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Humanística Página 1 Sumário 1. Sociologia do Direito .................................................................................................................................................................. 5 1.1 Parte I – principais autores .................................................................................................................................................. 5 1.1.1 Conceito ........................................................................................................................................................................ 5 1.1.2 A compreensão dos gregos e idade média - pré-sociologia: organicismo e comunitarismo ....................................... 5 1.1.3 Auguste Comte (1798 – 1857) ...................................................................................................................................... 5 1.1.4 Emile Durkheim (1858 – 1917) ..................................................................................................................................... 6 1.1.5 Max Weber (1864-1920) ............................................................................................................................................... 7 1.1.6 Karl Marx (1818 - 1883) ................................................................................................................................................ 8 1.2 Parte II: Pontos relevantes de sociologia jurídica constantes no edital ............................................................................ 10 1.2.1 Controle social e direito .............................................................................................................................................. 10 1.2.2 Estratificação Social e Direito ..................................................................................................................................... 11 1.2.3 Conflitos Sociais e Direito ........................................................................................................................................... 12 1.2.4 Aspectos gerenciais da atividade judiciária (administração e economia) .................................................................. 15 1.2.5 Direito, Comunicação Social e Opinião Pública .......................................................................................................... 16 2. Teoria Geral do Direito e da Política ........................................................................................................................................ 18 2.1 Direito Objetivo e Direito Subjetivo ................................................................................................................................... 18 2.2 Direito e sanção ................................................................................................................................................................. 20 2.3 Fontes do Direito Objetivo ................................................................................................................................................. 20 2.4 Costumes ........................................................................................................................................................................... 21 2.5 Princípios gerais do Direito ................................................................................................................................................ 21 2.6 Jurisprudência .................................................................................................................................................................... 22 2.7 Súmula Vinculante ............................................................................................................................................................. 23 2.8 Validade, Vigência e Eficácia .............................................................................................................................................. 24 2.9 Eficácia da Lei no Tempo .................................................................................................................................................... 25 2.10 Antinomias ....................................................................................................................................................................... 26 2.11 Política e Direito ............................................................................................................................................................... 26 2.12 Declaração Universal dos Direitos Humanos ................................................................................................................... 27 2.13 Multiculturalismo e demandas por reconhecimento de identidade ............................................................................... 29 3. Filosofia do Direito ................................................................................................................................................................... 31 3.1 Conceito de Justiça ............................................................................................................................................................ 31 3.2 Sentidos de justiça ............................................................................................................................................................. 31 3.3 Evolução histórica da Justiça na Filosofia do Direito ................................................................................................... 31 3.3.1 Filosofia do Direito Grega ........................................................................................................................................... 31 3.3.2 Filosofia do Direito Medieval ...................................................................................................................................... 33 3.3.3 Filosofia do Direito Moderna ...................................................................................................................................... 33 Humanística Página 2 3.3.4 Filosofia do Direito Contemporânea ........................................................................................................................... 35 3.4 O conceito de direito – evolução básica ...................................................................................................................... 36 3.4.1 Jusnaturalismo ............................................................................................................................................................ 36 3.4.2 Juspositivismo ............................................................................................................................................................. 37 3.4.3 Pós-positivismo ........................................................................................................................................................... 38 3.5 Direito e Moral ............................................................................................................................................................. 40 3.6 Hermenêutica jurídica........................................................................................................................................................ 42 4. Psicologia jurídica..................................................................................................................................................................... 47 4.1 Diversas correntes da psicologia ........................................................................................................................................ 47 4.1.1 Psicanálise – Sigmund Freud ....................................................................................................................47 4.1.2 Psicologia Analítica – Carl Jung ................................................................................................................................... 48 4.1.3 Behaviorismo-Comportamental – J. Watson ........................................................................................... 48 4.1.4 Humanismo – Abraham Maslow e Carl Rogers ........................................................................................ 48 ................................................................................................................................................................................................. 49 4.1.5 Psicoterapia Corporal – Wilhelm Reich ....................................................................................................................... 49 4.1.6 Transpessoal ............................................................................................................................................ 49 4.2 Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e mídia ..... 49 4.3 Problemas atuais da psicologia com reflexos no direito: assédio moral e assédio sexual ................................................ 50 4.4 Teoria do conflito e mecanismos autocompositivos: técnicas de negociação e mediação. Procedimentos, posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada de conflitos ............................................................................... 