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BARISCH, Eron José de Abreu. Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar): livro didático. Palhoça: UnisulVirtual, 2014. 
p. 101-138.
3
Objetivos de aprendizagem
 � Conhecer os procedimentos imediatos por ocorrência 
de um pouso forçado no mar.
 � Compreender as ações mais recomendadas no bote 
salva-vidas.
 � Conhecer as medidas necessárias antes de um resgate 
no mar.
Seções de estudo
Seção 1 Orientações iniciais de sobrevivência no mar
Seção 2 Ações dos náufragos no bote salva-vidas
Seção 3 Procedimentos antes do resgate no mar
UNIDADE 3
Conhecimentos básicos de 
sobrevivência no mar
102
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
As técnicas de sobrevivência no mar representam um conjunto 
de orientações de emergência que, compreendidas, treinadas e 
aplicadas em situações extremas, permitem às pessoas prolongar 
suas vidas e manterem-se física e mentalmente íntegras, enquanto 
aguardam socorro e resgate, ou até encontrarem uma saída para 
os problemas enfrentados.
Acidentes com meio de transporte, terremotos, naufrágios, 
entre outros, são situações extremas de desastres que podem 
colocar as pessoas longe da vida civilizada e do socorro. Assim, 
os conhecimentos básicos de sobrevivência podem salvar a 
sua própria vida e a de outros que estejam em sua companhia. 
O treinamento de sobrevivência é uma das disciplinas 
fundamentais para as profissões sujeitas a acidentes, que levem ao 
enfrentamento de períodos em áreas inóspitas, seja na selva, seja 
no mar. É o caso das tripulações de aeronaves. Na fatalidade de 
um pouso forçado no mar, o mínimo desse conhecimento pode 
ser o fiel da balança entre a vida e a morte. 
Dentro desse contexto, podemos ter várias dúvidas, não é 
mesmo? O que fazer no caso de um pouso forçado no mar? 
Como enfrentar a sede e a fome? E se aparecerem tubarões, 
saberemos nos defender ou viraremos refeições deles? Existem 
procedimentos para quando formos resgatados?
Na sequência desta Unidade, em nosso aprendizado, 
poderemos responder a essas e outras perguntas. Abordaremos 
recomendações e primeiras ações para o caso de um pouso 
forçado no mar, ao abandonar a aeronave sinistrada. 
Conheceremos um pouco sobre coletes e botes salva-vidas, 
sinalizações de emergência, alimentação e alguns perigos, e 
saberemos como melhor ocupar o tempo no bote salva-vidas. 
Veremos, também, alguns procedimentos importantes a serem 
observados para que o resgate dos náufragos, ao ocorrer, seja 
eficiente e seguro.
103
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
Assim, de forma básica e teórica, será possível conhecer muitas 
das várias técnicas e procedimentos adotados numa real 
sobrevivência no mar.
Seção 1 – Orientações iniciais de sobrevivência no mar
E agora, o que fazer?
Figura 3.1 – Pouso forçado no mar
Fonte: Vídeo (2009). 
Considerando que os aspectos psicológicos da sobrevivência na 
selva ou no mar já foram tratados na primeira Unidade deste 
livro, a sobrevivência no mar depende, ainda, de quatro condições 
muito importantes: 
 � conhecimento teórico;
 � equipamento eficaz;
 � autodomínimo; 
 � treino prático. 
104
Universidade do Sul de Santa Catarina
Em geral, a possibilidade de um grupo de indivíduos 
sobreviver no mar é determinada, também, por uma 
variedade de fatores tais como: meios de flutuação, 
proteção do corpo contra o frio provocado pelo vento e 
temperatura da água, sede, sol, desidratação e ainda casos 
de ataque de tubarões. (PORTUGAL, 2011, p. 43).
Em caso de desastre no mar, tanto aéreo quanto marítimo, os 
conhecimentos básicos e as primeiras ações são importantíssimas 
para a sobrevivência dos náufragos. 
A cada ano surgem histórias de pessoas que sobreviveram 
perdidas no mar. Alguns conseguem chegar até uma ilha, outros 
ficam à deriva em barcos ou em botes salva-vidas durante dias, 
semanas ou até meses. “É impossível saber ao certo quantos 
naufrágios aconteceram ao longo da história, mas a Northern 
Maritime Research possui uma lista com mais de 100 mil casos 
nos últimos 400 anos.” (BRYANT, 1998-2014). 
Se você for vítima de um naufrágio, existem alguns passos 
que você pode seguir para aumentar suas possibilidades de 
sobrevivência e de ser resgatado.
Vejamos, a seguir, quais são eles.
1.1 - Treinamento antecipado do aeronavegante
Para as tripulações aéreas, o treinamento antecipado das técnicas 
de sobrevivência é vital. Há muitas razões para pensar que poderá 
vir a defrontar-se com o problema da sobrevivência no mar. O 
avião no qual as pessoas embarcaram pode, por vários motivos, 
ter que realizar um pouso de emergência no mar, motivado por:
 � falhas mecânicas;
 � falhas humanas;
 � tempestades;
 � incêndios;
 � colisões etc.
105
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
“A sobrevivência depende grandemente das rações e do 
equipamento disponíveis, do uso que fizer deles, dos seus 
conhecimentos e da sua imaginação”. (SOBREVIVÊNCIA, 
2006-2013). 
As aeronaves de transporte de passageiros são equipadas com 
salva-vidas e botes de sobrevivência, bem como dos demais 
equipamentos adequados para a maior parte das emergências 
no mar. Conhecer esse equipamento, sua localização e como 
usá-lo é importantíssimo para todos os tripulantes de aeronaves. 
É necessário que eles conheçam a lista dos equipamentos de 
emergência e sobrevivência e como usá-los. Além disso, recebem 
treinamento sobre os procedimentos para abandono do avião e de 
comando a bordo do salva-vidas. 
Você sabia que o recorde de sobrevivência no mar pertence a um 
marinheiro chinês chamado Poon Lim? Após o torpedeamento 
do navio “Bem Lemond” permaneceu à deriva sobre uma balsa 
durante 134 dias, tendo sobrevivido à custa de peixes e água 
de chuva, sendo recolhido próximo à cidade de Belém do Pará. 
(POON, 2014). 
Mas o que se deve fazer após o abandono da aeronave?
Segundo as orientações da Marinha do Brasil 
(SOBREVIVÊNCIA, 2013), realizado o pouso forçado no mar, 
diversas ações deverão ser feitas imediata e simultaneamente. Para 
que haja a simultaneidade de ações e para prevenir a ocorrência 
de pânico entre os sobreviventes, é necessário que um tripulante 
assuma, em primeiro lugar, o comando do abandono da aeronave, 
depois, a entrada dos passageiros nos botes salva-vidas e, por fim, 
coordene a distribuição de tarefas. 
Ao abandonar a aeronave, não se deve levar objetos de uso pessoal, 
nem qualquer tipo de bagagem. O mais importante nesse 
momento é a sua vida e a de seus companheiros. Havendo tempo, 
procure abastecer o bote de sobrevivência com água potável 
adicional. Entre no bote de sobrevivência, de preferência, seco. 
106
Universidade do Sul de Santa Catarina
Leve para o bote de sobrevivência apenas equipamentos úteis e 
disponíveis.
De acordo com as orientações do site dos Bombeiros (MAR, 
[200-]), na sequência das primeiras ações, sozinho ou em grupo, 
dentro da água ou do bote salva-vidas, procure agir de acordo 
com as seguintes orientações:
[...] Mantenha-se afastado da aeronave até que ela 
afunde; [...] Evite flutuar em áreas cobertas de óleo e/
ou combustíveis; [...] [Se ainda dentro da água,] procure 
os botes salva-vidas (que geralmente se inflam com o 
acionamento manual da válvula) ou, se não achá-los, 
apoie-se em destroços flutuantes; [...]. 
Também é importante que se faça uma busca rigorosa em toda a 
área onde pousou a aeronave, pois poderão existir sobreviventes 
flutuando sem sentidos, em estado de semi-afogamento. Se for 
verificada a existência de sobreviventes no mar, precisam ser 
resgatados. 
As técnicas usadas para essa ação, normalmente, são: 
 � Tripulante, amarrado ao bote salva-vidas pela corda do 
anel de salvamento, vai a socorro de sobrevivente;
 � Tripulação joga, do bote salva-vidas, o anel de 
salvamento para o sobrevivente; e
 � Tripulante joga do bote salva-vidas, um colete salva–
vidas amarrado à corda do anel de salvamento, para o 
sobrevivente.
Vejamos a imagem de um anel de salvamento.
Figura 3.2 - Anel de salvamentoFonte: Sobrevivência ([200-], p. 110). 
