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1 Cidadania Regional no Mercosul Aula 4: Mercosul Apresentação Sejam bem-vindos à quarta aula do curso! Na época do bicentenário de nossa independência, o ideal latino-americano se transformou, ao calor de dois séculos de acontecimentos. Ao longo da aula anterior pudemos observar como as ideias de autonomia, desenvolvimento, defesa dos recursos naturais, paz, democracia e direitos humanos foram marcando o futuro do ideal integracionista para nossa região desde meados do século XIX. Uma das iniciativas mais transformadoras e inovadoras inspiradas nesse ideal integracionista é o Mercosul. Nesta aula vamos abordar os seguintes tópicos: ● A criação do Mercosul e seu Setor Educacional. Características iniciais do bloco. ● Estrutura e operação. ● Principais instâncias e espaços de Cidadania no Mercosul. Mercosul Em 26 de março de 1991, os presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção que instituiu o Mercosul, concluindo um longo e delicado processo de negociações para a criação do processo de integração regional. O acordo instituiu o mercado comum no qual os países signatários buscariam aprofundar a integração regional com base na cooperação e na integração econômica. O bloco regional formado tornou-se uma das experiências de integração regional mais bem-sucedidas e uma das mais importantes da integração latino-americana. 2 Convidamos-lhe a ler o documento completo em: https://www.mercosur.int/documento/tratado-asuncion-constitucion-mercado-comun/ O Tratado de Assunção estabeleceu: “Os Estados Membros decidem estabelecer um Mercado Comum, que deverá ser estabelecido até 31 de dezembro de 1994, que será denominado “Mercado Comum do Sul” (Mercosul). Este Mercado Comum implica: − A livre circulação de bens, serviços e factores de produção entre países, através, entre outros, da eliminação dos direitos aduaneiros e das restrições não pautais à circulação de mercadorias e qualquer outra medida equivalente; − O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a Estados terceiros ou grupos de Estados e a coordenação de posições nos fóruns económicos e comerciais regionais e internacionais; https://www.mercosur.int/documento/tratado-asuncion-constitucion-mercado-comun/ 3 − A coordenação das políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes: comércio exterior, agropecuária, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, serviços, alfândega, transporte e comunicações e outras que venham a ser acordadas, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes; − O compromisso dos Estados Membros de harmonizar as legislações nas áreas pertinentes, a fim de fortalecer o processo de integração”. O Tratado de Assunção sofreria algumas alterações e acréscimos nos anos seguintes. Em 1994, foi assinado o Protocolo de Ouro Preto, que criou a estrutura institucional do Mercosul. A partir de janeiro de 1995, a zona de livre comércio se tornaria uma união aduaneira, na qual todos os signatários cobrariam a Tarifa Externa Comum (TEC) sobre as importações de países de fora do bloco. O Setor de Educação do Mercosul surgiu com a criação da Reunião de Ministros da Educação (RME) pelo Conselho do Mercado Comum em 1991. O Setor se consolidou ao longo dos anos ampliando suas competências e espaços de coordenação das políticas educacionais. As negociações para a criação de um bloco regional começaram em 1985, com a redemocratização do Brasil e da Argentina. Os presidentes civis José Sarney e Raúl Alfonsín firmaram uma aliança estratégica entre os dois países na simbólica tríplice fronteira, a Declaração do Iguaçu. A aproximação buscava superar rivalidades históricas, originadas nas disputas territoriais dos processos de independência e que posteriormente se agravaram devido à disputa pela hegemonia regional. Os principais objetivos da aproximação foram a promoção do desenvolvimento econômico e a consolidação dos recentes processos de redemocratização em ambos os países. Em junho de 1986, Sarney e Alfonsín assinaram uma série de acordos para a integração argentino-brasileira em diversos setores, incluindo a cooperação nuclear e a renúncia expressa de projetos nucleares não pacíficos. 