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METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA AULA 2 Prof. Maurício Paz 2 CONVERSA INICIAL Ensino de História – ementa da disciplina A História como disciplina escolar Correntes historiográficas e suas inter-relações com o ensino de História Escolas históricas Didática do ensino de História; avaliação escolar; especificidades do saber histórico. Plano de ensino Para compreender a complexidade legal que envolve o ofício do ensino da História em nosso país, na atualidade, esta aula vai destrinchar os principais dispositivos legais que recaem sobre nossas atividades. Assim, vamos falar das obrigações dispostas pela Constituição de 1988, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino fundamental e para o ensino médio (Brasil, 1988, 1996, 2018) e pelos documentos escolares: o projeto político-pedagógico (PPP), o plano de ensino, o cronograma, as planilhas de controle da escola etc. A ideia é oferecer a você um horizonte das implicações legais do ensino de História e assim preparar você para saber utilizar esses dispositivos como uma forma de reforçar o nosso ofício e escapar das armadilhas da judicialização. Hoje em dia, a escola é um território em judicialização. Isso significa que, cada vez mais, famílias e educandos têm recorrido à justiça na busca pela garantia de seus direitos. Dessa forma, é preciso que o profissional da área da educação conheça com clareza as suas atribuições legais. A fim de evitar um cenário de responsabilizações e equívocos, o professor precisa conhecer as determinações legais do seu ofício. Dessa forma, vamos nos dedicar, nesta aula, a entender as perspectivas legais que direcionam e normatizam o ensino de História no Brasil. A começar pelas leis maiores, a Constituição, até a recém- aprovada nova Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 1988, 2018). Após estudar a história do ensino de História, no Brasil, esta aula vai se dedicar a explorar os aspectos legais da prática do ensino de História. Assim, ao 3 entender os documentos e normas que regulam o ensino de História, vamos poder falar sobre o cenário atual da disciplina, no país. Dessa forma, vamos discutir inicialmente a Constituição de 1988 e suas determinações e valores sobre o ensino no país; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/1996) e entender suas determinações e atribuições em relação ao papel do professor na escola (Brasil, 1988, 1996). O que a lei determina como responsabilidade do profissional de ensino de História? Depois vamos entender a nova BNCC (Brasil, 2018) e a discussão acerca de conteúdos programáticos, habilidades e competências envolvidas. Qual é a grade curricular do ensino de História e a lista de conteúdos considerados como objetivos, segundo a lei? Por fim, vamos conversar sobre os documentos produzidos pelo professor no seu ofício: o planejamento anual, o PPP, os planos de ensino e os planos de aula, os instrumentos de avaliação e os registros acadêmicos. Enfim, nossa conversa vai contemplar todos as perspectivas legais do ensino de História e assim entendê-lo na sua complexidade e totalidade. TEMA 1 – A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA Segundo a Constituição de 1988, o ensino é considerado um direito básico e também um dever, uma vez que não é dado às crianças e adolescentes o direito de deixarem a escola (Brasil, 1988). Igualmente, a Constituição determina os princípios do ensino no país: Título VIII Da Ordem Social Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto Seção I Da Educação Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; 4 VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; [...] (Brasil, 1988) Assim, são princípios básicos do ensino, no Brasil: a pluralidade de ideias, a liberdade de aprender, pesquisar e ensinar, a divulgação da arte, do pensamento e do saber. Esses princípios se manifestam ao longo da cadeia de ensino no Brasil e em todas as disciplinas. Além disso, a Constituição determina algumas particularidades que recaem sobre o ensino de História (Brasil, 1988). É o caso do art. 214: Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. VII - garantia de padrão de qualidade. (Brasil, 1988) Ao destacar, no inciso V, a promoção humanística, científica e tecnológica do país, a Constituição se refere ao exercício do pensamento crítico, com base humanista, ou seja, apoiado no pensamento filosófico ocidental e fundamentalmente transmitido por meio dos ensinamentos