobrevivência. (LOSS, 2014).
E, por fim, vale destacar as doenças específicas da Região 
Amazônica:
[...] a lepra, a bouba, a pinta e a esquistossomose. Essa 
última é transmitida por caracóis (caramujos encontrados 
nas águas). Finalmente, apesar de não ser propriamente 
uma doença, o tétano é resultante da contaminação de 
feridas e escoriações. A prevenção repousa no emprego da 
vacina antitetânica. Os não vacinados, portanto, deverão 
ter bastante cuidado com os ferimentos na pele, os quais, 
tão logo verificados, deverão ser desinfetados e mantidos 
higienicamente. (LOSS, 2014).
Como podemos observar, a manutenção da saúde em situações 
de sobrevivência é vital enquanto se aguarda o socorro e o 
resgate. Podemos até estar vacinados e imunizados contra 
algumas doenças como o tétano, a febre amarela e a febre 
tifoide, mas não há vacinas que nos imunizem contra a diarreia, 
a disenteria ou a malária, por exemplo. Todos os cuidados já 
citados são necessários, mas a higiene básica se reveste de especial 
importância na prevenção de doenças na selva.
2.5 - Sobre abrigos 
Abrigos podem ser construídos de várias formas na selva. O 
próprio meio ambiente pode ser aproveitado com seus materiais à 
disposição, como galhos, cipós, palhas e folhas diversas.
As pessoas na selva, em regime de sobrevivência, 
necessitam de algum conforto, de condições psicológicas, 
as mais favoráveis possíveis, e de proteção contra o meio 
adverso. Elas necessitam, sempre que possível, de um 
abrigo eficiente, limpo e de bom aspecto. (CIGS, [200-]). 
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Vários são os motivos para se fazer um abrigo na selva. Além da 
proteção contra os elementos, o abrigo tem a função de esconder 
os sobreviventes de intrusos selvagens. Para manter o controle e a 
calma, o abrigo proporciona algum conforto psicológico.
Construir um abrigo numa clareira é essencial para 
passar as noites e abrigar-se das constantes chuvas 
tropicais. Para aumentar a segurança, se possível, ele 
deve ficar suspenso a meio metro do chão, dificultando a 
entrada de água e animais. Uma plataforma com galhos 
cruzados e sustentados por tocos de madeira fincados no 
chão garante a elevação. (VASCONCELOS, 2012). 
Ou seja, troncos grossos e finos são usados na estrutura do abrigo. 
Para as amarrações, são usados os cipós, abundantes nas florestas. 
As coberturas do abrigo são feitas com folhas de palmeiras diversas. 
Também abundantes. Se forem utilizadas palhas para forrar o chão do 
abrigo, passá-las sobre a fumaça do fogo para eliminação de possíveis 
insetos rasteiros, como carrapatos.
Para a construção do abrigo, deverá ser selecionado 
um lugar alto, em terreno ligeiramente inclinado e 
relativamente limpo, e, se possível, próximo de água 
potável. [...] Ao iniciar a construção do abrigo, deverá ser 
verificado se as árvores onde serão feitas as amarrações 
estão firmes e não possuem galhos secos ou frutas 
grandes, pois, caso contrário, poderão cair provocando 
acidentes. O abrigo não deve estar próximo ou embaixo 
de árvores secas [pelo mesmo motivo]. (BRASIL, 1999, 
5-10).
Com cobertores, por exemplo, podem ser feitos vários tipos de 
abrigos, imitando a forma de uma simples barraca de camping.
[Se for possível, é importante] construir um abrigo [...] 
para a fogueira, para a lenha, para alimentos, etc., pois 
as chuvas são fortes e quase sempre inesperadas. O fogo 
não deve ser aceso debaixo do abrigo por motivos óbvios 
e, ainda, porque o calor atrai serpentes e outros animais 
perigosos. (BRASIL, 1999, 5-14). 
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
2.6 - A alimentação na selva
Para a sobrevivência na selva e em qualquer situação nela 
encontrada, deve-se considerar algumas necessidades básicas 
como condições essenciais. Nesse caso, seguem os itens que mais 
precisaremos: a água, o fogo e os alimentos. 
2.6.1 - Água
Quanto tempo podemosviver sem água? 
Não há como negar. Pode-se viver muito mais tempo sem comida 
do que sem água. Dois terços de nosso peso corporal é composto 
por água. Um ser humano pode viver de 3 a 5 dias sem água, 
mas também sofre a gradual diminuição do olfato, da visão, do 
paladar e tato. Além disso, sofre a queda gradativa nos sistemas 
respiratório, circulatório etc. 
A água será uma das necessidades mais importantes. 
