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Deusa Martins – VET 436 SITUAÇÃO DA PECUÁRIA DE LEITE MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL “10% dos empregos no Brasil advém do leite ou tem parte da renda constituída pelo leite. O Brasil possui 1 milhão de fazendas leiteiras, que empregam em média, 3 pessoas por fazenda, sendo assim, 3 milhões de pessoas. Contudo, a cadeia de leite é bem ampla, considerando o transporte, insumos e o processamento do leite assistência técnica, etc. Juntando tudo isso, há por volta de 10 milhões de pessoas que vivem diretamente do leite ou parte da sua renda constituído pelo Leite. Sendo assim, é a atividade agropecuária que mais emprega no Brasil. Em termos de empregabilidade, essa cadeia empata com a construção civil. 10 bilhões de litro são comercializados no Brasil sem inspeção, isso é um problema sério em ração do risco de geração e propagação de doenças que esse alimento representa. A disponibilidade é a soma da produção nacional com a importação. Das várias commodities agrícolas, o leite é uma das poucas que possui balança comercial negativa, isso mostra uma oportunidade nacional de produção, a grande questão é ser competitivo. Boa parte do Leite é importado vem da Argentina e Uruguai e boa parte dele é importado sob forma de pó e não necessariamente está disponível ao mercado consumidor direto, sendo utilizado na confecção de produtos industrializados. O leite desses países é competitivo por ser barato, já que ele é produzido a pasto e o pasto desses países é melhor. Em 2020 e 2021 houve uma queda na produção de leitem que se deve à perca de cerca de 200mil produtores, à pandemia e o aumento dos custos. Em 2021, pela primeira vez o sul passou o sudeste em volume de produção. O Sudeste, por anos, foi o maior produtor do país, liderado pelo estado Minas Gerais, que tem tradição na produção de leite. Contudo, muitas regiões de Minas Gerais são atrasadas em termos de tecnificação. A região sul, por sua vez, tem uma base cultural diferente que acredita na assistência técnica, possui maior produção de milho de soja, tem gramíneas de melhor qualidade. Na região centro-oeste, o Goiás é um destaque. No Nordeste vem crescendo produção de leite com grandes projetos. No Norte, o estado de Rondônia. Minas Gerais está em uma região muito boa por ter mercado consumidor” Créditos: Mendonça, Tiago. 2023 Em 2022 a pecuária de leite passou por diversos desafios, que culminou no incremento dos custos da produção de leite demanda enfraquecida e aperto de margens. A produção de leite recuo, a importação diminuiu e a disponibilidade de leite caiu. Em resumo, com consumo mais fraco e custos de produção em alta, a rentabilidade da atividade caiu, derrubando também a produção. Na produção por região, o Sul liderou esta estatística, com cerca de 9,8 bilhões de litros adquiridos pelos laticínios, seguido pela região Sudeste, com 9,5 bilhões de litros. Juntas, estas duas regiões representaram 77% do leite inspecionado no Brasil, em 2021. Deusa Martins – VET 436 Minas Gerais é o maior produtor de leite do Brasil, produzindo quase 2x mais que o segundo colocado (Paraná). Após MG, vêm os três estados da região sul do país: Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarinas, seguidos pelo o estado de São Paulo. CONSUMO DE LEITE Em 2021 ocorreu uma queda na produção e no consumo de leite. O principal motivo para isto foi o aumento do custo da matéria prima necessária para a produção de leite no campo, clima desfavorável durante boa parte do ano e o agravamento da pandemia. O maior consumo lácteo do Brasil é liderado pelo Leite UHT, Queijo, Leite em Pó, Iogurte, Leite condensado, leite resfriado e outros. “Em relação ao consumo per capta, o brasileiro toma a metade do volume de leite que um europeu toma. Por outro lado, a China toma 1/ do leite que o brasileiro consome. Curiosamente, a produção desse país tem muitos problemas de intolerância à lactose Alguns pontos fazem com que pessoas não consumam leite, são: alergia (muito presente em crianças), intolerância à lactose, cultural e éticos. Para contornar as alergias há o leite A2A2, que possui a proteína beta caseína diferente. O leite A2A2 te, um valor de 10 a 20% maior por ser um diferencial e por, geralmente, serem produtos de alta marcas presentes no mercado são marcas próprias das fazendas. EM relação ao processamento e em termos de rendimento lácteos, não há diferença do leite A2A3 para o outro tipo de leite no mercado” Crédito: Mendonça, Tiago. 