históricos: seja pelo estudo da Antiguidade Clássica, seja pelo do Renascimento, do Iluminismo e das ideologias do século XIX, quando o pensamento filosófico produziu movimentos capazes de modificar a realidade histórica. Estar ciente das obrigações legais da nossa profissão é uma forma de garantia e também uma necessidade para desempenhar com segurança nossas atribuições. TEMA 2 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é, logo depois da Constituição, a maior lei que rege o ensino no país (Brasil, 1988, 1996). Ela é que criou toda a legislação referente às responsabilidades do professor e das escolas, bem como as competências das disciplinas e o funcionamento do sistema escolar. O art. 13 da LDB regula as responsabilidades dos professores (docentes): Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; 5 II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. (Brasil, 1996) Tais diretrizes são claras sobre a responsabilidade do professor no processo de aprendizagem de seus alunos, bem como no cumprimento de compromissos diante da comunidade escolar (Brasil, 1996). A LDB também indica, no seu art. 26, parágrafo 4º: “O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia [sic]” (Brasil, 1996). Tal ordenamento se refere ao ensino obrigatório de história indígena e africana, que foi efetivado em 2008 por lei complementare que impactou diretamente no ensino de História. A verdade é que, de fato, antes da lei, era comum que a história da África e dos africanos ficasse omitida dos conteúdos programáticos da disciplina, assim como a história e a cultura da população nativa do Brasil. Após a lei, até mesmo as universidades se adaptaram e criaram disciplinas específicas para dar conta dessa finalidade (Brasil, 2008). TEMA 3 – A BNCC NO ENSINO FUNDAMENTAL A fim de organizar os conteúdos de todas as disciplinas e fazer uma exigência homogênea a todos os sistemas de ensino no país, foi amplamente discutida com a sociedade brasileira e finalizada a nova BNCC. Mais do que ordenar e dividir conteúdos, a BNCC oferece uma matriz de habilidades e consequências que devem ser estimuladas e desenvolvidas ao longo do processo de aprendizagem (Brasil, 2018). A BNCC está em acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), que pode ser consultado em: <http://pne.mec.gov.br/> (Brasil, [S.d.]). O PNE é um documento, elaborado pelo Ministério da Educação, que reúne as diretrizes e orientações de desenvolvimento da educação em todo o território nacional entre os anos 2014 e 2024. O conhecimento da BNCC é fundamental ao professor de História. Pois é nesse documento que estão arrolados todos os conteúdos e sua divisão pelos http://pne.mec.gov.br/ 6 anos de ensino, bem como suas relações com as habilidades e competências a serem desenvolvidas (Brasil, 2018). Existe uma divisão de conteúdos conforme o ano de ensino. Essa divisão é agrupada em duas partes: o ensino fundamental I (ou anos iniciais), em que a história é lecionada, geralmente, por um profissional de pedagogia, entre o primeiro e o quinto anos; e o ensino fundamental II (ou anos finais), em que um profissional licenciado em História faz a regência da disciplina entre o sexto e o nono anos. A BNCC descreve, no seu ponto 4.4.2, a disciplina de História e seus conteúdos, competências e habilidades específicas para o ensino fundamental: As questões que nos levam a pensar a História como um saber necessário para a formação das crianças e jovens na escola são as originárias do tempo presente. O passado que deve impulsionar a dinâmica do ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental é aquele que dialoga com o tempo atual. (Brasil, 2018, p. 397) O ensino de História deve ser mais que um processo de reprodução de uma narrativa cronológica de fatos e pessoas. A História deve ser ensinada com um processo reflexivo acerca da realidade. Entre os saberes produzidos, destaca-se a capacidade de comunicação e diálogo, instrumento necessário para o respeito à pluralidade cultural, social e política, bem como para o enfrentamento de circunstâncias marcadas pela tensão e pelo conflito. A lógica da palavra, da argumentação, é aquela que permite ao sujeito enfrentar os problemas e propor soluções com vistas à superação das contradições políticas, econômicas e sociais do mundo em que vivemos. (Brasil, 2018, p. 398) Entre as orientações que a BNCC faz, é destacado o uso de fontes históricas e de diferentes suportes e suas interpretações do passado. O documento determina o