Por exemplo: equipamentos de 
comunicação (rádios portáteis), 
de sinalização (fumígenos e 
pirotécnicos), cobertores, entre 
outros. 
107
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
Depois dessas primeiras ações, outras ações imediatas são 
necessárias:
 � verifique se há feridos, prestando os primeiros socorros a 
eles;
 � junte tudo o que puder do equipamento que flutua;
 � se estiver acompanhado de outros náufragos, 
mantenham-se juntos o tempo todo (dois ou mais botes 
são um ponto mais fácil de ser avistado por equipes de 
busca);
 � uma vez em segurança, tente selecionar e recolher quaisquer 
artigos que o ajudem a sobreviver, tais como pacotes com 
alimentos, água, aparelhos de transmissões etc;
 � caso o mar esteja agitado, mantenha o colete salva-vidas 
vestido;
 � estabeleça turnos de vigia com o objetivo principal de 
observar a aproximação de um navio ou aeronave;
 � não se exponha ao sol, principalmente sem roupas, 
pois os raios solares podem causar queimaduras graves. 
Improvise uma cobertura para sua embarcação de 
sobrevivência, caso não haja;
 � proceda à distribuição controlada das rações de 
sobrevivência – água e alimento;
 � evite fazer esforços desnecessários, pois isso aumentará o 
desgaste físico e a perda de água do corpo;
 � colabore nos esforços para manter a moral do grupo 
elevado; 
 � deixe os sinalizadores de emergência preparados para 
funcionamento.
Se houver âncora flutuante no bote, ela deve ser usada para 
facilitar a manutenção da posição inicial, facilitando as ações de 
busca e salvamento. 
Fumígenos e foguetes 
iluminativos, com 
paraquedas.
108
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 3.3 - Âncora flutuante de bote salva-vidas
Fonte: Sobrevivência ([200-], p. 108). 
Deve-se procurar manter uma distância segura da aeronave 
sinistrada. 
O afastamento deve ser suficiente para que não ocorra 
a sucção dos náufragos quando essa afundar, evitando, 
também, que sejam atingidos por algum objeto que se 
desprenda e venha à superfície. Outro fator que justifica o 
afastamento da aeronave é a possibilidade de vazamento 
de combustível, que poderá provocar incêndio, caso haja 
alguma fagulha. (SOBREVIVÊNCIA, 2013, p. 63). 
Se o pouso forçado foi realizado próximo de uma ilha ou costa, 
deve-se tentar chegar lá. Em terra, as condições de sobrevida 
serão muito maiores do que no mar. Caso não haja terra à vista, 
é melhor que se mantenha nas proximidades do local do pouso 
forçado, pois as equipes de busca e resgate para ali se dirigirão, 
principalmente se foi enviada uma mensagem de socorro. 
O colete salva-vidas é o principal equipamento individual 
de salvatagem. É primordial que toda pessoa esteja 
vestindo o seu colete salva-vidas ou similar. [...]. Se 
ocorrer uma situação imprevista em que a pessoa não 
tenha tempo ou oportunidade de vestir um colete ou se 
ficar impossibilitado de utilizar um bote de sobrevivência, 
deve-se tentar improvisar algum tipo de ajuda para se 
manter flutuando. Isso pode ser feito colhendo destroços 
que estejam flutuando no local e mantendo-os junto ao 
corpo é uma boa forma para se manter na superfície, e 
ajudará na poupança da energia corporal, prolongando a 
sobrevivência. (SOBREVIVÊNCIA, 2013, p. 63). 
Fica a pergunta: como enfrentar o frio numa sobrevivência no 
mar? 
109
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
É opinião generalizada entre os especialistas que o 
problema número um no que tange à sobrevivência no 
mar advém sempre do fato de que em grandes áreas 
de mar a temperatura da água é bastante baixa, o que 
produz um arrefecimento no corpo incompatível com a 
vida. A temperatura do corpo humano é muito constante 
e tem valores compreendidos entre os 37 ºC e os 38 
ºC. Se a temperatura sobe para 40 / 41ºC entra-se em 
estado febril, se a temperatura desce para 33 ºC cai-
se na inconsciência. O coração deixa de bater quando 
a temperatura do corpo atinge os 25 ºC, sobrevindo 
imediatamente a morte. O nosso corpo reage como um 
termostato, que deve manter a temperatura a 37ºC. 
Se ocorre um esfriamento no meio ambiente, é preciso 
aumentar a combustão interna, para se conseguir maior 
calor. Ao expormos o corpo ao frio a temperatura 
mantém-se através de vibrações musculares - tremer 
- e simultaneamente o fluxo sanguíneo na pele baixa 
por contração dos vasos sanguíneos, tornando-se esta 
fria e polida, aumentando a sua ação isoladora. Se o 
esfriamento exterior é tão intenso que não consegue 
ser compensado pelo tremor muscular e pela ação 
isoladora da pele, a temperatura do corpo vai caindo. 
Este abaixamento de temperatura é inicialmente lento, 
aumentando progressivamente até que a morte sobrevém. 
O arrefecimento do corpo humano na água é 5 ou 6 
vezes mais rápido que no ar. A capacidade de reação do 
corpo humano é inferior ao abaixamento de temperatura 
que sofre quando em imersão. Até mesmo em águas 
a 30ºC se verifica um considerável arrefecimento e 
deve-se considerar que muito poucas são as zonas do 
globo em que a água atinge esta temperatura. Quando 
uma pessoa cai à água o frio paralisa-lhe rapidamente 
os braços e as pernas. À medida que a temperatura vai 
baixando, o tremor do corpo torna-se mais fraco. Deixa-
se de sentir o frio tão intensamente, mas lentamente 
vai-se caindo na inconsciência. Muitas vezes, após a 
incapacidade de tremor muscular, os vasos sanguíneos 
deixam de ter possibilidade de se manterem contraídos 
e ao descontraírem-se rapidamente a temperatura do 
corpo baixa até atingir a temperatura da água. Quando 
uma pessoa cai à água pouco pode fazer por ela própria. 
Se lhe for possível, deve tentar tudo para sair da água o 
mais rapidamente que estiver ao seu alcance. Como já se 
disse, o corpo imerso arrefece 5 ou 6 vezes mais depressa 
que exposto ao ar mesmo quando o vento sopra rijo. 
(PORTUGAL, 2011, p. 43).
110
Universidade do Sul de Santa Catarina
Sobreviver à deriva no mar depende de muitas variáveis, como 
as condições físicas dos náufragos, suprimentos disponíveis e 
a vontade de viver. Além disso, depende muito dos detalhes 
específicos da situação. Sobreviver ao frio e à hipotermia, 
estando em águas frias, seja no bote ou apenas com um colete 
salva-vidas, é uma situação complicada. Encolher os joelhos junto 
ao peito e segurá-los ajudará a reter o calor do corpo. Essa ação 
é chamada de Heat Escape Lessening Position (HELP), em 
português “Posição de Redução da Perda de Calor”.
O uso de um colete ou boia que mantenha o pescoço 
e a cabeça fora de água faz o esfriamento do corpo ser 
mais lento, porque a artéria que irriga a cabeça não é tão 
severamente atingida. Ao entrar num bote salva-vidas, 
deve-se fechá-lo o mais rapidamente possível para que 
se conserve o calor liberado pelos próprios náufragos. 
Deve-se secar o bote o melhor possível, para evitar que 
os náufragos percam o calor corporal. A roupa molhada 
deverá ser toda espremida, para se tentar recuperar a sua 
ação isoladora. Existe uma velha e generalizada ideia 
de que o álcool aquece. Isto é completamente errado. 
O álcool vai somente dilatar os vasos sanguíneos, 
originando à superfície da pele uma falsa sensação de 
calor, mas este calor é roubado a órgãos internos, tais 
como o cérebro e o coração. O mesmo sucede quando 
se massageia uma pessoa esfriada. Incrementa-se a 
circulação sanguínea à superfície da pele, mas o calor 
libertado vem do interior do corpo, provocando um 
arrefecimento em órgãos vitais internos. O tratamento 
de uma pessoa exposta ao frio deve, portanto, ser feito 
de maneira a evitar que o corpo perca mais calor. Deve-
se tirar as roupas molhadas e se possível substituí-las 
por outras secas. Se não houver alternativa, deve-se 
espremer bem a roupa e voltar a vesti-la. Depois disto, 
tentar aquecer a pessoa com meios externos como 
bebidas quentes e enrolá-la em cobertores, se possível. 
(PORTUGAL, 2011, p. 43).
Manter as roupas e o barco salva–vidas o mais seco possívelé 
uma necessidade constante em ambientes de baixa temperatura. 