2023 FAZENDAS DE LEITE NO BRASIL Grande parte do Leite produzido no Brasil é produzido por uma quantidade pequena de fazenda. Os grandes produtores de leite (possuem uma produção maior que 500L de leite, representam menos de 2% das fazendas produtoras de leite do Brasil). “A maioria dos pequenos produtores estão em MG, questão de tradição. O número de vacas vem diminuindo, atualmente está em cerca de 16 milhões de cabeças. Essas quedas geralmente acontecem quando a arroba do boi esta alta, período no qual os produtores tendem a vender os animais velhos. Também, vale ressaltar que boa parte dos animais hoje em dia são abatidos de forma clandestina e ilegal. Na contramão a produtividade dos animais brasileiros vem crescendo. Atualmente, esses mais produzem cerca de 2000L em uma lactação de 305 dias. A média de litros por dia por vaca no Brasil é muito baixa, em torno de 78L de vacas. No mundo inteiro, há queda de produtores de leite. Das 5 maiores fazendas de leite no Brasil, há apenas uma de MG, a Sekita. Das 100 maiores fazendas, 40 estão em MG. Nem todas as fazendas do Brasil informa seus dados. Contudo, a lista é representativa pois são poucos os que informam. Atualmente, a média de produção das fazendas top 100 no Brasil é de 30L. Das top 100 75% utiliza a raça holandesa e 20% utilizam a raça girolando.” Créditos: Mendonça, Tiago. 2023 PRODUTORES DE LEITE NO MUNDO O maior produtor de leite no mundo é o Estados Unidos, o Clima do país favorece para a criação da melhor raça de vaca do ramo (holandesa), EUA é seguido por Brasil e depois pela Alemanha, Nova Zelândia e Argentina. FAZENDAS TOP 100 A raça mais utilizada nas fazendas top 100 é a Holandesa, logo, elas adotam o sistema de confinamento e a segunda raça mais utilizada é a Girolando. O maior laticínio do Brasil é o Bela Vista (Piracanjuba) PREÇO DO LEITE “O preço do leite não é o produtor que define. Outro ponto é o fato de que os laticínios levam muito tempo para pagar pelo leite captado. Isso é explicado porque sendo assim, é necessário Deusa Martins – VET 436 que o produtor tenha reservas, seja capitalizado. O preço do leite pode ser definido por vários índices. Em MG e em outros estados, é o CONSELEITE, o CPEA (índice da ESALQ que avalia os preços do Brasil inteiro), o leite spot (leite comercializado entro os latícinios). O SPOT se dá a cada 15 dias e os outros índices são mensais. Quando o SPOT sobe, é um indicativo de que o produtor irá receber mais. O brasil usa menos o GDT (Global Trade Transport) porque importa e exporta pouco. RAÇAS DE BOVIDO DE LEITE OBJETIVOS DO MELHORAMENTO Quando a gente fala de raças estamos atrelando ao melhoramento genético, isso porque quando a gente opta por uma raça ou vai até o catálogo de touros para escolher um touro para comprar o sêmen o objetivo sempre vai ser melhorar a genética do gado. Essa melhora de genética pode-se melhorada pela produção de leite. Nós temos fazendas que o foco é aumentar a produção de leite, nos vimos na primeira aula que a média de produção de leite no Brasil é de 2000L/ano (que é uma lactação), isso da uma média de 6L por dia (quando a gente compara com o EUA que é o nº1 no ramo, eles produzem uma média de 35Lpor dia/vaca). Então sempre vamos ter como o objetivo melhorar a produção de leite no rebanho. Depois podemos pensar em vida produtiva, em crias que nascem mais viáveis, em crias que nasce com mais vitalidade. Nos podemos olhar isso no catálogo de touro reprodutor, isso importante porque hoje a vaca de leite em sistema confinado, sistema muito intensivo, ela não vive muitos anos, ela dura 3-4 lactações, isso quer dizer que ela vai ser descartada em algum momento com 7-8 anos e ela vai parir com 2 anos de idade. O que a gente busca? Vacas mais longevas, vacas que vivem mais, que tenha mais saúde. Quando você tem