desenvolvimento de sete competências específicas de história, no ensino fundamental. Entre elas, a habilidade de ordenamento cronológico, a interpretação de evidências históricas e o contato com a historicidade com base no ponto de vista da própria vida do aluno, no tempo. A valorização da memória, da história familiar e local são pontos importantes nos três primeiros anos. A valorização do trabalho, do desenvolvimento, através do tempo, da cultura e dos diferentes grupos sociais aparecem a partir do quarto ano. Já nos anos finais, a História tem um conteúdo direcionado para a narrativa histórica propriamente dita. Após uma explicação dos instrumentos de pesquisa história, o aluno percorrerá, nos últimos quatro anos do ensino 7 fundamental, um curso cronológico da história mundial: a começar pela pré- história, no sexto ano, e a finalizar pela história do Brasil contemporâneo, no nono ano. Nesse contexto, um dos importantes objetivos de História no Ensino Fundamental é estimular a autonomia de pensamento e a capacidade de reconhecer que os indivíduos agem de acordo com a época e o lugar nos quais vivem, de forma a preservar ou transformar seus hábitos e condutas. A percepção de que existe uma grande diversidade de sujeitos e histórias estimula o pensamento crítico, a autonomia e a formação para a cidadania. (Brasil, 2018, p. 400) Por fim, a leitura da BNCC e sua compreensão são fundamentais para o professor de História conseguir organizar seus planejamentos e transmissão de conteúdos de acordo com a lei vigente. Ela é, também, uma forma de proteção do nosso trabalho, uma vez que determina as ordens e tópicos estudados e, assim, explicita que o professor cumpre um programa nacional e não apenas dá aula conforme sua própria vontade (Brasil, 2018). TEMA 4 – A BNCC NO ENSINO MÉDIO Como já dito, a BNCC é o documento norteador dos conteúdos, habilidades e competências a serem desenvolvidas no ensino do nosso país. Na área do ensino de História, não é diferente. Os três anos do ensino médio eram, geralmente, como um novo curso de História, em que o aluno recomeçava a estudar os conteúdos desde a Pré-História, no primeiro ano, até o Brasil e o mundo contemporâneos, ao final do terceiro ano. Esse modelo, no entanto, está diante de uma grande transformação. As discussões sobre a BNCC no ensino médio se prolongaram nos últimos anos e o documento final só ficou pronto em dezembro de 2018. Ele pode ser consultado e baixado no portal do Ministério da Educação <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofi nal_site.pdf> (Brasil, 2018). A ideia é que todas as mudanças propostas estejam em prática até 2022. No entanto, existe uma série de dúvidas e desconfianças em relação a esse novo modelo. Tal proposta prevê a obrigatoriedade somente das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, ao longo dos três anos do ensino médio. Com isso, espera-se que os currículos sejam mais flexíveis, diante de tantas realidades distintas, no país: “Essa orientação induziu à concepção do conhecimento 8 curricular contextualizado pela realidade local, social e individual da escola e do seu alunado” (Brasil, 2018, p. 11). Assim, o documento possibilita e incentiva a criação de currículos de período integral, com uma permanência dos educandos na escola por longos períodos diurnos. A maior novidade está na divisão dos currículos em cinco diferentes itinerários formativos. A Lei n. 13.415/2017 alterou a LDB e possibilitou essa novidade (Brasil, 2017). Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: I – linguagens e suas tecnologias; II – matemática e suas tecnologias; III – ciências da natureza e suas tecnologias; IV – ciências humanas e sociais aplicadas; V – formação técnica e profissional. Assim, o ensino de História fica recluso ao itinerário formativo IV: ciências humanas. Não há previsão do uso da disciplina de História nos demais itinerários, mas também não há proibição explícita dessa possibilidade. A área de Ciências Humanas, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, define aprendizagens centradas na análise, comparação, interpretação e construção de argumentos, por meio da utilização de conceitos e recursos fundantes da área. No Ensino Médio, a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas amplia essa base conceitual e, mantendo referência às principais categorias da área, concentra-se na análise e na avaliação das relações sociais, dos modelos econômicos, dosprocessos políticos e das diversas culturas. (Brasil, 