O frio provoca, na maioria das pessoas, uma redução em suas 
capacidades física e mental, levando a um estado de choque. 
 
111
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
Para uma pessoa inconsciente não se deve dar nada de beber. 
Poderá engasgar-se. Neste caso deverá enrolar-se a pessoa 
em cobertores com um plástico interiormente, se possível 
e só depois de recuperar a consciência é que se deverá dar 
alguma bebida quente. (PORTUGAL, 2011, p. 45).
Todos sabemos que a hipotermia causa grandes riscos à saúde. 
Em situações de emergência, a gravidade é sempre maior. A 
hipotermia ocorre quando a temperatura corporal do organismo 
humano fica abaixo de 35°C, pois, nesse caso, seu metabolismo é 
afetado negativamente. Se ficar abaixo de 32°C, a situação pode 
ficar crítica e até fatal. Abaixo de 27°C, será fatal. A hipotermia 
acontece rapidamente em pessoas que estão imersas na água do 
mar. 
Quando uma pessoa é obrigada a permanecer na água durante 
algum tempo, como náufrago, deve conhecer alguns princípios 
que lhe permitam maximizar as hipóteses de vir a ser salvo, ela 
correrá o risco de afogamento ou de hipotermia. 
As lesões que pode sofrer são devidas à densidade da 
água, à capacidade térmica e à condutibilidade térmica. 
A densidade da água causa a compressão nas pernas 
fazendo com que o sangue tenha tendência para retornar 
ao tronco e em particular ao coração. Isto faz com que o 
coração aumente a quantidade de sangue à saída e uma 
consequente maior irrigação dos órgãos, como é o caso do 
cérebro e dos rins originando a expulsão do sangue com 
a urina. Se a pessoa permanece imersa tempo suficiente 
para perder uma grande quantidade de urina, quando 
removido da água o volume total de sangue será menor 
que antes da imersão. Quando a pessoa se levanta, o 
sangue volta novamente às pernas e, subitamente, o 
volume de sangue é menor (hipovolemia) tornando-se 
insuficiente para os órgãos vitais tais como o cérebro. 
Por este motivo, é imperativo que a pessoa permaneça 
na horizontal. O corpo responde contraindo os vasos 
sanguíneos, afastando o sangue dos membros e fazendo-o 
voltar ao tronco. O constrangimento das artérias e 
veias exagera o efeito do trabalho do coração fazendo-o 
trabalhar mais intensamente para recuperar a resistência. 
Nesta situação necessita de mais oxigênio e, se isso não 
for possível ele pode parar. (PORTUGAL, 2011, p. 45, 
grifo nosso).
112
Universidade do Sul de Santa Catarina
É possível que, para as pessoas saudáveis, a maior ameaça à 
sobrevivência em água fria sejam as respostas respiratórias dos 
indivíduos. Estudos indicam que o choque da imersão em água 
fria produz uma respiração descontrolada e que a resposta a esse 
choque frio pode levar à morte, muito antes que uma hipotermia 
geral aconteça.
O choque pós-imersão é responsável por muitas mortes 
que ocorrem logo após o resgate dos náufragos. Após 
ser iniciado o reaquecimento da vítima o risco mais 
sério consiste na queda da pressão arterial devido à 
redução do volume do sangue que não chega a encher 
os vasos sanguíneos à medida que estes se dilatam. 
Manter a posição horizontal e mesmo a cabeça baixa ou 
elevar as pernas é uma boa [medida a tomar]. [...]. Se a 
temperatura interna baixa o suficiente, o coração para de 
bater, mas usualmente a pessoa morre antes disso devido 
a outras causas. A falta de coordenação dos movimentos 
torna extremamente difícil nadar e a vítima afoga-se. 
Se a água está muito fria, uma súbita imersão pode 
causar hidrocussão [(ou Síndrome de Imersão na água 
gelada)] que, basicamente, provoca a parada cardíaca. A 
respiração, usualmente cessa antes da atividade cardíaca, 
contudo, o pulso pode ficar tão fraco e difícil de detectar, 
mas o cérebro pode estar a receber algum sangue. 
Também o cérebro está sendo arrefecido pela água do 
mar, o que pode constituir uma proteção contra as lesões 
devido à falta de oxigênio. É importante, quando se 
procede ao resgate de um náufrago presumivelmente 
morto, primeiramente manter a vítima na horizontal e 
então proceder à reanimação e não desistir até que ele 
aqueça e reanime. (PORTUGAL, 2011, p. 45-46).
A hipotermia pode apresentar-se em graus variados. A depressão 
do fluxo sanguíneo cerebral e a consequente falta de oxigênio, a 
redução dos batimentos do coração e a baixa pressão arterial estão 
associadas à hipotermia severa.
Iniciar a respiração boca a boca e a reanimação por 
compressão do tórax ao ritmo normal. A vítima pode ter 
sido hiperventilada (respiração excessiva) enquanto se 
encontrava na água, o que causa alguma dificuldade de 
julgamento quanto ao seu estado. Mantenha a vítima na 
horizontal e desloque-a de forma cuidadosa para evitar 
a estimulação. Não a deixe andar ou efetuar exercícios. 
A morte súbita pode ocorrer mesmo que o estado 
113
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
hipotérmico seja moderado devido à queda da pressão 
arterial. Mantenha a pessoa resguardada do vento, e, se 
possível, substitua a roupa molhada por seca. Previna a 
perda de calor utilizando algo que permita um isolamento 
adicional. Cubra a cabeça com proteções secas; a perda de 
calor através da cabeça é muito elevada. (PORTUGAL, 
2011, p. 46).
A desidratação é um dos maiores riscos que se corre devido a 
prolongadas exposições ao sol. Nas embarcações à deriva e sem 
suprimento de água potável, a desidratação é a principal causa de 
exaustão e morte. 
Em condições favoráveis, pode sobreviver-se sem 
água durante dez a catorze dias, sem comida, mas 
convenientemente aprovisionado de água, pode-se 
viver trinta ou mais dias. Por isso, se são limitadas as 
reservas de água, esta deverá ser usada cuidadosamente. 
(PORTUGAL, 2011, p. 46).
Uma boa medida visando à hidratação é umedecer as roupas 
com água do mar durante as horas mais quentes do dia, sempre 
que possível, tendo em vista a necessidade de reduzir os esforços 
e preservar o sono, para tentar manter o corpo com a energia 
devida, enquanto aguarda-se o resgate.
O nosso corpo contém cerca de 35 litros de água. Para 
generalizar, a vida não é possível com menos de 22 litros 
(2/3 do total de água). Mesmo que estejamos deitados em 
repouso e sem beber, o nosso corpo está constantemente a 
perder água em forma de vapor através da pele (qualquer 
coisa diferente do suor). Também perdemos água durante 
a respiração, quando urinamos e evacuamos. Têm sido 
feitas experiências que mostram que uma pessoa, nas 
condições indicadas, perde pelo menos 0,9 litros de 
água por dia, sem tomar qualquer bebida ou comer. Isto 
significa que uma pessoa poderá sobreviver cerca de 15 
dias uma vez que perde cerca de 13 litros nesse período. 
Quando suamos, esta perda pode dar-se em 24 horas. 
Assim é essencial, particularmente nos trópicos, que 
façamos qualquer coisa que nos impeça de transpirar. Se 
estivermos expostos ao sol ou ao calor deveremos estar 
vestidos e com roupa encharcada com água salgada e 
evitar quaisquer esforços desnecessários. Tomar banho 
no mar em zonas tropicais deve ser evitado porque existe 
114
Universidade do Sul de Santa Catarina
a possibilidade de virmos a ser atacados pelos tubarões, 
podemos engolir água salgada, e o banho produz 
sempre uma reação interna de calor e, por consequência, 
transpiração através da pele. Como as noites tropicais 
podem ser consideravelmente frias, as roupas que foram 
molhadas com a água do mar durante o dia, devem 
ser postas a secar no fim da tarde até ao pôr do sol. 
(PORTUGAL, 2011, p. 49).
Nosso sangue contém água e sal, mas a água do mar é tres vezes 
mais salgada. Bebê-la significa inundar o corpo com mais sal e 
desiquilibrar o sistema corporal, que entra em colapso. As células 
perdem muita água e desidratam, na tentativa de diluir o sal em 
excesso e retirá-lo do corpo. 
Está provado cientificamente que beber água salgada 
do mar, quer pura quer diluída em água doce, é não 
só prejudicial como desastroso.A razão é que se 
introduzirmos sal no nosso corpo, temos que o eliminar 
através da urina e para tal é necessário água doce para 
dissolver o sal e passar através dos rins. Esta água 
doce é fornecida pelas células do nosso corpo, que 
eventualmente ficarão secas e morrerão, e nós também 
morreremos. (PORTUGAL, 2011, p. 49).