A primeira providência após cuidar dos feridos e 
estabelecer os abrigos, será a de procurar água. O ser 
humano pode viver semanas sem alimento, mas, sem 
água, vive-se muito pouco. Para manter-se, mesmo em 
baixas temperaturas, o organismo humano precisa de pelo 
menos dois litros de água diários; sua falta leva o homem 
à falta de eficiência física, baixando consideravelmente 
sua resistência, induzindo-o à desidratação acelerada 
e, consequentemente, à morte. Toda água deverá ser 
purificada antes de consumida. [Por] fervura, ferver 
[a água] durante pelo menos um minuto. [Por] iodo, 
adicionar pelo menos oito gotas de tintura de iodo para 
cada litro d’água e esperar durante trinta minutos, 
antes de beber. A água da chuva, quando captada por 
meio de vasilhas limpas ou por plantas, geralmente 
pode ser ingerida sem qualquer purificação. A urina e 
a água do mar não servem para beber. O conteúdo de 
sal nelas presente é demasiadamente alto, agravando 
consideravelmente a situação do sobrevivente. (TERRA, 
[200-], grifos nossos). 
66
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2.6.2 - Fogo
O Comando da Amazônia (COORDENADOR, 2006), ao 
tratar do fogo, diz o seguinte:
Se bem que não alcance a importância representada pela 
água, o fogo também é uma necessidade, para que seja 
possível prolongar a sobrevivência. Será mais um valioso 
recurso para aumentar e melhorar as condições de vida na 
selva, pois através dele se conseguirá:
• purificar a água;
• cozinhar;
• secar a roupa;
• aquecer o corpo;
• sinalizar;
• iluminar.
Não faça uma fogueira grande demais. As pequenas exigem 
pouco combustível e são fáceis de controlar. No tempo frio, 
pequenas fogueiras dispostas em volta de um indivíduo produzem 
efeito muito melhor que uma só grande fogueira. Se a fogueira 
tiver de ser acesa sobre solo molhado, prepare uma plataforma de 
pedras chatas como base. Há técnicas de se fazer fogo utilizando 
galhos secos, friccionando-os junto à folhagem ou papel também 
secos, é possível usar também pedras duras e lisas para obter fogo 
por meio de faíscas (coisas do homem das cavernas). Fácil falar, 
mas será muito difícil fazer fogo desse jeito. No caso de você não 
possuir fósforos ou isqueiros, é possível fazer fogo com uma lente 
de aumento (de óculos, binóculos, lunetas, lanternas, máquinas 
fotográficas etc.) concentrando os raios do sol em algum material 
combustível (papel, palha seca etc.), como na figura a seguir.
Figura 2.4 - Fazendo fogo com uma lente de aumento
Fonte: Campos (2012).
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Unidade 2
Conforme as Instruções Provisórias do Ministério da Defesa 
(BRASIL, 1999, 6-5),
Será sempre conveniente limpar a área onde será feito 
o fogo. Mesmo que o chão esteja seco, o que não será 
normal na floresta, é vantajoso que seja forrado com um 
estrado de troncos de árvores, os quais poderão servir, 
também, para alimentar o fogo. 
Não desperdice fósforos nem isqueiro, tentando acender uma 
fogueira com isca (papel, palha seca) mal preparada. Não esbanje 
esses meios para acender cigarros ou outras fogueiras, caso já 
exista uma acesa. Utilize brasas ou tições.
Antes que se acabem os fósforos ou o fluido do isqueiro, é muito 
importante manter o fogo sempre aceso, e num lugar abrigado 
das chuvas. Guardar bem protegidos o material para a isca 
(palha, papel etc.), o isqueiro e os fósforos. Se possível, deverão 
ser colocados dentro de um saco plástico, a fim de evitar a grande 
umidade que impera na selva.
Por onde se andar, se houver material para isca, esse deverá ser 
recolhido e guardado para o futuro. Boa lenha para o fogo será a 
obtida de árvores secas e em pé. 
Para manter um braseiro em condições de futura 
utilização, bastará cobri-lo com cinzas e, sobre estas, 
uma camada de terra seca. [...] Para transportar fogo de 
um local para outro, bastará levar um tição ou brasas de 
bom tamanho e colocá-los sob a nova fogueira, atiçando o 
fogo. (BRASIL, 1999, 6-7). 
2.6.3 - Alimentos
Quanto a utensílios de cozinha, se você não tiver à disposição 
panelas ou similares para preparar alimentos, pode-se improvisá-
los por meio de pedras chatas ou destroços. É possível também 
fabricar panelas com barro, modelando-o ainda úmido e, após 
sua secagem, queimando-o para endurecer. 
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Se a quantidade de água disponível for de um litro diário por 
pessoa, será necessário evitar o consumo de alimentos farinhosos, 
secos e condimentados. Procure comer pelo menos uma vez ao 
dia (o ideal é duas). Procure alimentos silvestres, que deverão ser 
ingeridos quentes (alimentos cozidos oferecem menor risco), pois 
são fáceis de digerir e de melhor sabor. O tempo que passar no 
preparo dos alimentos ajuda a descansar o corpo e a mente. Todo 
alimento que contém amido deve ser cozido, pois cru é indigesto. 