51 4.5 O processo psicológico e obtenção da verdade judicial. O comportamento de partes e testemunhas ........................... 53 5. Ética e Estatuto da Magistratura Nacional .............................................................................................................................. 54 5.1 Regime Jurídico da Magistratura Nacional ........................................................................................................................ 54 5.2 Direitos e deveres funcionais ............................................................................................................................................. 57 5.3 Código de Ética da Magistratura Nacional ......................................................................................................................... 58 5.4 Sistemas de controle interno do Poder Judiciário ............................................................................................................. 59 5.5 Responsabilidade administrativa, civil e criminal dos magistrados................................................................................... 59 5.6 Administração Judicial, planejamento estratégico e modernização da gestão ................................................................. 60 6. Temas Relevantes .................................................................................................................................................................... 61 6.1 Estágios de desenvolvimento moral na sociedade pós-convencional (Piaget e L. Kohlberg) ........................................... 61 6.2 Substancialistas x Procedimentalistas ............................................................................................................................... 62 6.3 Direitos e a redução da complexidade social: a Teoria dos Sistemas de Sociais de Niklas Luhmann ............................... 62 6.4 Pragmática da comunicação jurídica: legitimidade dos procedimentos jurídicos e a Ética do Discurso (Habermas) ...... 65 6.5 Dicotomia entre Hart x Dworkin: direito na visão analítica (Herbet Hart) versus o Direito como integridade (Ronald Dworkin)................................................................................................................................................................................... 66 6.6 A controvérsia Kelsen x Karl Schmitt ................................................................................................................................. 68 Humanística Página 3 6.7 Direito, Verdade e Método: a reviravolta linguístico-pragmática na hermenêutica contemporânea (hermenêutica jurídica filosófica) ..................................................................................................................................................................... 68 6.8 Juiz Júpiter, Hércules, Hermes e Iolau ............................................................................................................................... 71 6.9 Teoria liberal-funcionalista e controle social ..................................................................................................................... 72 7. Análise da banca e apostas ...................................................................................................................................................... 73 7.1 Conceito de Direito no Realismo Jurídico em suas diferentes correntes .......................................................................... 73 7.2 Imparcialidade na atuação do Juiz em um contexto de subintegração e sobre integração ............................................. 73 7.3 Ideologia no Direito e o papel do Juiz ................................................................................................................................ 74 7.4 Acoplamento estrutural***, autopoiese e alopoiese na Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann, enquadrando a Constituição e as relações entre Direito e Política nesse contexto ......................................................................................... 76 7.5 Conceito de Justiça em Amartya Sem ................................................................................................................................ 76 7.6 Transconstitucionalismo e Cosmopolitismo na aplicação do direito ................................................................................ 78 7.7 Constitucionalização simbólica .......................................................................................................................................... 81 7.8 Como o Pós-positivismo influencia na interpretação constitucional contemporânea e no ativismo judicial .................. 82 7.9 Pragmatismo no processo de decisão judicial e análise da Teoria dos Custos dos Direitos de Cass Sunstein.................. 83 Humanística Página 4 Humanística Página 5 1. Sociologia do Direito 1.1 Parte I – principais autores 1.1.1 Conceito Conceito: sociologia – sócio logia: estudo da sociedade (lógus). Augusto Comte: pai geral da sociologia. Macrocampo sociologia; dentro dele, como um ramo, a sociologia jurídica. Estudo das sociedades. Estudo dos fenômenos sociais. Por que a sociedade costuma ser comportar de tal ou qual forma? Por que as pessoas comportam-se em massa de forma determinada? Aplicação direta ao direito, pois ele é um fenômeno relevante dentro da sociedade. Fatores sociais x direito. o Sociologia: estudo dos fenômenos sociais o Sociologia jurídica: estudo dos fenômenos sociais aplicado ao direito (como um influencia o outro) Obs: Existem divergências do que realmente é o objeto da sociologia. 1.1.2 A compreensão dos gregos e idade média - pré-sociologia: organicismo e comunitarismo Filósofos da Grécia antiga: já analisavam conceitos sociológicos antes dela tornar-se ciência; reflexões de fenômenos sociais – atrelada a ideia da filosofia latu sensu o Compreensões primitivas: surgiram dentro do organicismo e comunitarismo Sócrates, Platão e Aristóteles1 o : Na visão deles, o ser humano existia dentro de uma comunidade, e não um indivíduo sozinho; a pólis dominava (comunitarismo) o : Ser humano plenamente realizado: só se estiver integrado ao grande corpo (organicismo). Ápice do organicismo – pensamentosocrático2, diálogo Fedum3 – morreu em prol da sociedade; o homem não está pleno sozinho o Platão: cada um deve cumprir seu papel social visando o crescimento da pólis o Aristóteles: o homem é um animal político (organicismo) o Dissidentes: os sofistas. Eram relativistas ( Vs idealistas) Destaque: Protágoras – homo mensura – o homem é a medida de todas as coisas – cada pessoa vê o mundo conforme seus olhos. Cada pessoa é uma medida. o O organicismo e comunitarismo vão até os séculos XVI e XVII; o individualismo só floresce no renascimento Idade Média: Continuidade do mesmo pensamento; expoentes –Agostinho e Tomás de Aquino4 o Perpetuaram as ideias de org. e comum com recorte do cristianismo o Todos fazem parte da mesma comunidade, dos cristãos – filhos de Deus o Tomás de Aquino: Cidade dos Homens (terra) e Cidade de Deus (jardim do Éden). A terra é a imagem inacabada da cidade de deus. 1.1.3 Auguste Comte (1798 – 1857) Importância: considerado o pai da sociologia como ciência5. Apogeu da ciência ocorre nesse período (séculos XVIII e XIX). Destacou a distinção entre ciência e filosofia naturais o Pai do positivismo científico, o qual teve reflexo pesado no positivismo jurídico do direito com trabalho de Kelsen; Positivismo científico: crença exacerbada no poder da ciências; busca da pureza das ciências o A sociedade poderia ser estudada como objetos das ciências naturais (logo, possível buscar causa e efeito na sociedade) o Trouxe a possibilidade de estudar a ordenação da sociedade humana a partir do descobrimento das leis causais e absolutas que regeriam as interações humanas (aplicação de fórmulas e leis) 1 Triunvirato da filosofia clássica. Eram individualistas; o homem busca um ideal. 2 Maiêutica: parto das ideias. Estímulo ao auto conhecimento. 