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Indaial – 2022 Videolaparoscopia Prof.ª Miriam Quadros de Oliveira 1a Edição Técnicas de insTrumenTação cirúrgica em cirurgia geral e em Elaboração: Prof.ª Miriam Quadros de Oliveira Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: O48t Oliveira, Miriam Quadros de Técnicas de instrumentação cirúrgica em cirurgia geral e em videolaparoscopia. / Miriam Quadros de Oliveira – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 161 p.; il. ISBN 978-85-515-0463-5 1. Esterilização dos materiais. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 Acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático de Técnicas de Instrumentação Cirúrgica em Cirurgia Geral e em Videolaparoscopia, cujo objetivo principal é compre- ender o conceito de limpeza e desinfecção, assim como de esterilização dos materiais. Na Unidade 1, abordaremos as classificações de risco de contaminação e os conceitos de limpeza, desinfecção e esterilização, bem como os testes de validação de material e as embalagens mais utilizadas para a esterilização, a fim de que a equipe médica possa fazer uso dos materiais e dos instrumentais cirúrgicos, de forma segura, durante o ato cirúrgico. Na Unidade 2, estudaremos, com maior profundidade, os métodos de limpeza e desinfecção, os tipos e os equipamentos usados na limpeza dos instrumentais. Veremos a importância da ética para o instrumentador cirúrgico, as classificações das cirurgias e como fazer a avaliação do porte cirúrgico, o qual determina a quantidade de mesa cirúrgica e a quantidade de instrumentais específicos. Além disso, abordaremos o papel do instrumentador cirúrgico que já tem habilitação de técnico em enfermagem, os períodos cirúrgicos do paciente submetido a uma cirurgia e, ainda, a indicação dos principais drenos utilizados em cirurgia geral e videolaparoscopia. Por fim, na Unidade 3, serão explorados o processo de esterilização e a esterilização para prevenção de infecção. Boa produção! Professora Miriam Quadros de Oliveira APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 - LIMPEZA, DESINFECÇÃO E PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS .........................................................................1 TÓPICO 1 - LIMPEZA, DESINFECÇÃO E PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO ............. 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS DE CONTAMINAÇÃO ......................................... 3 3 CONCEITO DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO ............................ 6 3.1 LIMPEZA ..................................................................................................................................7 3.2 DESINFECÇÃO ..................................................................................................................... 8 3.3 ESTERILIZAÇÃO ...................................................................................................................9 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 13 TÓPICO 2 - MÉTODOS DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO ........................................ 15 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15 2 MÉTODOS DE LIMPEZA ..................................................................................... 15 3 MÉTODOS DE DESINFECÇÃO ............................................................................ 18 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................22 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................23 TÓPICO 3 - MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS ..........25 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................25 2 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO .................25 3 ESTERILIZAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO ....................................... 27 3.1 IMERSÃO ..............................................................................................................................28 3.2 LIMPEZA ..............................................................................................................................29 3.3 ENXÁGUE ............................................................................................................................ 29 3.4 SECAGEM ............................................................................................................................30 3.5 INSPEÇÃO VISUAL .............................................................................................................31 3.6 LUBRIFICAÇÃO ...................................................................................................................31 3.7 TIPOS DE EMBALAGENS PARA ESTERILIZAÇÃO ........................................................31 3.7.1 Químicos ...................................................................................................................... 35 3.7.2 Biológicos ................................................................................................................... 36 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................39 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................43 AUTOATIVIDADE .................................................................................................. 44 REFERÊNCIAS .......................................................................................................46 UNIDADE 2 — CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCOPIA ................................. 47 TÓPICO 1 — PROCESSO DE INSTRUMENTAÇÃO EM ............................................49 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................49 2 INICIANDO O PROCESSO DE INSTRUMENTAÇÃO ............................................49 CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCÓPICA .....................................................49 2.1 ÉTICA PROFISSIONAL .......................................................................................................50 2.2 CLASSIFICAÇÕES CIRÚRGICAS ..................................................................................... 53 2.3 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO (SOBECC) ...................................................................................................... 53 2.4 EQUIPE CIRÚRGICA ..........................................................................................................54 2.5 ATRIBUIÇÕES DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO ................................................... 55 2.6 TÉCNICOS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM COMO INSTRUMENTADORES CIRÚRGICOS ............................................................................ 56 3 SEGURANÇA DO PACIENTE E DO AMBIENTE CIRÚRGICO .............................. 61 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................64 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................65 TÓPICO 2 - PERÍODOS PERIOPERATÓRIOS E REGISTROS NO PRONTUÁRIO DO PACIENTE........................................................................... 67 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 67 2 PERÍODOS CIRÚRGICOS ................................................................................... 67 2.1 PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO ...........................................................................................68 3 REGISTRO NO PRONTUÁRIO DO PACIENTE .....................................................70 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 75 TÓPICO 3 - POSICIONAMENTO CIRÚRGICO E PRINCIPAIS DRENOS INDICADOS PARA CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCÓPICA .................................................................................... 77 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 77 2 POSICIONAMENTO CIRÚRGICO EM CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCÓPICA ................................................................................... 77 2.1 POSICIONAMENTO CIRÚRGICO .......................................................................................77 2.1.1 Posição dorsal ou supina.........................................................................................80 2.1.2 Posição de Trendelenburg ......................................................................................82 2.1.3 Movimentações da mesa .......................................................................................82 3 PRINCIPAIS DRENOS UTILIZADOS EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA GERAL OU VIDEOLAPAROSCÓPICA .......................82 3.1 DRENO DE KEHR ................................................................................................................84 3.2 DRENO DE PENROSE .......................................................................................................84 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................87 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................90 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 91 REFERÊNCIAS .......................................................................................................93 UNIDADE 3 — INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA EM CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCOPIA ..........................................................................95 TÓPICO 1 — DESCOBRINDO A PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA PARA CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCOPIA ............................................. 