A selva é cheia de bichos, mas não é fácil caçá-los. Se uma 
cobra aparecer, vale procurar pedras ou galhos e tentar encarar 
a refeição. Devem-se evitar vegetais com pelos, gosto amargo e 
seiva leitosa - características dos venenosos. Frutos bicados ou 
mordidos geralmente são comestíveis.
Observe que frutas e vegetais, consumidos por pássaros e 
animais mamíferos, também não farão mal às pessoas. As 
frutas, especialmente, são bastante comuns nas selvas tropicais e 
equatoriais.
Figura 2.5 – Frutas da selva
Fonte: Curso (2009). 
Existem, no mínimo, umas 300.000 espécies diferentes de 
plantas silvestres no mundo. Grande número dessas espécies 
pode ser ingerido, embora algumas sejam mais agradáveis ao 
paladar do que outras. Sob condições de sobrevivência, é possível 
que o alimento derivado de plantas silvestres venha a alterar 
completamente o regime alimentar a que você está acostumado. 
(ALIMENTAÇÃO, 2013).
http://2.bp.blogspot.com/_dpxLm7epJTk/Su-Z6cYPbgI/AAAAAAAAAIc/GNMbfDvSbkc/s1600-h/Sobrevivência+na+Selva+2009+21.jpg
69
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
As plantas são mais comuns do que os animais e, por isso, 
aproveite o mais que puder o alimento que as plantas oferecem. 
A maioria dos vegetais é comestível e pouquíssimos são os que 
matam quando ingeridos em pequenas quantidades. 
Não há uma forma absoluta para identificar os venenosos. 
Seguindo-se a regra abaixo, pode-se utilizar qualquer vegetal, 
fruto ou tubérculo, sem perigo de intoxicação ou mesmo 
envenenamento.
Não devem ser consumidos os vegetais que forem cabeludos 
e tenham sabor amargo e seiva leitosa, ou, mnemonicamente, 
CAL:
 � C - cabeludos;
 � A - amargo sabor;
 � L - leitosa seiva.
Qualquer fruto comido pelos animais poderá também ser 
consumido pelo homem. Se uma planta não for identificada, 
outra regra básica é utilizar exclusivamente os brotos, de 
preferência os subterrâneos, pois serão mais tenros e saborosos. 
(ALIMENTAÇÃO, 2013).
[...] Nas regiões onde houver igarapés, seguindo seus 
cursos, [obtêm-se] alimentos vegetais com maior 
facilidade. [...] Não há, na área amazônica, palmitos 
tóxicos [e] todos podem ser consumidos, [tais como]: 
o buriti, bacaba e o açaí. Apresentam-se sempre como 
prolongamento central do tronco, sendo o seu tamanho 
proporcional à idade da palmácea [(palmeira)]. (BRASIL. 
1999, 6-9).
Das frutas encontradas nas florestas brasileiras, as mais comuns 
são as apresentadas nas figuras a seguir, para que sejam 
reconhecidas mais facilmente.
70
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 2.6 - Açaí Figura 2.7 - Babaçu
Fonte: Brasil (1999, 6-11). Fonte: Brasil (1999, 6-11).
Figura 2.8- Bacaba Figura 2.9- Buriti
Fonte: Brasil (1999, 6-12). Fonte: Brasil(1999, 6-13).
[...]. Os alimentos de origem vegetal estarão sempre 
na dependência da época do ano e da distribuição 
geográfica. [...] Para eliminar a toxidez de alguns 
vegetais, basta fervê-los durante cinco minutos, 
realizando a troca de água por duas ou três vezes nesse 
período. Após isto, o vegetal poderá ser consumido. 
71
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
São exceções a esta regra os cogumelos. [...] Se o 
sobrevivente consumir exclusivamente vegetais, deverá 
fazê-lo de forma moderada até que seu organismo se 
acostume à nova dieta. (COORDENADOR, 2006, grifo 
nosso). 
Quanto aos alimentos de origem animal, normalmente se 
obterá carne por meio da caça e da pesca. A carne tem um valor 
energético muito maior que os vegetais, pela quantidade de 
calorias que possui. Entretanto, é mais difícil de ser conseguida 
na selva, pois requer muita capacitação anterior, conhecendo os 
hábitos diurnos e noturnos dos animais, seus “habitats”, seus 
rastros e locais de pousada, onde possa ser feita uma espera 
armada ou colocada uma armadilha para caça. 
[...] Tudo o que se arrasta sobre o chão e que anda sobre 
patas, que nada ou que voa constitui uma possível fonte 
de alimentos. A espécie humana come gafanhotos, 
lagartas sem pelo, larvas crisálidas de escaravelhos 
furadores de madeiras, iças ou tanajuras e cupins. Estes 
insetos possuem alto teor de gordura. Você certamente 
já comeu, embora sem saber e sem querer, insetos que 
pulavam na farinha de trigo, de milho (fubá), no arroz, 
no feijão, nas frutas e verduras, nas suas refeições diárias. 
(MANUAL, 2006-2013). 
