Buscar

Fichamento 06

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
CHASIN, Ana Carolina. Considerações sobre o Direito na Sociologia de Pierre 
Bourdieu. In: SILVA, F. G. S.; RODRIGUEZ, J. R. (Coord.). Manual de Sociologia 
Jurídica. São Paulo: Saraiva,2019. 
 
FICHAMENTO – CITAÇÕES: 
 
 
“Pierre Bourdieu (1930-2002) pode ser considerado um dos mais importantes 
sociólogos do século XX.” (Pág. 99); 
“Esse estado de permanente inadequação é o que ajuda a explicar por que a 
busca por desvelar os mecanismos simbólicos de distinção social está presente em 
suas mais diversas pesquisas sobre o mundo social e os campos de produção da 
cultura legítima.” (Pág. 99); 
“Mobilizou uma ampla coleção de métodos proporcionados pela tradição das 
ciências sociais (...)’’ (Pág. 100); 
 
5.1. Conceitos centrais para a compreensão do mundo social 
 
“(...) indivíduo versus sociedade, prática versus estrutura, análise interna versus 
análise externa, teoria versus empiria. Assim como outros sociólogos 
contemporâneos, Bourdieu realiza uma tentativa de superação dessas antinomias.” 
(Pág. 101); 
“(...) o espaço social se caracteriza basicamente por ser multidimensional e 
relacional. Os agentes e grupos sociais são definidos pelas posições relativas que 
ocupam numa região determinada desse espaço. O espaço social não é homogêneo 
e indiferenciado, sendo que em seu interior ele produz campos.” (Pág. 101); 
“O campo é justamente o lugar em que as posições dos agentes estão fixadas. 
É ao mesmo tempo um campo de forças e um campo de lutas, local em que se travam 
DISCENTE: Marcos Eduardo Damasceno da Silva 
MATÉRIA: Sociologia Jurídica 
DOCENTE: Ivandro Menezes 
I I - PERÍODO 
2 
 
as disputas entre os agentes em torno dos interesses específicos que caracterizam a 
área em questão: riqueza, poder, verdade, beleza, justiça etc. Cada campo é 
relativamente autônomo e possui uma lógica de funcionamento própria, que orienta 
as ações dos indivíduos.” (Pág. 101); 
“Para Bourdieu, há diversos tipos de capital: o capital econômico, o capital 
cultural (títulos escolares, conhecimentos, bagagem cultural), o capital social (redes 
de contatos e relacionamentos) e o capital simbólico, que é uma espécie de síntese 
dos outros três tipos de capital, a forma percebida e reconhecida como legítima das 
diferentes espécies de capital.” (Pág. 101); 
“Em cada campo social, há um polo dos dominantes e um polo dos dominados. 
Os dominantes são aqueles que possuem a maior quantidade do capital disputado 
naquele campo; são “aqueles que exprimem as forças imanentes do campo” 
(BOURDIEU, 2003, p. 49).” (Pág. 101); 
“A classe é o conjunto de agentes que ocupam posições homólogas no espago 
social. É composta por agentes que possuem quantidades e tipos de capital 
semelhantes e que, colocados sob as mesmas condições, tendem a apresentar as 
mesmas atitudes e práticas.” (Pág. 102); 
“As classes sociais não se definem apenas pela posição ocupada pelos atores 
no processo de produção (como boa parte dos estudiosos de extração marxista 
consideravam), mas sim pelo posicionamento dos agentes no espago social, que é 
multidimensional e, apesar de englobar também a dimensão do processo de 
produção, não se reduz a ela.” (Pág. 102); 
“(...) as relações de forca objetivas tendem a se reproduzir nas relações de 
força objetivas simbólicas, nas visões do mundo social que contribuem para a 
permanência dessas mesmas relações de forca.” (Pág. 102); 
“Afirmar que os agentes pertencentes a uma mesma classe possuem 
quantidade de capital econômico ou cultural semelhante é o mesmo que dizer que 
suas práticas, costumes, gostos e atitudes são também similares.” (Pág. 102); 
“o sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a 
funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e estruturador 
das práticas e das representações que podem ser objetivamente ‘reguladas’ e 
“regulares' sem ser o produto da obediência a regras, objetivamente adaptadas a seu 
fim sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio expresso das operações 
3 
 
necessárias para atingi-los e coletivamente orquestradas, sem ser o produto da ação 
organizadora de um regente” (BOURDIEU, 1994, p. 60-61).” (Pág. 103); 
“O habitus é o princípio unificador e gerador de todas as práticas. São 
disposições de conduta padronizadas, não necessariamente reflexivas ou 
conscientes, incorporadas pelos agentes e que modelam suas ações e práticas.” (Pág. 
103); 
“O estilo de vida constitui um conjunto unitário de preferências que exprimem, 
na lógica específica de cada um dos subespaços simbólicos (mobília, vestimenta, 
alimentação, linguagem etc.), a mesma intenção expressiva. Assim, cada dimensão 
do estilo de vida simboliza todas as outras.” (Pág. 103); 
 