uma fazenda e vai escolher o sêmen que você vai comprar, você vai olhar o catálogo de touro e há opção de olhar também a vida produtiva. A gente pode também escolher algumas características voltadas para o fenótipo dessa vaca, podemos ter um rebanho que a vaca tem problemas de patas, problemas de úber, um rebanho muito descartável, mas eu posso colocar um touro melhorador, um touro que tenha características favoráveis para melhorar esses pontos nas minhas gerações futuras. Hoje a gente busca Inseminação artificiais, por mais que algumas fazendas ainda tenha touros, esses touros não são melhoradores. Eles podem ser touros pioradores, vamos ter 1 touro ou 2 para cruzar com todas as vacas, isso facilita a vida de produtor (em termos de manejo porque ele não vai precisar fazer um protocolo de IATF, ele não vai precisar fazer inseminação). O que é um protocolo de IATF? A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) consiste em uma ferramenta reprodutiva capaz de fornecer condições para que vacas e novilhas sejam inseminadas em uma data pré-determinada. Do ponto de vista genético as crias que vão nascer não necessariamente são melhores que a mãe, elas podem ser piores. Muitas vezes esses touros são velhos e vão cruzar as suas filhas, as suas mães, a ter consanguinidade e a gente começar a ter mais refugos (um rebanho com mais descartes com o objetivo de eliminar ou separar animais que apresentam problemas). Touro na fazenda de leite não é recomendado, você pode até ter um touro de repasse, para aquelas vacas que têm dificuldade de emprenhar. Mesmo assim nas fazendas mais modernas não há mais touros de repasses, tenta- se emprenhar a vaca 5 vezes, ou seja, dá 5 chances para vaca, se ela não pegou não se tenta mais e ela será descartada quando ela parar a lactação. No gado de corte é diferente, você encontra touros mellorys que podem cobrir muitas vacas, mas também o próprio gado de corte passa Deusa Martins – VET 436 pela estação de monta, de inseminação para poder ter animais sempre melhores do que as suas mães. Então, o gado de corte é até mais evoluído por causa da estação de monta, o gado de leite não, todo dia tem inseminação para fazer, todo dia tem vaca parindo em uma fazenda grande, logo, têm muito mais serviço, muito mais manejo e um desses manejos é identificação de cio, é você fazer um protocolo de ATF para sincronizar o momento correto de você inseminar essa vaca, logo, você vai utilizar um sêmen que nem mora no Brasil (EUA, Canadá, Holanda) e esse sêmen convencional que a gente chama, que pode ter uma cria tanto do sexo feminino quanto do masculino, ele pode custar uma dose de R$20 até R$200. Também é possível a gente comprar o sêmen sexado. que é aquele que passa por um processo de separação de quem é cromossomo X e quem é cromossomo Y, ou seja, tem 90% de chance de nascer uma fêmea. Muitos produtores médios e pequenos usam touro e a gente chama de pioramento genético. então o que explica as vacas no Brasil Produzirem menos? Uma das explicações é porque a genética não é refinada. Em resumo, o objetivo principal é aumentar a produção de leite, após isso, o próximo critério pode ser aumentar o número de crias viáveis e aumentar a vida produtivo da vaca (a vaca precisa ficar mais de 3 anos produzindo leite para pagar o investimento que foi feita na mesma). Com o melhoramento também é visado diminuir o descarte involuntário (por exemplo por problemas no casco), obter animais pequenos, sem doenças podais, mastite, dente outros fatores. RAÇAS PURAS DE CLIMA TEMPERADO Elas necessitam de condições adequadas de manejo. Por exemplo, a principal Raça de produção de leite é a Holandesa e no brasil essa raça é sinônimo de confinamento. O manejo adequado da mesma sai em torno de R$2.000.000,00 (em uma região mais cara esse valor pode chegar até a 5.000.000,00. A terra que vai pesar neste custo) investidos em terra, animais, instalações e equipamentos para produzir 1000 L/dia. É necessário comprar muito terra porque o produtor de leite também é agricultor, a produção de leite é único ramo que é obrigatório o plantio da silagem (o volumoso). Um dos problemas da Vaca Holandesa é que ela tem