Caçar, pescar e fazer armadilhas para animais requer 
conhecimentos e treinos anteriores, mas as pessoas sem 
treinamento podem sobreviver indefinidamente na selva apenas 
se alimentando com os vegetais existentes e abundantes, como 
frutas, verduras, raízes, legumes etc. Ou seja, as pessoas não 
morrerão por falta de alimentos!
Conseguindo-se caçar ou pescar algo durante uma sobrevivência 
real na selva, em qualquer preparo de alimentos com origem 
animal, pode-se adicionar muitas folhas comestíveis e legumes ao 
preparado. Esses vegetais nunca faltarão na floresta Amazônica.
72
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 2.10 – Assando a carne na selva
Fonte: Curso (2009). 
Quanto aos peixes, 
Não há normas que sirvam para distinguir os peixes 
desejáveis dos indesejáveis para a alimentação; uns terão 
a carne mais dura, outros, mais tenra; uns possuirão 
mais espinhas que outros; os de uma mesma espécie, às 
vezes, diferem entre si, devido ao local em que vivem e à 
alimentação que conseguem. O certo é que o cozimento 
os tornará todos iguais, em termos de alimentação. 
Apenas suas vísceras, quando se tratar de peixe 
desconhecido, não deverão ser aproveitadas para comida, 
apenas para isca. (REBENTO, 2012). 
Pequenos cursos de água, igarapés e lagos são numerosos em 
áreas de selvas do Brasil e, quase sempre, bastante piscosos. O 
material mais prático para se usar em pescaria na selva será a 
linha com anzol, sempre presentes em kits de sobrevivência que 
equipam aeronaves de passageiros.
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=phIoaYBAC_EEyM&tbnid=N-P1affQiYi90M:&ved=0CAUQjRw&url=http%3A%2F%2Fgoncaloselvacavec.blogspot.com%2F&ei=vcSEU8-7N4yYqAagiYHABw&bvm=bv.67720277,d.b2k&psig=AFQjCNEE1qgpmzpH96q6-NaS7YOkWbZt2g&ust=1401296303773085
73
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Como iscas, poderão ser usados insetos, minhocas, 
carnes e vísceras de quaisquer animais. Caso se consiga 
descobrir o que comem os peixes no local da pescaria será 
mais fácil. Iscas artificiais poderão ser confeccionadas 
com pedaços de panos coloridos, com penas de cores 
vivas, com fragmentos de algum metal brilhante ou com 
pequenos objetos. (TÉCNICAS, [200-]). 
Minhocas e pequenos insetos rasteiros são facilmente 
encontrados embaixo de pedras e madeiras caídas ao solo. São 
iscas que muito atraem os peixes.
Assim que se consegue apanhar ou pescar um peixe, 
[é preciso] retirar as guelras, as entranhas, e também o 
escamar. Não corte a cabeça do animal, pois possui carne 
bastante proteica e saborosa (nos ‘ombros’ e ‘bochechas’). 
Os peixes que não ultrapassam os 10 cm não necessitam 
que se tirem as tripas, mas devem ser igualmente 
escamados. A melhor forma de [preparar peixe na selva 
será cozinhar em água ou assar no fogo]. (COMO, 2013). 
Depois de limpos e escamados, também é possível enrolá-los em 
folhas grandes e largas e colocá-los diretamente sobre as brasas de 
uma pequena fogueira. 
Quanto às aves, se você conseguir pegar uma delas, por menor 
que seja, será ótimo, pois elas são muito nutritivas. Devem ser 
devidamente depenadas e cozinhadas com a pele, o que ajuda a 
reter a umidade e aumenta o seu valor protéico.
Figura 2.11 – Ave da Amazônia 
Fonte: Brasil (1999, 6-30). 
74
Universidade do Sul de Santa Catarina
Após depenar a ave, corte a cabeça do animal e efetue 
um pequeno corte no ânus, com o objetivo de retirar as 
tripas e entranhas. Lave a cavidade do corpo do animal 
com água (se estiver disponível). A moela e o coração 
são ideais para assar enquanto as partes restantes podem 
ser assadas ou cozidas. As aves necrófagas (abutres e 
urubus) devem ser colocadas em água a ferver cerca de 20 
minutos, para eliminar primeiramente todos os parasitas. 
(COMO, 2013). 
Depois disso, podem ser cozidas em água ou assadas em fogo.
Roedores: As ratazanas, principalmente, possuem carne 
bastante saborosa. Estes roedores têm de ser esfolados, 
estripados e escaldados. Quer as ratazanas quer os ratos, 
devem ser primeiramente cozidos, cerca de 10 a 15 
minutos, [para eliminar possíveis parasitas]. Répteis: 
As cobras e os lagartos são animais perfeitamente 
comestíveis e a sua carne tanto pode ser tenra, como 
estaladiça ou crocante. É necessário retirar a cabeça 
dos animais capturados e esfolá-los antes de comê-los. 