4 Convidamos-lhe a ler a Declaração de Iguaçú completa em: https://www.abacc.org.br/en/wp-content/uploads/2016/09/1985- Declara%C3%A7%C3%A3o-do-Igua%C3%A7u-espanhol-assinada.pdf Ainda durante os governos de Sarney e Alfonsín, em abril de 1988, o Uruguai aderiu ao esforço de integração, seguido pelo Paraguai. Avançando assim de uma iniciativa bilateral para a construção de um bloco regional. Para saber mais sobre o processo de aproximação entre Brasil e Argentina na década de 1980 e sua ligação com o processo de redemocratização, convidamos-lhe a assistir a este vídeo: https://www.educ.ar/recursos/156357/3d-tres-decadas-de-democracia-la-integracion- regional https://www.abacc.org.br/en/wp-content/uploads/2016/09/1985-Declara%C3%A7%C3%A3o-do-Igua%C3%A7u-espanhol-assinada.pdf https://www.abacc.org.br/en/wp-content/uploads/2016/09/1985-Declara%C3%A7%C3%A3o-do-Igua%C3%A7u-espanhol-assinada.pdf https://www.educ.ar/recursos/156357/3d-tres-decadas-de-democracia-la-integracion-regional https://www.educ.ar/recursos/156357/3d-tres-decadas-de-democracia-la-integracion-regional 5 Todos os países independentes da América do Sul estão de alguma forma associados ao bloco. Em 1996, Bolívia e Chile adquiriram status de associados. Além da Bolívia e do Chile, Colômbia, Peru, Equador, Guiana e Suriname são países associados. A Venezuela aderiu ao Mercosul em 2006. Portanto, o bloco foi a base para o desenvolvimento posterior da União de Nações Sul-Americanas (Unasul em 2008). Em julho de 1998, após uma tentativa de golpe no Paraguai, os quatro países membros, Chile e Bolívia assinaram o Protocolo de Ushuaia sobre o compromisso democrático do bloco. A cláusula democrática estabelecida pelo protocolo seria aplicada em 2012 na suspensão temporária do Paraguai após a deposição do presidente Fernando Lugo, e em 2017 na suspensão da Venezuela. Para saber mais sobre o processo de suspensão da Venezuela, convidamos você a ler a Decisão sobre a suspensão da Venezuela no Mercosul: https://www.mercosur.int/suspension-de- venezuela-en-el-mercosur/ https://www.mercosur.int/suspension-de-venezuela-en-el-mercosur/ https://www.mercosur.int/suspension-de-venezuela-en-el-mercosur/ 6 O Protocolo de Compromisso Democrático de Ushuaia tornou-se um dos mais importantes mecanismos internacionais de defesa da democracia na região. Documento completo em: https://www.mercosur.int/documento/protocolo- ushuaia- compromiso-democratico-mercosur-bolivia-chile Há um forte viés político-comercial no processo de integração regional do Mercosul iniciado na década de 1980 e desenvolvido ao longo da década de 1990, advindo principalmente dos interesses de Brasil e Argentina em buscar alternativas de inserção no comércio internacional e fortalecer o processo de consolidação democrática. O projeto de https://www.mercosur.int/documento/protocolo-ushuaia-compromiso-democratico-mercosur-bolivia-chile https://www.mercosur.int/documento/protocolo-ushuaia-compromiso-democratico-mercosur-bolivia-chile https://www.mercosur.int/documento/protocolo-ushuaia-compromiso-democratico-mercosur-bolivia-chile 7 integração regional promovido no cone sul refletiu uma tendência de regionalização do comércio internacional caracterizada pelo fortalecimento do projeto europeu e pela criação da Área de Livre Comércio da América do Norte (VAZ, 2002). A aliança e consequente aproximação entre os quatro vizinhos trouxe intenso intercâmbio comercial e maior força política à região,em um cenário de fim da Guerra Fria, negociações comerciais globais e constante questionamento das capacidades do Estado-nação em promover o desenvolvimento econômico, bem-estar e ser social pelo chamado Consenso de Washington. Podemos destacar, por exemplo, o papel decisivo que o Mercosul teve no processo de negociação e derrota da Área de Livre Comércio das Américas em 2005. Para conhecer mais sobre o final do processo de negociaçao da ALCA na Cúpula das Américas de Mar del Plata em 2005, te convidamos a ver o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=pUX4dl9_wRM Principais Acordos do Mercosul 1991 Tratado de Assunção: Nasce o MERCOSUL 1994 Protocolo de Ouro Preto: Base Institucional do MERCOSUL 1998 Protocolo de Ushuaia: Compromisso Democrático Declaração do MERCOSUL