2018, p. 472) Outro ponto salientado é que as disciplinas se dediquem a formar habilidades e competências para o mundo do trabalho: “Em relação à preparação básica para o trabalho, que significa promover o desenvolvimento de competências que possibilitem aos estudantes inserir-se de forma ativa, crítica, criativa e responsável em um mundo do trabalho cada vez mais complexo e imprevisível” (Brasil, 2018, p. 465). A flexibilidade proposta pela BNCC (Brasil, 2018) incentiva escolas e professores a pensarem em formas de organizar e difundir o conhecimento com variados meios: clubes, olimpíadas, projetos, núcleos de estudo, núcleos de produção artística, laboratórios e observatórios. Certamente, essa possibilidade apresenta novos caminhos ao professor de História, que poderá propor metodologias variadas e novos meios de atingir o conhecimento histórico, como 9 em: núcleos de estudos de história regional, centros de memória comunitária, clubes de investigação histórica e o que a imaginação possibilitar. Nesse sentido, o Brasil já possui a Olimpíada Nacional de História do Brasil, promovida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) há mais de dez anos. Nela, alunos da rede pública e privada do ensino médio fazem provas, on-line, em que as fontes históricas e a bibliografia são os princípios para as reflexões históricas. Quanto às orientações para o itinerário formativo das ciências humanas, a BNCC prevê o desenvolvimento de seis competências baseadas nos processos de compreensão, análise, reflexão, contextualização e argumentação da realidade social. Não há uma divisão de disciplinas, portanto as habilidades orientadas para o trabalho estão dispostas de forma genérica. Cada competência prevê uma lista de cinco a seis habilidades a serem desenvolvidas nos três anos do ensino médio. As escolas e governos poderão organizar a distribuição das disciplinas de ciências humanas da forma que desejarem, sendo possível que o estudo de história se reduza a um só ano de ensino ou tenha sua carga horária ampliada para atender a necessidades de cada realidade. Por fim, não há uma lista de conteúdos explícita, como no ensino fundamental, o que torna flexível o foco do professor ou do material didático. Mas, igualmente, isso acaba, indiretamente, transferindo à escola, governos e professores a responsabilidade de formarem tal seleção de conteúdos. TEMA 5 – OS DOCUMENTOS ESCOLARES O ensino de História está inserido na realidade escolar brasileira. Dessa forma, existe uma série de documentos que a escola deve produzir para atender à burocracia do processo educacional. Geralmente, a confecção de tais documentos é feita com a participação de professores. Mas, é comum, sobretudo no ensino privado, que tais documentos sejam entregues pela escola e sirvam para orientar o trabalho do professor. Entre esses documentos, vamos falar sobre: projeto político-pedagógico (PPP); planejamento anual (trimestral ou bimestral); cronogramas; plano de ensino; 10 plano de aula; planilhas de controle. Existem ainda os instrumentos de avaliação, aos quais dedicaremos uma aula, com mais atenção e discutindo as reflexões atuais sobre a avaliação do ensino de História. 5.1 Projeto político-pedagógico (PPP) O PPP muitas vezes é confundido com o Regimento Interno da escola. Na verdade, o Regimento é uma regulação dada pela direção da escola, ao passo que o PPP é a sua proposta de orientação metodológica e deveria ser composto com a participação de diferentes agentes da comunidade escolar (professores, direção, alunos, funcionários, pais e responsáveis). Segundo Paz et al. (2018, p. 28), “Quando o professor é contratado ou ingressa como concursado em uma escola, o melhor caminho para estar em sintonia com a proposta pedagógica da instituição é, conhecer o PPP”. O PPP irá indicar uma variedade de metodologias e escolas possíveis: ensino tradicional, ensino integral, escola de confissão religiosa, escola indígena, escola comunitária, ensino alternativo, escola rural, escola bilíngue, escola internacional e assim por diante. Portanto, cada PPP é único e reflete a realidade local de cada instituição. 5.2 Plano de ensino ou planejamento anual O plano de ensino é geralmente uma deliberação do professor ou da equipe da disciplina da escola. Ele reunirá objetivos, descrição metodológica, lista de conteúdos e instrumentos de avaliação a serem aplicados. O plano de ensino deve ser apresentado à orientação pedagógica, que pode fazer sugestões de alteração. Tal interação não deve ser considerada como uma interferência no ofício do professor, mas como a chance de colocar o conhecimento histórico em diálogo com o conhecimento pedagógico. Ter um planejamento claro e bem orientado é um forte instrumento de trabalho, que gera segurança e proteção ao professor. 