3 Discípulos de Sócrates oferecem a fuga após ele ser preso; mas ele diz que “O bom cidadão deve cumprir leis mesmo que injustas para que o mau cidadão não descumpra leis alegando ser injustas” 4 Agostinho – Patrística (influencia Platão) / Tomás de Aquino – Escolástica (influencia de Aristóteles) 5 Todo ramo do conhecimento humano que tem objeto definido e metodologia de trabalho Humanística Página 6 o Papel da Sociologia: descobrir e sistematizar o conjunto de leis universais que regeriam a sociedade (ciência unificadora, positiva)6. o Principais contribuições de Comte para a Sociologia: objeto + metodologia Ter posicionado a sociologia como uma ciência Criação de uma metodologia de trabalho para as ciências sociais (com métodos científicos inspirados na historiografia7 e etnografia8) Identificou a sociedade como uma totalidade real e concreta, tornando-a como o objeto da ciência o Principal crítica: ter buscado a neutralidade do cientista, desprezando a influencia que o meio tinha sobre o próprio cientista 1.1.4 Emile Durkheim (1858 – 1917) Teoria do fato social9: estudou se nos posicionamos conforme nossa própria consciência ou se a sociedade determina nosso modo de agir – fato social afunilou o estudo; tirou o objeto da sociedade para o fato social - pressões sociais (fatores exógenos) que influenciam o comportamento para além da consciência humana o Atenção: cai em prova – busca explicar como a sociedade determina o agir humano. Estudo do por quê as pessoas agem de tal ou qual forma, e como a sociedade influencia isso. O indivíduo, dentro da sociedade, é pautado por uma série de fatores que determinam o seu agir. Separação da consciência do comportamento, pois nosso comportamento não é determinado apenas como nossa consciência determina! Outros fatores, que só aparecem dentro do corpo social, que nos levam a agir10. o Se a consciência é mecanicamente determinada, pois é biológica, por que então, cientes de determinado reflexo causado por uma ação, hesitamos, pensamos e até mesmo desistimos de fazer tal conduta? Isso significa que a consciência é muito mais que simples reflexo orgânico, tendo suas propriedades singulares. o Então, para explicar a ação do homem além da consciência, desenvolve a ideia de fato social o Fato social (elementos): independe de o indivíduo estar ou não ciente, é exterior e difuso exerce coercibilidade sobre o indivíduo; é uma modelagem ao indivíduo é generalizado em toda sociedade 1. a existência do fato social independe da vontade ou disposição individual 2. O fato social é perceptível e cognoscível, sendo o objeto de estudo da sociologia par ao autor 3. A assunção de que o fato social é externo ao indivíduo e independe de sua vontade prova a coercibilidade do fato social o O autor chegou a relacionar o fato social ao suicídio o Controle informal: Isso explica o controle social informal sobre o indivíduo o Teoria da solidariedade: sociedades são marcadas pela vivência em comunidade, pela criação de laços de solidariedade. Em um ou outro modelo, o direito é que vai organizar as regras de solidariedade 6 Contudo, a sociologia como ciência careceu de bases epistemológicas e metodológicas até os avanços trazidos por Emile Durkheim 7 Estudo e descrição da história 8 Estudo das diversas etnias, de suas características antropológicas, sociais 9 Max Weber trouxe a teoria da AÇÃO SOCIAL; não confundir as duas, elas caem em prova! Guarde desde já (mAx – A de ação) 10 Quer um exemplo? Uma pessoa que namora alguém por dois anos e vai em festas de casamento; as pessoas perguntam quando vai casar? Determinação da vida não pela consciência, e sim pelo o que os outros acham. Depois que casa, vem cadê o filho? Cadê o outro? Humanística Página 7 Solidariedade mecânica: primitiva; São grupos com os mesmos valores sociais, baseados na troca, empréstimo, confiança, informalidade. Lógica de comunidades rurais, existente até hoje. Direito punitivo, mas é direito. Ex.: vizinho que ajuda o outro na colheita Solidariedade orgânica: é institucionalizada. Ocorre nas sociedades complexas, industriais, em pessoas que necessariamente não possuem os mesmos valores e crenças. Os interesses individuais são distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada. Necessária a criação de órgãos que possibilitem a intermediação do estado para promover a solidariedade. Ex.: seguridade social e INSS; defensoria e proteção dos hipossuficientes. Direito restitutivo. o Conceito de direito para o autor: instrumento de organização da solidariedade social 1.1.5 Max Weber (1864-1920) Teoria da Ação Social: analisa ações humanas dentro da sociedade destinadas a alcançar certos objetivos. O autor divide as ações sociais em quatro grupos: o A ação social pode ser: referente a fins: ações que o indivíduo age buscando atingir finalidade específica, lógica de interesse. Ex.: política – político cria uma ONG para se promover, buscando reeleição referente a valores: pessoa age por conta de seus valores intrínsecos (componente axiológico). Ex.: monge, padre de modo afetivo: ações pautadas pelo afeto, relações humanas de estima. Ex.: doação para alguém tradicional: ações baseadas na tradição e na cultura, no costume. Agir porque todos agem assim. Ex.: torcida de time de futebol na família O que é Estado para Weber? O Estado é a comunidade humana que detém o uso legítimo da força física (violência). Dominação do homem sobre o homem a partir do uso legítimo da força. Assim, a definição de Estado não é baseada em seus fins, mas pelo meio que lhe é peculiar: o uso da coação física. Sem violência, não há Estado, há apenas Anarquia. o A violência não é seu único instrumento, mas é seu específico o O estado só existe enquanto dominados se sujeitem ao domínio dos dominadores o Weber questiona as condições e o porquê dessa submissão, bem como as justificações internase os meios externos em que se apoia11 Razões internas: três fundamentos que explicam porque dominados aceitam dominação, seja por esperar uma recompensa, seja por medo da vingança. Funda-se na autoridade12 11 Por que as pessoas cumprem decisões judiciais? Ex.: Renan Calheiros não cumpriu a decisão do STF que determinou que réus em ações criminais não podem ocupar cargos de linha sucessória presidencial. 12 Esses tipos de autoridade estão ligadas aos tipos de ações Humanística Página 8 1. Tradicional: Autoridade do passado eterno poder tradicional, encontrada nos costumes santificados (ação ligada à tradição) 2. Carismática: fundada em dons pessoais e espirituais do indivíduo, justificam até mesmo uma devoção; 3. Racional-legal: imposta por força da norma, lei e convenção, fundada no reconhecimento de uma competência positiva, na obediência e nas regras a partir de um estatuto estabelecido. Exercido pelo servidor do Estado. Para o direito, é essa que importa. Ele é quem traz o fundamento de legitimidade da autoridade o #TJBA2017: Disserte sobre quais são os três fundamentos da legitimidade da dominação em Max Weber: é para falar dos três tipos de autoridade, liga-las as ações sociais e fazer o recorte do direito dentro da racional-legal o O que é direito para Weber? Meio da autoridade buscar a adesão de seus súditos e conseguir exercer sua autoridade, busca legitimar o uso da força física dentro do Estado. O direito não só cria um fundamento de legitimidade para a autoridade e para Estado como também cria uma rede burocrática interna para estruturar e manter esse estado Burocracia: o Estado, enquanto um modo de dominação organizada, necessita de um lado de um estado-maior administrativo, e do outro, dos meios materiais de gestão. O estado-maior administrativo (que é a organização da dominação política), não se inclina a obedecer ao detentor do poder apenas pelos institutos que o legitimam, mas pelo conjunto de vantagens e prestígios envolvidos nessa relação, bem como o medo de perdê- los. Princípios da racionalidade jurídica – a racionalidade jurídica é que dá legitimidade às autoridades. Assim, o direito busca dominação racional através das seguintes ideias : 1. O direito deve ser contratado ou outorgado – norma posta 2. Todas as regras devem ser abstratas – aplicação geral 3. O soberano legal deve atuar de modo imparcial 4. Quem obedece o faz por se considerar membro da associação – faz esperando algo em troca o #TJSP2015: Disserte sobre os princípios da racionalidade jurídica em Weber: são os quatro acima. Falar teoria ação social, o que é estado, as três autoridade, e direito como fundamento da autoridade racional-legal e os quatro princípios 1.1.6 Karl Marx (1818 - 1883) Volta-se à análise econômica da realidade social. Relações sociais estudadas a partir das relações produtivas; economia pauta a ação social O capital: estudou como a forma de produção capitalista determina as relações sociais, incluindo relações jurídicas de poder. A forma como produzimos riqueza determina a forma de organização social. Procurou demonstrar que o modo de produção capitalista faz ocorrer uma cisão na sociedade entre aqueles que detém os meios de produção e os que não possuem Meios de produção: bens que, ao serem objeto de propriedade por alguém, são capazes de gerar riqueza (terra, máquinas, imóveis, empresa) o Classes sociais: quem tem meio de produção (burguês) subjuga quem não tem. Isso faz nascer classes sociais, pois quem não tem o meio de produção só tem uma coisa para vender, que é seu tempo (proletário). Burguesia x Proletariado Superestrutura e infraestrutura: “A totalidade de relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta uma superestrutura jurídica e política, e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral da vida social, política e espiritual”. – OU SEJA, as relações de produção criam abstrações na consciência do indivíduo de modo a formar uma superestrutura social justificadora das relações produtivas. Humanística Página 9 o Assim, para entender o Direito para Marx é preciso compreender inicialmente os dois conceitos abaixo: Infraestrutura (existência): tudo o que gera riqueza está aqui e ela sustenta a superestrutura – meios de produção (indústria, agricultura, comércio, mineração) Superestrutura (consciência): é um estado de consciência, uma noção abstrata e imaterial que serve de sustentáculo da sociedade capitalista e retroalimenta a infraestrutura. É composta pelas noções de estado (relações políticas), sociedade (relações sociais), religião, cultura, ideologias e, por fim, a justiça e leis). Ex.: o direito diz que existe o direito de propriedade; quem falou isso? Quem detém os meios de produção. È uma relação dialética entre as duas estruturas. Todas as ideias da superestrutura fundamentam a infraestrutura de modo a justificar a concentração dos meios de produção nas mãos da burguesia. Direito: elemento da superestrutura