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METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTORIA AULA 2

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METODOLOGIA DO ENSINO DE 
HISTÓRIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Maurício Paz 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
Ensino de História – ementa da disciplina 
 A História como disciplina escolar 
 Correntes historiográficas e suas inter-relações com o ensino de História 
 Escolas históricas 
 Didática do ensino de História; avaliação escolar; especificidades do 
saber histórico. 
Plano de ensino 
Para compreender a complexidade legal que envolve o ofício do ensino 
da História em nosso país, na atualidade, esta aula vai destrinchar os principais 
dispositivos legais que recaem sobre nossas atividades. Assim, vamos falar das 
obrigações dispostas pela Constituição de 1988, pela Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação (LDB), pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o 
ensino fundamental e para o ensino médio (Brasil, 1988, 1996, 2018) e pelos 
documentos escolares: o projeto político-pedagógico (PPP), o plano de ensino, 
o cronograma, as planilhas de controle da escola etc. 
A ideia é oferecer a você um horizonte das implicações legais do ensino 
de História e assim preparar você para saber utilizar esses dispositivos como 
uma forma de reforçar o nosso ofício e escapar das armadilhas da judicialização. 
Hoje em dia, a escola é um território em judicialização. Isso significa que, 
cada vez mais, famílias e educandos têm recorrido à justiça na busca pela 
garantia de seus direitos. Dessa forma, é preciso que o profissional da área da 
educação conheça com clareza as suas atribuições legais. A fim de evitar um 
cenário de responsabilizações e equívocos, o professor precisa conhecer as 
determinações legais do seu ofício. Dessa forma, vamos nos dedicar, nesta aula, 
a entender as perspectivas legais que direcionam e normatizam o ensino de 
História no Brasil. A começar pelas leis maiores, a Constituição, até a recém-
aprovada nova Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 1988, 2018). 
Após estudar a história do ensino de História, no Brasil, esta aula vai se 
dedicar a explorar os aspectos legais da prática do ensino de História. Assim, ao 
 
 
3 
entender os documentos e normas que regulam o ensino de História, vamos 
poder falar sobre o cenário atual da disciplina, no país. 
Dessa forma, vamos discutir inicialmente a Constituição de 1988 e suas 
determinações e valores sobre o ensino no país; a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (Lei n. 9.394/1996) e entender suas determinações e atribuições em 
relação ao papel do professor na escola (Brasil, 1988, 1996). O que a lei 
determina como responsabilidade do profissional de ensino de História? 
Depois vamos entender a nova BNCC (Brasil, 2018) e a discussão acerca 
de conteúdos programáticos, habilidades e competências envolvidas. Qual é a 
grade curricular do ensino de História e a lista de conteúdos considerados como 
objetivos, segundo a lei? 
Por fim, vamos conversar sobre os documentos produzidos pelo professor 
no seu ofício: o planejamento anual, o PPP, os planos de ensino e os planos de 
aula, os instrumentos de avaliação e os registros acadêmicos. 
Enfim, nossa conversa vai contemplar todos as perspectivas legais do 
ensino de História e assim entendê-lo na sua complexidade e totalidade. 
TEMA 1 – A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA 
Segundo a Constituição de 1988, o ensino é considerado um direito 
básico e também um dever, uma vez que não é dado às crianças e adolescentes 
o direito de deixarem a escola (Brasil, 1988). Igualmente, a Constituição 
determina os princípios do ensino no país: 
Título VIII 
Da Ordem Social 
Capítulo III 
Da Educação, da Cultura e do Desporto 
Seção I 
Da Educação 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, 
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência 
de instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, 
plano de carreira para o magistério público, com piso salarial 
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas 
e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições 
mantidas pela União; 
 