5.2. O campo do direito 
 
“O formalismo, representado pelo pensamento de Hans Kelsen, compreenderia 
o direito como um sistema fechado, capaz de se desenvolver internamente, e que 
deveria ser estudado a partir do corpo de doutrina produzido. Já o instrumentalismo, 
representado pelos autores da tradição marxista, pecaria justamente pela visão 
unicamente externa do direito (interpretado como superestrutura, instrumento de 
dominação etc.).” (Pág. 104); 
“Para Bourdieu, nenhuma dessas escolas realiza uma interpretação 
historicamente situada do direito.” (Pág. 104); 
“O campo do direito apresenta como especificidade, como objeto de disputa, o 
capital jurídico, o “direito de dizer o direito”; ou seja, a separação entre quem participa 
desse campo e quem não participa é dada pela capacidade de interpretar o corpo de 
textos — consagradores de uma visão legítima e justa do mundo social — que o 
integram.” (Pág. 104); 
“Apenas quem detém competência social e técnica para compreender a 
linguagem interna do direito é que está habilitado a tomar parte em seus rituais.” (Pág. 
105); 
“A escrita desempenha papel importante na construção dessa linguagem 
jurídica, pois garante a regularização dos procedimentos e favorece a autonomização 
do texto.” (Pág. 105); 
4 
 
“Os operadores são agentes especializados encarregados de organizar, 
segundo formas codificadas, a manifestação pública dos conflitos. Atuam, assim, 
como mediadores (...)” (Pág. 105); 
“Para o autor, a constituição de um campo jurídico ocorre justamente no 
momento em que há instauração do monopólio dos profissionais sobre a produção e 
a comercialização dos serviços jurídicos. A competência jurídica é um poder específico 
que permite o controle do acesso ao campo do direito (quais conflitos podem entrar e 
quais ficam de fora).” (Pág. 106); 
“(...) quando novas causas começam a chegar nos espaços jurídicos 
(aumentando a demanda), impõe-se a criação de um novo mercado e, 
consequentemente, de novas competências. Um efeito circular leva ao aumento do 
formalismo dos procedimentos, reforçando a necessidade de contratação de serviço 
especializado e excluindo, novamente, os profanos.” (Pág. 106); 
“Com isso, tem-se a impressão de que o direito parece plenamente autônomo 
no espaço social. Somente os membros do campo jurídico dominam sua linguagem e 
são capazes de compreender sua racionalidade.” (Pág. 106); 
“(...) todos os integrantes desse campo tendem a compartilhar o mesmo 
habitus, ou seja, certo estilo de vida, jeito de se vestir, de se comportar, de falar etc.” 
(Pág. 107); 
“Outra especificidade do campo do direito é a atividade de formalização. Trata-
se do trabalho de elaboração das leis, de redação das normas. Ao lado dos detentores 
do poder temporal, político ou econômico, os “agentes formalizadores” também 
pertencem à classe dominante, de forma que tendem a legislar em prol dos interesses 
dessa classe.” (Pág. 107); 
“Bourdieu desconstrói a ideia de que a formação de precedentes 
(jurisprudência) leva ao desenvolvimento de uma racionalidade jurídica, responsável 
por garantir essa segurança.” (Pág. 107); 
“A previsibilidade e calculabilidade que[Max] Weber empresta ao ‘direito 
racional’ assentam, sem dúvida, antes de mais, na constância e na homogeneidade 
dos habitus jurídicos: as atitudes comuns, afeiçoadas, na base de experiências 
familiares semelhantes, por meio de estudos de direito e da pratica das profissões 
jurídicas, funcionam como categorias de percepção e de apreciação que estruturam a 
5 
 