97 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 97 2 BIOSSEGURANÇA ............................................................................................. 97 3 PARAMENTAÇÃO DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO E DA EQUIPE MÉDICA .........................................................................................100 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................124 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 125 TÓPICO 2 - INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA NA CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCOPIA .................................................................................... 127 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 127 2 PROCESSO DE PARAMENTAÇÃO – ANTISSEPSIA DO CAMPO OPERATÓRIO ................................................................................... 127 2.1 PROCESSO DE PARAMENTAÇÃO: COLOCAÇÃO DE CAMPOS CIRÚRGICOS .........129 2.2 PROCESSO DE PARAMENTAÇÃO – INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA PROPRIAMENTE DITA E INTERPRETAÇÃO DE SINAIS CIRÚRGICOS....................133 2.3 PROCESSO DE PARAMENTAÇÃO: FIOS DE SUTURA E AGULHAS INDICADOS PARA CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCÓPICA ......................... 136 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 139 AUTOATIVIDADE .................................................................................................140 TÓPICO 3 - INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS RELACIONADAS À CIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCOPIA ................................................... 141 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 141 2 PRINCIPAIS CIRURGIAS GERAIS .................................................................... 141 2.1 TERMINOLOGIAS CIRÚRGICAS ..................................................................................... 142 2.2 PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS EMCIRURGIA GERAL E VIDEOLAPAROSCÓPICAS ......................................................................................... 145 3 RETIRANDO A PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA ................................................ 153 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 156 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 159 AUTOATIVIDADE .................................................................................................160 REFERÊNCIAS ......................................................................................................161 1 UNIDADE 1 - LIMPEZA, DESINFECÇÃO E PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • definir os conceitos de contaminação e infecção; • reconhecer os principais métodos de desinfecção; • conhecer as técnicas de esterilização e suas especificidades, relacionando aos indicadores de qualidade. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LIMPEZA, DESINFECÇÃO E PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO TÓPICO 2 – MÉTODOS DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO TÓPICO 3 – MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 LIMPEZA, DESINFECÇÃO E PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Inicialmente, estudaremos sobre o processo de limpeza, desinfecção e, sobretudo, o processo de esterilização, a partir da indicação de cada material ou instrumental cirúrgico. Todo esse processo que envolve a limpeza ou, até mesmo, a desinfecção, bem como a escolha da esterilização, são fatores importantes para que, de forma segura, a equipe médica possa utilizar os materiais e os instrumentais durante o ato cirúrgico. Todos esses cuidados são fundamentais para evitar a infecção no período tran- soperatório. Para Malagutti e Bonfim (2013, p. 171), o termo fator de risco possui um signi- ficado particular na epidemiologia e na prevenção das Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC). Neste tópico, compreenderemos a classificação de risco com base na possibilidade de contaminação do paciente durante o procedimento cirúrgico, com base nos artigos críticos, não críticos e os semicríticos. Além disso, estudaremos os conceitos de limpeza, desinfecção e esterilização, que facilitam o entendimento do instrumentador cirúrgico no processo de limpeza de material, o qual irá acontecer na Central de Material e Esterilização (CME). TÓPICO 1 - UNIDADE 1 2 CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS DE CONTAMINAÇÃO Devido à imensa quantidade de materiais, instrumentais e, até mesmo, equipamentos utilizados durante um procedimento cirúrgico, é importantíssimo que o instrumentador cirúrgico saiba classificar os artigos conforme o risco de contaminação. Em resumo, deve ser feita a divisão dos materiais com base na classificação do artigo pelo risco de contaminação: • Artigos não críticos: podemos considerar os materiais que apenas tiveram contato com a pele íntegra do paciente sem contato com as mucosas. Esses materiais devem passar apenas pelo processo de limpeza ou desinfecção, pois não têm indicação para passar pelo processo de esterilização nas autoclaves. Segundo Malagutti e Bon- fim (2013, p. 172), são alguns exemplos de materiais que devem sofrer esse processo: termômetro, comadre, roupas de cama e materiais de banho, como jarras e bacias. 4 • Artigos semicríticos: são materiais que entram em contato com a pele não íntegra do paciente e, até mesmo, com a mucosa durante o ato cirúrgico. Esses materiais precisam passar pelo processo de desinfecção ou, ainda, em alguns casos, pelo processo de esterilização desde que seja indicado. Segundo Malagutti e Bonfim (2013), são alguns exemplos de materiais que devem sofrer esse processo: equipamentos respiratórios, espéculo vaginal e endoscópios. Caso tenhamos alguns materiais semicríticos termorresistentes, podemos indicá-los ao processo de esterilização, por exemplo, com o uso de autoclaves. • Artigos críticos: são materiais que, necessariamente, entrarão em contato com a mucosa do paciente e com todos os demais sistemas que estão expostos no procedimento cirúrgico. Para esses materiais, indicamos o processo de esterilização com o uso de autoclaves, a fim de garantir, com segurança, a eliminação de microrganismos vegetativos e, principalmente, esporulados. Segundo Moura (2006), são exemplos de materiais que devem passar pelo processo de esterilização em autoclaves: instrumental cirúrgico de corte e de ponta e endoscópicos críticos. Quando o material é classificado como artigo crítico, obrigatoriamente, ele precisa passar pelo processo de limpeza e pelo processo de esterilização. IMPORTANTE Para entender melhor esse processamento, podemos observar o fluxograma, publicado pelo Ministério da Saúde, para o processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde, em 1994. FIGURA 1 – FLUXOGRAMA DOS PASSOS SEQUENCIAIS DO PROCESSAMENTO DE ARTIGOS EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE 5 DÍSTICOS DO FLUXOGRAMA Artigos críticos, semicríticos e não críticos com presença de matéria orgânica ou sujidade Considerar contaminados Limpar Ou Descontaminar Enxaguar Secar Conforme o destino do artigo Se esterilização Se concluído o processamento Se desinfecção Meio físico Meio químico Estocar Meio físico líquido Meio químico líquido Acondicionar Líquido Gasoso Imergir pelo tempo e temperatura adequados Imergir o artigo Esterilizar Estocar Imergir totalmente Acondicionar Enxaguar com H2O esterilizada Esterilizar Secar assepticamente Acondicionar em frasco esterilizado Destinar ao uso imediato Estocar 6 Secar Acondicionar em recipiente desinfetado Estocar Preencher tubulações Enxaguar com H2O potável Secar Acondicionar em recipiente desinfetado Estocar FONTE: Brasil (1994, p. 24) Para a realização do processo de esterilização, devemos utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tendo em vista os riscos que o profissional de Central de Material e Esterilização (CME) fica exposto, incluindo o risco ocupacional. NOTA Na CME, temos, principalmente, riscos relacionados à contaminação do profissional com material biológico, exposição e uso de produtos químicos e ruídos, devido a máquinas, como secadoras, autoclaves e ultrassônicas, além do calor das altas temperaturas das autoclaves a que o profissional fica exposto. 3 CONCEITO DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO Quanto ao estudo de limpeza, desinfecção e esterilização, precisamos pensar em todo o processo das infecções do sítio cirúrgico. Segundo Malagutti e Bonfim (2013), o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) tem sido responsável por desenvolver e refinar algumas medidas já existentes relacionadas à prevenção de Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC) desde 1969. Cada instituição de saúde determina as barreiras para o controle de ISC, como: • troca de ar das salas de cirurgias; • processo de esterilização; • técnica cirúrgica avaliada continuamente; • técnica de paramentação corretas; • profilaxia quando indicada. 