Uma pessoa com 80 kg possui, aproximadamente, 32 litros de 
água dentro de suas células e mais 21 litros que ficam entre 
as células. Isso representa um total de 53 litros de água. Ao 
beber água do mar, aumenta-se muito a concentração de sal no 
corpo e esse perde o equilíbrio fisiológico, que causa mais sede 
ainda. Se a pessoa continuar a ingerir água do mar, morrerá por 
desidratação.
Beber água salgada mata! Nunca beba água do mar, 
nem a misture com água potável. Quando o náufrago 
bebe água salgada, o sal fica acumulado em seu corpo, 
havendo necessidade de água potável para dissolvê-lo 
nos rins, e posteriormente, eliminá-lo através da urina. 
Como em condições adversas no mar não existe água 
potável em quantidade adequada para hidratar o corpo, 
a própria água do organismo vai migrar para eliminar o 
sal acumulado. Dessa forma, o náufrago que bebe água 
do mar agrava o seu estado de desidratação, podendo 
inclusive morrer. (SOBREVIVÊNCIA, 2013, p. 64, 
grifo nosso). 
115
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
O ser humano não possui mecanismos fisiológicos para eliminar 
o sal de seus corpos sem perder muita água, mas os répteis e 
aves marinhas os possuem. Esses animais são dotados de órgãos 
especiais, “as glândulas de sal”, que absorvem o excesso de sal de 
seu sangue e evitam a desidratação corporal.
A água salgada bebida para além de um determinado 
período de tempo é fatal. Isto foi provado por uma 
experiência controlada que consistiu em dar água salgada 
a seres humanos “cobaias” durante um período superior 
a quatro dias, mas imediatamente a seguir foi-lhes dado 
em abundância água doce e isto salvou as suas vidas. O 
diagrama que se segue dá uma ideia das possibilidades 
de sobrevivência bebendo água salgada e não bebendo 
nenhuma água. Não tiremos a ideia errada a partir do 
diagrama ao considerar que nos salvamos bebendo água 
salgada durante quatro dias. É preciso não esquecer que a 
seguir precisamos de grande quantidade de água doce para 
salvarmos a vida, e se a tivermos conosco não se justifica 
bebermos água salgada. (PORTUGAL, 2011, p. 49).
Figura 3.4 - Duração da vida com e sem uso da água do mar
Fonte: Portugal (2011, p. 50).
Vejamos o seguinte exemplo:
Para ilustrar tudo isto, durante a Segunda Guerra 
Mundial, duas embarcações salva-vidas do mesmo navio 
ficaram à deriva nos trópicos. A primeira embarcação 
com 63 homens foi encontrada quatro dias e meio depois 
e ninguém tinha morrido. A outra embarcação que tinha 
57 homens foi encontrada cinco dias depois do naufrágio 
116
Universidade do Sul de Santa Catarina
e 50 dos homens tinham morrido. Nesta embarcação os 
náufragos tinham bebido água salgada. (PORTUGAL, 
2011, p. 50).
As chuvas são mais frequentes e torrenciais no mar do que em 
terra e essa água é quase que totalmente pura. Para pessoas em 
situação de sobrevivência, costumam ser a salvação. Um bom 
conselho em situação de sobrevivência no mar será, durante uma 
chuva, beber toda a água doce possível, até se saciar, além de 
coletar e guardar o máximo que se puder dessa água de chuva.
Análises feitas comparando o número de mortos em 
embarcações salva-vidas mostram que nas embarcações 
em que os náufragos beberam água salgada as mortes 
foram sete a oito vezes superiores àquelas que se 
deram nas embarcações em que ninguém bebeu água 
salgada. Estes fatos são prova bastante convincente 
(sem considerar a experiência de laboratório) para que 
nunca os sobreviventes bebam água do mar. As capas, 
as lonas ou velas são muito uteis na recolha de água das 
chuvas. Os planos e treinos para a sua correta utilização 
devem ser feitos com antecedência, tendo-se sempre 
presente que é um material de difícil manuseamento com 
ventos fortes e mar agitado que sempre acompanham os 
temporais. Observa-se com cuidado as nuvens e prepara-
se tudo, mesmo que seja remota a possibilidade de 
chover. Se o encerado ou a capa contém sal cristalizado, 
deve ser lavado previamente com água do mar. Desta 
forma retirará o sal e se [a chuva for fraca,] a água 
[dela] proveniente será totalmente aproveitada, [pois] é 
desprezível a quantidade de água salgada que se mistura 
com a doce [nestas condições]. A chuva será recolhida em 
depósitos feitos com lonas, ou armazenada em quaisquer 
recipientes [disponíveis]. O corpo humano pode conter 
bastante bem a água. Então, cada um, deve beber toda a 
água que puder durante [a chuva]. Uma pequena parte da 
água que foi tomada em quantidades perder-se-á através 
da transpiração e da urina. No entanto, a água da chuva 
nem sempre acalma a sede por falta de sais minerais e ser 
insípida. Recomenda-se que se adicione à água da chuva 
uma pequena porção de café ou chá, solúveis, ou ainda, a 
fim de lhe dar gosto, um pouco de ração de emergência. 
(PORTUGAL, 2011, p. 50).
Mesmo nos treinamentos de sobrevivência no mar, por dois dias 
em botes salva-vidas, ocorrem vários distúrbios na saúde dos 
117
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
envolvidos. Imagine em uma situação real. Vejamos, a seguir, os 
problemas mais comuns e alguns conselhos úteis para atenuá-los.
 � Enjoo de mar: não como e nem beba; deite-se e mude de 
posição de sua cabeça. Se possuir remédios para enjoo, 
tome-o logo;
 � Úlceras provocadas pelo contato da água do mar: Procure 
não abri-las ou espremê-las; use pomada antisséptica, se 
tiver;
 � Olhos doloridos: tal fato ocorre devido ao reflexo intenso 
do céu e da água; improvise um protetor com pedaços de 
pano ou ataduras;
 � Prisão de ventre: isso ocorre com frequência entre os 
náufragos, portanto, não se preocupe;
 � Dificuldade de urinar: outro sintoma comum neste caso, 
assim como a cor escura da urina;
 � Distúrbios mentais: pode acontecer devido à aflição 
do náufrago, ou mesmo o calor intenso; não reprima 
temores, tente manter sempre o bom humor;
 � Queimaduras de sol: conserve sempre a pele e a cabeça 
cobertas; lembre-se que os raios solares refletidos na água 
também queimam a pele. (MAR, [200-]).
Seção 2 – Ações dos náufragos no bote salva-vidas
Depois que um grupo de sobreviventes alcança o bote salva-
vidas, as suas possibilidades para um eventual salvamento serão 
bastante melhoradas se seguirem as normas básicas previstas para 
a sobrevivência no mar. 
Sem que prejudique a segurança imediata, devem-se 
conservar as energias tão intactas quanto possível, visto 
que poderá surgir uma emergência imprevisível e obrigar 
o náufrago a um maior dispêndio de forças. [...]. Qualquer 
náufrago deverá ter sempre em mente que, para o sucesso 
de um salvamento, é necessário, em absoluto, um trabalho 
de equipe, e que as demais pessoas não são os seus 
adversários nessa luta. (PORTUGAL, 2011, p. 46).
118
Universidade do Sul de Santa Catarina
O pânico, normalmente, toma conta da pessoa no momento 
do acidente, ou mais tarde, já no bote salva-vidas. Inicialmente, 
acreditamos que, em pouco tempo, chegará o resgate. Para muitas 
pessoas, caso o resgate não aconteça logo, começam a se deixar 
abater, principalmente quando se dão conta das suas situações e da 
vastidão do mar que as cerca. Em uma prolongada sobrevivência 
no mar, o aparecimento de uma certa rotina, aliada à solidão, 
faz com que o tédio e os aborrecimentos tendam a se estabelecer. 
Nesta fase, o náufrago começa a ficar revoltado contra tudo e 
todos, começa a perder o interesse pelas coisas que poderiam 
servir para ocupar o tempo e a mente, perdendo a motivação, força 
e a vontade de viver. (SOBREVIVÊNCIAS, 2010). 
Esse comportamento precisa ser combatido por meio de uma 
ocupação. A pesca, o cuidado com os feridos, a confecção de um 
diário, o cuidado com a higienee com o bote salva–vidas são 
excelentes exemplos de combates ao pânico, ao medo, ao tédio, à 
solidão e ao aborrecimento.
Vejamos, a seguir, uma história verídica e que pode servir como 
modelo de esperança a todos nós e especialmente àqueles que 
possam vir a enfrentar situações de emergência.