Os lagartos são encontrados em praticamente todas as 
zonas, por isso é uma excelente opção e um animal a 
se ter em conta numa sobrevivência real em ambientes 
adversos. [Podem ser assados, cozidos ou fritos]. Outros 
animais: Basicamente, o que se precisa saber é que todos 
os mamíferos são comestíveis. Os ouriços, os porcos-
espinhos e os texugos têm de ser esfolados e estripados 
antes de começar a cozinhar. (COMO, 2013, grifos 
nossos). 
Na selva, não se pode escolher muito. Os animais que se arrastam 
sobre o chão e que andam sobre patas, que nadam ou que voam, 
são possíveis fontes de alimentos para os sobreviventes.
Seção 3 – Conhecendo a selva e seus habitantes
Considerando-se as possibilidades de um pouso forçado em 
regiões de selva, devemos encarar neste estudo que tal situação 
ocorra dentro de nossas fronteiras territoriais, ou seja, no Brasil.
75
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Dentro desse contexto, a selva Amazônica é nosso foco de 
atenções, com suas características próprias, seus habitantes e seus 
perigos mais comuns. 
 Figura 2.12 – Áreas de floresta Amazônica
Fonte: Florestas (2013). 
3.1 - Áreas de selva no Brasil
Em nosso país, encontram-se áreas cobertas com vegetação 
característica das grandes florestas. “A principal e a maior do 
mundo é a Floresta AMAZÔNICA ou Selva AMAZÔNICA, 
como já é conhecida internacionalmente.” (MELLO, 2012, p. 
5). As outras florestas do Brasil, bastante limitadas, quer pelas 
extensões que ocupam, quer pelas condições de povoamento e 
consequente existência de núcleos populacionais e de estradas, 
quer ainda pelas diferentes condições climáticas, topográficas e 
de vegetação, são encontradas formando os conjuntos florestais 
que se desenvolvem a sudoeste do Estado do Paraná, a noroeste 
do Estado de Santa Catarina e próximo ao litoral, sendo 
conhecida por Mata Atlântica.
Outras áreas de florestas existem, embora possam ser 
consideradas pequeninas manchas se comparadas com as 
mencionadas; entretanto, dentro da finalidadea que se 
propõe este manual, não serão consideradas, porquanto 
não justificam apreciações especiais relacionadas à 
76
Universidade do Sul de Santa Catarina
sobrevivência na selva. As próprias áreas florestais 
PARANÁ - SANTA CATARINA e a MATA 
ATLÂNTICA não serão apreciadas em particular. 
Sobreviver nelas é muito menos difícil do que na Selva 
AMAZÔNICA, não só porque as condições de clima, 
de topografia e de vegetação são diferentes, como 
também pelo progresso decorrente da ação do homem 
sobre a área. (CIGS, [200-]). 
Para melhores condições de sobrevivência na selva e mais rapidez 
em buscas por sobreviventes de pousos forçados, temos que levar 
em consideração, também, a maior densidade demográfica das 
áreas de florestas brasileiras não incluídas na região amazônica. 
3.1.1 - Sobre a Selva Amazônica
A Selva [Amazônica] cobre os Estados do [Amazonas], 
do [Pará], do [Acre], do [Amapá], de [Roraima], de 
[Rondônia] e do [Tocantins] e penetra, ainda, nos 
Estados do [Maranhão] e [Mato Grosso], perfazendo 
uma área aproximada de 5 milhões de quilômetros 
quadrados, o que representa 57,72% da superfície do 
[Brasil]. [...]. Do ponto de vista dos tipos de vegetação, 
a Região [Amazônica] pode ser caracterizada, em 
linhas gerais, como uma área constituída, em quase 
toda a extensão, isto é, acima de 80%, pela Floresta 
Equatorial, com árvores de grande porte, folhas perenes e 
considerável densidade. (BRASIL, 1999, 1-3/1-4). 
Figura 2.13 - Floresta Amazônica, do tipo Equatorial
Fonte: Brasil (1999, 1-5). 
77
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
A selva amazônica, em sua extensão, inclui territórios de nove 
países sul-americanos, sua maior parte está dentro de fronteiras 
brasileiras, com 60% das florestas. 
A densa cobertura vegetal amazônica não permitiu, até 
hoje, que se tenha noção exata do seu relevo. Entretanto, 
pode-se afirmar, com base nas observações feitas, 
particularmente a militar, que no interior da selva, 500 
metros não são percorridos, sem que se encontre uma 
subida ou uma descida, na maioria das vezes íngremes; a 
impressão que dá a quem se desloca através da selva é que 
o relevo é totalmente ondulado [...]. Somando-se a essa 
topografia as dificuldades impostas pela vegetação e pelas 
condições climáticas, pode-se ter uma ideia de como 
poderá ser penoso um deslocamento sob tais condições. 
(BRASIL, 1999, 1-14). 
3.1.2 - Animais da selva Amazônica
Na selva Amazônica há animais que podem prejudicar ou matar. 