 
4 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; [...] (Brasil, 
1988) 
Assim, são princípios básicos do ensino, no Brasil: a pluralidade de ideias, 
a liberdade de aprender, pesquisar e ensinar, a divulgação da arte, do 
pensamento e do saber. Esses princípios se manifestam ao longo da cadeia de 
ensino no Brasil e em todas as disciplinas. 
Além disso, a Constituição determina algumas particularidades que 
recaem sobre o ensino de História (Brasil, 1988). É o caso do art. 214: 
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração 
plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em 
seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que 
conduzam à: 
I - erradicação do analfabetismo; 
II - universalização do atendimento escolar; 
III - melhoria da qualidade do ensino; 
IV - formação para o trabalho; 
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. 
VII - garantia de padrão de qualidade. (Brasil, 1988) 
Ao destacar, no inciso V, a promoção humanística, científica e tecnológica 
do país, a Constituição se refere ao exercício do pensamento crítico, com base 
humanista, ou seja, apoiado no pensamento filosófico ocidental e 
fundamentalmente transmitido por meio dos ensinamentos históricos: seja pelo 
estudo da Antiguidade Clássica, seja pelo do Renascimento, do Iluminismo e das 
ideologias do século XIX, quando o pensamento filosófico produziu movimentos 
capazes de modificar a realidade histórica. 
Estar ciente das obrigações legais da nossa profissão é uma forma de 
garantia e também uma necessidade para desempenhar com segurança nossas 
atribuições. 
TEMA 2 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB) 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é, logo depois da 
Constituição, a maior lei que rege o ensino no país (Brasil, 1988, 1996). Ela é 
que criou toda a legislação referente às responsabilidades do professor e das 
escolas, bem como as competências das disciplinas e o funcionamento do 
sistema escolar. 
O art. 13 da LDB regula as responsabilidades dos professores (docentes): 
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: 
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do 
estabelecimento de ensino; 
 
 
5 
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta 
pedagógica do estabelecimento de ensino; 
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; 
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor 
rendimento; 
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de 
participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à 
avaliação e ao desenvolvimento profissional; 
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as 
famílias e a comunidade. (Brasil, 1996) 
Tais diretrizes são claras sobre a responsabilidade do professor no 
processo de aprendizagem de seus alunos, bem como no cumprimento de 
compromissos diante da comunidade escolar (Brasil, 1996). 
A LDB também indica, no seu art. 26, parágrafo 4º: “O ensino da História 
do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para 
a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e 
europeia [sic]” (Brasil, 1996). 
Tal ordenamento se refere ao ensino obrigatório de história indígena e 
africana, que foi efetivado em 2008 por lei complementare que impactou 
diretamente no ensino de História. A verdade é que, de fato, antes da lei, era 
comum que a história da África e dos africanos ficasse omitida dos conteúdos 
programáticos da disciplina, assim como a história e a cultura da população 
nativa do Brasil. Após a lei, até mesmo as universidades se adaptaram e criaram 
disciplinas específicas para dar conta dessa finalidade (Brasil, 2008). 
TEMA 3 – A BNCC NO ENSINO FUNDAMENTAL 
A fim de organizar os conteúdos de todas as disciplinas e fazer uma 
exigência homogênea a todos os sistemas de ensino no país, foi amplamente 
discutida com a sociedade brasileira e finalizada a nova BNCC. Mais do que 
ordenar e dividir conteúdos, a BNCC oferece uma matriz de habilidades e 
consequências que devem ser estimuladas e desenvolvidas ao longo do 
processo de aprendizagem (Brasil, 2018). 
A BNCC está em acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), que 
pode ser consultado em: <http://pne.mec.gov.br/> (Brasil, [S.d.]). O PNE é um 
documento, elaborado pelo Ministério da Educação, que reúne as diretrizes e 
orientações de desenvolvimento da educação em todo o território nacional entre 
os anos 2014 e 2024. 
O conhecimento da BNCC é fundamental ao professor de História. Pois é 
nesse documento que estão arrolados todos os conteúdos e sua divisão pelos 
http://pne.mec.gov.br/
 