Em 1973, o casal britânico Maurice e Marilyn Bailey, 
que navegava da Inglaterra com destino à Nova Zelândia, 
sobreviveu por 117 dias à deriva em um bote salva-vidas 
no Oceano Pacífico, depois de seu iate ter se chocado 
com uma baleia e afundado. Antes de o iate afundar, o 
casal juntou os suprimentos que conseguiu e entrou no 
bote salva-vidas. Eles utilizaram a cobertura do bote 
para coletar água da chuva para beber e, depois que os 
suprimentos esgotaram, começaram a pescar com anzóis 
improvisados feitos com alfinetes de segurança. Eles 
haviam dito aos seus amigos que entrariam em contato 
quando chegassem ao Taiti, então ninguém se alarmou 
com a falta de notícias. Após ficarem à deriva por 2.400 
km e quase morrendo, eles foram avistados por um barco 
pesqueiro coreano e levados ao Havaí para tratamento. 
Eles não apenas se recuperaram completamente, mas 
imediatamente, começaram a planejar a próxima viagem. 
Mais tarde, escreveram um livro sobre a experiência, 
intitulado “117 Days Adrift” [fonte: BBC]. (BRYANT, 
1998-2014). 
119
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
É essencial que o sobrevivente nunca perca a esperança de 
ser salvo. Durante a última guerra mundial, metade dos 
sobreviventes foi recolhida em dois dias. A outra metade lutou 
muito contra a morte, para resistir por semanas e mesmo 
meses, em embarcações de boca aberta. Muitos morreram, 
principalmente devido à exposição ao sol e ao tempo, e não por 
falta de alimentos e água. Em atenção a esses fatos é que as 
embarcações salva-vidas possuem cobertura. 
O aperfeiçoamento das comunicações, dos serviços de 
busca e salvamento, do radar e o desenvolvimento de 
modernos sistemas de detecção e sinalização, são hoje 
uma valiosa ajuda para dar aos sobreviventes maior 
confiança. Alguns dos sobreviventes relataram que outros 
náufragos morreram por o seu moral ser baixo. É difícil, 
se não impossível dizer em quanto a moral contribui para 
que possamos resistir mais ou menos tempo à morte.
(PORTUGAL, 2011, p. 52).
Lembre-se do que foi abordado neste livro, que tratou sobre a 
psicologia da sobrevivência. Apatia e não cooperação são provas 
evidentes de perda de moral, o que contribui para encurtar a 
vida do náufrago. O encorajamento e a manutenção de razoável 
otimismo são realmente muito importantes na sobrevivência. 
Para um grupo de pessoas que abandona uma embarcação 
naufragando ou uma aeronave que realizou um pouso forçado no 
mar, é importantíssimo que se mantenha a calma. Os tripulantes 
possuem treinamento e são os responsáveis pela coordenação das 
ações de abandono e ocupação dos botes salva-vidas, bem como 
pela rotina diária até a chegada do socorro.
Para que sobreviva o maior número possível, os náufragos 
devem estabelecer uma bem definida cadeia de comando. 
Um chefe competente é um requisito necessário para se 
conseguir manter um elevado moral. Ele encarregar-se-á 
da conservação e distribuição das rações e água, assim 
como da oportunidade de utilização dos sinais de socorro, 
além da manutenção da disciplina a bordo [do bote] 
salva-vidas. [Havendo mais de um bote salva-vidas,] 
deverão manter-se [juntos], amarrados uns aos outros 
por meio de cordas, para que o grupo não se disperse. 
120
Universidade do Sul de Santa Catarina
[Em caso de] mau tempo, poderá ser mais conveniente 
não prender as embarcações umas às outras. A decisão 
de abandonar o local inicial, a fim de se dirigirem para 
outra posição ou para a terra, só deverá ser tomada pelo 
menos 24 horas depois do abandono, dando tempo a que 
as equipes de salvamento ou qualquer tipo de socorro se 
dirijam ao local onde, supostamente, foi lançado o pedido 
de socorro com a indicação das respectivas coordenadas. 
(PORTUGAL, 2011, p. 46-47).
Se por qualquer circunstância o pedido de socorro não foi 
enviado ou a posição foi incorretamente indicada ou recebida, os 
náufragos terão de se manter por tempo indeterminado nos botes. 
No entanto, mesmo nessas condições, hoje em dia ainda será 
muito provável o salvamento e o resgate.
É obrigatório que todas as aeronaves comerciais possuam 
equipamentos de segurança específicos, como os dispositivos 
flutuantes conhecidos por “salva-vidas”. A própria almofada do 
assento pode vir a ser solta e usada como recurso de flutuação.
Figura 3.5 - Modelo de colete salva-vidas
Fonte: Sobrevivência (2013, p. 55). 
A peça de vestuário de maior importância [...], sem 
qualquer dúvida, é o colete [salva-vidas]. Se estiver bem 
ajustado, suportará um náufrago ainda que desmaiado ou 
inconsciente. Mas um [náufrago] nunca deve perder as 
esperanças, mesmo que se encontre no mar sem colete. 
121
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
As peças de vestuário poderão ser utilizadas para criar 
certa capacidade de flutuação. Para encher de ar uma 
camisa ou blusão, abotoar todos os botões e atar com 
nós os punhos e os colarinhos. [...]. Logo que tudo isto 
esteja executado, aspira-se o ar profundamente e, com a 
camisa submersa insuflar ar entre a segunda e a terceira 
casa de botões. Depois de bem cheia é um flutuador 
bastante útil. Com as calças, obtêm-se melhores boias do 
que com camisas ou blusões. Depois de se despojar delas, 
dê um simples nó no extremo de cada uma das pernas 
e feche a braguilha. Seguidamente, agarre cada um dos 
lados da cintura com as mãos e eleve-a acima da cabeça, 
por detrás do corpo, e num movimento rápido traga-a à 
frente mergulhando-a. O conjunto [se transformará] em 
duas bolsas de ar, uma em cada perna, [tornando-se] [...] 
um bom flutuador. Consequentemente, um náufrago não 
deve de forma alguma livrar-se das suas roupas, pois além 
de servirem de mais uma ajuda para flutuar, poderão 
ter maiores vantagens em muitas outras ocasiões, tais 
como proteção contra queimaduras do sol, o vento e o 
frio e, evidentemente, depois de salvo necessitará delas. 
(PORTUGAL, 2011, p. 47).
Aeronaves que sobrevoam extensas áreas de água possuem botes 
salva-vidas, sendo equipamentos de segurança exigidos pelas 
autoridades aeronáuticas nacionais e internacionais. Seu uso em 
um pouso forçado no mar aumenta as probabilidades de pessoas 
sobreviverem, pois o bote evita que as pessoas se cansem tentando 
boiar, diminui as possibilidades de ataques de tubarões e são 
equipados com kits de primeiros socorros, água, sinalização e 
lonas de proteção contra o sol, o frio e a chuva.
Os botes previstos como salva-vidas das aeronaves possuem 
[...] o necessário equipamento para cobrir qualquer 
emergência no mar. Desta forma, compete a cada um 
dos tripulantes conhecer o equipamento e saber como 
utilizá-lo. Torna-se evidente que esse estudo deverá ser 
efetuado com muita antecedência, [como treinamento de 
equipagens aéreas para uma possível necessidade real]. 
(PORTUGAL, 2011, p. 47).
122
Universidade do Sul de Santa Catarina
Figura 3.6 - Bote para 6 pessoas
Fonte: Sobrevivência (2013, p. 59).
Existem vários modelos de botes de sobrevivência no mar e com 
capacidades distintas. DE acordo com as normas internacionais, 
todos devem possuir coloração laranja e faixas refletivas. 
Os botes possuem câmaras independentes de ar. Havendo 
necessidade de completar a inflação de qualquer uma das 
câmaras, seja após a realização de um reparo de vedação, seja 
por outro motivo qualquer, deve-se adaptar a bomba manual à 
válvula correspondente e operá-la.
Figura 3.7 - Bomba para bote inflável
Fonte: Sobrevivência ([200-], p. 114). 
Os kits de sobrevivência no mar são equipamentos que sempre 
devem acompanhar os botes de sobrevivência.
123
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
Vejamos um exemplo de kit de sobevivência:
Figura 3.8 - Exemplo de kitde sobrevivência no mar
Fonte: Sobrevivência ([200-], p. 118). 
Os conjuntos de sinalizadores de emergência que equipam botes 
salva-vidas são fabricados para um único fim: pedir socorro em 
alto mar. Normalmente, possuem dois foguetes pirotécnicos de 
metal, um corante marcador de água, um espelho sinalizador, 
apitos e também lanternas ativadas à base de água.