baixa resistência a carrapatos (tristeza parasitária), baixa adaptabilidade ao clima (no confinamento nos ventiladores, elas tomam banho o tempo todo) e baixa fertilidade em condições não adaptadas (em estresse térmico a vaca não emprenha). A vaca não fica o tempo todo prenha, ela tem o primeiro parto, produz leite por 8 meses e fica de férias por dois meses antes de ficar prenha novamente. VACA HOLANDESA A raça mais difundida no mundo, ela é conhecida como uma raça cosmopolita porque ela esta presente no mundo inteiro e é a raça principal. O melhor para a vaca holandesa é o confinamento, no pasto ela sofre com ectoparasitas (carrapato= tristeza parasitária), estresse térmico e vai se alimentar menos (não adianta colocar esse animal para comer braquiara, porque essa gramínea tem baixa digestibilidade, então tem que ter silagem de milho, fubá, farelo de soja que são alimentos nobres e mais caros), consequentemente, produzir menos leite. Precisa olhar para essas raças e pensar que é necessário ter um confinamento, ventiladores, uma sala de resfriamento aonde vai molhar essa vaca e vai secá-la com ventilador, porque ela é muito exigente, ela vem de uma região fria, para ela a temperatura de conforto é de 5ºC a 15ºC. Aqui no Brasil em alguns meses do ano faz essas temperaturas aqui em MG. Problemas: resistência a carrapato, a questão de não adaptar ao clima quente do Brasil e se a Deusa Martins – VET 436 gente não der conforto térmico, essas vacas também não emprenham, podem ter baixa fertilidade. Questão de prova: Considere no Rio Grande do Sul um produtor que deseje iniciar a atividade, qual raça você recomenda para ele e qual sistema você vai recomendar que essa vaca fique. No sul do Brasil é a região mais fria eles têm um certo preconceito com raças zebuínas. Algumas características da vaca holandesa: Ela é uma raça de grande porte, quando ela chega na fase adulta ela chega a pesar até 800kg, mas na média 600-650KG. É a raça mais especializada em produção de leite, ela tem um úbere, que geneticamente é muito bem inserido e vascularizado, você consegue ver as veias. A zona de conforto térmico é de 5ºC-15ºC e de todas as raças ela é a que possui menos sólidos (gordura e proteína). Ela é uma vaca que produz mais leite em relação as outras vacas, no Brasil varia de 6000L-10000L em uma lactação (305 dias). É um animal que tem dois tipos de pelagem: a preta e a branca e a vermelha e branca, em termos de genética a preta e branca é superior, porque quando foi se escolher uma raça e um padrão para evoluir geneticamente a escolhida foi a preta e branco. As opções de alelos que podem levar ao vermelho branco, a gente vê que de todos os possíveis, a gente vê que apenas esses três, quando tem o E+ ou e é que vão resultar na coloração vermelho branco, ou seja, é muito mais fácil que o animal seja preto e branco. Geralmente o produtorpaga muito bem pelo vermelho e branco, porque é muito raro, não é questão de produção, é muito mais de estética. Em resumo: Raça de grande porte variando de 600 a 800 kg, especializada em produção de leite, úbere bem inserido e verticalizado, conforto térmico de 5°C a 15°C. O leite da mesma possui baixos valores de gordura e proteína e produz de 6 a 10 mil de leite em 305 dias de lactação. (pensando para o produtor de leite os baixos valores de gordura e proteína não são ruins, uma vez que ele ganha em cima do volume de leite produzido. Já para o laticínio isso é uma desvantagem). Quando mais alto o úbere tiver melhor e quanto mais inserido ele estiver melhor. ESTRESSE TERMICO O que mais interfere na questão de conforto térmico e temperatura é a produção de leite da vaca. Ex: A girolando (raça obtida através do cruzamento da Gir + Holandesa) se ela produz muito leite 25-40L, ela vai ter o mesmo estresse térmico de uma vaca holandesa com produção parecida, porque a produção de calor interno da vaca é em função da produção de leite e do sangue que está passando para a glândula mamária, então se essa vaca tiverem a mesma Deusa Martins – VET 436 produção de leite, elas terão o mesmo estresse térmico. A girolando produz bem menos que a holandesa, logo, por esse motivo ela produz