7 Um instrumentador deve conhecer todo o processo de esterilização, visto que se trata de um profissional que trabalha com o material esterilizado; assim, faz parte de uma de suas atribuições entender e conhecer todo esse processo e, somente após isso, validar a esterilização e, consequentemente, autorizar o médico a utilizar o material para cada procedimento. Segundo Moura (2006), todos os artigos hospitalares devem passar por uma limpeza escrupulosa antes de qualquer outro tipo de procedimento. A seguir,serão descritos os conceitos de limpeza, desinfecção e esterilização, a fim de aprofundarmos o estudo cada uma dessas etapas. 3.1 LIMPEZA O conceito de limpeza é caraterizado pela remoção física da sujeira, segundo Moura (2006). A limpeza começa com a lavagem da pinça com água corrente, para que, dessa forma, já sejam eliminados restos orgânicos do paciente nas pinças ou materiais utilizados durante o procedimento cirúrgico. Devemos fazer sempre essa limpeza inicial, uma vez que, na pinça com mate- rial orgânico, os produtos químicos não conseguem apresentar uma ação adequada, sendo, portanto, necessário retirar esse resto de material para dar continuidade ao processo de limpeza. Para realizar a lavagem mais adequada dos instrumentais, podemos utilizar água, conforme já mencionado, porém, podemos adicionar também antisséptico comum hospitalar, que é a clorexidina degermante, a fim de auxiliar na limpeza, principalmente, dos instrumentais. Atualmente, no mercado, existem vários produtos químicos que podem facilitar esse processo de limpeza, como o detergente com desincrustante, que faz a retirada de qualquer detrito que restou na pinça, e os detergentes enzimáticos, que, como o nome já diz, possuem enzimas ativas que auxiliam na limpeza desse instrumental. Nos hospitais, existem diversas formas de fazer essa limpeza do material, como utilizando o método mecânico, a ultrassônica ou, até mesmo, as termodesinfectadoras. Cada instituição determina o processo de trabalho de limpeza mais adequado, sendo necessário saber que existem vários métodos e que, independentemente de como for realizado, se de forma manual ou mecânica, isso precisa ser feito com segurança, para preparar o instrumental corretamente para o posterior processo de esterilização. 8 3.2 DESINFECÇÃO No processo de desinfecção, normalmente, utilizamos dois tipos de agentes: físicos ou químicos (Quadro 1). QUADRO 1 – AGENTES FÍSICOS E QUÍMICOS Agentes físicos Os materiais ou instrumentais devem ter contato com água quente no estado de ebulição por 30 minutos. Agentes químicos Utilizamos a desinfecção com agentes químicos quando há materiais e instrumentais sensíveis ao calor, porém a desinfecção com agentes físicos não é indicada, pois pode causar danos aos materiais. FONTE: A autora Dessa maneira, devemos considerar, ainda, a ordem decrescente de resistência microbiana aos agentes microbicidas, para definir qual a melhor indicação de desinfecção a ser feita no instrumental cirúrgico (Figura 2). FIGURA 2 – ORDEM DECRESCENTE DE RESISTÊNCIA MICROBIANA AOS AGENTES MICROBICIDAS 9 FONTE: Graziano, Pereira e Koda (2016, p. 7) Como já vimos anteriormente, antes mesmo de iniciar o processo de limpeza, o material para deve passar pelo primeiro processo, que é a lavagem com água. Portanto, após o material ficar de molho em produto químico, é indicado que ele seja bem lavado com água em abundância, para retirar todo o produto químico do material ou do instrumental. NOTA 3.3 ESTERILIZAÇÃO O último processo a ser realizado nos materiais é o método de esterilização, o qual tem como finalidade destruir todos os microrganismos vegetativos ou, até mesmo, na sua forma mais difícil, na fase esporulada. Ao utilizar o processo de esterilização, são empregados materiais e instrumentais que se enquadram como artigos críticos, conforme já apontado anteriormente. Assim, podemos utilizar dois métodos de esterilização: físico e o químico, sendo que essa escolha dependerá do material e da sua indicação para o processo de esterilização. É importante sabermos que, para o processo de esterilização acontecer, obrigatoriamente, os outros processos de limpeza também devem ter sido realizados. É importante ressaltar que só devemos esterilizar material limpo, sem nenhuma sujidade. IMPORTANTE 10 Segundo Moura (2006), o vapor saturado sob pressão e o calor seco, obtidos através do processo de esterilização, são os agentes físicos mais utilizados e indicados para esse processo, sendo o glutaraldeído, o formol e, até mesmo, o óxido de etileno os agentes químicos mais usados no processo de esterilização. Sabe-se que, para garantir a eficiência da esterilização, é preciso utilizar vapor saturado sob pressão e apenas a autoclave consegue realizar esse processo; por isso, precisamos saber exatamente a indicação do material e se este é resistente à esterilização. Os métodos mais utilizados no ambiente hospitalar são: químicos, físicos e físico-químicos. Para entendermos mais sobre esses métodos utilizados, a seguir, explanaremos os tipos mais usados nas instituições hospitalares, ou em ambiente voltados a área da saúde. Lembrando que alguns métodos nos dias de hoje, não estão mais padronizados. Método químico: utilizado em artigos classificados como críticos, por exemplo: cabo de eletrocautério. Para este tipo de esterilização, encontra-se o óxido de etileno, meio que elimina os resíduos por gás. No ácido peracético com ação rápida, os materiais precisam ser usados logo após esterilização por este método. O peróxido de hidrogênio também é pouco usado, pode ser usado em capilares de hemodiálise. O formaldeído hoje não tem mais indicação de uso, o tempo é maior para a esterilização, assim como o glutaraldeído. Métodos físico: utilizado por meio de radiação, color seco ou calor úmido. O meio de radiação é rápido e com boa eficácia por meio de radiação ionizante, levando à quebra e até mesmo à morte dos microrganismos, por exemplo, campos cirúrgicos para cirurgias cardíacas ou transplantes. O meio de esterilização por calor úmido é método mais utilizados nas instituições hospitalares por meio das autoclaves. Por outro lado, existe os tipos de calor seco, que usa a técnica por meio de estufas, porém esse processo leva mais tempo para poder eliminar os resíduos. A escolha para o tipo de esterilização é utilizada de acordo com a sensibilidade dos materiais, que podem ser classificados em: • Material crítico: entra em contato com vasos sanguíneos, tecidos. Exemplo: instrumental, silicone, gazes, entre outros. • Material semicrítico: entra em contato com a mucosa, pele não íntegra. Exemplo: cânula de Guedel, lâmina de laringoscópio, inaladores. • Não crítico: entra em contato com a pele íntegra. Exemplo: esfignomanômetro, comadre, papagaio, cubra rim, entre outros (ROSA, 2009). 11 Método físico-químico: entre os processos físico-químicos encontram-se o método de esterilização por Óxido de Etileno e por Plasma Peróxido de Hidrogênio. Sendo que o primeiro tem seu processo regulamentado pela ANVISA (BIOXXI, 2020, s. p.). Vejam que cada material se enquadra a uma classificação, mostrando, assim, a resistência ou sensibilidade do material, ou seja, parte dos materiais críticos que entram em contato com sangue, tecidos, necessitam de um processo de esterilização que faça a morte dos microrganismos, eliminando-os para que o próximo paciente possa usar o instrumental isento de qualquer tipo de microrganismo, evitando o risco de infeção. No Tópico 2, veremos, especificamente, cada um desses conceitos e sua contex- tualização, a fim de facilitar o entendimento quanto à limpeza, à desinfecção e à esterilização de materiais. ESTUDOS FUTUROS 12 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: RESUMO DO TÓPICO 1 • Todo o processo de limpeza, desinfecção e esterilização do instrumental e do material cirúrgico deve acontecer na Central de Material e Esterilização (CME), visando a ser realizado com segurança. • O conceito de limpeza é caraterizado pela remoção física da sujeira. Para realizar a lavagem mais adequada dos instrumentais, pode-se utilizar água e adicionar também antisséptico comum hospitalar, que é a clorexidina degermante. • A diferença entre desinfecção e esterilização é que, no primeiro procedimento, ocorre a eliminação de microrganismos, exceto esporulados, por meio de processo físico ou químico, com auxílio de desinfetantes, enquanto o segundo visaà destruição de todos os microrganismos, incluindo os esporulados. • A classificação de risco é feita com base na possibilidade de contaminação do paciente durante o procedimento cirúrgico, com base nos artigos críticos, não críticos e os semicríticos. • Os métodos e a garantia do processo de esterilização devem seguir a indicação do material. Todo o material, para ser autoclavado, deve estar limpo, caso contrário o processo de esterilização será comprometido, podendo acarretar risco de infecção para o paciente submetido ao procedimento cirúrgico. 