Figura 3.9 – Exemplo de kit de sinalizadores no mar
Fonte: Sobrevivência ([200-], p. 126). 
124
Universidade do Sul de Santa Catarina
Surgida a possibilidade de salvação, por se avistar 
um navio ou avião devido a uma boa vigilância, o 
equipamento de sinais torna-se de vital importância. 
De um avião que voe acima dos 3.000 pés é muito 
fácil localizar-se um bote salva-vidas. E se o mar está 
agitado, torna-se completamente impossível vê-lo da 
ponte de um navio. A experiência já demonstrou que o 
espelho de sinais é de grande eficiência quando utilizado 
para despertar a atenção, por refletir uma considerável 
concentração de luz [...]. (PORTUGAL, 2011, p. 48).
Figura 3.10 - Espelho de sinalização
Fonte: Sobrevivência ([200-], p. 68). 
[Mesmo] um pequeno e vulgar espelho de bolso ou de 
carteira feminina é capaz de refletir os raios solares de 
forma a poderem ser observados a uma distância de 
[vários quilômetros]. Os sinais devem ser contínuos, 
apenas interrompidos quando nos apercebermos que o 
salvamento está assegurado e que o barco de socorro 
não nos perdeu de vista e está praticamente junto [do 
bote]. No caso de o salvamento se efetuar por intermédio 
de um helicóptero, evite-se refletir os feixes de luz nos 
olhos do piloto, especialmente se este se prepara para 
uma aproximação. Os sinais pirotécnicos devem ser 
utilizados quando se avistar aviões e/ou helicópteros, 
ou um navio/barco até sete quilômetros de distância, 
porque o mais provável é que não sejam observados para 
além daquela distância. Durante a noite, uma lanterna 
elétrica é muito eficiente, pois a sua luz torna-se bastante 
visível a distancia. O modelo de lanterna à prova de água 
faz parte do equipamento de qualquer bote salva-vidas. 
Contudo, como medida de precaução, economizar o 
consumo de pilhas, utilizando-se apenas quando se torne 
absolutamente necessário. [Outro item] para ajudar a 
125
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
identificação de um bote salva-vidas são as suas velas 
e coberturas, de cor viva, que despertam a atenção, 
além de serem úteis na recolha de água das chuvas. 
(PORTUGAL, 2011, p. 48).
Os botes salva-vidas devem possuir equipamentos de 
sinalização compatíveis com a situação de sobrevivência no 
mar. Normalmente, são compostos de espelhos e sinalizadores 
pirotécnicos.
Vejamos um pouco mais sobre eles.
Espelho: assim como em terra, o espelho pode ser 
usado para alertar equipes de busca por meio de reflexos. 
Existem certos espelhos de sinalização que possuem um 
furo no meio, para que o sobrevivente mire a aeronave de 
resgate por ele, facilitando extremamente sua localização; 
[Sinalizadores] pirotécnicos [...]. (MAR, [200-]). 
Existem 3 tipos básicos de sinalizadores pirotécnicos: 
 � fumígenos;
 � facho manual; 
 � foguete de sinalização.
Vejamos um pouco mais sobre eles.
Fumígenos: são equipamentos flutuantes que liberam 
fumaça laranja, utilizados para locali zação de pessoas ou 
embarcações durante o dia, possui duração média de 3 
minutos;
Facho Manual: Sinalização para salvamento a curta 
distância, emite intensa luz vermelha com duração de 60 
segundos. Utilizado para sinalizar situações de perigo à 
curta distância, onde se requer luminosidade e duração 
de sinal. Também pode ser utilizado para iluminar 
ambientes escuros em emergências; 
Foguete de Sinalização: Sinaliza situações de perigo a 
longa distância, tanto de dia quanto de noite. [...] [Sobe 
e] ejeta um paraquedas luminoso a 300 m de altitude. 
(TEIXEIRA, 2012, p. 27).
126
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ao ouvir ou avistar aviões e/ou embarcações, faça uso desses 
sinalizadores, de sinais de fumaça durante o dia, e de luzes 
vermelhas à noite. Tome os devidos cuidados para manter o 
equipamento seco.
Podemos fazer uso de outras sinalizações, como:
 � corante de marcação do mar;
 � sinais luminosos; 
 � apitos.
Vejamos um pouco sobre esses instrumentos de sinalização.
Corante de marcação do mar: é claro que este 
equipamento deverá ser utilizado de dia, imediatamente 
após ouvir-se o ruído da aeronave, pois o mesmo leva 
alguns minutos para se dissolver. A menos que o mar 
encontre-se bem agitado, o corante permanecerá por 
aproximadamente três horas visível na água;
Sinais luminosos: À noite, use as lanternas elétricas 
de mão, as luzes de reconhecimento e o lampejar do 
rádio. Qualquer luz pode ser percebida sobre as águas, a 
distância de quilômetros;
Apito: À noite e sobre nevoeiro, use o apito para chamar 
a atenção de equipes marítimas de busca, ou mesmo para 
localizar os outros botes de náufragos. (MAR, [200-]).
Tubarões são encontrados em todos os oceanos. Seus ataques 
registrados, na grande maioria, aconteceram em águas com 
temperaturas maiores que 18ºC. Não há problema com tubarões 
em áreas de águas frias, a menos que a pessoa esteja ferida ou 
com sangramento. Quanto ao seu comportamento, quando se 
movimenta em círculos largos e alongados, está apenas curioso. 
Quando se prepara para atacar, começa a nadar rapidamente e de 
forma agitada, em círculos cada vez menores.
“Tubarões são companheiros tão indesejáveis quanto constantes 
nas situações sem rumo dos náufragos. E sua presença é quase 
sempre anúncio de tragédia.” (MONTENEGRO, 2005). 
127
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
 Figura 3.11 – “Com licença, estou olhando a água!”
Fonte: Adaptação de KD (2013). 
Em 1960, quando o navio americano Albatross foi 
a pique, no Caribe, o capitão e alguns membros da 
tripulação conseguiram se salvar em botes. Mas o sangue 
dos feridos atraiu dezenas de tubarões que, excitados pelo 
cheiro, cercaram as embarcações e tentaram virá-las com 
seus focinhos. Os homens do Albatross defenderam-se 
golpeando as feras com remos e, na falta destes, usando 
os próprios punhos. Foi uma batalha encarniçada 
em que quatro náufragos acabaram devorados. 
(MONTENEGRO, 2005). 
Figura 3.12 – Perigo no mar, tubarão à vista!
Fonte: Praias ([200-]). 
128
Universidade do Sul de Santa Catarina
Mas há casos em que a presença dos tubarões não é de 
todo ruim. Durante os dias em que passou no mar, o 
bote salva-vidas do náufrago colombiano Luis Alejandro 
Velasco era cercado por eles pontualmente às 5 da tarde 
(um dos poucos bens do colombiano durante o tempo 
à deriva era um relógio de pulso). É claro que Velasco 
aguardava este momento da visita com extremo pavor, 
mas, no 7º dia à deriva, ele foi a salvação do marujo. 
Os predadores, involuntariamente, colaboraram para a 
sobrevivência do colombiano ao perseguir um peixe que 
acabou pulando para dentro do bote dele. Resultado: 
quem poderia comê-lo, acabou lhe dando comida. 
(MONTENEGRO, 2005). 
Como não se pode contar com isso, alguns conselhos são 
necessários (SOBREVIVÊNCIA, 2006-2013):
[...] Não pesque do bote quando houver tubarões por 
perto. Abandone o peixe fisgado se um tubarão se 
aproximar. Não [apanhe o peixe da água] se houver 
tubarões à vista. [...] Não atire restos de peixes ou iscas 
para a água se houver tubarões rondando por perto do 
bote. [...] Não [balance] as pernas ou as mãos na água, 
especialmente quando estiver a pescar. [...] Se um tubarão 
atacar ou danificar o bote, desencoraje-o batendo no 
focinho ou nas guelras com o remo [do bote]. [...] Dispare 
uma pistola ou revolver (se estiver à mão) por cima do 
tubarão - o ruído pode assustá-lo e afastá-lo. [...] Veja se 
há tubarões rondando ou debaixo da jangada antes de 
[entrar na água]. 
Tubarões são muito imprevisíveis. De acordo com o famoso 
pesquisador Jacques Costeau, quanto maior nosso contato com 
eles, menos os conhecemos, pois nunca podemosprever suas 
próximas atitudes.
As raias-gigantes, ou mantas, que vivem em águas 
tropicais, podem ser confundidas com os tubarões. 