percepção e a apreciação correntes e que orientam o trabalho destinado a transforma-
los em confrontações jurídicas” (BOURDIEU, 1998, p. 231).” (Pág. 108); 
“(...) é por meio de uma aparente neutralidade e universalidade que as leis 
(arbitrárias e frutos dos interesses dominantes) adquirem sua legitimidade. A 
especificidade do funcionamento do campo jurídico está justamente nessa retórica de 
autonomia, neutralidade e universalidade.” (Pág. 108); 
“Bourdieu argumenta que o veredicto sempre envolve um trabalho de 
interpretação e escolhas, no qual o juiz deve optar entre diferentes direitos possíveis. 
Ele possui certo grau de autonomia, de forma que suas decisões irão sempre refletir 
uma tomada de posição.” (Pág. 108); 
“Quanto mais autonomia ele desfruta, melhor posicionado está no campo, e 
vice-versa.” (Pág. 108); 
“O sucesso (ou insucesso) de cada profissional atuante nessa disputa está 
relacionado à sua capacidade de mobilizar os recursos jurídicos disponíveis (capital 
jurídico), o que, como indicado anteriormente, depende da posição do espaço social 
que ocupa.” (Pág. 109); 
“Nesse sentido, Bourdieu afirma que há uma homologia (ou paralelismo) entre 
as diferentes categorias de produtores ou de vendedores de serviços jurídicos e as 
diferentes categorias de clientes.” (Pág. 109); 
“Outro ponto importante na analise empreendida por Bourdieu sobre o campo 
do direito se refere justamente a essa “divisão do trabalho jurídico”, ou seja, as 
oposições estruturais verificadas dentro do próprio campo. Dois polos compõem a 
estrutura do campo do direito: os teóricos e os práticos.” (Pág. 109); 
“Os teóricos, geralmente professores e outros académicos (além dos juízes das 
altas cortes), interpretam os textos jurídicos a partir da elaboração de doutrinas. Já os 
práticos, que podem ser representados por advogados ou por juízes (a depender do 
contexto), afirmam-se pela pratica processual e pela interpretação do direito a partir 
da avaliação de um caso concreto.” (Pág. 109); 
“(...) dependendo da posição social ocupada pelo campo do direito em cada 
sociedade, um desses polos ocupa a posição dominante, detendo o monopólio da 
interpretação autorizada dos textos jurídicos.” (Pág. 109); 
“A posição que cada agente ocupa nesse espaço está relacionada com o grau 
de apropriação do capital jurídico: a obtenção de capital implica a ocupação de 
6 
 
posição de maior vantagem em relação aos demais. Esse processo acarreta 
diferenciação e hierarquização interna ao campo.” (Pág. 110); 
“É o contato com a realidade usufruído pelos práticos que permite a introdução 
de inovações no direito. Cabe aos juristas a incorporação dessas mudanças ao 
sistema jurídico, garantido, inclusive, a perpetuação de sua coerência interna.” (Pág. 
110); 
 
 
5.3. Desdobramentos das análises de Pierre Bourdieu 
 
“(...) o método é aplicado à análise específica de um caso concreto: o estudo 
da internacionalização dos campos jurídicos nacionais europeus ao longo do 
surgimento de um espaço jurídico “transnacional”, fruto da criação da Comunidade 
Europeia.” (Pág. 111); 
“O contraste entre esses dois modelos está relacionado à maneira pela qual a 
hierarquia do campo jurídico é conformada: no caso europeu, são, sobretudo, os 
acadêmicos que detêm o monopólio da interpretação autorizada dos textos jurídicos; 
no caso norte-americano, tal posição é ocupada por grandes escritórios corporativos.” 
(Pág. 111); 
“A autoridade jurídica, no antigo modelo europeu, provinha da ciência do direito 
e da crença na imparcialidade a ela atrelada. No topo da hierarquia, estavam os 
líderes acadêmicos e a alta corte de juízes, todos ostentando perfil de independência 
e distância em relação a qualquer interesse comercial (embora os professores fossem 
eventualmente contratados por clientes abastados que podiam pagar os altos custos 
de sua opinião jurídica oficial).” (Pág. 111); 
“Assim, podiam manter uma distância aparente da prática jurídica e da 
atividade comercial. Essa aparência de autonomia dos produtores de direito era, 
inclusive, o que conferia legitimidade ao campo.” (Pág. 111); 
“No outro polo da divisão de trabalho e poder, estavam aqueles que praticavam 
o direito, que tinham contato com as realidades da vida jurídica cotidiana: os 
advogados.” (Pág. 111); 
7 
 
“A prática estava diretamente orientada para a resolução de litígios, o que era 
realizado mediante atuações individuais ou de empresas de pequeno porte, 
especializadas em determinadas áreas do direito.” (Pág. 112); 
 