13 1 Um instrumentador deve conhecer todo o processo de esterilização e como trabalhar com o material esterilizado, tendo como parte de suas atribuições conhecer todo o processo e validar o material esterilizado para uso médico. O conceito de limpeza é a remoção física da sujeira, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Para a limpeza, é utilizada somente água na lavagem dos instrumentos, não sendo necessário adicionar produtos químicos. b) ( ) Para facilitar a limpeza, pode ser usado o detergente desincrustante, que remove qualquer detrito que tenha restado na pinça. c) ( ) Entre alguns dos produtos usados na limpeza está o detergente enzimático, que auxilia na remoção dos detritos. d) ( ) A lavagem mais adequada dos instrumentos é a que se adiciona todos os agentes químicos de uma vez, assim, o processo de limpeza é mais rápido. 2 Existem vários métodos para a limpeza e, independentemente de ela ser feita de forma manual ou mecânica, o processo de esterilização precisa ser realizado com segurança. No processo de desinfecção, normalmente, são utilizados dois tipos de agentes: físicos ou, até mesmo, químicos. Sobre esses agentes, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente alguns materiais devem ter contato com água quente no estado de ebulição, durante 90 minutos. A desinfecção com agentes químicos é feita quando temos materiais e instrumentais não sensíveis ao calor. b) ( ) É utilizada a desinfecção com agentes químicos, sendo mais eficazes os agentes físicos, para que não haja danos aos materiais. Somente alguns materiais devem ter contato com água quente no estado de ebulição, durante 90 minutos. c) ( ) Somente alguns materiais devem ter contato com água quente no estado de ebu- lição, durante 45 minutos, não sendo necessária a utilização de agentes químicos. d) ( ) Os materiais ou instrumentais devem ter contato com a água quente no estado de ebulição por 30 minutos. A desinfecção com agentes químicos é feita quando os materiais e instrumentais são sensíveis ao calor, porém não é indicada a desinfecção com agentes físicos, para não danificar os materiais. 3 Nos hospitais, existem diversas formas de fazer os processos de limpeza, desinfecção e esterilização dos materiais. Sobre os métodos mais utilizados no ambiente hospitalar para a esterilização, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE 14 a) ( ) Físicos, físico-químicos e químicos. b) ( ) Químicos e físicos. c) ( ) Somente químicos. d) ( ) Somente físicos. 4 Para o processo de esterilização acontecer, obrigatoriamente, os outros processos de limpeza devem ter sido realizados e concluídos. Só se deve esterilizar material limpo, sem que tenha nenhuma sujidade, sendo preciso utilizar vapor saturado sob pressão e apenas a autoclave consegue realizar esse processo. Quanto ao vapor saturado sob pressão e ao calor seco, obtidos através do processo de esterilização, descreva os agentes físicos mais utilizados e indicados para esse processo. 5 Para que o processo de limpeza, desinfecção e esterilização aconteça, têm sido desenvolvidas e refinadas algumas medidas para a prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC). Descreva algumas barreiras determinadas para esse controle de infecção. 15 MÉTODOS DE LIMPEZA E DESINFECÇÃO 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos os conteúdos relacionados aos métodos de limpeza e desinfecção mais utilizados na central de material e instrumentais cirúrgicos. Para isso, serão aprofundadas as indicações para o uso de um ou outro processo, de acordo com cada situação. A finalidade principal da limpeza é manter o material, a ser utilizado no paciente, limpo; assim, após esse processo de limpeza, deve-se avaliar se ainda são necessários os processos de desinfecção ou, até mesmo, de esterilização pelas autoclaves. Além disso, veremos que o processo de desinfecção somente é indicado para materiais ou artigos classificados como semicríticos. O processo de desinfecção, como visto anteriormente, é dividido em dois principais agentes (químicos ou físicos). Entretanto, também devemos entendê-lo com base em níveis, isto é, alto nível, nível intermediário e baixo nível. Os instrumentadores cirúrgicos, como profissionais da saúde, precisam compreender e acompanhar todos esses processos, embora não os realizem diretamente, pois, como participam do ato cirúrgico e são responsáveis pela entrega desse material, caso a equipe da CME tenha dúvida, deverão esclarecê-la para os demais profissionais. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - Saiba mais sobre a limpeza de instrumentais a partir do vídeo Passo a passo limpeza de instrumentais cirúrgicos – Processamento de instrumentais médicos, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RxtnNfUAwXI. DICA 2 MÉTODOS DE LIMPEZA Uma característica importante do método de limpeza dos materiais ou instrumentais é que este deve ser realizado visando ao ponto econômico que garanta a sua eficácia. Portanto, não é necessário muito investimento nessa etapa inicial de limpeza dos instrumentais. 16 A limpeza pode acontecer de forma manual ou mecânica; após realizada, inicia- se o processo de inspeção do material, que nada mais é do que validar se, apenas com a lavagem do material, foi possível retirar os detritos do procedimento cirúrgico. A limpeza do instrumental cirúrgico pode acontecer ainda dentro da sala de cirurgia, etapa que é realizada pelo instrumentador, pelo simples ato de limpar as pinças antes do término do ato cirúrgico. Podemos realizar a limpeza no expurgo do centro cirúrgico ou, até mesmo, no expurgo da CME. Para que ser feita com segurança, enfatizamos que os profissionais envolvidos, nesse processo, devem usar os EPIs indicados pela instituição, sendo alguns específicos para esse momento, como o avental, cujas especificidades são impermeabilidade, ser todo fechado e ter mangas compridas. Ainda, para garantir a qualidade de vida e saúde dos profissionais envolvidos, indica-se o uso dos seguintes EPIs: protetor facial, máscara cirúrgica, óculos de proteção na falta do protetor facial, luvas de borracha, botas ou sapatos 100% fechados, para evitar contaminação. Caso o instrumental tenha entrado em contato direto com o paciente, é preciso esfregá-lo com uma esponja e uma solução aquosa. Segundo Meeker e Rothrock (1997), a água estéril deve ser utilizada nessa etapa, porque a solução salina causa corrosão nas superfícies dos instrumentos. Os materiais podem ficar todos agrupados, as caixas devem ser abertas. Comumente, uma técnica interessante usa uma compressa úmida, a fim de evitar o ressecamento dos restos de detritos retirados do paciente na pinça, o que dificultaria ainda mais essa limpeza. O material deve ser colocado em uma bacia ou, até mesmo, em uma pia grande de metal, se esse processo acontecer dentro da sala, o material deverá ser acondicionado dentro da caixa de instrumental sem a sua devida tampa. Materiais pontudos e cortantes devem ficar acondicionados de forma mais fácil e visível para a equipe que irá proceder com a limpeza do material, a fim de evitar acidentes de trabalho. Durante o transporte do material, é importante certificar-se de não haver vazamento de líquido ou, até mesmo, sangue, utilizando-se, para isso, bandejas ou, até mesmo, sacos plásticos, para diminuir o risco de contaminação da equipe. No entanto, o transporte de material com restos líquidos deve ser evitado, pois, do contrário,podemos provocar mais intercorrências, devido ao derramamento desse líquido. 17 Todo o material deve receber uma etiqueta de identificação, para facilitar o trabalho da equipe, porém sabemos que essa não é uma realidade em todos os ambientes de trabalho. Normalmente, a CME funciona durante 24 horas, porém podem ser determina- dos alguns horários para recolher esses materiais no expurgo do centro cirúrgico. Caso o material permaneça mais de 2 horas, indicamos que fique de molho em um deger- mante enzimático, de preferência com tampo, para evitar riscos de derramamento. A limpeza mecânica é uma das mais desejadas por toda a equipe envolvida no processo de limpeza e esterilização; nos últimos anos, essas lavadoras têm sido introduzidas no mercado, principalmente na CME. Dependendo do tipo de limpeza mecânica, o processo pode ser desenvolvido por meio da realização de fases de enxágue para retirada de resíduos cirúrgicos, limpeza, enxágue final para eliminação de produtos químicos e processo de secagem. A ultrassônica pode ser utilizada no momento de limpeza do material, sendo indicada pelo fato de ter o enxágue com água quente com temperatura entre 80 e 95 °C, embora nem todos os materiais tolerem essa condição de temperatura, sendo importante considerar isso na escolha da limpeza do material pela ultrassônica. Todo o material cirúrgico, antes de ser submetido à esterilização da autoclave, precisa receber um enxágue de água fria. A ultrassônica é indicada para sujidade das pinças de difícil retirada por técnicas manuais. Não está indicada a lavagem com a ultrassônica se o material ainda estiver com restos de gordura nas pinças, devendo-se utilizar água e solução aquosa com detergente para fazer essa limpeza. Cavitação é um processo que acontece apenas na limpeza com a ultrassônica, a qual é realizada por ondas de energia, capazes de fazer a água borbulhar, realizando, assim, uma pressão negativa dentro da máquina, que provoca o deslocamento de qualquer resto cirúrgico da pinça. Saiba mais sobre a lavadora ultrassônica assistindo ao seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=NgCKmxDS9UE. INTERESSANTE 18 A Figura 3 demonstra como esse processo é formado dentro as ultrassônicas. FIGURA 3 – ULTRASSÔNICA FONTE: Meeker e Rothrock (1997, p. 53) Não são todos os materiais que toleram o processo de limpeza por cavitação, por isso alguns materiais devem ser limpos apenas com o processo de limpeza manual. Não indicamos que a ultrassônica seja utilizada misturando materiais diferentes, e, portanto, aço inoxidável, titânia, cobre e chumbo não devem ser expostos a esse processo ao mesmo tempo na ultrassônica. Logo, a equipe deve fazer uma separação para que possa utilizar a máquina com segurança. 