como Zona de Paz e livre de armas de destruição em massa 2002 Protocolo de Olivos: Solução de Controvérsias 2003 Regimento do Protocolo de Olivos: Criação do Tribunal Permanente de Revisão (TPR) 2005 Criação do Fundo para Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM) Protocolo constitutivo do PARLASUR 2006 Adesão da Venezuela ao MERCOSUL https://www.youtube.com/watch?v=pUX4dl9_wRM https://www.mercosur.int/pt-br/objetivos-del-mercosur/ https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/organograma-mercosul/ https://www.mercosur.int/documento/protocolo-ushuaia-compromiso-democratico-mercosur-bolivia-chile/ https://www.mercosur.int/documento/declaracion-del-mercosur-como-zona-de-paz-y-libre-de-armas-de-destruccion-en-masa/ https://www.mercosur.int/documento/declaracion-del-mercosur-como-zona-de-paz-y-libre-de-armas-de-destruccion-en-masa/ https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/solucao-de-controversias/ https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/solucao-de-controversias/ https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/solucao-de-controversias/ https://focem.mercosur.int/pt/ https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/parlasul/ https://www.mercosur.int/documento/protocolo-adhesion-venezuela-mercosur/ 8 2007 Criação do Instituto Social do MERCOSUL (ISM) 2009 Criação do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH) 2010 Criação da Unidade de Apoio à Participação Social (UPS) 2015 Adesão da Bolívia ao MERCOSUL 2017 Protocolo de Cooperação e Facilitação de Inversões Intra-MERCOSUL O Mercosul, apesar de emergir como uma experiência regional baseada na promoção da integração econômica, principalmente comercial e produtiva, gradualmente desenvolveu iniciativas nas mais diversas áreas como democracia, direitos humanos, educação, saúde, cultura, turismo, etc. Desde a sua criação, o Mercosul contou com o apoio de instituições do governo central, mas também de governos locais, academia, empresas, sindicatos, organizações não governamentais, etc. Estrutura e funcionamento “O MERCOSUL é um processo de integração de caráter intergovernamental, onde cada Estado Parte tem um voto, e as decisões devem ser tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados Partes. Ele toma suas decisões por meio de três órgãos: o Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão máximo do MERCOSUL, que conduz politicamente o processo de integração, o Grupo Mercado Comum (GMC), que supervisiona o funcionamento diário do bloco, e a Comissão de Comércio (CCM), responsável pela administração dos instrumentos de política comercial comum. Auxiliando esses órgãos, existem mais de 300 fóruns de https://www.mercosur.int/documento/creacion-del-instituto-social-del-mercosur/ https://www.mercosur.int/documento/creacion-del-instituto-de-politicas-publicas-en-derechos-humanos/ https://www.mercosur.int/documento/creacion-del-instituto-de-politicas-publicas-en-derechos-humanos/ https://normas.mercosur.int/simfiles/normativas/36780_DEC_065-2010_ES_Unidad%20apoyo%20Participacion%20Social.pdf https://www.mercosur.int/documento/protocolo-adhesion-bolivia-mercosur/ https://www.mercosur.int/documento/protocolo-de-cooperacion-y-facilitacion-de-inversiones-intra-mercosur/ 9 negociação nas mais diversas áreas, que são formados por representantes de cada país membro e promovem iniciativas a serem consideradas pelos órgãos decisórios. Uma vez negociadas e aprovadas pelas instâncias decisórias do bloco, as regras são obrigatórias e, quando necessário, devem ser incorporadas aos ordenamentos jurídicos nacionais por meio dos procedimentos estabelecidos pela legislação de cada país. A fim de assegurar a vigência simultânea dos regulamentos do MERCOSUL nos Estados Partes, foi estabelecido um procedimento para a incorporação dos regulamentos do MERCOSUL no ordenamento jurídico dos Estados Partes com base no Artigo 40 do Protocolo de Ouro Preto. Com o passar do tempo e com o objetivo de implementar suas políticas regionais, o MERCOSUL criou várias organizações permanentes em diferentes cidades, entre as quais o Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM), o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), o