Entre os mamíferos, selvagens javalis, onças e suçuaranas são 
perigosos, mas tendem a manter distância de seres humanos. 
Figura 2.14 - Onça
Fonte: Moraes (2012). 
78
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 2.15 - Javali 
Fonte: Max (2010).
Figura 2.16 – Suçuarana
Fonte: Suçuarana (2007-2011).
Entre os insetos, picadas de escorpiões, aranhas e formigas, 
também são perigosos e muito mais comuns os acidentes com 
seres humanos. Quanto maior a distância deles, melhor!
Se há algo que a floresta tem muito é cobra. Corais, 
jararacas, cascavéis, dentre várias espécies venenosas, e a 
temida sucuri. Que tal um mergulho agradável no rio? 
Apenas se atente às piranhas carnívoras, Veja que sapo 
amarelo bonito? Gostaria de pegá-lo e ver mais de perto? 
Não faça! Sapo dourado lança dardo venenoso e possui 
toxinas suficientes (1mg) para matar entre dez e vinte 
seres humanos [...]. (PLANTIER, 2013). 
O maior perigo para as pessoas na selva são os pequenos animais, 
muitos dos quais venenosos, como: escorpiões, aranhas e formigas.
79
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Na selva, existem inúmeros animais que poderão atuar como 
inimigos do homem, se esse não estiver capacitado a evitá-los ou 
a debelar os malefícios que poderão decorrer das suas peçonhas 
ou dos seus venenos. 
O animal venenoso é 
aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais, 
exige contato físico externo com o homem ou que seja 
por este digerido. Como exemplos de animais venenosos 
existem o sapo-cururu [...] [e] os sapinhos venenosos, [...] 
[normalmente coloridos]. (BRASIL, 1999, 3-1). 
Vale lembrar que aquele líquido que o sapo esguicha quando em 
perigo ou stress não é veneno. O sapo  esvazia a bexiga sobre o 
seu atacante para assustá-lo, mas sua urina não é tóxica.
Os sapinhos venenosos são animais que existem na Amazônia e 
se apresentam em cores muito vivas (vermelho, azul e amarelo). 
Possuem glândulas com produtos alcaloides que, em contato 
com outro ser vivo, liberam o veneno que tem penetração 
ativa sobre a pele, as mucosas e afetam o sistema nervoso do 
predador, levando-o à morte. Alimentam-se de pequenos animais 
peçonhentos e potencializam seus venenos, produzindo material 
altamente letal, que é armazenado em suas glândulas secretoras. 
Já se registraram casos letais com seres humanos, e, até o 
momento, não existe antídoto conhecido. Sendo assim, quanto 
maior a distância deles, melhor!
Figura 2.17 - Sapo Cururu: venenoso
Fonte: Oliveira (2009).
80
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 2.18 – Sapo colorido: venenoso
Fonte: Sapos (2012).
Animal peçonhento é aquele que segrega substâncias 
tóxicas com o fim especial de serem utilizadas como 
arma de caça ou de defesa. Apresentam órgãos especiais 
para a sua inoculação. Portanto, para que haja uma 
vítima de peçonhamento, é necessário que a peçonha 
seja introduzida por este órgão especializado, dentro do 
organismo da vítima. (CIGS, [200-]). 
Os animais peçonhentos mais comuns e perigosos são as cobras, 
aranhas e escorpiões. As abelhas, as vespas e demais insetos que 
possuem ferrão também são considerados animais peçonhentos. 
Entre os animais peçonhentos, são os ofídios [(serpentes/
cobras)] aqueles que mais chamam a atenção, quer 
pelas dimensões avantajadas que podem alcançar, quer 
pela quantidade de peçonha que podem inocular e, 
consequentemente, pelo grande número de acidentes fatais 
que a sua picada pode motivar. (BRASIL, 1999, 3-3).
Figura 2.19 - Cobra Cascavel: venenosa 
Fonte: Romanzoti (2011).
81
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
No Brasil, a maior concentração de espécies de cobras esta na 
Amazônia, das quais as jararacas, corais, cascavéis e surucucus 
possuem picada venenosa.
Na selva as serpentes não são encontradas tão facilmente 
como popularmente se admite. Cumpre lembrar que elas 
surgem em maior número numa determinada área, em 
decorrência do aparecimento do próprio homem que, 
[depois de] instalado, trata de prover a sua subsistência 
mediante o cultivo do milho, da macaxeira, da batata 
doce etc. Procurando alimentos, virão em consequência 
os roedores, como cutias, mucuras, cutiaras e pacas, que, 
por sua vez, atrairão os ofídios. Daí, a incidência maior 
destes nos campos e cerrados. (BRASIL, 1999, 3-6).
Figura 2.20 - Cobra Jararaca: venenosa
Fonte: Aninha (2012).