 
6 
anos de ensino, bem como suas relações com as habilidades e competências a 
serem desenvolvidas (Brasil, 2018). 
Existe uma divisão de conteúdos conforme o ano de ensino. Essa divisão 
é agrupada em duas partes: o ensino fundamental I (ou anos iniciais), em que a 
história é lecionada, geralmente, por um profissional de pedagogia, entre o 
primeiro e o quinto anos; e o ensino fundamental II (ou anos finais), em que um 
profissional licenciado em História faz a regência da disciplina entre o sexto e o 
nono anos. 
A BNCC descreve, no seu ponto 4.4.2, a disciplina de História e seus 
conteúdos, competências e habilidades específicas para o ensino fundamental: 
As questões que nos levam a pensar a História como um saber 
necessário para a formação das crianças e jovens na escola são as 
originárias do tempo presente. O passado que deve impulsionar a 
dinâmica do ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental é aquele 
que dialoga com o tempo atual. (Brasil, 2018, p. 397) 
O ensino de História deve ser mais que um processo de reprodução de 
uma narrativa cronológica de fatos e pessoas. A História deve ser ensinada com 
um processo reflexivo acerca da realidade. 
Entre os saberes produzidos, destaca-se a capacidade de 
comunicação e diálogo, instrumento necessário para o respeito à 
pluralidade cultural, social e política, bem como para o enfrentamento 
de circunstâncias marcadas pela tensão e pelo conflito. A lógica da 
palavra, da argumentação, é aquela que permite ao sujeito enfrentar 
os problemas e propor soluções com vistas à superação das 
contradições políticas, econômicas e sociais do mundo em que 
vivemos. (Brasil, 2018, p. 398) 
Entre as orientações que a BNCC faz, é destacado o uso de fontes 
históricas e de diferentes suportes e suas interpretações do passado. O 
documento determina o desenvolvimento de sete competências específicas de 
história, no ensino fundamental. Entre elas, a habilidade de ordenamento 
cronológico, a interpretação de evidências históricas e o contato com a 
historicidade com base no ponto de vista da própria vida do aluno, no tempo. A 
valorização da memória, da história familiar e local são pontos importantes nos 
três primeiros anos. A valorização do trabalho, do desenvolvimento, através do 
tempo, da cultura e dos diferentes grupos sociais aparecem a partir do quarto 
ano. 
Já nos anos finais, a História tem um conteúdo direcionado para a 
narrativa histórica propriamente dita. Após uma explicação dos instrumentos de 
pesquisa história, o aluno percorrerá, nos últimos quatro anos do ensino 
 
 
7 
fundamental, um curso cronológico da história mundial: a começar pela pré-
história, no sexto ano, e a finalizar pela história do Brasil contemporâneo, no 
nono ano. 
Nesse contexto, um dos importantes objetivos de História no Ensino 
Fundamental é estimular a autonomia de pensamento e a capacidade 
de reconhecer que os indivíduos agem de acordo com a época e o 
lugar nos quais vivem, de forma a preservar ou transformar seus 
hábitos e condutas. A percepção de que existe uma grande diversidade 
de sujeitos e histórias estimula o pensamento crítico, a autonomia e a 
formação para a cidadania. (Brasil, 2018, p. 400) 
Por fim, a leitura da BNCC e sua compreensão são fundamentais para o 
professor de História conseguir organizar seus planejamentos e transmissão de 
conteúdos de acordo com a lei vigente. Ela é, também, uma forma de proteção 
do nosso trabalho, uma vez que determina as ordens e tópicos estudados e, 
assim, explicita que o professor cumpre um programa nacional e não apenas dá 
aula conforme sua própria vontade (Brasil, 2018). 
TEMA 4 – A BNCC NO ENSINO MÉDIO 
Como já dito, a BNCC é o documento norteador dos conteúdos, 
habilidades e competências a serem desenvolvidas no ensino do nosso país. Na 
área do ensino de História, não é diferente. Os três anos do ensino médio eram, 
geralmente, como um novo curso de História, em que o aluno recomeçava a 
estudar os conteúdos desde a Pré-História, no primeiro ano, até o Brasil e o 
mundo contemporâneos, ao final do terceiro ano. Esse modelo, no entanto, está 
diante de uma grande transformação. 
As discussões sobre a BNCC no ensino médio se prolongaram nos 
últimos anos e o documento final só ficou pronto em dezembro de 2018. Ele pode 
ser consultado e baixado no portal do Ministério da Educação 
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofi
nal_site.pdf> (Brasil, 2018). A ideia é que todas as mudanças propostas estejam 
em prática até 2022. No entanto, existe uma série de dúvidas e desconfianças 
em relação a esse novo modelo. 
Tal proposta prevê a obrigatoriedade somente das disciplinas de Língua 
Portuguesa e Matemática, ao longo dos três anos do ensino médio. Com isso, 
espera-se que os currículos sejam mais flexíveis, diante de tantas realidades 
distintas, no país: “Essa orientação induziu à concepção do conhecimento 
 