Uma raia, quando nada, encaracola as pontas das 
barbatanas, as quais, quando vistas à superfície da água, 
fazem lembrar de certo modo as barbatanas dorsais de 
dois tubarões nadando lado a lado. Uma observação 
mais cuidada mostrará que o animal é uma raia e não 
dois tubarões. Se ambas as barbatanas desaparecem 
simultânea e periodicamente, é uma raia. Em águas 
129
Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
profundas, todas as raias são inofensivas para os 
nadadores. (SOBREVIVÊNCIA, 2006-2013).
Contudo, qualquer arraia é perigosa se tentar pegá-la. No 
prolongamento de sua cauda, existe um ferrão que a arraia usa 
para se defender.
Os botes salva-vidas possuem alimentos de sobrevivência para 
alguns dias e que precisam ser racionados entre os sobreviventes. 
Normalmente, são balas de goma (jujubas) e chicletes, ou tabletes 
à base de glicose. Esses itens não consomem muito a água do 
organismo para sua digestão e aliviam a sensação de fome. 
Se não tiver água não coma. A quantidade de comida 
assimilável pelo organismo depende, sobretudo, da 
quantidade disponível de água. É, portanto, uma das 
razões porque são propositadamente ligeiras as rações 
de emergência. Os alimentos muito condimentados 
provocam sede, tornando-se difícil o racionamento de 
água quando em condições extremas. Assim, as rações 
de emergência dos kits de sobrevivência no mar são uma 
composição entre uma dieta adequada e uma necessidade 
limitada de água, rica em hidratos de carbono e pobre 
em proteínas, fornecendo o máximo de calorias com um 
mínimo esforço para os rins. Um homem pode sobreviver 
sem comer durante longos períodos de tempo desde 
que tenha provisões de água. Há variações individuais, 
mas, 35 a 40 dias de sobrevivência sem comer não são 
casos excepcionais. Em condições de sobrevivência a 
qualidade da alimentação é muito importante. Proteínas, 
tais como a carne, não são inteiramente absorvidas pelo 
organismo e os seus resíduos necessitam de água para 
serem eliminados para o exterior. Quando um homem 
está esfomeado, o corpo alimenta-se da sua própria carne, 
mas se lhe for dado algum açúcar o corpo não ataca 
tanto as suas proteínas [...]. Comendo açúcar, cerca de 
dois decilitros em cada litro de água do nosso corpo é 
conservada a qual de outro modo seria desperdiçado. É 
por esta razão que as modernas rações de emergência são 
compostas de açúcar. (PORTUGAL, 2011, p. 50-51, 
grifo nosso).
É importante saber que se estivermos naufragados, não devemos 
comer açúcar nas primeiras 24 horas.
130
Universidade do Sul de Santa Catarina
No segundo dia deve comer cerca de metade do total das 
rações de sobrevivência e o restante será distribuído pelos 
dias seguintes. Enquanto que a água doce é absolutamente 
indispensável aos náufragos, são poucas as mortes 
causadas pela fome. [...]. (PORTUGAL, 2011, p. 51).
Em sobrevivência no mar, a pesca sempre deve ser tentada, por 
vários motivos. É uma atividade que, além de resolver o problema 
da fome, distrai e evita pensamentos negativos que possam afetar 
o moral dos sobreviventes.
Por mais desolado que pareça, o mar é imensamente 
rico em diferentes qualidades de alimentos. Pequenos 
peixes reúnem-se em geral à sombra das embarcações 
salva-vidas e jangadas. Estes peixes serão pescados, 
primeiramente para servirem de isca. Pode-se usar 
como isca inicial pequenos caranguejos e camarões que 
se desenvolvem junto dos grupos de algas, bocados de 
pano (particularmente vermelho), cabelo humano, etc. 
Alguns tipos de algas flutuantes no meio do oceano são 
comestíveis. As algas frescas e boas para comer não têm 
odor acentuado e são consistentes e macias ao [tato]. 
[...] Devemos inspecionar se nas algas há pequenos 
organismos, os quais podem ser venenosos, e removê-los. 
Em qualquer circunstância, não deveremos comer algas 
sem uma suficiente quantidade de água doce, mais uma 
ração extra, em consideração ao sal tomado com as 
algas. (PORTUGAL, 2011, p. 51, grifo nosso).
Os botes salva-vidas possuem estojos da pesca. 
Durante a noite podemos atrair os peixes com luzes, 
incidindo a luz da lanterna na água ou utilizando o 
espelho de sinais para refletir o luar sobre a água. 
Recomenda-se que enquanto se pesca não se deve 
amarrar a linha ao bote ou a qualquer pessoa, porque 
algum peixe de grandes dimensões poderá fazer soçobrar 
a embarcação ou provocar a queda do pescador ao mar. 
Pela mesma razão não se deixarão fora da borda objetos 
brilhantes ou peixes capturados. Podemos comer peixe, 
mas sem esquecer que o peixe tem sal (uns mais do 
que outros) e que será preciso beber mais água doce do 
que a ração normal. O suco do peixe espremido tem 
também mais ou menos sal, dependendo do tipo de 
peixe. Não devemos beber unicamente o suco do peixe, 
mas sim, misturá-lo com água doce ou bebê-la a seguir. 
(PORTUGAL, 2011, p. 51).
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
De acordo com Montenegro (2005), “[...] apesar de abundantes 
no oceano, [os peixes] nem sempre são fáceis de pegar. Afinal, na 
maioria das vezes, homens e mulheres atirados ao mar acabam 
totalmente desprevenidos, sem um anzol ou um canivete que seja.” 
Vejamos o seguinte caso, para exemplificar a dificuldade da pesca 
em algumas situações.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o marinheiro 
colombiano Luis Alejandro Velasco em uma noite de 
fevereiro de 1955. Uma tormenta, no mar do Caribe, 
arrancou Velasco do convés do Caldas, navio em que 
viajava. Por sorte, a ventania também lançou ao mar um 
bote salva-vidas onde o marinheiro pôde se abrigar. Sem 
água, comida ou socorro à vista, Velasco comprovou que 
qualquer coisa mastigável vira um manjar dos deuses 
quando se está à deriva. No 6º dos 10 dias que duraram 
seu infortúnio, estava esfomeado ao ponto de tentar 
comer a roupa que usava no corpo. “Eu parecia uma fera, 
tentando despedaçar os sapatos, o cinto e a camisa com os 
dentes”, contou no livro Relato de um Náufrago, escrito 
por Gabriel García Márquez. Foi quando achou 3 cartões 
de visita no bolso da calça e fez deles seu banquete. Apesar 
de não muito nutritiva, a “refeição” lhe deu coragem para 
continuar lutando por sua vida. “Quando senti aquele 
montinho de papel molhado chegar ao estômago, percebi 
que sobreviveria.” (MONTENEGRO, 2005). 
Mas, então, o que sabemos sobre os peixes e a pesca?
A maior parte dos peixes de superfície é comestível. Peixes com 
espinhos e peixes que produzem sopros são venenosos. Todos 
os peixes com espinhos, espigões e cerdas nunca devem ser 
capturados com as mãos desprotegidas, porque corremos o risco 
de envenenamento e infecções. Os peixes secos ao sol são mais 
saborosos, mas a mesma regra sobre a água que devemos beber 
deverá ser aplicada no caso de fazermos deles nosso alimento. 
As dicas e orientações do site dos bombeiros são importantes 
numa situação de sobrevivência no mar. 
Tenha sempre o cuidado de capturar peixes e mariscos 
sãos; nunca coma mariscos ou ostras que se encontravam 
presos aos cascos de navio ou quaisquer outros objetos 
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Universidade do Sul de Santa Catarina
metálicos, podendo ocasionar uma intoxicação 
violentíssima, resultando inclusive em morte. [Não tente 
pegar] medusas, águas-vivas ou caravelas; são difíceis de 
capturar e podem queimá-lo. (MAR, [200-]). 
A carne de quase todos os peixes apanhados no mar alto é 
comestível, cozida ou crua. O peixe cru não é nem salgado, nem 
muito desagradável.
Os peixes que nunca devem ser comidos são o peixe-
balão, o peixe-ouriço e o peixe-lua, são altamente 
tóxicos e podem matar. Todos estes peixes são facilmente 
identificáveis, dado que o peixe-ouriço e o peixe-balão 
incham ou enchem-se quando perturbados e o peixe-lua 
parece uma enorme cabeça sem cauda. (MANUAL, 
2013, p. 196, grifo nosso). 
Figura 3.13 – Peixe tóxico 
Fonte: Os 10 (2010). 
O peixe pode ser conservadocortando-o em tiras, 
salgando-o e secando-o. O peixe de carne escura é 
particularmente susceptível ao envenenamento bacteriano 
[...], e, se não puder ser limpo e mantido num local 
fresco, deve ser [...] comido cru e as sobras usadas 
como isca, em vez de guardadas para outra refeição. 
