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Livro Texto Biomedicina Interdisciplinar I

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Autor: Prof. Giovani Bravin Peres
Colaboradores: Prof. Flávio Buratti Gonçalves
 Prof. Luiz Henrique Cruz de Mello
Biomedicina Interdisciplinar
Professor conteudista: Giovani Bravin Peres
Giovani Bravin Peres é professor nas áreas de Ciências da Saúde e entusiasta da Educação. Nascido em 1988, em 
São Paulo – SP, é bacharel em Ciências Biológicas – Modalidade Médica pela Escola Paulista de Medicina, Universidade 
Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP, 2009), mestre (2012) e doutor em Ciências (2016) pelo programa de Pós-Graduação 
em Biologia Molecular da EPM-UNIFESP (CAPES 7), e especialista em Administração de Empresas pela Fundação 
Getúlio Vargas (FGV, 2014). Possui experiência em: ensino, tendo lecionado em caráter superior e pré-vestibular, atuou 
também com composição e tradução de material didático; em pesquisa acadêmica na área de Bioquímica e Biologia 
Molecular, com ênfase em glicoconjugados, atuando, principalmente, com enzimas lisossomais, metaloproteases de 
matriz, glicosaminoglicanos e proteoglicanos de matriz extracelular, diabetes mellitus e nefropatia diabética. Também 
tem experiência com liderança e gestão, tendo atuado como coordenador e diretor geral do Cursinho Universitário 
Jeannine Aboulafia (EPM-UNIFESP, 2008/2010). Atualmente, é professor titular da Universidade Paulista (UNIP) no 
programa de pós-graduação em Patologia Ambiental e Experimental (Medicina Veterinária) e no curso de graduação 
em Biomedicina, responsável pelas disciplinas de Bioestatística, Biofísica, Biologia Molecular, Bioquímica, entre outras, 
na graduação, e pela disciplina de Estatística Aplicada à Pesquisa, na pós-graduação.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P437b Peres, Giovani Bravin.
Biomedicina Interdisciplinar / Giovani Bravin Peres. – São Paulo: 
Editora Sol, 2021.
236 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Agente etiológico. 2. Diagnóstico. 3. Tratamento. I. Título.
CDU 61
U512.96 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Unip Interativa
Profa. Dra. Cláudia Andreatini
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Irana Magalhães
 Vera Saad
 
Sumário
Biomedicina Interdisciplinar
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 FUNDAMENTOS DA BIOLOGIA VIRAL ...................................................................................................... 11
1.1 Por que estudamos vírus? ................................................................................................................. 11
1.1.1 Vírus estão em toda parte ....................................................................................................................11
1.1.2 Vírus também fazem parte de nós................................................................................................... 15
1.2 Infecções virais e as primeiras vacinas antivirais .................................................................... 17
1.3 A identificação de agentes patogênicos ..................................................................................... 22
1.4 Catalogando vírus ................................................................................................................................ 28
1.4.1 O sistema clássico ................................................................................................................................... 29
1.4.2 A elegância do sistema de classificação de Baltimore ............................................................ 30
1.4.3 Vírus com genomas de DNA ............................................................................................................... 32
1.4.4 Vírus com genomas de RNA ............................................................................................................... 33
1.5 Estratégias de codificação ................................................................................................................ 37
2 DOENÇAS VIRAIS TRANSMITIDAS POR VETOR .................................................................................... 39
2.1 Febre amarela ......................................................................................................................................... 39
2.1.1 Breve histórico ......................................................................................................................................... 39
2.1.2 Agente etiológico ................................................................................................................................... 42
2.1.3 Aspectos epidemiológicos ................................................................................................................... 46
2.1.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas ................................................................. 51
2.1.5 Diagnóstico laboratorial ....................................................................................................................... 56
2.1.6 Tratamento ................................................................................................................................................ 60
2.1.7 Imunização ................................................................................................................................................ 61
2.2 Dengue ..................................................................................................................................................... 62
2.2.1 Breve histórico ......................................................................................................................................... 62
2.2.2 Agente etiológico ................................................................................................................................... 64
2.2.3 Aspectos epidemiológicos ................................................................................................................... 66
2.2.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas ................................................................. 69
2.2.5 Diagnóstico laboratorial ....................................................................................................................... 74
2.2.6 Tratamento ................................................................................................................................................ 76
2.2.7 Imunização ................................................................................................................................................ 77
2.3 Chikungunya .......................................................................................................................................... 78
2.3.1 Breve histórico .........................................................................................................................................78
2.3.2 Agente etiológico ................................................................................................................................... 79
2.3.3 Aspectos epidemiológicos ................................................................................................................... 83
2.3.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas ................................................................. 86
2.3.5 Diagnóstico laboratorial ....................................................................................................................... 88
2.3.6 Tratamento ................................................................................................................................................ 89
2.3.7 Imunização ................................................................................................................................................ 90
2.4 Zika ............................................................................................................................................................. 91
2.4.1 Breve histórico ......................................................................................................................................... 91
2.4.2 Agente etiológico ................................................................................................................................... 92
2.4.3 Aspectos epidemiológicos ................................................................................................................... 96
2.4.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas ................................................................. 98
2.4.5 Diagnóstico laboratorial .....................................................................................................................101
2.4.6 Tratamento ..............................................................................................................................................103
2.4.7 Imunização ..............................................................................................................................................103
3 PROTOZOOSES TRANSMITIDAS POR VETOR – MALÁRIA ...............................................................104
3.1 Breve histórico .....................................................................................................................................104
3.2 Agente etiológico ...............................................................................................................................105
3.3 Morfologia e caracteres diferenciais dos parasitas da malária .......................................109
3.3.1 Plasmodium vivax .................................................................................................................................109
3.3.2 Plasmodium falciparum ......................................................................................................................111
3.3.3 Plasmodium malariae..........................................................................................................................112
3.3.4 Plasmodium ovale ................................................................................................................................114
3.4 Aspectos epidemiológicos...............................................................................................................115
3.5 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas .............................................................118
3.6 Diagnóstico laboratorial ..................................................................................................................120
3.7 Tratamento ............................................................................................................................................121
3.8 Imunização e proteção natural ....................................................................................................122
4 PROTOZOOSES TRANSMITIDAS POR VETOR – LEISHMANIOSE ...................................................123
4.1 Breve histórico .....................................................................................................................................123
4.2 Agente etiológico ...............................................................................................................................125
4.3 Aspectos epidemiológicos...............................................................................................................126
4.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas .............................................................129
4.4.1 Leishmaniose tegumentar ................................................................................................................ 129
4.4.2 Leishmaniose visceral ......................................................................................................................... 133
4.4.3 Diagnóstico laboratorial .................................................................................................................... 135
4.4.4 Tratamento ............................................................................................................................................. 136
4.4.5 Imunização ............................................................................................................................................. 138
Unidade II
5 DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS – HEPATITE A..............................................................................144
5.1 Breve histórico .....................................................................................................................................144
5.2 Agente etiológico ...............................................................................................................................145
5.3 Aspectos epidemiológicos...............................................................................................................152
5.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas .............................................................154
5.5 Diagnóstico laboratorial ..................................................................................................................156
5.6 Tratamento ............................................................................................................................................157
5.7 Imunização ............................................................................................................................................158
6 DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS – GONORREIA ...........................................................................158
6.1 Breve histórico .....................................................................................................................................158
6.2 Agente etiológico ...............................................................................................................................160
6.3 Aspectos epidemiológicos...............................................................................................................165
6.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas .............................................................166
6.5 Diagnóstico laboratorial ..................................................................................................................168
6.6 Tratamento ............................................................................................................................................170
6.7 Imunização ............................................................................................................................................171
7 DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS – TUBERCULOSE .......................................................................172
7.1 Breve histórico .....................................................................................................................................1727.2 Agente etiológico ...............................................................................................................................174
7.3 Aspectos epidemiológicos...............................................................................................................175
7.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas .............................................................177
7.5 Diagnóstico laboratorial ..................................................................................................................178
7.6 Tratamento ............................................................................................................................................182
7.7 Imunização ............................................................................................................................................183
8 DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS – INFLUENZA .............................................................................184
8.1 Breve histórico .....................................................................................................................................184
8.2 Agente etiológico ...............................................................................................................................186
8.3 Aspectos epidemiológicos...............................................................................................................191
8.4 Aspectos fisiopatológicos e manifestações clínicas .............................................................193
8.5 Diagnóstico laboratorial ..................................................................................................................195
8.6 Tratamento ............................................................................................................................................196
8.7 Imunização ............................................................................................................................................197
9
APRESENTAÇÃO
As ciências da saúde contemplam uma miríade de assuntos, sobre a qual estudantes dedicam-se, 
simultaneamente, a diversos conteúdos. No campo da biomedicina, para fins didáticos, tradicionalmente 
as disciplinas são divididas em áreas básicas e clínicas. A adequada articulação entre essas frentes é 
importante para que os alunos desenvolvam as habilidades necessárias para investigar, analisar e perceber 
o paciente como um todo.
Nos grandes centros educacionais mundo afora, há o reconhecimento de que o ensino integrativo é 
fundamental. Assim, Biomedicina Interdisciplinar tem por objetivo correlacionar diferentes conteúdos, 
de relevância na atualidade, visando promover a integração interdisciplinar e multiprofissional. 