3 MÉTODOS DE DESINFECÇÃO O processo de desinfecção pode ser caracterizado como a destruição de microrganismos presentes no material que entrou em contato com os tecidos do paciente durante o procedimento cirúrgico. 19 Para Malagutti e Bonfim (2013), a Portaria do Ministério da Saúde nº 15, de 23 de agosto de 1988 (BRASIL, 1988), classifica os germicidas a partir de seu espectro de ação, sendo a desinfecção de alto nível realizada em artigos semicríticos, a de nível intermediário em alguns artigos semicríticos e artigos não críticos, e a de baixo nível em artigos não críticos. • Desinfecção de alto nível: deve ocorrer a eliminação de alguns esporos, o bacilo da tuberculose, todas as bactérias vegetativas, fungos e vírus. Usualmente, utiliza-se o ácido peracético e o glutaraldeído para a realização desse procedimento. • Desinfecção de nível intermediário: não é esperada ação alguma sobre esporos bacterianos, mas uma ação média sobre os vírus não lipídicos, que seja tuberculicida e que elimine a maioria dos fungos e atue sobre as formas de bactérias vegetativas. Os desinfetantes utilizados para essa finalidade são: cloro, iodóforos, fenólicos e álcoois. • Desinfecção de baixo nível: não se espera ação alguma sobre esporos ou o bacilo da tuberculose, podendo ter ou não ação sobre vírus não lipídicos e com atividade relativa sobre fungos, mas capaz de eliminar a maioria das bactérias na forma vegetativa. O quaternário de amônia é o exemplo mais comum de desinfetante de baixo nível. Existem muitos produtos químicos para desinfecção de materiais, porém, precisamos entender a indicação correta de cada um deles. Para isso, veremos alguns princípios ativos que são permitidos e os microrganismos testados, a fim de conseguirmos fazer essa avaliação de forma correta e resumida. São exemplos de princípios ativos autorizados: • Aldeídos. • Fenólicos. • Quaternário de amônio. • Composto orgânico com cloro ativo. • Composto inorgânico com cloro ativo. • Iodo e seus derivados. • Álcool e glicóis. • Biguanidas entre outros conforme legislação vigente. Entre os microrganismos mais comuns, estão: • Staphylococcus aureus. • Pseudomonas aeruginosa. • Salmonella choleraesuis. • Trichophyton mentagrophytes. • Mycobacterium smegmatis. • Mycobacterium bovis. FONTE: MOURA, M. L. P. de A. Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação anestésica. 8. ed. rev. atual. e aum. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006. p. 77. NOTA 20 Um dos fatores que mais devemos ter mais cuidado no momento de realizar a desinfecção está relacionado com a temperatura. Segundo Meeker e Rothrock (1997), o aumento da temperatura acelera a taxa de desinfecção de objetos inanimados. Para que o instrumento seja exposto ao processo de desinfecção, ele precisa estar extremamente limpo e seco; caso contrário, o contato com o desinfetante pode provocar a sua diluição. Caso haja algum instrumental cirúrgico que não seja indicado para passar no processo de esterilização, precisamos realizar a desinfecção com um desinfetante de alto nível. A desinfecção de alto nível deve ser feita imediatamente após o uso do instrumental e obrigatoriamente antes do seu armazenamento. O material que receber a desinfecção, mesmo antes do seu uso, deve ser en- xaguado e bem seco, visando a diminuir os riscos de contaminação. Algumas soluções desinfetantes podem irritar a pele, por isso devem ser mantidas em recipientes tampa- dos e a equipe que irá manipular esse material deve ter cuidado com esse transporte de recipiente. Esse material deve ser mantido em áreas bem ventiladas e o controle de validade deve seguir rigorosamente a indicação do fabricante. Assim, não poderá existir a criação de uma nova data de validade por protocolos da instituição; isso só será permitido quando a data estimada pelo fabricante for mantida. Para os materiais de uso endoscópico, esse tipo de desinfecção só será indicado se não houver indicação para esterilização em autoclave. Entretanto, as equipes cirúr- gicas, assim como a equipe de Enfermagem envolvida nesse processo, precisam saber que esse é um procedimento considerado mínimo, frente à especificidade do material. São alguns dos principais desinfetantes disponíveis no mercado para utilização no processo de desinfecção: • Halógenos: os hipocloritos e os iodinas são os mais utilizados dentro do ambiente hospitalar. Sabemos que o hipoclorito de sódio 5%, comumente utilizado pelas como alvejante doméstico, são capazes de combater e desativar o vírus da imunodeficiência humana (HIV), assim como o vírus da hepatite B, por isso é considerado um dos produtos de desinfecção mais comuns do mercado. • Fenóis: o ácido carbólico não é utilizado como desinfetante, devido ao fato de seus derivados apresentarem melhores efeitos e resultados. • Desinfetante e detergente sintéticos: são compostos de quartenário de amônia. São considerados detergentes de baixo nível. Não podemos considerá-los altamente irritantes ou, até mesmo, tóxicos. 21 • Álcoois: conhecidos como álcool isopropílico ou, até mesmo, álcool etílico, têm sua utilização muito mais indicada como desinfetantes do que antissépticos. São encontrados na concentração de 70 a 90%, porém não são esporicidas,portanto, seu efeito, no que se trata de esporos, é comprometido. Não são considerados tóxicos, são incolores, insípidos e com muito pouco odor, quase imperceptível. Sua principal função é agir na desnaturação das proteínas. • Formoldeído: conhecido como formol ou formalina, é considerado um desinfetante de nível variado, podendo ser de baixo a alto nível. Essa ação é caracterizada por sua concentração, que pode ser até 8% de formol e de 70% de álcool isopropílico. • Glutaraldeído: mais ativo que o formoldeído, pode ser considerado desinfetante de nível alto. O fabricante pode nos respaldar, no que se refere ao tempo de exposição do material no glutaraldeído. Podemos concluir que os métodos de limpeza e de desinfecção são os processos pelos quais os materiais cirúrgicos passam para poder serem utilizados na sala de cirurgia. 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Na limpeza manual, caso o instrumental tenha entrado em contato direto com o paciente, é preciso esfregá-lo com uma esponja e uma solução aquosa, como a água estéril, porque a solução salina causa corrosão nas superfícies dos instrumentos. Já a limpeza mecânica é uma das mais desejadas por toda a equipe envolvida nesse processo, por meio do uso de lavadoras, principalmente na CME. • Na limpeza ultrassônica, é feito o enxágue com água quente com temperatura entre 80 e 95 °C, embora nem todos os materiais tolerem essa temperatura, sendo importante considerar isso na escolha da limpeza do material pela ultrassônica. • No preparo e no manuseio dos profissionais envolvidos no processo de limpeza, deve-se usar os EPIs indicados pela instituição, como avental, protetor facial, máscara cirúrgica, óculos de proteção na falta do protetor facial, luvas de borracha, botas ou sapatos 100% fechados, para evitar contaminação. • Entre os desinfetantes disponíveis no mercado para utilização no processo de desinfecção estão: halógenos, fenóis, desinfetante e detergente sintéticos, álcoois, formoldeído e glutaraldeído. 23 RESUMO DO TÓPICO 2 1 Na desinfecção, também devemos entender o processo com base em níveis. O instrumentador cirúrgico não faz esse processo diretamente, pois participa diretamente do ato cirúrgico, porém é ele quem entrega esse material para a realização do processo. Sobre os níveis do processo de desinfecção, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Nível normal, nível baixo e nível baixíssimo. b) ( ) Nível baixo, nível baixíssimo e nível intermediário. c) ( ) Nível alto, nível intermediário e nível baixo. d) ( ) Nível normal, nível baixo e nível intermediário. 2 Uma característica importante, relacionada ao método de limpeza dos materiais ou instrumentais, é que não precisa de muito investimento para se fazer o processo inicial de limpeza nos instrumentais, pois pode ser feita de duas formas. Descreva como quais são essas duas formas de limpeza e como elas acontecem. 3 Os métodos de desinfecção envolvem a destruição de microrganismos presentes nos materiais, sendo os germicidas classificados a partir do seu espectro de ação. Qual é a descrição de níveis não críticos? 4 Alguns produtos químicos são usados para desinfecção dos materiais, com indicações específicas de princípios ativos que são permitidos e testados. Sobre os princípios ativos autorizados, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Composto orgânico de cloro ativo, álcool, selênio, fenólicos, quaternário de amônio, cobalto, promécio e cálcio. b) ( ) Fenólicos, aldeídos, álcool e glicóis, quaternário de amônio, composto orgânico e inorgânico com cloro ativo, iodo e seus derivados, biguanidas, entre outros. c) ( ) Aldeídos, cobalto, fenólicos, promécio, titânio, sódio, vanádio e composto inorgânico sem cloro ativo. d) ( ) Aldeídos, cloro não ativo, fenólicos, titânio, sódio, composto inorgânico com cloro ativo, álcool e glicóis. 