que é necessário para determinar e para manter os modos de produção tais como temos, mantendo-se a infraestrutura da sociedade capitalista Relações entre direito e ideologia: toda ideia escamoteada em certos comportamentos usada para justificar um comportamento social. A ideologia é um elemento da superestrutura usada para disseminar ideias que servem para sustentar o status quo de submissão. A reforma trabalhista é um exemplo clássico, usada para legitimar o uso dos meios de produção de modo aquecido. O direito foi usado para retirar direitos dos trabalhadores. Instituições em Marx: para ele, a instituições existem para reprimir ou manter a ordem e visam ao mesmo fim: manter o status quo. o Aparelhos repressivos: reprimir aqueles que se revoltam contra um modo de produção por meio da força, gerando medo nos dominados. Ex.: polícia o Aparelhos ideológicos: ajudam a mantar o status quo, dando a sensação de que tudo funciona, que as oportunidades são para todos e existe mobilidade social. Escondem a verdadeira divisão social entre os que tem meios de produção e os que não tem. Ex.: justiça, legislativo, defensoria Direito e suas ilusões: o direito, como elemento tipicamente ideológico, traz em si duas ilusões; o Ilusão de legalista: ilude os dominados de que a ordem posta é legítima e que as leis tem o poder de mudar as situações, enquanto na verdade, presta-se a manter a situação opressiva o Ilusão de igualdade: a igualdade existiria a partir do momento em que está prevista na lei, não sendo necessária uma igualdade material ou real Estado e suas formas políticas – teoria neomarxista Prof. Mascaro: Mascaro analisa o estado em sua atual conjuntura, dentro de uma perspectiva da totalidade, de modo que a forma política só pode ser compreendida como derivação da forma mercadoria, que se instaura no capitalismo. Ou seja, o estado surge como uma instituição dentro da forma de produção como uma derivação da forma mercadoria. Dentro da teoria marxista, os modos de produção existentes tem em si um modo de produção mercadoria (produção de coisas). E, dentro delas, as relações humanas e o comportamento também são mercadorizado (o tempo de trabalho é mercadoria). Na perspectiva de Mascaro, as próprias instituições do estado repercutem essa noção de mercadoria. O estado existe como forma estrutural para sustentar essa produção de forma mercadoria e as relações humanas. Humanística Página 10 _______________________________________FIM DA PARTE 1 _____________________________________________ 1.2 Parte II: Pontos relevantes de sociologia jurídica constantes no edital 1.2.1 Controle social e direito Controle social: tudo aquiloque, dentro de uma sociedade, faça com que os indivíduos se comportem de forma A ou B (ex.: teoria do fato social de Durkheim explica isso) Toda sociedade possui formas de moldar o comportamento dos indivíduos para que reflita o comportamento dominante. Formas de controles sociais: Formais: derivam do Estado (o qual tem mecanismos para impor que o indivíduo se comporte dessa ou daquela forma). Principal , mas não é o único. Pressupõe uma institucionalização e relação com o Estado Informais: aqueles que decorrem dos próprios comportamentos humanos (questões externas oriundas das próprias pessoas, do grupo social – fato social). É difuso, móvel e espontâneo, sendo típico, MAS NÃO EXCLUSIVO, de sociedades menos complexas. Realizado pela família, fiéis mesma religião, colegas de trabalho e escola... que reprovam determinado comportamento e dão recomendação Principal Sociedades simples x complexas: nas complexas e desenvolvidas, nota-se a existência dos dois meios, mas o controle formal é realizado principalmente pelas autoridades do Estado, e por consequência, do direito. Direito dentro do controle social: é forma específica de controle social nas sociedades complexas. É controle formal, determinado por normas de conduta, que apresentam três características: NORMAS - Normas explícitas, indicam a população a forma exata e clara o que devem ou não fazer SANÇÃO: Protegidas pelas sanções (cíveis, penais, adm) INTERPRETAÇÃO: Interpretadas e aplicadas por agentes oficias #TJDFT2016: Defina controle social e sua finalidade: controle social são formas dentro da sociedade usadas para modelar o comportamento do indivíduo de modo a adequá-lo ao padrão correto de comportamento. Pode ser formal ou informal (define cada), e fala do direito como principal do formal e moral do informal. As normas de conduta dentro das sociedades complexas como controle formal se manifestam pelas três características (normas + sanção + interpretação e aplicação dos agentes estatais). IMPORTANTE Controle social e Foucault13: o Poder e relações sociais: o controle social foi estudado pelo autor principalmente pode meio do estudo do poder e como ele pode moldar as condutas dos indivíduos. O poder não é algo que só alguém exerce, e sim perpassa a sociedade, determinando como o ser humano se comporta de forma mais ampla.14 O poder é fluido, transversal a toda sociedade. O poder se comporta de mais diversas formas (relações econômicas, relações humanas e modelando o próprio comportamento e corpo humano) o Biopoder: influência que o poder tem sobre o corpo humano, possibilidade de o poder dominar o corpo humano. Estudou muito a questão dos manicômios e loucura, mas também o poder sob o ponto de vista da estética.15 Ditadura da magreza, da brancura – poder sobre a estética. 13 Vai além da sociologia; grande filósofo do sec. XX. Objeto central do pensamento dele é o PODER. Em “microfísica do poder”, o autor explica o poder. Poder NÃO É OBJETO, não é manuseável. É algo transversal à sociedade, perpassa todos os seres humanos e é vivido dentro da sociedade. Fala também como esse poder molda o comportamento humano 14 Um dominado pode passar a ser dominador em certos momentos. O operário que é dominado dentro da indústria, ao chegar em casa, domina a mulher em virtude da superioridade física Humanística Página 11 o Prisão e dominação do corpo: o Biopoder se manifesta de forma aguda no tema da prisão e dominação do corpo (aspecto manicomial a lógica é a mesma). Prender alguém é o exercício de um poder sobre o corpo do outro, é o exercício de um Biopoder! Livro vigiar e punir analisa como surge a prisão e como ela surge em uma lógica de humanização das penas, mas que, na verdade, por trás de si, traz a questão da manifestação de poder. No livro, Foucault analisa: Do suplício à prisão: o suplício era a pena feita sobre o próprio corpo do acusado por meio da dilaceração do corpo humano; o corpo sofre de forma imediata com a sanção. A fase de prova está embutida na fase da sanção: tortura da carne para obter a confissão Com a reforma humanista, do suplício passa-se gradualmente para a prisão. A prisão surge para acabar com a exposição pública que era o suplício, mas que ainda traz a sensação de morte em vida Troca da morte real, massacrante pela morte em vida noção de retributividade da pena Prisão é então dar a noção de que a pessoa morreu, mesmo que em temporariamente, em vida Prisão então é dominação sobre aquele que é transgressor (mesma lógica se aplica aos loucos excluídos da sociedade pelo comportamento não normal) A prisão tem uma série de lógicas usadas para disciplinar e modelar o comportamento, tornando os comportamentos desviantes em corpos dóceis – pessoas submetidas a processos de poder que foram domesticadas e disciplinadas, modelando-se por meio de modelos que a sociedade entende correta Para ele, o aprisionamento só tem sentido quando realizado para possível correção do comportamento e utilização econômica dos criminosos corrigidos; a prisão como aparelho administrativo é uma máquina para modificar espíritos. Na verdade, não quer corrigir ou ressocializar, e sim domesticar O panóptico16 de Bentham: a desindividualização do poder – o modelo de panóptico é importante dentro da teoria de Foucault porque irá desindividualizar o poder, ou seja, não se sabe quem ou quando o estar-se sendo monitorando, mas quem está no panóptico está monitorando. Portanto, é um modo de funcionamento automático do poder o é a dominação permanente sem se saber por parte de quem, de modo que se está sempre sendo disciplinado o o panóptico é a manifestação física do poder Panópticos contemporâneos: quais são os panópticos contemporâneos? Salas de aula, hospitais e muitos outros lugares o usam. Tecnologia e panóptico: a internet, câmeras, celulares, mecanismos de busca, redes sociais são permanente fiscalizadores, muito além do poder estatal. Relação entre os instrumentos de monitoramento eletrônico e prisão: tornozeleira eletrônica é um panóptico moderno, pois o indivíduo é fiscalizado o tempo todo mas não sabe por quem nem quando, disciplinando-se a pessoa 1.2.2 Estratificação Social e Direito Estratificação: termo usado pelas ciências sociais para indicar que a sociedade é dividida em vários grupos sociais, constatando-se um fenômeno de superposição ou hierarquização. 