Trata-se de uma disciplina que desenvolve subsídios e ferramentas fornecidas em outras frentes da 
matriz curricular do curso de Biomedicina, sendo, portanto, de grande importância para a formação e 
atuação profissional do biomédico.
Ao final deste livro, o aluno revisará e aprofundará conteúdos trabalhados durante o curso de 
Biomedicina, integrará conhecimentos básicos, pré-profissionais e profissionais, contemplando a 
interdisciplinaridade e o envolvimento multiprofissional do curso, além de ser incentivado à contínua 
atualização e à busca de informações pertinentes acerca dos principais temas desta área na atualidade.
INTRODUÇÃO
O ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1969, Alfred D. Hershey, por seus estudos 
envolvendo bacteriófagos, certa vez disse que o objetivo duradouro do esforço científico, como de todo 
empreendimento humano, é alcançar uma visão inteligível do universo. Compreender um fenômeno 
não se dá pelo simples acúmulo de fatos. A compreensão é alcançada por meio de atos criativos, quando 
princípios compartilhados são identificados diante da clareza de o uno ser igual ao todo.
No campo da biologia, assim se deu inúmeras vezes: identificamos que todos os seres vivos são 
compostos por células (princípio compartilhado), ainda que nem todos os seres vivos do planeta 
sejam conhecidos; sabemos que todos os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios (princípio 
compartilhado), ainda que novos vírus surjam e tornem-se alvo da preocupação humana; evidenciamos 
que ácidos nucleicos são a base da informação genética dos organismos (princípio compartilhado), 
ainda que uma fração singela, diante da vida do planeta, tenha sido sequenciada.
O desejo de escrever mais e mais sobre pormenores é a maldição da ciência reducionista e a ruína 
daqueles que escrevem livros didáticos destinados a estudantes. Para manter um fio narrativo atrativo 
e a atenção do leitor, as informações serão destiladas com a intenção de extrair tais princípios essenciais, 
enquanto que as descrições de como as informações foram adquiridas serão apresentadas oportunamente.
Em Biomedicina Interdisciplinar, a visão integrativa entre as disciplinas básicas e clínicas se dará 
no contexto do estudo de algumas doenças selecionadas (virais, bacterianas e parasitárias). Este livro 
está divido em duas unidades: na primeira, veremos as doenças infecciosas transmitidas por vetor, 
enquanto que a segunda apresenta as doenças infectocontagiosas. Em cada capítulo serão percorridos 
10
aspectos da etiologia e epidemiologia das doenças em questão, bem como as alterações orgânicas e 
suas consequências, finalizando com o diagnóstico e tratamento adequados.
Para entender as bases do diagnóstico laboratorial e clínico, é necessário compreender a desarmonia 
decorrente do estado patológico e, portanto, conciliar as diferentes disciplinas como peças de um 
complexo quebra-cabeça: alterações bioquímicas, danos na arquitetura tecidual e modulação da 
resposta inflamatória, por exemplo, são decorrência dos agentes invasores e da quebra da homeostase. 
Justamente, tais aspectos são a base de princípios diagnósticos que permitem a correta intervenção 
humana na resolução da doença.
11
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Unidade I
1 FUNDAMENTOS DA BIOLOGIA VIRAL
1.1 Por que estudamos vírus?
Entre as doenças selecionadas para composição deste volume, algumas são causadas por vírus. 
Convém, portanto, serem retomadas noções gerais da biologia viral, a fim de facilitar a compreensão de 
aspectos intrínsecos de uma doença infecciosa, como decurso da doença, período de transmissibilidade 
e janela diagnóstica, por exemplo. A patogenicidade de um vírus está intimamente associada à 
suscetibilidade de seu hospedeiro, como se o vírus “vivesse” a vida alheia como sua própria (no 
âmbito celular).
1.1.1 Vírus estão em toda parte
Há mais de meio século, Salvador E. Luria – laureado com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina 
em 1969, por suas descobertas em relação aos mecanismos de replicação e da estrutura genética em 
vírus – disse que existe uma simplicidade intrínseca da natureza, e a contribuição mais importante da 
ciência residiria na descoberta de generalizações unificadoras e simplificadoras, em vez da descrição 
de situações isoladas; na visualização de padrões gerais simples, em vez da análise de retalhos isolados 
em uma colcha. Uma explosão informacional ocorreu nas ciências da saúde desde os tempos de Luria, 
contudo, sua visão de unidade na diversidade permanece tão relevante quanto outrora.
Ainda que novos vírus sejam descritos e que doenças virais como a síndrome da imunodeficiência 
adquirida (AIDS, sigla em inglês), hepatite e influenza continuem a desafiar nossos esforços para 
controlá-las, a proposição de Luria permanece válida: mesmo que o nosso conhecimento aumente, 
evidencia-se que todos os vírus seguem as mesmas estratégias simples para perpetuarem-se. Esta 
constatação é resultado de muitos anos de observação, pesquisa e debate científico; a história da virologia 
é rica e altamente instrutiva, pois, ao estudarmos esses agentes, aprendemos mais sobre nós mesmos.
Vivemos em um mundo viral. A proporção estimada de partículas virais no meio ambientealcança 
números impressionantes tanto em quantidade quanto em massa. Todos os seres vivos deparam-se com 
bilhões de partículas virais todos os dias. Por exemplo, vírus dispersos no ar alcançam nossos pulmões 
junto com os 6 litros de ar que inalamos a cada minuto; eles passam por nosso trato gastrointestinal junto 
com água e alimentos; são transferidos a nossos olhos, bocas e outros pontos de entrada a partir de 
superfícies que tocamos e pessoas com as quais interagimos.
Nossos corpos são verdadeiros reservatórios virais. Nossa corrente sanguínea abriga mais de 100 mil 
partículas virais por mililitro. Além daqueles capazes de nos infectar, nossos intestinos evidenciam 
diariamente uma miríade de vírus que afetam células vegetais ou de insetos, bem como as centenas de 
espécies de bactérias que nos colonizam também possuem sua própria constelação de vírus.
12
Unidade I
Pele, pelos e unhas
(>13)
Trato digestivo
(>19)
Sangue
(>19)
Trato urogenital
(>6)
Trato respiratório
(>17)
Sistema nervoso
(>3)
Vírus de DNA
Vírus de RNA
Figura 1 – O viroma humano. Nosso conhecimento acerca da diversidade de vírus existentes no corpo 
humano sadio aumentou consideravelmente com o advento de técnicas de sequenciamento de alta 
performance e ferramentas de bioinformática. Estimativas referentes ao número de famílias virais 
distintas cujos genomas são de RNA ou de DNA estão indicadas entre parênteses; o símbolo > indica 
a presença de vírus adicionais ainda não atribuídos a famílias conhecidas. Esses números podem 
aumentar à medida que as ferramentas diagnósticas evoluam e novas famílias virais 
sejam descobertas
Fonte: Flint et al. (2020, p. 4).
Diante de tamanha exposição, é fantástico constatar que a maioria dos vírus que nos infectam 
apresenta pouco ou nenhum impacto sobre nossa saúde ou bem-estar. Você já havia pensado nisso?
Isso se deve a um elaborado e eficiente complexo de defesa, o sistema imunológico, que evoluiu para 
combater infecções. Quando estas defesas estão comprometidas, até mesmo as infecções mais singelas 
podem ser letais. Apesar desta proteção eficiente, algumas das doenças mais devastadoras são causadas 
por vírus, como a varíola, a febre amarela, a poliomielite, influenza, sarampo e AIDS. Infecções virais 
podem levar a doenças que impactam virtualmente todos os órgãos, incluindo pulmões, fígado, sistema 
nervoso central e intestinos. Além disso, vírus são responsáveis por aproximadamente 20% dos casos de 
câncer em seres humanos, e infecções virais que afetam os tratos respiratório e gastrointestinal matam 
milhões de crianças todos os anos, em países em desenvolvimento.
Para ressaltar a magnitude deste mundo viral em que estamos inseridos, vejamos alguns números 
surpreendentes:
13
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
• Vírus são as entidades mais abundantes da biosfera. A biomassa de bacteriófagos do nosso planeta 
excede – sozinha – a massa de todos os elefantes em conjunto, por um fator de mais de mil vezes.
• Existem mais de 1030 partículas de bacteriófagos nos oceanos, que, se pudessem ser empilhadas 
umas sobre as outras em fila indiana, equivaleriam a uma distância de 200 milhões de anos-luz 
de uma ponta a outra (para referência, 1 ano-luz equivale a aproximadamente 9,46x1012 km, e a 
distância da Terra ao Sol é de 147.450.000 km ou 1,58x10-5 ano-luz).
• Baleias comumente são infectadas por um vírus pertencente à família Caliciviridae, que causa 
erupções cutâneas, bolhas, problemas intestinais e diarreia. Esses gigantescos mamíferos 
infectados excretam mais de 1013 partículas de calicivírus por dia junto às fezes. Além do número 
impressionante, saiba que o mesmo vírus também é capaz de infectar seres humanos (pense bem 
ao bochechar água do mar).