 
8 
curricular contextualizado pela realidade local, social e individual da escola e do 
seu alunado” (Brasil, 2018, p. 11). 
Assim, o documento possibilita e incentiva a criação de currículos de 
período integral, com uma permanência dos educandos na escola por longos 
períodos diurnos. A maior novidade está na divisão dos currículos em cinco 
diferentes itinerários formativos. A Lei n. 13.415/2017 alterou a LDB e possibilitou 
essa novidade (Brasil, 2017). 
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional 
Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser 
organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, 
conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos 
sistemas de ensino, a saber: 
I – linguagens e suas tecnologias; 
II – matemática e suas tecnologias; 
III – ciências da natureza e suas tecnologias; 
IV – ciências humanas e sociais aplicadas; 
V – formação técnica e profissional. 
Assim, o ensino de História fica recluso ao itinerário formativo IV: ciências 
humanas. Não há previsão do uso da disciplina de História nos demais 
itinerários, mas também não há proibição explícita dessa possibilidade. 
A área de Ciências Humanas, tanto no Ensino Fundamental quanto no 
Ensino Médio, define aprendizagens centradas na análise, 
comparação, interpretação e construção de argumentos, por meio da 
utilização de conceitos e recursos fundantes da área. No Ensino Médio, 
a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas amplia essa base 
conceitual e, mantendo referência às principais categorias da área, 
concentra-se na análise e na avaliação das relações sociais, dos 
modelos econômicos, dosprocessos políticos e das diversas culturas. 
(Brasil, 2018, p. 472) 
Outro ponto salientado é que as disciplinas se dediquem a formar 
habilidades e competências para o mundo do trabalho: “Em relação à preparação 
básica para o trabalho, que significa promover o desenvolvimento de 
competências que possibilitem aos estudantes inserir-se de forma ativa, crítica, 
criativa e responsável em um mundo do trabalho cada vez mais complexo e 
imprevisível” (Brasil, 2018, p. 465). 
A flexibilidade proposta pela BNCC (Brasil, 2018) incentiva escolas e 
professores a pensarem em formas de organizar e difundir o conhecimento com 
variados meios: clubes, olimpíadas, projetos, núcleos de estudo, núcleos de 
produção artística, laboratórios e observatórios. Certamente, essa possibilidade 
apresenta novos caminhos ao professor de História, que poderá propor 
metodologias variadas e novos meios de atingir o conhecimento histórico, como 
 