5 Para que o instrumento seja exposto ao processo de desinfecção, ele precisa seguir alguns processos rigorosos e que não o danifiquem. Sobre os fatores que devem ser levados em conta antes de realizar a desinfecção por temperatura, assinale a alternativa CORRETA: AUTOATIVIDADE 24 a) ( ) Todo o material deve estar molhado, sem precisar de limpeza previa, pois não há risco de contaminação. b) ( ) Todo o material deve estar limpo e seco, para não o danificar, diminuindo, assim, o risco de contaminação. c) ( ) Todo o material deve estar sem higienização e molhado, pois, assim que exposto à alta temperatura, todos os microrganismos serão eliminados. d) ( ) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 25 TÓPICO 3 - MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, exploraremos o processo de esterilização, bem como os testes de validação e as embalagens mais utilizadas para realizar a esterilização nos instrumen- tais cirúrgicos. O objetivo do processo de esterilização é a eliminação completa de vírus, bactérias e, até mesmo, esporos. Para garantir a eficácia da esterilização com o uso de autoclave, precisamos que o material seja devidamente limpo, seco, separado, empacotado ou embalado e iden- tificado. Somente após todo esse processo, pode-se pensar em colocar esse material dentro da autoclave, para que, assim, tenhamos o processo de esterilização. Para isso, é importante conhecermos e estudarmos cada etapa do processo de esterilização, que pode ser feita através de métodos físicos, físico-químicos ou apenas químicos. Só podemos considerar que um material está esterilizado quando temos a ausência total definitiva de microrganismos. Dessa maneira, o conhecimento do instrumentador vai muito além de instrumentar uma cirurgia, pois é necessário dominar e conhecer todo o processo de esterilização. UNIDADE 1 2 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE O PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO Existe uma variedade e uma quantidade significativa de instrumentais para que um procedimento cirúrgico aconteça de forma segura, sendo importante que todos os membros da equipe de saúde conheçam o processo de esterilização. Primeiramente, para atuar em procedimento cirúrgico como instrumentador, é necessário que esse profissional tenha conhecimento do significado da palavra esterilização. 26 NOTA A esterilização pode ser considerada, ainda, como a última barreira para que os microrganismos sejam eliminados ou destruídos. Esse processo não segue um padrão, variando, normalmente, com tempos de exposição dos diferentes materiais. Todo o processo de limpeza, desinfecção e esterilização do instrumental e do material cirúrgico deve acontecer na CME, visando a ser realizado com segurança. Alguns exemplos de materiais esterilizados na CME podem ser observados na Figura 4. FIGURA 4 – INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS FONTE: <https://bit.ly/3xCpqLI>. Acesso em: 27 fev. 2022. No processo de esterilização, todo o material, para ser autoclavado, deve estar limpo, caso contrário o processo de esterilização será comprometido, podendo acarretar risco de infecção para o paciente submetido ao procedimento cirúrgico. Um exemplo de uma autoclave é apresentado na Figura 5. ESTERILIZAÇÃO Ação de esterilizar, de exterminar germes ou microrganismos presentes em quaisquer objetos, alimentos, ambientes. Procedimento cirúrgico que faz com que um ser humano ou um animal se torne estéril; operação que torna o indivíduo estéril; castração. FONTE: <https://www.dicio.com.br/esterilizacao/>. Acesso em: 27 fev. 2022. 27 FIGURA 5 – AUTOCLAVE DE BARREIRA AUTOMÁTICA FONTE: <https://bit.ly/3vocvKE>. Acesso em: 27 fev. 2022. O processo de autoclavagem é considerado um tratamento que utiliza calor, por isso é conhecido como tratamento térmico, muito recorrente no ambiente de saúde, sobretudo nos hospitais. Assista ao vídeo, a seguir, sobre o processo de esterilização com autoclaves: https://www.youtube.com/watch?v=JbIYQWVDgqE. DICA O material cirúrgico ou instrumental é exposto a uma temperatura muito elevada, utilizandoapenas o vapor de água. Assim, diferentemente do que se pensava sobre o procedimento, o material não recebe um banho de água, mas a autoclave utiliza a água apenas para a formação de vapor, o qual é responsável pela esterilização do material cirúrgico. 3 ESTERILIZAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO Para a realização dos métodos de esterilização, faz-se necessário o uso de EPIs ao longo das etapas, principalmente de luva, devido ao calor produzido pelas autoclaves. 28 É indicado que cada instituição elabore um manual de rotina, para facilitar o trabalho de toda a equipe envolvida na CME e no processo de esterilização. O fluxo de todo o material que dá entrada na CME e vai para a autoclave precisa estar incluso no fluxo unidirecional. Para isso, deve-se seguir as etapas de: • Imersão prévia. • Limpeza. • Inspeção visual. • Embalagem. • Esterilização. • Monitoração. • Armazenamento. Além disso, precisamos conhecer esse processo como um todo e como essas fases acontecem dentro do processo de esterilização. 3.1 IMERSÃO Assim que o material cirúrgico for utilizado em um procedimento, deve ser colocado em um recipiente e ficar imerso em solução, podendo, até mesmo, ser o detergente enzimático. Normalmente, nesse primeiro momento, indica-se deixar esse material de 5 a 10 minutos, tempo que é determinado pelo fabricante do produto químico. Caso sejam percebidos vários resíduos orgânicos no instrumental, primeira- mente, deve-se realizar a lavagem do material com água abundante e, somente após esse processo, imergi-lo na solução. FIGURA 6 – MATERIAL EM IMERSÃO NA SOLUÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. Após esse tempo em imersão, recomendamos a lavagem manual do material. Não é indicado utilizar detergentes comuns, vendidos em supermercados e afins, para a lavagem dos materiais, pois podem danificar todo o material. 29 Aconselhamos que também não misturar os tipos de materiais a serem lavados ou colocados em imersão, devendo ser separados. 3.2 LIMPEZA É o principal fator para o sucesso e a segurança da esterilização, sendo sempre o primeiro processo, sem exceção. A limpeza deve garantir que nenhum resto de líquidos, secreções ou, até mesmo, tecido dos pacientes fique nas pinças. A limpeza realizada de forma errada ou diferente do indicado pode causar danos irreversíveis aos materiais. Como vimos anteriormente, a limpeza pode acontecer de forma mecanizada (Figura 7). FIGURA 7 – LIMPEZA MECANIZADA FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. Caso não seja possível o uso dessa tecnologia, deve-se realizar a limpeza de forma mecânica, utilizando de água e detergente enzimático. Não é indicado o uso de esponjas caseiras, comercializadas em supermercados, pois um de seus lados contém palhas de aço, o que pode marcar e danificar todo o material cirúrgico, por isso a sua contraindicação. 3.3 ENXÁGUE Recomenda-se que o enxágue seja feito com água filtrada, uma vez que a qualidade da água interfere no resultado esperado do material. É importante ressaltar que todo o material esterilizado é reprocessado diversas ou, até mesmo, inúmeras vezes, por isso, devemos fazer tudo o que for possível para evitar danos ao material, orientando adequadamente as equipes. Um exemplo de enxágue de materiais pode ser visto na Figura 8. 30 FIGURA 8 – ENXÁGUE DO MATERIAL FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. Nesse momento, quanto mais utilização de água corrente, melhor será o resultado final do material. Somente assim, podemos garantir que os produtos químicos utilizados na limpeza estão sendo retirados totalmente do material, ficando este limpo para o processo de esterilização. 3.4 SECAGEM O material não deve secar naturalmente nem se deve aguardar a água escorrer até que ele fique seco. Caso isso aconteça, podemos ter manchas no instrumental como resultado. FIGURA 9 – SECADORA AUTOMÁTICA FONTE: <https://bit.ly/3KWkDIO>. Acesso em: 27 fev. 2022. Para garantir a secagem do material, podemos utilizar pistola de ar comprimido, utilizando a força do ar para a remoção de sujidades. 31 3.5 INSPEÇÃO VISUAL A inspeção visual é realizada de forma individual, ou seja, instrumental por instrumental. O profissional responsável por esse processo deve utilizar uma lupa de aumento, facilitando, assim, a visualidade de qualquer resquício de resíduo. O uso da lupa deve ocorrer como mostra a Figura 10. FIGURA 10 – INSPEÇÃO VISUAL FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. Nesse momento, o profissional que realiza a inspeção tem um importante papel: condenar o material a voltar para todo o processo inicial de lavagem ou autorizar que esse material siga para o processo de esterilização. 3.6 LUBRIFICAÇÃO Nesse momento cabe a avaliação do profissional que está manipulando a pinça ou instrumental cirúrgico. Para fazer o processo de lubrificação o material precisa estar limpo e seco e já ter passado do processo de inspeção visual individual, já que vamos ter um envolvimento financeiro por conta dos lubrificantes indicados pelo fornecedor da pinça. Depois da utilização do lubrificante não temos indicação para enxágue ou, até mesmo, para secar esse material. Caso isso aconteça, a limpeza do produto pode ser comprometida. 