15 Ex.: em um local de muito calor, homens usam terno e gravata a fim de passar uma imagem de credibilidade (caso do professor). É um poder existente que determina isso. 16 Toda estrutura arquitetônica que é baseada em um ponto central mais elevado de onde se vê todos os outros ambientes Humanística Página 12 o Grupos sociais: nossa sociedade é divida em classes (A, B, C... média, alta...). Não necessariamente toda sociedade se divide assim. Mas, quando isso acontece, tais sociedades são chamadas estratificadas, de modo que alguns elementos aproximam alguns indivíduos que compõem o mesmo grupo o Na idade média, falavam-se em estamentos (clero, nobres, servos). Há clãs, castas, o Nas sociedades capitalistas contemporâneas, são as classes Tipos: o Estratificação fechada: não permitem mobilidade, pois há limites sociais e até legais insuperáveis. Ex.: Índia – sociedade de castas e idade média (estamentos legalmente protegidos). o Estratificação aberta: permite a mobilidade entre classes, há frequente mudança de status social dos indivíduos (soc. Capitalistas contemporâneas). Classes sociais: critériospara caracterização: o Qualitativos: é ligada à ideia de Marx: se tem ou não meios de produção. O modo de produção de cada sociedade determina a classe (burguês e proletários) o Quantitativos: Weber – leva em conta o grau de educação, profissão, religião, espaço de moradia para definir a classe. NOSSA SOCIEDADE ADOTA PREDOMINANTEMENTE ESSE CRITÉRIO Direito e classes: desse modo, apesar de o Direito visar a imparcialidade e a isonomia, NÃO se pode afirmar que a divisão da sociedade em classes sociais é irrelevante para a aplicação das normas jurídicas, posto que a posição dos indivíduos nas classes sociais influencia a aplicação do direito em diferentes aspectos, como, por exemplo, no nível de acesso ao sistema jurídico, e o tratamento dado pelo sistema jurídico a tais sujeitos. o Assim, a análise sociológica é fundamental na aplicação do direito. A classe social deve ser levada em conta SIM quando da aplicação do sistema jurídico; o A isonomia não é simplesmente dar a cada um o que é seu, e sim dar um acesso à justiça diferenciado aos vulneráveis o 100 regras de Brasília: previu amparo diferenciado aos vulneráveis (CF, princípio isonomia)17 O direito pode promover transformações sociais??? O direito é apenas substrato de manutenção do status quo, como dizia Marx, ou pode ser usado como instrumento de transformação?18 o Direito não transforma: Marx: direito mantém a sociedade como ela é Savigny: direito é reflexo da realidade, sendo incapaz de promover transformações, pois regras postas apenas refletem a realidade social Puchta: neomarxista, defende que o direito é um reflexo da infraestrutura o Direito transforma: Friedmann: direito pode transformar a realidade A Constituição tenta fazer isso por meio de sua força normativa (transformar a realidade por meio das normas sociais), com previsão de direitos sociais, individuais e garantias. Quando o direito cria formas de acesso à educação superior à pessoas que historicamente foram deixadas à margem disso, ele possibilita a transformação social e mobilidade de classes Para isso, temos que encarar que as pessoas são diferentes e estão dividas em classes Noções de ilicitude são diferentes entre as pessoas em suas classes 1.2.3 Conflitos Sociais e Direito Conflitos: faz parte do ser humano. São tão naturais e tão comuns como as divergências de interesses. 17 As Regras de Acesso à Justiça das Pessoas em Condição de Vulnerabilidade, conhecidas como As 100 Regras de Brasília, foram aprovadas pela XIV Conferência Judicial Ibero-americana, que teve lugar na capital federal de 4 a 6 de março de 2008. Não ganharam a fama merecida, mas possuem um poderoso acervo conceitual e uma agenda vigorosa de facilitação do acesso à justiça como única forma de pacificação das relações sociais e de estabilidade das relações jurídicas. Traz conceitos bem delineados do que sejam as pessoas em situação de vulnerabilidade, por critérios de idade, incapacidade, inserção em comunidades indígenas ou migratórias, vitimização, pobreza, gênero, minorias ou pessoas privadas da liberdade. Para quem gosta de estudar processo, nada mais instigante do que evocar preceitos de envergadura internacional, conquanto não ostentem, neste caso, o status de tratado. 18 Em prova, coloque as duas correntes e coloque os autores; não assuma uma posição fechada Humanística Página 13 Direito: é um dos mecanismos sociais que se propõe a solucionar esses conflitos, garantindo direitos e deduzindo pretensões. Assim, o direito tem relação direta com o fato social conflito. O direito vem para tentar aquinhoar esses conflitos. o O processo judicial é o ponto máximo do desenvolvimento dos meios de solução de conflitos Breve histórico: o Autotutela: Na antiguidade mais remota, tínhamos autotutela – autodefesa, sem proporção Código de Amurab – trouxe a proporção com olho por olho e dente por dente o Autocomposição: Romano - jurisconsultos e juízes tentando levar a autocomposição o Heterocomposição: período romano, que passou a decidir em nome do Estado com heterocomposição Árbitro: da vingança individual passou-se a colocar a decisão nas mãos de um terceiro estatal Evolução: essa evolução não quer dizer que a heterocomposição é a única, pois a história é pendular; hoje, tentamos o equilíbrio entre Autocomposição e heterocomposição Conceitos: vide manual de mediação do CNJ Sistemas não judicias de composição de litígios: dentro das funções sociais do direito, temos a prevenção e a composição de conflitos. o Prevenção quando o direito promove um disciplinamento social e faz evitar o choque de interesses o Compõe pois permite a discussão dos interesses antagônicos das partes do conflito o No direito, temos 4 formas de compor litígios: Formas de composição de litígios AUTOCOMPOSITIVAS: 1. Negociação direta: partes entendem-se mutuamente e estabelecem um acordo, negociam que uma das partes se submeta aos interesses da outra para solucionar o conflito 2. Mediação e conciliação: quando a primeira fracassa, entra essa. Entra em cena alguém que facilita o diálogo entre as partes, acomodando-as e dirimindo as divergências a fim de não se levar as partes ao litígio Mediador: o Conceito clássico: age nas causas humanas do problema, e não se preocupa só com a solução (ex.: um divórcio que se funda na falta de comunicação) o Conceito CNJ: Para o CNJ, é diferente Conciliador: o Conceito clássico: quer resolver o problema (um divórcio que o conciliador quer fazer o acordo da partilha) Humanística Página 14 o Conceito CNJ: defende uma conciliação não tão fria Formas de composição de litígios HETEROCOMPOSITIVAS: 3. Arbitragem19: não há consensualidade. Um terceiro é eleito para solucionar o problema, o qual não integra o judiciário. É um agente privado. No nosso ordenamento, se dá pela cláusula compromissória (ANTES - previamente estabelecido no contrato, já consta que árbitro irá resolver) ou do compromisso arbitral (DEPOIS - o problema surge, as pessoas brigam e no meio da briga, instituem a arbitragem). 4. Composição jurídica: ´quando a negociação direta, mediação e conciliação, passa-se à atuação do magistrado no processo. Heterocomposição em sua função institucionalizada o Tabela CNJ: #TJRS2016: Explique heterocomposição e autocomposição. Diferenças entre mediação e conciliação. 19 STF já pacificou que não viola o direito de acesso à justiça a previsão legal de que decisões arbitrais não se submetem ao judiciário. Humanística Página 15 o A leitura da Res. 125 do CNJ é obrigatória Na resolução, destaca-se a diferença de acesso à justiça e acesso ao judiciário ajuizar um processo não é acesso à justiça, outras vezes uma sentença dada não é necessariamente fazer justiça o ATENÇÃO!!! Sistema de Justiça Multiportas (multidors system) – vem do direito americano e foi incorporada no ordenamento jurídico brasileiro pelo NCPC. Trata-se da ideia de que o Judiciário tenha vários serviços de composição de conflitos. Ou seja, que seja um sistema com várias portas (várias alternativas) para que o cidadão possa acessar o judiciário, e não necessariamente busque a solução do conflito somente pelo processo litigioso judicial. Assim, o tribunal deve oferecer a mediação, conciliação, mediarbitragem.20 Antigamente falava-se em métodos alternativos de solução de conflito; hoje são mecanismos integrados ao judiciário. O CPC incorporou tal ideia por meio da imposição da mediação/conciliação como fase prévia do processo e por meio da incorporação dos conciliadores e mediadores ao próprio sistema de justiça. o ATENÇÃO: revisar no NCPC tudo o que tem sobre conciliação/mediação (o professoracha que o examinador vai trazer a humanística junto com o CPC) 1.2.4 Aspectos gerenciais da atividade judiciária (administração e economia) Conceito: IMPORTANTE!!!! 21É uma demanda dos juízes. o Cultura institucional: um dos grandes problemas do judiciário hoje é sua taxa de morosidade. Segundo o CNJ, isso se dá principalmente pela má gestão. Essa má gestão se dá pela cultura institucional o Administração patrimonialista (burocrática e hierarquizada) substituir pela Administração Gerencial (eficiência): é um ideal a ser buscado. O CNJ surgiu também pela preocupação de melhorar a gestão adm dos tribunais o Investimento em Centros de Inteligência e boas práticas: na busca pela mudança da cultura institucional para uma administração gerencial (baseada na eficiência) e não patrimonialista, o CNJ tem investido nesses Centros de Inteligência (investigam quais são as principais demandas e quais formas melhores de solucionar, agindo preventivamente) e boas práticas de gestão Administração judiciária: novo campo de estudo tendente a melhorar o judiciário, trazendo para a adm pública conceitos da adm privada Magistrado administrador: o CNJ tem ciência de que sobre o juiz não recai apenas a atividade judicante, e sim uma função administrativa de organizar a justiça (da Vara) em prol do bem comum. Dessa forma, atividades de premiação, hierarquia, organogramas e gestão de pessoas entram na pauta dos envolvidos no sistema. 