“Já o modelo norte-americano — denominado pelos autores de “cravathismo”? 
* — tem como centro, ao contrário, a grande empresa de direito. No pico da hierarquia 
jurídica, estão os praticantes da advocacia corporativa (além dos juízes das altas 
cortes).” (Pág. 112); 
“Grandes escritórios jurídicos corporativos atuam em várias áreas diferentes, 
operam em escala nacional e regional, e, além do trabalho da advocacia litigiosa 
propriamente dita, oferecem também serviços de consultoria, preparação de 
legislação, regulamentação administrativa e prática de lobby. Os advogados são 
recrutados a partir de seu desempenho acadêmico nas mais prestigiosas faculdades 
de direito.” (Pág. 112); 
“(...) há um espírito de objetividade e autonomia do campo jurídico, o que advém 
do “cult of servisse to the law” (“servir e estar a serviço do direito”), ou seja, da busca 
pela garantia de que o sistema legal esteja a serviço de todos. Nesse sentido, 
advogados renomados também acumulam capital jurídico ao firmar compromissos 
com serviços públicos e realizar atividades de advocacia pro bono.” (Pág. 112); 
“A criação da Comunidade Europeia, a abertura de fronteiras, a reestruturação 
das economias e o aumento do número de empresas que operam simultaneamente 
em diversos países europeus levaram ao surgimento de um novo mercado de 
atividades jurídicas.” (Pág. 113); 
“E esse novo “mercado de direito europeu”, fortemente marcado pela 
incorporação de características oriundas do direito norte-americano, passou a exercer 
grande influência nos campos jurídicos de vários Estados nacionais.” (Pág. 113); 
“Profissionais que exercem atividades práticas, os quais até então ocupavam 
posição periférica na antiga divisão europeia do trabalho jurídico, com o surgimento 
desse novo mercado de direito europeu passam a desfrutar de prestígio cada vez 
maior.” (Pág. 113); 
“(...) uma nova geração de acadêmicos capazes de, ao apresentar um duplo 
perfil, contestar as hierarquias até então vigentes: por um lado, estão orientados para 
8 
 
a prática; por outro, são também capacitados para manter o tradicional privilégio 
professoral de dizer o direito.” (Pág. 114); 
“Os “melhores e mais brilhantes” advogados franceses, incluindo os que já 
ocupavam alguma posição de professor ou tinham aspirações acadêmicas, são 
atraídos por essas novas oportunidades.” (Pág. 114); 
“Além disso, esse novo contexto também altera a origem social dos advogados 
mais bem posicionados no campo, já que os processos de recrutamento vão sendo 
cada vez mais pautados por critérios meritocráticos.” (Pág. 114); 
“(...) essas mudanças na organização do direito também têm o efeito de 
contribuir para a crescente integração das economias e o consequente surgimento de 
áreas jurídicas transnacionais.” (Pág. 114); 
“Vê-se aí mais uma característica que distancia a vertente de pesquisas sobre 
o direito iniciada por Pierre Bourdieu da tradição do pensamento marxista. Para além 
do movimento de determinação unilateral do direito pela economia,deve-se 
considerar também a situação inversa: as influências que o próprio campo jurídico 
exerce tanto no espaço social como um todo quanto no campo econômico mais 
especificamente.” (Pág. 114); 
 
 
Considerações finais 
 
“As pesquisas desenvolvidas por Bourdieu têm como principal parâmetro a 
sociedade francesa e suas instituições. É por meio desse referente que ele introduz 
suas concepções teóricas e discussões conceituais. O esquema cognitivo 
desenvolvido a partir daí, no entanto, é passível de ser mobilizado para a análise de 
outros casos empíricos.” (Pág. 115); 
“Bourdieu assinala que, embora na sociedade francesa os capitais econômico 
e cultural detenham centralidade, isso pode variar conforme as formações sociais.” 
(Pág. 115); 
“(...) ele mesmo aponta que a posição ocupada pelo capital econômico nas 
sociedades capitalistas é substituída pelo que ele chama de “capital político”: aquilo 
que “assegura aos seus detentores uma forma de apropriação privada de bens e de 
9 
 
serviços públicos (residências, veículos, hospitais, escolas etc.)” (BOURDIEU, 1997, 
p. 31).” (Pág. 115); 
“O mesmo raciocínio vale para a compreensão do direito no Brasil. O campo 
jurídico brasileiro não poderia ser decalcado diretamente nem do modelo francês nem 
do norte-americano.” (Pág. 115); 
“Não se pode, por exemplo, desconsiderar tanto o caráter patrimonialista do 
Estado quanto a herança estamental que marca a formação da sociedade brasileira.” 
(Pág. 116); 
“A ressalva vale também para a hegemonia global do direito norte-americano. 
Não obstante sua crescente influência sobre nossas instituições, não se pode 
simplesmente tomar a importação de modo automático, sendo necessário 
compreender os interesses dos agentes envolvidos nesse processo, bem como o 
sentido que os mecanismos importados assumem no contexto do direito brasileiro.” 
(Pág. 116); 
Além disso, a própria gênese de um campo do direito no Brasil deve ser 
investigada. O esquema desenvolvido pelas pesquisas de Pierre Bourdieu nos levaria 
a indagações relativas às condições de autonomização desse campo, como se 
constitui historicamente, quem são seus agentes, quais posições ocupam e em que 
instituições, o que está em disputa, quais as hierarquias vigentes, os princípios de 
classificação operantes e os polos de tensão que configura. Sem dúvida, essa 
perspectiva enfatiza dimensões que ainda estão por ser exploradas no Brasil. (Pág. 
116);

Outros materiais