3.7 TIPOS DE EMBALAGENS PARA ESTERILIZAÇÃO Normalmente, consta, nas embalagens de esterilização (Figura 11), a informação de que elas suportam uma temperatura de até 135 °C, sendo, então, importante verificar a embalagem de cada fabricante. Alguns materiais possuem a indicação para serem esterilizados de forma individual; outros na forma de pacotes. 32 FIGURA 11 – EMBALAGEM DE ESTERILIZAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. No caso de campos e materiais de tecidos, devem ser esterilizados de forma individual ou conforme protocolos institucionais. Já materiais pequenos e leves podem ser embalados de forma individual, porém, para garantir, indica-se o uso de duas embalagens, sendo a primeira menor e a segunda maior, facilitando o manuseio do instrumentador com o circulante de sala no momento do ato cirúrgico. Caixas metálicas podem ser embaladas de forma individual e, para isso, todas devem ser furadas, permitindo a passagem do vapor no momento de esterilização dos materiais internos. FIGURA 12 – CAIXAS METÁLICAS FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. A utilização da caixa não é obrigatória, sendo que cada instituição avalia suas condições, bem como o seu processo de esterilização. 33 Outro ponto é que toda embalagem seja produzida de forma indicada para cada material, seja em largura ou comprimento. Como sofrerá um processo de esterilização, pode acontecer a ruptura da embalagem durante o processo, devido à falta desse cuidado com o tamanho da embalagem, comprometendo, assim, toda a esterilização do material e o fazendo retornar ao início do processo. Em caso de material pontiagudo, ele deve receber uma cobertura nas pontas, para evitar que rasgue ou fure as embalagens, podendo-se utilizar até o mesmo material da embalagem, porém em um tamanho bem menor, apenas para proteger as pontas, o que facilita a visualização do material no interior da embalagem. Não é aconselhado o uso de material como algodão ou gazes para essa proteção, pois isso dificulta a visualização do material pela equipe cirúrgica, gerando um dano e gasto financeiro ainda maior, uma vez que mais materiais devem ser abertos até que o correto seja encontrado. Como o instrumentador é um facilitador, o mais indicado é não dificultar o processo de esterilização. Entre os tipos de embalagens de esterilização (Figura 13) mais frequentemente utilizados, estão: • Campo de algodão: devem ser duplos, tendo como vantagem poderem ser diversas vezes reutilizados. Não é descartável. Sua desvantagem é precisar ser lavado após cada uso. Sofre uma inspeção visual e, quando percebido qualquer furo no tecido, este deve ser desprezado. Após seu uso,deve ser encaminhado para lavanderia, que pode ser interna (no hospital) ou, até mesmo, terceirizada. • Embalagens e envelopes (papel grau cirúrgico e filmes laminados de polipropileno): a barreira microbiana desse material é de mais de 90%. Vantagens: podemos fazer a visualização do material sem a necessidade de abrir as embalagens. Quando abrimos a embalagem de forma correta, ela pode ser utilizada como campo estéril. Existe uma variedade bem grande de tamanhos, que facilitam o acondicionamento ideal do material. Para a selagem das extremidades do pacote, devemos utilizar a seladora. A selagem na mesma embalagem pode ser dupla ou tripla, conforme a necessidade do material. Não é necessário utilizar fita de autoclave para a identificação da esterilização, pois basta observar a alteração de cor na lateral da embalagem, que indica que foi realizado o correto processo de esterilização. 34 FIGURA 13 – TIPOS DE EMBALAGENS DE ESTERILIZAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. Quando falamos em embalagens de esterilização, precisamos estar atentos às orientações da legislação. O papel kraft (branco e pardo) é contraindicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, portanto, não pode ser utilizado em hipótese alguma durante o processo de esterilização. Outro conhecimento relevante sobre os tipos de embalagem de esterilização está relacionado ao empacotamento desse material e a como ele deve acontecer de forma segura, para garantir a qualidade desse processo. NOTA TÉCNICA PARA EMPACOTAMENTO DE INSTRUMENTAL E OUTROS MATERIAIS Há uma técnica para o empacotamento de instrumental e/ou artigos para o processo de esterilização em autoclave, que poderá ser em campo de tecido duplo. Deve-se obedecer a sequência apresentada na execução de suas dobras, o que não é meramente por acaso. Com base na figura a seguir, a técnica tem como finalidade facilitar ao profissional o manejo na hora do uso e evitar a contaminação ao abrir o pacote: FIGURA – TÉCNICA PARA EMPACOTAMENTO DE INSTRUMENTAL E OUTROS MATERIAIS FONTE: Cristófoli Biossegurança (2015, p. 15) 1. Colocar o artigo no centro do invólucro, em posição diagonal. 2. Fazer a dobra “a” e uma pequena dobra na ponta do invólucro, cobrindo totalmente o material. 3. Fazer a dobra “b” e uma pequena dobra na ponta do invólucro. 4. Repetir o mesmo procedimento na ponta “d”. 5. Trazer a ponta “c” do invólucro em direção ao operador. 35 6. Pegar a ponta “c” do invólucro e introduzir sobre as dobras realizadas, deixando a ponta para fora do pacote, para facilitar sua abertura e evitar contaminação na hora de abrir. 7. Lacrar o pacote com fita crepe própria para esterilização (indicador de processo). Identificar o pacote, anotando os artigos contidos e o responsável pela esterilização. FONTE: CRISTÓFOLI BIOSSEGURANÇA. Guia Prático para Esterilização. Rev. 2. ed. [S. l.]: Cristófoli Equipamentos de Biossegurança Ltda, 2015. p. 15. Disponível em: https://bit.ly/3rzchPL. Acesso em: 27 fev. 2022. Quando falamos do processo de esterilização com autoclave, devemos ter alguns cuidados no momento da montagem das cargas: • Pacotes devem ficar dentro da autoclave paralelos um ao outro. • Capacidade máxima utilizada 75%. • Não encostar os materiais nas paredes da autoclave. • Devemos garantir o processo de embalagem. • Não colocar material sem embalagem dentro da autoclave. • Todo material deve ir para autoclave com identificação. • Ao término do processo, cuidado ao manipular o material. • Material quente não pode ter contato com superfície fria, assim que sair do processo de esterilização. Também é importante pensarmos no processo de armazenamento desse material, conhecido como arsenal. Esses locais devem conter prateleiras e ficar sempre longe do contato ao chão e longe de umidade, por isso a necessidade de termos o controle de temperatura e umidade. Além disso, deve ser um local, limpo, seco e arejado, livre de odores. A seguir, descreveremos alguns passos importantes para a monitoração do processo de esterilização. 3.7.1 Químicos Podem ser utilizados em todos os pacotes. A monitoração de esterilização não garante a esterilização do material, mas apenas indica que ele passou pelo processo de esterilização. O responsável por garantir a esterilização é a autoclave. Como exemplos, temos alguns modelos de testes químicos representados na Figura 15. 36 FIGURA 15 – TESTES QUÍMICOS FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. 3.7.2 Biológicos Os testes biológicos fazem parte do processo de esterilização, devem ser realizados nos materiais cirúrgicos implantáveis que vão ficar no paciente, sendo assim, esses materiais não são substituídos. Para que não reste dúvida referente aos testes biológicos, vamos ver na Figura 16 como ele deve ser colocado dentro da autoclave. FIGURA 16 – TESTE BIOLÓGICO A leitura do teste biológico só deve ser realizada depois que uma das ampolas do pacote passar pelo processo de esterilização, portanto, uma ampola vai para a incubadora e outra, para a autoclave, conforme o teste colocado na incubadora demonstrado na Figura 17. FIGURA 17 – TESTE BIOLÓGICO NA INCUBADORA FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. 37 Somente após o processo de esterilização, as outras ampolas serão colocadas na incubadora e será feita a leitura do teste. O tempo sempre dependerá da indicação de cada fabricante, mas, atualmente, existem testes biológicos com o resultado em 1 hora. Para isso, existe um valor a ser somado a toda eficiência e agilidade do processo. Um exemplo desse resultado pode ser visto na Figura 18. FIGURA 18 – RESULTADO DO TESTE BIOLÓGICO FONTE: <https://bit.ly/3rzchPL>. Acesso em: 27 fev. 2022. Ao analisarmos a Figura 18, constatamos que as duas primeiras ampolas não passaram ainda pela incubação e apenas a primeira foi esterilizada, por isso a tarja no meio da ampola está escura; a segunda não passou pelo processo de esterilização, cuja tarja no centro da ampola aparece em azul-claro, o que indica que não teve processo de esterilização; na terceira ampola, podemos observar que, após passar pelo processo de incubação, a ampola ficou azul, apresentando um resultado negativo e indicando que esse material pode ser utilizado; já a última ampola ficou amarelada e isso comprova que existiu o crescimento de microrganismos. Em resumo, esse é, portanto, o processo correto de validação da esterilização. Em outras palavras, uma ampola deve ter como resultado um líquido de cor azul, o que considera resultado negativo; caso a ampola apresente a cor amarela, isso caracteriza que o resultado foi positivo. Qualquer resultado diferente necessita de avaliação de uma equipe especializada, para a liberação do material. Antes do término desse processo, todo o material deve ser retido na CME, não podendo ser liberado para uso em procedimento cirúrgico. Não se pode esquecer, ainda, de fazer os registros de todo o processo de esterilização, sabendo que a qualquer momento a vigilância sanitária pode solicitá-lo para fins de fiscalização. 