O corpo humano contém aproximadamente 1013 células, em média. Contudo, estima-se que o 
número de partículas virais em nós exceda esse número em mais de cem vezes.
 Saiba mais
Para mais informações sobre os vírus marinhos e seus efeitos, consulte:
SUTTLE, C. A. Marine viruses — major players in the global ecosystem. 
Nature Reviews Microbiology, v. 5, n. 10, p. 801-812, 2007. Disponível em: 
https://bit.ly/2WvkveZ. Acesso em: 28 jul. 2021.
ANGLY, F. E. et al. The Marine Viromes of Four Oceanic Regions. PLOS 
Biology, v. 4, n. 11, e368, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3C0noVx. Acesso 
em: 28 jul. 2021.
CULLEY, A. I. Metagenomic Analysis of Coastal RNA Virus Communities. 
Science, v. 312, n. 5781, p. 1795-1798, 2006. Disponível em: https://bit.ly/2VQizgI. 
Acesso em: 10 ago. 2021.
RACANIELLO, V. The abundant and diverse viruses of the seas. Virology 
blog about viroses and viral diseases, 20 mar. 2009. Disponível em: 
https://bit.ly/3fZznZS. Acesso em: 1º jan. 2021.
Embora, neste material, vírus que causam doenças em seres humanos sejam nosso foco, é importante 
ressaltar que para cada ser vivo existem vírus capazes de infectá-los. De animais domesticados e 
selvagens, plantas e insetos a algas, fungos e bactérias – todos são infectados por vírus. Existem aqueles 
que infectam, inclusive, outros vírus (virófagos), utilizando-os como veículos para atingir uma célula 
(cavalos de Troia) ou que dependem de maquinarias virais alheias para completar um ciclo replicativo. 
https://bit.ly/2WvkveZ
https://bit.ly/3C0noVx
https://bit.ly/2VQizgI
https://bit.ly/3fZznZS
14
Unidade I
Infecções virais em plantas e animais de interesse humano podem apresentar grandes impactos 
econômicos e sociais. Epidemias, como as de febre aftosa e influenza aviária, levaram ao abate de 
milhões de animais – como bovinos, ovinos e aves – visando controlar a disseminação.
A) B) C) 
Figura 2 – Vírus infectam todos os seres vivos. (A) Primeiro registro por microscopia eletrônica de 
bacteriófagos adsorvidos à superfície de Escherichia coli, em 1940. (B) Representação esquemática 
da imagem apresentada no painel A (bacteriófagos fora de escala, para fins didáticos). (C) Virófagos 
Sputnik no interior do capsídeo de um mamavírus (família Mimiviridae) de Acanthamoeba 
polyphaga (espécie de ameba). Representantes da família Mimiviridae são excepcionalmente grandes 
comparados a outros vírus, muitos dos quais maiores que bactérias
Disponível em: A) https://bit.ly/2UiWOWz; C) Desnues et al. (2008, p. 100).
 Observação
A febre aftosa é uma doença viral que infecta bovinos, porcinos e 
ovinos, além de outras espécies de animais selvagens. Embora a taxa de 
mortalidade seja baixa, a morbidade é elevada e animais infectados em 
fazendas perdem seu valor comercial.
O vírus da febre aftosa é altamente contagioso, sendo o abate de rebanhos inteiros em áreas 
afetadas o método mais comum e efetivo para controle de uma epidemia. Trabalhar na prevenção é 
uma estratégia economicamente mais viável. Há mais de 50 anos, o Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento (Mapa), em parceria com a iniciativa privada, vem desenvolvendo programas para 
erradicar a febre aftosa dos rebanhos brasileiros. Os avanços já podem ser comprovados: o último caso 
registrado no Brasil foi em 2006.
Em 2001, uma epidemia se espalhou do Reino Unido para outros países da Europa, levando ao 
abate de mais de 3 milhões de animais (infectados ou não). Os custos econômicos, sociais e políticos 
ameaçaram o governo britânico. Imagens de valas gigantescas e piras horrendas repletas de carcaças de 
animais mortos sensibilizaram a opinião pública.
https://bit.ly/2UiWOWz
15
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
 Saiba mais
Para saber mais sobre a febre aftosa, consulte:
HUNT, J. Foot-and-mouth is knocking on Europe’s door. Farmers Weekly, 
3 jan. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3g4JPPJ. Acesso em: 2 jan. 2021.
BATES, C. When foot-and-mouth disease stopped the UK in its tracks. 
BBC News Magazine, 17 fev. 2016. Disponível em: https://bbc.in/3shFbml. 
Acesso em: 2 jan. 2021.
BRASIL. Brasil Livre da Febre Aftosa. Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento, 27 mar. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3yRhJPA. 
Acesso em: 2 jan. 2021.
Você sabiaque, apesar dos impactos negativos na agricultura, pecuária e na saúde humana 
e animal, vírus também podem ser benéficos? No ramo da ecologia marinha, efeitos positivos da 
existência de vírus são mais facilmente evidenciados em função da abundância. Cerca de 94% de 
todas as partículas contendo ácidos nucleicos nos oceanos são vírus. Infecções virais no oceano 
matam de 20 a 40% de todos os microrganismos marinhos diariamente, liberando matéria orgânica, 
que é utilizada pelo fitoplâncton na base da cadeia alimentar, bem como dióxido de carbono e 
outros gases que afetam o clima da Terra.
Patógenos também exercem influência uns sobre os outros: a infecção por um vírus pode apresentar 
efeito positivo no combate a outra doença bacteriana ou viral. Por exemplo, pacientes HIV positivos 
apresentam substancial redução da progressão da doença se estiverem infectados pelo vírus da hepatite G 
(pegivírus humano, HPgV, ou anteriormente conhecido como GBV-C), e camundongos infectados por 
herpesvírus murino são resistentes a infecções bacterianas causadas por Listeria monocytogenes e 
Yersinia pestis.
Embora vírus geralmente possuam um espectro limitado de hospedeiros que possam infectar, alguns 
são capazes de cruzar a barreira entre espécies facilmente, causando zoonoses. Com o aumento da 
população mundial e o devastamento de áreas selvagens, a infecção de seres humanos por vírus silvestres 
tem aumentado. A epidemia de AIDS decorrente do HIV, a febre hemorrágica fatal causada pelo vírus 
Ebola e a síndrome respiratória aguda grave em função da pandemia de Sars-Cov-2 são exemplos de 
doenças virais que emergiram como infecções zoonóticas.
1.1.2 Vírus também fazem parte de nós
Cada célula do nosso corpo contém DNA viral. Retrovírus endógenos humanos e seus elementos 
compõem cerca de 8% do nosso genoma. A maioria está inativa, como remanescentes fósseis de 
infecções ocorridas em linhagens germinativas ao longo de milhões de anos de evolução. Embora 
16
Unidade I
alguns estejam possivelmente associados com doenças específicas, certas sequências reguladoras e 
produtos proteicos virais foram cooptados durante nossa evolução por suas funções exclusivas. Por 
exemplo, produtos de genes retrovirais podem desempenhar um papel na regulação da pluripotência 
das linhagens germinativas, na transmissão de sinais em sinapses e também na forma como nascemos. 
O desenvolvimento da placenta humana depende da fusão de células promovida por uma proteína 
retroviral. Se não fossem esses retrovírus endógenos, talvez ainda estivéssemos produzindo embriões em 
ovos, como as aves e os répteis.
Estudos genômicos recentes indicam que nossa herança viral não está limitada a retrovírus. O 
genoma de seres humanos e de outros vertebrados porta sequências derivadas de diversos outros vírus 
de DNA e RNA. Estima-se que muitas dessas inserções ocorreram entre 40 e 90 milhões de anos atrás, 
trazendo certa luz sobre a idade e a evolução de vírus que circulam até hoje. Além disso, a conservação 
de algumas sequências virais no genoma de vertebrados sugere que essas podem ter sido selecionadas 
em função de propriedades vantajosas ao longo da evolução.
O estudo de vírus foi de suma importância para certos campos, como a antropologia. À medida 
que os seres humanos migraram de uma área a outra do planeta, linhagens de vírus características 
de uma dada região também foram levadas com eles. Juntamente com informações arqueológicas, a 
identificação de marcadores virais foi empregada para traçar as rotas percorridas pelos seres humanos.
Figura 3 – Rastreamento da migração humana por meio de vírus. Um poliomavírus conhecido como 
vírus JC (abreviação para John Cunningham) é transmitido entre familiares e grupos populacionais 
que coexistiram, desde a origem da vida humana na África. Esse vírus não causa doença em pessoas 
sadias, contudo em indivíduos imunodebilitados (como em transplantados ou em pacientes com 
AIDS) é responsável por uma forma de leucoencefalopatia multifocal progressiva. A maioria dos 
indivíduos é infectada na infância, assim permanecendo por toda a vida. A análise de genomas do 
vírus JC em populações de diferentes regiões do planeta sugeriu que a expansão dos seres humanos 
antigos a partir da África seguiu duas rotas de migração distintas. Os estudos são consistentes com 
análises de marcadores de DNA humano (linha sólida). Uma rota alternativa, não detectada apenas 
pela análise de material humano, é indicada pela linha tracejada
Disponível em: https://bit.ly/3yQlNPZ. Acesso em: 10 ago. 2021.
https://bit.ly/3yQlNPZ
17
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Quando os primeiros grupamentos humanos domesticaram animais e conviveram com eles, 
seguramente foram expostos a diferentes vírus em comparação com grupos nômades de coletores e 
caçadores. De forma semelhante, como muitos desses agentes são endêmicos nas regiões tropicais, 
sociedades que habitavam tais locais devem ter sido expostas a uma maior variedade de vírus em 
comparação com as que se estabeleceram em climas temperados. Quando grupos nômades se 
encontraram com aqueles que domesticavam animais, o contato homem a homem estabeleceu novos 
caminhos de transmissão para os vírus se espalharem.