(SOBREVIVÊNCIA, 2006-2013). 
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
Ao pescar, tenha cuidado para não furar um bote inflável com os 
anzóis, facas ou arpões. 
As aves marinhas são uma fonte de alimentação para os 
náufragos. Têm, no entanto, um gosto e odor a peixe. 
Contudo são alimentícias e nutritivas. Elas dirigem-se 
para as embarcações por curiosidade, pelos pequenos 
peixes que por ali rondam, mas na maior parte das vezes 
para lhes proporcionar um lugar de [pouso e descanso]. 
[Em muitas] descrições de náufragos são mencionadas 
a tendência dessas aves para pousarem na borda da 
embarcação salva-vidas pela manhã e nas últimas horas do 
dia. Se [pousarem], aguarde até que fechem as asas, antes 
de se tentar a sua captura. (PORTUGAL, 2011, p. 52).
Coma qualquer pássaro que conseguir pegar. Algumas vezes 
pousam no bote, e há casos em que os pássaros pousaram nos 
ombros de náufragos, segundo relato desses. Se os pássaros 
estiverem assustados, tente apanhá-los arrastando um anzol 
iscado sobre a água ou lançando-o ao ar. São vistas mais aves 
no mar alto no hemisfério sul que no norte, mas não desanime. 
Nunca se sabe quando um pássaro irá aparecer e virar uma bela 
refeição para os náufragos. Lembre-se de que “se cair na rede, é 
peixe!”
Seção 3 – Procedimentos antes do resgate no mar
Uma coisa é preciso ter sempre em mente: você só é sobrevivente 
após o resgate! Até ser salvo, você é apenas um náufrago.
Todas as pessoas envolvidas têm que observar os procedimentos 
de sobrevivência no mar enquanto esperam o salvamento chegar, 
para alcançar o seu maior objetivo que é ser resgatado com vida. 
Será esse o tema que passaremos a tratar nesta 3ª Seção.
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Figura 3.14 – “Estamos aqui!”
Fonte: 10 ([200-]).
De acordo com matéria da Marinha do Brasil sobre a 
sobrevivência do náufrago,
[...] o náufrago tem que estar preparado para ser 
resgatado. Essa etapa da sobrevivência é muito 
importante e deve ser encarada com seriedade. Ser 
detectado não significa ser resgatado. Muitos acidentes, 
alguns fatais, ocorrem durante o resgate. Encare o 
salvamento com toda a seriedade possível, evitando 
crises emocionais. Deixe-as para quando estiver em 
lugar seguro. O resgate pode se dar por embarcação 
ou por aeronave (helicóptero), devendo o náufrago 
estar sempre usando seu colete salva-vidas [ou similar]. 
(SOBREVIVÊNCIA, 2013, p. 60). 
Figura 3.15 – Resgate de sobrevivente no mar
Fonte: Avião (2012).
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
No caso de serem utilizados helicópteros para fornecer 
equipamento e/ou salvar ou evacuar pessoas, são valiosas as 
seguintes informações do Manual de Sobrevivência e Salvamento 
no mar:
O raio de ação dos helicópteros é em geral limitado. A 
possibilidade de o helicóptero participar no salvamento 
depende, prioritariamente, da distância entre a sua base 
[de operação até os botes que precisam de] assistência, 
[assim como da autonomia de voo de cada helicóptero]. 
Essa distância máxima entre bote e base é de 50-300 
milhas náuticas, normalmente. [...] Certas operações 
de salvamento envolvem riscos para a tripulação do 
helicóptero. Consequentemente é essencial em cada 
caso, avaliar a gravidade da situação e certificar-se da 
necessidade de assistência por helicóptero. No [ato] de 
fornecer equipamento, o helicóptero, normalmente, paira 
sobre um espaço desimpedido e arria o equipamento por 
meio do seu cabo do guincho. [As pessoas no bote só 
têm] que desengatar o cabo. (PORTUGAL, 1999, p. 61). 
Além dessas orientações, deve ter-se em conta a forte corrente 
de ar originada pelo helicóptero. Portanto, antes da chegada do 
helicóptero ao local do resgate, vestuário e outros objetos soltos 
dentro do bote devem ser retirados ou bem amarrados para não 
voarem. 
Figura 3.16 – Corrente de ar do helicóptero
Fonte: Surfista (2014). 
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Durante as operações de salvamento, o helicóptero 
utiliza, normalmente, um dispositivo especial para 
içar ou arriar pessoas. Frequentemente, os grandes 
helicópteros arriam um membro da sua tripulação [no 
bote ou na água], para dar assistência ao procedimento de 
resgate e utilização do equipamento [de salvamento]. Para 
a evacuação de pessoas, a extremidade do cabo de içar 
pode estar provida de [...]:
Alça de salvamento. 
Cesto de salvamento. 
Maca de salvamento. 
Cadeira de salvamento. 
(PORTUGAL, 2011, p. 61-62).
Vejamos, a seguir, cada um desses meios.
O meio mais usual para evacuar pessoas é a alça de 
salvamento. Este dispositivo é adaptado para um 
rápido recolhimento de pessoas, mas inadequado para 
doentes. A alça é utilizada de modo muito semelhante 
ao vestir de um casaco. [...] A pessoa que [for] utilizar 
a alça tem que ficar de face para o gancho [que a faz 
subir]. As mãos devem estar à frente agarradas uma à 
outra. A alça não pode ser utilizada como assento nem 
deve ser desengatada do gancho. A utilização do cesto 
de salvamento não requer procedimentos especiais. A 
pessoa que o vai usar limita-se a entrar no cesto, mantém-
se sentada e se segura [nas suas bordas]. Os doentes serão, 
na maioria dos casos, recolhidos por meio de uma maca 
de elevação. [...] Esta maca já tem instalado ganchos 
especiais, preparados para poderem ser rapidamente e 
com segurança engatados ou desengatados no cabo de 
içar. [...]. (PORTUGAL, 2011, p. 62). 
Por fim, a cadeira de salvamento tem forma de assento. Também 
não é nada complicado usá-la: basta sentar-se nessa cadeira, 
segurando na haste vertical. Normalmente, esse dispositivo é 
usado para içar duas pessoas de uma só vez. 
O conhecimento básico dos procedimentos a serem adotados em 
resgates de sobreviventes no mar pode contribuir muito para o 
total sucesso dessas missões de salvamento.
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
Síntese
Em uma viagem aérea ou marítima, ninguém está totalmente 
livre de uma situação emergencial, que obrigue as pessoas 
envolvidas a se tornarem náufragos e terem que sobreviver no 
mar até serem resgatadas.
Nessa unidade, pudemos identificar as orientações iniciais e 
procedimentos de sobrevivência logo após um pouso forçado no 
mar. Entendemos que o treinamento antecipado das equipagens 
aéreas é pré-requisito básico para a condução dos sobreviventes a 
maiores possibilidades de salvamento e resgate.
Foram abordados muitos cuidados com a preservação da saúde 
física e mental, as ações e ocupações básicas dos náufragos 
durante a sobrevivência nos botes salva-vidas, bem como sobre 
alimentação e vários procedimentos anteriores ao resgate, 
compondo um conjunto de práticas emergenciais para essas 
situações. 
Se compreendidas, treinadas e aplicadas em situações extremas, 
podem permiter às pessoas prolongar suas vidas e manterem-se 
fisica e mentalmente íntegras, permitindo-lhes o resgate ou que 
encontrem uma saída para os problemas enfrentados.
Assim, de forma básica e teórica, nos foi possível conhecer e 
compreender muitas das várias técnicas e procedimentos adotados 
numa real sobrevivência no mar.
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Atividades de autoavaliação
1. Escreva um texto de aproximadamente 10 linhas, interpretando e 
descrevendo a figura a seguir, informando quais as principais utilizações 
do fogo em uma sobrevivência na selva.
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Emergência e Sobrevivência (Selva e Mar) 
Unidade 3
2. Verifique quais os procedimentos corretos (V) e incorretos (F) no caso de 
picadas de cobras. Reescreva os falsos de forma que se tornem corretos.
a) ( ) Manter o acidentado em repouso.
b) ( ) Limpar o local da picada com água e sabão.
c) ( ) Baixar o membro afetadopara reduzir a possibilidade de necrose 
local.
d) ( ) Romper lesões bolhosas que surgem, normalmente após seis a 
doze horas da picada.
e) ( ) Garrotear o membro afetado. 
Saiba mais
REZENDE, Celso Antônio Junqueira. Manual de 
Sobrevivência no mar. Rio de Janeiro, 1992. 
WRIGHT, C. H. Survival at Sea: The Lifeboat and Liferaft. 
Liverpool: The James Laver Printing Co. Ltd., 1986.

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