Encontrada em todo o Brasil, habitando áreas de matas, brejos 
e campos, principalmente nas regiões sul, centro-oeste e sudeste 
do Brasil, a cobra Urutu é encontrada também em regiões de 
campos da Argentina e Paraguai. Há um ditado popular que diz: 
“Urutu quando não mata, aleija...”. Seu veneno destrói as células 
do local atingido e pode causar até necrose.
82
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 2.21 - Cobra Urutu: venenosa 
Fonte: Maicon (2011).
Quanto às cobras corais, um antigo ditado diz: “Vermelho 
com amarelo perto, fique esperto. Vermelho com preto ligado, 
pode ficar sossegado”, para se distinguir se a coral é verdadeira 
(venenosa) ou falsa (não venenosa). Na verdade, se a cor preta não 
se mistura com a cor vermelha (separadas por outra cor, branca 
ou amarela), a cobra é venenosa, como mostra a figura a seguir. 
Figura 2.22 - Cobra Coral: venenosa 
Fonte: Aninha (2012).
Em qualquer situação e seja onde for, ao avistar uma cobra, 
fuja dela. Seja venenosa ou não, é bom manter distância. Mesmo 
quando se conhece as características das venenosas e das não 
venenosas, jamais poderãorepresentar a certeza de ser um ofídio 
venenoso ou não, principalmente no caso do Gênero Micrurus 
83
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
(corais), que foge totalmente a tais regras e das jiboias e sucuris, 
que possuem várias características de peçonhentas, mas não o são. 
A jiboia não é venenosa e nem perigosa para o ser humano. 
Alimenta-se de pequenos roedores. O que pode assustar é o seu 
tamanho, chegando a 4 metros de comprimento e pesar até 40 
quilos. 
Figura 2.23 – Cobra Jiboia: não venenosa 
Fonte: Cobras ([200-]).
Quanto à sucuri, é a maior serpente do mundo e pode viver até 
30 anos. Na maioria das vezes, essas enormes serpentes evitam 
humanos. Para que uma sucuri ataque uma pessoa, ela deve estar 
faminta ou defendendo filhotes no ninho.
Figura 2.24 – Cobra Sucuri: não venenosa
Fonte: Cobras ([200-]).
84
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para tratar uma vítima de empeçonhamento ofídico, apenas 
a aplicação do soro antiofídico poderá anular o efeito da 
peçonha. No entanto, somente poderá ser realizado por 
pessoal habilitado e dotado com o equipamento específico, 
pois as complicações que podem advir da soroterapia 
serão potencialmente mais fatais que a própria peçonha 
inoculada no indivíduo. [...] Somente uma equipe de 
saúde poderá reverter as complicações, que são comuns na 
administração de soro antiofídico, através de procedimentos 
médicos específicos (entubação endotraqueal, utilização 
de adrenalina, corticoides etc.). Entre as complicações 
está o choque anafilático que engloba: edema de glote, 
alteração de consciência, hipertensão, braquicardia, apneia 
etc. O tratamento médico realizado até seis horas após o 
acidente com ofídios, normalmente, não deixa sequelas e 
não é fatal em seres humanos (exceto nos debilitados e nos 
que possuem pequeno peso corporal, como as crianças). 
Se a inoculação da peçonha ocorrer em local muito 
vascularizado os riscos serão maiores, pois os efeitos serão 
mais precoces. (BRASIL, 1999, 3-18).
Basicamente, as ações imediatas por picada de cobras são as que 
seguem:
(1) Manter o acidentado em repouso.
(2) Limpar o local da picada com água e sabão.
(3) Elevar o membro afetado (visando reduzir a 
possibilidade de necrose local).
(4) Não romper lesões bolhosas (que surgem, normalmente, 
após seis a doze horas da picada), pela possibilidade de 
gerar uma infecção secundária de origem bacteriana.
(5) Não garrotear o membro afetado (para evitar a necrose 
na região).
(6) Não sugar o ferimento, exceto se a picada ocorreu até 
30 minutos antes (após isto, a picada já estará na corrente 
sanguínea do indivíduo e não mais no local).
(7) Não fazer sangria, pois a peçonha altera o tempo de 
coagulação e poderá provocar uma grande hemorragia, 
gerando um choque anafilático.
(8) Pode ser administrada água ao vitimado.
(9) Simultaneamente ao atendimento deve ser procurado, 
por outros elementos, identificar e, se possível, capturar o 
ofídio causador do acidente, conduzindo-o à equipe médica 
que realizará o tratamento.
(10) Havendo a possibilidade de evacuar em até seis horas 
o indivíduo acidentado até um local onde possa receber 
85
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
tratamento médico especializado, isto deverá ser feito de 
imediato.