Instituto Social do MERCOSUL (ISM), o Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL), a Secretaria do MERCOSUL (SM) e o Tribunal Permanente de Revisão (TPR).” Link: https://www.mercosur.int/quienes-somos/funcionamiento/ O Mercosul nasceu diante dos diferentes projetos de integração latino-americanos que o antecederam e procurou diferenciar-se deles para aprender com suas dificuldades e sucessos. Marcelo Medeiros (2008) aponta a parcimônia adotada pelo projeto Mercosul na criação de mecanismos de integração institucional. Segundo o autor, “o Mercosul hesita em embarcar em projetos institucionais que não correspondem à real capacidade de comprometimento de seus Estados-membros” (Medeiros, 2008, p. 57). Diante desse desafio, o Protocolo de Ouro Preto (1994) define três instâncias intergovernamentais de decisão para o Mercosul: • Conselho do Mercado Comum – órgão máximo do bloco, formado pelos ministros das Relações Exteriores e da Economia dos países membros. • Grupo Mercado Comum – órgão executivo composto por quatro membros efetivos e quatro suplentes dos países membros. https://focem.mercosur.int/pt/ https://www.ippdh.mercosur.int/?lang=pt-br https://www.ippdh.mercosur.int/?lang=pt-br http://www.ismercosur.org/pt/home/ https://www.parlamentomercosur.org/innovaportal/v/13017/2/parlasur/parlasul---pagina-principal.html https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/secretaria/ https://www.tprmercosur.org/pt/index.htm https://www.tprmercosur.org/pt/index.htm https://www.mercosur.int/quienes-somos/funcionamiento/ 10 • Comissão de Comércio do Mercosul - órgão encarregado de assessorar o Grupo Mercado Comum na política comercial comum. O Protocolo de Ouro Preto (1994) também definiu outros órgãos que deram origem ao Parlamento do Mercosul (Parlasul), ao Fórum Consultivo Econômico e Social e à Secretaria do Mercosul. Com o aprofundamento da integração comercial, o Protocolo de Olivos (2002) criou o Tribunal Permanente de Revisão como mecanismo de solução de controvérsias comerciais no bloco. Portanto, a parcimônia apontada por Medeiros (2008) não impediu o desenvolvimento institucional. O pleno funcionamento das instituições do bloco depende em grande parte da dedicação e atenção dos países membros em seu desenvolvimento: O protagonismo central dos governos, na definição da integração econômica como desígnio político de ambos países e na formulação dos objetivos e princípios que a orientariam, estendeu-se à arena da negociação internacional, instrumentalizando-a com canais e recursos diplomáticos e dando a ela um caráter intergovernamental coadjuvada, em plano secundário, por outros atores das esferas políticas, econômica e social em cada país. (VAZ, 2002, p. 71) Essa estrutura intergovernamental apresentada por Vaz (2002), que, portanto, delegaria um papel secundário aos demais atores do processo de integração regional, pode ser apontada como um desafio para os atoressociais e governos subnacionais participarem do processo. Apesar dessa dificuldade, governos subnacionais e atores da sociedade civil da região se comprometeram desde o início do bloco a construir agendas e instituições para promover uma integração regional que vá além da agenda comercial. Esse movimento começou com a integração e o diálogo desenvolvido entre os sindicatos dos países do cone sul, e continuou com a aproximação desenvolvida por governos locais e estaduais, organizações não governamentais e por burocracias estatais como agências de cooperação, empresas, Estados e ministérios . A criação de instituições como o Parlamento do Mercosul, o Instituto Mercosul Social e o Instituto Mercosul de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH), bem como o Fórum Consultivo dos Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul 11 (FCCR) conquistas para os atores da sociedade civil do bloco. Ao mesmo tempo, essas instituições contribuem para a ampliação da agenda de integração regional e sua democratização, envolvendo cada vez mais os atores das sociedades dos países membros e fortalecendo o projeto de cidadania do Mercosul. Organograma do Mercosul: Link para o organograma completo: https://www.mercosur.int/wp- content/uploads/2023/03/Organigrama_ES-15-02-23-2.pdf