menos calor interno e é menos susceptível ao estresse térmico. VACA JERSEY São raças de pequeno porte, pesam na fase adulta de 400-450kg. De todas as raças é a que tem o leite com maior quantidade sólidos, principalmente gordura (é uma raça que a genética dela permite que a produção de gordura seja maior, não é uma questão de diluição: ela produz menos leite, então vai ter mais gordura concentrada). A produção dela chega a 5000L por lactação (metade da produção da holandesa, mas ela é pequena, logo, come menos. Então se você faz uma avaliação do custo benefício, se você for fazer o queijo... ela interessante porque ela produz muitos sólidos). • Em MG nunca foi visto um rebanho de Jersey que tenha dado certo, o pessoal esquece que ela é uma vaca de clima temperado e que produzir ela no pasto. Então aqui em MG, o povo comprou muita Jersey do povo do sul (principalmente SC), mas não quis fazer confinamento, logo, não deu certo. É uma vaca que por ser pequena tem menos problema de pernas e pés, ela é leve. Ela é mais precoce para emprenhar, a holandesa emprenha com 14-15 meses e a Jersey emprenha com 11-12 meses. Tem facilidade de parto, comparado com a holandesa ela tem uma rusticidade maior. Ela tem uma pelagem parda e sempre os machos são mais escuros e ela tem sempre as extremidades pretas. *O consumo dela é 60% do consumo da holandesa. Um Problema da Jersey é que não é possível aproveitar a carne dela. O rendimento da carcaça é de 45%, já a Jersey vai de 30-35%, ela possui pouco músculo e pouca gordura e ela tem uma grande longevidade (ela vive cerca de 10 anos, ou seja, o produtor cria uma afinidade com o animal) PARDO SUIÇO O pessoal confunde muito com a Jersey, mas a pardo suíço é de grande porte, ao redor dos olhos é esbranquiçado, enquanto na Jersey é mais escura. De todas as três temperadas, a pardo suíço é a que tem ainda mais rusticidade, porque ela foi uma raça que ficou esquecida, o pessoal não fez melhoramento genético nela, logo, é uma raça que não produz tanto leite. Ela é grande e produz quase a mesma quantidade que a Jersey. Ela é uma raça de dupla aptidão, o que não é bom, o ideal é ser especializada, mas no momento de descarte a carcaça dela rende bem. Por ano, é comum no sistema de confinamento, 25% do rebanho é descartado (entra novilhas no lugar), a Jersey não rende bem (a carcaça) e a Deusa Martins – VET 436 holandesa mais ou menos. A Jersey produz por muito tempo (+- 10-15 anos porque ela emprenha muito fácil, ela quase não tem problema nenhum, é pequeno). Em resumo a pardo suíço é um animal de grande porte, alta rusticidade e precocidade, produz de 4500 – 6200 kg por lactação, a gordura varia de 3,5% a 4%, considerada de dupla aptidão com bons ganhos de peso, possui pele escura e solta, pele de cor cinza variando em tons. É uma raça que não vingou no Brasil, uma vez que ela é grande porte, consome muito alimento e produz menos leite que uma vaca holandesa. RAÇAS PURAS DE CLIMA TROPICAL São as raças que possuem o famoso cupim, raças zebuínas que vieram principalmente da região da índia para o brasil. São animais rústicos, vai para o pasto não morre, não pega carrapato e se pega não morre, se está fazendo muito calor, ela continua pastejando está se alimentando. É resistente a endo e ectoparasitas, mas tudo tem um preço: baixa produção de leite e a lactação é mais curta. Então aqueles 305 dias que a vaca precisa estar produzindo leite, dificilmente uma vaca zebuína irá conseguir, logo, você terá que secar essa vaca, terá que aplicar um antibiótico no teto dessa vaca para que ela fique seca e não fique com mastite, não apareça algum tipo de infecção. Essas raças tem menor produção de leite no pico de lactação e são mais férteis, uma vez que não está com a imunidade baixa e não produz muito leite, se não produz muito leite sobra nutrientes para a imunidade e para fertilidade (para a produção de hormônios relacionados a fertilidade). Em resumo, vacas de clima tropical são animais considerados mais rústicos e adaptados ao clima tropical, são resistentes a endoparasitas e ectoparasitas e ao clima. No entanto, menor produção de leite, lactação mais curta, menor produção no