(11) Não havendo condições de evacuar o acidentado 
até um centro médico no prazo de seis horas, ele deverá 
continuar bebendo água. Caso não haja a expectativa 
de resgate ou evacuação em menos de doze horas e não 
tenha náuseas ou vômitos, o indivíduo poderá consumir 
alimentos leves, visando fortalecê-lo. Se o vitimado sentir 
fortes dores, poderá receber o analgésico DIPIRONA por 
via oral, intramuscular ou endovenosa, em ordem crescente 
de gravidade, ou TYLENOL (PARACETAMOL) por 
via oral. Não deve ser administrado ácido acetilsalicílico 
(ASPIRINA, AAS, MELHORAL...) e anti-inflamatórios 
(VOLTAREN, CATAFLAN, BIOFENAC, 
FENILBUTAZONA...), pois agravam o quadro 
hemorrágico (interno ou externo).
(12) De qualquer forma, mesmo que tenha passado o 
prazo de seis horas, todos os esforços devem ser feitos no 
sentido de evacuar o acidentado para um Centro Médico. 
(BRASIL, 1999, 3-19).
As cobras costumam ocupar buracos no solo, troncos ocos, frestas 
entre as pedras e ficar debaixo de árvores caídas. Na selva, os 
cuidados nunca são demasiados. Prestar sempre atenção onde se irá 
pisar ou passar, poderá evitar acidentes com cobras. No caso muito 
improvável de picada, deve-se procurar manter a calma. Não se 
deve fazer cortes ou perfurações sobre a área afetada, nem chupar a 
ferida com a boca. Se possível, procure um médico.
E quanto às aranhas venenosas?
As aranhas venenosas, no [Brasil], pertencem a vários 
gêneros, com mais de 50 espécies, espalhadas por todo o 
território, com predominância nos Estados do Sul. [...]. O 
maior número de acidentes ocorre nos meses frios, durante 
as horas quentes do dia, e 50% dentro das habitações. 
[...]. As aranhas peçonhentas, em geral, não vivem em 
teias, e quando as fazem são irregulares e não em forma 
geométrica. (BRASIL, 1999, 3-19/3-20).
O exemplo mais comum é a Armadeira. São muito agressivas 
quando provocadas. O veneno da Armadeira possui alta toxicidade, 
mas a absoluta maioria dos casos registrados são considerados 
leves. O tratamento da picada é feito com analgésicos (via oral) e 
anestésicos locais como a xílocaína.
86
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 2.25 – Aranha Armadeira
Fonte: Aranha (1999).
Para o ser humano, o veneno da viúva-negra é bastante tóxico 
e ataca o sistema nervoso, provocando dores musculares muito 
intensas, náuseas, dor de cabeça e alterações cárdiorrespiratórias. 
Em crianças e pessoas sensíveis, seus efeitos são mais intensos e 
podem causar acidentes fatais.
Figura 2.26 – Aranha Viúva Negra
Fonte: Aranha (2013).
As caranguejeiras são as maiores aranhas da natureza. Seu 
veneno é pouco tóxico. Não são agressivas e defendem-se apenas 
se molestadas. Quando ameaçadas, os pelos que recobrem seu 
corpo são liberados no ar, formando uma espécie de poeira que 
pode provocar alergia e grande irritação no trato respiratório das 
pessoas. 
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 2
Figura 2.27 – Aranha Caranguejeira
Fonte: Zanqueta (2011).
A exemplo do tratamento com ofídios a aplicação de 
soros específicos só poderá ser administrada por uma 
equipe de saúde, pois as complicações que podem advir 
são potencialmente mais fatais que a picada das aranhas. 
[...]. A dor, que é o principal sintoma, deve ser combatida 
energicamente com analgésicos e sedativos. [...]. Os 
anti-histamínicos são indicados, na proporção de uma 
ampola (50 mg) de PROMETAZINA (FENERGAN), 
para reduzir os efeitos da picada. [...]. Quando houver 
necrose e infecção, sintomas muito raros, poderão ser 
administrados antibióticos sob prescrição médica. [...]. 
Compressas quentes devem ser utilizadas, visando reduzir 
a dor e a inflamação local. [...]. Sempre que possível 
o acidentado deverá ser evacuado e conduzido a um 
centro médico a fim de receber o tratamento indicado. 
(BRASIL, 1999, 3-21/3-22). 
Na Região Amazônica, a maior incidência desse inseto é 
representada pelo Escorpião Preto, ou “Preto da Amazônia”. 
Possui tronco e pernas escuros, quase negros. Sua ferroada 
provoca dor local e queimação. 
Há cerca de 150 espécies de escorpiões no [Brasil]. [...]. 
O maior número de acidentes ocorre nos meses quentes 
e 70% dos casos devem-se ao [...] escorpião preto. [Os 
escorpiões] ocultam-se em lugares sombrios e frescos, 
debaixo de paus, tábuas, pedras, e picam ao serem 
molestados. Na Selva [Amazônica], é comum serem 
encontrados em plenas áreas inóspitas, chegando a causar 
surpresa pelo seu número. (BRASIL, 1999, 3-22).
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Portanto, “abra o olho”.
Figura 2.28 – Escorpião Preto
Fonte: Escorpião (2007-2011).
A exemplo dos acidentes com ofídios e aranhas, o soro 
antiescorpiônico só deverá ser administrado por uma

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