Entretanto, é improvável que vírus como o do sarampo e da varíola tenham se estabelecido em 
pequenos grupamentos humanos. Partículas altamente virulentas, tal como as conhecemos hoje, ou 
matam seus hospedeiros, ou tendem a induzir imunidade vitalícia. De tal forma, podem sobreviver 
apenas quando há muita interação social em grandes grupos populacionais, pois possíveis hospedeiros 
suscetíveis serão infectados e continuarão a propagação. Tais vírus, portanto, não poderiam ter se 
estabelecido junto a seres humanos até que as sociedades se tornassem relativamente grandes. Logo, 
é mais provável que agentes menos virulentos tenham estabelecido um relacionamento com seus 
hospedeiros mais cedo na história humana. Entre esses, destacam-se os retrovírus modernos, herpesvírus 
e papilomavírus humanos.
1.2 Infecções virais e as primeiras vacinas antivirais
Existem diversos registros de doenças ao longo da história humana, que hoje sabemos serem virais. 
As leis mesopotâmicas descreviam quais deveriam ser as responsabilidades de proprietários de cães 
raivosos. Hieróglifos ilustravam consequências de lesões condizentes com quadros de poliomielite. 
Lesões pustulosas, características de varíola, foram observadas em múmias egípcias. A exposição de 
milhões de nativos americanos a esse mesmo vírus foi um fator importante na conquista da América por 
um grupo pequeno de europeus. Os primeiros relatos europeus de febre amarela datam da chegada dos 
conquistadores ao continente africano e acredita-se que essa praga seja a base por trás das histórias de 
navios fantasmas, como o Holandês Voador, em que toda a tripulação pereceu misteriosamente.
Ainda que de forma não consciente, os seres humanos também aprenderam a manipular esses 
agentes ao longo da história. Um exemplo clássico é no cultivo de tulipas. No século XVII, o botânico 
alemão Carolus Clusius iniciou o cultivo experimental de tulipas da Turquia. Clusius verificou que, em 
alguns casos, as tulipas desenvolveram pétalas anormais, mas muito bonitas, com quebras de 
cor, que consiste numa incapacidade de desenvolvimento de pigmento em secções da pétala, em 
flores que normalmente desenvolvem coloração sólida. Devido a esse fenômeno fora do comum, 
essas flores tornaram-se muito valiosas e cobiçadas. Apenas em 1930 descobriu-se que o agente 
responsável por esse fenômeno era o vírus mosaico da tulipa (TBV, do inglês tulip breaking virus).
18
Unidade I
Figura 4 – Tulipas infectadas por TBV. O TBV, ou vírus mosaico da tulipa, é responsável por mudanças 
drásticas na pigmentação do perianto (sépalas e pétalas), resultando em padrões rajados em tulipas
Disponível em: https://bit.ly/3yUwCAo. Acesso em: 5 jan. 2021.
Tentativas de controle de uma doença viral específica – a varíola – foram empregadas aolongo do 
último milênio. A variolação consistia na inoculação cutânea com lancetas, em indivíduos sadios, de 
material obtido a partir de lesões de infectados com varíola. Com a doença amplamente difusa na China 
e na Índia, a partir do século XI, o princípio do método advinha da observação de que sobreviventes 
da varíola não a contraíam novamente. Assim, o uso da variolação difundiu-se ao longo da Ásia com o 
tempo, e seu valor foi reconhecido por Lady Mary Wortley Montagu, esposa do embaixador britânico no 
Império Otomano, em viagem à Turquia. Ela trouxe essa prática para a Inglaterra, em 1721, onde ganhou 
sucesso a partir da inoculação de crianças da família real. Diz-se que George Washington também 
introduziu a prática entre soldados do Exército Continental em 1776, nos Estados Unidos da América.
Entretanto, as consequências da variolação eram imprevisíveis e nunca plenamente agradáveis: 
lesões cutâneas desenvolviam-se no sítio da inoculação, geralmente acompanhadas de eritema 
generalizado e complicações; a taxa de mortalidade era de 1 a 2%. Do nosso ponto de vista, parece 
ser uma taxa absurdamente elevada e inaceitável, mas, para o século XVIII, a variolação era concebida 
como uma alternativa muito melhor do que a contração natural da varíola, cuja taxa de mortalidade 
variava de 25 a 30% na população em geral (a depender da forma de manifestação clínica) e cerca de 
40% entre infantes.
19
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Figura 5 – Lesões características da varíola. Existem quatro formas principais de manifestação clínica 
da varíola, cada uma com suas características diferentes. Durante a era da varíola, o risco relativo de 
morte entre não vacinados girava em torno de 30%, variando em função da forma de manifestação
Disponível em: https://bit.ly/3tX3xTr. Acesso em: 21 set. 2021.
No ano de 1790, um médico britânico da área rural chamado Edward Jenner estabeleceu o princípio 
sobre o qual os métodos de imunização viral seriam baseados, ainda que vírus em si viessem a ser 
identificados apenas pouco mais de um século depois. Jenner havia sido variolado na infância e estava 
ciente dos riscos e benefícios do método. Talvez essa experiência tenha estimulado seu interesse 
permanente nesse método.
Embora seja dito que o desenvolvimento da vacina de Jenner contra a varíola tenha sido inspirado 
por suas observações sobre ordenhadores, a realidade é mais prosaica. Como aprendiz de médico aos 
13 anos, Jenner aprendeu sobre uma curiosa observação de praticantes locais que haviam variolado 
agricultores: nenhuma erupção cutânea ou doença esperada apareceu em fazendeiros que já haviam 
sido acometidos pela varíola bovina.
Essa falta de resposta era típica de indivíduos que haviam sobrevivido à infecção anterior pela varíola 
e eram conhecidos por serem imunes à doença. Supunha-se, portanto, que, como os sobreviventes da 
varíola, esses fazendeiros que não respondiam deveriam ser imunes à doença. Embora o fenômeno 
tenha sido observado pela primeira vez e depois relatado por outros, Jenner foi o primeiro a avaliar 
totalmente seu significado e a seguir com experimentos diretos.
De 1794 a 1796, ele demonstrou que a inoculação com material de lesões de varíola bovina induzia 
apenas sintomas moderados no receptor, mas protegia contra a doença muito mais perigosa. É desses 
experimentos que derivamos o vocábulo vacinação (vacca, em latim, significa vaca); Louis Pasteur 
cunhou esse termo em 1881 para homenagear as realizações de Jenner.
 Observação
Inicialmente, a única maneira de propagar e manter a vacina contra a 
varíola era por infecção em série de seres humanos. Esse método acabou 
sendo banido, pois costumava estar associado à transmissão de outras 
20
Unidade I
doenças, como sífilis e hepatite. Por volta de 1860, a vacina já havia sido 
propagada em vacas; posteriormente, cavalos, ovelhas e búfalos d’água 
também foram usados. Acredita-se que a origem do vírus da vacina atual – o 
vírus vaccinia (VACV) – seja o vírus da varíola equina (HSPV, horsepox virus).
Ao longo dos anos, muitas hipóteses foram propostas para explicar a curiosa origem do vírus vaccinia. 
No entanto, investigações recentes acerca desse mistério, envolvendo colaboradores da Alemanha, Brasil 
e Estados Unidos da América, indicaram que é mais provável que o precursor do vírus vaccinia seja o 
agente da varíola equina – e não bovina –, ao contrário do que historicamente se acreditava.
A análise do DNA obtido a partir de um capilar de vidro de 1902 contendo o vírus vaccinia indicou 
99,7% de similaridade com o vírus da varíola equina. A maioria das vacinas contra a varíola usadas no 
Brasil e em muitos países europeus foram produzidas pelos norte-americanos inoculando-se bezerros 
com material coletado em 1866, a partir de um surto espontâneo de varíola bovina na França.
Um fato importante é que o vírus da varíola equina também é capaz de infectar o gado, e ambos 
os animais são comuns em fazendas. Seja o vírus vaccinia derivado de um ancestral selvagem capaz de 
infectar o gado, cavalos e até mesmo o homem, ou mesmo uma atenuação do vírus da varíola equina 
após sucessivas passagens em animais, o importante é que a vacinação contra a varíola é um exemplo 
de sucesso no combate a uma doença. Em 8 de maio de 1980, a 33ª Assembleia Mundial da Saúde 
declarou oficialmente que o mundo e todos os seus povos estavam livre da varíola. A declaração marcou 
o fim de uma doença que atormentou a humanidade por, pelo menos, 3 mil anos.