 
9 
em: núcleos de estudos de história regional, centros de memória comunitária, 
clubes de investigação histórica e o que a imaginação possibilitar. 
Nesse sentido, o Brasil já possui a Olimpíada Nacional de História do 
Brasil, promovida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) há mais 
de dez anos. Nela, alunos da rede pública e privada do ensino médio fazem 
provas, on-line, em que as fontes históricas e a bibliografia são os princípios para 
as reflexões históricas. 
Quanto às orientações para o itinerário formativo das ciências humanas, 
a BNCC prevê o desenvolvimento de seis competências baseadas nos 
processos de compreensão, análise, reflexão, contextualização e argumentação 
da realidade social. Não há uma divisão de disciplinas, portanto as habilidades 
orientadas para o trabalho estão dispostas de forma genérica. Cada 
competência prevê uma lista de cinco a seis habilidades a serem desenvolvidas 
nos três anos do ensino médio. As escolas e governos poderão organizar a 
distribuição das disciplinas de ciências humanas da forma que desejarem, sendo 
possível que o estudo de história se reduza a um só ano de ensino ou tenha sua 
carga horária ampliada para atender a necessidades de cada realidade. Por fim, 
não há uma lista de conteúdos explícita, como no ensino fundamental, o que 
torna flexível o foco do professor ou do material didático. Mas, igualmente, isso 
acaba, indiretamente, transferindo à escola, governos e professores a 
responsabilidade de formarem tal seleção de conteúdos. 
TEMA 5 – OS DOCUMENTOS ESCOLARES 
O ensino de História está inserido na realidade escolar brasileira. Dessa 
forma, existe uma série de documentos que a escola deve produzir para atender 
à burocracia do processo educacional. Geralmente, a confecção de tais 
documentos é feita com a participação de professores. Mas, é comum, sobretudo 
no ensino privado, que tais documentos sejam entregues pela escola e sirvam 
para orientar o trabalho do professor. Entre esses documentos, vamos falar 
sobre: 
 projeto político-pedagógico (PPP); 
 planejamento anual (trimestral ou bimestral); 
 cronogramas; 
 plano de ensino; 
 
 
10 
 plano de aula; 
 planilhas de controle. 
Existem ainda os instrumentos de avaliação, aos quais dedicaremos uma 
aula, com mais atenção e discutindo as reflexões atuais sobre a avaliação do 
ensino de História. 
5.1 Projeto político-pedagógico (PPP) 
O PPP muitas vezes é confundido com o Regimento Interno da escola. 
Na verdade, o Regimento é uma regulação dada pela direção da escola, ao 
passo que o PPP é a sua proposta de orientação metodológica e deveria ser 
composto com a participação de diferentes agentes da comunidade escolar 
(professores, direção, alunos, funcionários, pais e responsáveis). Segundo Paz 
et al. (2018, p. 28), “Quando o professor é contratado ou ingressa como 
concursado em uma escola, o melhor caminho para estar em sintonia com a 
proposta pedagógica da instituição é, conhecer o PPP”. 
O PPP irá indicar uma variedade de metodologias e escolas possíveis: 
ensino tradicional, ensino integral, escola de confissão religiosa, escola indígena, 
escola comunitária, ensino alternativo, escola rural, escola bilíngue, escola 
internacional e assim por diante. Portanto, cada PPP é único e reflete a realidade 
local de cada instituição. 
5.2 Plano de ensino ou planejamento anual 
O plano de ensino é geralmente uma deliberação do professor ou da 
equipe da disciplina da escola. Ele reunirá objetivos, descrição metodológica, 
lista de conteúdos e instrumentos de avaliação a serem aplicados. O plano de 
ensino deve ser apresentado à orientação pedagógica, que pode fazer 
sugestões de alteração. Tal interação não deve ser considerada como uma 
interferência no ofício do professor, mas como a chance de colocar o 
conhecimento histórico em diálogo com o conhecimento pedagógico. Ter um 
planejamento claro e bem orientado é um forte instrumento de trabalho, que gera 
segurança e proteção ao professor. 
 