38 Assista ao vídeo, a seguir, para conhecer os componentes dos testes químicos utilizados no processo de esterilização: https://www.youtube. com/watch?v=QNQJn_ltMD8. DICA 39 TEMPERATURA E UMIDADE NO ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS AUTOCLAVADOS: REVISÃO INTEGRATIVA Camila Quartim de Morais Bruna Kazuko Uchikawa Grazian INTRODUÇÃO A Central de Materiais e Esterilização (CME) tem como atribuições recepção, limpeza, desinfecção, preparo, esterilização, armazenamento e distribuição de materiais utilizados na assistência à saúde. O armazenamento dos materiais é um dos pontos crí- ticos para manutenção da esterilidade e existem recomendações quanto às condições ambientais na área de guarda. Entre elas, são enfatizados os controles da temperatura (T°) e da umidade relativa do ar (UR). A Resolução da Diretoria Colegiada(RDC) nº 50 regulamenta a obrigatoriedade do ar-condicionado na sala de armazenagem e distribui- ção de materiais e roupas esterilizados, embora a prática mostre que nem todas as Cen- trais de Materiais e Esterilização são capazes de atender tal norma, seja por questões técnicas, estruturais ou financeiras. Existem também algumas recomendações, feitas tanto por associações quanto por autores independentes, que visam padronizar a T° e UR do ambiente de guarda. Síntese das recomendações quanto à temperatura e umida- de no ambiente de armazenamento de materiais esterilizados em uma CME (Quadro 1). QUADRO 1 – COMPARAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES DE TEMPERATURA (T °C) E UMIDADE RELATIVA (UR%) NO LOCAL DE ARMAZENAMENTO DOS MATERIAIS ESTERILIZADOS POR DIFERENTES AUTORES - SÃO PAULO, 2011. LEITURA COMPLEMENTAR AUTOR/ANO T °C UR (%) APECIH (2010) 18-22 35-70 SOBECC (2009) 25 30-60 AORN (2008) 24 ≤ 70 AIA (2006) - Máx. 70 AAMI (2006) Máx. 24 30-60 CARDO; DRAKE (1996) 18-22 30-70 JAPP (1997) 18-22 35-50 40 O manual de esterilização da Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar (APECIH) recomenda que a área de estocagem tenha controle de umidade relativa do ar entre 35% e 70%, e temperatura entre 18°C-22°C. Justifica as recomendações na crença de que estas condições são desfavoráveis ao crescimento microbiano e favoráveis às embalagens, embora assuma a ausência de comprovação científica que confirme a recontaminação dos artigos esterilizados quando estas condições não estiverem presentes. Nesta recomendação, chama a atenção o grande intervalo proposto para a UR. A Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Central de Materiais e Esterilização (SOBECC) instrui manter o controle de T° em torno de 25°C e UR entre 30% e 60%, não apresentando também justificativa para tais orientações. A Association of Perioperative Registered Nurses (AORN) recomenda T° menor ou igual a 24 °C e UR inferior ou igual a 70%. Não detalha as razões para a escolha destes valores. O American Institute of Arquitects (AIA) recomenda UR no valor máximo de 70% e não especifica a T° almejada. Também não são citadas justificativas. A Association for the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI) reco- menda que a T° atinja no máximo 24 °C, alegando conforto para os funcionários, além de afirmar que bactérias se desenvolvem em temperaturas mais altas, e sugere que baixas temperaturas podem diminuir o crescimento bacteriano em geral, inclusive nas superfícies das embalagens. Recomenda também que a UR não deva ultrapassar os 70%, afirmando que umidade alta promove crescimento microbiano. Não são feitas re- ferências a estudos justificando estas afirmações. Renomadas autoras americanas sugerem que a T° deve ser mantida entre 18 e 22 °C e a UR entre 35% e 70%, sem citar embasamento teórico que justifique a recomendação. Outro autor sugere valores de T° entre 18 °C e 22 °C e UR entre 35% e 50%. Alega que a manutenção de condições ótimas minimiza o potencial de contaminação dos artigos esterilizados, justificando que a UR estabelecida previne danos prematuros aos materiais e selagem das embalagens, embora não relacione as afirmações a estudos científicos comprobatórios. Salas de guarda e armazenamento de material esterilizado frequentemente são contíguas à área de esterilização, onde ficam as autoclaves, as quais eliminam vapor ao término do processo, elevando constantemente tanto a UR quanto a T° do ambiente. Frente ao exposto, questiona-se: Estariam todos os artigos submetidos ao risco de contaminação quando a T° ou a UR da área de armazenamento estiverem fora dos padrões indicados? 41 Se o objetivo das embalagens é manter os artigos esterilizados até o uso, incluindo armazenamento e transporte, não teriam as embalagens qualificadas também a finalidade de proteger os conteúdos esterilizados frente às diversas variações de T° e UR do ambiente? Como exemplo, para a qualificação do papel grau cirúrgico para fins de obtenção de registro junto a Agência Nacional de Vigilância a Saúde do Brasil (Anvisa) há a necessidade de realização de teste de envelhecimento acelerado a 37 °C, 50 °C e em temperatura dentro da geladeira (4 °C), sendo que a embalagem não deve sofrer alterações nas propriedades físicas, incluindo a barreira microbiana, mesmo após 6 meses de exposição nestas temperaturas. Tendo em vista que os questionamentos internos devem buscar respostas embasadas em evidências cientificas, esta pesquisa traçou como objetivos identificar e analisar os fundamentos teóricos que levaram ao estabelecimento de parâmetros para T° e UR do ambiente do setor de guarda de materiais esterilizados como possíveis fontes de contaminações dos materiais armazenados. DISCUSSÃO Existem recomendações de organizações oficiais da área de saúde para parâmetros de T° e UR do ambiente de estocagem de material esterilizado em CME. Os valores recomendados para temperatura variam de 18°C a 25°C, enquanto a UR de 30% a 70% (2-8). Embora sejam recomendações de órgãos oficiais, nenhuma delas apresentou pesquisas que comprovem o impacto dos fatores ambientais, T° e UR, na manutenção da esterilidade dos materiais armazenados e algumas não apresentaram justificativas. As publicações de pesquisas experimentais encontradas por meio desta revisão bibliográfica foram realizadas principalmente para avaliar as condições de armazena mento de materiais, com o intuito de referendar ou alterar o prazo de validade da esterilidade, ou avaliar as propriedades de barreira microbiana das embalagens, e não com o objetivo principal de avaliar o impacto da T° e da UR na contaminação dos artigos armazenados. Frente a essa importante lacuna, foi possível perceber a fragilidade da exigência da RDC nº 50, e mesmo das recomendações citadas, pois pode-se dizer que hoje não existem dados capazes de elucidar a importância do controle destas variáveis na sala de armazenamento. 42 A análise da frágil influência da T° e da UR evidenciada pelos artigos encontrados demonstrou contaminações em situações experimentais, em condições controladas dentro dos parâmetros preconizados na literatura, e ausência de contaminação quando estes parâmetros não foram controlados, minimizando a importância de tais controles na manutenção da esterilidade dos materiais durante seu armazenamento. CONCLUSÃO Apesar das metodologias empregadas nas pesquisas terem sido diversas, as contradições encontradas nos resultados geram fragilidades na importância destes controles, o que reforça a tese de que a T° e UR do ambiente tem baixo ou nenhum impacto na manutenção da esterilidade dos materiais adequadamente embalados. A lacuna na literatura apontada por esta revisão indicou para a necessidade de desenvolvimento de pesquisas experimentais bem delineadas que determinem definitivamente a relevância ou não do controle da T° e UR no ambiente onde os materiais esterilizados são armazenados, a partir da crença de que as embalagens qualificadas protegem o seu conteúdo das condições ambientais adversas, incluindo nelas variações de T° e UR. FONTE: Adaptada de BRUNA, C. Q. DE M.; GRAZIANO, K. U. Temperatura e umidade no armazenamento de materiais autoclavados: revisão integrativa Rev Esc Enferm USP 2012; v. 46, n. 5, p. 1215-1220. Disponível em: https://bit.ly/3vrodnN. Acesso em: 28 fev. 2022. 43 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A importância da elaboração e do uso do manual de rotina de cada instituição no processo de esterilização, para facilitar o trabalho de toda a equipe envolvida na CME e nessa etapa. • No processo de esterilização, todo o material, para ser autoclavado, deve estar limpo. O processo de autoclavagem é considerado um tratamento que utiliza calor, por isso é conhecido como tratamento térmico, muito recorrente no ambiente de saúde, sobretudo nos hospitais. • Para garantir a secagem do material, podemos
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