https://www.mercosur.int/wp-content/uploads/2023/03/Organigrama_ES-15-02-23-2.pdf https://www.mercosur.int/wp-content/uploads/2023/03/Organigrama_ES-15-02-23-2.pdf 12 Principais órgãos e espaços para a cidadania no Mercosul. Participação Durante o ciclo de governos progressistas na América do Sul, o Mercosul também passou por importantes mudanças tanto em seu escopo quanto no aumento de sua estrutura institucional. O bloco ampliou sua agenda e incluiu como temas importantes as questões sociais, a proteção e promoção dos direitos humanos, a redução das assimetrias entre filiados e a participação social. Dentre as instituições intrabloco criadas à época, destacam-se: 1) o Instituto Social do Mercosul (ISM), criado em 2007, com sede em Assunção, no Paraguai, responsável pela coordenação de projetos e pesquisas sobre os mais variados temas desde uma perspectiva regional, contribuindo para o avanço das agendas sociais do bloco, como a construção da cidadania do Mercosul, a facilitação do trabalho entre os países da organização, o Plano 13 Estratégico de Ação Social do Mercosul (PEAS), entre outras; 2) o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM), criado em 2005 com o objetivo de reduzir as assimetrias entre os países membros; 3) o Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul (TPR), com sede em Assunção e criado em 2002. O objetivo do órgão é promover um espaço jurídico intrabloco para a solução de controvérsias existentes; 4) as Cúpulas Sociais do Mercosul, espaço onde a sociedade civil atores dos países participam com suas demandas para a construção de políticas regionais sobre os temas, 5) o Parlamento do Mercosul (PARLASUL), com sede em Montevidéu, Uruguai, foi criado em 2005 e incorpora ao bloco a dimensão da participação parlamentar; 6) Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos (IPDH) em 2009. A criação desses espaços deve ser compreendida a partir de uma concepção multidimensional do regionalismo latino-americano para além de uma concepção centrada no aspecto econômico da integração regional. O Mercosul é um exemplo de regionalismo constituído por múltiplas dimensões de integração. A ideia de multidimensionalidade do regionalismo amplia a compreensão das iniciativas regionais para além do papel dos Estados como atores exclusivos. A construção de entendimentos coletivos e regionais sobre temas como cidadania, direitos humanos, cultura, territorialidade, políticas sociais e outros mobilizam aos governos sub-nacionais e atores não nacionais -organizações governamentais dos países- e trazem novas práticas e formas de articulação regional para o debate sobre o regionalismo. É importante destacar que a velocidade das diferentes dimensões dos regionalismos também varia de acordo com a dinâmica de cada questão. Por exemplo, a dimensão da integração da infraestrutura requer ações e entendimentos que mobilizem acordos de longo prazo entre os atores envolvidos, pois envolvem financiamentos e concessões que permeiam os governos. No caso específico da construção da cidadania regional, além da criação de instâncias institucionalizadas nos mecanismos de integração, é preciso atuar, por exemplo, a partir dos partidos políticos nacionais, mobilizando a agenda da integração regional e sua importância, a ação de setores da sociedade civil e da academia desenvolvendo pesquisas, 14 estudos, coleta de dados e informações que sirvam para construir visões extranacionais dos direitos e deveres das pessoas. É evidente que a ampliação do alcance do que podem ser consideradas dimensões dos regionalismos evoca uma série de processos, atores e dinâmicas que demandam novas perspectivas teóricas de análise e produção de conhecimento. Na próxima aula veremos os espaços de atuação da sociedade civil no Mercosul, bem como os avanços na construção da perspectiva social e política da integração regional a partir do Mercosul. Encerramento da aula Ao longo desta aula apresentamos alguns elementos para o debate sobre o surgimento do processo de integração regional do Mercosul, sua estrutura e suas principais instituições. Analisamos alguns dos documentos constitutivos do Mercosul, a evolução do processo de integração regional e a criação de espaços de