20 No contrato, as partes colocam que primeiro vão buscar um mediador e só se ele falhar é que vão para a arbitragem. 21 O conceito Weberiano de burocracia (tipo ideal mais puro e racional de dominação legal, exercido mediante um quadro administrativo profissional que busca alcançar a eficácia) pode dar uma luz de como sair da adm patrimonialista para a adm gerencial – adotando-se um modelo burocrático por meio do recrutamento universal de profissionais qualificados, da supervisão, da impessoalidade e do formalismo. Humanística Página 16 Gestão e Gestão de pessoas: para ser um bom administrador, o Juiz deve ter noção gestão de pessoas. Em virtude da necessidade das administrações dos tribunais serem eficiências, o CNJ ampliou a função do magistrado para também gerir pessoas na esfera administrativa dos tribunais. o O planejamento de gestão de pessoal tem que se moldar à realidade social dos objetivos da Justiça o A gestão de pessoas busca entender os indivíduos, como seu comportamento, necessidade, para que sua qualidade de vida reflita em suas atividades a fim de que haja motivação no trabalho. Para isso, é importante a recompensa. Folgas, home office... o ATENÇÃO! LEITURA OBRIGATÓRIA!!! Res. Nº 240/2016 do CNJ Art. 1º - institui a Política Nacional de Gestão de Pessoas do Poder Judiciário com as seguintes finalidade: 1.2.5 Direito, Comunicação Social e Opinião Pública Comunicação social: campo de estudo e profissional que cuida da comunicação em massa. Opinião Pública: é o agregado do que pensa uma parcela da sociedade sobre determinado tema. #TJDFT2015 PROVA ORAL: Como deve ser o relacionamento do Juiz com a mídia??? Manifestação na mídia, nas redes sociais e sobre processos judiciais Em suas relações com a comunicação social, o Juiz deve pautar-se: o Na transparência: inerente à função judicial, tendo dever se comunicar com a sociedade o Dialogando com o papel do judiciário e: o direito tem papel contramajoritário, logo, irá desagradar, pois geralmente a maioria quer subjugar as minorias o Seus deveres legais: art. 36, III da LOMAN e 12 do CEMN LOMAN e Código de Ética da Magistratura: Art. 36 – é vedado ao magistrado: III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério. Humanística Página 17 ATENÇÃO!!! PROVIMENTO 71/2018 CNJ Humanística Página 18 2. Teoria Geral do Direito e da Política 2.1 Direito Objetivo e Direito Subjetivo Direito: o Vem da ideia de “caminho a ser seguido”. Na história da humanidade, o direito está ligado às seguintes expressões: o jus-juris: vínculo de direitos e obrigações entre as pessoas. Expressão em sânscrito. o Directum: de+rectum. Origem latina, do direito romano. Expressa linha reta e caminho a ser seguido. O direito é aquilo que deve ser seguido, um código de comportamentos e condutas a ser seguido pelas pessoas. O que não é direito, é torto, fora do padrão que a sociedade exige Lei: o Liame, Ligação, Relação entre as pessoas: lei é diferente de direito; a lei é uma das formas de manifestação do direito. P. ex., em qualquer comunidade rural, por mais isolada que seja, terá um código de conduta, a qual não vem da lei. Direito x Lei x Norma: Lei não é igual a norma! Norma pode vir de costumes, práticas. Norma também é uma forma de manifestação do direito; da lei, emanam as normas. Miguel Reale22: o direito é o resultado de três dimensões: dimensão normativa, dimensão axiológica e dimensão fática o Direito estatal (dim. Normativa): posto pelo Estado, como fenômeno estatizado. É tido como ordenamento, norma jurídica, ciência do Direito. o Direito é fato ou fenômeno social (dimensão fática): o direito existente em qualquer comunidade, seja urbana ou rural, sendo um fato social, como fato ou fenômeno. É a realidade social histórico-cultural. o Direito é valor (dim. Axiológica): direito é valorativo, como valor justo pela deontologia o Direito é uma Ciência do Mundo da Cultura: direito como área do conhecimento humano. Mundo da cultura – contrário de ciência da natureza; ciência produzida pelo intelecto humano Sentidos de direito23: o Direito como justo – dimensão axiológica: valores fundamentais que estão por trás do direito; ideia de que o direito vem para equilibrar relações humanas. Valores que o direito encarta que são fundamentais trazem essa justiça (boa-fé objetiva, cooperação); o objetivo do direito aqui é a realização do justo no caso concreto, com garantia de justiça nas relações pessoais o Direito como 24: norma de agir. Conjunto de normas postas dentro do Estado, sendo condutas tipificadas na legislação (Lembre da Altair – agenda da Altair) – confunde-se com o DIREITO OBJETIVO o Direito como : faculdade de agir. Advém da norma agendi; é o direito subjetivo que decorre das normas postas, sendo as prerrogativas decorrentes daquelas – DIREITO SUBJETIO o Direito como ciência: é igual à ciência jurídica, sendo a dimensão dogmática do direito. Estuda os ordenamentos jurídicos, a estruturação das fontes em um determinado sistema. 22 Teoria tridimensional do direito – pressupõe que fato, valor e norma estão sempre presentes, e devem ser levados em consideração pelo direito e seus operadores. Rebate que o direito é a apenas a aplicação de silogismo e a lógica formal; Deve-se levar em conta os valores que determinam os preceitos jurídicos e os fatos que os condicionam, tanto na gênese quanto na aplicação. Assim, é preciso considerar a cultura, hábitos, o dia a dia do povo, englobando o fato social no aprimoramento das normas. O direito é um produto entre a dialética dos três fatores, sendo o direito na dimensão normativa (direito como ordenamento, norma jurídica, ciência do Direito), na dimensão fática (é a realidade social histórico-cultural, como fato social) e na dimensão axiológica (direito é valorativo, como valor justo pela deontologia). 23 Em prova do TJSP, caiu a questão “disserte sobre o conceito analógico de direito e os tipos de saberes jurídicos”. Analógico, aqui, é o contrário de equivoco,quando nos referimos a palavras com mais de um sentido. Se os sentidos têm relação, é uma palavra plurívoca e analógica; se os sentidos são distintos, é plurívoca e equívoca. Assim, o conceito analógico de direito é falar dos muitos significados da palavra “direito”. E os saberes jurídicos? No que tange aos tipos de saber jurídico, como relata a doutrina referente à introdução ao estudo do direito, primeiro é preciso refletir sobre o que é saber. Assim, posição mais acertada é a que considera "saber" um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, mais ou menos sistematicamente organizados e que pode ser transmitido por meio de um processo pedagógico de ensino. Dessa forma, há três tipos de saber, de conhecimento, isto é, formas de apropriação que o ser humano faz da realidade. Conhecimento Empírico que é o resulta da experiência comum e ocasional da vida cotidiana, baseia-se no senso comum; Conhecimento científico que é aquele que procura descobrir as causas imediatas das coisas, é uma busca constante de explicações e soluções e a reavaliação de seus resultados; e Conhecimento filosófico que consubstancia a descoberta das causas mais profundas, universais e mediatas das coisas. A ciência não é suficiente para explicar o sentido geral do universo. Seu instrumento é o raciocínio lógico. Nesse sentido, ressalta-se que as proposições, os tipos de conhecimento refletem os tipos de saber jurídico 24 norma agendi são os códigos; facultas agendi são os direitos subjetivos – códigos x código informática Humanística Página 19 o Direito como fato social: abordagem do direito do ponto de vista sociológico, analisando-o como estrutura social aliada a outros fatores (como econômicos e políticos) Direito Objetivo: é a norma agendi; conjunto de mais variadas normas, constituindo-se em um dado objetivo. É o conjunto de regras vigentes num determinado momento para cuidar das relações humanas e que são impostas coativamente pelo Estado. Implica em: o Regras jurídicas postas ou regras de conduta o Conjunto de fontes formais de onde vão emanar os direitos objetivos (leis, costumes e princípios gerais) o Direito exteriormente posto, facilmente acessível, pois tem um local definido onde está ATENÇÃO: não é mero sinônimo de direito posto! Não é sinônimo de conjunto de leis porque regras de conduta podem advir dos costumes também Direito subjetivo25: facultas agendi; é consequência do direito objetivo ao encerrar o poder de ação derivado da norma (facultas agendi), isto é, trata-se da faculdade ou prerrogativa de o indivíduo invocar a lei na defesa do seu interesse. Como direito objetivo se manifesta para cada pessoa; a modelagem para cada pessoa. o Teorias sobre o direito subjetivo: procuram explicar porque as normas gerais vão proteger os direitos de cada indivíduo Individualista – existe, já têm direitos - jusnaturalista: o ser humano como de natureza livre, individual e autônoma, passa a ter direitos pelo simples fato de existir, sendo estes anteriores à sociedade (Jusnaturalistas26– Locke e Rousseau) Vontade – vontade do ser humano que é protegida pelo ordenamento: Savigny e Windscheid – é o poder ou domínio da vontade livre do homem, que o ordenamento protege e confere. O direito, dizia Savigny, apresenta-se como um poder do