 Saiba mais
Para mais informações, consulte:
DAMASO, C. R. Revisiting Jenner’s mysteries, the role of the Beaugency lymph 
in the evolutionary path of ancient smallpox vaccines. The Lancet Infectious 
Diseases, n. 18, v. 2, p. 55-63, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3CQaOse. 
Acesso em: 10 ago. 2021.
ESPARZA, J. et al. Equination (inoculation of horsepox): an early alternative 
to vaccination (inoculation of cowpox) and the potential role of horsepox 
virus in the origin of the smallpox vaccine. Vaccine, n. 35, v. 52, p. 7222-7230, 
2017. Disponível em: https://bit.ly/2WvADNV. Acesso em: 10 ago. 2021.
SCHRICK, L. et al. An early American smallpox vaccine based on horsepox. 
New England Journal of Medicine, n. 377, v. 15, p. 1491-1492, 2017. Disponível 
em: https://bit.ly/3DoG7dI. Acesso em: 10 ago. 2021.
https://bit.ly/3CQaOse
21
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Pasteur contava com cinquenta e oito anos. Tinha ultrapassado a fase produtiva da vida, mas uma 
descoberta acidental – da vacina que salvava galinhas tornando-as imunes à cólera aviária (Pasteurella 
multocida) – iniciou os seis mais árduos anos de sua vida. Junto a seus nobres assistentes, Émile Roux e 
Charles Chamberland, propuseram-se a confirmar sua primeira observação acidental. Deixaram culturas 
virulentas de germes da cólera aviária envelhecer nos seus balões de caldo. Inocularam rapidamente 
esses micróbios atenuados em dúzias de galinhas sãs que, rapidamente, manifestaram a doença, mas 
também rapidamente se curaram. Então, triunfalmente, alguns dias mais tarde, observaram essas aves 
– essas galinhas vacinadas – suportar injeções mortais de milhões de microrganismos, suficientes para 
matar uma dúzia de novas galinhas, que não estivessem imunizadas.
Foi assim que Pasteur, engenhosamente, jogou os microrganismos uns contra outros. Dominou-os, 
primeiramente, e depois, empregou-os como maravilhoso escudo protetor contra os assaltos de seus 
semelhantes. Ele havia conseguido demonstrar uma coisa que Jenner jamais poderia fazer com a 
varíola, isto é, que o agente que mata é o mesmo que protege o animal contra a morte. Em 1881, a 
mesma estratégia mostrou-se efetiva na proteção de carneiros e do gado contra o carbúnculo (Bacillus 
anthracis). Sociedades de agricultura, veterinários, pobres criadores, cujos rebanhos eram devastados 
pelo carbúnculo – todos enviavam-lhe telegramas, rogando-lhe milhares de doses de vacina salvadora.
A primeira vacina contra a raiva foi desenvolvida por Pasteur, embora, novamenteà época, nem 
se imaginasse que o agente etiológico da doença fosse um vírus. Ele era pequeno demais para ser 
encontrado pelos mais poderosos microscópios. Não havia possibilidade de cultivá-lo nos balões 
de caldo. Mas mantê-lo vivo era possível, administrando-o diretamente no cérebro de coelhos. 
Jamais houvera notícias de tão fantástica experiência em toda a microbiologia ou em alguma outra 
ciência afim.
Jamais houvera, em ciência, uma proeza mais anticientífica do que essa luta tratada por Pasteur 
e seus ajudantes, contra um agente que eles não podiam ver, cuja existência eles apenas conheciam 
pelo seu crescimento invisível nos cérebros vivos e nas medulas de uma sucessão interminável de 
coelhos, cobaias e cachorros. A única demonstração, para eles, da existência dessa coisa que se 
chamava raiva era a morte, entre convulsões, dos coelhos por eles inoculados e os lancinantes uivos 
de seus cães trepanados.
Meses e meses cinzentos se passaram, durante os quais parecia a todos eles que não haveria 
possibilidade de atenuar a virulência do invisível agente da raiva. Cem por cento dos animais por eles 
inoculados, infelizmente, morriam. Tudo indicava, na verdade, que aquela luta para dominar o vírus 
da hidrofobia era uma insensatez sem limites. Era essa espécie de material assassino que Pasteur e 
seus assistentes sacudiam na ponta de seus escalpelos e sugavam nas suas pipetas de vidro, a menos 
de uma polegada dos lábios – material esse que ficava separado de suas bocas por uma delgada 
camada de algodão.
Finalmente, Roux e Chamberland conseguiram encontrar um meio de enfraquecer o selvagem vírus 
da hidrofobia, retirando um pequeno fragmento de medula de um coelho morto de raiva e suspendendo 
esse material mortífero para secar em um balão, à prova de germes, durante quatorze dias. Esse fragmento 
22
Unidade I
de tecido nervoso que um dia fora tão mortífero, foi por eles inoculado em cérebro de cães sadios – e 
os cães não morreram. Entregaram-se todos, então, a experiências consecutivas: no primeiro dia, os 
cães foram inoculados com o vírus atenuado que havia secado durante quatorze dias; no segundo, 
receberam uma injeção do tecido nervoso ligeiramente mais ativo, que tinha permanecido na secagem 
em balão por treze dias.
E assim por diante, até o 14º dia – quando, então, cada animal foi inoculado com vírus seco apenas 
por um dia, capaz de matar um animal ainda não inoculado. Suas 14 ásperas e terríveis vacinas não 
haviam molestado os cães – pelo contrário: enquanto os cães vacinados saltavam e brincavam em suas 
gaiolas, sem sinal algum de doença, os animais do grupo controle – que não haviam recebido as vacinas 
e foram expostos ao vírus – uivavam pela última vez e morriam de raiva um mês depois.
Em 6 de junho de 1885, foi praticada a primeira injeção da vacina de Pasteur contra a raiva em um ser 
humano – em caráter emergencial. Depois, durante dias seguidos, o jovem que havia sido mordido pelo 
cão raivoso retornava regularmente ao laboratório de Pasteur para tomar suas injeções. E, felizmente, 
jamais teve o menor sinal dessa terrível doença.
Hoje, vacinas virais produzidas a partir de linhagens menos virulentas são chamadas de vacinas de 
vírus atenuados (do latim tenuis, fraco). Métodos mais seguros e eficientes de produção dessas primeiras 
vacinas virais em larga escala só foram possíveis quando vírus foram reconhecidos como entidades 
biológicas distintas e parasitas intracelulares obrigatórios. De fato, foram necessários quase 50 anos 
para o desenvolvimento das próximas vacinas antivirais: a vacina contra o vírus da febre amarela foi 
desenvolvida em 1935, enquanto aquela para o vírus influenza tornou-se disponível apenas em 1936. 
Esses avanços só foram possíveis graças às mudanças radicais decorrentes de nossa compreensão acerca 
de seres vivos e da etiologia de doenças.
1.3 A identificação de agentes patogênicos
O século XIX foi um período importante de revolução do pensamento científico, em especial acerca 
das concepções sobre o início da vida. A publicação de A Origem das Espécies, de Charles Darwin, em 1859, 
cristalizou surpreendentes novas ideias sobre a origem da diversidade de plantas e de animais, até então 
atribuídas diretamente às mãos de Deus. Essas colocações mudaram permanentemente a percepção 
de outrora, de que seres humanos eram um conjunto à parte do Reino Animal. Do ponto de vista da 
virologia, as mudanças mais importantes se deram quando atenção foi dada às causas de doenças.
A diversidade de organismos macroscópicos foi contemplada e registrada desde os primórdios da 
história humana. Contudo, os véus do mundo microscópico caíram apenas a partir das lentes de Antonie 
van Leeuwenhoek (1632-1723). As descrições vívidas e excitantes dos animálculos de Leeuwenhoek, 
presentes em gotas de orvalho e em poças de água, eram o que viriam a ser catalogados por nós como 
exemplos de bactérias, protozoários e algas.
23
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
No início do século XIX, a comunidade científica havia aceitado a existência de microrganismos e um 
debate fervoroso se dava em relação às suas origens. Havia aqueles favoráveis à geração espontânea, ou 
seja, seres vivos surgiriam a partir de elementos inanimados, como matéria orgânica em decomposição. 
Por outro lado, outros afirmavam que até mesmo os microrganismos surgiriam por meio de reprodução, 
tal como suas contrapartes macroscópicas. A sentença de morte para a hipótese da abiogênese veio com 
os famosos experimentos de Pasteur e os seus balões com pescoço de cisne.
Ele demonstrou que o caldo nutritivo fervido (esterilizado) permaneceria livre de microrganismos, 
ainda que os frascos se mantivessem abertos, desde que as curvaturas longas das extremidades dos 
balões impedissem o contato direto de agentes microscópicos do ar com o meio nutritivo em seu 
interior. Pasteur ainda foi capaz de estabelecer a associação de diferentes microrganismos com processos 
específicos, como a fermentação alcoólica e láctica do vinho. Essas constatações foram o ponto de 
partida para uma corrida acirrada visando identificar as causas microbiológicas de muitas doenças.