participação social e democratização. Atividade de revisão obrigatória Com base nas lições aprendidas até a aula 4, as reflexões sugeridas sobre a importância da construção de uma região latino-americana, a leitura dos materiais obrigatórios e sugeridos, e a busca pessoal de outros materiais, propomos escolher uma das seguintes actividades: ● Opção 1: Escolher um autor que tenha se dedicado a refletir sobre a nossa região. Devem escrever uma breve recensão que inclua uma nota biográfica e um resumo de uma das suas obras que tenham considerado interessante, reflectindo sobre o contributo que consideram importante e porquê. Podem ser incluídas imagens e vídeos de referência. Propomos trabalhar a partir da seguinte plataforma de conteúdos pedagógicos desenvolvida por esta equipa docente: http://redesur.org/ Extensão máxima de 2 páginas. http://redesur.org/ 15 ● Opção 2: Escolher uma categoria ou conceito para refletir sobre a razão pela qual deve ser abordado a nível regional, de uma forma integrada. Os estudantes devem desenvolver uma breve argumentação que inclua a razão pela qual a questão ou o problema é melhor resolvido pensando numa forma integrada. Podem ser incluídas imagens e vídeos de referência. Propomos trabalhar a partir da seguinte plataforma de conteúdos pedagógicos desenvolvida por esta equipa docente: http://redesur.org/ Extensão máxima de 2 páginas. ● Opção 3: Levando em consideração suas datas de nascimento, elaborar uma uma linha do tempo onde se coloquem 5 pensadores que apoiaram a ideia da América Latina. Incorpore nome, fotos ou imagens e uma breve descrição do seu pensamento. Extensão máxima de 2 páginas. ● Opção 4: Elaborar uma linha do tempo onde se coloquem 5 projetos políticos de unidade regional na América Latina e/ou Caribe, indicando o nome, fotos ou imagens representativas do processo e algumas breves linhas sobre seu objetivo principal. Extensão máxima de 2 páginas. ● Opção 5: Fazer uma breve análise da importância de um dos seguintes documentos constitutivos do processo de integração regional: 1. Declaração de Iguaçú; Tratado de Assunção; Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção – Protocolo de Ouro Preto; Protocolo de Ushuaia. Por fim, faça uma breve descrição do funcionamento e importânciade uma das instituições do Mercosul a seguir: 1. Conselho Mercado Comum; Parlamento do Mercosul (Parlasul); Tribunal Permanente de Revisão (TPR); Foro Consultivo de Municípios, Estados Federados, Províncias e Departamentos do Mercosul (FCCR). Extensão máxima de 3 páginas. Data-limite: 12 de setembro http://redesur.org/ 16 Material de leitura requerido Perrotta, D.; Arata, N.; Paikin, D. y Porcelli, E. (2016). “Educación para la integración: ideas y recursos para la formación de una ciudadanía regional”. Buenos Aires: PASEM. Disponible en: https://www.educ.ar/recursos/156364/educacion-para-la-integracion-ideas-y- recursos-para-la-forma Material Opcional MONDELLI, Marcelo. (2018). Elementos para profundizar la agenda del Mercosur ciudadano. Revista Mercosur de Políticas Sociales, v. 2, pp. 34-59. BOUZAS, Roberto. (2004). Mercosur: instituciones de gobierno regional, asimetrías e integración profunda. Washington: Interamerican Development Bank. Referências MEDEIROS, Marcelo de Almeida. (2008). Legitimidade, Democracia e Accountability no Mercosul. Revista Brasileira de Ciências Socias. v. 23 n. 67, jun. pp. 51-69 VAZ, Alcides. (2002). Cooperação, Integração e o processo negociador: a construção do Mercosul. Brasília. IBRI. Créditos Autores: Felipe Cordeiro, Daniela Perrotta, Leticia González, Florencia Lagar, Emanuel Porcelli, Lucas Mesquita, Karen Honorio, Ramon Blanco. Como citar este texto: Cordeiro, F. e Outros (2023). Aula 4: Mercosul. Cidadania regional no Mercosul. Buenos Aires: Ministério da Educação da Nação. https://www.educ.ar/recursos/156364/educacion-para-la-integracion-ideas-y-recursos-para-la-forma https://www.educ.ar/recursos/156364/educacion-para-la-integracion-ideas-y-recursos-para-la-forma 17 Esta obra está licenciada como Creative Commons Atribuição não Comercial-Compartilhar Igual 3.0 http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/deed.es_AR
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