11 5.3 Cronogramas O cronograma é um calendário específico no qual é feita a distribuição da carga horária da disciplina e a sua relação com os tópicos ou conteúdos a serem abordados em cada aula. Um bom cronograma é uma ferramenta de estratégia e planejamento para que não haja perda de controle sobre o ritmo das aulas. O cronograma deve prever, sempre que possível, os recessos e feriados ao longo do ano, bem como indicar a data das avaliações que serão feitas. 5.4 Plano de aula O plano de aula é um planejamento específico sobre um tema ou conteúdo. Ele disserta sobre a metodologia a ser utilizada na aula, os recursos necessários, a bibliografia que lhe serve de base, as atividades propostas e os objetivos a serem atingidos. Nos últimos anos, esse documento não tem função prática no cotidiano escolar, mas continua sendo utilizado em processos seletivos e como forma de demonstrar competência sobre a regência de classe. 5.5 Planilhas de controle São consideradas planilhas de controle a folha de chamadas, a lista de registro de aulas e as listas de notas das avaliações feitas. Completar corretamente tais documentos está entre as funções do professor, embora algumas realidades apresentem variações como chamada eletrônica, digitação de notas etc. De forma geral, cada escola irá orientar o professor a como proceder em cada uma dessas planilhas. NA PRÁTICA Agora que você conhece as leis que regulam nossa profissão e os instrumentos e documentos que o professor deve produzir, elabore um plano de aula para o ensino fundamental II (anos finais). Você pode escolher o ano e o conteúdo, mas terá que pesquisar na BNCC (Brasil, 2018) quais são as habilidades e competências relacionadas com esse conteúdo. Seu plano de aula deve indicar o ano de ensino, o conteúdo, as competências e habilidades envolvidas, os objetivos a serem alcançados, a metodologia da sua aula (quais 12 procedimentos serão feitos), os recursos necessários e uma proposta de avaliação. Para consultar a BNCC, acesse o portal do Ministério da Educação (MEC) ou pesquise o documento no seu buscador preferido na internet (Brasil, 2018). Para ter maior clareza sobre como elaborar um plano de ensino, indicamos o capítulo 1, de autoria da professora Carla Paulino, do livro Perspectivas do ensino de História: teorias, metodologias e desafios para o século XXI, disponível em nossa biblioteca virtual (Paz et al., 2018). FINALIZANDO Nesta aula, observamos os aspectos legais que envolvem o ensino de História: quais são os principais dispositivos e leis que orientam nosso trabalho e de que forma é necessário cumprir as obrigações legais e assim estabelecer um ambiente de trabalho seguro e não judicializado. Assim, perpassamos a Constituição brasileira, a LDB, a BNCC (Brasil, 1988, 1996, 2018) para o ensino fundamental e para o ensino médio (que instituirá o novo ensino médio, no país) e os principais documentos escolaresimportantes para o ensino de História e o cotidiano do professor. Esperamos que essa explanação seja suficiente para lhe motivar a conhecer mais do processo escolar e das obrigações do professor, construindo assim um saber sólido e uma realidade de segurança jurídica em nossa profissão. 13 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 4 out. 2019. _____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, p. 27.833, 23 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 4 out. 2019. _____. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, p. 1, 11 mar. 2008. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2008/lei-11645-10-marco-2008- 572787-publicacaooriginal-96087-pl.html>. Acesso em: 4 out. 2019. _____. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, p. 1, 17 fev. 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm>. Acesso em: 5 out. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofi nal_site.pdf>. Acesso em: 5 out. 2019. _____. Plano Nacional de Educação. Brasília, [S.d.]. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/>. Acesso em: 4 out. 2019. PAZ, M. et al. Perspectivas do ensino de História: teorias, metodologias e desafios para o século XXI. Curitiba: InterSaberes, 2018.
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