Figura 6 – Os pequenos animais de Leeuwenhoek. Desenhos de Leeuwenhoek retratando animálculos 
(animalcules, pequenos animais, em latim), em uma carta a Royal Society
Disponível em: https://bit.ly/3m7W8Pi. Acesso em: 3 jan. 2021.
24
Unidade I
Figura 7 – Balão com pescoço de cisne, usado por Pasteur. Com auxílio desses frascos, os 
experimentos de Pasteur puderam, por fim, derrubar a teoria da geração espontânea
Disponível em: https://bit.ly/3zyfNLc. Acesso em: 21 set. 2021.
Nos assombrosos e agitados anos entre 1860 e 1870, quando Pasteur estava salvando as 
indústrias do vinagre, causando a admiração de imperadores e procurando descobrir o que afligia os 
bichos-da-seda doentes, um pequeno, sério e míope alemão estudava medicina na Universidade de 
Goettingen. Seu nome era Robert Koch. Lá, os ecos das profecias de Pasteur sobre umas coisas terríveis, 
que matavam os homens e chamavam micróbios, mal chegavam a seus ouvidos.
Desde os tempos antigos, a causa de muitas moléstias era imposta a certo misticismo e crendice, 
como a inalação de ares venenosos (miasmas), em vez de efetiva constatação científica. Enquanto o 
jovem Koch exercia a medicina por entre aldeias atrasadas e passava noites esperando que as mulheres de 
fazendeiros prussianos dessem à luz, Lister, na Escócia, estava começando a salvar a vida de parturientes, 
evitando-lhes o contágio com microrganismos. Professores e estudantes das escolas médicas da Europa 
começavam a se entusiasmar e a discutir as teorias de Pasteur sobre os micróbios malignos.
Nas horas de trabalho interrompido, Koch avaliava gotas de sangue enegrecido de uma vaca morta 
de carbúnculo entre duas lâminas de vidro. Olhava pelo canhão de seu microscópio e, entre os pequenos 
glóbulos vermelhos redondos e empilhados, via estranhos corpos, que se assemelhavam a bastonetes. 
Algumas vezes, essesbastões eram curtos, e havia apenas alguns poucos flutuando, movendo-se 
um pouco. Mas, outras vezes, eles apareciam ligados uns aos outros sem nenhum elo – muitos deles 
engenhosamente colados, parecendo-lhe longos filamentos, mais delgados do que o mais fino fio de 
seda. E assim, pondo atenção a esses seres microscópicos e conduzindo experiências com orçamento e 
condições limitados, Koch foi capaz de estabelecer pela primaria vez que uma determinada espécie de 
microrganismo causava uma definida espécie de doença.
25
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Em 1876, Koch expunha aos acadêmicos da época que os tecidos dos animais mortos de carbúnculo 
somente poderiam provocar essa doença quando contivessem bacilos ou esporos desses bacilos. Todo 
animal morto de carbúnculo deveria ser destruído imediatamente depois de morto. Se não pudessem 
ser queimados, deveriam ser enterrados a uma profundidade em que a terra fosse fria, e, assim, os 
bacilos seriam impedidos de se transformar em esporos, sua forma de resistência. A persistência e a 
paciência de Koch foram fundamentais para relacionar microrganismos a outras doenças importantes, 
como tuberculose e cólera. Seu conjunto de critérios para identificação de um agente responsável por 
uma doença ficou conhecido como postulados de Koch, que podem ser resumidos da seguinte forma:
1) O mesmo patógeno deve estar presente em todos os casos da doença.
2) O patógeno deve ser isolado do hospedeiro doente e cultivado em cultura pura.
3) O patógeno obtido da cultura pura deve causar a doença quando inoculado em um animal de 
laboratório suscetível e saudável.
4) O patógeno deve ser isolado do animal inoculado e deve ser, necessariamente, o organismo original.
 Lembrete
A pesquisa de Koch fornece um modelo básico de estudo da etiologia 
de qualquer doença infecciosa. Hoje, nos referimos aos requerimentos 
experimentais de Koch como seus postulados.
A tecnologia moderna permitiu que algumas outras evidências fossem adicionadas aos postulados 
de Koch, mas a elegância dessas colocações e dos métodos de isolamento e cultivo de microrganismos, 
desenvolvidos por Pasteur, Lister e Koch, permitiram que muitos agentes microscópicos patogênicos 
fossem identificados e classificados durante a segunda parte do século XIX.
Assim, um método científico baseado na observação se consagrava, sendo fundamental para o 
estabelecimento de estratégias terapêuticas adequadas e, em última escala, controle de doenças. Na 
última década do século XIX, o paradigma vigente de que todas as doenças seriam então causadas por 
microrganismos começava a ruir, levando à identificação de uma nova classe de agentes infecciosos – 
patógenos submicroscópicos chamados vírus.
Embora esteja claro que um microrganismo que preenche os critérios dos postulados de Koch seja, 
muito provavelmente, o agente causador de uma doença, hoje nós sabemos que mesmo alguns agentes 
que não pontuam todos os critérios podem ainda ser os responsáveis por doenças.
Na segunda metade do século XX, novos métodos foram desenvolvidos permitindo-se associar 
partículas virais com doenças. Por exemplo, existem as evidências imunológicas de uma infecção 
(anticorpos). O surgimento desses métodos levou à proposição de modificações nos postulados de Koch, 
com base na aplicação de técnicas diagnósticas moleculares.
26
Unidade I
 Saiba mais
Para aprofundar seus estudos acerca da aplicação dos postulados de 
Koch e das evidências tecnológicas modernas, consulte:
FALKOW, S. Molecular Koch’s postulates applied to microbial 
pathogenicity. Clinical Infectious Diseases, n. 10, v. 2, p. 274-276, 1988. 
Disponível em: https://bit.ly/3AO29Vc. Acesso em: 10 ago. 2021.
FREDERICKS, D. N.; RELMAN, D. A. Sequence-based identification 
of microbial pathogens: a reconsideration of Koch’s postulates. Clinical 
Microbiology Reviews, n. 9, v. 1, p. 18-33, 1996. Disponível em: 
https://bit.ly/2VYaW7Y. Acesso em: 10 ago. 2021.
MOKILI, J. L.; ROHWER, F.; DUTILH, B. E. Metagenomics and future 
perspectives in virus discovery. Current Opinion in Virology, n. 2, 
v. 1, p. 63-77, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3g9Eirf. Acesso em: 
10 ago. 2021.
1835
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Ano
 Fungos (17)
 Bactérias (50)
 Protozoários (11)
 Vírus filtráveis (19)
IntroduçãoIntrodução de métodos 
bacteriológicos eficientes 
por Koch
Descoberta 
do TMV
Figura 8 – O ritmo da descoberta de agentes infecciosos e o despertar da virologia (TMV, vírus 
mosaico do tabaco). Com a introdução de métodos bacteriológicos eficientes, houve grande salto na 
descoberta de bactérias patogênicas no início da década de 1880. De forma similar, a descoberta de 
agentes infecciosos que atravessavam filtros de 0,22 μm deu início ao campo da virologia no início 
dos anos 1900. Apesar do acelerado ritmo de descobertas, apenas 19 vírus humanos haviam sido 
reportados até 1935
Fonte: Flint et al. (2020, p. 12).
https://bit.ly/3AO29Vc
https://bit.ly/2VYaW7Y
https://bit.ly/3g9Eirf
27
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
A primeira descrição de um agente patogênico menor que uma bactéria se deu em 1892. O cientista 
russo Dimitri Ivanovsky estudava o agente causador da doença do mosaico do tabaco (uma praga que 
impactava financeiramente agricultores). Ivanovsky constatou que o agente era capaz de ser filtrado 
através de poros onde bactérias não passavam. Seis anos depois, na Holanda, Martinus Beijerinck 
chegou às mesmas constatações independentemente. Beijerinck conceituou tratar-se de uma nova 
classe de agentes, porém imaginava ser um líquido infeccioso. Foram dois pupilos e assistentes de 
Koch, Friedrich Loeffer e Paul Frosch, que, no mesmo ano (1898), deduziram corretamente se tratar de 
pequenas partículas.
Curiosamente, tais agentes apenas podiam se replicar no interior de seus hospedeiros, e não em meios 
de cultura isolados (diferentemente dos postulados de Koch). Assim, essa constatação foi fundamental 
para distinguir os novos agentes de bactérias patogênicas. Uma vez que o agente causador da doença 
do mosaico do tabaco permanecia junto ao fluido filtrado, Beijerinck cunhou o termo contagium vivum 
fluidum para enfatizar a natureza infecciosa daquele líquido quando administrado a um hospedeiro. 
Agentes que podiam ser filtrados através de poros de 0,22 μm passaram a ser chamados finalmente de 
vírus, em alusão ao vocábulo latino veneno.
Alguns marcos importantes desse despertar da virologia incluem a identificação de vírus capazes de 
causar leucemias ou tumores sólidos em galinhas, por Vilhelm Ellerman e Olaf Bang em 1908 e Peyton 
Rous em 1911, respectivamente. O estudo de vírus associados com cânceres em galinhas – particularmente 
o vírus do sarcoma de Rous – eventualmente levou à compreensão das bases moleculares do câncer.