pico de leite e maior fertilidade. Quando a vaca produz muito leite ela tem mais dificuldade de emprenhar, uma vez que os hormônios vão para a produção de leite. GIR LEITEIRO A primeira coisa a ser observada é úbere, quando uma vai se observar uma vaca, olhe primeiro para o úbere. O úbere não possui um bom ligamento (esta caído), a teta é muito grossa, o que é prejudicial para a ordenha mecânica, uma vez que o tamanho da teteira é produzido tendo como referência a vaca holandesa. É uma vaca que precisa de estímulo para descer o leite, é preciso estar o bezerro perto dela ou aplicar o hormônio ocitocina. É uma vaca importante para produzir o girolando. Você vai em uma fazenda de Gir leiteiro puro, o objetivo da fazenda não é leite, geralmente é genética: Fêmea Gir e Macho Holandês. Existem mais de 34 padrões de pelagem, os tetos são cumpridos, a gente tem uma lactação de no máximo 290 dias, e produz de 1600L a 3600L de por lactação (isso tendo como base as melhores vacas). Deusa Martins – VET 436 Nesta imagem vemos um touro e duas fêmeas. Observando a cabeça é larga e vai afunilando, possui orelhas bem cumpridas e caídas, o chifre é virado para trás, cupim (que é a marca dos zebuínos), tetos muito grossos e sustentação não muito boa. O macho geralmente é sempre mais escurecido. Em resumo, é uma raça de porte médio, orelhas predominantemente de comprimento médio, pele preta ou escura com maior, conferindo maior resistência a incidência solar. Possui 34 tipos de pelagem, tetos com comprimento de 5 a 7 cm, produção variando de 1600 a 3600L de leite na lactação com gordura em torno de 4,5% e sua lactação dura menos (230 dias). *Possui um cupim (nos machos é mais proeminente) *Não existe fazenda de leite de Gir, as fazendas de Gir vende genética para fazer o Girolando. Geralmente a fêmea é Gir e o macho é holandês. GUZERÁ Dupla aptidão, possui chifres longos e curvados para cima, úbere muito pequeno de volume médio com tetos pequenos e médio. 2500L de leite na lactação, menor duração de lactação (280 dias) e há um maior intervalo entre partos. É um animal tardio, a idade ao primeiro parto é 48 meses, já de uma holandesaé de 24 meses, de uma Jersey 22 meses, Girolando 30 meses. A Guzerá fica 4 anos na fazenda para parir e ela teria que ficar 20 anos na fazenda para se pagar. O pessoal utiliza para fazer o Guzolando. O girolando é melhor, as pessoas que usam o Guzerá por questão de gosto pessoal, similar a discussão de cavalos da raça Manga Larga e Criolo. SINDI Porte médio, vermelha, dupla aptidão, são super adaptados ao clima extremamente seco, é utilizada no Nordeste, pode faltar 3 dias de água e ela vai continuar produzindo. Ela vai produzir menos leite das outras, de forma geral, mas ela é muito pequena. CRUZAMENTO Cruzamento é diferente de mestiçagem. Quando eu vou acasalar uma fêmea e um macho, esse acasalamento pode se chamar cruzamento se uma das raças for pura. Caso nenhuma das raças seja pura, é chamado de mestiçagem. O objetivo é explorar a complementaridade das raças. Deusa Martins – VET 436 Toda vez que tem uma raça pura tem um ganho de heterose, por exemplo, eu vou cruzar uma vaca que potencial para 10L com um touro que tem potencial para 30 litros, cada um vai passar metade para a sua filha. A filha terá potencial para produzir 20L, heterose é quando ela não vai produzir 20L e sim 22L, então, heterose é quando eu trago um gene ali de um animal puro e eu tenho um ganho além daquele matematicamente calculado. Se eu tivesse animais mestiços, não teríamos heteroses. Na mestiçagem nos podemos ter animais refugos, que vão produzir menos que o esperado. Melhoramento genético: A filha vai ter uma produção melhor que as anteriores. Incorpora genes desejáveis na produção. Esse tipo é mais simples e o mais comum, é quando a gente que limpar e ligar a raça holandesa, até chegar um momento que eu tenho um animal 31/32 e que depois eu posso registrá-lo como puro por cruza na sucessão, ter um registro que vai valorizar mais ainda esse animal. Esse um cruzamento continuo/absorvente. Macete de cálculo de cruzamento contínuo/absorvente CRUZAMENTO SIMPLES Há o cruzamento de duas raças simples O exemplo