indivíduo protegido pelo ordenamento com consentimento de todos – crítica: o incapaz não tem vontade livre; então não tem direito subjetivo? ***Interesse – interesses jurídicos das pessoas protegidos pelo ord. jurídico: Ihering – o direito subjetivo são os interesses juridicamente protegidos por meio de ação judicial. Crítica: o que são interesses? Não define ***Eclética ou Mista: Jellinek27– conjugou o elemento vontade com o elemento interesse. Ele definiu o direito subjetivo como o interesse protegido que a vontade tem o poder de realizar Lógico-formal: Kelsen. Refere-se ao conceito de pessoa, que é um feixe de obrigações, responsabilidades e direitos subjetivos (conjunto de normas jurídicas). Egológica: Carlos Cossio. O Direito subjetivo recebe duplo tratamento: a) no plano lógico, é a determinação do dever jurídico; no plano ontológico, se identifica com a liberdade. Toda conduta é liberdade metafísica fenomenizada **Garantia – o direito subjetivo é aquilo que pode ser garantido pelo objetivo – confunde o direito com proteção jurídica: a base do direito subjetivo é a possibilidade de a ordem jurídica garantir e efetivar a tutela do direito, ou seja, o direito subjetivo é aquilo que pode ser garantido pelo direito objetivo 25 Direito objetivo – beber e dirigir é crime; mas eu estava bêbado de forma fortuita, então o direito subjetivo é a forma que a norma posta será aplicada a você 26 Direitos existem antes mesmo do próprio estado. Crítica: não se tem como provar o que existe antes ou não 27 Pronuncia-se Iellinek Humanística Página 20 OBS - COMPLEMENTO: Três principais teorias que procuram definir a natureza do direito subjetivo: 1) TEORIA DA VONTADE de Savigny e Windscheid – direito subjetivo é o poder da vontade reconhecido pela ordem jurídica (críticas – há direitos sem vontade do titular; há casos em que há uma vontade real, porém o que o ordenamento jurídico protege não é a vontade do titulas, mas sim seu direito; o direito pode existir sem a vontade). 2) TEORIA DO INTERESSE de Ihering – direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido (críticas: há interesses protegidos que não se confundem com direitos subjetivos; direitos subjetivos onde não existe interesse por parte do titular; confunde o interesse seria o objeto que interessa, o que não tem sentido). 3) TEORIA MISTA de Jellinek, Saleilles e Michoud – direito subjetivo seria o poder da vontade reconhecido e protegido pela ordem jurídica, tendo por objeto um bem ou interesse. Críticas: mesma acima. Direito não é objeto DICA FUNDAMENTAL: DECORE OS NOMES DOS AUTORES 2.2 Direito e sanção Sanção é igual à penalidade? NÃO. Tecnicamente, não, pois nem toda sanção é uma penalidade. A sanção é a consequência de um comportamento. A norma jurídica geralmente prevê dada a conduta A, tem-se a consequência B. Essa consequência é a sanção, mas não necessariamente é negativa! Então, a sanção pode ser pena, mas nem sempre. o Sanção negativa: pena de condutas típicas, por exemplo. o Sanção positiva (sanção premial ou recompensatória) – são prêmios que estimulam a pessoa a praticar a conduta. Ex.: quem pagar o IPVA até tal dia, receberá desconto Condutas e sanção - formas de conduta o 28Normal: não há sanção porque a conduta é normal. A norma existe, mas não tem sanção. Ex.: todas as pessoas são livres. o Anormal: há sanção para apenar porque se comportou de forma contrária ao ordenamento o Sobrenormal: há sanção para retribuir porque o indivíduo age para além da norma; é aquela positiva Kelsen: diferentão29. Para ele, não existe norma jurídica sem sanção, pois o ilícito é pressuposto do direito, de modo que o direito só nasce com a trangressão o Direito é uma ordem de coerção: é um instrumento de força, de imposição das condutas, já que precisa de coerção para que as pessoas cumpram a norma o O ilícito não é a negação do direito, mas seu pressuposto de surgimento: para a maioria, o lícito é fazer o que o direito objetivo propõe; se eu faço, então tenho um comportamento jurídico. Para Kelsen, como parte do pressuposto que as pessoas vão transgredir, a sanção é parte necessária da norma. Assim, a sanção não é algo anormal ou sobrenormal, e sim imprescindível para o direito. O direito só existe no momento da transgressão. o A sanção é parte necessária da norma 2.3 Fontes do Direito Objetivo Conceito: é o local de onde emana o direito Fontes: o Cognição: fonte formal; locais onde formalmente o direito é produzido; ex.: lei o Produção jurídica: fonte material;fatos sociais humanos, costumes, enfim, produção da interação humana Classificação: 1. Quanto à natureza: Fontes Diretas, próprias ou puras30: o direito é encontrado em seu estado bruto, como matéria prima, da forma mais objetiva possível. São as leis, costumes e princípios gerais do direito. Quando você começa a pensar da aplicação da norma no caso, já sai da fonte direta. 28 Não unânime; para Kelsen, não existe 29 Ele tem uma visão pessimista do ser humano, então parte do pressuposto que as pessoas vão ter o comportamento desviante (impressão do professor, não é o que ele diz) Humanística Página 21 Indireta: reflexão e análise detida da norma bruta; doutrina e jurisprudência; já há impressões daquele que analisou 2. Quanto ao órgão produtor: Estatais: lei, jurisprudência e princípios gerais Não estatais: costumes e doutrina A interpretação do art. 4º da LINDB31: “Quando a lei32 for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”. Aqui já vimos algumas fontes: lei, jurisprudência, analogia, costumes e princípios gerais do direito o Pergunta-se: Analogia é fonte? Não é. É forma de integração do direito usada quando há lacunas do direito. O caso antecedente guarda similitude com o problema jurídico atual. Logo, usa-se o direito já existente para outra situação e aplica-se. 2.4 Costumes Conceito: é regra de conduta observada em determinado meio social, de uso contínuo¸ e que é seguida com a convicção de ser juridicamente obrigatória e necessária. O que diferencia os costumes de outros hábitos sociais é a convicção de sua obrigatoriedade. o Requisitos dos costumes33: Elemento objetivo: uso continuado e generalizado pela sociedade Elemento subjetivo: convicção de obrigatoriedade Classificação: o Contra legem: opõem a lei. Os indivíduos fazem o que é contrário à norma posta. Normalmente, não é aceito no nosso sistema jurídico. o Praeter34 legem: suprem lacunas, disciplinando matérias que a lei não conhece. A lei diz algo e as pessoas fazem o que a lei diz e algo mais, além da lei, contudo, não há conflito o Secundum legem: o costume coincide com a lei; a norma posta diz algo e as pessoas fazem aquilo que a lei diz 2.5 Princípios gerais do Direito Conceito: são as normas jurídicas mais gerais (fundamentais), que orientam todo o sistema jurídico e fundamentam valores da sociedade. É dos princípios que derivam tanto as regras jurídicas quanto a interpretação dessas. Normas basilares. o São normas que recepcionam valores, condensando de forma geral as aspirações da sociedade. o O que os diferenciam das demais normas? São mais gerais e abstratos, tem conteúdo mais aberto e encapsulam os valores de uma sociedade (são extremamente axiológicos). o São fontes estatais (diretas) Fases dos princípios do Direito (evolução): observe que os princípios saem de algo transcendental e passa a norma por excelência. o Jusnaturalista: transcendental. Eram vistos como fonte extrajurídica de orientação sobre o que seria justo ou certo. Era metafísico o Juspositivista: forma de complementação do Direito. Ainda eram extrajurídicos e só utilizados na ausência da lei. o Pós-positivista: o princípio passa a ser norma por excelência, é o que vivemos hoje. Seu marco decisivo é a ressignificação do sentido de norma e valorização do conceito de princípio Norma = regra + princípio- essa ressignificação ocorreu graças a R. Dworking e R. Alexy. Os dois afirmam que precisamos superar o modelo positivista que via o direito somente como regra. Assim, a norma precisa ser tratada 30 Pense em uma pedra bruta que será lapidada 31 Norma de sobredireito, pois ensina como devemos trabalhar as normas 32 Isso é atécnico, pois é como se os pgd não estivessem dentro da lei. Mais tecnicamente seria falar em “regra” específica para o caso 33 Ex.: depois de 10h da noite, ninguém para no sinal vermelho por uma questão de segurança em fortaleza (alto índice de violência). Então, em fortaleza, criaram um ato normativo que permitiu isso lá 34 “Além de” Humanística Página 22 como formada por regras e princípios. Assim, os princípios passam a ter normatividade, ao contrário das duas fases anteriores. Classificação: em qual ramo se aplica o princípio o : inerentes a qualquer ramo do direito. Ex. – boa-fé o inerentes a alguns ramos do direito, mas não a todos. Ex.: - contraditório (presente em todos os ramos processuais) o : presente em apenas um único ramo do direito. Ex.: - reciprocidade (direito internacional) o : mais específicos ainda; só dizem respeito a um setor dentro de determinada matéria. Ex.: especificação do bem de raiz (direito notarial dentro do direito civil) Relação entre princípios x cláusulas gerais x conceitos indeterminados – existe relação de proximidade, mas não são a mesma coisa. As vezes, uma cláusula geral pode ter um princípio, mas nem todo princípio tem cláusula geral. Um princípio pode trazer um conceito indeterminado. o Cláusula geral: é um texto normativo que não estabelece a priori um antecedente ou um consequente (quando analisamos dentro daquele modelo de norma = conduta + sanção). De acordo com Diddier Jr., busca “estabelecer uma pauta de valores a ser preenchida historicamente de acordo com as contingências35 históricas”. Ex.: cláusula geral do devido processo legal.36 o Conceito jurídico indeterminado: ocorre quando palavras ou expressões contidas numa norma são vagas, de modo que a dúvida encontra-se no significado delas, e não nas consequências legais de seu descumprimento. Ex.: meio insidioso37. Não se trata de antecedente ou consequente, e sim os próprios termos das palavras não são pré- compreendidos. o Canotilho: os princípios são fundamento das regras. Cada princípio possui o potencial de criar várias outras normas. São normas que fundam regras jurídicas. Os princípios são normas que parem outras normas. Contém o potencial criador. 