Frederick Twort (1915) e Félix d’Hérelle (1917) constataram que bactérias poderiam também ser 
alvos de vírus. O termo bacteriófago foi cunhado em função de as células hospedeiras infectadas 
serem lisadas (fago deriva do grego “comer”). A investigação de bacteriófagos estabeleceu não apenas as 
fundações do campo da biologia molecular, mas também reflexões fundamentais acerca de como vírus 
interagem com as células de seus hospedeiros.
A década de 1930 testemunhou a introdução de um equipamento que rapidamente revolucionou 
a virologia: o microscópio eletrônico. O poder de ampliação desse instrumento (até mais de 100 mil 
vezes) permitiu a observação direta de partículas virais pela primeira vez. À medida que novos vírus 
foram descobertos e avaliados por microscopia eletrônica, o mundo viral pouco a pouco se tornava 
um verdadeiro zoológico de partículas com diferentes tamanhos, formas e composições. Uma primeira 
estratégia de classificação taxonômica de vírus adotou como base seus aspectos morfológicos.
28
Unidade I
Figura 9 – Diversidade morfológica entre alguns vírus. Ilustração representativa da grande variedadede tamanhos e formas entre alguns vírus
Fonte: Flint et al. (2015, p. 24).
Nosso entendimento acerca da base molecular do parasitismo viral foi baseado, quase que 
completamente, na análise de estudos envolvendo células em cultura. Tais experimentos permitiram 
estabelecer que vírus são completamente dependentes da maquinaria de síntese das células infectadas. 
Diferentemente de células, vírus não se reproduzem por crescimento e divisão. Em vez disso, o genoma do 
agente infeccioso contém a informação necessária para redirecionar os sistemas celulares a produzirem 
várias cópias dos componentes necessários para que uma progênie viral seja fabricada.
Embora vírus sejam desprovidos dos complexos de produção de energia e de sistemas de biossíntese, 
necessários para uma existência independente, eles não são os organismos biologicamente ativos mais 
simples do planeta. Esse cargo é ocupado pelos viroides, agentes infecciosos de plantas compostos 
unicamente por um filamento de RNA não codificador, e pelos príons, proteínas infecciosas capazes de 
causar doenças neurológicas em seres humanos e em animais.
1.4 Catalogando vírus
Nenhum sistema consistente de nomeação para vírus foi estabelecido por seus descobridores. Por 
exemplo, entre vírus de vertebrados, alguns foram nomeados conforme as doenças associadas à sua 
infecção (vírus da raiva, vírus da poliomielite), pelo tipo específico de doenças que causam (vírus da 
leucemia murina), ou segundo a região do corpo afetada / sítio de onde foram isolados pela primeira 
vez (rinovírus e adenovírus).
29
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Outros foram nomeados de acordo com as localidades geográficas do isolamento (vírus Sendai 
[Sendai, Japão], vírus de Coxsackie [Coxsackie, Nova Iorque, EUA]), ou em homenagem aos cientistas 
que os descobriram, vírus Epstein-Barr). Nesses casos, os nomes são grafados com iniciais maiúsculas. 
Alguns vírus foram ainda batizados segundo a forma pela qual se acreditava serem contraídos (influenza, 
pela “influência” do mau ar), como foram evidenciados (mimivírus gigantes “mimetizam” bactérias em 
tamanho), ou mesmo por caprichos estilosos (pandoravírus e o mito da Caixa de Pandora).
1.4.1 O sistema clássico
Uma adaptação do sistema hierárquico de classificação de Linné foi empregada (consistindo em filo, 
classe, ordem, família, gênero e espécie). Nessa adaptação proposta por Lwoff e colaboradores (1962), 
vírus devem ser agrupados de acordo com suas propriedades compartilhadas, em vez das células ou dos 
organismos que infectam. Assim, devem ser levadas em conta as seguintes características:
• Natureza do ácido nucleico da partícula viral (DNA ou RNA).
• Simetria do envoltório proteico (capsídeo).
• Presença ou ausência de envoltório lipídico (envelope).
• Dimensões da partícula viral (vírion) e do capsídeo.
A análise da sequência de ácidos nucleicos e de aminoácidos em proteínas virais hoje é considerada 
o método padrão para atribuir vírus a uma família específica. Por exemplo, conforme a sequência de 
seus genomas o vírus da hepatite C é classificado como um membro da família Flaviviridae, enquanto o 
MERS pertence à família Coronaviridae.
Atualmente, há um Código Internacional de Classificação e Nomenclatura de vírus, estabelecido 
pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, sigla em inglês). Mudanças na taxonomia 
de vírus ocorrem anualmente e são o resultado de um processo de várias etapas. De acordo com os 
Estatutos do ICTV (ICTV, 2021), as propostas submetidas ao Comitê Executivo do ICTV passam por um 
processo de revisão que envolve contribuições dos Grupos de Estudo e Subcomitês do ICTV, outros 
virologistas interessados e o próprio Comitê Executivo.
30
Unidade I
 Saiba mais
Para mais informações sobre a classificação viral, consulte:
KUHN, J. H. et al. The International Code of Virus Classification 
and Nomenclature (ICVCN): proposal for text changes for improved 
differentiation of viral taxa and viruses. Archives of virology, n. 158, 
v. 7, p. 1621-1629, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3ySXZek. Acesso em: 
10 ago. 2021.
LEFKOWITZ, E. J. et al. Virus taxonomy: the database of the International 
Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV), Nucleic Acids Research, v. 46, 
n. D1, p. D708-D717, jan. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3CQOzlS. 
Acesso em: 10 ago. 2021.
WALKER, P. J. et al. Changes to virus taxonomy and the Statutes ratified 
by the International Committee on Taxonomy of Viruses. Archives of 
Virology, n. 165, p. 2737-2748, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3jXMSub. 
Acesso em: 10 ago. 2021.
1.4.2 A elegância do sistema de classificação de Baltimore
O dogma central da biologia conceitua a existência de um fluxo unidirecional da informação em 
todas as células vivas:
DNA mRNA Proteína
transcrição tradução
em que, indica o fluxo da informação.
Como vírus são parasitas intracelulares obrigatórios que dependem da maquinaria de tradução da 
célula infectada, é possível deduzir que toda informação viral necessária para a síntese de uma proteína 
deve primeiro passar por uma molécula de mRNA. Contudo, genomas virais podem ser de DNA ou RNA, 
assumindo diferentes conformações (por exemplo, podem ser simples ou dupla fita).
A apreciação deste fluxo informacional inspirou David Baltimore, em 1971, a propor um sistema 
de classificação de vírus, assumindo um conjunto de etapas elementares necessárias para que uma 
molécula de mRNA fosse produzida, em função do tipo de genoma viral. Em alguns casos, o genoma 
pode entrar em ciclo replicativo diretamente no interior da célula; em outros casos, primeiro deverá 
ocorrer mecanismo de reparo, e produtos necessários para a replicação viral deverão ser sintetizados.
https://bit.ly/3ySXZek
https://bit.ly/3CQOzlS
https://bit.ly/3jXMSub
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BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
+DNA
DNA-DNA
-RNA DNA
±DNA
+mRNA
-RNA
+RNA
+RNA
VII
II
I
III
V
IV
VI
Figura 10 – O sistema de classificação de Baltimore. O sistema de classificação de Baltimore divide 
os vírus em sete categorias distintas (I a VII), com base na natureza química e na polaridade dos 
genomas. Uma vez que todos os vírus devem produzir mRNA, para que este seja traduzido nos 
ribossomos, o conhecimento da composição dos genomas virais fornece reflexões sobre as etapas 
necessárias para se chegar ao mRNA
Fonte: Flint et al. (2020, p. 21).
Por convenção, a molécula de mRNA é definida como fita com polaridade positiva (+), pois contém 
a informação capaz de ser imediatamente traduzida. No sistema de Baltimore, a designação polaridade 
positiva também é atribuída à fita de DNA cuja sequência seja equivalente ao mRNA. Fitas de DNA ou 
RNA complementares a fitas positivas são denominadas com polaridade negativa (–).
 Observação
Esteja atento: na classificação de genomas virais, o conceito de 
polaridade não remete a cargas reais, sendo simplesmente uma convenção. 
Uma informação cuja sequência seja análoga ao mRNA recebe a 
denominação polaridade positiva; enquanto o complemento de uma 
fita positiva recebe a alcunha de polaridade negativa. Uma fita (–) não 
pode ser traduzida; é preciso que seu complemento – uma fita (+) – seja 
produzido primeiramente.
Originalmente, o esquema proposto por Baltimore contemplava seis classes de genomas virais. 
Quando membros da família Hepadnaviridae foram descobertos (por exemplo, vírus da hepatite B), 
uma sétima classe foi proposta para contemplá-los. As abreviaturas em língua inglesa para descrever as 
classes de Baltimore, mas não as designações em algarismos romanos, foram universalmente adotadas 
na literatura científica e trazem valiosa complementação à taxonomia clássica. Assim, termos como 
ssDNA (DNA fita simples), dsDNA (DNA fita dupla), (+) RNA ou (–) RNA (sinais designando polaridades 
positiva e negativa, respectivamente) são muito comuns quando nos referimos a vírus.