clássico são as fazendas com vaca gir. Nasce F1 que é o girolando meio sangue, que é hoje um dos mais valorizados, os meio sangue as vezes sai mais caro que a holandesa. CRUZZAMENTO CONTÍNUO/ABSORVENTE Vai continuamente cruzando com uma raça pura até absorver as características da outra raça. Não busca a heterose, produz animais puros por cruza (PC). CRUZAMENTO ALTERNADO Vai alternando o cruzamento entre duas raças, hora vai ser, por exemplo, zebu e hora vai ser holandês. Tem como objetivo manter o grau de sangue próximo a ½. Quando a fazenda quer manter um meio sangue ela vai ter que fazer FIV (Fertilização em vitro). É mais fácil a vaca emprenhar com inseminação do que com FIV, então elas emprenham de forma mais tardia. As meio sangue dessa fazenda vão servir de barriga de aluguel (coloca-se um embrião de uma vaca meio sangue de outra fazenda e de um macho, essa FIV é feita da escolha de animais muito superiores e geneticamente muito bons). Deusa Martins – VET 436 Uma fazenda que trabalhar somente com meio sangue, ela tem as filhas meio sangue e o macho tem que ser meio sangue, vai nascer um meio sangue. Isso foi uma mestiçagem e não ganho de heterose. Não se encontra animal meio sangue para se comprar no catálogo, so se encontra ¾ e 5/8, logo, você terá que comprar esse meio sangue de alguém esse touro, você não vai saber a genética dele, o potencial de produção. Não é fácil trabalhar somente com meio sangue. CRUZAMENTO ALTERNADO TRIPLO É quando você começa a fazer uma bagunça com três raças, esse tipo de sistema é muito utilizado na Bahia por um pessoal da Nova Zeelandia para produzir um leite chamado leitíssimo, que é marca de gordura mais alta no leite e é só da fazenda e as vacas estão a pasto. GIROLANDO Temos o touro holandês e a vaca gir, nasceu um meio sangue. O próximo acasalamento é novamente um touro holandês, nasce uma vaca ¾ HOL. Essa ¾ agora é acasalada com um touro 5/8 e nasce um 5/8H (por aproximação). O símbolo ≅ significa aproximação. Quando eu fiz esse acasalamento eu fiz uma mestiçagem, eu posso ter anu encontro animais muito bons e muitos ruins. O mais comum é encontrar animais ¾ e 1/2. É o tipo de cruzamento mais comum, resultado do cruzamento de uma Gir (que geralmente é fêmea) com um touro Holandês. Deusa Martins – VET 436 • Raça Pura sintética (5/8): Potencia genética, máxima produção. Ele é responsável por 80% da produção do leite do Brasil. O ministério da agricultura, em 1996, resolveu oficializar a raça Girolando propriamente dita, em 5/8 de sangue holandês e 3/8 de Gir. As vacas mais azebuadas são mais resistentes a ectoparasitas e quanto mais holandês, o rebanho mais exigente em trato, mais susceptível a carrapato, mais sensível a calor, etc COMPOSIÇÃO DO LEITE Uma tabela comparando a composição de leite entre as raças, deu-se destaque a Jersey, a raça que tem mais proteína e mais gordura, e a holandesa, raça que tem menos proteína e menos gordura. Se a Jersey estiver em conforto térmico e tendo uma dieta adequada, ela chega até 5% de gordura. CARACTERÍSTICAS DE TIPO Quando se escolhe um touro no catálogo, pode- se escolher um touro bom de tipo. Tipo são as características fenotípicas que serão transmitidas para as filhas. (abaixo há o padrão da sociedade de holandês, então este padrão só serve para holandês). PROFUNDIDADE DO CORPO A vaca que vai produzir mais leite é a mais profunda, vai caber mais comida no rúmen, retículo, omaso e abomaso, vai ter pulmões maiores para respirar e ter toda a ventilação necessária para produzir leite. Se ela for profunda demais é ruim, porque o úbere pode cair junto com o corpo. Então o ideal é nota 7. LARGURA DOS ÍSQUIOS O ideal é o largo (nota 9) por causa da facilidade de parto, então busca-se um touro que vai passar a capacidade para suas filhas de ter o ísquios largos, para que suas filhas tenham facilidade no parto. ÂNGULO DO CASCO Um ângulo muito baixo chamam-se de sapatado e um ângulo muito alto chamam-se de encastelado. O ideal pensando em longevidade é que o casco seja de intermediário a encastelado (nota 7). Quem dá essas notas é um técnico especializado da associação, que faz a avaliação do rebanho. INSERÇÃO DE