2.6 Jurisprudência Conceito: jurisprudência enquanto fonte produtora do direito o Miguel Reale – a forma de revelação do direito que se dá pelo processo através do exercício da jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais. Deve ter uma harmonia no conjunto de decisões judiciais. o Assis; Serafim; Kümpel – é o conjunto de decisões reiteradas do Poder Judiciário, constantes e pacíficas, resultantes da aplicação de normas a casos semelhantes, constituindo uma norma geral aplicável a todos os casos semelhantes. É fonte do Direito38? É fonte indireta, ou seja, não se tem acesso direto ao direito por meio dela, pois ela é a reflexão feita na judicatura sobre o direito. o NÃO (corrente negativista): Antigamente, havia uma corrente que falava que não era fonte do direito pois não se podia garantir a harmonia e também porque era fonte indireta. o SIM: Defende que é porque emana de uma função estatal. Com a EC 45 (súmula vinculante, repercussão geral e a lei da SV) e o NCPC39 (tudo dando força aos precedentes), essa é a posição majoritária e mais moderna. Para o professor, isso demonstra que a corrente negativista não tem mais vez. Precedentes: Diddier Jr., Sarno Braga e Oliveira afirmam que o precedente consiste “na decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo núcleo essencial pode servir como diretriz para o julgamento posterior de casos análogos”. o Conceitos importantes: 35 Contingência é uma eventualidade, um acaso, um acontecimento que tem como fundamento a incerteza de que pode ou não acontecer. Contingênciaé a característica daquilo que é contingente, ou seja, que é duvidoso, possível, mas incerto, que pode ocorrer, mas não necessariamente. Não pode ser controlada e não se pode prever se vai acontecer ou não 36 Ninguém será privado de seus bens ou sua liberdade sem o devido processo legal. Quais bens? Que liberdade? Qual é a conduta? O que é devido processo legal? Apesar de não se ter tais definições, tem-se uma cláusula geral que garante o mínimo. 37 O que é meio insidioso? Quais são os meios? Colocar sal na veia de quem é hipertenso poderia ser? Veja, não é um conceito fechado e será conceituado só no caso concreto. 38 Possível questão de prova! Conexão entre a jurisprudência como fonte do direito e o CPC 39 Art. 927 Humanística Página 23 40: é a obrigatoriedade de cumprimento das decisões as quais se atribui efeito vinculante, tanto em relação ao próprio órgão prolator da sentença (efeito horizontal) quanto aos demais órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública (efeito vertical). O NCPC, seguindo uma tendência moderna, tenta introduzir a força vinculante dos precedentes no nosso ordenamento. Isso já existia deste a 9868 dentro do controle de constitucionalidade. Existe na comon law. : adotando-se a força vinculante dos precedentes, é necessária uma adequação dos juízes (mudança no perfil político – Medina), pois no Brasil existe grande resistência de obedecer aos precedentes. Os juízes devem entender pela integridade e coerência entre os julgados. Assim, o sistema introduzido pelo NCPC pede um maior dever de obediência dos juízes aos precedentes. : permitem um não engessamento do julgador Distinguishing (não aplica): diferenciação. Precedentes não engessam o magistrado, mas, para deixar de aplicar, tem que diferenciar um caso do outro, explicando porque aquele caso se diferencia do precedente. Overruling (supera): é superação do precedente; o tribunal avalia e, diante da evolução e mudança de entendimento jurídico, supera. Overriding (aplica em parte): um tribunal, analisando um caso concreto que é análogo ao do precedente, decide no julgamento aplicar parcialmente o precedente. Integridade e o Romance em cadeia de Ronald Dworkin o Os magistrados têm o dever moral de manter a integridade dos precedentes o A história do Direito funciona como um romance, onde os juízes são autores e críticos. Como autores, cada um é responsável por um capítulo, de modo que “cada romancista da cadeia interpreta os capítulos que recebeu para rescrever um novo capítulo, que é então acrescentado ao que recebe o romancista seguinte e assim por diante”. o O juiz, assim como o romancista, deve criar a melhor interpretação possível como se fosse a obra de um único autor. É uma continuação, e não uma nova obra. Assim, é possível manter a integridade do direito. o Assim, deve existir uma linha de continuidade mínima entre os capítulos da jurisprudência. O juiz, então, deve quebrar a ideia do precedente. o Se a questão falar em precedentes, fale do romance em cadeia o Questão de prova: o Juiz, dentro da teoria dos precedentes, tem liberdade criativa? Correlacione com o romance em cadeia de Dworkin. Para responder, teria que falar da evolução dos precedentes que o professor falou; do CPC, da lei. Explicar o que é o stare decisis, integridade do direito e o romance em cadeia. Assim, o juiz tem liberdade criativa desde que entenda sua responsabilidade, inclusive moral sob a perspectiva de Dworkin, de manter a integridade do sistema assim como um romance em cadeia (metáfora do autor). 2.7 Súmula Vinculante Art. 2º Lei 11.417/06 – prevê expressamente a Súmula e veio regulamentar o art. 103-A da CF. Art. 2 o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. Quem não fica vinculado? O próprio STF e o Legislativo Adm pública se submete (federal, estadual ou municipal) Quem é legitimado para propor, alterar ou cancelar? o Os mesmos do art. 103 (3 pessoas, 3 mesas, 3 entes) + o Defensor Público-Geral da União + o Tribunais Superiores, TJs, TRFs, TRTs, TREs e Trib. Militares 40 Pronuncia-se “stare dexizis” – é latim, não é inglês. É decorrente do latim "stare decisis et non quieta movere" respeitar as coisas decididas e não mexer no que está estabelecido, utilizada no direito para se referir à doutrina segundo a qual as decisões de um órgão judicial criam precedente e vinculam futuras decisões. Humanística Página 24 o E o município? Só incidentalmente. Art. 3º, §1º - O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo Abertura procedimental: art. 3º, §2º - No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Amicus curiae, audiência pública, oitiva de especialistas Quórum: 2/3 dos ministros - art. 2º, §3º - A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante dependerão de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária Modulação: pode, previsão expressa. Mesmo quórum (art. 4º) ADPF – não cabimento: a ADPF é subsidiária; logo, se tem um procedimento próprio de alteração, cancelamento ou edição, não tem sentido ajuizar a ADPF 2.8 Validade, Vigência e Eficácia AQUI Análise baseada em Bobbio (Teoria da Norma Jurídica) – Segundo Bobbio, toda norma jurídica pode ser submetida a três valorações distintas, e que estas valorações são independentes umas das outras (justiça, da validade e eficácia da norma jurídica): o 1. Justiça valor: Se é justa ou injusta (valorativo) – a discussão sobre justiça é sobre valor; o que é justo pra mim pode não ser para o outro; subjetivo o 2. Validade existência técnica: Se é válida ou inválida (existência técnica) – ser a norma válida ou não é uma questão de existência técnica; ou seja, cumpriu essa norma os requisitos técnicos para existir? Seguiu as regras previstas em normas superiores de produção? O conteúdo é compatível? o 3. Eficácia disponibilidade de efeitos: Se é eficaz ou ineficaz (disponibilidade) – disponibilidade que a norma tem para produzir efeitos. Está pronta para produzir efeitos? A norma pode existir e ser válida, mas ser ineficaz, isso porque não reuniram os requisitos para produzir efeitos. Validade: a validade, em primeira análise, está relacionada ao fato de ser emanada de um órgão competente, elaborada conforme suas regras pré-ordenadas de produção e guardar compatibilidade material com as normas que lhe são superiores. Vigência41: desdobramento da validade. A partir de quando a norma vai obrigar as pessoas?Diz respeito ao tempo de validade de uma norma jurídica; analisa a partir de quando uma norma válida estará disponível no mundo jurídico o #TJPI2016 – Validade x Vigência - diferenças o LINDB – art. 1º traz a vigência: em regra, 45 dias depois de publicada (se não tiver disposição em contrário). Durante a vacatio, a norma existe, mas não tem vigência o OBS: vigor – é a obrigatoriedade em si da norma; a vigência é marco temporal do vigor o Perda da vigência se dá: Revogação: quando uma norma perde a validade em decorrência de uma nova norma que lhe impõe este efeito Classificação:
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