32
Unidade I
1.4.3 Vírus com genomas de DNA
Categoria I – Vírus de DNA fita dupla (dsDNA)
Atualmente, existem 38 famílias de vírus com genomadsDNA. Aquelas que incluem vírus que 
infectam vertebrados são Adenoviridae, Alloherpesviridae, Asfarviridae, Herpesviridae, Papillomaviridae, 
Polyomaviridae, Iridoviridae e Poxviridae. Tais genomas podem ser lineares ou circulares. A replicação do 
genoma e a síntese do mRNA (respectivamente, por DNA polimerases e RNA polimerases) podem se dar 
por enzimas do hospedeiro ou virais.
+mRNA
±DNA ±DNA
Figura 11 – Expressão de vírus com genoma DNA fita dupla. A depender do vírus, genomas DNA fita 
dupla podem ser transcritos por RNA polimerases do hospedeiro ou por enzimas virais, dando origem 
a moléculas de mRNA que serão traduzidas nos ribossomos. A replicação do DNA viral também pode 
ser catalisada por enzimas do hospedeiro (normalmente no núcleo) ou virais (no citoplasma)
Fonte: Flint et al. (2015, p. 56).
Categoria II – Vírus de DNA fita simples (ssDNA)
Treze famílias virais contendo genomas ssDNA foram identificadas até o momento. As famílias 
Anelloviridae, Circoviridae, Genomoviridae e Parvoviridae incluem vírus que infectam vertebrados. 
Vírus cujos genomas são ssDNA (independentemente de sua polaridade) devem primeiro ser replicados 
(síntese de DNA), a fim de formar um genoma dsDNA; a partir desse molde fita dupla a transcrição pode 
ocorrer (síntese do mRNA) e, por conseguinte, a tradução das proteínas virais. Nesses casos, a síntese de 
DNA viral é catalisada por DNA polimerases celulares.
ou
+DNA ±DNA
-DNA
+DNA
-DNA
Figura 12 – Expressão de vírus com genoma DNA fita simples. Vírus com genomas DNA fita simples 
não podem ser imediatamente transcritos ao infectarem uma célula. Em primeiro lugar, ocorre 
replicação do DNA fita simples, dando origem a um genoma dsDNA. A partir desse molde fita dupla, a 
transcrição pode ocorrer e, em seguida, a tradução de proteínas virais
Fonte: Flint et al. (2015, p. 57).
33
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Categoria VII – Vírus de DNA fita dupla parcial (gapped DNA)
Membros de duas famílias, Caulimoviridae e Hepadnaviridae possuem genomas fita dupla parcial, sendo 
que esta última contém vírus que infectam vertebrados. Em genomas fita dupla parcial, primeiramente 
as falhas precisam ser corrigidas antes que a síntese de mRNA ocorra. Esse reparo é necessário e deve 
anteceder a síntese de mRNA, pois as RNA polimerases do hospedeiro são capazes de transcrever 
apenas fitas duplas contínuas. Genomas de DNA fita dupla parcial são produzidos a partir de um molde 
de RNA por uma enzima viral, a transcriptase reversa.
±DNA
±DNA
+RNA
-DNA
±DNA
Figura 13 – Expressão de vírus com genoma DNA fita dupla parcial. Primeiramente, vírus com 
genomas DNA fita dupla parcial precisam ter as falhas corrigidas por enzimas envolvidas em 
mecanismos de reparo. Isso é necessário e deve anteceder a síntese de mRNA, pois as RNA 
polimerases do hospedeiro são capazes de transcrever apenas fitas duplas contínuas. Moléculas de 
RNA produzidas a partir de sequências virais podem agir como mRNA, sendo então traduzidas em 
proteínas (lado direito da figura), ou servirem de molde para transcriptase reversa (enzima viral, lado 
esquerdo da figura)
Fonte: Flint et al. (2015, p. 57).
1.4.4 Vírus com genomas de RNA
Células não possuem RNA polimerases capazes de replicar diretamente genomas virais de RNA, 
ou ainda são incapazes de produzir moléculas de mRNA a partir de moldes de RNA. Assim, vírus cujos 
genomas são baseados em RNA dependem da ação de enzimas virais ao alcançarem o interior de uma 
célula: uma solução encontrada por alguns foi a adição de RNA polimerases dependentes de RNA no 
interior da partícula viral, enquanto outros utilizam-se de transcriptases reversas.
34
Unidade I
 Observação
Não são conhecidas enzimas celulares capazes de copiar genomas de 
vírus de RNA. Entretanto, ao menos uma enzima – a RNA polimerase II – 
é capaz de copiar um molde de RNA. O genoma ssRNA circular do vírus 
da hepatite D é copiado pela RNA polimerase II humana dando origem a 
moléculas de RNA multiméricas. Como a RNA polimerase II, uma enzima 
que produz moléculas de pré-mRNA a partir de moldes de DNA, sofre tal 
reprogramação para copiar um molde de RNA circular ainda é um mistério.
Categoria III – Vírus de RNA fita dupla (dsRNA)
Atualmente, existem 12 famílias de vírus com genomas dsRNA. O número de segmentos de fita dupla 
por partícula viral pode variar de apenas um (Totiviridae, Hypoviridae e Endornaviridae, vírus de fungos, 
invertebrados e plantas) para nove a 12 (Reoviridae, vírus de fungos, invertebrados, plantas, protozoários 
e vertebrados). Embora genomas dsRNA possuam uma fita com polaridade (+), esta é incapaz de ser 
imediatamente traduzida por estar em conformação dupla hélice. É necessário que a fita com polaridade (–) 
sirva de molde para uma RNA polimerase dependente de RNA (enzima viral). Uma vez sintetizadas, as 
cópias de fita simples com polaridade (+) agem como mRNA ou são envoltas pelas proteínas do capsídeo 
viral. No interior do capsídeo, pela ação da uma RNA polimerase dependente de RNA, um dsRNA é formado.
RNA
RNA
Figura 14 – Expressão de vírus com genoma RNA fita dupla. Embora genomas dsRNA possuam uma fita com 
polaridade (+), esta é incapaz de ser imediatamente traduzida por estar em conformação dupla hélice. É necessário 
que a fita com polaridade (–) sirva de molde para uma RNA polimerase dependente de RNA (enzima viral). Uma 
vez sintetizadas, as cópias de fita simples com polaridade (+) agem como mRNA ou são envoltas pelas proteínas do 
capsídeo viral. No interior do capsídeo, pela ação da RNA polimerase dependente de RNA, um dsRNA é formado
Fonte: Flint et al. (2015, p. 58).
35
BIOMEDICINA INTERDISCIPLINAR
Categoria IV – Vírus de RNA fita simples polaridade (+) [ss(+)RNA]
Atualmente, existem 41 famílias de vírus com genomas ss(+)RNA, desconsiderando aqueles 
que geram intermediário DNA (categoria VI). As famílias Arteriviridae, Astroviridae, Caliciviridae, 
Coronaviridae, Flaviviridae, Hepeviridae, Nodaviridae, Picornaviridae e Togaviridae incluem vírus que 
infectam vertebrados. Fitas de RNA com polaridade (+), geralmente, podem ser traduzidas diretamente 
nos ribossomos da célula infectada, dando origem a proteínas virais rapidamente. A replicação do 
genoma se dá em duas etapas: primeiro a fita de ss(+)RNA é copiada, gerando uma molécula ss(–)RNA; 
em seguida, a fita com polaridade negativa serve de molde para a síntese de mais cópias com polaridade 
positiva. Em alguns casos, são produzidos mRNA subgenômicos.
Genoma
-RNA
Figura 15 – Expressão de vírus com genoma RNA fita simples polaridade (+). Fitas de RNA com 
polaridade (+) geralmente podem ser traduzidas diretamente nos ribossomos da célula infectada, 
dando origem a proteínas virais rapidamente. A replicação do genoma se dá em duas etapas: primeiro 
a fita de ss(+)RNA é copiada, gerando uma molécula ss(–)RNA; em seguida, a fita com polaridade 
negativa serve de molde para a síntese de mais cópias com polaridade positiva
Fonte: Flint et al. (2015, p. 59).
Categoria V – Vírus de RNA fita simples polaridade (–) [ss(–)RNA]
Atualmente, existem 19 famílias de vírus com genomas ss(–)RNA. As famílias Bornaviridae, 
Filoviridae, Orthomyxoviridae, Paramyxoviridae e Rhabdoviridae incluem vírus que infectam vertebrados. 
Diferentemente de vírus ss(+)RNA, fitas de RNA com polaridade (–) não podem ser imediatamente 
traduzidas em proteínas, mas primeiro precisam ser copiadas as fitas com polaridade (+).
Por não haver enzimas celulares capazes de gerar mRNA a partir de genomas de RNA, esses vírus 
possuem RNA polimerases dependentes de RNA no interior de suas partículas. Para a replicação do 
genoma viral, primeiro a fita de ss(–)RNA é copiada, gerando uma molécula ss(+)RNA; em seguida, a fita 
com polaridade positiva serve de molde para a síntese de mais cópias com polaridade negativa. Vírus 
ss(–)RNA podem ser de filamento único (como o vírus ebola) ou segmentado (como o vírus influenza).
Os genomas de alguns vírus ss(–)RNA (como membros das famílias Arenaviridae

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