ÚBERE Deusa Martins – VET 436 O ideal é um 9, bem inserido, caso contrário o úbere pode cair. ALTURA DO ÚBERE Pega-se um jarrete e faz-se uma linha até a vagina dessa vaca e úbere tem que estar acima dessa linha, quanto mais alto melhor (ideal 9), porque quer dizer que vai ter mais alvéolo e vai caber leite. PROFUNDIDADE DE ÚBERE Se pegar uma vaca muito velha, de 5-6 crias, vai estar diferente se pegar uma vaca de primeira segunda cria, então precisa-se entender o momento de fazer isso. Pode-se ter s avaliação da primípara e a de terceira lactação. Tem-se como referente a linha do jarrete, o ideal é quando a tenta da vaca esteja acima da linha do jarrete, mas não muito acima (porque se estiver o úbere é pequeno). Nota ideal: 5. LIGAMENTO SUSPENSÓRIO MEDIANO Você vê a vaca por trás e vai ter que ter um ligamento que sustenta, o que sustenta melhor é o máximo (nota 9). COLACAÇÃO DE TETOS Anteriores para fora é ruim na hora de colocar a tetera, quando a ordenha é robótica, o robô não identifica a teta, então essa vaca seria descartada. Quando as tentas anteriores são muito juntas também é ruim, porque as vezes um teto contaminado pode contaminar o outro, o ideal é que seja no meio e a associação coloca valores diferentes para o anterior e posterior, nota 6 e 5 respectivamente. Então ela quer que o anterior seja um pouco mais aberto,isso para o padrão da raça, de forma geral, tetas mais centralizadas. COMPRIMENTO DOS TETOS Teto muito curto, coloca a tetera não dá, teto muito longo coloca tetera pode até não cair, mas se tem o esfíncter do teto mais fraco, sem falar que é feio. Então o ideal é que seja de 5 (de 5 a 7cm) CATÁLOGO DE TOUROS Deusa Martins – VET 436 Pegou-se o exemplo do AltaGOPRO assim que ele foi lançado. PRODUÇÃO DE LEITE Tem-se leite “+2.312”, significa que ele produz 2,312 libras a mais do que a média americana. (A base americana é usada como referência). Hoje essa média americana está por volta de 11.000L, se passar 2.300 libras para litros, vai dar +- 1500L. Então esse touro tem a capacidade de passar 13.000L em uma lactação. É um touro bom? É excelente. Vai-se acasalar com uma vaca do Brasil (2.000L), cada um vai passar metade (o touro vai passar 6.750L e a vaca 1.000L), então a filha vai produzir 7.750L. Você saiu de uma mãe que produzia 2.000L para uma filha que pode produzir 4x mais. Para ela alcançar essa produção depende de vários fatores, alimentação, conforto térmico, dentre outros fatores. Nessa tabela há outra informação importante, que é o conf, de confiabilidade, que estão 80%, então, aquela informação da produção dele é 80% confiável, então pode ser que aconteça 80% das vezes e outras 20% ela pode ser menor ou maior. Este touro não tem nenhuma filha neste momento, porque com o avanço do genoma, hoje um tourinho nasce e já se faz o genoma dele, ou seja, não é necessário esperar ele chegar a fase adulta, emprenhar um momente de vaca, nascer as filhas, para ver que elas vão produzir. Houve um ganho de 7-10 anos. Depois que ele teve filhas e comprovou-se a produção, a confiabilidade passou para 95%. SAÚDE A vida produtiva da filha também pode ser observada, DPR (taxa de prenhez da filha), ali está levemente negativa, o que quer dizer que as filhas não irão se emprenhar tão fácil quando se compara com um touro de DPR positiva. Quando se avança nos estudos, você tem que esse valor é negativo, mas é quase zero e a herdabilidade é muito baixa, porque para você emprenhar uma vaca há muitos fatores, a genética interfere pouco. TIPO Deusa Martins – VET 436 Você tem força, estatura, profundidade corporal, etc. Há várias características onde mostra que ele é um touro melhorador de tipo, porque a maioria das características estão positivas. Quando você observa o PTA tipo (que é uma combinação de todas as características) ele é um touro destaque. Obs: tudo que está em amarelo é porque ele é destaque em relação a outros touros. Aqui temos um touro que é 99% confiável porque ele já tem 3.791 filhas, filhas que viraram vacas e que oficialmente mensurou-se a produção delas. Este touro passa uma produção de leite menor que o outro.
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