 
 
11 
5.3 Cronogramas 
O cronograma é um calendário específico no qual é feita a distribuição da 
carga horária da disciplina e a sua relação com os tópicos ou conteúdos a serem 
abordados em cada aula. Um bom cronograma é uma ferramenta de estratégia 
e planejamento para que não haja perda de controle sobre o ritmo das aulas. O 
cronograma deve prever, sempre que possível, os recessos e feriados ao longo 
do ano, bem como indicar a data das avaliações que serão feitas. 
5.4 Plano de aula 
O plano de aula é um planejamento específico sobre um tema ou 
conteúdo. Ele disserta sobre a metodologia a ser utilizada na aula, os recursos 
necessários, a bibliografia que lhe serve de base, as atividades propostas e os 
objetivos a serem atingidos. Nos últimos anos, esse documento não tem função 
prática no cotidiano escolar, mas continua sendo utilizado em processos 
seletivos e como forma de demonstrar competência sobre a regência de classe. 
5.5 Planilhas de controle 
São consideradas planilhas de controle a folha de chamadas, a lista de 
registro de aulas e as listas de notas das avaliações feitas. Completar 
corretamente tais documentos está entre as funções do professor, embora 
algumas realidades apresentem variações como chamada eletrônica, digitação 
de notas etc. De forma geral, cada escola irá orientar o professor a como 
proceder em cada uma dessas planilhas. 
NA PRÁTICA 
Agora que você conhece as leis que regulam nossa profissão e os 
instrumentos e documentos que o professor deve produzir, elabore um plano de 
aula para o ensino fundamental II (anos finais). Você pode escolher o ano e o 
conteúdo, mas terá que pesquisar na BNCC (Brasil, 2018) quais são as 
habilidades e competências relacionadas com esse conteúdo. Seu plano de aula 
deve indicar o ano de ensino, o conteúdo, as competências e habilidades 
envolvidas, os objetivos a serem alcançados, a metodologia da sua aula (quais 
 
 
12 
procedimentos serão feitos), os recursos necessários e uma proposta de 
avaliação. 
Para consultar a BNCC, acesse o portal do Ministério da Educação (MEC) 
ou pesquise o documento no seu buscador preferido na internet (Brasil, 2018). 
Para ter maior clareza sobre como elaborar um plano de ensino, indicamos o 
capítulo 1, de autoria da professora Carla Paulino, do livro Perspectivas do 
ensino de História: teorias, metodologias e desafios para o século XXI, disponível 
em nossa biblioteca virtual (Paz et al., 2018). 
FINALIZANDO 
Nesta aula, observamos os aspectos legais que envolvem o ensino de 
História: quais são os principais dispositivos e leis que orientam nosso trabalho 
e de que forma é necessário cumprir as obrigações legais e assim estabelecer 
um ambiente de trabalho seguro e não judicializado. 
Assim, perpassamos a Constituição brasileira, a LDB, a BNCC (Brasil, 
1988, 1996, 2018) para o ensino fundamental e para o ensino médio (que 
instituirá o novo ensino médio, no país) e os principais documentos escolaresimportantes para o ensino de História e o cotidiano do professor. 
Esperamos que essa explanação seja suficiente para lhe motivar a 
conhecer mais do processo escolar e das obrigações do professor, construindo 
assim um saber sólido e uma realidade de segurança jurídica em nossa 
profissão. 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso 
em: 4 out. 2019. 
_____. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, 
Brasília, p. 27.833, 23 dez. 1996. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 4 out. 2019. 
_____. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, 
p. 1, 11 mar. 2008. Disponível em: 
<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2008/lei-11645-10-marco-2008-
572787-publicacaooriginal-96087-pl.html>. Acesso em: 4 out. 2019. 
_____. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Diário Oficial da União, 
Brasília, p. 1, 17 fev. 2017. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm>. 
Acesso em: 5 out. 2019. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação 
é a base. Brasília, 2018. Disponível em: 
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofi
nal_site.pdf>. Acesso em: 5 out. 2019. 
_____. Plano Nacional de Educação. Brasília, [S.d.]. Disponível em: 
<http://pne.mec.gov.br/>. Acesso em: 4 out. 2019. 
PAZ, M. et al. Perspectivas do ensino de História: teorias, metodologias e 
desafios para o século XXI. Curitiba: InterSaberes, 2018.

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